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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DISCIPLINA: HEMATOLOGIA CLÍNICA PROFESSOR: FRANCISCO BARROS COLETA DE SANGUE Cada exame tem início no preparo do material a ser utilizado, seguido pela coleta da amostra biológica e, posteriormente, pelo procedimento laboratorial. Quaisquer desses itens são de grande importância para o resultado final da análise. 1. Origem do Sangue para Coleta -‐ sangue capilar -‐ sangue venoso -‐ sangue arterial Para exames análises hematológicas é melhor colher sangue em punção venosa. Quando isto não for possível, algumas determinações podem ser feitas em sangue capilar. Para gasometrias podem ser colhidos sangues arterial e ou venoso. Cuidados Técnicos -‐ observar se o anticoagulante é o exigido para as provas solicitadas e se o volume de sangue a ser coletado corresponde ao indicado para a quantidade de anticoagulante; -‐ saber se o paciente faz uso de medicamentos que possam vir a alterar os resultados. 2. Sangue Capilar Locais: -‐ superfície plantar do calcanhar (nas crianças) -‐ lobo da orelha ou polpa digital (adultos) Cuidados: -‐ paciente acomodado – colher dedo da mão; -‐ não utilizar local edemaciado, inflamado ou congestionado; -‐ fluxo livre de sangue é essencial para obter resultados satisfatórios -‐ apos punção não espremer energicamente. Material -‐ pedaços de algodão embebido em álcool a 70%; -‐ algodão seco e papel de filtro; -‐ lancetas esterilizadas. Técnica -‐ preparar o dedo da mão esquerda colocando-‐o com a extremidade distal voltada para baixo, favorecendo o ingurgitamento pelo sangue; -‐ esfregar bem o local com o algodão embebido no álcool fazendo assim a anti-‐sepsia e elevando a quantidade de sangue no local. Deixar secar e a circulação voltara ao normal; -‐ segurar firme o dedo e fazer picada de 2 a 3mm com a lanceta (o sangue deve fluir espontaneamente); -‐ desprezar, com papel de filtro, a 1ª gota que contêm líquidos tissulares e material exógeno provenientes da pele; -‐ após a coleta, colocar um pedaço de algodão sobre a lesão, instruindo o paciente a comprimi-‐lo contra o polegar até cessar o sangramento. Desvantagens -‐ menor precisão, devido às variações de fluxo; -‐ as 1ª espécimes tendem a números menores de células devido à diluição de sangue com os líquidos intersticiais; -‐ mesmo fluindo normalmente, o numero de células e a hemoglobina são ligeiramente inferiores; -‐ não usar sangue capilar para contagem de plaquetas, devido a rapidez com que aderem às superfícies da lesão, reduzindo sua contagem. Vantagem -‐ os esfregaços feitos com sangue capilar são preferíveis aos feitos com sangue colhido com anticoagulantes, mas o sangue deve fluir livremente para evitar alterações da distribuição dos leucócitos. 3. Sangue Venoso obtido pela punção venosa que fornece quantidades apreciáveis de sangue usado nos exames hematológicos e bioquímicos. Locais de Coleta -‐ fossa anticubital (preferência) -‐ veias femural, fibular, temporal, jugular externa (para crianças menores de 3 anos e pacientes adultos de difícil acesso em outras localizações). Seringas -‐ de dimensão apropriada à quantidade de volume sanguíneo a ser colhido. Agulhas -‐ calibre e comprimento devem ser escolhidos para cada caso específico e de modo a evitar hemólise, levando-‐se em conta o calibre e a profundidade da veia a ser puncionada. Ex: 20x5,5 (20mm de comprimento/0,55mm de diâmetro – insulina), 25x8 (25mm de comprimento/0,8mm de diâmetro – hemograma); -‐ quanto maior o numero de escala, maior é o diâmetro da agulha. O comprimento da agulha depende da profundidade da veia; -‐ calibre médio ideal: 0,7 a 0,8 para veias periféricas. Tubos a vácuo -‐ o uso de a vácuo e agulhas bipolares(ex: VACUTEINER) nada acrescenta ao método. Preferi-‐los se mais econômicos, ou se achar de melhor praticidade, mas nunca reusá-‐los refazendo o vácuo. Material -‐ seringa apropriada (limpa, seca e esterilizada); -‐ agulhas 25x7; 25x8 ou 25x10 (secas e esterilizadas); -‐ garrote de borracha; -‐ frascos com ou sem anticoagulantes devidamente etiquetados. Técnica (para veias periféricas antecubitais): -‐ paciente deitado ou sentado (não colocar o paciente de pé); -‐ colocar o torniquete em torno do braço, cinco centímetros acima da fossa antecubital; -‐ mandar o paciente fechar a mão; -‐ escolher a veia mais proeminente, apalpando-‐a; -‐ fazer a anti-‐sepsia com álcool 70% sobre a veia, dando boa margem de segurança. Deixar secar; -‐ fixar a veia, distendendo a pele do braço com o auxílio da mão esquerda e do polegar; -‐ introduzir a agulha em ângulo suave e de uma só vez, atingindo o lúmen da veia; -‐ aspirar o sangue sem a formação de bolhas de ar dentro da seringa; -‐soltar o torniquete e instruir o paciente a abrir a mão; -‐ retirar a agulha da seringa e transferir o sangue para o frasco apropriado, com ou sem anticoagulante, conforme o exame solicitado exija sangue total, soro, plasma ou desfibrinado; -‐ tampar o frasco e misturar suavemente por inversão ou rotação até que o anticoagulante seja completamente dissolvido (esta etapa só é necessária para amostra com anticoagulante). Cuidados -‐ normalmente as punções tecnicamente corretas não trazem qualquer conseqüência indesejável. As complicações aparecem pela omissão dos cuidados necessários durante as manobras de coleta de sangue. Hemólise -‐ Interfere em muitos exames. Pode ser minimizada utilizando vidraria limpa e agulha novas e não demasiado finas, aspirando o sangue lentamente e depois passando-‐o lentamente da seringa para o tubo. Hemoconcentração -‐ resultado da aplicação prolongada do torniquete (por mais que 1 minuto). Aumentar a concentração de células sanguíneas. Sangue não entra na seringa -‐ conseqüência de se puxar em demasia o êmbolo, colapsando uma veia de pequeno calibre; perfura a parede da veia sem penetrar na sua luz; Hematoma -‐ coleção de sangue no tecido subcutâneo decorrente da não compressão do local da punção alem das acima citadas. Alterações locais tardias: -‐ trombose venosa e muitas vezes causada por traumatismos (vários venipuncturas no mesmo local). Alterações gerais tardias -‐ transmissão de hepatite, HIV, etc. Através de agulhas contaminadas. Microcoágulos -‐ fornece valores celulares muito diferentes do real. Erros Técnicos -‐ uso de seringas e agulhas incorretamente esterilizadas; -‐ usar agulhas de calibre muito fino ou muito grosso; -‐ aspirar o sangue violentamente apos atingir a veia; -‐ transferir o sangue da seringa sem retirar a agulha, ou com muita pressão e sem escorrer pela parede do frasco; -‐ agitar violentamente o sangue para misturá-‐lo ao anticoagulante; -‐ produzir êxtase venosa pelo uso prolongado do garrote; -‐ deixar contaminar o material a ser usado; -‐ não atingir a veia logo a primeira picada e tentar imediatamente no mesmo local outra punção; -‐ demora durante a coleta ou ao transferir o sangue para o tubo; -‐ puncionar e retirar o sangue pela mesma agulha ou cateter. 4. Soro x Plasma x Sangue Total Sangue Total: -‐ obtido colocando a amostra de sangue recém colhida em frasco com anticoagulante; -‐ contém os elementos celulares em suspensão no plasma. A realização dos exames deve ser feita em até 2 horas apos a colheita, misturando previamente. Caso contrário deixar em refrigeração a aproximadamente 4˚C. Soro: -‐ o sangue coletado é mantido à temperatura ambiente, sem anticoagulante, ou a 37˚C, em estufa ou banho Maria, até que seja formado um coágulo e se tenha começado a retrair, então o sangue é centrifugado e o soro é separado; -‐ apresenta em sua solução : sais minerais, vitaminas, glicídios, lipídios, enzimas, hormônios, produtos anabólicos e catabólicos, substâncias também encontradas no plasma. Plasma: -‐ é a porção fluída do sangue não coagulado; -‐ contém os fatores da coagulação, exceto aquele removido pelo anticoagulante. O fator ausente, quando acrescentado em quantidade suficiente, gera a coagulação. Sangue Desfibrinado: -‐ é o sangue total menos os fatores consumidos na coagulação. O liquido sobrenadante correspondente ao soro, uma vez que o fibrinogênio foi removido na formação da fibrina; -‐ o sangue pode ser desfibrinado com pérolas de vidro em erlenmeyer ou com bastão de vidro. Observações Finais: Para o hemograma, e em geral para a maioria dos exames hematológicos, é indicado usar-‐se sangue colhido de veia periférica. Punção de arterial não se justifica para exames rotineiros, salvo, é claro, para gasometria arterial. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DISCIPLINA: HEMATOLOGIA CLÍNICA PROFESSOR: FRANCISCO BARROS ANTICOAULANTE São substâncias usadas para prevenir a coagulação e retardar a deterioração do sangue. 1. Oxalato de Potássio e Oxalato de Amônio -‐ são usados em conjunto (solução de PAULL-‐HELLER) na maioria das determinações hematológicas; -‐ podem ser usados para testes de coagulação; -‐ permitem pequenas perdas de d’água pela célula com discreta modificação da sua morfologia; -‐ oxalatos sobre leucócitos podem produzir certa vacuolização citoplasmática e nuclear (núcleo indentado ou em roseta, dificultando a classificação da célula); -‐ são tóxicos (amônia) e assim, não utilizáveis nas transfusões de sangue; -‐ são destituídos de valor nas determinações dos compostos nitrogenados. Fundamento: pela combinação com o cálcio formando oxalato insolúvel, impedem a transformação da protrombina em trombina e, conseqüentemente, não permitem a coagulação dosangue. Preparo (solução de PAULL-HELLER) -‐ oxalato de amônio ...........................................1,2g -‐ oxalato de potássio...........................................0,8g -‐ água destilada q.s.p...........................................100,0mL -‐ usar 0,5mL da solução para cada 4,5mL de sangue; -‐ secar na estufa em temperatura <80˚C (evitando a transformação do oxalato em carbonato – sem ação anticoagulante) 2. Ácido Etileno Diaminotetraacético (EDTA) Fundamento: impedem a coagulação às custas de formar quelatos insolúveis com o cálcio. -‐ os sais dissodicos e dipotássicos do EDTA apresentam propriedades conservadoras das células sangüíneas superior à dos oxalatos; -‐ é considerado o anticoagulante de escolha em Hematologia, com exceção para as provas de coagulação (não preserva a estrutura química dos fatores da coagulação); -‐ bom para contagem de plaquetas no sangue, permitindo estimativa grosseira de seu numero no esfregaço com coloração panótica; -‐ não devem ser usados para: determinação de TP, TTPa e teste de função plaquetária; -‐ excelente preservativo dos elementos celulares; -‐ os sais de potássio são de maior solubilidade. Preparo (1%): -‐ EDTA dipotássico.......................1,0g -‐ água destilada..............................100,0mL Uso: -‐ usar 0,5mL da solução (1%) para cada 4,5mL de sangue. Secara temperatura ambiente; -‐ pode-‐se usar uma gota de solução a 10%. O pequeno volume não diluiu significativamente a amostra podendo, portanto, ser usado sem secagem. 3. Heparina Fundamento: inibem a formação de trombina, impedindo a conversão do fibrinogênio em fibrina. -‐ mesmo em quantidades acima da necessária para anticoagulação, não promove qualquer alteração no volume das hemácias; -‐ não altera a morfologia e o tamanho celular; -‐ indicados para os teste de fragilidade osmótica dos eritrócitos; -‐ dificultam coloração em extensão sangüínea rotineiras que apresentam fundo azulado. Desvantegens: custo elevado, ação da temperatura e interferência nas colorações. Uso: na proporção de 10 a 50 unidades internacionais/mL sangue; onde 1mg=130U.I. -‐ na coleta de sangue, aspirar e expelir certa porção de heparina em uma seringa (a quantidade remanescente impede a coagulação); -‐ muito usada em coletas para gasometria. 4. Citrato de Sódio Fundamento: combina-‐se com o cálcio, formando complexos insolúveis, impedindo a coagulação. -‐ excelente para estudo da coagulação, pois preserva os fatores que a promovem; -‐ causa perda d’água por parte das hemácias (não recomendável para hemograma); -‐ é também utilizado para determinação do VHS (pequeno retardo). Uso nas Transfusões de Sangue -‐ as fórmulas glicocitratadas ácidas são de boa aceitação; -‐ solução anticoagulante (ACDF): -‐ dextrose.....................................2,6g -‐ citrato de sódio.......................2,6g -‐ fosfato monossódico.............0,22g -‐ ácido cítrico..............................0,33g -‐ água destilada q.s.p...............100,0mL Obs: solução deve ser livre de pirogênio, esterilizada em autoclave e colocada em frascos próprios para transfusão de sangue. -‐ Usar 120mL para 480mL de sangue. Uso para Estudo da Coagulação -‐ o citrato de sódio é usado em solução aquosa a 3,8%. Fundamento: essa escolha baseia-‐se na conservação do fator V no sangue citratado. Preparo: -‐ citrato trissódico dihidratado.................3,8g -‐ água destilada q.s.p......................................100,0mL Procedimento de Preparo EDTA (10%) -‐ ácido etileno diaminotetracético (EDTA).............................100g -‐ água destilada q.s.p.........................................................................1000mL -‐ colocar o sal (EDTA) em 900mL de água destilada em um Béquer de 1L e aquecer ligeiramente(banho Maria a 56˚C) por aproximadamente 2 horas; -‐ esfriar e transferir para um balão volumétrico de 1L; completar o volume para 1000mL de água destilada; -‐ filtrar e acondicionar. Oxalato de Sódio 0,1M (provas de coagulação) -‐ oxalato de sódio p.a...................1,34g -‐ água destilada q.s.p....................100mL aquecer ligeiramente para homogeneizar, filtrar e acondicionar. Citrato de Sódio 0,1M (provas de coagulação) -‐ citrato de sódio p.a..................3,23g -‐ água destilada q.s.p.................100mL UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DISCIPLINA: HEMATOLOGIA CLÍNICA PROFESSOR: FRANCISCO BARROS COLORAÇÕES HEMATOLÓGICAS – EXTENSÕES SANGÜÍNEAS Ao serem fixados e tratados por corantes específicos, os elementos celulares sangüíneos espalhados uniformemente sobre a superfície de uma lâmina, adquirem a coloração e morfologia características para o seu estudo microscópico. 1. Corantes Hematológicos fundamento: os corantes de anilina que são amplamente utilizados em hematologia pertencem a dois grupos: -‐ corantes Básicos (TIAZINAS) ex. azul de metileno; -‐ corantes ácidos (EOSINA) Estruturas celulares (ácidas) que se deixam corarpelos corantes básicos são ditas basófilas. Ex. núcleo, RNA citoplasmático etc. Estruturas celulares (ácidas) que se deixam corar pelos corantes ácidos são ditas acidófilas, oxífilas ou eosinófilas. Ex. hemoglobina, granulações de eosinófilos, hemácias etc. As estruturas coradas pela combinação de corantes dos dois tipos são ditas neutrófilas. Ex. granulações de neutrófilos. Colorção Policrômica: os corantes policrômicos são misturas de azul de metileno alterado por aquecimento e eosina (cor vermelha). São dissolvidos em metanol que serve como fixador das extensões. Os principais métodos de coloração que se baseiam neste fundamento são: Wright, Leishman, Giemsa, etc. (a variação está na proporção de azul de metileno e nos seus intermediários policrômicos desmetilados – azur A, azur B, etc.). Execução da Extensão: -‐ preparar lâminas secas, desengorduradas e em bom estado de conservação; -‐ colocar uma das lâminas em superfície plana, depositar uma gota de sangue em um das extremidades. Prendê-‐la com os dedos indicador e polegar e, com uma segunda lâmina, fazendo iangulo de aproximadamente 30 a 45˚, distender a sangue de modo uniforme e com gradativa diminuição da espessura; -‐ secar a preparação e corar. Observações: -‐ é necessário deixar bordas na extensão (a lâmina da posição vertical deve ser de menor largura); -‐ quanto maior a gota, mais grosso será a extensão; -‐ quanto maior o ângulo mais grossa e curta a extensão. Técnica de Coloração -‐ colocar a extensão em posição horizontal; -‐ aplicar o corante sobre a superfície da extensão; -‐ deixar por 3 minutos (o melhor tempo necessário para cada partida de corante). Esta etapa é a fixação da extensão; -‐ após este tempo, coloca-‐se água destilada ou tampão (pH entre 6,6 e 7,0) sobre a preparação (± 1mL)sem escorrer o corante. Aguardar mais um minuto e lavar com água corrente; -‐ limpar a superfície oposta à extensão, deixar secar para então ser feita a microscopia. Erros de Coloração -‐ excessivamente azul-‐esverdeado: extensões grossos ou tempo de coloração prolongado, lavagem insuficiente ou quando a alcalinidade do corante ou diluente é elevada; -‐ excessivamente rosa: quando a coloração é insuficiente. Quando o tempo de lavagem é excessivo, quando a acidez do corante ou diluente é excessiva, ou seja, existe uma tendência para acidofilia excessiva. Solução Tampão (pH =7,0) -‐ fosfato monopotássico (KH2PO4).................1,0g -‐ fosfato dissódico (Na2HPO4)..........................3,0g -‐ água destilada q.s.p............................................1000mL Coloração de Wright Solução em álcool metílico de eosina e uma complexa mistura de tiazinas (azul de metileno – 50 a 70%, azur B 10 a 25% e outros derivados).
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