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Concessão e Permissão de Serviço 
Público 
 
1. A justificativa da origem da concessão e permissão de serviço público a 
particulares pelo poder público 
A origem dos institutos da concessão e permissão do serviço público está associada 
à crise do Capitalismo liberal e à consequente crise financeira do Estado, momento 
histórico em que a suposta inesgotabilidade dos recursos públicos passou a ser 
questionada, diante da ineficiência que se estampou, direta ou indiretamente, 
perante os deveres do Estado enquanto prestador de serviços públicos. 
 
Estes fatos, à época, levaram o Poder Público a buscar novas formas de recursos 
para manter a prestação de seus serviços, e a delegação contratual de serviços a 
particulares foi a primeira medida adotada como forma de sanear a citada crise. 
 
Devemos inclusive registrar que o surgimento da concessão e permissão surgiu 
antes mesmo de se inaugurar o modelo de flexibilização da estrutura interna da 
Administração Pública, que gerou a criação das hoje denominadas estatais, 
iniciando-se com a criação das sociedades de economia mista e se seguindo com a 
das empresas públicas. 
 
Daí a doutrina se referir à concessão e permissão do serviço público como formas 
antigas, porém renovadas e atuais, e modernamente utilizadas para solucionar 
crises financeiras no âmbito da competência do Poder Público, que ensejam a 
transferência de serviço público a particulares. 
 
2. O atual fundamento constitucional da concessão e permissão 
A Constituição Federal de 1988 faz alusão em diversos de seus dispositivos, ainda 
que genericamente, à aplicação dos institutos da concessão e permissão de serviço 
 
 
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público, sendo mais específica em seu artigo 175, parágrafo único e respectivos 
incisos que trazemos para leitura com alguns grifos: 
Art. 175 Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 
públicos. 
Parágrafo único – A lei disporá sobre: 
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o 
caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de 
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão e permissão. 
II – os direitos dos usuários 
III – política tarifária 
IV – a obrigação de manter serviço adequado. 
 
Por conseguinte, tanto o Estado, diretamente, quanto as empresas da esfera 
privada, ou mesmo o particular, pessoa física, por meio de delegação contratual, 
passam a ser potencialmente prestadores de serviço público. 
 
Vale dizer que esta relação contratual da qual resulta a concessão ou a permissão 
vai gerar direitos e obrigações aos atores envolvidos nesta relação, quais sejam: 
Poder Público, o Concessionário ou Permissionário e o beneficiário do serviço, que 
mediata ou imediatamente, é a população. Trata-se de uma relação trilateral que 
será melhor analisada oportunamente. 
 
Sobreleva ainda notar que, não obstante a existência desta competência legal para 
a prestação de serviço público, que é atribuída aos concessionários ou 
permissionários, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, estas pessoas não passam 
a fazer parte da organização administrativa do Estado, tampouco se tornam seus 
órgãos. 
 
É o que se denomina doutrinariamente de exercício privado de função ou de serviço 
público transferido da pessoa pública para a pessoa privada, e que faz surgir, 
 
 
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conseqüentemente, a criação do direito ao exercício da função correspondente ao 
Poder Público concedente.

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