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cartas Católicas_ANÁLISE DO VERSÍCULO 21 DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO CAPÍTULO 3 A TEMÁTICA DA EFICÁCIA BATISMO

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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM
CURSO DE TEOLOGIA
JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA
ANÁLISE DO VERSÍCULO 21 DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO CAPÍTULO 3: A TEMÁTICA DA EFICÁCIA BATISMO 
ANANINDEUA / PA
2019
Análise do versículo 21 da Primeira Epístola de Pedro capítulo 3:
A temática da eficácia Batismo 
1) TEXTO EM PORTUGUÊS
“O batismo é hoje a vossa salvação, pois ele não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo”. (Liturgia das Horas, Hora Sexta da 6° Semana Tempo da Páscoa)
2) TEXTO GREGO
 3,21
ὃ καὶ ὑμᾶς ἀντίτυπον νῦν σῴζει βάπτισμα, οὐ σαρκὸς ἀπόθεσις ῥύπου, ἀλλὰ συνειδήσεως ἀγαθῆς, ἐπερώτημα εἰς Θεόν, δι’ ἀναστάσεως Ἰησοῦ Χριστοῦ.
3) TRADUÇÃO DO VOCÁBULO NO LÉXICO GREGO E VERSÕES
Tradução literal: A qual também a vós cópia agora salva batismo, não carne elimina sujeira, mas consciência boa, pedido para Deus por meio de ressurreição Jesus Cristo.
Após análise, cheguei a seguinte tradução:
A qual também prefigura o batismo que agora vos salva, ele não remove a sujeira da carne, Mas confere uma boa consciência, pedida a Deus por meio da ressurreição de Jesus Cristo.
Segue algumas traduções de versões mais comuns ou mais indicadas para estudos bíblicos do referido versículo.
Bíblia Vulgata: quod et vos nunc similis formae salvos facit baptisma non carnis depositio sordium sed conscientiae bonae interrogatio in Deum per resurrectionem Iesu Christi.
Bíblia de Jerusalém: Aquilo que lhe corresponde é o batismo que agora vos salva, não aquele que consiste na remoção da imundície do corpo, mas no compromisso solene da boa consciência para com Deus pela ressurreição de Jesus Cristo.
Bíblia TEB: Esta era figura do batismo, que atualmente vos salva: não se trata de purificar as manchas do corpo, mas do engajamento para com Deus de uma boa consciência; ele vos salva pela ressurreição de Jesus Cristo.
Novo Testamento: Português e Inglês: The like figure whereunto even baptism doth also now save us (not the putting away of the filth of the flesh, but the answer of a good conscience toward God,) by the resurrection of Jesus Christ. (Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundície da carne, mas da indagação de uma consciência para com Deus pela ressurreição de Jesus Cristo).
Edição Pastoral: Aquela água representava o batismo que agora salva vocês; não se trata de limpeza da sujeira corporal, mas do compromisso solene de uma boa consciência diante de Deus.
A Bíblia na Linguagem de Hoje: Aquela água representa o batismo que agora salva vocês. Este batismo não é para lavar a sujeira do corpo, mas é a promessa feita por Deus, que vem de consciência limpa. Esta salvação vem por meio da ressureição de Jesus Cristo.
4) CONCORDÂNCIA BÍBLICA E OCORRÊNCIA DA PALAVRA
Rm 6,4 – Pois pelo batismo, nós fomo sepultados com ele em sua morte, a fim de que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos para a glória de Pai, também nós levemos uma vida nova.
Συνετάφημεν οὖν αὐτῷ, διὰ τοῦ βαπτίσματος εἰς τὸν θάνατον, ἵνα ὥσπερ ἠγέρθη Χριστὸς ἐκ νεκρῶν, διὰ τῆς δόξης τοῦ Πατρός, οὕτως καὶ ἡμεῖς ἐν καινότητι ζωῆς περιπατήσωμεν. 
 
Ef 4,5 – Um só Senhor, uma só fé, um só batismo.
εἷς Κύριος, μία πίστις, ἓν βάπτισμα.
Cl 2,12 – Se sepultados com ele no batismo, com ele ainda ressuscitastes, visto que crestes na força de Deus que o ressuscitou dos mortos.
Συνταφέντες αὐτῷ ἐν τῷ βαπτισμῷ, ἐν ᾧ καὶ συνηγέρθητε, διὰ τῆς πίστεως τῆς ἐνεργείας τοῦ Θεοῦ, τοῦ ἐγείραντος αὐτὸν ἐκ νεκρῶν.
5) OBSERVAÇÕES PESSOAIS
O autor da 1 Pedro centraliza sua atenção sobre três substantivos βάπτισμα (baptisma) “batismo”, ἀπόθεσις (apothesis) “remoção”, ἐπερώτημα (eperotema) “pedido”, pois considerando a classifica na morfologia grega, ambos são usados como um substantivo nominativo, assim recebem a função de “sujeitos” de uma oração principal. Outro substantivo neste versículo é o Θεόν (theon) “Deus”, classificado como acusativo, o qual recai a ação verbal. O único verbo σῴζει (sozei) (Salva), o que induz a dizer que a uma ligação entre o baptisma ou que está em função de theon. 
	 
6) CONCLUSÃO
O batismo não é uma prática inventada pelos Apóstolos, mas a literatura neotestamentária apresenta diversas passagens para falar desta ato, basta olhar para João, o Batista. Porém, uma sociedade liga a ritos a tendência é comparar a novidade a ações já praticadas naquele meio. Há de se convir que o batismo pregado pelos apóstolos se diferencia daquele pregado por João Batista, uma vez que Lucas deixa explícito nos Atos dos Apóstolos 19,4, ou pelas palavras pronunciadas pelo Batista em: “eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Para adentrar no pensamento advindo da 1 Carta de Pedro sobre o batismo, é necessário buscar a etimologia do termo, advindo do grego άbaptó), “mergulhar”, que por sua vez da origem a ά (baptisma) “batismo” ou “ato de mergulhar ou lavar”. Beasley-Murray (2000, p. 181) afirma que baptó ocasionalmente tenha sido usado no Grego secular para falar de banho ritual, porém “palavras muito mais comuns para lavagens religiosas eram louó “lavar” (o corpo inteiro) e niptō, “lavar” ou “enxaguar” (partes do corpo), e rhainō, “aspergir” (sangue, art. Rhantizō)”.
É um termo pouco usado na literatura veterotestamentária com o mesmo sentido do grego, mais precisamente 13 vezes, sendo traduzido pela LXX do termo tábal, “mergulhar”. Todavia, no Novo Testamento este termo é utilizado apenas 4 vezes, pois o mais comum é usar ίζω (baptizō) “mergulhar” para se referir ao batismo de João. “É somente em Rm 6,4; Ef 4,5; Cl 2,12 e 1 Pd 3,21 que é empregado com respeito ao batismo Cristão” (BEASLEY-MURRAY, 2000, p. 182). Tanto o batismo de João quanto o batismo cristão acabam por utilizar o verbete baptizō para falar deste banho ritual.
Assim, é possível localizar no Novo Testamento três alternâncias do termo: o batismo de João, o batismo de Jesus, o batismo da igreja primitiva. Observando as singularidades de cada um percebe-se que eles vão “evoluindo” ritulmente, mas sem perder a sua centralidade que é o batismo messiânico com o Espírito e com fogo (cf. Mt 11, 13), com exceção do batismo de João, porque ele o antecipa. Este primeiro argumento apresenta para Beasley-Murray (ibidem, p. 182) – a antecipação do batismo messiânico com o Espírito e com fogo – descreve um é dos enfoques do batismo de João, o outro é o arrependimento, a volta ao judaísmo, a última ideia também é defendida por Keener (2004, p. 740) ao sustentar que “o batismo era um ato de conversão no antigo judaísmo, mas este insistia na sinceridade do arrependimento para que o batismo fosse eficaz.
Convém ressaltar que prática de batizar não é uma ação introduzida por João Batista, conforme destaca Buckland, pois “entre os judeus, a imersão de todo o corpo, em água corrente, sendo possível, era um meio de limpar toda a cerimonial impureza (Is 1.16)” (1981, p. 62). Outro aspecto ressaltado por Buckland é o fato de João não surpreender com o ato de batizar, pois já havia, “também, entre os judeus, o hábito de batizar os convertidos ao Judaísmo” (ibidem). É o que descreve o evangelista João, ou melhor, é ideia que o evangelista deseja transmitir quando o Batista é interrogado pelos fariseus com a questão: “e por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?” (Jo 1,25). Se os houvesse surpresa por parte destes homens eles poderiam perguntar: “que rito é este?”, no entanto eles perguntam: “por que realizas tal rito?”.
O batismo de Jesus referido acima não quer dizer que ele realizara os mesmos gestos de João Batista, mas o propósito é ressaltar o fato narrado nos quatro Evangelhos que confere um novo significado ao batismo que posteriormente será realizado também pelos apóstolos segundo mandato de Jesus. O batismo de Jesus tem um caráter bem específico, diferente daquele destinado a confissão dos pecados da mesma forma comodeixar abandonar as iniquidades a abraçar uma vida nova. Mas Jesus tinha necessidade de fazer isto? Convém observar, na narração de Mateus, a pergunta destina a Jesus ao pedir para ser batizado: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?” (Mt 3,14). Ou seja, o propósito de deste do pedido d’Ele é mostrar sua missão salvífica, pois “Ele possui a potência salvífica de Deus e, com ela, opera em favor dos homens” (BARBAGLIO; FABRIS; MAGGIONI, 1990, p. 93), a mensagem fica mais evidente quando é descrito a imagem do Espirito de Deus que desce sobre Ele como uma pomba (cf. Mt 3,16). Para os autores citados por último “como uma pomba não quer dizer que o Espírito tenha se manifestado sob a figura sensível de pássaro, mas serve para exprimir a aproximação humana na representação de uma realidade invisível” (ibidem), ou seja, os eventos que ocorreram no batismo de Jesus revelam o início do movimento salvífico.
Como uma moldura a literatura lucana constrói-se sobre um aspecto observado pelo autor durante o ato batismal: Jesus recebeu o batismo enquanto rezava, como resposta a esta oração “o Espírito Santo desceu em forma de pomba” (Lc 3,21). “Esse mesmo Espírito Santo, que vem sobre Jesus no início do Evangelho, virá sobre os Doze em Pentecostes, no começo dos Atos (2, 1-4)”, como fala Brown (2004, p. 340). De uma forma mais profunda o Papa Bento XVI diz que “a partir da cruz e da ressurreição tornou-se claro para a cristandade o que estava acontecendo: Jesus tomou sobre os seus ombros o peso da culpa de toda a humanidade; levou-a pelo Jordão abaixo” (2007, p. 33). Assim, o significado do batismo de Jesus é revelado na cruz, pois ele “é a aceitação da morte pelos pecados da humanidade, e a voz do batismo – ‘Este é meu filho bem-amado’ (Mc 3,17) – é já um chamado de atenção para a ressurreição” (ibidem, p. 34).
Este é ponto de partida para compreender o batismo cristão, tomando o percurso da Igreja primitiva se associa o batismo a proclamação do evangelho. O batismo continua sendo de conversão, porém agora ele é realizado em nome de Jesus, e o batizado recebe do Pai o Espírito Santo (cf. At 2,38). Esta relação de “lavagem” e “Palavra” é apresentado por 1 Pd 3,21, ou seja, “é uma resposta a Deus por meio do Evangelho” (BEASLEY-MURRAY, 2000, p. 181), logo é uma lavagem que purifica a alma, superando a cerimônia judaica.
Pedro traz a superfície um convite a superar o mero ritualismo, e deixa bem claro no versículo estudado, pois visivelmente a exposição é destinada ao batismo espiritual, isto é, a verdadeira simbologia do batismo, e não o ato apenas de mergulhar, de imergir. E o que nos serve como salvação? Como dito anteriormente, não é a água, removedora das impurezas externas, mas a “boa consciência”, indicativo da pureza interna, assim como de uma vida de santidade. Desta forma, é preciso evitar a confusão entre o sinal externo e a coisa simbolizada, o primeiro diz respeito a água, enquanto o segundo é o recebimento da imagem moral santa, dada por Ele mesmo. Só isto tem o valor e a capacidade de salvar. A salvação quista em 1 Pd 3, 21 é diferente da apresentada no versículo anterior, a salvação temporal.
Aqui outro fator destacado por 1 Pedro é a ressurreição de Jesus Cristo, conferidor do caráter soteriológico do batismo, após nos ter limpado de nossas impurezas espirituais e devolvido a imagem de Deus que perdemos com o pecado original, conferindo desta forma a santidade, dado que a verdadeira santificação só acontece quando participamos de uma vida nova, e nos deixamos transformar por Cristo e aderimos completamente sua natureza santa.
Por fim, alguns estudiosos consideram o versículo em questão (1Pd 3,21) como parte de um homilia batismal que abrange a totalidade de 1Pd 1,3-4,11, e como já foi citado anteriormente está em 1Pd 3,21, uma das poucas passagens do Novo Testamento que faz referência direta ao batismo cristão, as demais passagens sempre utilizam o verbete baptizō para falar do batismo de João, porém este termo também é utilizado no batismo cristão. Tendo suas raízes nas dimensões cultuais judaicas de purificação, ganha novo significado quando Jesus pede para ser batizado e João consente, para mostrar que sua ação salvífica passa por assumir completamente a humanidade pecadora, sem se manchar com o pecado, para redimi-la, daí a consciência de Paulo: “é na sua morte que fomos batizados... sepultados com ele... para que como Cristo foi ressuscitado... assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6,3-4). 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBAGLIO, Guisepe; FABRIS, Rinaldo; MAGGIONI, Bruno. Os Evangelhos (I). São Paulo, SP: Loyola, 1990.
BEASLEY-MURRAY, G. R. in. COENEN, Lotar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia: Novo Testamento. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 2000.
BENTO XVI, Papa. Jesus de Nazaré: Primeira Parte: do Batismo no Jordão à Transfiguração. São Paulo, SP: Planeta do Brasil, 2007.
Bible, Interlinear. Disponível em: http://bibliaportugues.com/interlinear/. Acesso em: 29 de set de 2016.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo, SP: Paulus, 2002.
______. A Bíblia na Linguagem de Hoje: Novo Testamento. 3 ed. Brasília, DF: Sociedade Bíblica do Brasil, 1975
______. Bíblia Edição Pastoral. São Paulo, SP: Paulus, 1990.
______. Bíblia Tradução Ecumênica - TEB. São Paulo, SP: Loyola, 1994.
______. Novo Testamento: Português e Inglês. Os Gideões Internacionais, 1979
BÍBLIA VULGATA. Vulgatam Clementinam. 12a ed. Madrid, Espanha: Biblioteca de Autores Cristianos, 2002.
BROWN, Raymond E. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo, SP: Paulinas, 2004.
BUCKLAND, Augustus Robert. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 1981.
GOMES, Paulo Sérgio; OLIVETTI, Odayr. Novo Testamento Interlinear Analítico Grego-Português: Texto Majoritário com Aparato Crítico. Cambuci, SP: Cultura Cristã, 2008.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico: Novo Testamento. Belo Horizonte, MG: Atos, 2004.
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