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No conjunto de países de capitalismo avançado, segundo Anderson (2003), as cifras são de um incremento anual de 5,5% nos anos 60, de 3,6% nos anos 70 e nada mais que 2,9% nos anos 80, caracterizando uma curva absolutamente descendente. Por mais que o neoliberalismo não tenha conseguido alcançar seu objetivo maior nesse período, os governos que estavam por vir não se apresentavam contrários a essa ideologia e parte do sucesso alcançado se deve a queda do regime comunista na Europa oriental e na União Soviética. Em relação à experiência neoliberal na América Latina, o Chile, sob o comando de Augusto Pinochet, é considerado por Anderson (2003, p. 19) como o verdadeiro pioneiro do ciclo neoliberal da história contemporânea, promovendo desregulação, desemprego massivo, repressão sindical, redistribuição de renda em favor dos ricos, privatização de bens públicos. Tinha como pressuposto abolir a democracia e instaurar uma das mais cruéis ditaduras militares do pós-guerra. Ao finalizar sua análise (lembrando que tal análise data de 1994), Anderson (2003), sinaliza que qualquer balanço sobre o neoliberalismo só pode ser provisório, pois este é um movimento ainda inacabado. Para o autor (p. 23): Economicamente, o neoliberalismo fracassou, não conseguindo nenhuma revitalização básica do capitalismo avançado. Socialmente, ao contrário, conseguiu muitos dos seus objetivos, criando sociedades marcadamente mais desiguais, embora não tão desestatizadas como queria. Política e ideologicamente, todavia, o neoliberalismo alcançou êxito num grau com o qual seus fundadores provavelmente jamais sonharam, disseminando a simples ideia de que não há alternativas para os seus princípios, que todos, seja confessando ou negando, têm de adaptar- se a suas normas. O que podemos observar atualmente (embora esta aula tenha como objetivo apresentar o momento histórico do surgimento do neoliberalismo) é que Anderson tinha razão em referência ao alcance dos objetivos do neoliberalismo. Dificilmente, encontraremos um país que não tenha se “entregado” ao ideário neoliberal. Podemos perguntar: as nações que aderiram ao neoliberalismo conseguiram realmente expandir suas riquezas redefinindo o papel do Estado, tornando mínimo para investimentos sociais? O que obervamos é que as expressões da “questão social” continuam tão intensas como antes, ou até mesmo pior. A questão é que adotar o ideário neoliberal é diferente entre países de capitalismo desenvolvido, tais como Inglaterra e EEUU, e em países em subdesenvolvimento, como o Brasil. Em relação aos países subdesenvolvidos, existe quase que uma obrigação em se adaptar às exigências e a “cartilha” ditada pelos países de capitalismo avançado, pois dependem financeiramente desses países, com suas dívidas e empréstimos. Ou seja, ou se adaptam, ou sofrerão sanções financeiras que podem tornar suas economias mais críticas ainda. Se pudéssemos resumir o que seria o neoliberalismo, podemos dizer que o prefixo “neo” não significa uma “nova versão do liberalismo”, mas sim uma reformulação do ideário liberal clássico, uma espécie de “modernização” das ideias liberais, sob bases mais perversas para a classe trabalhadora. Surgiu como uma resposta ao Estado intervencionista e de bem-estar social com inspiração de Keynes (o chamado keynesianismo). A intenção principal era realmente a de acabar com a intervenção estatal na área social, defendendo a desigualdade social como necessária para crescimento do indivíduo e retomada da acumulação capitalista, já que o capitalismo enfrentava mais uma de suas crises cíclicas. A redefinição do papel do Estado é um dos principais objetivos dos neoliberais, incentivando as privatizações. Faz parte do pensamento neoliberal culpabilizar a ação do Estado com despesas relacionadas à área social como grande responsável pelo declínio na acumulação de riquezas. Dessa forma, o Estado deve ser mínimo para o social e forte para o capital. As políticas sociais, nesse contexto, são direcionadas para a população que não consegue alcançar seu lugar no mercado, devendo ser atendida por ações focalizadas, para a população em situação mais empobrecida.
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