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DIREITO AGRÁRIO - Flávio Tartuce Bibliografia: - Direito agrário brasileiro. Ed. Atlas. Benedito Ferreira Marques - Curso de Direito Agrário. Wellington Barroso Crítica - Direito agrário é diferente de rural - no estatuto da terra há referencia a direito rural, dizendo depois independer da localização do imóvel. Na constituição há referencia a direito rural... Obs. ruris - (rus) - campo, rusticidade urbis - cidade Critérios que levam em consideração a localização do imóvel. Ager (ou Ag) - atividade agrária ou cultivo. Direito agrário leva em conta a atividade e não a localização. 1. Introdução: 1.1. Conceito de Direito Agrário: - É o ramo do direito que tem como conteúdo as relações jurídicas entre o homem e a terra (Wellington Pacheco). - O direito agrário é o conjunto de normas e princípios que regulamentam a atividade agrária, tendo como fundamento a função social da propriedade (Fernando Sodero e Raymundo Laranjeira). - O posicionamento da doutrina agrarista é progressista (“de esquerda”). Lucas Abreu Barroso é revolucionário. No direito agrário há a visão do Iehring, os agraristas entendem que o direito é instrumento de luta social (os civilistas são conservadores). - O direito agrário tem como núcleo a função social da terra, podendo ser concebido como “direito civil qualificado”. Temos dois tópicos do direito civil qualificado: matéria do direito das coisas/direitos reais e a matéria de direito contratual. 1.2. Surgimento do Direito Agrário no Brasil: - O direito agrário surgiu com a EC 10/64. Essa emenda constitucional trouxe autonomia legislativa do direito agrário. Como diz o Benedito Ferreira Marques, ela representa a certidão de batismo do direito agrário brasileiro. - Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) – alguns preceitos que estão no Estatuto não foram recepcionados pela Constituição - regulamenta a emenda - é considerado o microssistema jurídico do direito agrário. 1.3. Objeto do direito agrário: - É a atividade agrária ou agrariedade. É aquilo que é desenvolvido no imóvel. Para o direito agrário não interessa a localização do imóvel, em regra, mas a sua destinação. Atividade é a soma de atos coordenados com finalidade específica (Túlio Ascarelli). Atos isolados não geram atividade. - Existe uma harmonia entre a legislação agrária e a lei de locação (Lei 8.245/91). As duas leis tratam da destinação do imóvel para fins de incidência legislativa. Plantação de tomates no meio da cidade vai ser aplicada a legislação agrária para fins de locação ou arrendamento. Exemplo: posto de combustível na zona rural – aplica-se a lei de locação por causa da prestação de serviços. - Rural vem de “ruris”. Ruris = campo/rústico. - Urbano = urbi = cidade. *Atenção: agrário vem de ager, que quer dizer terra cultivada. Portanto, para os agraristas não deve ser utilizado o termo “rural”. Falando-se em usucapião agrária, posse agrária, propriedade agrária, desapropriação agrária e contratos agrários. - Como aponta Benedito Ferreira Marques, a atividade agrária pode ter o seguinte conteúdo: a) Atividades agrárias típicas: - atividade agrícola (lavoura) - atividade pecuária - atividade hortigranjeira b) Atividade agrária atípica: - agroindústria c) Atividades agrárias complementares: também são chamadas de conexas - São as atividades de comercialização e transporte. *Existe polêmica em torno desse assunto. Mas esse é o entendimento majoritário. Ex. se tiver um imóvel no centro da cidade que explore estas atividades será imóvel agrário. 1.4. Fundamento Legal do Direito Agrário (Incidência das Leis): - Pode aplicar o Código Civil numa atividade agrária? - Código Civil 1916 X Estatuto da Terra: havia uma relação de exclusão. Ou se aplicava o Código Civil, ou o Estatuto da Terra. Não havia dialogo entre as duas leis. O Estatuto da Terra era considerado um microssistema jurídico, totalmente isolado do Código Civil. Não havia diálogo entre as leis, porque o Código de 1916 era uma norma essencialmente individualista, que partia da premissa de igualdade nas relações jurídicas. O Código Civil de 1916 em regra tinha normas de ordem privada, que poderiam ser contrariadas, ao passo que o Estatuto da Terra tinha normas de ordem pública (muitos agraristas ainda tem essa ideia). - Código Civil 2002 X Estatuto da Terra: o Código Civil de 2002 adotou o princípio da operabilidade, socialidade e eticidade. A socialidade é a valorização da função social dos institutos. Aqui três institutos tem grande importância para o direito agrário: 1) Função social da posse 2) Função social da posse 3) Função social do contrato - Reale dizia que houve uma valorização do “nós” em detrimento do “eu”. - O Código de 16 protegia o fazendeiro, proprietário, casado. - Houve uma aproximação principiológica entre o Código Civil de 2002 e a legislação agrária. - Enunciado 167 da III Jornada de Direito Civil: “Com o advento do Código civil de 2002, houve forte aproximação principiologica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor, no que respeita á regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos.” - O Código Civil de 2002, assim como a legislação agrária está repleto de normas de ordem pública, o que possibilita o diálogo das fontes (Erik Saymg introduzida no Brasil por Claudia Lima Marques) entre as duas leis. Pela teoria do diálogo das fontes é possível aplicar uma norma do Código Civil em benefício do produtor agrário ou em prol da função social. - Julgado do STJ sobre o contrato de “vaca papel”: tem-se reconhecido a nulidade desses contratos por desrespeito à ordem pública e por simulação (RESp. 441.903/SP). O contrato de vaca papel é a nulidade do contrato de parceria agrária para esconder o empréstimo de dinheiro (usura – cobrança de juros não permitidos). Na verdade é para esconder agiotagem. 1.5. Autonomia do Direito Agrário (tripla): - Temos: 1) Autonomia legislativa: ocorreu com a EC 10/64. Na CF atual, a autonomia legislativa está no artigo 22, I. 2) Autonomia científica: o direito agrário é uma disciplina separada do direito civil. 3) Autonomia judiciária: é caracterizada pela criação de varas especializadas de direito agrário, como consta do artigo 126 da CF. Há a possibilidade de diligência judicial no conflito agrário. 1.6. Princípios do direito agrário (Benedito Ferreira Marques): a) Monopólio legislativo da União (artigo 22, I da CF): b) Garantia da propriedade submetida à sua função social (artigo 5°, XXII e XIII da CF): a função social da propriedade para o agrarista é causa. Se não tiver função social não tem propriedade. c) Utilização da terra prevalece sobre o título dominial: o material vence o formal. d) Dicotomia entre política de reforma e política agrícola: (artigo 1° do Estatuto da Terra) e) Prevalência do interesse público (coletivo) sobre o interesse individual - Função social f) Necessidade de reforma da estrutura fundiária g) Fortalecimento do espírito comunitário através de cooperativas, associações, empresa rural, etc. h) Combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à expropriação e a atividade predatória. Grileiros e posseiros i) Privatização dos imóveis públicos j) Proteção da propriedade familiar, da pequena e média propriedade (artigo 226 da CF – proteção da família). k) Fortalecimento da empresa agrária. l) Proteção da propriedade consorcial indígena (indigenato) – artigo 231 da CF m) Dimensionamento eficaz da propriedade: visa o desenvolvimento de umaatividade com produção. n) Princípio de proteção aos trabalhadores rurais o) Princípio da proteção ao meio ambiente - bem difuso, obrigação propter rem, função social da propriedade. 2. Breve histórico do direito agrário e da propriedade no Brasil: - Fatos marcantes: 1) Tratado de Tordesilhas: 07/06/1494 – por esse tratado o chamado “novo mundo” foi dividido entre Espanha e Portugal e grande parte do território brasileiro coube à Portugal. 2) Descobrimento do Brasil em 22/04/1500 – o rei Dom João II nomeou como governador geral do Brasil, Martim Afonso de Souza, que resolve implementar um sistema de administração por meio de capitanias hereditárias e sesmarias. As sesmarias não foram introduzidas especialmente para o Brasil. Elas já existiam em Portugal desde 1375. - Sesmarias: a coroa portuguesa permanecia com a propriedade sobre o bem e fazia uma cessão do domínio útil para o sesmeiro. O sesmeiro faria uma exploração de uma monocultural que era a cana de açúcar por meio daquilo que ficou conhecido como “plantation”. O sesmeiro ainda tinha que pagar os tributos que recaia sobre o bem e ainda o foro, sob pena de comisso (se não pagasse perderia o direito à sesmaria). A sesmaria era uma espécie de enfiteuse, que foi banida pelo Código Civil de 2002. A doutrina agrarista aponta que as sesmarias trouxeram vantagens e desvantagens. A vantagem principal seria a colonização do país, que atingiu uma área continental. A desvantagem principal foi o clientelismo na transmissão das terras. O sistema de sesmarias foi extinto por meio da resolução 76/1822 (José Bonifácio de Andrade e Silva). - O sistema de sesmarias acabou sendo extinto porque se pensava que ele gerou um caos na justa colonização do país. - Regime de posses: chamado de regime extralegal – havia um caos dominial onde eram identificados os proprietários das sesmarias, os posseiros das sesmarias sem título, posseiros de outras terras. Houve o surgimento das terras devolutas ou terras sem dono. O regime de posses foi extinto pela Lei de Terras (Lei 601/1850). O objetivo era regularizar a posse a situação das terras devolutas. A lei introduziu no Brasil o instituto da legalização da posse. - Marcos legais para o surgimento do Direito Agrário: - 1912 – Primeiro projeto legislativo de elaboração de um código rural - 1917 – entra em vigor o Código Civil 1916 que foi tido até o Estatuto da Terra como o diploma legal para o direito agrário. O Código Civil de 1916 trazia conceitos eficientes de posse e propriedade. - A Constituição de 1934 traz ideias englobando ideias que estavam no projeto do Código Rural. Algumas das ideias eram: usucapião rural e função social da propriedade. - Constituição de 1946: trouxe avanços tratando da desapropriação. - Emenda Constitucional 10/1964 + Estatuto da Terra em 1964. 3. O Direito Agrário na CF/88: - Artigos 184 a 191 da CF - O artigo 184 da CF trata da desapropriação agrária. A desapropriação agrária é uma desapropriação sanção pelo não atendimento da função social da propriedade. - O artigo 185 da CF prevê imóveis que não podem ser objeto de desapropriação agrária. Esse artigo traz uma polêmica no inciso II. É possível que uma propriedade seja produtiva e não atenda a função social da propriedade? O artigo 186 prevê os parâmetros para a função social da propriedade agrária. - O artigo 187 da CF trata da política agrícola. A doutrina majoritária entende que as atividades de transporte e comercialização também são políticas agrárias. - O artigo 188 da CF trata da destinação de terras públicas e devolutas (terras devolutas = terras sem dono. Pertencem ao Estado e são bens públicos dominicais – artigo 99, III do CC). - O artigo 189 da CF trata da reforma agrária, destinação de imóveis objeto de reforma agrária. - O artigo 190 da CF trata de aquisição e arrendamento rural. - O artigo 191 trata do usucapião agrário. Essa usucapião também está tratada no Código Civil, onde é chamada de usucapião rural. - Artigo 1239 do Código Civil – trata da usucapião rural. O artigo 1240 traz o usucapião especial urbano. O artigo 1.240-A do Código Civil introduziu uma nova modalidade de usucapião especial urbana por abandono do lar conjugal. Porque não pode ter essa modalidade para usucapião rural também? Deve ser feita uma interpretação conforme a CF para estender essa modalidade a usucapião rural. OBS: o artigo 1240-A do Código Civil trata de uma nova modalidade de usucapião urbana por abandono do lar e que tem prazo de 02 anos. Giselda Hironaka critica a falta de previsão de uma usucapião rural/agrária por abandono do lar. 4. Conceitos fundamentais de direito agrário: - São também chamados de institutos jurídicos agrários - Artigo 4° do Estatuto da Terra: 4.1) Imóvel rural X Imóvel agrário: - Imóvel rural é o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina á exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada. Na verdade o imóvel rural é o imóvel agrário, pois o que importa não é a localização, mas a destinação. - O artigo 4°, I do Estatuto da Terra foi recepcionado pela CF? Sim, pois a CF também adota a ideia de imóvel rural e não de imóvel agrário. Obs. sítios de recreio não são considerados imóveis agrários/rurais. Decreto 59.900/66 – esse decreto no artigo 14 traz o conceito de sítio de recreio. No sítio de recreio, não há produção comercializada, a área é inferior à um módulo rural. Trata-se de um imóvel localizado na zona rural com finalidade de lazer (não se confunde com chácara, porque na chácara geralmente tem produção). 4.2) Propriedade familiar: - O imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantido-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e evencutalmente trabalho com a ajuda de terceiros. - É o imóvel rural em que há desempenho de atividade agrária pelo agricultor e sua família, visando a subsistência e o progresso social/econômico. - A ideia de progresso social é de que não é só para a própria subsistência, há o amparo ao artigo 226 da CF que diz que a família é a base da sociedade. A área máxima é fixada para cada região e tipo de exploração. Obs. a propriedade familiar equivale à pequena propriedade rural (L. 8629/93 - 1 a 4 módulos fiscais - Imposto de Renda - fixado de município para município). - A pequena propriedade rural seria a área prevista como otimizada para o desenvolvimento de propriedade familiar, segundo os agraristas. Propriedade familiar equivale a pequena propriedade rural. - Conforme a Lei 8629/93 a pequena propriedade rural é aquela que vai de 01 até 04 módulos fiscais. O modulo fiscal é fixado para a incidência de imposto (IR). Também é fixado de município para município. - Artigo 5°, XXVI da CF: “a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;” – há a impenhorabilidade absoluta da pequena propriedade rural (artigo 649, VIII do CPC). - A pequena propriedade rural tem o seu conceito variando de acordo com a localização e destinação (RESp. 100.7070/RS). 4.3. Módulo rural: - É aquela área de terra tida como otima para desempenho da atividade agrária visando o atendimento à função social (RaymundoLaranjeira). - Estatuto da Terra, artigo 4°, III: ““Módulo Rural”, é a área fixada nos termos do inciso anterior;” – Portanto, módulo rural equivale a propriedade familiar, que por sua vez equivale a pequena propriedade rural. Obs. modulo rural equivale a propriedade familiar que equivale pequena propriedade rural. O módulo é regional - existe o parâmetro de 1 a 4 módulo fiscal. - Há uma ampla proteção ao módulo rural na legislação agrarista em relação ao módulo rural, sendo certo que, a ideia de módulo é sempre um módulo regional e não nacional. - Artigo 5° do Estatuto da Terra: “A dimensão da área dos módulos de propriedade rural será fixada para cada zona de características econômicas e ecológicas homogêneas, distintamente, por tipos de exploração rural que nela possam ocorrer. Parágrafo único. No caso de exploração mista, o módulo será fixado pela média ponderada das partes do imóvel destinadas a cada um dos tipos de exploração considerados.” Características do módulo rural apontadas pela doutrina do Fernando Sodero: - É uma medida de área. - Confude-se com a ideia de propriedade familiar. - Varia de acordo com a região e exploração. - Implica um mínimo de renda a ser obtido. - A renda deve proporcionar não somente a subsistência do agricultor e de sua família, mas também o seu progresso. - Artigo 65 do Estatuto da Terra: “O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural. § 1° Em caso de sucessão causa mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis, não se poderão dividir imóveis em áreas inferiores às da dimensão do módulo de propriedade rural. § 2º Os herdeiros ou os legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de imóveis rurais, não poderão dividi-los em outros de dimensão inferior ao módulo de propriedade rural. § 3º No caso de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras assim havidas, o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover no sentido de o requerente ou requerentes obterem financiamentos que lhes facultem o numerário para indenizar os demais condôminos. § 4° O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser concedido mediante prova de que o requerente não possui recursos para adquirir o respectivo lote. § 5o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis rurais em dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos pelo Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos beneficiários sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano. § 6o Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5o deste artigo poderá ser desmembrado ou dividido.” – o módulo rural é considerado um bem indivisível, não pode ser fracionado. É um bem otimizado. Essa indivisibilidade atinge também as partilhas em inventário. 4.4. Minifúndio: - Artigo 4°, IV do Estatuto da Terra: “"Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar;” - É o imóvel rural de áreas e possibilidades inferiores à propriedade familiar, portanto, inferiores a um módulo. - O minifúndio traz uma falsa sensação de atendimento à função social da propriedade. Mas ele não é desejado pelo direito agrário. - O papel da política agrária é acabar com o minifúndio. 4.5. Latifúndio: - Artigo 4°, V do Estatuto da Terra: “"Latifúndio", o imóvel rural que: a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine; b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;” - Traz a ideia de uma grande propriedade rural indesejada diante da função social da terra. - A política agrária visa acabar com o latifúndio, que pode ser de duas modalidades: a) Latifúndio por dimensão: é o que excede 60 vezes o módulo médio definido pelo INCRA para determinada região ou que excede 600 vezes a média dos imóveis rurais da sua região. b) Latifúndio por exploração: é aquele que não excede os parâmetros acima, porém há uma falta de desenvolvimento ou utilização. - Eles não são desejados pelo direito agrário porque há uma frustração da função social. - Não são considerados como latifúndio os imóveis destinados à proteção do bem ambiental. Bem ambiental: é protegido pelo artigo 225 da CF. É o meio ambiente, seja ele natural ou artificial, considerado como um bem difuso (público e privado), material ou imaterial, que visa a sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações (há a proteção dos direitos intergeracionais/transgeracionais). Obs. os imóveis rurais/agrários, admitem duas classificações importantes: 1) Quando à extensão – Lei 8629/93: a) Pequena propriedade rural: vai de 01 a 04 módulos fiscais b) Média propriedade rural: vai de 04 a 15 módulos fiscais c) Grande propriedade rural: superior a 15 módulos fiscais Obs. classificação pela extensão não é o caso de minifúndio, módulo e latifúndio. 2) Quanto à produção: a) propriedade produtiva: é aquela que alcança os índices previamente fixados pelo poder executivo b) propriedade improdutiva: é aquela que não alcança os referidos índices 4.6. Empresa rural: - Artigo 4°, VI do Estatuto da Terra: “"Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico ...Vetado... da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;” - É o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que desenvolve econômica e racionalmente a atividade agrária visando o atendimento da função social. - A empresa rural é um passo a frente da política agrária, é algo desejado pelo direito agrário. O artigo 3° do Estatuto da Terra prevê que deve haver um incentivo do poder público para a instituição de empresas rurais e cooperativas. - Eireli – Lei 12.411/11: é uma nova pessoa jurídica constituída por uma pessoa só. Não é uma sociedade. Foi aprovado o enunciado na V Jornada de Direito Civil dizendo que a Eireli é uma empresa individual de responsabilidade limitada (artigo 980-A do Código Civil). 4.7. C.I.R.A – Cooperativa integral de reforma agrária: - Artigo 4°, VIII do Estatuto da Terra: “"Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.)", toda sociedade cooperativa mista, de natureza civil, ...Vetado... criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando temporariamente com a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a produção agropecuária, bem como realizar os demais objetivos previstos na legislação vigente;” - É uma sociedade cooperativa mista, diz a lei de natureza civil, criada nas áreas prioritárias de reforma agrária contando temporariamente com a contribuição financeira e técnica do poder público através do INCRA, com a finalidade de desenvolvimentode atividade agrária. - A cooperativa não tem mais natureza civil. No Código Civil de 1916 as sociedades eram divididas em civis e mercantis. As cooperativas se enquadravam como sociedades civis. No Código Civil de 2002, as sociedades são simples ou empresárias e as cooperativas estão nas sociedades simples. Enunciado 69 CJF/STJ: as cooperativas são sociedades simples que devem ser registradas na junta comercial. 4.8. Colonização e Parceleiro: Artigo 4°, incisos VII e IX do Estatuto da Terra: Colonização é toda atividade oficial ou particular que se destine a promover o aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar (módulo, pequena propriedade) ou através de cooperativas (há de se incluir também a empresa rural). Parceleiro é aquele que venha adquirir lotes ou parcelas em áreas destinadas à reforma agrária ou colonização. Parceleiro é a parte da colonização. Parceleiro ≠ Posseiro: posseiro é aquele que tem a posse agrária. Parceleiro ≠ Parceiro. O parceiro é aquele que é parte do contrato de parceria rural. 5. Direitos reais agrários: - Estuda-se a propriedade agrária e conceitos afins. 5.1. Função social da propriedade agrária: - A função social é o núcleo do direito agrário. - Orlando Gomes: a expressão função social quer dizer: função social = finalidade coletiva. - Para os agraristas, a função social é mais do que mero limite à propriedade, mas a sua causa (Benedito Marques, Lucas Abreu Barroso e Raymundo Laranjeira). - Propriedade é função social (essa frase é criticada por muitos civilistas). É o entendimento entre os com stitucionalistas do José Afonso da Silva. - Artigo 12 do Estatuto da Terra: “À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu uso é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado nesta Lei.” - A função social é componente da propriedade e segundo os agraristas, ela é atendida quando se dá uma destinação positiva à coisa (fazer algo na coisa e fazer o bem na coisa). - Artigo 13 do Estatuto da Terra: “O Poder Público promoverá a gradativa extinção das formas de ocupação e de exploração da terra que contrariem sua função social.” - Lucas Abreu Barroso: a função social da propriedade é atendida pela cidadania material, ou seja, pela tutela da dignidade humana (artigo 1°, III da CF). ATENÇÃO - Parâmetros para a função social agrária: - Artigo 186 da CF: “A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.” 1) Aproveitamento racional e adequado: utilizar a coisa sem esgotar a sua força geratriz. É o famoso desenvolvimento sustentável. 2) Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente: é a tutela do bem ambiental. 3) Observância das disposições que regulam as relações de trabalho: consagração do protecionismo do trabalhador. 4) Exploração que o bem estar dos proprietário e dos trabalhadores: é uma abstração da realidade. - Giselda Hironaka – artigo 186, IV da CF: segundo esse dispositivo, deve haver uma distribuição equitativa dos ônus e bônus da atividade agrária entre o proprietário e o trabalhador. Um contrato agrário não pode gerar onerosidade excessiva. - Artigo 2° do Estatuto da Terra: “° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei. § 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) assegura a conservação dos recursos naturais; d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem.” - O Estatuto da Terra no seu artigo 2°, §1° prevê os mesmos parâmetros para a função social da sociedade, com acréscimo de mais 01: o Estatuto da Terra prevê a produtividade como requisito para a função social, porém para os agraristas, essa previsão não foi recepcionada pela CF/88, pois uma propriedade produtiva pode não atender a função social. 5.2. Terras Devolutas: - Histórico: no Brasil império, as terras devolutas eram terras desocupadas sem aproveitamento ou devolvidas à coroa portuguesa (terras de sesmarias). - Na República as terras devolutas eram terras que, mesmo ocupadas, não pertenciam ao particular (artigo 3° da Lei de Terras – Lei 601/1850). Obs. Terras devolutas são as terras sem dono. Devoluto quer dizer vazio ou desocupado. Natureza jurídica: As terras devolutas são considerados bens públicos dominicais (artigo 99, III do Código Civil), pertencem ao patrimônio disponível do Estado e portanto, são alienáveis, conforme artigo 101 do Código Civil. - Artigo 99, II do Código Civil: “os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, com o objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.” - Artigo 101 do Código Civil: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.” - Artigo 12 do Código Civil: “Os bens públicos não está sujeitos à usucapião.” - As terras devolutas não seriam sujeitas à usucapião. Exceção: artigo 225, §5° da CF: “São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.” – essas terras devolutas são consideradas como bens públicos de uso especial, sendo indisponíveis nos termos do artigo 100 do Código Civil. - Res nullius só pode ser bem móvel. O imóvel sem dono é considerado bem público dominical, são as terras devolutas. - Bem dominial e dominical para o direito civil são a mesma coisa. José Carlos Carvalho Filho fala que bem dominial é gênero e o bem dominical é o do artigo 99, II do Código Civil. - Súmula 340 do STF: “Desde a vigência do Código Civil (de 1916), os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.” – As terras devolutas, como bens dominicais, não podem ser objeto de usucapião – artigo 183, §3° da CF, artigo 191, parágrafo único da CF e artigo 102 do Código Civil. - Silvio Rodrigues há muito tempo, falavam da possibilidade de usucapião de imóveis públicos quando o Estado não atinge o fim social. Silvio Rodrigues fala que os bens alienáveis são disponíveis e sendo disponíveis eles seriam descritíveis, portanto, objeto de usucapião. - Lei 6969/81, artigo 2°: “A usucapião especial, a que se refere esta Lei, abrange as terras particulares e as terras devolutas, em geral, sem prejuízo de outros direitos conferidos ao posseiro, pelo Estatuto da Terra ou pelas leis que dispõe sobre processos discriminatórios de terras devolutas.” – segundo entendimento majoritário, o artigo 2° da Lei 6969/81, que possibilita o usucapião agrária de terras devolutas, não foi recepcionado pela CF/88. Obs. res nullius só pode ser bem móvel - pois o imóvel sem dono é considerado bem público do estado, terras devolutas. Titularidade e destinação das terras devolutas: a) Terras devolutas da União: artigo 20, IIda Constituição. Terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e a preservação ambiental. b) Terras devolutas dos Estados: são aquelas não compreendidas como terras da União – artigo 26, IV da CF. - Súmula 477 do STF: “As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.” - Artigo 188 da CF: “A destinação de terras públicas devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.” – é possível, por exemplo, a chamada legitimação da posse. §1º - alienação ou concessão de terras devolutas superiores a 2500 hectares à PJ ou PF dependerá de prévia autorização do congresso nacional, exceções às hipóteses de reforma agrária §3º. Obs. o STF em julgado publicado no seu informativo 658 em março de 2012 mitigou essa regra diante da proteção do direito adquirido e da boa fé. Ou seja concluiu que essa exigência não é absoluta. Ex. doação de terra de 1959 do MT - Obs. nova constituição fez proibição de alienação sem lei, mas foi alegado segurança jurídica. ESCOLHA MORAL entre dois valores - ESCOLHA MERITÓRIA - Rawls Escolha moral - Rawls Ponderação - Alexy Obs. há entendimento de lei de ordem pública vale para frente e para trás - ex. RELAÇÃO DE DIREITO ADQUIRIDO DO ESCRAVO. MAIS VALE JUSTIÇA JUSTA QUE JUSTIÇA SEGURA - Giselda Hironaka Discriminação das terras devolutas: - Esse instituto foi criado pela Lei de Terras, tratando-se de um procedimento para separar as terras devolutas das particulares. - Cabe ao INCRA – artigo 11 do Estatuto da Terra. - Lei 6383/1976 a) Procedimento administrativo: instaurado por comissões especiais constituídas por 03 membros: 1) 01 Bacharel em Direito do serviço do INCRA 2) 01 Engenheiro agrônomo 3) 01 outro funcionário Obs. Havendo frustração ou conflito desse procedimento administrativo, teremos o processo judicial. b) Procedimento judicial: - A legitimidade para ação discriminatória é do INCRA. - A principal hipótese é quando há frustração do procedimento administrativo. - A competência é da justiça federal. Em caso de terras devolutas estaduais, a competência é da justiça comum. - Rito sumário. - A apelação só será recebida em efeito devolutivo - A ação discriminatória tem caráter preferencial e prejudicial em relação a outras ações. ex. se houver ação possessória ela será suspensa. 5.3. POSSE AGRÁRIA: 5.3.1 Conceito e efeitos jurídicos: - Posse é o domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa (teoria objetiva – Ihering – corpus) - A posse agrária é a posse qualificada pela atividade agrária. - Getúlio Targino: a posse agrária é um exercício direito, contínuo, racional e pacífico, pelo possuidor, de atividade agrária desempenhada sobre o imóvel rural apto a desfrute econômico que gera um direito real especial ao possuidor. - O conceito de posse agrária traz a ideia de que o rol do artigo 1225 do Código Civil é exemplificativo, é um rol número apertus. Obs. Posse agrária = sujeito + atividades agrárias + bens agrários Não se confunde com a posse comum. A posse agrária é sempre direta (artigo 1.197 do Código Civil). Posse agrária não admite o desdobramento do artigo 1.197 do Código Civil. - Posse atende o princípio da função social. POSSE QUALIFICADA PELA POSSE TRABALHO. - Os agraristas adotam a teoria da função social da posse, desenvolvida por Sailles (França), Perozzi (Itália), Hernandez Gil (Espanha). POSSE = corpus + função social Consequências da posse agrária: 1) Aquisição do imóvel: pode se dar por meio da legitimação ou da regularização 2) Direito de indenização por benfeitorias (necessárias e úteis): o possuidor é de boa-fé 3) Direito de retenção da coisa (possuidor de boa-fé) 4) Defesa possessória: defesa judicial ou por meio de autotutela. 5.3.2. LEGITIMAÇÃO DA POSSE: - Figura do posseiro (historicamente) - Instituída pela Lei de Terras (Lei 601)- art. 5º - Incide sobre terras devolutas, que são terras públicas - Conceito – Lima Stefanini: a legitimação da posse é um ato administrativo pelo qual o poder público reconhece ao particular, sua condição de legitimidade outorgando o “formal” domínio sobre a coisa (terra devoluta). O domínio formal que não ser atribuição de propriesade - posse agrária qualifica. 6383/76 - Quando a conceitua formal domínio há uma cessão do domínio útil da coisa, sem outorga da propriedade plena. Seria na verdade, uma alienação do domínio útil, como acontece por exemplo, no usufruto. - Propriedade: a) Gozar b) Reaver c) Usar d) Dispor - Quando tem os quatro elementos, ela possui propriedade plena. - A legitimação da posse é uma posse qualificada pelo domínio útil, seria uma quase propriedade (gozar + usar). - A legitimação da posse está tratada entre os artigos 29 a 31 da Lei 6383/76. Requisitos para legitimação da posse agrária – artigo 29 da Lei 6383/76: a) Desenvolvimento de atividades agrárias no imóvel b) Área de até 100 hectares c) O posseiro não pode ser proprietário de imóvel rural d) Desenvolvimento da atividade agrária ou morada pelo prazo mínimo de 01 ano CRÍTICA - O TITULAR DE LO (LICENÇA DE OCUPAÇÃO) - NÃO PODE ONERAR O BEM PARA EMPRÉSTIMO. Atrapalha atividade. - O título que o possuidor agrário tem no caso de legitimação da posse é a licença de ocupação. - Licença de ocupação – artigo 29, §1°: a legitimação da posse outorga ao possuidor (posseiro), a licença de ocupação da área que dá a preferência para aquisição do lote. Não se trata de outorga da propriedade. Segundo alguns agraristas, seria um instituto inócuo. - Artigo 99 do Estatuto da Terra: “A transferência do domínio ao posseiro de terras devolutas federais efetivar-se-á no competente processo administrativo de legitimação de posse, cujos atos e termos obedecerão às normas do Regulamento da presente Lei.” – a legitimação de posse é regulamentada por meio de um processo administrativo que corre perante o INCRA. - Lei Minha Casa Minha Vida também instituiu a legitimação da posse para imóveis urbanos, levando-se em conta a localização. - A Lei Minha Casa Minha Vida que é a Lei 11.977/09, art. 59 - institui a legitimação da posse também para imóveis urbanos visando a “regularização” de áreas favelizadas. Registro da posse para moradia - PROFESSOR SERIA CASO DE DIREITO REAL FORA DOS DIREITOS PREVISTO S NO CC. - A legitimação da posse devidamente registrada constitui direito real (Marco Aurélio Bezerra de Melo). – Isso já era sustentado pelos agraristas na legitimação da posse agrária. Obs. art. 60 Minha Casa Minha Vida - após detentor de titulo de legitimação e posse por 5 anos - poderá pedir conversão do título em registo de propriedade - TENDO EM VISTA O ART. 183 CF - USUCAPIÃO ADMINISTRATIVO Obs. REGISTRO PAROQUIAL – consta do Regulamento da Lei de Terras (Decreto 1.138/54). A legitimação da posse, na sua origem, era registrada junto às paróquias dos respectivos municípios ou “freguesias do império” e depois comarcas. 5.3.3. DA REGULARIZAÇÃO DA POSSE: - Historicamente foi instituída pela Constituição de 1946. - Constitui um direito de preferência para a aquisição de terras devolutas em função da posse agrária (que não necessariamente será possuidor legitimado). Há umapossibilidade de aquisição onerosa, é um instituto que é similar à compra e venda (direito de preempção, preferência ou prelação legal em benefício do posseiro). Com a aquisição onerosa o posseiro adquire a propriedade plena. Obs. se o possuidor tem legitimação já tem o direito de preferencia. - Artigo 97 do Estatuto da Terra: “Quanto aos legítimos possuidores de terras devolutas federais, observar-se-á o seguinte: I - o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a discriminação das áreas ocupadas por posseiros, para a progressiva regularização de suas condições de uso e posse da terra, providenciando, nos casos e condições previstos nesta Lei, a emissão dos títulos de domínio; II - todo o trabalhador agrícola que, à data da presente Lei, tiver ocupado, por um ano, terras devolutas, terá preferência para adquirir um lote da dimensão do módulo de propriedade rural, que for estabelecido para a região, obedecidas as prescrições da lei.” – a regularização da posse cabe ao INCRA dentro da política de despublicização de terras, sendo reconhecido o direito de preferência para quem exerce a posse agrária há pelo menos 01 ano. - Se o posseiro for preterido no seu direito de preferência, poderá ingressar com uma ação de adjudicação da coisa com eficácia real. Benedito Ferreira Marques entende pela aplicação da adjudicação compulsória, que ela estaria no Decreto Lei 58/1937 (mas para Tartuce, esse entendimento parece um pouco ultrapassado). Art. 97, II Estatuto da terra e Lei 9636/98 - direito de preferencia ao possuidor agrário. Na legitimação também não tem previsão para preterido o possuidor da preferencia. Benedito Ferreira Marques - o possuidor ou o titular de posse legitima poderá ingressar em juízo e adjudicar a coisa para si desde que deposite o preço - AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - com eficácia real. Decreto Lei 58/37 - compromisso de compra e venda registrada. - Existe um dispositivo do Código Civil que trata do direito de preferência do condomínio – artigo 504 – portanto, esse dispositivo pode ser utilizado por analogia. O prazo para ingressar com a adjudicação da coisa seria decadencial de 180 dias, a contar da ciência da transmissão a terceiro. 5.4. USUCAPIÃO AGRÁRIA: - Também é conhecida como usucapião constitucional ou especial rural. - Tem tratamento no artigo 191 da CF, artigo 1.239 do Código Civil e Lei 6969/81. - Para os agraristas, não se trata de usucapião especial, pois está é a usucapião indígena, que está tratada no artigo 33 do Estatuto do Índio. - Artigo 33 do Estatuto do Índio: “O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. Parágrafo único: o disposto neste artigo não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal.” - Requisitos para usucapião especial indígena: a) Exercício de posse usucapione por 10 anos consecutivos b) Área até 50 hectares USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA POR ABANDONO DO LAR - Foi instituída no Código Civil uma nova usucapião urbana, que é a usucapião especial urbana por abandono de lar. - Artigo 1.240-A, §1° do Código Civil: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.” – pode ser suscitada uma inconstitucionalidade desse artigo, porque não há previsão de usucapião agrária por abandono do lar. Obs. foi instituída no Código Civil de 2002, uma nova modalidade de usucapião urbana por abandono do lar conjugal com prazo de 02 anos. O legislador, por um cochilo legislativo, não foi instituída nova modalidade de usucapião agrária. Usucapião Agrária - Artigo 191 da CF: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-há a propriedade.” Obs. Requisitos da usucapião agrária: a) Posse ad usucapione (usucapível): deve ser mansa e pacífíca e ininterrupta b) De imóvel localizado em zona rural c) De até 50 hectares d) Posse exercida por 05 anos e) Posse trabalho: estabelecimento de moradia ou de atividade agrária – usucapião pro labore f) Quem vai usucapir não pode ser proprietário de imóvel rural ou urbano Obs. Presumem-se de forma absoluta o justo título e a boa fé. Por causa da posse trabalho. - Não há exigência de justo título e boa-fé, porque esses de presumem de forma absoluta por causa do requisito posse trabalho. - Artigo 3° da Lei 6969/81: “A usucapião especial não ocorrerá nas áreas indispensáveis à segurança nacional, nas terras habitadas por silvícolas, nem nas áreas de interesse ecológico, consideradas como tais as reservas biológicas ou florestais e os parques nacionais, estaduais ou municipais, assim declarados pelo Poder Executivo, assegurada aos atuais ocupantes a preferência para assentamento em outras regiões, pelo órgão competente. Parágrafo único. O Poder Executivo, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, especificará, mediante decreto, no prazo de 90 (noventa) dias, contados da publicação desta Lei, as áreas indispensáveis à segurança nacional, insuscetíveis de usucapião.” – traz a previsão de alguns imóveis que não podem ser objeto de usucapião agrária. - Enunciados aprovados nas Jornadas de Direito Civil sobre usucapião agrária: - Enunciado 312 da IV Jornada de Direito Civil: Art. 1.239. “Observado o teto constitucional, a fixação da área máxima para fins de usucapião especial rural levará em consideração o módulo rural e a atividade agrária regionalizada.” Modulo Rural Modulo Fiscal Pequena Propriedade - Módulo rural equivale a pequena propriedade familiar e também à pequena propriedade rural. - 1 a 4 módulos fiscais - A usucapião agrária deve ser facilitada quando provado o módulo rural. - Enunciado 313 da IV Jornada de Direito Civil: “Arts. 1.239 e 1.240. Quando a posse ocorre sobre a área superior aos limites legais não é possível a aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.” - Não cabe usucapião agrária em área superior a 50 hectares, ainda que para a usucapião parcial. Os agraristas criticam esse rigor formal (Benedito Marques e Lucas Abreu Barroso), dizendo que um dos princípios do direito agrário é que o material concretizado pela função social prevalece sobre o formal. - Artigo 1.243 do Código Civil: “O possuidor pode, para fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contando que todas sejam contínuas, pacificas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e boa-fé”. – neste artigo temos o accessio possessionis – soma de posses para fins de usucapião. Exemplo: caso envolvendo herdeiro. - Enunciado 317 da IV Jornada de Direito Civil: Art. 1.243. “A accessio possessionis, de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil, nãoencontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente.” - O artigo 1.243 do Código Civil não se aplica a usucapião agrária, porque a posse do possuidor deve ser direta e pessoal. Esse é o entendimento de Lucas Abreu Barroso e Benedito Marques Accesio possessionis - é a soma de posses para fins de usucapião. Na usucapião agrária e também na urbana - a posse deve ser direta e pessoal. NA USUCAPIAO ESPECIAL URBANA E RURAL - não se aplica a accecio possessionis. Aspectos importantes da Lei 6969/81: 1) O artigo 2° da Lei admite usucapião agrária de terras devolutas. Portanto, o texto é considerado como não recepcionado pela CF/88. 2) Artigo 4° - a ação de usucapião agrária corre na comarca de situação do imóvel 3) O artigo 5° prevê o rito sumaríssimo para a ação de usucapião. Porém esse rito equivale ao atual rito sumário do artigo 275 do CPC. - Há previsão de uma audiência de justificação prévia para justificar a posse. O prazo para contestação é contado da intimação da decisão que declara justificada a posse. - Benedito Marques faz uma crítica no sentido de que a audiência faz com o que o processo demore. Ele propõe que para a ação de usucapião agrária, deveria haver a aplicação das regras especiais da ação de usucapião previstas no CPC. Essa proposta é seguida por parte da jurisprudência, como por exemplo, na obra de Negrão. 4) Cabem os benefícios da justiça gratuita, conforme o artigo 6° da Lei. 5) A usucapião agrária pode ser invocada como matéria de defesa – artigo 7° da Lei 6969/81 e súmula 237 do STF. Vale a sentença que a reconhecer para registro no cartório de imóveis. NA USUCAPIAO URBANA COMO NÃO TEM EXPRESSA PREVALECE QUE PRECISA DE NOVA AÇÃO. - A aquisição originária pela usucapião ocorre quando preenchidos os seus requisitos, sendo a sentença meramente declaratória da situação fática. 5.5. Propriedade e posse dos indígenas: - Também é chamado te indigenato (José Afonso da Silva). - Essa matéria está tratada no artigo 231 da CF. - São direitos congênitos (difusos) de toda a sociedade. - Entre as terras protegidas estão aquelas em que há desenvolvimento de atividade agrária. - Há no indigenato a atribuição de posse e de domínio útil aos indígenas, de forma exclusiva. - Para o desenvolvimento de atividade por terceiro há necessidade de autorização do Congresso Nacional. - As terras indígenas são inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre elas são imprescritíveis. Não cabe usucapião. - São nulos de pleno direito os negócios de transmissão das terras de indigenato. Há o princípio da função social do contrato – o contrato não pode gerar lesão à interesses difusos e coletivos. Seria a aplicação da eficácia externa do princípio da função social do contrato (artigo 421 do Código Civil). - A nulidade é reconhecida pelo artigo 166, II do Código Civil. - Enunciado 23 da I Jornada de Direito Civil – Art. 421: a função social do contrato prevista no artigo 421 do novo Código Civil não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses meta-individuais. 5.6. Reforma agrária e desapropriação agrária: - A palavra reforma vem de “reformare” que equivale a dar nova forma, refazer, corrigir, transformar. Reformare - mudança/transformação - compromisso do direito agrário para concretização da função social. - Pela realidade social brasileira, a reforma agrária é o compromisso principal do direito agrário - Artigo 1°, §1° do Estatuto da Terra: “Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.” - A reforma visa melhor distribui da terra, modificações na posse e no uso, justiça social + aumento da produção. Características gerais da reforma agrária: - Raymundo Laranjeira demonstra que as características são: a) É uma forma de intervenção do Estado na propriedade privada, ou seja, é uma forma de dirigismo b) É peculiar a cada país c) É episódica, transitória d) Tem previsão de áreas mínimas e áreas máximas e) Depende de uma política agrícola eficiente como consta do artigo 187 da CF - A reforma agrária cabe ao INCRA. - O principal meio de concretização da reforma agrária é através da desapropriação agrária. Essa desapropriação para fins de reforma agrária foi instituída pela Constituição Federal de 1946. Segundo entendimento majoritário, trata-se de um ato jurídico stricto senso e não um negócio jurídico (Pontes de Miranda e Benedito Ferreira Marques). Desapropriação: É o ato pelo qual o poder público retira determinado bem do domínio privado, da esfera jurídica alheia, mediante o pagamento de uma indenização. A desapropriação é um ato de autoridade do poder público. Natureza - ato jurídico strictu sensu - efeitos predeterminados que decorrem de lei. Instituto misto - envolve constitucional, administrativo, agrário, processual. Diferenças entre institutos: Desapropriação X Usucapião: desapropriação é ato de autoridade, é onerosa. O usucapião não é ato de autoridade e sem pagamento de indenização. - Artigo 1.228, §4° e §5° do Código Civil: “§4° O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.” – esses dispositivos tratam da desapropriação privada. Desapropriação X Expropriação: parte da doutrina e da jurisprudência consideram esses termos como sinônimos, mas a expropriação é específica e está prevista no artigo 243 da CF e é uma espécie de confisco. Desapropriação - ato de autoridade e pagamento de indenização Expropriação - perda da propriedade sem indenização - A expropriação propriamente dita é um confisco de terras, especialmente quando há o plantio de plantas psicotrópicas. Desapropriação agrária (caráter de sanção por descumprimento da função social - competência da união para imóvel rural que não esteja cumprido função social - pagamento por TDA com exceção de benfeitorias uteis e necessárias) X Desapropriação por necessidade, utilidade ou interesse social (art. 5º XXIV - fundada no interesse publico). - Artigo 184 da CF: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume totalde títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.” - A LC 76/93 prevê o procedimento contraditório de rito sumário para o processo de desapropriação agrária. RITO ABREVIADO - A diferença fundamental entre a desapropriação agrária e a desapropriação por interesse público (necessidade pública/interesse social): artigo 5°, XXIV da CF. A desapropriação agrária é uma desapropriação sanção, por descumprimento da função social da propriedade. A desapropriação agrária o pagamento se dá através de títulos da dívida agrária. Finalidades da desapropriação agrária: - Artigo 18 do Estatuto da Terra: “À desapropriação por interesse social tem por fim: a) condicionar o uso da terra à sua função social; b) promover a justa e adequada distribuição da propriedade; c) obrigar a exploração racional da terra; d) permitir a recuperação social e econômica de regiões; e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica; f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais; g) incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural; h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias.” a) Condicionar o uso da terra à sua função social b) Promover a justa e adequada distribuição da propriedade c) Obrigar a exploração racional da terra d) Permitir a recuperação social e econômica das regiões e) Estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica (estímulo ao desenvolvimento científico) f) Efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais (proteção do bem ambiental, nos termos do artigo 225 da CF) g) Incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural (tem relação com o desenvolvimento local) h) Facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou outros recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias (proteção do bem ambiental) - Todas essas finalidades estão relacionadas à função social da propriedade, ao desenvolvimento e à proteção ambiental. Atenção: a competência para a desapropriação agrária é somente da União, por meio do INCRA (artigo 20 do Estatuto da Terra). Há duas leis que regulamentam o instituto: Lei 8629/93 (Lei da Reforma Agrária) e Lei Complementar 76/1993 (prevê aspectos processuais relativos à desapropriação agrária). Não podem ser objeto de desapropriação agrária: - Artigo 185 da CF: “São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.” a) A pequena propriedade nos termos da Lei 8629/93, é aquela que vai de 01 a 04 módulos fiscais. Média propriedade é aquela que vai de 04 a 15 módulos fiscais. – Essas não podem ser objeto de desapropriação agrária. SE FOR OUTRA PROPRIEDADE URBANA SUPREMO NÃO ADMITE DESAPROPRIAÇÃO. Minifúndio - inferior a 1 modulo fiscal Pequena - 1 a 4 Média - 4 a 15 Grande - acima de 15 A constituição não pode ser interpretada como fatia de pizza - Eros Grau - A grande propriedade rural é aquela que tem acima de 15 módulos fiscais. Essas podem ser objeto de desapropriação agrária. - Propriedade produtiva: (artigo 185, II da CF). Existem duas correntes acerca desse artigo: →1ª Corrente: liderada pelos constitucionalistas (José Afonso da Silva) – não é possível a desapropriação agrária de propriedade produtiva, mesmo que ela não atenda à função social (opção do legislador constituinte). →2ª Corrente: liderada pelos agraristas (Lucas Abreu Barroso, Benedito Marques, Elizabete Manilha) – é possível a desapropriação de propriedade produtiva que não atenda à função social (arts. 185 + 186 da CF). A Constituição não pode ser interpretada como fatias de pizza, deve ser interpretada de forma sistemática. Parâmetros para a propriedade produtiva: - Artigo 6° da Lei 8629/93: “Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. § 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel. § 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a 100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática: I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea; II - para a exploração pecuária, divide- se o número total de Unidades Animais (UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea; III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau de eficiência na exploração. § 3º Considera-se efetivamente utilizadas: I - as áreas plantadas com produtos vegetais; II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de lotação por zona de pecuária, fixado pelo Poder Executivo; III - as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea, e a legislação ambiental; IV - as áreas de exploração de florestas nativas, de acordo com plano de exploração e nas condições estabelecidas pelo órgão federal competente; V - as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens ou de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas, mediante documentação e Anotação de Responsabilidade Técnica. § 4º No caso de consórcio ou intercalação de culturas, considera-se efetivamente utilizada a área total do consórcio ou intercalação. § 5º No caso de mais de um cultivo no ano, com um ou mais produtos, no mesmo espaço, considera-se efetivamente utilizada a maior área usada no ano considerado. § 6º Para os produtos que não tenham índices de rendimentos fixados, adotar-se-á a área utilizada com esses produtos, com resultado do cálculo previsto no inciso I do § 2º deste artigo. § 7º Não perderá a qualificação de propriedade produtiva o imóvel que, por razões de força maior, caso fortuito ou de renovação de pastagens tecnicamente conduzida, devidamente comprovados pelo órgão competente, deixar de apresentar, no ano respectivo, os graus de eficiência na exploração, exigidos para a espécie. § 8º São garantidos os incentivos fiscais referentes ao Imposto Territorial Rural relacionados com os graus de utilização e de eficiência na exploração, conforme o disposto no art. 49 da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.” - O grau de utilização da terra deverá ser igual ou superior a 80%, calculada pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável totaldo imóvel. - O grau de eficiência deverá ser igual ou superior a 100%. - Para fins de propriedade produtiva consideram-se efetivamente utilizadas: áreas plantadas com produtos vegetais; áreas de pastagens nativas e plantadas; áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal; áreas de exploração de florestas nativas; áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens ou de culturas permanentes. - O Estatuto da Terra, no artigo 20 prevê áreas prioritárias para desapropriação agrária (presunção de prioridade – trata-se de uma presunção relativa). Art. 20. As desapropriações a serem realizadas pelo Poder Público, nas áreas prioritárias, recairão sobre: I - os minifúndios e latifúndios; II - as áreas já beneficiadas ou a serem por obras públicas de vulto; III - as áreas cujos proprietários desenvolverem atividades predatórias, recusando-se a pôr em prática normas de conservação dos recursos naturais; IV - as áreas destinadas a empreendimentos de colonização, quando estes não tiverem logrado atingir seus objetivos; V - as áreas que apresentem elevada incidência de arrendatários, parceiros e posseiros; VI - as terras cujo uso atual, estudos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária comprovem não ser o adequado à sua vocação de uso econômico Áreas não desapropriáveis - Não podem ser objeto de reforma agrária (artigo 7° da Lei 8629/93): imóvel que comprove estar sendo objeto de implantação de projeto técnico (esse projeto visa a melhoria do desenvolvimento econômico e social da área). - Artigo 8° da Lei 8629/93: “Ter-se-á como racional e adequado o aproveitamento de imóvel rural, quando esteja oficialmente destinado à execução de atividades de pesquisa e experimentação que objetivem o avanço tecnológico da agricultura. Parágrafo único. Para os fins deste artigo só serão consideradas as propriedades que tenham destinados às atividades de pesquisa, no mínimo, 80% (oitenta por cento) da área total aproveitável do imóvel, sendo consubstanciadas tais atividades em projeto: I - adotado pelo Poder Público, se pertencente a entidade de administração direta ou indireta, ou a empresa sob seu controle; II - aprovado pelo Poder Público, se particular o imóvel.” – trata do aproveitamento adequado de imóvel rural. Nestes imóveis não é possível a desapropriação agrária. Essas áreas são comparadas à propriedade produtiva. Imóveis não aproveitáveis para fins de reforma agrária: - Artigo 10 da Lei 8620/93: “Para efeito do que dispõe esta lei, consideram-se não aproveitáveis: I - as áreas ocupadas por construções e instalações, excetuadas aquelas destinadas a fins produtivos, como estufas, viveiros, sementeiros, tanques de reprodução e criação de peixes e outros semelhantes; II - as áreas comprovadamente imprestáveis para qualquer tipo de exploração agrícola, pecuária, florestal ou extrativa vegetal; III - as áreas sob efetiva exploração mineral; IV - as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente.” - Fases do procedimento de desapropriação agrária: LC 76/93 L. 8629/93 - São 03 fases: Vistoria Prévia Decreto expropriatório Fase judicial 1) Fase de vistoria prévia: é uma fase de procedimento administrativo. Cabe ao INCRA, que irá verificar, se o imóvel enquadra-se na possibilidade de desapropriação agrária. Essa vistoria pode ser realizada por agentes do INCRA, que ingressam no imóvel por fotografias de satélite ou eventualmente pelo sistema GPS. Houve uma série de demandas no STF para exigir o contraditório nesta fase. Foi editada uma MP visando permitir um contraditório administrativo nesta fase (MP 2183). 2) Fase de decreto expropriatório: também é considerada como sendo uma fase administrativa. O decreto expropriatório cabe ao chefe do poder executivo (presidente da república). Eventual impugnação ao decreto presidencial deve ser realizada por meio de mandado de segurança. Cuja competência originária para julgamento é do STF. Esse decreto caduca no prazo de 02 anos (prazo decadencial), se a ação não for proposta nesse prazo, o decreto perde a eficácia. NATUREZA JURÍDICA DE ATO ADM. CONCRETO - visa pessoa certa. 3) Fase judicial: se dá por meio da ação de desapropriação agrária. Essa fase ocorre quando não há acordo entre o INCRA e o proprietário. Os aspectos principais dessa fase estão na Lei Complementar 76/93: - Legitimidade ativa para a ação: INCRA - Legitimidade passiva: do proprietário do imóvel. Se for proposta contra o possuidor a ação será extinga por ilegitimidade passiva. Em alguns casos será admitida contra o promissário comprador quando o compromisso está registrado. REGISTRO SURGE DIREITO REAL. Possuidor arrendatário ou o compromissário comprador COMPROMISSO DE COMPRA VENDA efeito erga omnes - se registrado efeito inter partis - não registrado Súm. 84 STJ - ainda que desprovido de registro o promitente comprador pode defender a posse por embargos de terceiro. Obs. terceiro possuidor poderia ingressar e alegar que a propriedade é produtiva? Rito: sumário (LC 76/93) - ou decreto Art. 2º LC 76/93 - COMPETENCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA CASOS DE DESAPROPRIAÇÃO AGRÁRIA. - Ação de desapropriação é prejudicial em relação a outras demandas - ex. se o imóvel está arrolado no inventário mas tem ação de desapropriação, suspende-se o inventário. - Obrigatória a intervenção do Ministério Público Federal como fiscal da lei. - Artigo 6° da LC 76/93: “O juiz, ao despachar a petição inicial, de plano ou no prazo máximo de quarenta e oito horas: I – mandará imitir o autor na posse do imóvel; II – determinará a citação do expropriando para contestar o pedido e indicar assistente técnico, se quiser; III – expedirá mandado ordenando a averbação do ajuizamento da ação no registro do imóvel expropriando, para conhecimento de terceiros.” – trata-se de um rito bem sumário de natureza específica. A IMISSÃO DO AUTOR NA POSSE É CASO DE TUTELA ANTECIPADA. Observações importantes complementares a respeito da desapropriação agrária: Obs. além dos requisitos do 282 devem ser observadas as peculiaridades: - pedido especifico de desapropriação e registro em nome do INCRA - devem ser anexados a inicial o laudo de vistoria,, cos que comprovam a propriedade, mapa da área e descrição das culturas do local se houver. 1) Pagamento da indenização na desapropriação agrária: em relação à terra nua + benfeitorias voluptuárias, o pagamento se dá em títulos da dívida agrária (TDA). 2) Juros compensatórios: são contados desde a imissão na posse em nome do INCRA, mesmo que a propriedade não seja produtiva (STJ, AgRg no Ag. 1303046/RJ). JUROS COMPENSATÓRIOS DESDE A IMISSÃO NA POSSE, MESMO QUE O IMÓVEL SEJA IMPRODUTIVO. Obs. a ação deve estar acompanhada do texto do decreto expropriatório, do comprovante do lançamento dos títulos da dívida agrária e do depósito judicial da quantia relacionada as benfeitorias. Benfeitorias devem ser pagas em dinheiro. SOB PENA DA EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO POR FALTA DE INTERESSE - necessidade adequação utilidade. Obs. não cabe MS para definir se o imóvel é produtivo ou não. Obs. a ausência de notificação do proprietário para a vistoria previa gera nulidade absoluta do ato, atingindo todo o procedimento de desapropriação posterior. 3) A ação será julgada extinta, sem resolução do mérito se não contiver: o texto do decreto expropriatório; comprovante de lançamento dos títulos da dívida ativa;comprovante judicial do pagamento da quantia em dinheiro. – Falta de interesse (falta de adequação) nos termos do artigo 267, VI do CPC. 4) Conforme jurisprudência do STF, não cabe mandado de segurança para dizer se o imóvel desapropriado é produtivo ou não (STF, MS 24547/DF). 5) Conforme jurisprudência do STF, a ausência de notificação prévia para a vistoria do imóvel enseja nulidade absoluta do ato de desapropriação. PRAZO É DE DECADENCIA - ação constitutiva - AÇÃO DE USUCAPIÃO. 6) Artigo 2°, §6° da Lei 8629/93 + MP 2183/01 objeto da ADIN 2213/DF. O STF de forma preliminar disse que o dispositivo é constitucional. Essa previsão surgiu depois da invasão da fazenda do então presidente FHC. Não cabe desapropriação agrária de imóvel invadido pelo MST no prazo de até 02 anos da desocupação ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência. CONGELAMENTO DE IMÓVEL INVADIDO POR MOVIMENTO POPULAR PARA FINS DE DESAPROPRIAÇÃO AGRÁRIA POR DOIS ANOS APÓS A DESOCUPAÇAO. 7) O artigo 12 da Lei 8629/93 prevê os parâmetros para a fixação da indenização: “Considera-se justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I - localização do imóvel; II - aptidão agrícola; III - dimensão do imóvel; IV - área ocupada e ancianidade das posses; V - funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias (necessárias + úteis). § 1o Verificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, proceder-se-á à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendo-se o preço da terra a ser indenizado em TDA. § 2o Integram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel. § 3o O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações.” 8) Desapropriação judicial privada por posse/trabalho: artigo 1228, §§4° e 5° do CC. É possível aplicar o art. 1228 §§ 4º e 5º - CC/02 - desapropriação judicial privada por posse trabalho. - Enunciado 308 da IV Jornada de Direito Civil. Antes prevalecia que quem pagava eram os ocupantes da área - mas esse enunciado PODE SER SUPORTADA PELA ADM. PÚBLICA em caso de ocupantes de baixa renda (prof. Lucas Abreu Barroso). EM REGRA A DESAPROPRIAÇÃO É FEITA POR PRECATÓRIO. Requisitos: a) extensa área b) posse ininterrupta e boa fé c) por mais de 5 anos d) considerável numero de pessoas e) obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. f) proprietário recebe justa indenização (instituto de desapropriação) Ocupantes de área podem alegar em defesa desapropriação judicial por posse trabalho. Obs. os bens públicos não poder ser objeto de desapropriação privada por posse trabalho (não podem ser usucapidos) - enunciado 83. Enunciado 304 - fez ressalva para bens públicos devolutos. Crítica - 6. CONTRATOS AGRÁRIOS: Art. 29 A 96 (estatuto da terra) Decreto 59566/66 art. 1º a 48 Lei 4947/66 - São contratos que disciplinam o uso da propriedade agrária. - Estão tratados entre os artigos 92 a 96 do Estatuto da Terra e no Decreto 59566/66 e Lei 4947/66. - Contratos típicos: arrendamento rural (locação, cessão do uso + gozo) e parceria agrícola (sociedade, cessão do uso, outorgante = proprietário com participação nos lucros). - Para os contratos agrários são aplicáveis os mesmos princípios dos contratos civis, com algumas peculiaridades. Objeto - uso e a posse dos imóveis agrários - contratos de direito privado - influenciados por normas de ordem pública. Aplicação subsidiária dos contratos civis - art. 92, §9º Estatuto da Terra P. da autonomia privada P. da função social do contrato P. da força obrigatória da convenção - pacta sunt servanda P. da boa fé objetiva P. da relatividade dos efeitos contratuais Função social do contrato agrário: Cláusulas irrevogáveis que visem a conservação de recursos naturais. Art. 13 - Lei 4947/66 Peculiaridades. - Lei 4947/66 – os incisos IV e V do artigo 13 da Lei 4947/66 já consagravam o princípio da função social do contrato no sentido de proteger a parte vulnerável da relação contratual: arrendatário e parceiro-outorgado. Qualquer cláusula de renúncia á direito inerente ao contrato agrário é nula. Exemplo: quando o arrendatário renuncia as benfeitorias necessárias e úteis a que ele tem direito. V - proteção social aos arrendatários cultivadores diretos e pessoais - proteção do arrendatário como parte mais fraca da relação contratual. Obs. a doutrina agrarista já falava há muito tempo em função social. Já defendiam a proteção da parte mais fraca. CONDIÇOES GERAIS DO CONTRATO - contrato normativo com funções sociais previstas pela lei. OS CONTRATOS AGRÁRIOS SÃO MARCADOS POR FORTE DIRIGISMO - com a imposição de cláusulas obrigatórias e proibidas. Europa - contratos modelos. - Lucas Barroso: função socioambiental do contrato. - Benedito Marques: forte mitigação do pacta sunt servanda. - Grande dirigismo contratual: grande intervenção do Estado e da lei nos contratos agrários. - Artigo 13 do Decreto 59566/66: visa a proteção do meio ambiente e a proteção da parte mais fraca. Esse artigo é norma de ordem pública e eventual renúncia a algo que nele conste é nula. Isso também vale para os contratos agrários atípicos. CLAUSULAS OBRIGATORIAS - meio ambiente - arrendatário ou parceiro como parte mais fraca da relação. Proibição de renúncia de direitos e vantagens previstos na legislação. Obs. na locação tradicional admite-se a renúncia a benfeitoria e retenção - sumula 335. NO DIREITO AGRÁRIO NÃO SE ADMITE RENÚNCIA - clausula deve ser expressa. Obs. Prazos mínios para contratos agrários: 3 anos - caso de arrendamento que envolva exploração de lavoura temporária ou pecuária de médio e pequeno porte - e todos os casos de parceria. 5 anos - arrendamento de lavoura de lavoura permanente, pecuária de grande porte ou extração de matérias primas de origem animal. 7 anos - contrato que envolva exploração florestal c) fixação em quantia certa do preço da arrendamento ser pago em dinheiro ou em frutos ou produtos. NÃO VALE O PAGAMENTO - será considerado nulo em formas culturais de pagamento - ex. vales d) cláusulas que preveem as bases para renovações dos contratos. Visa a conservação do negócio jurídico. e) clausulas de extinção e rescisão - ex. falta de pagamento - outra destinação f) clausulas que preveem forma de indenização quanto as benfeitorias Obs. as cláusulas obrigatórias valem para os contratos típicos (arrendamento rural e parceria agrária) e atípicos ex. leasing agrário. ARRENDAMENTO COM OPÇÃO DE COMPRA AO FINAL - hoje em dia a opção é antecipada. Renúncia às clausulas obrigatórias devem ser consideradas nula. Relatividade dos efeitos contratuais: - O contrato gera efeito entre as partes contratantes. Mas caso o contrato seja feito familiar a morte de um contratante não extingue o contrato. - Artigo 26 do Decreto 59566/66: o contrato agrário continua em relação aos herdeiros do contratante. Benedito Marques entende que haveria uma relatividade dos efeitos contratuais. - Art. 92
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