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DIREITO AGRÁRIO 
- Flávio Tartuce 
 
Bibliografia: 
- Direito agrário brasileiro. Ed. Atlas. Benedito Ferreira Marques 
- Curso de Direito Agrário. Wellington Barroso 
 
 
Crítica - Direito agrário é diferente de rural - no estatuto da terra há referencia a direito 
rural, dizendo depois independer da localização do imóvel. Na constituição há 
referencia a direito rural... 
 
Obs. ruris - (rus) - campo, rusticidade 
urbis - cidade 
Critérios que levam em consideração a localização do imóvel. 
Ager (ou Ag) - atividade agrária ou cultivo. 
Direito agrário leva em conta a atividade e não a localização. 
 
 
1. Introdução: 
 
1.1. Conceito de Direito Agrário: 
 
- É o ramo do direito que tem como conteúdo as relações jurídicas entre o homem e a 
terra (Wellington Pacheco). 
- O direito agrário é o conjunto de normas e princípios que regulamentam a atividade 
agrária, tendo como fundamento a função social da propriedade (Fernando Sodero e 
Raymundo Laranjeira). 
 
- O posicionamento da doutrina agrarista é progressista (“de esquerda”). Lucas Abreu 
Barroso é revolucionário. No direito agrário há a visão do Iehring, os agraristas 
entendem que o direito é instrumento de luta social (os civilistas são conservadores). 
- O direito agrário tem como núcleo a função social da terra, podendo ser concebido 
como “direito civil qualificado”. Temos dois tópicos do direito civil qualificado: matéria do 
direito das coisas/direitos reais e a matéria de direito contratual. 
 
1.2. Surgimento do Direito Agrário no Brasil: 
- O direito agrário surgiu com a EC 10/64. Essa emenda constitucional trouxe 
autonomia legislativa do direito agrário. Como diz o Benedito Ferreira Marques, ela 
representa a certidão de batismo do direito agrário brasileiro. 
- Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) – alguns preceitos que estão no Estatuto não foram 
recepcionados pela Constituição - regulamenta a emenda - é considerado o 
microssistema jurídico do direito agrário. 
 
1.3. Objeto do direito agrário: 
- É a atividade agrária ou agrariedade. É aquilo que é desenvolvido no imóvel. Para o 
direito agrário não interessa a localização do imóvel, em regra, mas a sua destinação. 
 
Atividade é a soma de atos coordenados com finalidade específica (Túlio Ascarelli). 
Atos isolados não geram atividade. 
 
- Existe uma harmonia entre a legislação agrária e a lei de locação (Lei 8.245/91). As 
duas leis tratam da destinação do imóvel para fins de incidência legislativa. Plantação 
de tomates no meio da cidade vai ser aplicada a legislação agrária para fins de locação 
ou arrendamento. Exemplo: posto de combustível na zona rural – aplica-se a lei de 
locação por causa da prestação de serviços. 
- Rural vem de “ruris”. Ruris = campo/rústico. 
- Urbano = urbi = cidade. 
 
*Atenção: agrário vem de ager, que quer dizer terra cultivada. Portanto, para os 
agraristas não deve ser utilizado o termo “rural”. Falando-se em usucapião agrária, 
posse agrária, propriedade agrária, desapropriação agrária e contratos agrários. 
- Como aponta Benedito Ferreira Marques, a atividade agrária pode ter o seguinte 
conteúdo: 
 
a) Atividades agrárias típicas: 
- atividade agrícola (lavoura) 
- atividade pecuária 
- atividade hortigranjeira 
 
b) Atividade agrária atípica: 
- agroindústria 
c) Atividades agrárias complementares: também são chamadas de conexas 
- São as atividades de comercialização e transporte. *Existe polêmica em torno 
desse assunto. Mas esse é o entendimento majoritário. 
 
Ex. se tiver um imóvel no centro da cidade que explore estas atividades será imóvel 
agrário. 
 
1.4. Fundamento Legal do Direito Agrário (Incidência das Leis): 
 
- Pode aplicar o Código Civil numa atividade agrária? 
- Código Civil 1916 X Estatuto da Terra: havia uma relação de exclusão. Ou se aplicava 
o Código Civil, ou o Estatuto da Terra. Não havia dialogo entre as duas leis. O Estatuto 
da Terra era considerado um microssistema jurídico, totalmente isolado do Código 
Civil. Não havia diálogo entre as leis, porque o Código de 1916 era uma norma 
essencialmente individualista, que partia da premissa de igualdade nas relações 
jurídicas. O Código Civil de 1916 em regra tinha normas de ordem privada, que 
poderiam ser contrariadas, ao passo que o Estatuto da Terra tinha normas de ordem 
pública (muitos agraristas ainda tem essa ideia). 
- Código Civil 2002 X Estatuto da Terra: o Código Civil de 2002 adotou o princípio da 
operabilidade, socialidade e eticidade. A socialidade é a valorização da função social 
dos institutos. Aqui três institutos tem grande importância para o direito agrário: 
 
1) Função social da posse 
2) Função social da posse 
3) Função social do contrato 
 
- Reale dizia que houve uma valorização do “nós” em detrimento do “eu”. 
- O Código de 16 protegia o fazendeiro, proprietário, casado. 
- Houve uma aproximação principiológica entre o Código Civil de 2002 e a legislação 
agrária. 
- Enunciado 167 da III Jornada de Direito Civil: “Com o advento do Código civil de 
2002, houve forte aproximação principiologica entre esse Código e o Código de Defesa 
do Consumidor, no que respeita á regulação contratual, uma vez que ambos são 
incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos.” 
 
- O Código Civil de 2002, assim como a legislação agrária está repleto de normas de 
ordem pública, o que possibilita o diálogo das fontes (Erik Saymg introduzida no Brasil 
por Claudia Lima Marques) entre as duas leis. Pela teoria do diálogo das fontes é 
possível aplicar uma norma do Código Civil em benefício do produtor agrário ou em 
prol da função social. 
- Julgado do STJ sobre o contrato de “vaca papel”: tem-se reconhecido a nulidade 
desses contratos por desrespeito à ordem pública e por simulação (RESp. 
441.903/SP). O contrato de vaca papel é a nulidade do contrato de parceria agrária 
para esconder o empréstimo de dinheiro (usura – cobrança de juros não permitidos). 
Na verdade é para esconder agiotagem. 
 
1.5. Autonomia do Direito Agrário (tripla): 
- Temos: 
1) Autonomia legislativa: ocorreu com a EC 10/64. Na CF atual, a autonomia 
legislativa está no artigo 22, I. 
2) Autonomia científica: o direito agrário é uma disciplina separada do direito civil. 
3) Autonomia judiciária: é caracterizada pela criação de varas especializadas de 
direito agrário, como consta do artigo 126 da CF. Há a possibilidade de 
diligência judicial no conflito agrário. 
 
1.6. Princípios do direito agrário (Benedito Ferreira Marques): 
 
a) Monopólio legislativo da União (artigo 22, I da CF): 
b) Garantia da propriedade submetida à sua função social (artigo 5°, XXII e XIII da 
CF): a função social da propriedade para o agrarista é causa. Se não tiver função social 
não tem propriedade. 
c) Utilização da terra prevalece sobre o título dominial: o material vence o formal. 
d) Dicotomia entre política de reforma e política agrícola: (artigo 1° do Estatuto da 
Terra) 
 
e) Prevalência do interesse público (coletivo) sobre o interesse individual - 
Função social 
f) Necessidade de reforma da estrutura fundiária 
g) Fortalecimento do espírito comunitário através de cooperativas, associações, 
empresa rural, etc. 
h) Combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à expropriação e a 
atividade predatória. Grileiros e posseiros 
 
i) Privatização dos imóveis públicos 
j) Proteção da propriedade familiar, da pequena e média propriedade (artigo 226 
da CF – proteção da família). 
k) Fortalecimento da empresa agrária. 
l) Proteção da propriedade consorcial indígena (indigenato) – artigo 231 da CF 
m) Dimensionamento eficaz da propriedade: visa o desenvolvimento de umaatividade com produção. 
n) Princípio de proteção aos trabalhadores rurais 
o) Princípio da proteção ao meio ambiente - bem difuso, obrigação propter rem, 
função social da propriedade. 
 
2. Breve histórico do direito agrário e da propriedade no Brasil: 
 
- Fatos marcantes: 
 
1) Tratado de Tordesilhas: 07/06/1494 – por esse tratado o chamado “novo mundo” foi 
dividido entre Espanha e Portugal e grande parte do território brasileiro coube à 
Portugal. 
2) Descobrimento do Brasil em 22/04/1500 – o rei Dom João II nomeou como 
governador geral do Brasil, Martim Afonso de Souza, que resolve implementar um 
sistema de administração por meio de capitanias hereditárias e sesmarias. As 
sesmarias não foram introduzidas especialmente para o Brasil. Elas já existiam em 
Portugal desde 1375. 
 
- Sesmarias: a coroa portuguesa permanecia com a propriedade sobre o bem e fazia 
uma cessão do domínio útil para o sesmeiro. O sesmeiro faria uma exploração de uma 
monocultural que era a cana de açúcar por meio daquilo que ficou conhecido como 
“plantation”. O sesmeiro ainda tinha que pagar os tributos que recaia sobre o bem e 
ainda o foro, sob pena de comisso (se não pagasse perderia o direito à sesmaria). A 
sesmaria era uma espécie de enfiteuse, que foi banida pelo Código Civil de 2002. A 
doutrina agrarista aponta que as sesmarias trouxeram vantagens e desvantagens. A 
vantagem principal seria a colonização do país, que atingiu uma área continental. A 
desvantagem principal foi o clientelismo na transmissão das terras. O sistema de 
sesmarias foi extinto por meio da resolução 76/1822 (José Bonifácio de Andrade e 
Silva). 
 
- O sistema de sesmarias acabou sendo extinto porque se pensava que ele gerou um 
caos na justa colonização do país. 
- Regime de posses: chamado de regime extralegal – havia um caos dominial onde 
eram identificados os proprietários das sesmarias, os posseiros das sesmarias sem 
título, posseiros de outras terras. Houve o surgimento das terras devolutas ou terras 
sem dono. O regime de posses foi extinto pela Lei de Terras (Lei 601/1850). O objetivo 
era regularizar a posse a situação das terras devolutas. A lei introduziu no Brasil o 
instituto da legalização da posse. 
 
- Marcos legais para o surgimento do Direito Agrário: 
- 1912 – Primeiro projeto legislativo de elaboração de um código rural 
- 1917 – entra em vigor o Código Civil 1916 que foi tido até o Estatuto da Terra como o 
diploma legal para o direito agrário. O Código Civil de 1916 trazia conceitos eficientes 
de posse e propriedade. 
- A Constituição de 1934 traz ideias englobando ideias que estavam no projeto do 
Código Rural. Algumas das ideias eram: usucapião rural e função social da 
propriedade. 
- Constituição de 1946: trouxe avanços tratando da desapropriação. 
- Emenda Constitucional 10/1964 + Estatuto da Terra em 1964. 
 
3. O Direito Agrário na CF/88: 
- Artigos 184 a 191 da CF 
- O artigo 184 da CF trata da desapropriação agrária. A desapropriação agrária é uma 
desapropriação sanção pelo não atendimento da função social da propriedade. 
- O artigo 185 da CF prevê imóveis que não podem ser objeto de desapropriação 
agrária. Esse artigo traz uma polêmica no inciso II. É possível que uma propriedade 
seja produtiva e não atenda a função social da propriedade? O artigo 186 prevê os 
parâmetros para a função social da propriedade agrária. 
- O artigo 187 da CF trata da política agrícola. A doutrina majoritária entende que as 
atividades de transporte e comercialização também são políticas agrárias. 
- O artigo 188 da CF trata da destinação de terras públicas e devolutas (terras 
devolutas = terras sem dono. Pertencem ao Estado e são bens públicos dominicais – 
artigo 99, III do CC). 
- O artigo 189 da CF trata da reforma agrária, destinação de imóveis objeto de reforma 
agrária. 
- O artigo 190 da CF trata de aquisição e arrendamento rural. 
- O artigo 191 trata do usucapião agrário. Essa usucapião também está tratada no 
Código Civil, onde é chamada de usucapião rural. 
- Artigo 1239 do Código Civil – trata da usucapião rural. O artigo 1240 traz o usucapião 
especial urbano. O artigo 1.240-A do Código Civil introduziu uma nova modalidade de 
usucapião especial urbana por abandono do lar conjugal. Porque não pode ter essa 
modalidade para usucapião rural também? Deve ser feita uma interpretação conforme 
a CF para estender essa modalidade a usucapião rural. 
 
OBS: o artigo 1240-A do Código Civil trata de uma nova modalidade de usucapião 
urbana por abandono do lar e que tem prazo de 02 anos. Giselda Hironaka critica a 
falta de previsão de uma usucapião rural/agrária por abandono do lar. 
 
4. Conceitos fundamentais de direito agrário: 
 
- São também chamados de institutos jurídicos agrários 
- Artigo 4° do Estatuto da Terra: 
 
4.1) Imóvel rural X Imóvel agrário: 
 
- Imóvel rural é o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização 
que se destina á exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através 
de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada. Na verdade o 
imóvel rural é o imóvel agrário, pois o que importa não é a localização, mas a 
destinação. 
- O artigo 4°, I do Estatuto da Terra foi recepcionado pela CF? Sim, pois a CF também 
adota a ideia de imóvel rural e não de imóvel agrário. 
 
Obs. sítios de recreio não são considerados imóveis agrários/rurais. Decreto 59.900/66 
– esse decreto no artigo 14 traz o conceito de sítio de recreio. No sítio de recreio, não 
há produção comercializada, a área é inferior à um módulo rural. Trata-se de um imóvel 
localizado na zona rural com finalidade de lazer (não se confunde com chácara, porque 
na chácara geralmente tem produção). 
 
4.2) Propriedade familiar: 
- O imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes 
absorva toda a força de trabalho, garantido-lhes a subsistência e o progresso social e 
econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e 
evencutalmente trabalho com a ajuda de terceiros. 
 
- É o imóvel rural em que há desempenho de atividade agrária pelo agricultor e sua 
família, visando a subsistência e o progresso social/econômico. 
- A ideia de progresso social é de que não é só para a própria subsistência, há o 
amparo ao artigo 226 da CF que diz que a família é a base da sociedade. A área 
máxima é fixada para cada região e tipo de exploração. 
 
Obs. a propriedade familiar equivale à pequena propriedade rural (L. 8629/93 - 1 a 4 
módulos fiscais - Imposto de Renda - fixado de município para município). 
 
- A pequena propriedade rural seria a área prevista como otimizada para o 
desenvolvimento de propriedade familiar, segundo os agraristas. Propriedade familiar 
equivale a pequena propriedade rural. 
- Conforme a Lei 8629/93 a pequena propriedade rural é aquela que vai de 01 até 04 
módulos fiscais. O modulo fiscal é fixado para a incidência de imposto (IR). Também é 
fixado de município para município. 
- Artigo 5°, XXVI da CF: “a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos 
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o 
seu desenvolvimento;” – há a impenhorabilidade absoluta da pequena propriedade 
rural (artigo 649, VIII do CPC). 
- A pequena propriedade rural tem o seu conceito variando de acordo com a 
localização e destinação (RESp. 100.7070/RS). 
 
4.3. Módulo rural: 
 
- É aquela área de terra tida como otima para desempenho da atividade agrária 
visando o atendimento à função social (RaymundoLaranjeira). 
 
- Estatuto da Terra, artigo 4°, III: ““Módulo Rural”, é a área fixada nos termos do inciso 
anterior;” – Portanto, módulo rural equivale a propriedade familiar, que por sua vez 
equivale a pequena propriedade rural. 
 
 
Obs. modulo rural equivale a propriedade familiar que equivale pequena 
propriedade rural. O módulo é regional - existe o parâmetro de 1 a 4 módulo fiscal. 
 
- Há uma ampla proteção ao módulo rural na legislação agrarista em relação ao módulo 
rural, sendo certo que, a ideia de módulo é sempre um módulo regional e não nacional. 
- Artigo 5° do Estatuto da Terra: “A dimensão da área dos módulos de propriedade rural 
será fixada para cada zona de características econômicas e ecológicas homogêneas, 
distintamente, por tipos de exploração rural que nela possam ocorrer. Parágrafo único. 
No caso de exploração mista, o módulo será fixado pela média ponderada das partes 
do imóvel destinadas a cada um dos tipos de exploração considerados.” 
 
Características do módulo rural apontadas pela doutrina do Fernando Sodero: 
 
- É uma medida de área. 
- Confude-se com a ideia de propriedade familiar. 
- Varia de acordo com a região e exploração. 
- Implica um mínimo de renda a ser obtido. 
- A renda deve proporcionar não somente a subsistência do agricultor e de sua família, 
mas também o seu progresso. 
 
- Artigo 65 do Estatuto da Terra: “O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão 
inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural. § 1° Em caso de sucessão causa 
mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis, não se poderão dividir imóveis em áreas 
inferiores às da dimensão do módulo de propriedade rural. § 2º Os herdeiros ou os 
legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de imóveis rurais, não poderão 
dividi-los em outros de dimensão inferior ao módulo de propriedade rural. § 3º No caso 
de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras assim havidas, o 
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover no sentido de o requerente ou 
requerentes obterem financiamentos que lhes facultem o numerário para indenizar os 
demais condôminos. § 4° O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser 
concedido mediante prova de que o requerente não possui recursos para adquirir o 
respectivo lote. § 5o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos 
de imóveis rurais em dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, 
quando promovidos pelo Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade 
agrícola familiar, cujos beneficiários sejam agricultores que não possuam outro imóvel 
rural ou urbano. § 6o Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5o deste artigo 
poderá ser desmembrado ou dividido.” – o módulo rural é considerado um bem 
indivisível, não pode ser fracionado. É um bem otimizado. Essa indivisibilidade atinge 
também as partilhas em inventário. 
 
4.4. Minifúndio: 
- Artigo 4°, IV do Estatuto da Terra: “"Minifúndio", o imóvel rural de área e 
possibilidades inferiores às da propriedade familiar;” 
- É o imóvel rural de áreas e possibilidades inferiores à propriedade familiar, portanto, 
inferiores a um módulo. 
- O minifúndio traz uma falsa sensação de atendimento à função social da propriedade. 
Mas ele não é desejado pelo direito agrário. 
- O papel da política agrária é acabar com o minifúndio. 
 
4.5. Latifúndio: 
 
- Artigo 4°, V do Estatuto da Terra: “"Latifúndio", o imóvel rural que: a) exceda a 
dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em 
vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine; b) 
não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à 
dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às 
possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja 
deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito 
de empresa rural;” 
- Traz a ideia de uma grande propriedade rural indesejada diante da função social da 
terra. 
 
- A política agrária visa acabar com o latifúndio, que pode ser de duas modalidades: 
 
a) Latifúndio por dimensão: é o que excede 60 vezes o módulo médio definido 
pelo INCRA para determinada região ou que excede 600 vezes a média dos 
imóveis rurais da sua região. 
b) Latifúndio por exploração: é aquele que não excede os parâmetros acima, 
porém há uma falta de desenvolvimento ou utilização. 
 
- Eles não são desejados pelo direito agrário porque há uma frustração da função 
social. 
- Não são considerados como latifúndio os imóveis destinados à proteção do bem 
ambiental. 
 
Bem ambiental: é protegido pelo artigo 225 da CF. É o meio ambiente, seja ele natural 
ou artificial, considerado como um bem difuso (público e privado), material ou imaterial, 
que visa a sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações (há a proteção 
dos direitos intergeracionais/transgeracionais). 
 
Obs. os imóveis rurais/agrários, admitem duas classificações importantes: 
1) Quando à extensão – Lei 8629/93: 
a) Pequena propriedade rural: vai de 01 a 04 módulos fiscais 
b) Média propriedade rural: vai de 04 a 15 módulos fiscais 
c) Grande propriedade rural: superior a 15 módulos fiscais 
 
Obs. classificação pela extensão não é o caso de minifúndio, módulo e latifúndio. 
 
2) Quanto à produção: 
a) propriedade produtiva: é aquela que alcança os índices previamente fixados pelo 
poder executivo 
b) propriedade improdutiva: é aquela que não alcança os referidos índices 
 
4.6. Empresa rural: 
 
- Artigo 4°, VI do Estatuto da Terra: “"Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa 
física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel 
rural, dentro de condição de rendimento econômico ...Vetado... da região em que se 
situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, 
pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas 
cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com 
benfeitorias;” 
- É o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que desenvolve 
econômica e racionalmente a atividade agrária visando o atendimento da função social. 
 
- A empresa rural é um passo a frente da política agrária, é algo desejado pelo direito 
agrário. O artigo 3° do Estatuto da Terra prevê que deve haver um incentivo do poder 
público para a instituição de empresas rurais e cooperativas. 
 
- Eireli – Lei 12.411/11: é uma nova pessoa jurídica constituída por uma pessoa só. 
Não é uma sociedade. Foi aprovado o enunciado na V Jornada de Direito Civil dizendo 
que a Eireli é uma empresa individual de responsabilidade limitada (artigo 980-A do 
Código Civil). 
 
4.7. C.I.R.A – Cooperativa integral de reforma agrária: 
 
- Artigo 4°, VIII do Estatuto da Terra: “"Cooperativa Integral de Reforma Agrária 
(C.I.R.A.)", toda sociedade cooperativa mista, de natureza civil, ...Vetado... criada nas 
áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando temporariamente com a contribuição 
financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma 
Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a produção 
agropecuária, bem como realizar os demais objetivos previstos na legislação vigente;” 
 
- É uma sociedade cooperativa mista, diz a lei de natureza civil, criada nas áreas 
prioritárias de reforma agrária contando temporariamente com a contribuição financeira 
e técnica do poder público através do INCRA, com a finalidade de desenvolvimentode 
atividade agrária. 
 
- A cooperativa não tem mais natureza civil. No Código Civil de 1916 as sociedades 
eram divididas em civis e mercantis. As cooperativas se enquadravam como 
sociedades civis. No Código Civil de 2002, as sociedades são simples ou empresárias 
e as cooperativas estão nas sociedades simples. 
 
Enunciado 69 CJF/STJ: as cooperativas são sociedades simples que devem ser 
registradas na junta comercial. 
 
4.8. Colonização e Parceleiro: Artigo 4°, incisos VII e IX do Estatuto da Terra: 
 
Colonização é toda atividade oficial ou particular que se destine a promover o 
aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar (módulo, 
pequena propriedade) ou através de cooperativas (há de se incluir também a empresa 
rural). 
 
Parceleiro é aquele que venha adquirir lotes ou parcelas em áreas destinadas à 
reforma agrária ou colonização. Parceleiro é a parte da colonização. 
 
Parceleiro ≠ Posseiro: posseiro é aquele que tem a posse agrária. Parceleiro ≠ 
Parceiro. O parceiro é aquele que é parte do contrato de parceria rural. 
 
5. Direitos reais agrários: - Estuda-se a propriedade agrária e conceitos afins. 
 
5.1. Função social da propriedade agrária: 
 
- A função social é o núcleo do direito agrário. 
- Orlando Gomes: a expressão função social quer dizer: função social = finalidade 
coletiva. 
 
- Para os agraristas, a função social é mais do que mero limite à propriedade, mas a 
sua causa (Benedito Marques, Lucas Abreu Barroso e Raymundo Laranjeira). 
 
- Propriedade é função social (essa frase é criticada por muitos civilistas). É o 
entendimento entre os com stitucionalistas do José Afonso da Silva. 
- Artigo 12 do Estatuto da Terra: “À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente 
uma função social e seu uso é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na 
Constituição Federal e caracterizado nesta Lei.” 
 
- A função social é componente da propriedade e segundo os agraristas, ela é atendida 
quando se dá uma destinação positiva à coisa (fazer algo na coisa e fazer o bem na 
coisa). 
 
- Artigo 13 do Estatuto da Terra: “O Poder Público promoverá a gradativa extinção das 
formas de ocupação e de exploração da terra que contrariem sua função social.” 
 
- Lucas Abreu Barroso: a função social da propriedade é atendida pela cidadania 
material, ou seja, pela tutela da dignidade humana (artigo 1°, III da CF). 
 
ATENÇÃO - Parâmetros para a função social agrária: 
 
- Artigo 186 da CF: “A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos 
seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada 
dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância 
das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o 
bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.” 
 
1) Aproveitamento racional e adequado: utilizar a coisa sem esgotar a sua força 
geratriz. É o famoso desenvolvimento sustentável. 
2) Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente: é a tutela do bem ambiental. 
3) Observância das disposições que regulam as relações de trabalho: consagração do 
protecionismo do trabalhador. 
4) Exploração que o bem estar dos proprietário e dos trabalhadores: é uma abstração 
da realidade. 
 
- Giselda Hironaka – artigo 186, IV da CF: segundo esse dispositivo, deve haver uma 
distribuição equitativa dos ônus e bônus da atividade agrária entre o proprietário e o 
trabalhador. Um contrato agrário não pode gerar onerosidade excessiva. 
 
- Artigo 2° do Estatuto da Terra: “° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à 
propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei. 
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, 
simultaneamente: a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que 
nela labutam, assim como de suas famílias; b) mantém níveis satisfatórios de 
produtividade; c) assegura a conservação dos recursos naturais; d) observa as 
disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem 
e a cultivem.” 
 
 - O Estatuto da Terra no seu artigo 2°, §1° prevê os mesmos parâmetros para a função 
social da sociedade, com acréscimo de mais 01: o Estatuto da Terra prevê a 
produtividade como requisito para a função social, porém para os agraristas, essa 
previsão não foi recepcionada pela CF/88, pois uma propriedade produtiva pode não 
atender a função social. 
 
5.2. Terras Devolutas: 
 
- Histórico: no Brasil império, as terras devolutas eram terras desocupadas sem 
aproveitamento ou devolvidas à coroa portuguesa (terras de sesmarias). 
- Na República as terras devolutas eram terras que, mesmo ocupadas, não pertenciam 
ao particular (artigo 3° da Lei de Terras – Lei 601/1850). 
 
Obs. Terras devolutas são as terras sem dono. Devoluto quer dizer vazio ou 
desocupado. 
 
Natureza jurídica: As terras devolutas são considerados bens públicos dominicais 
(artigo 99, III do Código Civil), pertencem ao patrimônio disponível do Estado e 
portanto, são alienáveis, conforme artigo 101 do Código Civil. 
- Artigo 99, II do Código Civil: “os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas 
jurídicas de direito público, com o objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma 
dessas entidades.” 
- Artigo 101 do Código Civil: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, 
observadas as exigências da lei.” 
- Artigo 12 do Código Civil: “Os bens públicos não está sujeitos à usucapião.” 
 
- As terras devolutas não seriam sujeitas à usucapião. 
 
Exceção: artigo 225, §5° da CF: “São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas 
pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas 
naturais.” – essas terras devolutas são consideradas como bens públicos de uso 
especial, sendo indisponíveis nos termos do artigo 100 do Código Civil. 
 
- Res nullius só pode ser bem móvel. O imóvel sem dono é considerado bem público 
dominical, são as terras devolutas. 
- Bem dominial e dominical para o direito civil são a mesma coisa. José Carlos 
Carvalho Filho fala que bem dominial é gênero e o bem dominical é o do artigo 99, II do 
Código Civil. 
 
- Súmula 340 do STF: “Desde a vigência do Código Civil (de 1916), os bens dominicais, 
como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.” – As terras 
devolutas, como bens dominicais, não podem ser objeto de usucapião – artigo 183, §3° 
da CF, artigo 191, parágrafo único da CF e artigo 102 do Código Civil. 
 
- Silvio Rodrigues há muito tempo, falavam da possibilidade de usucapião de imóveis 
públicos quando o Estado não atinge o fim social. Silvio Rodrigues fala que os bens 
alienáveis são disponíveis e sendo disponíveis eles seriam descritíveis, portanto, objeto 
de usucapião. 
 
- Lei 6969/81, artigo 2°: “A usucapião especial, a que se refere esta Lei, abrange as 
terras particulares e as terras devolutas, em geral, sem prejuízo de outros direitos 
conferidos ao posseiro, pelo Estatuto da Terra ou pelas leis que dispõe sobre 
processos discriminatórios de terras devolutas.” – segundo entendimento majoritário, o 
artigo 2° da Lei 6969/81, que possibilita o usucapião agrária de terras devolutas, não foi 
recepcionado pela CF/88. 
 
Obs. res nullius só pode ser bem móvel - pois o imóvel sem dono é considerado bem 
público do estado, terras devolutas. 
 
Titularidade e destinação das terras devolutas: 
a) Terras devolutas da União: artigo 20, IIda Constituição. Terras devolutas 
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, 
das vias federais de comunicação e a preservação ambiental. 
b) Terras devolutas dos Estados: são aquelas não compreendidas como terras 
da União – artigo 26, IV da CF. 
 
- Súmula 477 do STF: “As concessões de terras devolutas situadas na faixa de 
fronteira, feitas pelos estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o 
domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação 
aos possuidores.” 
- Artigo 188 da CF: “A destinação de terras públicas devolutas será compatibilizada 
com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.” – é possível, 
por exemplo, a chamada legitimação da posse. §1º - alienação ou concessão de 
terras devolutas superiores a 2500 hectares à PJ ou PF dependerá de prévia 
autorização do congresso nacional, exceções às hipóteses de reforma agrária 
§3º. 
 
Obs. o STF em julgado publicado no seu informativo 658 em março de 2012 mitigou 
essa regra diante da proteção do direito adquirido e da boa fé. Ou seja concluiu que 
essa exigência não é absoluta. Ex. doação de terra de 1959 do MT - Obs. nova 
constituição fez proibição de alienação sem lei, mas foi alegado segurança jurídica. 
ESCOLHA MORAL entre dois valores - ESCOLHA MERITÓRIA - Rawls 
 
Escolha moral - Rawls 
Ponderação - Alexy 
 
Obs. há entendimento de lei de ordem pública vale para frente e para trás - ex. 
RELAÇÃO DE DIREITO ADQUIRIDO DO ESCRAVO. 
 
MAIS VALE JUSTIÇA JUSTA QUE JUSTIÇA SEGURA - Giselda Hironaka 
 
Discriminação das terras devolutas: 
 
- Esse instituto foi criado pela Lei de Terras, tratando-se de um procedimento para 
separar as terras devolutas das particulares. 
 
- Cabe ao INCRA – artigo 11 do Estatuto da Terra. 
- Lei 6383/1976 
 
a) Procedimento administrativo: instaurado por comissões especiais constituídas por 
03 membros: 
1) 01 Bacharel em Direito do serviço do INCRA 
2) 01 Engenheiro agrônomo 
3) 01 outro funcionário 
 
Obs. Havendo frustração ou conflito desse procedimento administrativo, teremos o 
processo judicial. 
 
b) Procedimento judicial: 
 
- A legitimidade para ação discriminatória é do INCRA. 
- A principal hipótese é quando há frustração do procedimento administrativo. 
- A competência é da justiça federal. Em caso de terras devolutas estaduais, a 
competência é da justiça comum. 
- Rito sumário. 
- A apelação só será recebida em efeito devolutivo 
- A ação discriminatória tem caráter preferencial e prejudicial em relação a outras 
ações. ex. se houver ação possessória ela será suspensa. 
 
5.3. POSSE AGRÁRIA: 
 
5.3.1 Conceito e efeitos jurídicos: 
 
- Posse é o domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa (teoria objetiva – Ihering 
– corpus) 
- A posse agrária é a posse qualificada pela atividade agrária. 
 
- Getúlio Targino: a posse agrária é um exercício direito, contínuo, racional e pacífico, 
pelo possuidor, de atividade agrária desempenhada sobre o imóvel rural apto a 
desfrute econômico que gera um direito real especial ao possuidor. 
 
- O conceito de posse agrária traz a ideia de que o rol do artigo 1225 do Código Civil é 
exemplificativo, é um rol número apertus. 
 
Obs. Posse agrária = sujeito + atividades agrárias + bens agrários 
 
 Não se confunde com a posse comum. A posse agrária é sempre direta (artigo 1.197 
do Código Civil). Posse agrária não admite o desdobramento do artigo 1.197 do Código 
Civil. 
 
- Posse atende o princípio da função social. POSSE QUALIFICADA PELA POSSE 
TRABALHO. 
 
- Os agraristas adotam a teoria da função social da posse, desenvolvida por Sailles 
(França), Perozzi (Itália), Hernandez Gil (Espanha). 
 
POSSE = corpus + função social 
 
Consequências da posse agrária: 
 
1) Aquisição do imóvel: pode se dar por meio da legitimação ou da regularização 
2) Direito de indenização por benfeitorias (necessárias e úteis): o possuidor é de boa-fé 
3) Direito de retenção da coisa (possuidor de boa-fé) 
4) Defesa possessória: defesa judicial ou por meio de autotutela. 
 
 
 
5.3.2. LEGITIMAÇÃO DA POSSE: 
 
- Figura do posseiro (historicamente) 
- Instituída pela Lei de Terras (Lei 601)- art. 5º 
- Incide sobre terras devolutas, que são terras públicas 
 
- Conceito – Lima Stefanini: a legitimação da posse é um ato administrativo pelo qual o 
poder público reconhece ao particular, sua condição de legitimidade outorgando o 
“formal” domínio sobre a coisa (terra devoluta). O domínio formal que não ser atribuição 
de propriesade - posse agrária qualifica. 6383/76 
 
- Quando a conceitua formal domínio há uma cessão do domínio útil da coisa, sem 
outorga da propriedade plena. Seria na verdade, uma alienação do domínio útil, como 
acontece por exemplo, no usufruto. 
 
- Propriedade: 
a) Gozar 
b) Reaver 
c) Usar 
d) Dispor 
 
- Quando tem os quatro elementos, ela possui propriedade plena. 
- A legitimação da posse é uma posse qualificada pelo domínio útil, seria uma quase 
propriedade (gozar + usar). 
- A legitimação da posse está tratada entre os artigos 29 a 31 da Lei 6383/76. 
 
Requisitos para legitimação da posse agrária – artigo 29 da Lei 6383/76: 
a) Desenvolvimento de atividades agrárias no imóvel 
b) Área de até 100 hectares 
c) O posseiro não pode ser proprietário de imóvel rural 
d) Desenvolvimento da atividade agrária ou morada pelo prazo mínimo de 01 ano 
 
CRÍTICA - O TITULAR DE LO (LICENÇA DE OCUPAÇÃO) - NÃO PODE 
ONERAR O BEM PARA EMPRÉSTIMO. Atrapalha atividade. 
 
- O título que o possuidor agrário tem no caso de legitimação da posse é a licença de 
ocupação. 
 
- Licença de ocupação – artigo 29, §1°: a legitimação da posse outorga ao possuidor 
(posseiro), a licença de ocupação da área que dá a preferência para aquisição do lote. 
Não se trata de outorga da propriedade. Segundo alguns agraristas, seria um instituto 
inócuo. 
 
- Artigo 99 do Estatuto da Terra: “A transferência do domínio ao posseiro de terras 
devolutas federais efetivar-se-á no competente processo administrativo de legitimação 
de posse, cujos atos e termos obedecerão às normas do Regulamento da presente 
Lei.” – a legitimação de posse é regulamentada por meio de um processo 
administrativo que corre perante o INCRA. 
 
- Lei Minha Casa Minha Vida também instituiu a legitimação da posse para imóveis 
urbanos, levando-se em conta a localização. 
 
- A Lei Minha Casa Minha Vida que é a Lei 11.977/09, art. 59 - institui a legitimação da 
posse também para imóveis urbanos visando a “regularização” de áreas favelizadas. 
Registro da posse para moradia - PROFESSOR SERIA CASO DE DIREITO REAL 
FORA DOS DIREITOS PREVISTO S NO CC. 
 
- A legitimação da posse devidamente registrada constitui direito real (Marco Aurélio 
Bezerra de Melo). – Isso já era sustentado pelos agraristas na legitimação da posse 
agrária. 
 
Obs. art. 60 Minha Casa Minha Vida - após detentor de titulo de legitimação e 
posse por 5 anos - poderá pedir conversão do título em registo de propriedade - 
TENDO EM VISTA O ART. 183 CF - USUCAPIÃO ADMINISTRATIVO 
 
Obs. REGISTRO PAROQUIAL – consta do Regulamento da Lei de Terras (Decreto 
1.138/54). A legitimação da posse, na sua origem, era registrada junto às paróquias 
dos respectivos municípios ou “freguesias do império” e depois comarcas. 
 
 
5.3.3. DA REGULARIZAÇÃO DA POSSE: 
 
- Historicamente foi instituída pela Constituição de 1946. 
- Constitui um direito de preferência para a aquisição de terras devolutas em função da 
posse agrária (que não necessariamente será possuidor legitimado). Há umapossibilidade de aquisição onerosa, é um instituto que é similar à compra e venda 
(direito de preempção, preferência ou prelação legal em benefício do posseiro). Com a 
aquisição onerosa o posseiro adquire a propriedade plena. 
 
Obs. se o possuidor tem legitimação já tem o direito de preferencia. 
 
- Artigo 97 do Estatuto da Terra: “Quanto aos legítimos possuidores de terras devolutas 
federais, observar-se-á o seguinte: I - o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária 
promoverá a discriminação das áreas ocupadas por posseiros, para a progressiva 
regularização de suas condições de uso e posse da terra, providenciando, nos casos e 
condições previstos nesta Lei, a emissão dos títulos de domínio; II - todo o trabalhador 
agrícola que, à data da presente Lei, tiver ocupado, por um ano, terras devolutas, terá 
preferência para adquirir um lote da dimensão do módulo de propriedade rural, que for 
estabelecido para a região, obedecidas as prescrições da lei.” – a regularização da 
posse cabe ao INCRA dentro da política de despublicização de terras, sendo 
reconhecido o direito de preferência para quem exerce a posse agrária há pelo menos 
01 ano. 
- Se o posseiro for preterido no seu direito de preferência, poderá ingressar com uma 
ação de adjudicação da coisa com eficácia real. Benedito Ferreira Marques entende 
pela aplicação da adjudicação compulsória, que ela estaria no Decreto Lei 58/1937 
(mas para Tartuce, esse entendimento parece um pouco ultrapassado). 
 
Art. 97, II Estatuto da terra e Lei 9636/98 - direito de preferencia ao possuidor agrário. 
Na legitimação também não tem previsão para preterido o possuidor da preferencia. 
 
Benedito Ferreira Marques - o possuidor ou o titular de posse legitima poderá ingressar 
em juízo e adjudicar a coisa para si desde que deposite o preço - AÇÃO DE 
ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - com eficácia real. Decreto Lei 58/37 - compromisso 
de compra e venda registrada. 
 
- Existe um dispositivo do Código Civil que trata do direito de preferência do 
condomínio – artigo 504 – portanto, esse dispositivo pode ser utilizado por analogia. O 
prazo para ingressar com a adjudicação da coisa seria decadencial de 180 dias, a 
contar da ciência da transmissão a terceiro. 
 
5.4. USUCAPIÃO AGRÁRIA: 
 
- Também é conhecida como usucapião constitucional ou especial rural. 
- Tem tratamento no artigo 191 da CF, artigo 1.239 do Código Civil e Lei 6969/81. 
 
- Para os agraristas, não se trata de usucapião especial, pois está é a usucapião 
indígena, que está tratada no artigo 33 do Estatuto do Índio. 
 
- Artigo 33 do Estatuto do Índio: “O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, 
por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á 
a propriedade plena. Parágrafo único: o disposto neste artigo não se aplica às terras do 
domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta 
Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal.” 
 
- Requisitos para usucapião especial indígena: 
a) Exercício de posse usucapione por 10 anos consecutivos 
b) Área até 50 hectares 
 
 
USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA POR ABANDONO DO LAR - Foi instituída no 
Código Civil uma nova usucapião urbana, que é a usucapião especial urbana por 
abandono de lar. 
 
- Artigo 1.240-A, §1° do Código Civil: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos 
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel 
urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida 
com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua 
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O direito previsto no caput não será 
reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.” – pode ser suscitada uma 
inconstitucionalidade desse artigo, porque não há previsão de usucapião agrária por 
abandono do lar. 
 
Obs. foi instituída no Código Civil de 2002, uma nova modalidade de usucapião urbana 
por abandono do lar conjugal com prazo de 02 anos. O legislador, por um cochilo 
legislativo, não foi instituída nova modalidade de usucapião agrária. 
 
Usucapião Agrária 
 
- Artigo 191 da CF: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, 
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona 
rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de 
sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-há a propriedade.” 
 
Obs. Requisitos da usucapião agrária: 
a) Posse ad usucapione (usucapível): deve ser mansa e pacífíca e ininterrupta 
b) De imóvel localizado em zona rural 
c) De até 50 hectares 
d) Posse exercida por 05 anos 
e) Posse trabalho: estabelecimento de moradia ou de atividade agrária – usucapião 
pro labore 
f) Quem vai usucapir não pode ser proprietário de imóvel rural ou urbano 
 
Obs. Presumem-se de forma absoluta o justo título e a boa fé. Por causa da posse 
trabalho. 
 
- Não há exigência de justo título e boa-fé, porque esses de presumem de forma 
absoluta por causa do requisito posse trabalho. 
 
- Artigo 3° da Lei 6969/81: “A usucapião especial não ocorrerá nas áreas 
indispensáveis à segurança nacional, nas terras habitadas por silvícolas, nem nas 
áreas de interesse ecológico, consideradas como tais as reservas biológicas ou 
florestais e os parques nacionais, estaduais ou municipais, assim declarados pelo 
Poder Executivo, assegurada aos atuais ocupantes a preferência para assentamento 
em outras regiões, pelo órgão competente. Parágrafo único. O Poder Executivo, 
ouvido o Conselho de Segurança Nacional, especificará, mediante decreto, no prazo de 
90 (noventa) dias, contados da publicação desta Lei, as áreas indispensáveis à 
segurança nacional, insuscetíveis de usucapião.” – traz a previsão de alguns imóveis 
que não podem ser objeto de usucapião agrária. 
 
- Enunciados aprovados nas Jornadas de Direito Civil sobre usucapião agrária: 
 
- Enunciado 312 da IV Jornada de Direito Civil: Art. 1.239. “Observado o teto 
constitucional, a fixação da área máxima para fins de usucapião especial rural levará 
em consideração o módulo rural e a atividade agrária regionalizada.” 
 
Modulo Rural 
Modulo Fiscal 
Pequena Propriedade 
 
- Módulo rural equivale a pequena propriedade familiar e também à pequena 
propriedade rural. - 1 a 4 módulos fiscais 
 
- A usucapião agrária deve ser facilitada quando provado o módulo rural. 
 
- Enunciado 313 da IV Jornada de Direito Civil: “Arts. 1.239 e 1.240. Quando a posse 
ocorre sobre a área superior aos limites legais não é possível a aquisição pela via da 
usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.” 
- Não cabe usucapião agrária em área superior a 50 hectares, ainda que para a 
usucapião parcial. Os agraristas criticam esse rigor formal (Benedito Marques e Lucas 
Abreu Barroso), dizendo que um dos princípios do direito agrário é que o material 
concretizado pela função social prevalece sobre o formal. 
 
- Artigo 1.243 do Código Civil: “O possuidor pode, para fim de contar o tempo exigido 
pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 
1.207), contando que todas sejam contínuas, pacificas e, nos casos do art. 1.242, com 
justo título e boa-fé”. – neste artigo temos o accessio possessionis – soma de posses 
para fins de usucapião. Exemplo: caso envolvendo herdeiro. 
 
- Enunciado 317 da IV Jornada de Direito Civil: Art. 1.243. “A accessio possessionis, de 
que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil, nãoencontra aplicabilidade 
relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da 
normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, 
respectivamente.” 
- O artigo 1.243 do Código Civil não se aplica a usucapião agrária, porque a posse do 
possuidor deve ser direta e pessoal. Esse é o entendimento de Lucas Abreu Barroso e 
Benedito Marques 
 
Accesio possessionis - é a soma de posses para fins de usucapião. Na usucapião 
agrária e também na urbana - a posse deve ser direta e pessoal. NA USUCAPIAO 
ESPECIAL URBANA E RURAL - não se aplica a accecio possessionis. 
 
 
Aspectos importantes da Lei 6969/81: 
 
1) O artigo 2° da Lei admite usucapião agrária de terras devolutas. Portanto, o texto é 
considerado como não recepcionado pela CF/88. 
2) Artigo 4° - a ação de usucapião agrária corre na comarca de situação do imóvel 
3) O artigo 5° prevê o rito sumaríssimo para a ação de usucapião. Porém esse rito 
equivale ao atual rito sumário do artigo 275 do CPC. 
- Há previsão de uma audiência de justificação prévia para justificar a posse. O prazo 
para contestação é contado da intimação da decisão que declara justificada a posse. 
- Benedito Marques faz uma crítica no sentido de que a audiência faz com o que o 
processo demore. Ele propõe que para a ação de usucapião agrária, deveria haver a 
aplicação das regras especiais da ação de usucapião previstas no CPC. Essa proposta 
é seguida por parte da jurisprudência, como por exemplo, na obra de Negrão. 
4) Cabem os benefícios da justiça gratuita, conforme o artigo 6° da Lei. 
5) A usucapião agrária pode ser invocada como matéria de defesa – artigo 7° da Lei 
6969/81 e súmula 237 do STF. Vale a sentença que a reconhecer para registro no 
cartório de imóveis. NA USUCAPIAO URBANA COMO NÃO TEM EXPRESSA 
PREVALECE QUE PRECISA DE NOVA AÇÃO. 
 
- A aquisição originária pela usucapião ocorre quando preenchidos os seus requisitos, 
sendo a sentença meramente declaratória da situação fática. 
 
5.5. Propriedade e posse dos indígenas: 
 
- Também é chamado te indigenato (José Afonso da Silva). 
- Essa matéria está tratada no artigo 231 da CF. 
- São direitos congênitos (difusos) de toda a sociedade. 
- Entre as terras protegidas estão aquelas em que há desenvolvimento de atividade 
agrária. 
- Há no indigenato a atribuição de posse e de domínio útil aos indígenas, de forma 
exclusiva. 
- Para o desenvolvimento de atividade por terceiro há necessidade de autorização do 
Congresso Nacional. 
- As terras indígenas são inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre elas são 
imprescritíveis. Não cabe usucapião. 
- São nulos de pleno direito os negócios de transmissão das terras de indigenato. Há o 
princípio da função social do contrato – o contrato não pode gerar lesão à interesses 
difusos e coletivos. Seria a aplicação da eficácia externa do princípio da função social 
do contrato (artigo 421 do Código Civil). 
- A nulidade é reconhecida pelo artigo 166, II do Código Civil. 
- Enunciado 23 da I Jornada de Direito Civil – Art. 421: a função social do contrato 
prevista no artigo 421 do novo Código Civil não elimina o princípio da autonomia 
contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes 
interesses meta-individuais. 
 
5.6. Reforma agrária e desapropriação agrária: 
 
- A palavra reforma vem de “reformare” que equivale a dar nova forma, refazer, corrigir, 
transformar. Reformare - mudança/transformação - compromisso do direito 
agrário para concretização da função social. 
 
- Pela realidade social brasileira, a reforma agrária é o compromisso principal do direito 
agrário 
 
- Artigo 1°, §1° do Estatuto da Terra: “Considera-se Reforma Agrária o conjunto de 
medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no 
regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao 
aumento de produtividade.” 
 
- A reforma visa melhor distribui da terra, modificações na posse e no uso, justiça social 
+ aumento da produção. 
 
Características gerais da reforma agrária: - Raymundo Laranjeira demonstra que as 
características são: 
 
a) É uma forma de intervenção do Estado na propriedade privada, ou seja, é uma 
forma de dirigismo 
b) É peculiar a cada país 
c) É episódica, transitória 
d) Tem previsão de áreas mínimas e áreas máximas 
e) Depende de uma política agrícola eficiente como consta do artigo 187 da CF 
 
- A reforma agrária cabe ao INCRA. 
 
- O principal meio de concretização da reforma agrária é através da desapropriação 
agrária. Essa desapropriação para fins de reforma agrária foi instituída pela 
Constituição Federal de 1946. Segundo entendimento majoritário, trata-se de um ato 
jurídico stricto senso e não um negócio jurídico (Pontes de Miranda e Benedito Ferreira 
Marques). 
 
Desapropriação: É o ato pelo qual o poder público retira determinado bem do 
domínio privado, da esfera jurídica alheia, mediante o pagamento de uma 
indenização. A desapropriação é um ato de autoridade do poder público. 
 
Natureza - ato jurídico strictu sensu - efeitos predeterminados que decorrem de 
lei. 
 
Instituto misto - envolve constitucional, administrativo, agrário, processual. 
 
 
Diferenças entre institutos: Desapropriação X Usucapião: desapropriação é ato de 
autoridade, é onerosa. O usucapião não é ato de autoridade e sem pagamento de 
indenização. 
 
- Artigo 1.228, §4° e §5° do Código Civil: “§4° O proprietário também pode ser privado 
da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de 
boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela 
houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados 
pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5º No caso do parágrafo 
antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, 
valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.” – 
esses dispositivos tratam da desapropriação privada. 
 
Desapropriação X Expropriação: parte da doutrina e da jurisprudência consideram 
esses termos como sinônimos, mas a expropriação é específica e está prevista no 
artigo 243 da CF e é uma espécie de confisco. 
 
Desapropriação - ato de autoridade e pagamento de indenização 
Expropriação - perda da propriedade sem indenização 
 
- A expropriação propriamente dita é um confisco de terras, especialmente quando há o 
plantio de plantas psicotrópicas. 
 
Desapropriação agrária (caráter de sanção por descumprimento da função social - 
competência da união para imóvel rural que não esteja cumprido função social - 
pagamento por TDA com exceção de benfeitorias uteis e necessárias) X 
Desapropriação por necessidade, utilidade ou interesse social (art. 5º XXIV - 
fundada no interesse publico). 
 
- Artigo 184 da CF: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de 
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante 
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do 
valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua 
emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º - As benfeitorias úteis e 
necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º - O decreto que declarar o imóvel 
como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a 
ação de desapropriação. § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento 
contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º 
- O orçamento fixará anualmente o volume totalde títulos da dívida agrária, assim 
como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no 
exercício. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações 
de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.” 
 
- A LC 76/93 prevê o procedimento contraditório de rito sumário para o processo de 
desapropriação agrária. RITO ABREVIADO 
 
- A diferença fundamental entre a desapropriação agrária e a desapropriação por 
interesse público (necessidade pública/interesse social): artigo 5°, XXIV da CF. A 
desapropriação agrária é uma desapropriação sanção, por descumprimento da função 
social da propriedade. A desapropriação agrária o pagamento se dá através de títulos 
da dívida agrária. 
 
Finalidades da desapropriação agrária: 
 
- Artigo 18 do Estatuto da Terra: “À desapropriação por interesse social tem por fim: a) 
condicionar o uso da terra à sua função social; b) promover a justa e adequada 
distribuição da propriedade; c) obrigar a exploração racional da terra; d) permitir a 
recuperação social e econômica de regiões; e) estimular pesquisas pioneiras, 
experimentação, demonstração e assistência técnica; f) efetuar obras de renovação, 
melhoria e valorização dos recursos naturais; g) incrementar a eletrificação e a 
industrialização no meio rural; h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à 
flora ou a outros recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias.” 
 
a) Condicionar o uso da terra à sua função social 
b) Promover a justa e adequada distribuição da propriedade 
c) Obrigar a exploração racional da terra 
d) Permitir a recuperação social e econômica das regiões 
e) Estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência 
técnica (estímulo ao desenvolvimento científico) 
f) Efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais 
(proteção do bem ambiental, nos termos do artigo 225 da CF) 
g) Incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural (tem relação com o 
desenvolvimento local) 
h) Facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou outros recursos 
naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias (proteção do bem 
ambiental) 
- Todas essas finalidades estão relacionadas à função social da propriedade, ao 
desenvolvimento e à proteção ambiental. 
 
Atenção: a competência para a desapropriação agrária é somente da União, por meio 
do INCRA (artigo 20 do Estatuto da Terra). Há duas leis que regulamentam o instituto: 
Lei 8629/93 (Lei da Reforma Agrária) e Lei Complementar 76/1993 (prevê aspectos 
processuais relativos à desapropriação agrária). 
 
Não podem ser objeto de desapropriação agrária: 
 
- Artigo 185 da CF: “São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I 
- a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu 
proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei 
garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o 
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.” 
 
a) A pequena propriedade nos termos da Lei 8629/93, é aquela que vai de 01 a 04 
módulos fiscais. Média propriedade é aquela que vai de 04 a 15 módulos fiscais. – 
Essas não podem ser objeto de desapropriação agrária. SE FOR OUTRA 
PROPRIEDADE URBANA SUPREMO NÃO ADMITE DESAPROPRIAÇÃO. 
 
Minifúndio - inferior a 1 modulo fiscal 
Pequena - 1 a 4 
Média - 4 a 15 
Grande - acima de 15 
 
A constituição não pode ser interpretada como fatia de pizza - Eros Grau 
 
- A grande propriedade rural é aquela que tem acima de 15 módulos fiscais. Essas 
podem ser objeto de desapropriação agrária. 
 
- Propriedade produtiva: (artigo 185, II da CF). Existem duas correntes acerca desse 
artigo: 
→1ª Corrente: liderada pelos constitucionalistas (José Afonso da Silva) – não é 
possível a desapropriação agrária de propriedade produtiva, mesmo que ela não 
atenda à função social (opção do legislador constituinte). 
→2ª Corrente: liderada pelos agraristas (Lucas Abreu Barroso, Benedito Marques, 
Elizabete Manilha) – é possível a desapropriação de propriedade produtiva que não 
atenda à função social (arts. 185 + 186 da CF). A Constituição não pode ser 
interpretada como fatias de pizza, deve ser interpretada de forma sistemática. 
 
Parâmetros para a propriedade produtiva: 
 
- Artigo 6° da Lei 8629/93: “Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada 
econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de 
eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. 
 
§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser igual ou 
superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual entre a área 
efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel. 
 
§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a 100% 
(cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática: 
 
I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos 
respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder 
Executivo, para cada Microrregião Homogênea; II - para a exploração pecuária, divide-
se o número total de Unidades Animais (UA) do rebanho, pelo índice de lotação 
estabelecido pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião 
Homogênea; III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, 
dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau 
de eficiência na exploração. § 3º Considera-se efetivamente utilizadas: I - as áreas 
plantadas com produtos vegetais; II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, 
observado o índice de lotação por zona de pecuária, fixado pelo Poder Executivo; III - 
as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os índices de 
rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada 
Microrregião Homogênea, e a legislação ambiental; IV - as áreas de exploração de 
florestas nativas, de acordo com plano de exploração e nas condições estabelecidas 
pelo órgão federal competente; V - as áreas sob processos técnicos de formação ou 
recuperação de pastagens ou de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e 
devidamente comprovadas, mediante documentação e Anotação de Responsabilidade 
Técnica. § 4º No caso de consórcio ou intercalação de culturas, considera-se 
efetivamente utilizada a área total do consórcio ou intercalação. § 5º No caso de mais 
de um cultivo no ano, com um ou mais produtos, no mesmo espaço, considera-se 
efetivamente utilizada a maior área usada no ano considerado. § 6º Para os produtos 
que não tenham índices de rendimentos fixados, adotar-se-á a área utilizada com 
esses produtos, com resultado do cálculo previsto no inciso I do § 2º deste artigo. § 7º 
Não perderá a qualificação de propriedade produtiva o imóvel que, por razões de força 
maior, caso fortuito ou de renovação de pastagens tecnicamente conduzida, 
devidamente comprovados pelo órgão competente, deixar de apresentar, no ano 
respectivo, os graus de eficiência na exploração, exigidos para a espécie. § 8º São 
garantidos os incentivos fiscais referentes ao Imposto Territorial Rural relacionados 
com os graus de utilização e de eficiência na exploração, conforme o disposto no art. 
49 da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.” 
 
- O grau de utilização da terra deverá ser igual ou superior a 80%, calculada pela 
relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável totaldo 
imóvel. 
- O grau de eficiência deverá ser igual ou superior a 100%. 
 
- Para fins de propriedade produtiva consideram-se efetivamente utilizadas: áreas 
plantadas com produtos vegetais; áreas de pastagens nativas e plantadas; áreas de 
exploração extrativa vegetal ou florestal; áreas de exploração de florestas nativas; 
áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens ou de 
culturas permanentes. 
 
- O Estatuto da Terra, no artigo 20 prevê áreas prioritárias para desapropriação 
agrária (presunção de prioridade – trata-se de uma presunção relativa). 
 
Art. 20. As desapropriações a serem realizadas pelo Poder Público, nas áreas 
prioritárias, recairão sobre: 
 
I - os minifúndios e latifúndios; 
II - as áreas já beneficiadas ou a serem por obras públicas de vulto; 
III - as áreas cujos proprietários desenvolverem atividades predatórias, recusando-se a 
pôr em prática normas de conservação dos recursos naturais; 
IV - as áreas destinadas a empreendimentos de colonização, quando estes não tiverem 
logrado atingir seus objetivos; 
V - as áreas que apresentem elevada incidência de arrendatários, parceiros e 
posseiros; 
VI - as terras cujo uso atual, estudos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de 
Reforma Agrária comprovem não ser o adequado à sua vocação de uso econômico 
 
Áreas não desapropriáveis - Não podem ser objeto de reforma agrária (artigo 7° da 
Lei 8629/93): imóvel que comprove estar sendo objeto de implantação de projeto 
técnico (esse projeto visa a melhoria do desenvolvimento econômico e social da área). 
 
- Artigo 8° da Lei 8629/93: “Ter-se-á como racional e adequado o aproveitamento de 
imóvel rural, quando esteja oficialmente destinado à execução de atividades de 
pesquisa e experimentação que objetivem o avanço tecnológico da agricultura. 
Parágrafo único. Para os fins deste artigo só serão consideradas as propriedades que 
tenham destinados às atividades de pesquisa, no mínimo, 80% (oitenta por cento) da 
área total aproveitável do imóvel, sendo consubstanciadas tais atividades em projeto: I 
- adotado pelo Poder Público, se pertencente a entidade de administração direta ou 
indireta, ou a empresa sob seu controle; II - aprovado pelo Poder Público, se particular 
o imóvel.” – trata do aproveitamento adequado de imóvel rural. Nestes imóveis não é 
possível a desapropriação agrária. Essas áreas são comparadas à propriedade 
produtiva. 
 
Imóveis não aproveitáveis para fins de reforma agrária: 
- Artigo 10 da Lei 8620/93: “Para efeito do que dispõe esta lei, consideram-se não 
aproveitáveis: I - as áreas ocupadas por construções e instalações, excetuadas 
aquelas destinadas a fins produtivos, como estufas, viveiros, sementeiros, tanques de 
reprodução e criação de peixes e outros semelhantes; II - as áreas comprovadamente 
imprestáveis para qualquer tipo de exploração agrícola, pecuária, florestal ou extrativa 
vegetal; III - as áreas sob efetiva exploração mineral; IV - as áreas de efetiva 
preservação permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa à 
conservação dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente.” 
 
- Fases do procedimento de desapropriação agrária: LC 76/93 L. 8629/93 - São 03 
fases: 
 
Vistoria Prévia 
Decreto expropriatório 
Fase judicial 
 
1) Fase de vistoria prévia: é uma fase de procedimento administrativo. Cabe ao 
INCRA, que irá verificar, se o imóvel enquadra-se na possibilidade de 
desapropriação agrária. Essa vistoria pode ser realizada por agentes do INCRA, 
que ingressam no imóvel por fotografias de satélite ou eventualmente pelo 
sistema GPS. Houve uma série de demandas no STF para exigir o contraditório 
nesta fase. Foi editada uma MP visando permitir um contraditório administrativo 
nesta fase (MP 2183). 
2) Fase de decreto expropriatório: também é considerada como sendo uma fase 
administrativa. O decreto expropriatório cabe ao chefe do poder executivo 
(presidente da república). Eventual impugnação ao decreto presidencial deve 
ser realizada por meio de mandado de segurança. Cuja competência originária 
para julgamento é do STF. 
 
Esse decreto caduca no prazo de 02 anos (prazo decadencial), se a ação não 
for proposta nesse prazo, o decreto perde a eficácia. NATUREZA JURÍDICA DE 
ATO ADM. CONCRETO - visa pessoa certa. 
 
3) Fase judicial: se dá por meio da ação de desapropriação agrária. Essa fase 
ocorre quando não há acordo entre o INCRA e o proprietário. Os aspectos 
principais dessa fase estão na Lei Complementar 76/93: 
 
- Legitimidade ativa para a ação: INCRA 
- Legitimidade passiva: do proprietário do imóvel. Se for proposta contra o 
possuidor a ação será extinga por ilegitimidade passiva. Em alguns casos será 
admitida contra o promissário comprador quando o compromisso está 
registrado. REGISTRO SURGE DIREITO REAL. 
 
Possuidor arrendatário ou o compromissário comprador 
 
COMPROMISSO DE COMPRA VENDA 
efeito erga omnes - se registrado 
efeito inter partis - não registrado 
 
Súm. 84 STJ - ainda que desprovido de registro o promitente comprador pode defender 
a posse por embargos de terceiro. 
 
Obs. terceiro possuidor poderia ingressar e alegar que a propriedade é produtiva? 
 
Rito: sumário (LC 76/93) - ou decreto 
 
Art. 2º LC 76/93 - COMPETENCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA CASOS DE 
DESAPROPRIAÇÃO AGRÁRIA. 
 
- Ação de desapropriação é prejudicial em relação a outras demandas - ex. se o imóvel 
está arrolado no inventário mas tem ação de desapropriação, suspende-se o inventário. 
 
- Obrigatória a intervenção do Ministério Público Federal como fiscal da lei. 
 
- Artigo 6° da LC 76/93: “O juiz, ao despachar a petição inicial, de plano ou no prazo 
máximo de quarenta e oito horas: I – mandará imitir o autor na posse do imóvel; II – 
determinará a citação do expropriando para contestar o pedido e indicar assistente 
técnico, se quiser; III – expedirá mandado ordenando a averbação do ajuizamento da 
ação no registro do imóvel expropriando, para conhecimento de terceiros.” – trata-se de 
um rito bem sumário de natureza específica. A IMISSÃO DO AUTOR NA POSSE É 
CASO DE TUTELA ANTECIPADA. 
 
Observações importantes complementares a respeito da desapropriação agrária: 
 
Obs. além dos requisitos do 282 devem ser observadas as peculiaridades: 
- pedido especifico de desapropriação e registro em nome do INCRA 
- devem ser anexados a inicial o laudo de vistoria,, cos que comprovam a propriedade, 
mapa da área e descrição das culturas do local se houver. 
 
 
1) Pagamento da indenização na desapropriação agrária: em relação à terra nua + 
benfeitorias voluptuárias, o pagamento se dá em títulos da dívida agrária (TDA). 
2) Juros compensatórios: são contados desde a imissão na posse em nome do 
INCRA, mesmo que a propriedade não seja produtiva (STJ, AgRg no Ag. 1303046/RJ). 
JUROS COMPENSATÓRIOS DESDE A IMISSÃO NA POSSE, MESMO QUE O 
IMÓVEL SEJA IMPRODUTIVO. 
 
Obs. a ação deve estar acompanhada do texto do decreto expropriatório, do 
comprovante do lançamento dos títulos da dívida agrária e do depósito judicial da 
quantia relacionada as benfeitorias. 
Benfeitorias devem ser pagas em dinheiro. SOB PENA DA EXTINÇÃO SEM 
RESOLUÇÃO DO MÉRITO POR FALTA DE INTERESSE - necessidade adequação 
utilidade. 
 
Obs. não cabe MS para definir se o imóvel é produtivo ou não. 
 
Obs. a ausência de notificação do proprietário para a vistoria previa gera nulidade 
absoluta do ato, atingindo todo o procedimento de desapropriação posterior. 
 
3) A ação será julgada extinta, sem resolução do mérito se não contiver: o texto do 
decreto expropriatório; comprovante de lançamento dos títulos da dívida ativa;comprovante judicial do pagamento da quantia em dinheiro. – Falta de interesse (falta 
de adequação) nos termos do artigo 267, VI do CPC. 
4) Conforme jurisprudência do STF, não cabe mandado de segurança para dizer se o 
imóvel desapropriado é produtivo ou não (STF, MS 24547/DF). 
5) Conforme jurisprudência do STF, a ausência de notificação prévia para a vistoria do 
imóvel enseja nulidade absoluta do ato de desapropriação. 
 
PRAZO É DE DECADENCIA - ação constitutiva - AÇÃO DE USUCAPIÃO. 
 
6) Artigo 2°, §6° da Lei 8629/93 + MP 2183/01 objeto da ADIN 2213/DF. O STF de 
forma preliminar disse que o dispositivo é constitucional. Essa previsão surgiu depois 
da invasão da fazenda do então presidente FHC. Não cabe desapropriação agrária de 
imóvel invadido pelo MST no prazo de até 02 anos da desocupação ou no dobro desse 
prazo, em caso de reincidência. CONGELAMENTO DE IMÓVEL INVADIDO POR 
MOVIMENTO POPULAR PARA FINS DE DESAPROPRIAÇÃO AGRÁRIA POR DOIS 
ANOS APÓS A DESOCUPAÇAO. 
 
7) O artigo 12 da Lei 8629/93 prevê os parâmetros para a fixação da indenização: 
“Considera-se justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em 
sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as 
benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I - localização do imóvel; 
II - aptidão agrícola; III - dimensão do imóvel; IV - área ocupada e ancianidade das 
posses; V - funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias 
(necessárias + úteis). § 1o Verificado o preço atual de mercado da totalidade do 
imóvel, proceder-se-á à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas 
em dinheiro, obtendo-se o preço da terra a ser indenizado em TDA. § 2o Integram o 
preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação 
natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de 
mercado do imóvel. § 3o O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro 
Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, respondendo 
o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou 
fraude na identificação das informações.” 
 
 
8) Desapropriação judicial privada por posse/trabalho: artigo 1228, §§4° e 5° do 
CC. 
 
É possível aplicar o art. 1228 §§ 4º e 5º - CC/02 - desapropriação judicial privada por 
posse trabalho. 
 
- Enunciado 308 da IV Jornada de Direito Civil. Antes prevalecia que quem pagava 
eram os ocupantes da área - mas esse enunciado PODE SER SUPORTADA PELA 
ADM. PÚBLICA em caso de ocupantes de baixa renda (prof. Lucas Abreu Barroso). EM 
REGRA A DESAPROPRIAÇÃO É FEITA POR PRECATÓRIO. 
 
Requisitos: 
a) extensa área 
b) posse ininterrupta e boa fé 
c) por mais de 5 anos 
d) considerável numero de pessoas 
e) obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
f) proprietário recebe justa indenização (instituto de desapropriação) 
 
Ocupantes de área podem alegar em defesa desapropriação judicial por posse 
trabalho. 
 
Obs. os bens públicos não poder ser objeto de desapropriação privada por posse 
trabalho (não podem ser usucapidos) - enunciado 83. 
 
Enunciado 304 - fez ressalva para bens públicos devolutos. Crítica - 
 
 
6. CONTRATOS AGRÁRIOS: 
Art. 29 A 96 (estatuto da terra) 
Decreto 59566/66 art. 1º a 48 
Lei 4947/66 
 
- São contratos que disciplinam o uso da propriedade agrária. 
- Estão tratados entre os artigos 92 a 96 do Estatuto da Terra e no Decreto 59566/66 e 
Lei 4947/66. 
 
- Contratos típicos: arrendamento rural (locação, cessão do uso + gozo) e parceria 
agrícola (sociedade, cessão do uso, outorgante = proprietário com participação nos 
lucros). 
- Para os contratos agrários são aplicáveis os mesmos princípios dos contratos civis, 
com algumas peculiaridades. 
 
Objeto - uso e a posse dos imóveis agrários - contratos de direito privado - 
influenciados por normas de ordem pública. 
 
Aplicação subsidiária dos contratos civis - art. 92, §9º Estatuto da Terra 
 
P. da autonomia privada 
P. da função social do contrato 
P. da força obrigatória da convenção - pacta sunt servanda 
P. da boa fé objetiva 
P. da relatividade dos efeitos contratuais 
 
 
Função social do contrato agrário: 
 
Cláusulas irrevogáveis que visem a conservação de recursos naturais. Art. 13 - Lei 
4947/66 Peculiaridades. 
 
- Lei 4947/66 – os incisos IV e V do artigo 13 da Lei 4947/66 já consagravam o 
princípio da função social do contrato no sentido de proteger a parte vulnerável da 
relação contratual: arrendatário e parceiro-outorgado. Qualquer cláusula de renúncia á 
direito inerente ao contrato agrário é nula. Exemplo: quando o arrendatário renuncia as 
benfeitorias necessárias e úteis a que ele tem direito. 
 
V - proteção social aos arrendatários cultivadores diretos e pessoais - proteção do 
arrendatário como parte mais fraca da relação contratual. 
 
Obs. a doutrina agrarista já falava há muito tempo em função social. Já defendiam a 
proteção da parte mais fraca. 
 
CONDIÇOES GERAIS DO CONTRATO - contrato normativo com funções sociais 
previstas pela lei. OS CONTRATOS AGRÁRIOS SÃO MARCADOS POR FORTE 
DIRIGISMO - com a imposição de cláusulas obrigatórias e proibidas. Europa - 
contratos modelos. 
 
- Lucas Barroso: função socioambiental do contrato. 
- Benedito Marques: forte mitigação do pacta sunt servanda. 
- Grande dirigismo contratual: grande intervenção do Estado e da lei nos contratos 
agrários. 
 
- Artigo 13 do Decreto 59566/66: visa a proteção do meio ambiente e a proteção da 
parte mais fraca. Esse artigo é norma de ordem pública e eventual renúncia a algo que 
nele conste é nula. Isso também vale para os contratos agrários atípicos. CLAUSULAS 
OBRIGATORIAS - meio ambiente - arrendatário ou parceiro como parte mais fraca da 
relação. Proibição de renúncia de direitos e vantagens previstos na legislação. 
 
Obs. na locação tradicional admite-se a renúncia a benfeitoria e retenção - sumula 335. 
NO DIREITO AGRÁRIO NÃO SE ADMITE RENÚNCIA - clausula deve ser expressa. 
 
Obs. Prazos mínios para contratos agrários: 
 
3 anos - caso de arrendamento que envolva exploração de lavoura temporária ou 
pecuária de médio e pequeno porte - e todos os casos de parceria. 
5 anos - arrendamento de lavoura de lavoura permanente, pecuária de grande porte ou 
extração de matérias primas de origem animal. 
7 anos - contrato que envolva exploração florestal 
 
c) fixação em quantia certa do preço da arrendamento ser pago em dinheiro ou em 
frutos ou produtos. NÃO VALE O PAGAMENTO - será considerado nulo em formas 
culturais de pagamento - ex. vales 
d) cláusulas que preveem as bases para renovações dos contratos. Visa a 
conservação do negócio jurídico. 
 
e) clausulas de extinção e rescisão - ex. falta de pagamento - outra destinação 
 
f) clausulas que preveem forma de indenização quanto as benfeitorias 
 
Obs. as cláusulas obrigatórias valem para os contratos típicos (arrendamento rural e 
parceria agrária) e atípicos ex. leasing agrário. ARRENDAMENTO COM OPÇÃO DE 
COMPRA AO FINAL - hoje em dia a opção é antecipada. 
 
Renúncia às clausulas obrigatórias devem ser consideradas nula. 
 
 
Relatividade dos efeitos contratuais: 
 
- O contrato gera efeito entre as partes contratantes. Mas caso o contrato seja feito 
familiar a morte de um contratante não extingue o contrato. 
 
- Artigo 26 do Decreto 59566/66: o contrato agrário continua em relação aos herdeiros 
do contratante. Benedito Marques entende que haveria uma relatividade dos efeitos 
contratuais. 
 
- Art. 92

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