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a ktica e a plitica Todas as aqdes humanas tendem a um fim, isto e, a reali- za@o de um bem especifico; mas cada firn particular e cada A feljcjdade bem especifico estio em relagio com um fim ultimo e com um propria bem supremo, que e a felicidade. do hornern 0 que e a felicidade? Para a maior parte dos homens e o 4 § 1 prazer, ou a riqueza; para alguns e, ao inves, a honra e o suces- so. Mas estes presumidos "bens" tem todos um defeito, isto e, pdem o homem em dependencia daquilo de que dependem (0s bens materiais, o publico etc.), e, por- tanto, a felicidade ligada a tais coisas e totalmente precaria e aleatoria. 0 homem, enquanto ser racional, tem como fim a realizaqao desta sua natu- reza especifica, e exatamente na realizaqao desta sua natureza de ser racional consiste sua felicidade. No homem t@m notavel importdncia, alem da razio, os apetites e os instin- tos ligados a alma sensitiva. Tais apetites e instintos se opdem em si a razio, mas podem ser regulados e dominados pela propria razao. A submiss20 da alma sensi- tiva a razao ocorre Dor meio das virtudes eticas. as auais nao s io mais que os modos pelos quais a razao instaura sua sobera- As ,,jrtudes @ticas nia sobre os instintos. , c ? De fato, as virtudes eticas se traduzem em busca da "justa 7 Y L medida" entre o "excesso" e a "car@ncia" nos impulsos e nas paixdes. Esta busca e aquisiqao da justa medida por meio da repetigio se traduz em um habitus e, portanto, constitui a personalidade moral do individuo. Aristoteles teoriza deste mod0 a maxima dos gregos: "Nada em demasia". Ao lado destas virtudes eticas, que estao ligadas a vida pratica, existem virtudes - as assim chamadas virtudes dianeticas- que dirigem o homem para o conhecimento de verdades imutaveis e para o sumo Bem, tanto para aplica-lo a vida concreta, e entao se tem a sabedoria, quanto, tambem, para fim puramente contemplativo, e ent io se tem a sapibcia. Justamente na contempla~a"~ das realidades que estao aci- ma do homem consistem a felicidade suprema e a tang@ncia AS vi*udes do homem com o divino. dianeticas da sabedoria Esta e uma doutrina que leva as extremas conseqiiencias , da ,piE.ncja uma das conotagdes essenciais da espiritualidade dos gregos. , § Aristoteles apresenta tambem analises detalhadas sobre a psicologia do ato moral, distinguindo: 1) a delibera@o, que e o encontro dos meios que tornam possivel a atua@o de determinados fins; 2) a escolha, que e a decisao a tomar sobre os meios, ou seja, sobre quais meios se devem usar e sobre a sua colocaq2o Psicologia em ato; do ato moral 3) finalmente, a voli@o, que e a escolha dos proprios fins, + s 4 da qua1 depende propriamente a bondade ou a maldade do homem, conforme ele escolha os verdadeiros bens ou os bens aparentes e fa- lazes. Aristoteles considera o homem n%o so como um "animal rational", mas tambem como "animal politico" (um ser vivo n%o-politico pode ser apenas um animal ou entao um deus). Por homem "politico" Aristoteles entende n%o todos os o hornern homens sem distinqao, mas (ligado ao estado politico-social da P urn sua epoca) aquele que goza plenamente dos direitos politicos "animal politico" e exerce em parte maior ou menor a administra~Bo da Cidade. + § S Por conseguinte, os colonos que nao gozam de tais privi- legios e os operarios e camponeses n%o s%o considerados ho- mens-cidadaos propriamente ditos. 0 s escravos, que nao gozam de quaiquer di- reito, em certo sentido, n%o s%o considerados homens propriamente ditos, mas apenas instrumentos animados. Aristoteles formula um esquema orgdnico das vhrias formas de constitui- qbes do Estado, fundando-se sobre dois pontos-chave: 1) a figura de quem exerce o poder (se "um so", "pou- AS "Arias formas COS", OU "MU~~OS'~); de constitui@es 2) o mod0 com o qua1 quem exerce o poder o leva a efeito do sta ado (em funqao do "bem comum", ou do "interesse privado"). -+ 9 6-7 Dessa forma, podem ser obtidas, combinando as duas perspectivas, as seguintes formas de governo: a "monarquia", a "aristocracia" e a "politia" (uma democracia ordenada pela lei), quando quem comanda age da melhor forma; a "tirania", a "oligarquia" e a "democracia" (= demagogia), quando quem exerce o poder e movido por interesses privados e nao pelo bem comum. 0 fim supremo do homem, ou seja, a felicidade - Depois das "citncias teorCticasn, na sis- tematizaqso do saber, v2m as "ci2ncias pra- ticas", que dizem respeito h conduta dos ho- mens e ao fim que eles querem atingir, tanto considerados como individuos, quanto co- mo parte de uma sociedade politica. 0 es- tudo da conduta ou do fim do homem como individuo C a "Ctica"; o estudo da conduta e do fim do homem como parte de uma so- ciedade C a "politica". Todas as aq6es humanas tendem a "fins" que sio "bens". 0 conjunto das aq6es humanas e o conjunto dos fins particulares para os quais elas tendem subordinam-se a um "fim ultimo", que C o "bem supremo", que todos os homens concordam em cha- mar de "felicidade". Mas o que i a felicidade? a) Para a maioria, C o prazer e o gozo. Mas uma vida gasta com o prazer C uma vida que torna "semelhantes aos escravos", e "digna dos animais". b) Para alguns, a felicidade C a honra (para o homem antigo, a honra correspondia aquilo que C o sucesso para o homem de hoje). Mas a honra C algo extrinseco que, em grande parte, depende de quem a confe- re. E, de qualquer maneira, vale mais aqui- lo pel0 qua1 se merece a honra do que a pro- pria honra, que C resultado e conseqiihcia. C) Para outros, a felicidade esti em jun- tar riquezas. Mas esta, para Aristoteles, i a mais absurda das vidas, chegando mesmo a ser vida "contra a natureza", porque a ri- queza i apenas meio para outras coisas, n io podendo portanto valer como fim. 0 bem supremo realizivel pel0 homem (e, portanto, a felicidade) consiste em aper- feiqoar-se enquanto homem, ou seja, naquela atividade que diferencia o homem de todas as outras coisas. Assim, n io pode consistir no simples viver como tal, porque at6 os seres vegetativos vivem; nem mesmo viver na vida sensitiva, que C comum tambim aos animais. So resta, portanto, a atividade da razio. 0 homem que deseja viver bem deve viver, sempre, segundo a razf o. Como se v2, acolhe-se aqui plenamen- te o discurso socritico-plat6nico. Mais ain- da, Aristoteles reafirma claramente que n i o apenas cada um de nos C alma, mas tambCm e a parte mais elevada da alma: "se a alma racional i a parte dominante e melhor, pare- ceria que cada um de nos consiste precisamen- te nela. ( . . .) Fica, pois, claro que cada um C sobretudo intelecto." Arist6teles proclama, portanto, os valores da alma como valores supremos, embora, corn seu forte senso rea- lista, reconheqa a utilidade tambCm dos bens materiais em quantidade necessiria, j i que eles, mesmo n i o estando em condiqoes de dar a felicidade com sua presenqa, podem (em par- te) comprometi-la com sua ausincia. A s virtudes kticas C O ~ O "meio justo" ou 0 homem 6 principalmente razio, mas n i o apenas razio. Com efeito, na alma "ha algo de estranho i razso, que a ela se opoe e resiste", e que, no entanto, "participa da razio". Mais precisamente: "A parte vege- tativa nso participa em nada da razHo, ao pas- so que a faculdade do desejo e, em geral, a do apetite, participa de alguma forma dela enquanto a escuta e obedece." Ora, o do- minio dessa parte da alma e sua r e d u ~ i o aos ditames da razso C a "virtude Ctica". a vir- tude do comportamento pratico. Esse tip0 de virtude se adquire com a repetiqso de uma sCrie de atos sucessivos, ou seja, com o habito. Assim, as virtudes tornam-se como que "hibitos", "estados" ou "modos de ser" que nos mesmos construimos segundo o mod0 indicado.CComos i o muitos os im~ulsos e tend~ncias-que a razio deve modeiar, tam- bCm s i o muitas as "virtudes iticas", mas todas t im uma caracteristica essencial co- mum: os impulses, as paix6es e os sentimen- tos tendem ao excess0 ou ii falta (ao muito ou ao muito pouco); intervindo, a razao deve impor a "justa medida", que C o "caminho intermidion ou "meio-termo" entre os dois excessos. A coragem, por exemplo, C o ca- 220 Quinta parte - Aristhteles minho intermidio entre a temeridade e a ti- midez, e a liberalidade i o justo meio entre a prodigalidade e a avareza. E claro que o meio-termo n5o C uma espCcie de mediocridade, mas sim "uma cul- miniincia", um valor, pois t vitoria da ra- ziio sobre os instintos. Aqui, ha quase que uma sintese de toda a sabedoria grega que encontrara express50 tipica nos poetas gnGmicos, nos Sete Sabios, que haviam iden- tificado no "meio intermidion, no "nada em excesso" e na "justa medida" a regra supre- ma do agir, assim como ha tambCm a aqui- si@o da li@o pitagorica que identificava a perfeiqiio no "limite", e ainda, por fim, ha o aproveitamento do conceit0 de "justa me- dida", que desempenha papel tiio importan- te em Plat5o. Dentre todas as virtudes Cticas, desta- ca-se a justi~a, que C a "justa medida" se- gundo a qua1 se distribuem os bens, as van- tagens, os ganhos e seus contrarios. E, como bom grego, Aristoteles reafirma o mais ele- vado elogio a justiqa: "Pensa-se que a justi- qa C a mais importante das virtudes, e que nem a estrela vespertina nem a estrela ma- tutina sejam t50 dignas de admiraqao quanto ela. E com o provirbio dizemos: 'Na justiqa esta compreendida toda vitude."' S\s virtudes dimkticas e a felicidade prfeita A perfeiqio da alma racional como tal, ao contrario, C chamada por Aristoteles de virtude "dianitica". E como a alma racio- nal tem dois aspectos, conforme se volte para as coisas mutaveis da vida do homem ou para as realidades imutaveis e necessirias, ou seja, aos principios e as verdades supre- mas, entiio duas tambim GO, fundamental- mente, as virtudes dianCticas: a "sabedoria" (phr6nesis) e a "sapitncia" (sophia). A sa- bedoria consiste em dirigir bem a vida do homem, ou seja, em deliberar de mod0 cor- reto acerca daquilo que C bem ou ma1 para o homem. Ja a sapihcia e o conhecimento daquelas realidades que estio acima do ho- mem, ou seja, C a citncia teorktica, e, de mod0 especial, a metafisica. Precisamente no exercicio desta iiltima virtude, que constitui a perfeiqio da ativi- dade contemplativa, o homem alcanqa a fe- licidade maxima, quase uma tangencia com o divino. Eis uma das passagens mais significa- tivas de Aristoteles: "Desse modo, a ativi- dade de Deus, que sobressai por beatitude, sera contemplativa e, conseqiientemente, a atividade humana mais afim sera a que pro- duz a maior felicidade. Uma prova, de res- to, est6 no fato de que todos os outros ani- mais n5o participam da felicidade, porque s io completamente privados de tal faculda- de. Para os deuses, com efeito, toda a vida C bem-aventurada, ao passo que, para os ho- mens, so o C a medida que lhes cabe certa semelhanqa com aquele tip0 de atividade: ao contririo, nenhum outro animal C feliz, porque n io participa de mod0 algum da contemplaqiio. Consequentemente, o quan- to se estender a contemplaqiio, tanto se es- tendera a felicidade (. . .)." Essa 6 a formulaq50 mais tipica daquele ideal que os antigos filosofos da natureza procuraram realizar em sua vida, que So- crates j6 comesara a explicitar do ponto de vista conceitual e que Plat50 ja havia teo- rizado. Mas em Aristoteles aparece a tema- tizag50 da tanghcia da vida contemplativa com a vida divina, que faltava em Platso, porque o conceit0 de Deus como Mente su- prema, Pensamento de pensamento, s6 apa- rece com Aristoteles. Alusses sobre a psicologia do ato ~?oraI Aristoteles teve ainda o mCrito de haver tentado superar o intelectualismo socriitico. Como bom realista que era, percebeu per- feitamente que uma coisa C "conhecer o bem" e outra C "fazer e realizar o bem". E, consequentemente, procurou determinar os processos psiquicos pressupostos pel0 ato moral. Ele chamou a atens50 sobretudo para o ato da "escolha" (prohairesis), que vincu- lou estreitamente ao ato de "deliberaq50". Quando queremos alcanqar determinados fins, nos estabelecemos, mediante a "deli- beraq5oV, quais e quantos sao os meios que colocaremos em agio para chegar aqueles fins, dos mais remotos aos mais proximos. A "escolha" opera sobre estes ultimos, trans- formando-os em ato. Assim, para Aristoteles, a "escolha" diz respeito apenas aos "meios", n io aos fins; portanto, nos torna responsa- veis, mas nio necessariamente bons (ou maus). Com efeito, ser "bom" depende dos fins e, para Aristoteles, os fins n5o s5o objeto de "escolha", mas sim de "voliqio". Mas a von- tade quer sempre e s6 o bem, ou melhor, aquilo que "aparece nas vestes de bem". Des- se modo, para ser bom, C precis0 querer o "bem verdadeiro e n50 aparente"; mas so o homem virtuoso, ou seja, o homem bom, sabe reconhecer o verdadeiro bem. Como se v&, gira-se num circulo que, de resto, C interessantissimo. Aquilo que Aristoteles busca, mas ainda n5o consegue encontrar, C o "livre-arbitrio". E suas aniilises sobre a quest50 s5o interessantissimas precisamen- te por isso, ainda que aportticas. Aristoteles compreendeu e afirmou que "o homem vir- tuoso v& o verdadeiro em toda coisa, consi- derando que C norma e medida de toda coi- sa". Mas nso explicou como e por que o homem se torna virtuoso. Assim, n io C de surpreender o fato de que Aristoteles che- gue a sustentar que, uma vez que o homem se torna vicioso, n5o pode mais deixar de se-lo, embora, na origem, fosse possivel n5o se tornar vicioso. Somos obrigados, porim, a reconhecer que n io apenas Aristoteles, mas tambCm nenhum outro filosofo grego conseguiu resolver essas aporias, pois so com o pensamento cristzo C que o Ocidente iria descobrir os conceitos de vontade e de li- vre-arbitrio. A Cidade e o cidad60 0 bern do individuo C da mesma natu- reza que o bern da Cidade, mas este "6 mais belo e mais divino" porque se amplia da dimens50 do privado para a dimensio do social, para a qua1 o homem grego era par- ticularmente sensivel, porquanto concebia o individuo em funq5o da Cidade e n5o a Cidade em fung5o do individuo. Aristoteles, alias, d6 a esse mod0 de pensar dos gregos uma express50 paradigmAtica, definindo o pr6prio homem como "animal politico" (ou seja, n5o simplesmente como animal que' vive em sociedade, mas como animal que vive em sociedade politicamente organiza- da). Com efeito, pode n5o formar parte de 222 Quinta parte - AristCIteles G L I OTTO L I B R I D E L L A RE P V B L I C A , C H E C H I A M O N O P O L I T I C A DI ARISTOTILE. N#@u$mC hddotti d i Grcco in udgdre Itdidno. P E R A N T O N I O BRVCIOLI. I N V E N E T I A N E L M D X L V I I . uma comunidade ou de uma cidade apenas quem C autarquico e n5o tem necessidade de nada, mas tal individuo pode apenas ser "OU uma fera ou um Deus". Entretanto, Aristoteles n5o considera "cidadios" todos aqueles que vivem em uma Cidade e sem os quais a Cidade n5o poderia existir. Para ser cidadzo C preciso participar da administraqiio da coisa publica, ou seja, fazer parte das AssemblCias que legislam e governam a Cidade e administram a justiqa. Conseqiientemente, nem o colono nem o membro de uma cidade conquistada podiam ser "cidad5os". E nem mesmo os operiirios, embora livres (ou seja, mesmo n5o sendo ca- tivos ou estrangeiros), poderiam ser cidadzos, porque falta-lhes o "tempo livre" necessario para participar da administraq50 dacoisa publica. Desse modo, os cidad2os revelam-se de numero muito limitado, ao passo que to- dos os outros acabam, de alguma forma, sen- do meios que servem para satisfazer as ne- cessidades dos primeiros. Nessa questso, as estruturas sociopoliticas do momento histo- rico condicionam o pensamento aristotklico a ponto de leva-lo a teorizaq50 da escravi- dio. Para ele, o escravo i como que "um ins- trumento que precede e condiciona os ou- tros instrumentos", servindo para a produg50 de objetos e bens de uso, alCm dos servigos. E o escravo 6 tal "por natureza". E como os escravos eram freqiientemen- te prisioneiros de guerra, Aristoteles sentiu necessidade de estabelecer tambCm que os escravos n5o deveriam resultar de guerras dos gregos contra os gregos, mas sim das guerras dos gregos contra os barbaros, dado que estes s5o inferiores "por natureza". E o velho preconceito racial dos gregos que Aris- toteles reafirma, pagando tambCm neste caso pesado tributo a sua propria Cpoca e sem perceber que ia contra os principios da pro- pria filosofia, que se prestavam a desdobra- mentos em direqzo oposta. 0 Estado ode ter diferentes formas. ou seja, diferentes constituiq6es. A constituigiio C "a estrutura que da ordem a Cidade, estabele- cendo o funcionamento de todos os cargos, sobretudo da autoridade soberana". Ora, como o poder soberano pode ser exercido: 1) por um so homem; 2) par poucos homens; 3) pela maior parte; e, alCm do mais, como quem governa pode governar: a ) segundo o bem comum; b) no seu interesse privado; entio s5o possiveis tr&s formas de go- verno correto e-tres de governo corrupto: l a ) monarquia; 2a) aristocracia; 3a) politia; l b ) tirania; 2b) oligarquia; 3b) demo- cracia. Aristoteles entende nor "democracia" um governo que, desleixando o bem comum, visa a favorecer de maneira inde'bita os in- teresses dos mais pobres e, portanto, enten- de "democracia" no sentido de "demagogia" . Ele precisa que o err0 em que recai essa for- ma de governo demagogic0 consiste em con- siderar que, como todos s io iguais na liber- dade, todos tambCm podem e devem ser iguais tambe'm em todo o resto. Aristoteles afirma que, em abstrato, s5o melhores as primeiras duas formas de gover- no, mas, realisticamente, considera que, no concreto, dado que os homens s5o como siio, a forma melhor C a politia, que C substan- cialmente uma constituiqio que valoriza o segment0 midio. Com efeito, a politia i pra- ticamente carninho intermediArio entre a oli- garquia e a democracia ou, se assim se preferir, uma democracia temperada pela oligarquia, assumindo-lhe os miritos e evitando-lhe os defeitos. 0 Cstado ideal Como o fim do Estado C moral, C evi- dente que aquilo a que ele deve visar C o increment0 dos bens da alma, ou seja, o in- cremento da virtude. Com efeito, escreve Aristoteles, "podemos dizer q9e feliz e flo- rescente C a Cidade virtuosa. E impossivel que tenha exitos felizes quem n i o cumpre boas aqdes e nenhuma boa aqiio, nem de um individuo, nem de uma Cidade, pode reali- zar-se sem virtude e bom senso. 0 valor, a justiqa e o bom senso de uma Cidade tCm a mesma potcncia e forma cuja presenqa em um cidadiio privado faz com que ele seja considerado justo, ajuizado e sibio." Aqui, de fato, reafirma-se o grande principio plat6nico da correspondikcia en- tre o Estado e a alma do cidadiio singular. Para Aristoteles, a Cidade perfeita de- veria se-lo a medida do homem: nem de- mais populosa, nem muito pouco. TambCm o territorio deveria ter caracteristicas ana- logas: grande o bastante para satisfazer as necessidades sem produzir o supCrfluo. As qualidades que os cidadiios deveriam ter s io as caracteristicas proprias dos gregos: um caminho intermidio, ou melhor, uma sinte- se das caracteristicas dos povos nordicos e dos povos orientais. 0 s cidadios (que, como sabemos, s5o aqueles que governam direta- mente) seriio guerreiros quando jovens, de- pois conselheiros e, quando velhos, sacer- dotes. Desse modo, seriio adequadamente desfrutados, na justa medida, a forqa que * h i nos jovens e o bom senso que h i nos ve- lhos. Por fim, como a felicidade da Cidade depende da felicidade dos cidadiios singula- res, seria necesshrio tornar cada cidadiio o mais possivel virtuoso, mediante adequada educaq5o. Viver em paz e fazer as coisas belas (contemplar) 6 o ideal supremo a que deve visar o Estado. Portanto, diz Aristoteles, C precis0 fa- zer guerra apenas tendo como finalidade a paz, trabalhar para poder libertar-se das necessidades do trabalho, fazer as coisas necessarias e uteis para poder ganhar o li- vre repouso, e enfim fazer as coisas belas, isto 6, contemplar.
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