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Christopher Love - Uma descrição da verdadeira Bem-Aventurança

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Uma Descrição da Verdadeira 
Bem-Aventurança 
Christopher Love 
 
 
 
 
 
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“Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.” 
 – Lucas 11:28 — 
 
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Algumas Citações deste Sermão 
 
“„Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste‟. Mas Cristo disse: “Antes 
bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam” [Lucas 11:28]. Ele não diz que 
sua mãe não era bem-aventurada, mas que a mulher não poderia louvar a Sua mãe, ao pensar 
que ela era tão bem-aventurada apenas por carrega-Lo no ventre. Portanto Ele diz: Eu lhe direi 
quem é de fato o homem e mulher bem-aventurados, “os que ouvem a palavra de Deus e a 
guardam”. Cristo não quis ceder ao seu aplauso, mas Ele deu a ela uma repreensão suave e 
amorosa.” 
 
“Cristo não cederia ao elogio da mulher. Ela pensou que a virgem Maria era a mulher mais feliz 
em todo o mundo, mas Cristo coloca um “antes” sobre aqueles que conscientemente ouvem a Pa-
lavra de Deus e a guardam. Um crente ouvindo e obedecendo a Jesus Cristo é mais abençoado 
ao fazê-lo do que a virgem Maria foi apenas ao trazer Cristo ao mundo, embora tenha sido o 
nascimento mais feliz que alguma vez já fora realizado! Ó, como isso deve ser um estímulo para 
quem vocês ouçam e pratiquem o que ouvem, já que ao fazê-lo vocês são, assim, bem-aventurados! 
 
 “Não é dito, “Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus”, pois, há muitos tipos de 
ouvintes que carecem de bem-aventurança. Mas, bem-aventurados os que ouvem a palavra de 
Deus e a guardam, que a incorporam em suas almas e tornam-se transformados em sua imagem. 
Há quatro tipos de ouvintes citados em Mateus 13, e três deles carecem de bem-aventurança. 
Todos ouvintes, embora seja a Palavra de Deus que eles ouçam, não alcançam a bem-aventuran-
ça. Não é o ouvir, mas guardar e observar a Palavra de Deus que torna os homens bem-
aventurados.” 
 
“Nem é dito, “bem-aventurados os que guardam a Palavra de Deus e uma separação ao ouvir”, 
mas, “juntamente com o ouvir. Bem-aventurados são aqueles que ouvem e guardam”. Muitos 
homens fingem uma grande perfeição de vida e conversação em guardar o que Cristo ordena, 
mas isto é uma separação do ouvir; eles deixam de fora o ouvir a Palavra. Mas, na estima de 
Jesus Cristo, somente aqueles que ouvem e guardam a Palavra de Deus são bem-aventurados.” 
 
“Mais uma vez, não é dito, “Bem-aventurados serão vocês que ouvem e guardam a Palavra de 
Deus”, mas: “Bem-aventurados são vocês” para mostrar que vocês não devem ser bem-aventu-
rados apenas quando vierem para o céu, mas que vocês são bem-aventurados ao fazê-lo, 
enquanto estão aqui na terra. “Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o 
vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna” (Romanos 6:22). Você tem o seu fruto, ó 
homem, se você é um homem santo, mesmo antes de ir para a vida eterna.” 
 
“[...] não se diz: “Bem-aventurados são vocês que ouvem e guardam”, mas, “se vocês ouvem a 
Palavra de Deus e a guardam”. Vocês podem ouvir os homens que pregam erros condenáveis, e 
guarda-los rapidamente em seu coração. Mas, neste caso, está mais perto de uma maldição do 
que de uma bênção. Os homens podem ser seguidores de sermões, mas se esses sermões que 
 
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ouvem e praticam não estão de acordo com a Palavra de Deus, não são fundamentados nas 
Escrituras, eles estão sob uma maldição e não sob uma bênção pelo que ouvem. Portanto, o 
Espírito Santo aqui diz: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”. Isto 
deveria ensinar aos homens como eles ouvem, quem eles ouvem, e o que ouvem, para que eles 
não ouçam nada, senão a Palavra de Deus, e em seguida, guardem o que eles ouvem.” 
 
“A Escritura não vincula bem-aventurança a todos os ouvintes, mas aos que ouvem a Palavra de 
Deus e a guardam.” 
 
“É importante notar que um termo diferente é usado pela mulher no texto e Isabel, que era parenta 
da virgem Maria. A mulher no texto disse: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que 
mamaste”. Mas Isabel clamou: “Bem-aventurada a que creu” (Lucas 1:45). Sobre estas palavras, 
um erudito autor fez uma boa observação: „Se na virgem Maria, Cristo não tivesse nascido em seu 
coração pela fé, bem como em seu ventre, ela não teria sido bem-aventurada, pois Isabel declara 
aqui em que a bem-aventurança da virgem Maria, e de todos os eleitos, consiste‟.” 
 
“Agora, como isso refutaria a caducidade da igreja de Roma, que tão excessivamente exalta a 
virgem Maria? Eu li um pouco de alguns autores papistas, e eu encontrei que para um tratado 
sobre a dignidade e glória de Cristo, eles escreveram muitos sobre a dignidade da virgem Maria. E 
eles relatam histórias e tolices estranhas a respeito dela, como nunca foi ouvido no passado, 
idolatricamente promovem a pessoa dela. Eles dizem que ela estava livre do pecado original, ao 
passo que a Escritura diz expressamente que todos os que descendem de Adão estão contami-
nados com a corrupção original e, portanto, a virgem Maria o é também, sendo uma filha de Adão. 
Os papistas falam mais honrosamente da virgindade, dignidade e santidade da virgem Maria, a 
mãe, do que eles falam da Justiça, Graça e Méritos de Cristo, o Filho. E, portanto, eles apegam-se 
à “justificação pelas obras”, e não pela fé na Justiça de Cristo. Sim, eles tanto honram a virgem 
Maria que fazem dela a maior “mediadora” ao lado de Deus Pai. Um homem pode pensar que é 
desnecessário ensinar contra a doutrina papista, mas os ministros nunca tiveram mais razão para 
isso do que agora. Pois nunca houve mais probabilidade da disseminação do papado do que 
nestes dias onde, sob a noção de maldita tolerância, padres e jesuítas publicam seus princípios 
blasfemos e idólatras, e prosseguem em seus projetos jesuíticos.” 
 
“São mais bem-aventurados os que ouvem e guardar a Palavra de Deus do que a virgem Maria foi 
por trazer Cristo ao mundo, porque Cristo considera os tais como permanecendo em mais 
múltiplas relações próximas a Ele do que Seus próprios amigos naturais tinham. “Mas, 
respondendo ele, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de 
Deus e a executam” (Lucas 8:21). Eis aqui é a correta maneira de ser trazido para um 
relacionamento próximo com Cristo, tornando-se semelhante a Jesus Cristo, sendo considerado 
irmão, irmã e mãe de Jesus Cristo, e isto é por ouvir e obedecer à vontade de Cristo.” 
 
“Somente perseveram aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a guardam; somente eles têm 
suas almas edificadas sobre a rocha, e permanecem inabaláveis no tempo da perseguição. Na 
verdade, eles podem cair, e abominavelmente também (como Davi, Pedro e muitos outros precio-
 
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sos santos fizeram), por meio da violência das tentações de Satanás e da corrupção restante que 
há neles, mas, eles nunca cairão final e irremediavelmente, porque estão edificados sobre a rocha 
que nunca pode cair; eles estão edificados sobre uma rocha que nunca pode ser removida, e esta 
rocha é Cristo, que ao mesmo tempo é o autor e consumador de sua fé (Hebreus 12:2).” 
 
“A sua conversa piedosa pode ser um meio para trazer outros ao céu.” 
 
“Se Deus dissesse: “Eu te abençoarei se você remover montanhas, se você cumprir a Minha lei 
em cada “jota” e “i” da mesma”, isto seria, de fato, obra impossível de ser efetuada.Mas Deus 
disse: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”. Portanto, se vocês não 
praticam o que ouvem, vocês recusam a sua própria misericórdia. O Diabo não poderia condenar 
vocês, se vocês não condenassem a si mesmo.” 
 
“Se vocês não praticam o que ouvem, agravarão a sua condenação em breve. “Se eu não viera, 
nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado” (João 
15:22). A culpa admite alguma atenuante onde não há conhecimento da falha; é um pecado muito 
mais condenável ao conhecer da lei de Deus, do que ser ignorante da lei de Deus. Aqueles que 
pecam contra o conhecimento, não têm disfarce ou desculpa pelo seu pecado. “E o servo que 
soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será 
castigado com muitos açoites” (Lucas 12:47).” 
 
“Considerem: vocês estão vazios do amor a Deus, se não praticam o que ouvem. “Mas qualquer 
que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado” (1João 2:5).” 
 
“Deus olha para a sua profissão como em nada válida, a menos que vocês pratiquem o que vocês 
ouvem. Na aritmética, mesmo colocando tantos zeros juntos eles não somam nada, mas 
coloquem um algarismo junto, e em seguida, faz-se uma grande soma. Assim, jamais façam 
tantas orações e jamais ouçam tantos sermões, ainda assim tudo permanece apenas como zeros, 
a menos que vocês juntem isso com um curso de vida consciente, de acordo com o que vocês 
ouvem e com o que vocês oram.” 
 
“Deus olha para você, como tal, se você não pratica o que você ouve e conhece: “Eram, porém, 
os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao Senhor” (1 Samuel 2:12). Eles não conheciam a 
Deus? Certamente conheciam! Por sua educação eles tinham um conhecimento especulativo de 
Deus e de Sua lei, pois eram sacerdotes do Senhor, e Deus não escolheria homens ignorantes 
como Seus sacerdotes. Mas eles não tinham conhecimento prático, eficaz e salvífico de Deus, 
pois eram homens de vidas e conversas ímpias, e, portanto, Deus olhou para o seu conhecimento 
como nenhum conhecimento, e para a sua profissão [de fé] como uma profissão vã.” 
 
“[...] onde há um amor de Deus, haverá um guardar de Seus mandamentos.” 
 
“Se não praticarmos conscientemente o que ouvimos, provocaremos o Senhor para levar o 
Evangelho para longe de nós. “E sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, farei que o sol se 
 
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ponha ao meio-dia, e a terra se entenebreça no dia claro” (Amós 8:9). E, no versículo 11: “Eis que 
vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de 
água, mas de ouvir as palavras do SENHOR”. Lembrem-se, Deus tirará a Palavra por nosso não 
proveito pelo que ouvimos. “Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será 
dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mateus 21:43). Pelo reino de Deus devemos entender 
o Evangelho, a Palavra de Deus e o ministério dos mesmos; isto vos será tirado e será entregue a 
outros, se vocês não produzirem os seus frutos.” 
 
“Sim, três mil foram convertidos através de um sermão de Pedro, ao passo que agora três mil 
sermões dificilmente convertem uma alma para Cristo. E, o profeta diz: “O teu povo será mui 
voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da alva, tu tens o 
orvalho da tua mocidade” (Salmos 110:3). O significado dessas palavras: “desde a madre da alva, 
tu tens o orvalho da tua mocidade”, é isto: os convertidos após a primeira pregação do Evangelho 
devem ser tão numerosos quanto as gotas de orvalho sobre a relva na manhã. Mas hoje em dia a 
conversão das almas, o trazer os homens a Jesus Cristo, não é tão numeroso quanto as gotas de 
orvalho, mas tão raro quanto as pérolas e diamantes.” 
 
“[...] nestes dias mais pessoas são pervertidas da verdade e simplicidade do Evangelho do que 
são convertidas pelo poder e eficácia do mesmo. A conversão que é efetuada hoje em dia é 
apenas um poder sobre as cabeças dos homens, não sobre os seus corações; isso opera neles 
apenas fantasias e noções, não piedade prática. Eles são como a lua (não como o sol), cuja 
influência oferece luz, mas não calor. A Palavra, isso pode ocorrer, recupera-os da embriaguez na 
prática, mas o Diabo os torna bêbados nas opiniões e erros.” 
 
“Eu gostaria que tais homens, que preferem ver os ministros piedosos na prisão do que no púlpito, 
considerassem que, se Deus os levar embora, vocês desejariam ter piores em seu lugar. Os 
sectários estavam cansados do piedoso e erudito Junius; por isso, Deus suportou Armínio, aquele 
pestilento inimigo do Evangelho de Cristo, para levantar-se depois dele. Deus pode justamente 
nos enviar professos incapazes e enganadores pelo nosso menosprezo a esses ministros 
instruídos e piedosos que estão entre nós.” 
 
“Quando os homens usarão fortes esforços para promover uma tolerância entre todas as religiões, 
este é o caminho para nos conduzir a nenhuma religião. “Pondo o seu limiar ao pé do meu limiar, 
e o seu umbral junto ao meu umbral” (Ezequiel 43:8), ou seja, quando eles acrescentaram 
tradições, suas próprias invenções, aos preceitos de Deus, então houve um muro entre Deus e 
eles. Sua impiedade era como um muro de separação. Deus estava afastando-se deles.” 
 
“O Evangelho é o sol que brilha em nosso horizonte; heresias são as neblinas e nevoeiros que 
escurecem os brilhantes raios do sol. Alguém bem observa que não foi a corrupção em 
comportamentos que excomungou a igreja de Roma, mas exatamente a corrupção na doutrina.” 
 
“Ó, quão cuidadosos, então, devemos ser para utilizar os meios de Graça, enquanto nós fruímos 
 
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deles, pois se o Evangelho se for tudo se vai. É melhor perder a luz do sol do que a luz do 
Evangelho.” 
 
“Não devemos medir a grandeza de uma cidade pelo grande comércio, pelo grande número de 
pessoas ali, mas pelo florescimento do Evangelho nela.” 
 
“Se vocês realmente vivessem sob um pacto de obras, vocês nunca poderiam ser um homem 
bem-aventurado, porque vocês nunca poderiam guardar o que ouvem com aquela exatidão que 
um pacto de obras requer, pois esta ordena ao homem guardar toda a lei, guarda-la perfeita-
mente, e mantê-la pessoalmente. Mas, para o vosso consolo, saibam que vocês estão sob um 
pacto de Graça, que não necessitam de uma perfeita, mas de uma sincera obediência à lei de 
Deus, que aceita a vontade como ação. Ah, lembrem-se que vocês não estão sob um pacto de 
obras, mas sob um pacto de Graça, que aceita o que Cristo fez e sofreu por vocês (se vocês são 
crentes), como se fosse feito por sua própria pessoa.” 
 
“É valioso que percebam o que é dito na Escritura: “Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi 
provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito” (Hebreus 11:17). 
Abraão não chegou a fazer o que é dito aqui que ele fez, mas porque Abraão fez isso no propósito 
de seu coração, porque o desejo e a resolução de sua alma eram obedecer ao mandamento de 
Deus, assim, a Escritura considera isso como efetuado! Ó, tomem isso para o seu consolo, você 
que é um filho de Abraão, que andam nas pisadas e fé de Abraão: os próprios desejos e 
propósitos do vosso coração são vistos como se fossem feitos reais e verdadeiros. Se vocês 
desejam orar melhor, ouvir melhor, e praticar mais do que vocês fazem, na consideração Divina 
isto é tido como se vocês já o tivessem feito.” 
 
 
 
 
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Uma Descrição da Verdadeira Bem-Aventurança 
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“Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus 
e a guardam” (Lucas 11:28) 
 
Na obscura humanidade de Jesus Cristo, rompeu um brilho tão glorioso de Sua Divindade 
que, embora quanto à Sua pessoa, Ele foi considerado desprezível e rejeitável, ainda 
assim as palavras que Ele falou e as obras que Ele fez declaram-No nada menos do que 
o Filho de Deus. As palavras que Ele falou declaravam isso, Seus inimigos fazendo-se de 
juízes: “Responderam os servidores: Nunca homem algum falou assim como este 
homem” (João 7:46). E as obras que Ele fez, os milagres que Ele operou, deles, é dito 
que “Desde o princípio do mundo nunca se viu que alguém assim fizesse”. Como sobre a 
Sua cura do cego de nascença, dizem eles, “nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos 
a um cego de nascença” [João 9:32]. 
 
Seus milagres causaram admiração nos corações, mesmo daqueles homens em quem 
Ele provocou inveja. O milagre operado neste capítulo, a desapropriação do demônio de 
um homem que era mudo, fez com que a fama de Cristo tivesse grande renome em 
muitas partes do mundo. E apesar de tudo isso, Seus inimigos não reconheciam a 
Divindade de Cristo, mas uma certa jovem (como pode ser obtido a partir da história) veio 
e levantou a voz e disse-lhe: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que 
mamaste” [Lucas 11:27]. Agora Cristo, em vez de agradecer-lhe por aplaudi-Lo, prefere 
dá-lhe uma repreensão, uma contenção, e disse: Eu lhe direi quem são bem-aventurados; 
“Antes bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam” [Lucas 11:28]. 
Assim, vocês têm a coerência das palavras. 
 
O discurso da mulher era um dito proverbial entre os judeus. Quando qualquer pessoa 
fazia alguma realização que havia sido louvável, eles gritariam e diriam: “Bem-aventurado 
o ventre que te trouxe”. E a partir deste discurso proverbial gostaria de observar o 
seguinte: Bons filhos são um grande louvor e bênção a seus pais. Esta mulher poderia 
bendizer a mãe de Cristo, que deu à luz um filho assim como Ele era. Salomão diz: “O 
filho sábio alegra a seu pai” (Provérbios 15:20). E em muitos outros lugares vocês leem 
que grande bênção e honra derivam para os pais a quem o Senhor tem abençoado com 
filhos sábios e piedosos. E, no contrário, a Escritura assinala com uma marca de censura 
aqueles pais que trazem crianças ímpias ao mundo, filhos para aumentar o número dos 
condenados, para encher o inferno e contaminar a terra. Por isso é que tantas vezes 
 
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lemos nas Escrituras que um filho ímpio é uma vergonha para os seus pais (Provérbios 
10:1,5). 
 
A aplicação é para ensinar vocês, a quem Deus abençoou com um filho, para que sejam 
extremamente gratos a Deus, pois ele é uma bênção maior para vocês do que se Deus 
enchesse a vossa casa com prata e ouro. E vocês, a quem Deus tem assim afligido, em 
suportar filhos maus saídos de seus lombos, ó, clamem sob a mão pesada de Deus por 
Ele vos ter feito instrumentos para trazer filhos ao mundo que devem aumentar o número 
de condenados no inferno. 
 
Isto muito a partir do discurso da mulher que disse: “Bem-aventurado o ventre que te 
trouxe e os peitos em que mamaste”. Mas Cristo disse: “Antes bem-aventurados os que 
ouvem a Palavra de Deus e a guardam” [Lucas 11:28]. Ele não diz que sua mãe não era 
bem-aventurada, mas que a mulher não poderia louvar a Sua mãe, ao pensar que ela era 
tão bem-aventurada apenas por carrega-Lo no ventre. Portanto Ele diz: Eu lhe direi quem 
é de fato o homem e mulher bem-aventurados, “os que ouvem a palavra de Deus e a 
guardam”. Cristo não quis ceder ao seu aplauso, mas Ele deu a ela uma repreensão 
suave e amorosa. 
 
Disso observa-se que vocês devem tomar cuidado para que não estejam agradados com 
o orgulho quando ouvirem vocês mesmos sendo elogiados. Cristo não cederia ao elogio 
da mulher. Ela pensou que a virgem Maria era a mulher mais feliz em todo o mundo, mas 
Cristo coloca um “antes” sobre aqueles que conscientemente ouvem a Palavra de Deus e 
a guardam. Um crente ouvindo e obedecendo a Jesus Cristo é mais abençoado ao fazê-lo 
do que a virgem Maria foi apenas ao trazer Cristo ao mundo, embora tenha sido o 
nascimento mais feliz que alguma vez já fora realizado! Ó, como isso deve ser um 
estímulo para quem vocês ouçam e pratiquem o que ouvem, já que ao fazê-lo vocês são, 
assim, bem-aventurados! 
 
Agora, observarei algo da maneira ou forma de expressão que Cristo usa aqui. Não é dito, 
“Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus”, pois, há muitos tipos de ouvintes 
que carecem de bem-aventurança. Mas, bem-aventurados os que ouvem a palavra de 
Deus e a guardam, que a incorporam em suas almas e tornam-se transformados em sua 
imagem. Há quatro tipos de ouvintes citados em Mateus 13, e três deles carecem de bem-
aventurança. Todos ouvintes, embora seja a Palavra de Deus que eles ouçam, não 
alcançam a bem-aventurança. Não é o ouvir, mas guardar e observar a Palavra de Deus 
que torna os homens bem-aventurados. 
 
Observe mais uma vez que não é dito, “Bem-aventurados os que creem”. Embora seja de 
 
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fato uma verdade que todos os verdadeiros crentes são bem-aventurados, ainda não é 
assim dito que a fim de que os homens pensem que um mero crer é o suficiente para 
torna-los bem-aventurados, ou para que eles não pensem que eles estão para além do 
ouvir, orar, ou receber, que são as vaidades aspirantes de muitos nesta época. 
 
Nem é dito, “bem-aventurados os que guardam a Palavra de Deus e uma separação ao 
ouvir”, mas, “juntamente com o ouvir. Bem-aventurados são aqueles que ouvem e 
guardam”. Muitos homens fingem uma grande perfeição de vida e conversação em 
guardar o que Cristo ordena, mas isto é uma separação do ouvir; eles deixam de fora o 
ouvir a Palavra. Mas, na estima de Jesus Cristo, somente aqueles que ouvem e guardam 
a Palavra de Deus são bem-aventurados. 
 
Mais uma vez, não é dito, “Bem-aventurados serão vocês que ouvem e guardam a 
Palavra de Deus”, mas: “Bem-aventurados são vocês” para mostrar que vocês não devem 
ser bem-aventurados apenas quando vierem para o céu, mas que vocês são bem-
aventurados ao fazê-lo, enquanto estão aqui na terra. “Mas agora, libertados do pecado, e 
feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna” 
(Romanos 6:22). Você tem o seu fruto, ó homem, se você é um homem santo, mesmo 
antes de ir para a vida eterna. 
 
Novamente, não se diz: “Bem-aventurados são vocês que ouvem e guardam”, mas, “se 
vocês ouvem a Palavra de Deus e a guardam”. Vocês podem ouvir os homens que 
pregam erros condenáveis, e guarda-los rapidamente em seu coração. Mas, neste caso, 
está mais perto de uma maldição do que de uma bênção. Os homens podem ser 
seguidores de sermões, mas se esses sermões que ouvem e praticam não estão de 
acordo com a Palavra de Deus, não são fundamentados nas Escrituras, eles estão sob 
uma maldição e não sob uma bênção pelo que ouvem. Portanto, o Espírito Santo aqui diz: 
“Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”. Isto deveria ensinar 
aos homens como eles ouvem, quem eles ouvem, e o que ouvem, para que eles não 
ouçam nada, senão a Palavra de Deus, e em seguida, guardem o que eles ouvem. 
 
Lemos sobre mestres os quais introduzirão encobertamente heresias de perdição, e que 
muitos seguirão as suas dissoluções.“E também houve entre o povo falsos profetas, 
como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente 
heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos 
repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado 
o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre 
os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2 
Pedro 2:1-3). Agora, não são bem-aventurados aqueles que ouvem homens que trazem 
 
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tais heresias de perdição. A Escritura não vincula bem-aventurança a todos os ouvintes, 
mas aos que ouvem a Palavra de Deus e a guardam. 
 
Novamente, não é dito, “Bem-aventurados também”, mas “antes, bem-aventurados”. 
Cristo não diz: “Minha mãe é uma mulher bem-aventurada, e também são bem-aventura-
dos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a guardam”. Mas Cristo vem com um 
“antes”. É como se ele tivesse dito: “Eu considero estes homens e mulheres mais bem-
aventurados do que Minha própria mãe, meramente tendo sido o instrumento que Me 
trouxe ao mundo”. Ó, como esta consideração deveria inflamar seus corações, e estimulá-
los a uma audiência diligente da Palavra de Deus, e a uma prática consciente do que 
vocês ouvem? Não há a frase semelhante a esta em toda a Bíblia. 
 
Não é dito, “mais bem-aventurados são os que ouvem as Minhas palavras e Minhas 
declarações”. Isto é dito assim em alguns outros lugares, mas aqui é dito, “aqueles que 
ouvem a Palavra de Deus”. Pois se Cristo dissesse: “mais bem-aventurados são os que 
ouvem a Minha Palavra”, então as pessoas teriam pensado que Cristo imputava a bem-
aventurança apenas à Sua própria pregação, e para aqueles que pessoalmente O 
ouviram pregar. Por isso Cristo disse: “Antes, bem-aventurados são aqueles que ouvem a 
Palavra de Deus”, seja ela pregada por Pedro, Paulo ou Apolo, por qualquer discípulo 
vivendo agora ou por qualquer ministro do Evangelho que viverá posteriormente até o fim 
do mundo. 
 
“Todo aquele que ouve a Palavra de Deus contida na Escritura, Antigo e Novo Testa-
mento, e a guarda, são mais bem-aventurados do que Minha mãe foi, sendo ela 
considerada apenas como um instrumento para trazer-Me ao mundo”. E nesta expressão 
há uma secreta glória ou honra colocada sobre os ministros do Evangelho de Jesus 
Cristo, que não limitaria a bênção à Sua própria pregação, mas a estende à Palavra de 
Deus que sai da boca de qualquer ministro. E essa é a razão (como muitos pensam), 
daquilo dito na Escritura: “Aquele que crê fará obras maiores dos que as que Cristo fez”. 
Isto não significa as obras de redenção, mas as obras ministeriais, de forma que um 
ministro fiel converterá mais almas dos que as que Cristo converteu por meio de Seu 
ministério. Cristo, poderia ter convertido todos os que O ouviram, mas Ele não o fez, para 
que os homens não pensassem eles não deveriam ouvir ninguém, senão Cristo. 
 
Não lemos sobre muitos que foram convertidos pela pregação de Cristo. Houve mais 
convertidos por Pedro e outros apóstolos do que pelo próprio Cristo. Cristo fez isso para 
que as pessoas não desprezassem nenhum dos Seus ministros ordinários. Se Cristo 
tivesse convertido mais do que todos os discípulos, as pessoas, então, poderiam ter 
menosprezado os discípulos e seguido apenas a Cristo. Esta destemperança começou a 
 
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crescer nos dias dos apóstolos: “Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de 
Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo” (1 Coríntios 1:12). O apóstolo os 
culpa por dizer: “Eu sou de Cristo”. 
 
O significado não é que os homens eram censuráveis por seguirem o amor de Cristo. 
Deus me livre! É nosso dever mais elevado fazer assim, mas havia alguns na igreja de 
Corinto que estavam prontos para dizer: “Eu não me importo com a pregação de Paulo, 
ou Apolo, mas apenas em ouvir a Jesus Cristo”. Este foi um vão e pecaminoso clamor por 
Cristo. Assim, os homens clamarem por Cristo, pela pregação de Cristo e ao mesmo tem-
po depreciarem o ministro, é pecado; e Cristo nunca intencionou que isso fosse pregado 
[somente] por Ele mesmo, pois Cristo disse: “Bem-aventurados são os que ouvem a 
Palavra de Deus e a guardam”. Seja isto pregado por qualquer ministro fiel, seja quem for. 
 
Novamente, não é dito: “Bem-aventurados são aqueles por ouvirem e por guardarem”, 
mas “Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”. A bem-aven-
turança nunca vem com um “por”, mas com um “se” ou um “que”. O Senhor não abençoa 
vocês por ouvirem, embora vocês ouçam tantos sermões quantos são os dias do ano. 
Mas, Ele abençoa aqueles que ouvem em obediência aos Seus mandamentos, e praticam 
o que ouvem. Assim, vocês têm oito observações a partir da forma do discurso que Cristo 
aqui utilizou. 
 
 Agora mostrarei o que se entende por guardar a Palavra de Deus que nós ouvimos. Há 
um duplo guardar da Palavra de Deus: 
 
Em primeiro lugar, há um guardar disso em sua memória. “Mas Maria guardava todas 
estas coisas, conferindo-as em seu coração” (Lucas 2:19). Ela as guardava em sua 
memória. Nossas memórias devem ser como a arca em que o vaso de maná foi guar-
dado. O pote de maná são as verdades divinas; estas devem ser mantidas em segurança 
em nossas memórias. Mas este não é o guardar que se fala aqui, pois há muitos homens 
que têm boas memórias para guardar o que ouvem, e ainda não têm nem bons corações 
ou uma boa vida, e, portanto, não são bem-aventurados por seu guardar. 
 
Em segundo lugar, há uma manutenção da Palavra em sua prática, e isso é feito quando 
há uma consciente atenção para moldar as suas vidas e conversações conforme o que 
vocês ouvem ou conhecem. Agora, bem-aventurados são vocês que ouvem a Palavra de 
Deus e, assim, a guardam. 
 
E, assim, eu evidenciei todas as dificuldades que podem aparecer nas palavras. A 
observação é a seguinte: São mais bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de 
 
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Deus, e praticam o que ouvem, do que a mãe de Jesus Cristo foi por trazê-Lo ao mundo. 
É um ponto, eu confesso, que bem merece um exame, e se não fosse a Bíblia, teria sido 
incrível que Cristo houvesse colocado um “antes” sobre você, ó homem, ou mulher, em 
todas as épocas do mundo, que ouvirem a Palavra de Deus e a guardam. 
 
É importante notar que um termo diferente é usado pela mulher no texto e Isabel, que era 
parenta da virgem Maria. A mulher no texto disse: “Bem-aventurado o ventre que te trou-
xe, e os peitos que mamaste”. Mas Isabel clamou: “Bem-aventurada a que creu” (Lucas 
1:45). Sobre estas palavras, um erudito autor fez uma boa observação: “Se na virgem 
Maria, Cristo não tivesse nascido em seu coração pela fé, bem como em seu ventre, ela 
não teria sido bem-aventurada, pois Isabel declara aqui em que a bem-aventurança da 
virgem Maria, e de todos os eleitos, consiste”. 
 
Agora, como isso refutaria a caducidade da igreja de Roma, que tão excessivamente 
exalta a virgem Maria? Eu li um pouco de alguns autores papistas, e eu encontrei que 
para um tratado sobre a dignidade e glória de Cristo, eles escreveram muitos sobre a 
dignidade da virgem Maria. E eles relatam histórias e tolices estranhas a respeito dela, 
como nunca foi ouvido no passado, idolatricamente promovem a pessoa dela. Eles dizem 
que ela estava livre do pecado original,ao passo que a Escritura diz expressamente que 
todos os que descendem de Adão estão contaminados com a corrupção original e, 
portanto, a virgem Maria o é também, sendo uma filha de Adão. 
 
Os papistas falam mais honrosamente da virgindade, dignidade e santidade da virgem 
Maria, a mãe, do que eles falam da Justiça, Graça e Méritos de Cristo, o Filho. E, por-
tanto, eles apegam-se à “justificação pelas obras”, e não pela fé na Justiça de Cristo. Sim, 
eles tanto honram a virgem Maria que fazem dela a maior “mediadora” ao lado de Deus 
Pai. Um homem pode pensar que é desnecessário ensinar contra a doutrina papista, mas 
os ministros nunca tiveram mais razão para isso do que agora. Pois nunca houve mais 
probabilidade da disseminação do papado do que nestes dias onde, sob a noção de 
maldita tolerância, padres e jesuítas publicam seus princípios blasfemos e idólatras, e 
prosseguem em seus projetos jesuíticos. 
 
E Deus sabe quão em breve vocês não irão colocar o seu pescoço sob o jugo de Cristo 
para ser trazido debaixo do jugo papista. Isso eu posso dizer por experiência própria, de 
forma que eu nunca encontrei tantos a cambalear para o papado como nos últimos 
tempos. Aqueles que professavam a religião protestante estão surpreendendo e 
apostatando de sua antiga profissão e alianças solenes, e Deus sabe em quanto tempo 
eles preferirão a virgem Maria a Jesus Cristo. Mas espero coisas melhores de vós. Por 
isso vou passar disso, e venho para as razões da questão, que são estas: 
 
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1. São mais bem-aventurados os que ouvem e guardar a Palavra de Deus do que a 
virgem Maria foi por trazer Cristo ao mundo, porque Cristo considera os tais como 
permanecendo em mais múltiplas relações próximas a Ele do que Seus próprios amigos 
naturais tinham. “Mas, respondendo ele, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são 
aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam” (Lucas 8:21). Eis aqui é a correta 
maneira de ser trazido para um relacionamento próximo com Cristo, tornando-se 
semelhante a Jesus Cristo, sendo considerado irmão, irmã e mãe de Jesus Cristo, e isto é 
por ouvir e obedecer à vontade de Cristo. 
 
2. Sua bênção aparece nisto, porque se vocês ouvem e praticam, vocês perseverarão até 
o fim, enquanto outros devem apostatar e cair da fé. “Todo aquele, pois, que escuta estas 
minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua 
casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e comba-
teram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve 
estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou 
a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e 
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mateus 7:24-28). 
 
Somente perseveram aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a guardam; somente eles 
têm suas almas edificadas sobre a rocha, e permanecem inabaláveis no tempo da perse-
guição. Na verdade, eles podem cair, e abominavelmente também (como Davi, Pedro e 
muitos outros preciosos santos fizeram), por meio da violência das tentações de Satanás 
e da corrupção restante que há neles, mas, eles nunca cairão final e irremediavelmente, 
porque estão edificados sobre a rocha que nunca pode cair; eles estão edificados sobre 
uma rocha que nunca pode ser removida, e esta rocha é Cristo, que ao mesmo tempo é o 
autor e consumador de sua fé (Hebreus 12:2). E Ele orou para que a fé deles não 
desfalecesse totalmente (Lucas 22:32). E isso Ele obteve, portanto, apesar de surgirem 
as tempestades e ondas, eles nunca cairão irremediavelmente. Os outros caem, e 
arruínam-se quando surgem os ventos e as tempestades. 
 
 3. O Senhor faz promessas gloriosas para os tais que ouvem a Palavra de Deus e a 
guardam. “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e 
guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Apocalipse 
1:3). Aqui vocês veem que aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a guardam, ou seja, 
depositam-na em seus corações e expressam o poder dela em suas vidas, são bem-
aventurados. 
 
4. Ao praticar o que vocês ouvem na Palavra, vocês podem trazer outros à bem-
aventurança; e felizes são vocês que são instrumentos para trazer outros ao céu. 
 
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“Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que 
também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos 
sem palavra” (1 Pedro 3:1). Assim, “Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para 
que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da 
visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pedro 2:12). A sua conversa 
piedosa pode ser um meio para trazer outros ao céu. 
 
5. Se vocês conscientemente praticam o que ouvem, vocês são bem-aventurados porque 
(embora vocês não possam levar os outros para o céu) vocês mesmos certamente 
chegarão ao céu, seguramente chegarão à bem-aventurança. “Aqui está a paciência dos 
santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. E ouvi 
uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora 
morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as 
suas obras os seguem” (Apocalipse 14:12-13). Ó, vocês que conscientemente guardam 
os mandamentos de Deus e a fé em Jesus, vocês certamente irão para o céu, embora 
vocês não tragam nada consigo mesmos, mas apenas vocês mesmos. Foi uma frase 
notável de um dos pais que, quando uma vida evangélica vai adiante, uma vida angélica 
seguirá depois. Ó, portanto, conscientemente pratiquem o que vocês ouvem e conhecem. 
 
 Agora eu chego à aplicação: 
 
USO DA LAMENTAÇÃO. Se for assim, que aqueles que ouvem e guardam a Palavra de 
Deus são mais bem-aventurados do que a virgem Maria foi apenas por trazer Cristo ao 
mundo, não deveria, então, ser uma lamentação que os homens não buscam a bem-
aventurança quando podem obtê-la por meio de termos fáceis? Se Deus dissesse: “Eu te 
abençoarei se você remover montanhas, se você cumprir a Minha lei em cada “jota” e “i” 
da mesma”, isto seria, de fato, obra impossível de ser efetuada. Mas Deus disse: “Bem-
aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”. Portanto, se vocês não prati-
cam o que ouvem, vocês recusam a sua própria misericórdia. O Diabo não poderia conde-
nar vocês, se vocês não condenassem a si mesmo. Tu, ó homem que tem um coração 
obstinado, que (deixe o pregador dizer o que ele quiser) fará o que você deseja, que faz 
pouco caso do que ouve, e pouca consciência em praticar o que você ouve, é indesculpável. 
 
 Agora, para levar para casa esta aplicação, observem estas cinco considerações: 
 
1. Seu ouvir. Se vocês não praticam o que ouvem, agravarão a sua condenação em 
breve. “Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm 
desculpa do seu pecado” (João 15:22). A culpa admite alguma atenuante onde não há 
conhecimento da falha; é um pecado muito mais condenável ao conhecer da lei de Deus, 
 
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do que ser ignorante da lei de Deus. Aqueles que pecam contra o conhecimento, não têm 
disfarce ou desculpa pelo seu pecado. “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e 
não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade,será castigado com muitos açoites” 
(Lucas 12:47). Em Isaías 13, lemos sobre muitas nações e pessoas contra quem o 
Senhor ordena o profeta denunciar uma profecia penosa. 
 
Mas em Isaías 22, lemos sobre o “peso do vale da visão”, ou seja, de Jerusalém; e 
observa-se que esse fardo era o mais pesado dentre todos os outros, nenhum fardo é tão 
pesado quanto o do vale de visões. Era um lugar onde o conhecimento existia, onde a 
pregação existia; portanto, esse fardo era mais pesado do que contra a Babilônia, Tiro, 
Damasco e todo o restante. Embora os outros homens que vivem na parte americana do 
mundo devam ir para o inferno por sua desobediência, ainda assim lembrem-se, que 
vocês que vivem na Inglaterra, onde o Evangelho é professado e pregado, devem ir para 
o inferno com uma carga mais pesada em sua consciência do que aqueles que não têm o 
Evangelho. Vocês serão condenados com uma testemunha, os que ouvem a Palavra de 
Deus e não fazem nenhuma consideração de praticar o que ouvem e o que conhecem. 
 
Isto faria alguém ficar surpreso ao ler essa passagem: “Derrama a tua indignação sobre 
os gentios que não te conhecem” (Jeremias 10:25). Agora, se a fúria do Senhor é derra-
mada sobre os miseráveis ignorantes pagãos que não conhecem a Deus, que não têm os 
meios de conhecimento, que não ouvem o Evangelho de Cristo, o que será derramado 
sobre os chamados cristãos que não conhecem a Deus? Mas, acima de tudo, que fúria e 
vingança inexprimíveis serão derramadas sobre os chamados “cristãos” que pecam 
contra o conhecimento de Deus, que pecam contra a luz que brilha claramente diante de 
seus olhos, que pecam contra uma consciência despertada e convencida? Se algum lugar 
no inferno é mais quente do que o outro deve ser para eles, pois é um pecado muito mais 
condenável [para o] conhecedor da lei de Deus, do que ser ignorante da lei de Deus; a-
queles que o pecam contra o conhecimento, não têm desculpa nem disfarce de seu pecado. 
 
2. Considerem: vocês estão vazios do amor a Deus, se não praticam o que ouvem. “Mas 
qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente 
aperfeiçoado” (1João 2:5). 
 
 3. Considerem: Deus olha para a sua profissão como em nada válida, a menos que 
vocês pratiquem o que vocês ouvem. Na aritmética, mesmo colocando tantos zeros juntos 
eles não somam nada, mas coloquem um algarismo junto, e em seguida, faz-se uma 
grande soma. Assim, jamais façam tantas orações e jamais ouçam tantos sermões, ainda 
assim tudo permanece apenas como zeros, a menos que vocês juntem isso com um 
curso de vida consciente, de acordo com o que vocês ouvem e com o que vocês oram. 
 
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Considere, você (que tem sido um professo por tanto tempo) gostaria que Deus olhasse 
para você como tendo sido um homem profano toda a sua vida? Deus olha para você, 
como tal, se você não pratica o que você ouve e conhece: “Eram, porém, os filhos de Eli 
filhos de Belial; não conheciam ao Senhor” (1 Samuel 2:12). Eles não conheciam a Deus? 
Certamente conheciam! Por sua educação eles tinham um conhecimento especulativo de 
Deus e de Sua lei, pois eram sacerdotes do Senhor, e Deus não escolheria homens 
ignorantes como Seus sacerdotes. Mas eles não tinham conhecimento prático, eficaz e 
salvífico de Deus, pois eram homens de vidas e conversas ímpias, e, portanto, Deus 
olhou para o seu conhecimento como nenhum conhecimento, e para a sua profissão [de 
fé] como uma profissão vã. 
 
Assim, “Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não 
me conheciam, e os pastores prevaricavam contra mim, e os profetas profetizavam por 
Baal, e andaram após o que é de nenhum proveito” (Jeremias 2:8). “Não Me conheciam”. 
Deus não considerava o conhecimento que eles tinham dEle, porque eles transgrediram 
contra Ele. Lembre-se, Deus considerará o seu ouvir como nenhum ouvir, a sua oração, 
como nenhuma oração, o seu recebimento dos sacramentos como nenhum recebimento, 
se você não obedecer conscientemente ao que você ouve. 
 
4. Você não pode ter uma boa persuasão, nem descobrir em sua alma o amor de Deus 
por você, a menos que você guarde conscientemente o que você ouve. “Se me amais, 
guardai os meus mandamentos” (João 14:15). E, portanto, você encontra nas Escrituras 
que o amor de Deus é frequentemente unido à observância dos mandamentos de Deus: 
“E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus 
mandamentos” (Êxodo 20:6). Ambos são colocados juntos para mostrar que onde há um 
amor de Deus, haverá um guardar de Seus mandamentos. 
 
 5. Se não praticarmos conscientemente o que ouvimos, provocaremos o Senhor para 
levar o Evangelho para longe de nós. “E sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, 
farei que o sol se ponha ao meio-dia, e a terra se entenebreça no dia claro” (Amós 8:9). E, 
no versículo 11: “Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a 
terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR”. 
Lembrem-se, Deus tirará a Palavra por nosso não proveito pelo que ouvimos. “Portanto, 
eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os 
seus frutos” (Mateus 21:43). Pelo reino de Deus devemos entender o Evangelho, a 
Palavra de Deus e o ministério dos mesmos; isto vos será tirado e será entregue a outros, 
se vocês não produzirem os seus frutos. 
 
 
 
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E aqui podemos ler tanto o nosso pecado e julgamento. Pois se alguma vez qualquer 
povo do mundo foi culpado de aridez e esterilidade sob os meios de Graça, nós somos 
esta nação. Nós temos sido exaltados para o céu, e, assim, podemos justamente esperar 
ser lançados no inferno. Agora, para despertar as vossas consciências, devo, em primeiro 
lugar, estabelecer algumas manifestações de que somos extremamente culpados de 
esterilidade sob os meios de Graça. E que, portanto, em segundo lugar, estamos em 
grande perigo de ter o Evangelho removido de nós, e será dado a uma nação que 
produzirá os seus frutos. Que nós somos culpados de esterilidade sob as ordenanças do 
Evangelho evidencia-se: 
 
1. Pelas tristes queixas que os mais frutíferos estoques e plantas no jardim de Deus 
fazem, elas com tristeza e gemido de coração reclamam de sua esterilidade sob as 
ordenanças do Evangelho. Agora, se as árvores de justiça do plantio do Senhor, na vinha 
do Senhor, reclamam que eles não dão fruto, certamente, então, as árvores da floresta 
são estéreis. Se as árvores do jardim de Deus não dão fruto, o que podem fazer as 
árvores do deserto? Se o povo do Senhor sentar e lamentar porque não se encontra 
nenhum fruto apropriado neles, que motivo, então, tem o ímpio do mundo para reclamar, 
cujos corações permanecem tão duros como a mó inferior, não obstante todo o orvalho 
celeste que ao longo do tempo cair sobre eles? 
 
2. Isso aparece pelas tristes queixas dos lavradores de Deus, os ministros de Jesus 
Cristo, que discernem apenas pouco fruto evidente após todo o seu trabalho, pouco 
sucesso na atenção ao seu ministério evangélico. Por isso, eles se deitam em suas 
camas em tristeza, e com sofrimento de espírito reclamam, como Pedro, que eles haviam 
pescado a noite toda, mas não pegaram nada, que lavram em cima de pedras e 
quebraram seus instrumentos, mas não conseguiram quebrar o coração dos homens, que 
eles usam as suas próprias vidas, consomem seus próprios pulmões, mas não podem 
consumir as concupiscências. E, assim, eles se queixam com o profeta (na pessoade 
Cristo): “Eu tenho trabalhado em vão” (Isaías 49:4). 
 
3. Isso se evidencia pela comparação dos nossos tempos com o tempo em que o 
Evangelho foi primeiramente plantado. Cristo diz: “E, desde os dias de João o Batista até 
agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele” (Mateus 11:12). 
Naqueles dias, os homens usaram uma santa violência nos caminhos da religião, mas 
onde é que esta violência pode agora ser encontrada? Quando os setenta discípulos 
tiveram a comissão de Cristo para pregar o Evangelho, foi dito que eles saíram pregando 
a Palavra (Lucas 10:18). E o que se segue? Deus estava com eles, e muitos foram 
convertidos, e “Satanás, como raio, caiu do céu” (Lucas 10:18). 
 
 
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O ministério deles teve um mais glorioso sucesso. E é dito (o que é uma profecia dos 
primeiros momentos da pregação do Evangelho), “Amplia o lugar da tua tenda, e 
estendam-se as cortinas das tuas habitações” (Isaías 54:2). Como se não houvesse 
espaço suficiente para os homens convertidos, por isso, “amplia o lugar da tua tenda”, o 
que refere-se aos Gentios em sua primeira conversão. E, disse o apóstolo: “Alegra-te, 
estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos 
da solitária são mais do que os da que tem marido” (Gálatas 4:27). E diz-se: “E a mão do 
Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor” (Atos 11:21). 
 
Sim, três mil foram convertidos através de um sermão de Pedro, ao passo que agora três 
mil sermões dificilmente convertem uma alma para Cristo. E, o profeta diz: “O teu povo 
será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da 
alva, tu tens o orvalho da tua mocidade” (Salmos 110:3). O significado dessas palavras: 
“desde a madre da alva, tu tens o orvalho da tua mocidade”, é isto: os convertidos após a 
primeira pregação do Evangelho devem ser tão numerosos quanto as gotas de orvalho 
sobre a relva na manhã. Mas hoje em dia a conversão das almas, o trazer os homens a 
Jesus Cristo, não é tão numeroso quanto as gotas de orvalho, mas tão raro quanto as 
pérolas e diamantes. 
 
4. Parecerá que existe uma aridez geral sob todos os meios de Graça, porque nestes dias 
mais pessoas são pervertidas da verdade e simplicidade do Evangelho do que são 
convertidas pelo poder e eficácia do mesmo. A conversão que é efetuada hoje em dia é 
apenas um poder sobre as cabeças dos homens, não sobre os seus corações; isso opera 
neles apenas fantasias e noções, não piedade prática. Eles são como a lua (não como o 
sol), cuja influência oferece luz, mas não calor. A Palavra, isso pode ocorrer, recupera-os 
da embriaguez na prática, mas o Diabo os torna bêbados nas opiniões e erros. 
 
 
Agora sendo assim, irei, em próximo lugar, dar algumas demonstrações de que estamos 
em perigo de ter o reino de Deus, o Evangelho de Jesus Cristo, removido de nós. 
Portanto, não estejamos seguros, pois há grande perigo do Evangelho ser removido, se 
não do país, mas de determinados lugares. 
 
1. Isso pode ser evidenciado a partir da oposição implacável que há nos professos do 
Evangelho contra os pregadores do Evangelho. Essas mesmas pessoas que estimavam 
os pés de seus ministros por serem mui formosos, agora dizem que a marca da besta 
está sobre a sua testa. Aquelas pessoas que teriam arrancado os seus olhos para fazer o 
bem aos seus ministros bons, agora arrancariam os olhos de seus ministros. Essas 
mesmas pessoas que olhavam para nós como servos de Cristo e administradores dos 
 
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mistérios da salvação, agora nos consideram como os membros do anticristo e 
corruptores da religião. Agora não há nenhuma maneira mais provável para afastar o 
Evangelho de nós do que rejeitar e se opor ao Evangelho, e aos ministros dos mesmos. 
Esta será a grande entrada (se o Senhor não impedir) para a nossa total confusão, e uma 
retirada do Evangelho de Jesus Cristo. 
 
Eu gostaria que tais homens, que preferem ver os ministros piedosos na prisão do que no 
púlpito, considerassem que, se Deus os levar embora, vocês desejariam ter piores em 
seu lugar. Os sectários estavam cansados do piedoso e erudito Junius; por isso, Deus 
suportou Armínio, aquele pestilento inimigo do Evangelho de Cristo, para levantar-se 
depois dele. Deus pode justamente nos enviar professos incapazes e enganadores pelo 
nosso menosprezo a esses ministros instruídos e piedosos que estão entre nós. Quando 
Paulo e Barnabé foram desprezados e combatidos pelos judeus incrédulos, eles 
disseram: “Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se 
vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais 
dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios” (Atos dos Apóstolos 13:46). 
Eles perderam o Evangelho devido a disso. 
 
2. Parece que há o perigo de que o Evangelho seja removido de nós pela libertinagem 
geral e fraqueza das pessoas que vivem sob ele. Quando as crianças são atrevidas com 
pão na mão, o pai o toma delas e os prepara rapidamente. Temos tratado com o 
Evangelho como as crianças lidam com pão quando suas barrigas estão cheias. Temos 
crescido devassos e nos tornamos cansado dele, de modo que agora se um ministro 
prega sobre a fé, o arrependimento, a mortificação, o zelo, a abnegação e a mentalidade 
celestial, estes são considerados doutrinas maltrapilhas. Agora, quando o Senhor vê um 
povo crescer cansado e libertino com o Evangelho, Ele os reduzirá. Ele os fará saber o 
valor do Evangelho pela falta do Evangelho. 
 
3. Quando os israelitas detestaram o maná, Deus rapidamente os fez padecer os diminuiu 
pela fome. Aquele que corre pode ler o nosso pecado e perigo nisto em particular. Pois, 
aquelas mesmas pessoas que esperavam com prazer as ordenanças de Jesus Cristo, ó, 
como elas se tornaram cansadas das ordenanças! Aquelas pessoas que consideravam os 
seis dias tediosos, e embora anelassem pelo Sabath, agora não se importam em 
santificar o Sabath durante todo o ano! Aquelas pessoas que não poderiam viver um dia 
sem o Evangelho, podem agora viver não somente fora, mas acima do Evangelho! [...] 
 
Parece que o Evangelho está em perigo de ser removido de nós, em virtude do grande 
aumento de tais opiniões que são contrários ao Evangelho, que são destrutivas ao poder 
e a pureza dele. Quando os homens usarão fortes esforços para promover uma tolerância 
 
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entre todas as religiões, este é o caminho para nos conduzir a nenhuma religião. “Pondo o 
seu limiar ao pé do meu limiar, e o seu umbral junto ao meu umbral” (Ezequiel 43:8), ou 
seja, quando eles acrescentaram tradições, suas próprias invenções, aos preceitos de 
Deus, então houve um muro entre Deus e eles. Sua impiedade era como um muro de 
separação. Deus estava afastando-se deles. Aqueles que pleiteiam por uma licenciosa 
tolerância de todas as opiniões fazem tanto quanto os que nelas se encontram para 
colocar um muro de separação entre Deus e Inglaterra. 
 
4. Um aumento de erros e heresias de perdição é uma demonstração de que o Evangelho 
está sendo removido. O Evangelho é o sol que brilha em nosso horizonte; heresias são as 
neblinas e nevoeiros que escurecem os brilhantes raios do sol. Alguém bem observa que 
não foi a corrupção em comportamentos que excomungou a igreja de Roma, mas 
exatamente a corrupção nadoutrina. Quando a mulher estava voando para o deserto, diz-
se, “E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela 
corrente a fizesse arrebatar” (Apocalipse 12:15). Esta inundação de água foi uma 
enxurrada de heresias, e particularmente a heresia do arianismo. Se o Senhor permitir 
que dragão derrame uma enxurrada de heresias para transbordar a terra, pode-se, então, 
justamente temer a remoção do Evangelho de nós. 
 
5. A oposição implacável que é contra o estabelecimento do governo da igreja é uma 
demonstração da remoção do Evangelho. É verdade, o governo é apenas a sebe, e o 
Evangelho é o fruto, mas se você quebra a proteção, o fruto será pouco. Este é o caminho 
para ter o campo invadido pelo javali. Foi dito por Lutero (em seu primeiro recuo da igreja 
de Roma), que o Evangelho tem mais prejuízo por sete anos de suspensão de um 
governo bem ordenado do que poderia se recuperar em 40 anos posteriores. E que o 
Senhor conceda que isto não prove ser assim conosco. 
 
Agora por tudo isso pode parecer que estamos em grande perigo de ter o Evangelho 
tirado de nós. Ó, quão cuidadosos, então, devemos ser para utilizar os meios de Graça, 
enquanto nós fruímos deles, pois se o Evangelho se for tudo se vai. É melhor perder a luz 
do sol do que a luz do Evangelho. Pois: 
 
 1. Se o Evangelho é retirado de um povo, a paz é retirada de um povo. A remoção do 
Evangelho da paz fará com que a sua paz seja removida. 
 
 2. Se o Evangelho se for, a fartura se vai bem como a paz. 
 
3. Se o Evangelho se for, se o culto a Deus é retirado, a nossa segurança se vai. A arca 
era a segurança dos israelitas. Quando a arca foi retirada, a sua força e segurança foram 
 
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removidas. Quando os judeus rejeitaram o Evangelho, assim ele foi levado aos Gentios, e 
os Romanos vieram e levaram tanto a sua posição e nação. 
 
4. Quando o Evangelho se vai, a nossa liberdade civil se vai. Quando os judeus 
menosprezaram o Evangelho, eles viviam não mais como homens livres, mas se tornaram 
escravos e tributários em relação aos Romanos. 
 
5. A dignidade e o esplendor de uma nação se vão quando o Evangelho se vai. Como o 
velho Eli disse, quando a arca foi tomada, “de Israel se foi a glória” [1 Samuel 4: 21]. E é 
dito em Mateus 2:6 que Belém de modo nenhum era a menor entre todas as capitais de 
Judá. No entanto, Miquéias disse em Miquéias 5:2 que Belém era pequena, isto é, a 
menor em relação à sua situação e pequena em número de habitantes. Mas não menos 
importante, como Mateus fala, porque o Messias nasceu ali e ali pregou o Evangelho. O 
Evangelho de Cristo fez de Belém mais do que era; e por isso é que de Cafarnaum é dito 
ser levantada ao céu, porque as boas novas do Evangelho foram ali anunciadas. 
 
Agora, se Deus tirasse o Evangelho de nós, Ele nos deixaria como Belém, a menor de mil 
cidades. Não devemos medir a grandeza de uma cidade pelo grande comércio, pelo gran-
de número de pessoas ali, mas pelo florescimento do Evangelho nela. Londres seria a 
menor cidade dentre mil se o Evangelho fosse removido dela. Ó, então, que motivo temos 
para conhecer e considerar no dia de hoje as coisas que dizem respeito à nossa paz, para 
que futuramente elas não sejam escondidas de nossos olhos. Não nos contentemos com 
um mero ouvir da Palavra, mas em que sejamos cumpridores dela, expressando o poder 
e a autoridade da mesma em nossas vidas e conversações. 
 
Objeção. Mas vocês dirão: “Se são bem-aventurados somente aqueles que ouvem a 
Palavra de Deus e a guardam, aqueles que praticam o que ouvem, então onde é que um 
homem bem-aventurado deve ser encontrado? Pois, onde é que este homem vive, este 
que pode guardar, que consegue viver de acordo com o que ele ouve? Eu ouço muitos de 
um pecado reprovado, que eu que não consigo abster-me. Ouço muito de um dever pres-
sionado que eu não consigo executar. Ouço muito de uma graça mesmo aconselhada que 
eu não consigo desempenhar. Agora como pode um homem ser bem-aventurado, vendo 
ele não pode guardar o que ele ouve?” 
 
Resposta. Se vocês realmente vivessem sob um pacto de obras, vocês nunca poderiam 
ser um homem bem-aventurado, porque vocês nunca poderiam guardar o que ouvem 
com aquela exatidão que um pacto de obras requer, pois esta ordena ao homem guardar 
toda a lei, guarda-la perfeitamente, e mantê-la pessoalmente. Mas, para o vosso consolo, 
saibam que vocês estão sob um pacto de Graça, que não necessitam de uma perfeita, 
 
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mas de uma sincera obediência à lei de Deus, que aceita a vontade como ação. Ah, 
lembrem-se que vocês não estão sob um pacto de obras, mas sob um pacto de Graça, 
que aceita o que Cristo fez e sofreu por vocês (se vocês são crentes), como se fosse feito 
por sua própria pessoa. 
 
Embora, de fato, seja verdade o que Cristo disse ao jovem: “Se queres, porém, entrar na 
vida, guarda os mandamentos” (Mateus 19:17), ainda assim vocês devem saber que 
Cristo falou isso a ele porque sabia que ele era de um temperamento farisaico, e que 
pensava em ser salvo por suas boas obras. Mas se Cristo dissesse assim a qualquer um 
de nós: “Você irá para o céu, se você guardar todos os mandamentos, e você nunca irá 
para o céu, se você quebrar qualquer um dos mandamentos”, o Senhor tenha miseri-
córdia de nós! Então, todos pereceríamos eternamente. Mas Cristo disse: “Creia e viva”. 
Agora a promessa (não obra) é o objeto da fé (Romanos 4:16). Desta forma, Ambrose era 
acostumado a dizer: “Esperemos pelo perdão como que pela fé, não por dívida”. 
 
Em uma palavra, guardem conscientemente o que vocês ouvem; lamentem a vossa inca-
pacidade de cumprir a lei de Deus; façam o que puderem, e lamentem que vocês não 
possam fazer melhor; e então Deus dirá: “Embora você não consiga guardar a lei comple-
tamente, mas Meu Filho a tem guardado por você. Aceito Sua Obediência como sua 
obediência, e a Sua Justiça, como sua justiça”. Ó, que Graça e Misericórdia há aqui! 
 
Como pode isto animar os vossos corações em meio a todos os desânimos que estão 
sobre você! Mais uma vez, para o vosso consolo, saibam que, se com sinceridade de 
coração vocês se esforçarem para guardar o que ouvem, na Divina aceitação é em tudo a 
mesma coisa como se vocês tivessem guardado tudo o que ouvem perfeitamente. Se for 
o desejo e o empenho de sua alma obedecer à vontade de Deus e observar Seus manda-
mentos, na aceitação Divina isto é aceito como se isto fosse realmente feito por você. 
 
É valioso que percebam o que é dito na Escritura: “Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, 
quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito” 
(Hebreus 11:17). Abraão não chegou a fazer o que é dito aqui que ele fez, mas porque 
Abraão fez isso no propósito de seu coração, porque o desejo e a resolução de sua alma 
eram obedecer ao mandamento de Deus, assim, a Escritura considera isso como 
efetuado! Ó, tomem isso para o seu consolo, você que é um filho de Abraão, que andam 
nas pisadas e fé de Abraão: os próprios desejos e propósitos do vosso coração são vistos 
como se fossem feitos reais e verdadeiros. Se vocês desejam orar melhor, ouvir melhor, e 
praticar mais do que vocês fazem, na consideração Divina isto é tido como se vocês já o 
tivessem feito. 
 
 
 
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Ó Deus e Pai de nosso Senhor e SalvadorJesus Cristo te pedimos que uses estas palavras, 
e que, pelo Teu Espírito Santo, aplique com poder o que de Ti há neste sermão aos nossos corações 
e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo. 
 
Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos ao 
Conhecimento Salvador de Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sola Scriptura! 
Sola Gratia! 
Sola Fide! 
Solus Christus! 
Soli Deo Gloria! 
 
 
 
 
 
 
 
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Fonte: TheOldTimeGospel.org │ Título Original: “A Description of True Blessedness” 
 
As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel) 
 
Tradução e Capa por Camila Almeida │ Revisão por William Teixeira 
 
 
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propósito do texto original, também pedimos que cite o site OEstandarteDeCristo.com como 
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Título – Autor 
Corpo do texto 
Fonte: TheOldTimeGospel.org 
Tradução: OEstandarteDeCristo.com 
 
(Em caso de escolher um trecho a ser usado indique ao final que o referido trecho é parte 
deste sermão, e indique as referências (fonte e tradução) do sermão conforme o modelo 
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Uma Biografia de Christopher Love 
 
 
Christopher Love (1618 - 1651) 
 
 
A era dos puritanos é repleta de diversas pessoas brilhantes que sofreram muito ou 
realizaram muito por causa de Cristo. Há um nome que frequentemente está ausente 
dessa lista ou é pouco citado: Christopher Love. 
 
Tiraram-lhe a vida quando ele tinha 33 anos e, talvez, essa seja uma razão de 
conhecermos pouco dele. A despeito de sua curta vida, as obras que escreveu 
ultrapassam a quantidade escrita por muitos outros teólogos puritanos cujos nomes são 
familiares para a maioria de nós. Pode ser o caso de que sua vida não tenha sido tão 
significativa na história como o foi sua morte. 
 
O ano era 1618, e Christopher Love veio ao mundo em Cardiff, uma antiga cidade em 
Gales. Ele era o filho mais moço dos seus pais, mas era a criança da velhice deles e o 
portador do nome do pai. Pouco eles sabiam que sua vida duraria somente meros 33 
anos e terminaria abruptamente no cadafalso de Tower Hill. 
 
Seus pais não eram nem ricos, nem pobres e, mesmo assim, foram capazes de provi-
denciar-lhe uma boa educação, embora nunca houvessem pretendido que ele entrasse 
 
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para o ministério. Na infância, Love desenvolveu uma paixão por livros e por conhecimen-
to, devotando “muito do tempo, tanto de noite como de dia, aos seus amados estudos”. 
Antes dos quinze anos, Christopher Love nunca tinha ouvido um sermão. Um dia, pela 
novidade interessante que isso parecia ser, ele foi a um culto com outros para ver um 
homem no púlpito, William Erbery. 
 
Todavia, por meio do sermão Deus deu a Love uma tamanha visão de sua pecamino-
sidade que ele foi para casa aquela noite em profunda tristeza e medo do inferno. Antes 
de chegar a casa, o Senhor tinha salvado Love mediante Seu amor. A mudança que se o-
perou durante o caminho para casa foi tão visível que seu pai imediatamente a percebeu. 
 
Vendo o filho em tal estado de melancolia, o sr. Love aconselhou-o a se unir a seus 
amigos num clube de homens para um jogo usual. Mas Christopher Love não participaria 
mais das veredas pecaminosas de outrora. 
 
No dia seguinte Love pediu permissão ao pai para assistir a uma palestra à noite, na 
igreja. O pai recusou de maneira inflexível e trancou-o no cômodo superior da casa. Love 
fugiu pela janela por meio de uma corda improvisada e pegou o caminho para a igreja. Ele 
pensou que seria melhor desagradar seu pai terreno do que ofender seu novo Pai ce-
lestial. Tal coragem pela Palavra de Deus o levaria à sua morte dezoito anos mais tarde. 
 
Love encontrou comunhão com o irmão Erbery e lhe derramou o coração. Muitos dos 
amigos com quem ele costumava desfrutar os vícios também vieram à fé em Cristo e 
agora frequentemente ficavam juntos nas últimas horas da noite para orar e jejuar, 
separando duas noites por semana para seus exercícios devocionais. Antigamente 
chamado de apostador, ele era agora chamado de um “pequeno puritano”. Tudo isso 
trouxe muita tristeza a seu pai. Vendo o recente desprezo do pai pelo filho, Erbery pediu 
permissão parte ter o jovem Christopher Love vivendo com ele, para que ele pudesse 
instruí-lo mais e cuidar adequadamente dele. O sr. Love consentiu. 
 
A vida com o irmão Erbery desenvolveu-se muito bem. Naquela época, ele conseguiu 
permissão para estudar em Oxford, a fim de se preparar para uma vida no ministério do 
evangelho de Jesus Cristo. Seu pai consentiu, mas com muito desprazer. O único apoio 
que o pai lhe deu foi um cavalo sobre o qual ele podia cavalgar até Oxford. 
 
Contudo, sua mãe secretamente lhe supria com algum dinheiro. Erbery também se 
esforçou para assistir o jovem. Ao chegar a Oxford, em 29 de julho de 1635, ele escolheu 
Christopher Rogers como tutor. Rogers tinha sido descrito a Love como o “arquipuritano”, 
e essa foi a razão da escolha. Love se lançou completamente aos estudos, frequente-
 
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mente se privando de sono e recreação. Todavia, permaneceu, por algum tempo durante 
esse período em sua vida, uma tristeza pelos anos que havia gasto em pecado. Seu 
coração foi grandemente sobrecarregado, e, com poucos amigos a quem buscar a fim de 
encontrar conforto, ele aprendeu a se voltar para a graça de Deus. Graças a tudo isso 
Love desenvolveu um zelo pela Palavra e pela Igreja de Deus. Ele gastava horas na 
Igreja de São Pedro ouvindo sermões e muitas mais ainda pregando-os também, aprimo-
rando seu dom. 
 
Christopher Love saiu-se tão bem em seus estudos que Rogers, seu tutor, convidou-o 
para viver em sua própria casa. Em maio de 1639 Love se graduou com seu bacharelado 
e continuou para adquirir seu mestrado, mas foi expulso antes de alcançar esse nível. 
Sua expulsão foi devida à sua recusa em assinar os mandatos do Arcebispo Laud durante 
a convocação. Ele foi readmitido mais tarde em 1645 e recebeu o título de mestre em 
1645. Love foi o primeiro a recusar assinar os novos cânones de Laud. 
 
Durante o tempo de sua expulsão, Love foi convidado para a casa doxerife Warner para 
servir como um capelão doméstico. O amor da família por ele tornou-se profundo e ele foi 
usado por Deus para trazer vários membros dela à fé em Cristo. Foi nessa casa que Love 
encontrou sua amada Mary Stone, a enfermeira do xerife. Seis anos mais tarde (9 de abril 
de 1645) eles se casaram. Love foi também convidado a ocupar a posição de professor 
acadêmico na Saint Anne’s, mas o bispo de Londres se opôs veementemente, pois ele 
não era ordenado, de forma que durante três anos “foi-lhe recusada sua concessão”. 
Recusando ser ordenado pela Igreja Anglicana, ele viajou para a Escócia a fim de buscar 
o rito de ordenação dos presbiterianos. 
 
Desafortunadamente, os escoceses tinham determinado não ordenar ninguém ao minis-
tério, a menos que a pessoa permanecesse no norte para realizar a obra do Senhor. Love 
fez grandes propostas para ser aceito entre eles, mas voltou para casa desapontado. 
 
Ao retornar, foi convidado ao púlpito em Newcastle, em um domingo. Em seu sermão ele 
atacou o Livro da Oração Comum e as cerimônias da Igreja da Inglaterra. Por causa 
disso, ele foi preso com ladrões e assassinos. Enquanto encarcerado, muitas pessoas se 
reuniram para vê-lo, mas não lhes foi permitir visitá-lo; portanto, ele começou a pregar às 
multidões de fora através das barras do portão da prisão. Após algum tempo no cárcere, 
foi levado para Londres, julgado e absolvido de todas as acusações. 
 
Algum tempo depois, Love foi acusado de traição e rebelião por pregar que uma guerra 
defensiva era justificável. Novamente ele foi considerado inocente. Pouco depois desse 
incidente, ele foi feito o capelão da guarnição militar de Windsor, que estava sob o 
 
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comando do coronel John Veen. Ele foi grandemente amado por aqueles a quem 
ministrou, mesmo pelos que discordavam dele sobre os assuntos da igreja. Enquanto 
ministrava nesse posto, uma praga fulminou a cidade e o castelo. Embora muitos tenham 
morrido ao seu redor, Love corajosamente continuou ministrando. Apesar de se expor às 
infecções e à morte, o Senhor o preservou. 
 
Naquela época, os presbiterianos chegaram ao poder. Isso deu a Love oportunidade para 
a ordenação que ele tinha tão intensamente desejado. “Na instigação de Edmund 
Calamy”, Christopher Love foi ordenado em 23 de janeiro de 1644, na Igreja Alderman-
bury pelos senhores Horton, Bellers e Roberts. Durante o exame de ordenação foi-lhe 
perguntado se ele poderia sofrer pelas verdades de Cristo. Ele respondeu: “Eu tremo ao 
pensar sobre o que devo fazer em tal caso, especialmente quando considero como muitos 
se vangloriaram de que poderiam sofrer por Cristo, e, todavia, quando o momento 
chegou, negaram a Cristo e a Suas verdades em lugar de sofrer por eles. Portanto, não 
ouso me vangloriar do que farei, mas, se este poder me for dado por Deus, então, eu não 
somente estarei disposto a ser preso, como também a morrer por causa do Senhor 
Jesus”. O reverendo Christopher Love cumpriria essas palavras em Tower Hill. 
 
Durante os próximos poucos anos, Love pregou com severidade contra o episcopado e o 
Livro de Oração Comum, aos quais ele se referia. 
 
Love e Mary tiveram 5 filhos, duas meninas que faleceram muito cedo e 3 meninos, o 
último nasceu uma semana após a morte de Love. Mary e Christopher Love refletiram a 
glória de Deus um ao outro, e seu casamento continua sendo um farol apontando o que 
Deus pretende para o lar cristão. 
 
Poucos dias antes da morte de Love, sua esposa, Mary, escreveu uma carta cheia de 
afeição e piedade, eis um trecho: 
 
“Antes de eu escrever qualquer outra palavra, peço que você não pense que é 
sua esposa, e sim uma pessoa amiga que lhe escreve. Espero que já tenha 
livremente rendido a esposa e os filhos ao Deus que disse em Jeremias 49.11: 
„Deixa os teus órfãos, e eu os guardarei em vida; e as tuas viúvas confiem em 
mim.‟ Seu Criador será meu esposo, e um Pai para seus filhos. Oh, que o 
Senhor o guarde de ter um só pensamento atribulado por sua família. Você, eu 
desejo renunciar às mãos de seu Pai, e não ver só como coroa de glória você 
morrer por Cristo, mas como honra para mim, por ter um esposo para deixar 
por Cristo. Não ouso lhe falar, nem ter um só pensamento dentro de meu 
coração sobre minha perda indizível, mas sim conservar meus olhos fixos no 
 
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ganho inexprimível e inconcebível. Você só deixa uma esposa pecadora, mortal 
para ser casado eternamente com o Senhor da glória. Você deixa apenas 
crianças, irmãos e irmãs para ir ao Senhor Jesus, seu Irmão mais velho” 
 
E prestes a ser executado, Love escreveu uma bela carta para sua esposa; em meio a 
alguns conselhos práticos, ele diz: 
 
“Vou agora de uma prisão para um palácio. Terminarei o meu trabalho; vou 
agora receber meu salário. Vou para o céu onde estão duas de minhas 
crianças, e deixando você na terra onde estão três de meus pequeninos. 
Aqueles lá em cima não precisam de meus cuidados, mas os três aqui embaixo 
precisam dos teus. Consola-me pensar que dois de meus filhos estão no seio 
de Abraão, e três deles estarão nos braços e cuidados de uma mãe tão terna e 
piedosa [...] Adeus querida amada, novamente digo adeus. Que o Senhor 
Jesus esteja com seu espírito. Que o Criador do céu e da terra seja um marido 
para ti, e que o Pai do Senhor Jesus Cristo seja um pai para teus filhos – assim 
roga o seu moribundo. Aquele que te ama até a morte.” 
 
 
Christopher Love morreu decapitado em 22 de Agosto de 1651, na Torre de Londres. 
 
No momento de sua morte, o carrasco permitiu que Christopher Love orasse em público, 
segue um trecho de sua oração: 
“Oh bendito Deus, a quem Tua criatura tem servido, o qual fez de Ti a sua 
esperança e confiança desde sua mocidade, não o abandone neste momento 
em que ele se aproxima de Ti. Neste instante ele está no vale da sombra da 
morte; Senhor, sê Tu vida para ele. Que o Teu sorriso esteja sobre ele à 
medida que os homens olham-no com ira. Senhor, Tu tens firmado esta certeza 
no seu coração que quando o golpe for dado para separar a sua cabeça do seu 
corpo, neste mesmo instante ele será unido ao seu Cabeça nos céus. Bendito 
seja Deus por Teu servo morrer nessa esperança.” 
 
 
------------------------------ 
Esta biografia é baseada nas seguintes fontes: 
 
♦ WebServos.com.br 
 
♦ Monergismo.com 
 
♦ MulheresPiedosas.com 
 
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Quem Somos 
 
O Estandarte de Cristo é um projeto cujo objetivo é proclamar a Palavra de Deus e o Santo 
Evangelho de Cristo Jesus, para a glória do Deus da Escritura Sagrada, através de traduções 
inéditas de textos de autores bíblicos fiéis, para o português. A nossa proposta é publicar e 
divulgar traduções de escritos de autores como os Puritanos e também de autores posteriores 
àqueles como John Gill, Robert Murray M’Cheyne, Charles Haddon Spurgeon e Arthur 
Walkington Pink. Nossas traduções estão concentradas nos escritos dos Puritanos e destes 
últimos quatro autores. 
 
O Estandarte é formado por pecadores salvos unicamente pela Graça do Santo e Soberano, 
Único e Verdadeiro Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o testemunho das 
Escrituras. Buscamos estudar e viver as Escrituras Sagradas em todas as áreas de suas vidas, 
holisticamente; para que assim, e só assim, possamos glorificar nosso Deus e nos deleitar-

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