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1 DESENVOLVIMENTO GERENCIAL COMO O CAPITAL ORGANIZA O TRABALHO? Um mais claro entendimento da lógica da acumulação capitalista e consequentemente, de seu reflexo na Teoria Organizacional contemporânea, passa, necessariamente, por uma análise mais cuidadosa do processo através do qual se dá a valorização do Capital, senão vejamos: Qualquer mercadoria possui duas dimensões de valor: o Valor de Troca e o Valor de Uso. Valor de Troca é o preço da mercadoria, o qual, evidentemente, é definido a partir do ângulo de interesse do Capital, ou seja, consiste na fixação objetiva de um valor que traz a expectativa de garantir a reprodução dos custos de produção e de um excedente que, apropriado pelo Capital, lhe permita realizar a acumulação (lucro). Valor de Uso é a utilidade que a mercadoria possui para quem a utiliza, a qual é, evidentemente, definida individual e subjetivamente. Ou seja, para cada um de nós, a mercadoria pode ter um significado, um valor diferente e, é claro que, quanto mais útil a consideramos, maior será o preço que nos disporemos a pagar por ela. Isto significa afirmar que, em termos sociais, a "utilidade média" ou o Valor de Uso das Mercadorias serve de mecanismo de controle de seus Valores de Troca. ANÁLISE ESTRUTURAL & FUNCIONAL Quanto aos problemas operacionais, é ainda a análise proposta pelo O & M, que nos remete a um segundo passo no processo de acumulação - o do Parcelamento ou Fragmentação do Trabalho. Tal análise concentra a preocupação na identificação de disfunções nos fluxos de trabalho, a partir da aceitação de uma pretensamente desideologizada "racionalidade técnica", consequência da aceitação das ideias Tayloristas de identificação de Unidade do Trabalho e possibilidades de conjugação destas "unidades" com uma "racional" utilização de "tempos e movimentos", sendo caracterizada pela elaboração de "fluxogramas de rotinas ou sistemogramas", que permitem a análise e racionalização das rotinas operacionais. O passo seguinte consiste, segundo Harry Braverman6, na definição de formas de organização produtiva do Trabalho que determinem sua inserção na produção como Trabalho Simples. A transformação do Trabalho em Trabalho Simples, ou Parcelamento, que em ultima análise, consiste na especialização levada a extremos e que destrói capacidades e especialidades humanas, gerando um Trabalho que se constitui em somatório de "Trabalhos Simples". FORÇAS PRODUTIVAS As forças produtivas são de dois tipos: os meios de produção7 e a força de trabalho - composta dos indivíduos cuja capacidade de produção é transacionada no mercado. E como se reproduzem os meios de produção? A reprodução dos meios de produção - condições materiais de produção - como é possível de se supor, se dá, a partir da própria lógica produtiva, quando se procura comercializar os resultados da produção, de modo a gerar um excedente de seu valor de custo que garanta a renovação de seu estoque. E a força de trabalho? Quanto à reprodução da força de trabalho, esta se dá de duas formas: quantitativamente - através do salário - que responde não apenas às necessidades biológicas, mas também históricas, como por exemplo Quando se criou o Salário Mínimo, por exemplo, este foi calculado a partir de uma "cesta básica" para uma família de 2 adultos e 2 crianças e, na sua composição, na ocasião, a única fruta que a compunha era a banana - na verdade, frutas como: uvas, melões, maçãs e outras, não faziam parte da cesta básica do pobre, pelo simples fato que eram importadas e não havia, ainda, se disseminado seu consumo. TEORIA CRÍTICA DA ORGANIZAÇÃO Adotando-se os pressupostos básicos da Teoria Social Crítica, é possível pensar-se a construção de uma Teoria Organizacional Crítica, cuja motivação central seja constituir-se em abordagem teórica compromissada com o processo de emancipação do homem, o que significa ser, não apenas uma teoria descritiva e explicativa dos fenômenos organizacionais e administrativos, mas principalmente, uma teoria engajada, instrumento da emancipação, sendo seus pressupostos, retirados da Teoria Social Crítica: · acentuação da historicidade das sociedades · contradições como motor da história · relação entre conhecimento e interesse · análise em termos de totalidade · argumentação dialética no direcionamento à práxis Tal proposta teórica põe abaixo algumas das suposições mais arraigadas da Teoria Administrativa Tradicional, como: a pseudo-neutralidade científica - que implicaria na aceitação de uma teoria desideologizada, capaz de gerar instrumentos genéricos de intervenção social e; a ideia da indeterminação do objeto de análise - que significa aceitar a aplicabilidade prática da teoria, ou de suas conclusões, independente do contexto. A utilização da argumentação dialética leva, naturalmente, à compreensão de um mundo em movimento contínuo, no qual as contradições que permeiam as relações de produção estabelecidas entre os homens se apresentam como as geradoras de tal movimento. 2 CRÍTICA DA TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO A sociedade moderna caracteriza-se, entre outros fatores, pelo grande numero de organizações que a compõem, sendo possível afirmar-se, que hoje, raramente o homem trabalha, defende seus interesses ou mesmo se diverte, por conta própria, de forma isolada. Ele se insere em organizações que coordenam seu trabalho, estudos, interesses e reivindicações. Assim, o estudo das organizações, de como surgem, como operam, como se desenvolvem, toma uma importância fundamental para a compreensão da sociedade como um todo, embora não seja este o único fator a tornar relevante tal estudo; também o interesse em explicar o comportamento humano, que influências sofre o ser humano em função do seu meio-ambiente, leva a que o estudo organizacional revista-se de importância capital. De acordo com estudiosos do assunto, a Teoria Geral da Administração teria se desenvolvido de modo quase linear, através do que se convencionou chamar de "Escolas de Administração". Melhor explicando, a partir de uma primeira abordagem, ou "Escola", as demais ter-se-iam sucedido, seja em virtude de críticas às suas antecessoras, seja através da tentativa de aperfeiçoá-las, de modo que a "Escola" mais recente, sempre representaria a ultima verdade obtida a respeito do assunto. Para Fernando Prestes Motta, as ideias centrais desta Escola, são: a visão do homem como "Homem Administrativo", em outras palavras, embora não rejeite totalmente a visão do "homem econômico", esta "Escola" também não aceita a limitação do conceito de homem da Escola de Relações Humanas e numa compreensão que poderia se chamar de híbrida, o entende comportando-se racionalmente a partir de um conjunto de dados determinantes de uma dada situação, tais como: o conhecimento de possibilidades de ocorrência de eventos futuros, das alternativas de ação e de suas possíveis consequências, etc. Tal visão leva à determinação de incentivos mistos, no sentido da obtenção de maior cooperação, tais como: incentivos econômicos, psicossociais, a interligação do sucesso da organização com o seu próprio, na medida em que se entende, ainda, uma certa identidade de interesses, embora neste caso, o conflito já seja aceito como passível de ocorrer, porém negociável. Assim sendo, a organização é entendida como um sistema cooperativo racional e o resultado esperado, não mais o máximo, mas o satisfatório. Para Motta, suas principais ideias seriam: a visão do homem enquanto "Homo Social", ou seja, seu comportamento se basearia não apenas a partir de suas demandas de ordem biológica, mas também, das condicionantes impostas pelo sistema social, implicando na adoção de incentivos psicossociais à produção.
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