Buscar

416160-principios-fundamentais-da-cf-1988

Prévia do material em texto

DIREITO
CONSTITUCIONAL
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
CEBRASPE | CESPE
2 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
SUMÁRIO
1. Nota Introdutória ....................................................................................9
2. Princípios Fundamentais – Análise Contextual .............................................9
2.1. Forma de Governo .............................................................................12
2.2. Forma de Estado ................................................................................17
2.3. Princípio Fundamental do Estado Democrático de Direito .........................23
2.4. Princípio Democrático ou da Soberania Popular ......................................26
2.5. Princípio da Separação (funcional) dos Poderes ......................................27
2.6. Fundamentos ....................................................................................36
2.7. Objetivos fundamentais ......................................................................45
2.8. Princípios Aplicáveis às Relações Internacionais ......................................50
2.8.1. Notas sobre os princípios aplicáveis às relações internacionais ...............51
Lista de Questões .....................................................................................61
Gabarito ..................................................................................................69
Gabarito Comentado .................................................................................71
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
3 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
WELLINGTON ANTUNES
Professor de Direito Constitucional, Licitações, Contratos e Convênios. 
Servidor efetivo do MPU. Aprovado para Consultor Legislativo da Câma-
ra dos Deputados/2014 (aguardando nomeação). Aprovado para Ana-
lista de Finanças e Controle da CGU (aguardando nomeação). Graduado 
em Administração Pública. Pós-graduado em Direito Administrativo no 
IDP (Especialista). Instrutor interno do MPU (atuante na área de Licita-
ções e Contratos. Entre outras funções, pregoeiro, elaboração de edi-
tais, Projetos Básicos e Termos de Referência, instrução de processos 
de dispensa e de inexigibilidade)
BOAS-VINDAS E APRESENTAÇÃO
Olá, tudo bem? 
É uma grande satisfação para nós do Gran Cursos Online ter você estudando 
aqui conosco. Entre os valores1 que conduzirão todo o nosso trabalho, gostaria de 
destacar:
 – Amor à educação – nosso compromisso com a educação é o que move o 
coração da nossa empresa;
 – Respeito pelo aluno – o aluno é nossa razão de ser;
 – Excelência – perseguimos a excelência na transmissão de conhecimento 
com o objetivo de sempre aumentar nossos índices de aprovação.
Em nosso curso, abordaremos os três pilares da disciplina de Direito Constitu-
cional, que são: as disposições literais da Constituição, a jurisprudência do Supre-
mo Tribunal Federal, bem como a doutrina constitucional. 
Tudo isso de forma clara e objetiva, entretanto, com a profundidade adequada 
(e necessária) para que você tenha uma preparação sólida e condizente com o nível 
de exigência das bancas examinadoras. 
Em nossas aulas, além dos pilares antes citados, trabalharemos com muitos exer-
cícios de questões anteriormente cobradas. Isso é fundamental para que você possa 
aprender, desde já, a linguagem, bem como a forma como as questões são exigidas. 
1 Se tiver interesse em conhecer um pouco mais sobre o Gran Cursos Online, acesse: https://www.grancur-
sosonline.com.br/quem-somos.
Autor
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
4 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Em nossa jornada, você perceberá que a banca examinadora, normalmente, 
repete questões. Com isso em mente, nós trabalharemos, também, com questões 
de anos anteriores, para que possamos explorar os temas em sua integralidade. 
É importante ressaltar que nosso curso contempla as disposições do Novo 
Código de Processo Civil (Novo CPC). Com isso, este material torna-se úni-
co e completo para a sua preparação. Use-o sem moderação, beleza! (rsrs)
Em breve apresentação, meu nome é Wellington Antunes, sou professor de 
Direito Constitucional aqui do Gran Cursos Online. Trabalho atualmente no Ministé-
rio Público da União (tomei posse em 2005). No MPU, eu atuo na área de contrata-
ções públicas há, aproximadamente, 11 anos, e, também, sou Instrutor nessa área. 
Destaquei o “atualmente” porque estou aguardando a nomeação para a Câmara 
dos Deputados, para o cargo de Consultor Legislativo, concurso (dificílimo) no qual 
eu fui aprovado em 7º lugar (atualmente estou em 2º na ordem de classificação. E 
já sentindo o “cheirinho” da nomeação, rsrs). Estou na caminhada no mundo dos 
concursos desde 2003. Já fui reprovado em alguns concursos e, também, já tive a 
alegria de ser aprovado em outros. Essas experiências anteriores, em especial as 
reprovações, contribuíram substancialmente para a minha aprovação na Câmara. 
Sou apaixonado pelo que faço. Realizo-me compartilhando o conhecimento. Por 
fim, convido você a conhecer um pouquinho da minha trajetória como concursan-
do, em nosso programa “Eu cheguei Lá”, no canal do Gran Cursos Online, no You-
tube (https://youtu.be/CZDwMoLXUGU).
Muito bem, feitas as devidas apresentações iniciais, vamos dar uma olhadinha 
no nosso roteiro, visando a sua aprovação no concurso para TÉCNICO DO MPU 
– ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – ESPECIALI-
DADE: ADMINISTRAÇÃO. 
Adotaremos, como ponto de partida, a matéria cobrada no último edital – EDI-
TAL MPU N. 1, DE 20 DE MARÇO DE 2013.
Havendo a publicação do edital durante o nosso curso, faremos as devidas alte-
rações para atender a todo o conteúdo, ok?
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
5 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Falando do edital, embora o prazo de validade do último concurso esteja ainda 
vigente (até julho de 2017), em virtude do expressivo número de cargos vagos 
(mais de 1.700), bem como da alta rotatividade de servidores, nós já temos uma 
comissão definida para a organização do próximo concurso.
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe conferem o art. 127, 
§ 2º, da Constituição Federal, combinado com o artigo 26, inciso VIII, da Lei Complementar n. 75, 
de 20/05/1993, resolve:
Art. 1º Criar Comissão para coordenar a realização do X Concurso Público para provimento de 
Cargos de Analista e Técnico do Ministério Público da União, composta pelos seguintes integrantes:
I – BLAL YASSINE DALLOUL
II – ELOÁ TODARELLI JUNQUEIRA;
III – DENISE COSTA RECEDIVE;
IV – SANDRA ROBERTA DE SOUZA OLIVEIRA;
V – TATIANE DINIZ DA SILVA; e
VI – RAYZA MADLUM DE PAULA.
Art. 2º Designar o Procurador Regional da República BLAL YASSINE DALLOUL como presidenteda comissão.
Art. 3º Nas ausências e impedimentos legais do presidente da comissão, assumirá os traba-
lhos a servidora Eloá Todarelli Junqueira.
Art. 4º Delegar competência ao presidente da comissão, instituída por esta Portaria, para 
assinar contratos, ajustes de termos de cooperação, editais e celebrar convênios de caráter ad-
ministrativo de interesse do Ministério Público da União, que estejam relacionados com o objeto 
desta Portaria.
Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.
RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS
Não podemos perder tempo!!! Vamos arrochar nos estudos!
Um detalhe que pode te interessar: em início de carreira, um Técnico ga-
nha mais de R$ 7.000,00. Para nós que somos humildes, é um bom início, né? (rsrs) 
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
6 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Ah! Você vai tomar posse, e já possui aumento remuneratório aprovado por lei, 
até 2019. Show, né?!
Vamos trabalhar “duro” para alcançar a aprovação. Essa é nossa meta.
Fé na missão!
Veja a matéria que foi exigida no último edital.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL. 1 Constituição da República Fe-
derativa do Brasil de 1988, Emendas Constitucionais e Emendas Constitucionais 
de Revisão: princípios fundamentais. 2 Aplicabilidade das normas constitucionais: 
normas de eficácia plena, contida e limitada; normas programáticas. 3 Direitos e 
garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direitos sociais; 
direitos de nacionalidade; direitos políticos. 4 Organização político-administrativa: 
das competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 5 Administração 
Pública: disposições gerais; servidores públicos. 6 Poder Judiciário: disposições ge-
rais; Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça; Superior Tribunal de 
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
7 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Justiça; Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do Traba-
lho; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; Tribunais e Juízes dos 
Estados. 7 Funções essenciais à Justiça: do Ministério Público; Advocacia Pública; 
Advocacia e da Defensoria Pública. 
Acompanhe comigo o cronograma de nossas aulas.
Cronograma de nossas aulas
Aula 1 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Emendas Constitucionais e 
Emendas Constitucionais de Revisão: princípios fundamentais.
Aula 2 – Aplicabilidade das normas constitucionais: normas de eficácia plena, contida e limitada; 
normas programáticas.
Aula 3 – Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos.
Aula 4 – Direitos Sociais
Aula 5 – Nacionalidade
Aula 6 – Direitos Políticos 
Aula 7 – Organização político-administrativa: das competências da União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios.
Aula 8 – Administração Pública: disposições gerais; servidores públicos.
Aula 9 – Poder Judiciário: disposições gerais; Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça; 
Superior Tribunal de Justiça; Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do 
Trabalho; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; Tribunais e Juízes dos Estados.
Aula 10 – Funções essenciais à Justiça: do Ministério Público; Advocacia Pública; Advocacia e da 
Defensoria Pública.
Nesta aula, nós trataremos dos Princípios Fundamentais. Nosso ponto de 
partida são os artigos 1º a 4º da Constituição, em relação aos quais faremos uma 
abordagem sistemática e contextual, para que, ao final de nossa aula, você esteja 
preparado para enfrentar as questões acerca desse tema. Siga as orientações e as 
pratique, beleza?!
A nossa aula está dividida em 3 partes, quais sejam:
1ª Parte – base teórica do tema. Lembrando que, ao final, você encontrará 
um resumo dos principais tópicos.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
8 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
2ª Parte – lista de questões com gabarito ao final.
3ª Parte – gabarito comentado da lista de questões.
Em relação à 3ª parte de nossa aula, a fim de que possamos abordar o tema na 
sua maior amplitude possível, eu “garimpei” muitas questões do CESPE, das mais 
recentes às mais antigas. Além disso, coloquei questões de outras bancas também. 
Tudo isso para que a matéria seja plenamente explorada.
Você verá que a banca examinadora, ao longo dos anos, vai repetindo as ques-
tões. Por isso, de propósito, deixei algumas questões praticamente idênticas para 
que você constate esta realidade: no geral, os concursos mudam, mas as questões, 
em sua maioria, são repetidas.
Assim, é fundamental resolver questões anteriores.
Fazendo isso, vou te contar um segredinho...
A prova vai sofrer na sua mão!!! (rsrs)
Ah!!! Se você tiver alguma dúvida no decorrer da jornada, “corre” lá no Fórum 
de dúvidas e me chama, ok? “Wellingtooooonnnnn”, rsrs. Eu estou aqui “do 
outro lado” à disposição.
Vamos lá!
Lembre-se:
O que muda efetivamente a nossa vida são as atitudes que tomamos. Desejos 
e sonhos não acompanhados de atitudes são como palavras lançadas ao vento. 
Você pode mudar o curso de sua vida! Nunca desista dos seus sonhos!
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
9 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
PARTE I
1. Nota Introdutória
Olha só. 
Grande parte das questões exploram esse tema de forma bem literal. Dessa 
forma, para que você alcance o maior êxito possível, é fundamental dar especial 
atenção à leitura completa dos artigos 1º ao 4º. Aqui não há contraindicações!!! 
Pode ler sem medo! Essas “doses” de leitura se converterão em lindos pontos na 
hora da prova. 
Para facilitar, eu coloquei o texto integral desses artigos logo após o resumo de 
nossa aula. Se quiser já dar uma olhadinha, basta digitar no campo localizar “dis-
positivos de leitura obrigatória”.
 
2. Princípios Fundamentais – Análise Contextual
De início, é importante destacar que os princípios fundamentais designam as 
características mais essenciais do Estado Brasileiro. Nesse sentido, ao estu-
darmos esses princípios, poderemos conhecer, juridicamente, como o nosso Estado 
é formado, bem como suas principais singularidades. Os princípios fundamen-
tais tratam, conforme a teoria decisionista de Carl Schmitt, das decisões políti-
cas fundamentais que conformam (desenham) o nosso Estado.
Note que esses princípios são chamados de “fundamentais”. Fundamental é algo 
essencial, algo que não pode faltar, algo imprescindível. Esses princípios são essen-
ciais à formação, à existência, bem como à atuaçãode nosso Estado. 
Nesse sentido, os princípios fundamentais são o verdadeiro mandamento nu-
clear de todo o sistema normativo, administrativo e judicial do Estado Brasileiro.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
10 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Dirley da Cunha Júnior2 ensina que “apesar de os princípios fundamentais ex-
pressarem decisões políticas fundamentais que estabelecem as bases políticas do 
Estado, esses princípios são verdadeiras normas jurídicas operantes e vinculantes, 
que todos os órgãos encarregados de criar e aplicar o Direito devem ter em conta e 
por referência, seja em atividades de interpretação, seja em atividades de positiva-
ção do direito infraconstitucional (leis e demais atos normativos)”. E conclui: “pode-
mos assegurar que toda atividade de criação, interpretação e aplicação do 
Direito tem nos princípios fundamentais do Título I o seu ponto de partida”.
O resumo é: todos os Poderes, no exercício de função típica ou atípica, devem 
observar os princípios fundamentais, sob pena de atuarem em desrespeito à Cons-
tituição, pois esses princípios não são meros conselhos ou recomendações. 
Na verdade, são normas jurídicas vinculantes dirigidas a todos poderes do Estado3.
Ah, um detalhe! O Estado Brasileiro, tecnicamente, chama-se4 República Fede-
rativa do Brasil (RFB).
Aqui, é importante ressaltar uma esclarecedora visão sistemática dos princípios 
fundamentais desenvolvida por José Afonso da Silva5, para quem esses princípios 
podem ser assim discriminados:
a) Princípios relativos à existência, forma e tipo de Estado – princípio federalista 
(República Federativa do Brasil), soberania, Estado Democrático de Direito (art. 1º);
b) Princípio relativo à forma de governo – princípio republicano (República, 
art. 1º);
c) Princípio relativo à organização dos poderes – separação de poderes (art. 2º);
d) Princípios relativos à organização da sociedade – princípio da livre organiza-
ção social, princípio da convivência justa e princípio da solidariedade (art. 3º, I);
e) Princípios relativos à vida política – princípio da cidadania, princípio da digni-
dade das pessoas e princípio do pluralismo político (art. 1º, II, III e V);
2 Curso de Direito Constitucional. 10 ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. p. 457.
3 Para nosso estudo, Estado ou Estado Brasileiro refere-se à República Federativa do Brasil; estados ou esta-
dos-membros são entes regionais que compõe a nossa federação.
4 Na Constituição de 1824, chamava-se “Império do Brasil”. Da Constituição de 1891 à de 1967, chamou-se 
“Estados Unidos do Brasil”. Com a Constituição de 1988, foi “batizado” República Federativa do Brasil.
5 Comentário Contextual à Constituição. 8 ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 31.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
11 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
f) Princípios relativos ao regime democrático – princípio da soberania popular, 
princípio da representação política e princípio da participação popular direta (art. 
1º, parágrafo único);
g) Princípios relativos à prestação positiva do Estado – princípio do desenvolvi-
mento nacional (arts. 3º, II e 4º, I), princípio da justiça social (art. 3º, III), prin-
cípio da integração regional (art. 3º, III, segunda parte) e princípio da não discri-
minação (art. 3º, IV);
h) Princípios relativos à comunidade internacional – tais são os da independên-
cia nacional, da prevalência dos direitos humanos, da autodeterminação dos povos, 
da não intervenção, da igualdade entre os Estados, da defesa da paz, da solução 
pacífica dos conflitos e do repúdio ao terrorismo e ao racismo (art. 4º), e o da in-
tegração da América Latina (art. 4º, parágrafo único).
Levando em conta essa visão sistemática, cuidaremos, de agora em diante, dos 
seguintes temas:
• A forma de governo;
• A forma de Estado;
• O regime político ou de governo;
• Os fundamentos da República Federativa do Brasil;
• Os objetivos fundamentais da RFB;
• Os princípios aplicáveis às relações internacionais;
• O princípio democrático ou da soberania popular;
• O princípio da separação de poderes.
Uma última informação valiosa:
Todos os temas do Título I de nossa Constituição (art. 1º a 4º) são princípios 
fundamentais. Dessa forma, podemos, por exemplo, dizer que:
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
12 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
• soberania é um fundamento, mas também é um princípio fundamental;
• o princípio da separação de poderes é um princípio fundamental;
• a cidadania, a construção de uma sociedade livre e a concessão de asilo polí-
tico são princípios fundamentais.
Fique atento! Isso é bastante explorado nas provas.
O que não pode ser admitido é a “mistura” dos fundamentos com os objetivos 
fundamentais ou com os princípios aplicáveis às relações internacionais.
O examinador adora fazer isto:
(COPESE-UFPI/PREFEITURA DE TERESINA-PI/2015) São objetivos fundamentais 
da República Federativa do Brasil, dentre outros, não intervenção, defesa da paz e 
cidadania6.
2.1. Forma de Governo
Para início de nossa conversa, já anote aí: o Brasil, desde 18897, adota a Re-
pública como forma de governo. Essa informação inicial já vale um pontinho na 
prova!
Mais um ponto importante: nos termos do art. 2º do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias (ADCT8), no dia 7 de setembro de 1993, o eleitorado 
6 Questão errada. Não intervenção e defesa da paz são princípios regentes das relações internacionais. Cida-
dania é fundamento da RFB.
7 Decreto n. 1, de 15 de novembro de 1889.
8 É um conjunto de normas constitucionais que têm como finalidade principal a regulamentação da transição 
entre uma Constituição pretérita e um novo texto constitucional. O ADCT possui numeração própria de arti-
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
13 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
brasileiro deveria definir, por meio de plebiscito, a forma (república ou monarquia 
constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que 
deveriam vigorar no país. Esse plebiscito ocorreu em 21 de abril de 1993 (data 
alterada pela Emenda Constitucional n. 2/1992), e o eleitorado brasileiro, por 
ampla maioria, decidiu manter a República (forma de governo) e o presi-
dencialismo (sistema de governo).
A forma de governo designa a maneira pela qual os governantes “chegam” ao 
exercício do poder, bem como a relação existente entre governantes e governados. 
Além disso, demonstra como se dará a permanência do governante no exercício do 
poder.
Atualmente, temos duas formas básicasde governo: a república e a monarquia.
A república (res publica) é a coisa do povo. Ora, se “a coisa é do povo”, a esse 
caberá a escolha daqueles que poderão cuidar dos interesses populares (gover-
no representativo). Além disso, o titular do poder, de tempos em tempos, poderá 
substituir os seus representantes (princípio da alternância).
Em face dessas breves notas, podemos enumerar algumas características im-
portantes da forma de governo republicana. Vejamos:
1ª – Eletividade – os governantes são investidos no poder por meio de elei-
ções diretas (é a regra) ou indiretas9 (excepcionalmente). Observe que se trata de 
governo representativo, na medida em que os governantes devem exercer suas 
funções em nome (e em favor) de quem os elegeu.
2ª – Temporariedade do mandato – os governantes são investidos no poder 
para exercê-lo por um tempo determinado10, após o qual haverá a escolha de novos 
representantes. Nota-se a necessidade de alternância no exercício do poder.
gos, localizando-se logo após o artigo 250 da parte permanente da Constituição. 
9 Exemplo de eleição indireta para Presidente e Vice-presidente da República: Art. 81, § 1º – Ocorrendo a 
vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias 
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 
10 Em regra, os mandatos eletivos são de quatro anos. Para senador, entretanto, o mandato é de oito anos.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
14 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
3ª – Prestação de contas – considerando que o governante cuida de algo que 
não é seu, ele deverá prestar contas de sua administração. Em relação à prestação 
de contas, vale destacar alguns dispositivos constitucionais relacionados:
Art. 17, III – prestação de contas relativas aos partidos políticos;
Art. 30, III – obrigação de o Município prestar contas acerca da utilização de suas re-
ceitas tributárias;
Art. 31, § 2º – obrigação de o Prefeito prestar contas anualmente;
Art. 34, VII, d – princípio constitucional sensível – prestação de contas da administra-
ção pública, direta e indireta, o qual, se desobedecido, pode levar à intervenção federal;
Art. 35, II – possibilidade de intervenção estadual se não forem prestadas contas mu-
nicipais devidas, na forma da lei; 
Art. 70, parágrafo único – prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e va-
lores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obri-
gações de natureza pecuniária;
Art. 84, XXIV – obrigação de o Presidente da República prestar, anualmente, ao Con-
gresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as con-
tas referentes ao exercício anterior.
Continuando com as características da forma de governo republicana.
4ª – Responsabilização do governante – o governante, ao assumir o cargo, 
tem por compromisso manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, 
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a inde-
pendência do Brasil11. Dessa forma, caso haja o descumprimento dessa promessa, 
poderá haver a responsabilização do governante, tanto por crimes comuns quanto 
por crimes de responsabilidade.
5ª – Princípio da impessoalidade e da igualdade – considerando que a 
República é a coisa do povo, seus integrantes devem receber igual tratamento 
perante a lei (igualdade formal). Nessa linha, ensina Dirley da Cunha Júnior12 que 
“na República é intolerável o tratamento distintivo entre pessoas que se encontram 
11 Art. 78. Compromisso do Presidente e do Vice-presidente perante o Congresso Nacional.
12 Curso de Direito Constitucional. 10 ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. p. 461.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
15 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
numa mesma posição jurídica. Não pode haver distinções de qualquer natureza, 
exatamente porque essa forma de governar é incompatível com discriminações de 
classes, pois inexiste, na República, classe dominante e classe dominada. Todos 
são cidadãos. Assim, a República impõe o princípio da igualdade como postulado 
básico da organização política e jurídica”.
Quadro resumo:
Principais características da forma republicana de governo
• Eletividade
• Temporariedade do mandato
• Prestação de contas
• Responsabilização do governante
• Princípio da igualdade e da impessoalidade
Veja agora o que o nosso órgão de cúpula do Poder Judiciário já decidiu acerca do 
princípio republicano. Ah, órgão de cúpula é o órgão máximo do Judiciário, beleza?
Segundo o Supremo Tribunal Federal, “o postulado republicano – que repele 
privilégios e não tolera discriminações – impede que prevaleça a prerrogativa 
de foro, perante o STF, nas infrações penais comuns, mesmo que a prática delituo-
sa tenha ocorrido durante o período de atividade funcional, se sobrevier a cessação 
da investidura do indiciado, denunciado ou réu no cargo, função ou mandato cuja 
titularidade (desde que subsistente) qualifica-se como o único fator de legitimação 
constitucional apto a fazer instaurar a competência penal originária da Suprema 
Corte (CF, art. 102, I, b e c). Cancelamento da Súmula 394/STF (RTJ 179/912-
913). Nada pode autorizar o desequilíbrio entre os cidadãos da República. 
O reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o STF, nos ilícitos penais co-
muns, em favor de ex-ocupantes de cargos públicos ou de ex-titulares de mandatos 
eletivos transgride valor fundamental à própria configuração da ideia repu-
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
16 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
blicana, que se orienta pelo vetor axiológico da igualdade. A prerrogativa 
de foro é outorgada, constitucionalmente, ratione muneris, a significar, portanto, 
que é deferida em razão de cargo ou de mandato ainda titularizado por aquele que 
sofre persecução penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa – des-
caracterizando-se em sua essência mesma – degradar-se à condição de inaceitável 
privilégio de caráter pessoal” (Inq 1.376 AgR).
Vale salientar que Aristóteles, em sua famosa obra A Política, destacou três for-
mas de governo: a Monarquia – o governo de um só; a Aristocracia – o governo 
de uma pequena parcela, de poucos; e a República – o governo da “multidão”, de 
muitos, visando à utilidade (interesse) público. Segundo o filósofo grego, estsas 
três formas de governo poderiam se degenerar: a Monarquia em tirania; a Aristo-
cracia em oligarquia; a República em demagogia.
Essa visão tricotômica13 das formas de governo perdurou até o século XVIII 
quando Maquiavel, em O Príncipe, declarou que “todos os domínios que exerceram 
e exercem poder sobre os homens foram e são ou Repúblicas ou Principados”. A 
partir daí, tem predominado a visão dualistadas formas de governo: repú-
blica e monarquia.
Resumindo:
Formas de governo – principais características 
República Monarquia
Eletividade Hereditariedade
Temporariedade do mandato Vitaliciedade
Responsabilização do governante “Irresponsabilidade” do rei perante o povo
13 Divisão em três partes ou elementos.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
17 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Por fim, um destaque importante!
Embora a forma republicana não seja uma cláusula pétrea expressa, ela é um 
princípio constitucional sensível, o qual, se desrespeitado, pode desencadear uma 
intervenção federal (Art. 34, VII, a).
Se houver dúvidas, já sabe: corre lá no Fórum de Dúvidas e me chama, ok? 
2.2. Forma de Estado
De início, já anote: o Brasil adota a forma federativa de Estado desde 1889, 
quando também houve a proclamação da República.
Outro detalhe, que vale um pontinho na prova: a forma federativa de Estado 
é uma cláusula pétrea expressa (art. 60, § 4º, I). Dessa forma, não será objeto 
de deliberação proposta de emenda à Constituição tendente a abolir ou a esvaziar 
o conteúdo essencial da forma federativa de Estado.
Por exemplo: nem mesmo por emenda à Constituição seria admitido o retorno 
de nosso estado para unitário; da mesma forma, é vedada a permissão para “sepa-
ração” (secessão) no pacto federativo, em virtude do princípio da indissolubilidade 
do vínculo federativo (art. 1º, caput e art. 34, I).
Fique atento! Não confunda:
Quadro resumo
• FOrma de GOverno • República (a República é FOGO)
• Forma de Estado • Forma FEderativa (FE)
• SIstema de GOverno • Presidencialismo (SIGO o Presidente)
• Regime político • Estado Democrático de Direito
O examinador adora “brincar” com esses termos!
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
18 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
A forma de Estado designa a maneira pela qual o poder político é exercido em 
certo território. Se o poder é exercido de forma centralizada, havendo apenas um 
centro de poder político, que irradia suas decisões sobre todo o território do Estado, 
estaremos diante de um estado unitário (exemplos: França, Inglaterra, Uruguai). 
Se, ao contrário, nesse território houver repartição do poder político entre pes-
soas dotadas de autonomia política, encontraremos o núcleo do estado federativo 
(exemplos: Brasil, Estados Unidos da América).
Vale ressaltar que a autonomia política, no sentido amplo, envolve as seguintes 
capacidades:
1 – Auto-organização, por meio da qual os entes federativos poderão elaborar sua 
lei fundamental (exemplo: Constituição Estadual, Leis Orgânicas Municipais ou do DF);
2 – Autonormatização, por meio da qual os entes federativos elaboram suas leis;
3 – Autogoverno, por meio do qual os entes federativos organizam seu gover-
no e elegem seus representantes; e
4 – Autoadministração, por meio da qual os entes federativos prestam servi-
ços públicos próprios, contratam servidores, realizam licitações.
Parcela da doutrina tem mencionado, além do estado unitário simples e do es-
tado federativo, o estado regional e o estado autonômico. Essas duas formas de 
estado seriam uma espécie de estado unitário descentralizado, na medida em que 
haveria uma maior descentralização de poderes (administrativos e, nesse caso, 
legislativos) para as divisões regionais. Citam-se, como exemplos, a Itália e a Espa-
nha. Nota-se que o estado regional e o autonômico são verdadeiros intermediários 
entre o estado unitário simples e o estado federativo.
Além dessas, também tem sido inserida, entre as formas de estado, a confede-
ração14. Essa é uma forma de pacto entre estados soberanos (países), formalizada 
por meio de tratado internacional. Como as partes integrantes não abdicam de sua 
soberania, elas, em tese, podem sair do pacto a qualquer momento. Vale dizer, nas 
confederações, há o direito de secessão.
14 Embora a confederação, no geral, seja considerada uma forma de Estado por parcela da doutrina (isso deve 
ser levado em conta para a prova), discordamos desse posicionamento na medida em que, tecnicamente, 
não se trata de modo de exercício do poder político em determinado território. Na verdade, conforme vimos, 
trata-se de um vínculo formalizado entre estados soberanos.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
19 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
A distribuição de competências entre pessoas jurídicas titulares de autonomia polí-
tica é a característica fundamental da forma federativa de Estado.
2.2.1. Origem do Federalismo – nota objetiva
O federalismo nasceu com a Constituição dos Estados Unidos da América, em 
1787. Após a declaração de independência das treze colônias inglesas, estas, já 
detentoras de soberania (na verdade, como Estados soberanos), inicialmente reu-
niram-se em uma confederação (pacto de Estados soberanos, normalmente for-
malizado por meio de tratado internacional). Entretanto, em 1787, na conhecida 
Convenção de Filadélfia, esses Estados decidiram desfazer a confederação de Esta-
dos soberanos e “criar” um pacto indissolúvel no qual haveria apenas um Estado 
Federal soberano, formado por estados-membros autônomos. Esse pacto 
(a federação) seria formalizado por uma Constituição escrita – no caso, a primeira 
constituição escrita do mundo: a Constituição dos Estados Unidos da América. Por 
meio dessa Constituição, surgiu o federalismo norte-americano e, consequente-
mente, os Estados Unidos da América.
Note que o movimento de formação do federalismo norte-americano ocorreu 
“de fora para dentro”. Vale dizer, os Estados soberanos “abriram mão” de sua so-
berania em prol da formação do pacto federativo. Percebe-se que houve ali um 
movimento de agregação, de integração, um movimento centrípeto15. 
2.2.2. Federalismo brasileiro
Em 1889, inspirado no federalismo norte-americano, foi proclamada, no Brasil, 
a República Federativa. Com isso, as províncias até então existentes foram trans-
formadas em estados federados.
15 Centrípeto é aquilo que tende a se aproximar do centro.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
20 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Temos de ficar bem atentos com o seguinte: até 1889, o Brasil era um esta-
do monárquico-unitário. Com a edição do Decreto n. 1, de 15 de novembro de 1889, 
nosso Estado transformou-se em República Federativa. Essa decisão foi confirmada 
na Constituição de 1891 e mantida nas demais constituições, até a de 1988.
Vê-se que o nosso Estado era unitário e descentralizou-se politicamente. Obser-
ve que o movimento de formação dofederalismo brasileiro se deu de “dentro para 
fora”, ou seja, ocorreu por desagregação, segregação. A esse movimento desagre-
gador chamamos de centrífugo16.
O federalismo norte-americano surgiu por agregação (centrípeto). O federalismo 
brasileiro, por desagregação (centrífugo).
(FUNCAB/ATIVIDADE TÉCNICA – DIREITO, ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁ-
BEIS E ECONOMIA/MPOG/2015) Sobre a forma de Estado, é correto afirmar que o 
Brasil se apresenta como um(a):
a) Confederação.
b) Estado unitário com delegação de poder por descentralização.
c) Estado unitário com delegação de poder por devolução.
d) Federação por movimento centrífugo.
e) Federação por movimento centrípeto17.
16 Centrífugo é aquilo que se afasta ou se desvia do centro.
17 Letra “d”, pois o nosso federalismo nasceu por um movimento de desagregação.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
21 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Vamos agora analisar as principais características da forma federativa de Estado.
1ª – Atribuição de soberania apenas ao Estado Federal (no nosso caso, à 
República Federativa do Brasil, que é a pessoa jurídica de direito público internacio-
nal ou externo – art. 1º, I, e art. 4º, I);
2ª – Repartição do poder político entre pessoas federativas dotadas de auto-
nomia política (nossos entes federativos18 – União, Estados, DF e Municípios – são 
autônomos – art. 18, caput – pessoas jurídicas de direito público interno);
Vamos destacar dois pontos:
1º – Percebeu que a União possui somente autonomia? Pois é, a banca 
examinadora insiste em dizer que a União tem soberania. Isso é errado ou 
falso? Os dois, né? Anota aí, beleza!? A União possui autonomia.
Em virtude disso, não há hierarquia entre os entes federativos. Se a União fosse 
soberana, os demais entes deveriam se subordinar ao governo federal. O que nossa 
Constituição, EXPRESSAMENTE, não contemplou.
2º – Em virtude da composição de nossa federação, a qual, além da União, dos 
Estados e DF, inclui os Municípios, diz-se que nosso federalismo, quanto a esse as-
pecto, é tricotômico ou de segundo ou duplo grau. 
3ª – Pacto indissolúvel formalizado por uma Constituição escrita e rígida (não 
existe direito de secessão – art. 34, I – princípio da indissolubilidade do pacto 
federativo e possibilidade de intervenção federal para manter a sua inte-
gridade);
18 Território Federal não é ente federativo, na forma do § 2º do artigo 18. Trata-se, segundo a doutrina, de 
autarquia territorial da União.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
22 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
4ª – Existência de um tribunal da Federação (no caso, o Supremo Tribunal 
Federal, a quem cabe julgar os conflitos federativos – art. 102, I, f);
5ª – Participação (paritária) dos entes federativos na formação das de-
cisões nacionais (no caso, por meio do Senado Federal – a casa política da Fede-
ração – art. 46);
6ª – A forma federativa de Estado é uma cláusula pétrea expressa (art. 60, 
§ 4º, I).
(CESPE/JUIZ DO TRABALHO/TRT 5ª REGIÃO – BA/2013) Como o federalismo esta-
belecido na CF é assimétrico, é conferido aos estados, aos municípios e ao Distrito 
Federal, como entes federativos, o direito de secessão19.
Quadro resumo:
Principais características da forma federativa de Estado
Atribuição de soberania apenas ao Estado Federal
Pessoas federativas dotadas de autonomia política
Pacto indissolúvel
Existência de um tribunal da Federação
Participação dos entes federativos na formação das decisões nacionais
A forma federativa de Estado é uma cláusula pétrea expressa
(CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA/TRE-MT/2015) Nos termos da 
CF, em casos de crise institucional ou por decisão da população diretamente inte-
ressada, é garantido ao ente federativo o direito de secessão, ou seja, de desagre-
gar-se da Federação20.
19 Questão errada. O pacto federativo é indissolúvel, não se admitindo o direito de secessão.
20 Questão errada. O pacto federativo é indissolúvel. Dessa forma, nem mesmo por meio de emenda à Cons-
tituição seria possível autorizar o direito de secessão, pois se trata de núcleo essencial da forma federativa 
de Estado, a qual é uma cláusula pétrea.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
23 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
2.3. Princípio Fundamental do Estado Democrático de Direito
A Constituição Federal de 1988 estabelece que a República Federativa do Brasil 
constitui-se em Estado Democrático de Direito. Parcela da doutrina entende que se 
trata do regime político (ou de governo) adotado no Brasil. 
Segundo Dirley da Cunha Júnior21, o Estado de Democrático de Direito é princí-
pio fundamental que reúne os princípios do estado de direito e do estado democrá-
tico, não como simples reunião formal, mas como providência de transformação do 
status quo22 e garantia de uma sociedade pluralista, livre, justa e solidária, em que 
todo o poder emane do povo e seja exercido em benefício do povo, com o reconhe-
cimento e a afirmação dos direitos humanos fundamentais que possam realizar, na 
sua plenitude, a dignidade da pessoa humana.
O núcleo do Estado Democrático de Direito é um Estado governado pela vontade 
da lei (império da lei – aspecto formal), a qual deve ser elaborada por represen-
tantes do povo (legitimidade democrática – aspecto material) e, além disso, 
encontrar-se em sintonia com os interesses populares.
A origem do estado de direito está vinculada à luta da burguesia contra o ab-
solutismo que dominou até a metade do século XVIII. Tinha por bandeira, ba-
sicamente, a submissão de todos, sobretudo o Estado, ao império da lei, a 
separação de poderes e a declaração de direitos individuais23.
Antes do advento do estado de direito, o rei ou monarca possuía um poder ab-
soluto, em virtude do qual decidia as questões de interesse do Estado da forma lhe 
conviesse. Nesse tipo de estado (absoluto), em tese, “o rei pode tudo”.
Com a implantação do estado de direito, no entanto, a fonte primária das de-
cisões desloca-se da vontade do governante para a vontade da lei. Note a 
vinculação direta entre o estado de direito e o princípio da legalidade.
21 Curso de Direito Constitucional. 10 ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. p. 462.
22 Expressão latina que pode ser traduzida como “no mesmo estado que antes”.
23 Dirley da Cunha Júnior. Op. cit. p. 462.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
24 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Entretanto, nessa fase do estado de direito, não havia uma preocupação com 
o aspecto material (conteúdo) ou de legitimidade da lei. Vale dizer,o governante 
tinha que fundamentar suas decisões em uma lei (preocupação apenas com o as-
pecto formal), independentemente de o conteúdo da lei ser legítimo ou não.
Em razão disso, deu-se mais um passo nessa evolução (começamos no estado 
absolutista, avançamos para o estado de direito), e chegamos ao Estado Demo-
crático de Direito. Nessa nova fase, que representa uma verdadeira transforma-
ção em relação às etapas anteriores, exige-se que a lei, além de respeitar as exi-
gências formais (processo legislativo), apresente um conteúdo (aspecto material) 
que esteja em sintonia com os anseios democráticos, ou seja, que materialize os 
interesses do povo.
A Constituição de 1988 inovou e reuniu, em um mesmo princípio, as bases do 
estado de direito e do estado democrático, provocando a conexão entre os seus 
postulados. Assim, se é certo que o elemento básico do estado de direito é a lei, 
não menos certo é que a lei deixa de ser entendida como mero enunciado formal 
do legislador, desprovida de conteúdo material ou substancial, para ser concebida e 
exigida como um ato de concretização dos valores humanos, morais e éticos funda-
mentais consagrados na Constituição, numa perspectiva democrática imposta pela 
soberania popular. Desse modo, lei que não atende a essa exigência é lei inconsti-
tucional e deve ser desprezada24.
Atualmente, em virtude do neoconstitucionalismo, a doutrina já defende uma 
nova ótica, qual seja: o Estado Constitucional de Direito, no qual a Constituição 
Federal, e não mais a lei, assume o papel de centralidade na definição das condutas 
sociais e estatais.
24 Dirley da Cunha Júnior. Op. Cit. 463.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
25 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Por fim, acompanhe comigo algumas características relevantes do Estado 
Democrático de Direito25:
a) Constitucionalidade: vinculação do Estado Democrático de Direito a uma 
Constituição como instrumento básico de garantia jurídica;
b) Organização democrática da sociedade;
c) Sistema de direitos fundamentais individuais e coletivos, seja como 
Estado “de distância”, porque os direitos fundamentais asseguram ao homem uma 
autonomia perante os poderes públicos, seja como um Estado “antropologicamente 
amigo”, pois respeita a dignidade da pessoa humana e empenha-se na defesa e 
garantia da liberdade, da justiça e da solidariedade;
d) Justiça social como mecanismo corretivo das desigualdades;
e) Igualdade não apenas como possibilidade formal, mas também como arti-
culação de uma sociedade justa;
f) Especialização dos Poderes ou de funções, marcada por um novo rela-
cionamento e vinculada à produção dos “resultados” buscados pelos “fins constitu-
cionais”;
g) Legalidade que aparece como medida do direito, isto é, através de um meio 
de ordenação racional, vinculativamente prescritivo, de regras, formas e procedi-
mentos que excluem o arbítrio e a prepotência;
h) Segurança e certeza jurídicas.
(QUADRIX/ANALISTA TÉCNICO/CFP/2016) O Estado Democrático de Direito ba-
seia-se em uma sociedade livre, justa e solidária, como afirma nossa Constituição, 
na qual o poder deve emanar do povo, sendo exercido em seu proveito, diretamen-
25 STRECK, Lenio L. Comentário ao artigo 1º. In: CANOTILHO, J.J. Gomes; MENDES, Gilmar F; SARLET, Ingo 
W. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. p. 114.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
26 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
te, ou por meio de representantes eleitos. Deve ser um Estado promotor de justiça 
social, tendo a legalidade como princípio basilar. Porém, a lei não deve ficar adstrita 
em uma esfera puramente normativa e abstrata, mas, sim, deve influir na realidade 
social do povo. Os princípios que alicerçam o Estado Democrático de Direito são, 
exceto:
a) Princípio da constitucionalidade.
b) Sistema de direitos fundamentais.
c) Igualdade.
d) Unificação de poderes.
e) Segurança jurídica26.
Lembrando: se precisar, estou aqui no Fórum de Dúvidas à sua disposição, 
beleza? É só me chamar!
Vamos avançar…
2.4. Princípio Democrático ou da Soberania Popular
Diz a Constituição que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição. Esse é o ponto 
de partida para analisarmos o princípio democrático ou da soberania popular.
De início, temos de diferenciar duas “coisitas”: a titularidade do poder e a forma 
pela qual ele é exercido.
Em relação à titularidade, vimos que o poder pertence ao povo. Trata-se de 
uma decorrência do regime democrático27, o qual foi elevado à condição de princí-
pio constitucional sensível pelo nosso constituinte (art. 34, VII, a).
26 Gabarito: letra “d”, pois a especialização de funções entre os poderes é uma das características do Estado 
Democrático de Direito.
27 A palavra democracia tem origem na Grécia Antiga. (demo = povo e kracia ou cratos = poder ou governo). 
Daí a ideia de poder do povo como algo inerente ao regime democrático.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
27 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Só lembrando: o desrespeito aos princípios constitucionais sensíveis pode le-
var à decretação de intervenção federal, na forma indicada nos artigos 34 e 36 de 
nossa Constituição.
Quanto ao exercício do poder, a Constituição deixa claro que há duas for-
mas, quais sejam:
a) o exercício diretamente pelo povo (democracia direta);
b) o exercício indireto, por meio de representantes eleitos (democracia repre-
sentativa).
Em decorrência da conjugação dessas duas formas de exercício do poder, diz a 
doutrina que a democracia brasileira é semidireta ou participativa, na medi-
da em que conciliamos a democracia direta com a democracia representativa.
No exercício direto do poder (democracia direta), o povo28, sem interme-
diários, participa diretamente das decisões políticas do Estado. 
Nos termos do caput do artigo 14, a soberania popular será exercida pelo sufrá-
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos 
da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular.
Encontramos, nesse dispositivo, alguns meios exemplificativos de exercício di-
reto do poder.
No exercício indireto (democracia representativa), são eleitos represen-
tantes (no sentido geral, Presidente, Governadores, Prefeitos, Deputados, Senado-
res, Vereadores) que atuarão em nome do povo (e para o povo).
2.5. Princípio da Separação (funcional) dos Poderes
O princípio da separação funcional de poderes, o qual é uma cláusula pétrea 
expressa (art. 60, §, 4º, III), está previsto no artigo 2º de nossa Constituição.
Nos termos do art. 2º, são Poderes da União, independentes e harmônicos entre 
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
28 Povo, um dos elementos constitutivos do Estado,pode ser definido como o conjunto dos nacionais de um 
determinado Estado. No ordenamento jurídico brasileiro, pode-se dizer que se tratam dos brasileiros natos e 
naturalizados. Mais abrangente que o conceito de povo é o de população. Neste, incluem-se todas as pessoas 
que se encontram em um determinado Estado num dado momento. Nesse caso, além dos nacionais, podem 
ser incluídos os estrangeiros e os apátridas.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
28 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Os Estados-membros também possuem os três poderes mencionados. 
Os Municípios, por sua vez, possuem apenas Legislativo (Câmara de Vereado-
res) e Executivo (Prefeito e Vice). Não há Poder Judiciário municipal (isso é básico, 
mas cai muito na prova!).
No Distrito Federal, temos uma situação meio atípica. Segundo o artigo 53 da 
Lei Orgânica do DF, são poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos 
entre si, o Executivo e o Legislativo.
Note que o DF também não possui Poder Judiciário (próprio). Por exemplo, o 
TJDFT é um órgão federal que atua no DF. Os servidores do TJDFT não são 
vinculados ao governo do Distrito Federal. São, na verdade, servidores públicos 
federais.
Isso decorre do inciso XIII do artigo 21 da Constituição Federal, segundo o 
qual compete à União organizar e manter o Poder Judiciário e o Ministério 
Público do Distrito Federal e Territórios (o examinador vai te perguntar sobre 
isso!!!).
Resumindo…
Organização dos Poderes
Poderes da 
União
Poderes dos 
Estados-membros
Poderes dos 
Municípios
Poderes do
Distrito Federal 
• Legislativo
• Executivo
• Judiciário
• Legislativo
• Executivo
• Judiciário
• Legislativo
• Executivo 
--------------
• Legislativo
• Executivo 
--------------
Nossa Lei Maior (desde a Constituição de 1891) adota a teoria tripartida dos 
Poderes, conforme a formulação de Montesquieu (no Livro Espírito das Leis). En-
tretanto, em nossa Constituição Imperial havia a previsão de quatro poderes (visão 
quadripartida): Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador.
A previsão desses Poderes do Estado decorre da soberania estatal, a qual é 
una e indivisível. Em virtude disso, a doutrina ensina que, na verdade, existe uma 
divisão de funções estatais, pois o poder, em si, é uno e indivisível (assim como a 
soberania da qual decorre).
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
29 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Vamos conversar um pouquinho mais sobre isso?
No Estado, há três funções básicas: a legislativa ou legiferante (ato de criação 
das leis), a executiva ou administrativa, e a jurisdicional.
Durante muito tempo, essas três funções encontravam-se concentradas nas 
mão de uma só pessoa. Normalmente, nas mão do rei (especialmente, até o século 
XVIII).
Perceba que, nessa época, já havia as três funções estatais básicas, o “proble-
ma” era a centralização delas nas mãos de uma só pessoa.
A grande mudança ocorrida, em especial após o século XVIII, foi a entrega de 
cada uma dessas funções a órgãos distintos (a isso que se chama de separação 
funcional dos poderes).
A Revolução Francesa, em 1789, “embalada” pelos ensinos do Montesquieu, foi 
o principal marco nessa mudança.
Nessa linha, destaca-se o artigo 16 da Declaração de Direitos do Homem e do 
Cidadão, de 26 de agosto de 1789, segundo o qual “a sociedade em que não esteja 
assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não 
tem Constituição”. 
Perceba que a separação de poderes, já nesse texto de 1789, foi elevada à 
categoria de norma materialmente constitucional, indispensável à identidade da 
Constituição. 
Aqui vale lembrar (e anotar!) que o princípio da separação de poderes é uma 
cláusula pétrea expressa (art. 60, § 4º, III). Vale dizer, integra a identidade de 
nossa Constituição.
Essa separação de funções entre órgãos estatais distintos (divisão de poderes), 
conforme destacado, é o núcleo da teoria do Montesquieu. 
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
30 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Segundo os ensinos do professor José Afonso da Silva29, a divisão de Poderes 
fundamenta-se, pois em dois elementos: a) especialização funcional, significando 
que cada órgão é especializado no exercício de uma função; b) independência or-
gânica, significando que, além da especialização funcional, é necessário que cada 
órgão seja efetivamente independente dos outros, o que postula ausência de meios 
de subordinação.
É fundamental ter em mente que nem a divisão de funções entre os órgãos 
do Poder nem sua independência são absolutas. Há interferências, que visam 
ao estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos, à busca do equilíbrio 
necessário à realização do bem da coletividade e indispensável para evitar o arbítrio 
e o desmando de um em detrimento do outro, e especialmente dos governados30.
2.5.1. Funções típicas e atípicas
Nos termos do artigo 2º, já citado, os Poderes devem atuar com independência 
e harmonia. Além da tradição constitucional, essa fórmula (principalmente, consi-
derando os Poderes Legislativo e Executivo) é uma decorrência direta do sistema 
presidencialista de governo.
Nós vimos que há três funções estatais básicas: legislativa, executiva ou admi-
nistrativa e jurisdicional.
Levando em conta os ensinos do Montesquieu, cada função deve ser entregue a 
um órgão distinto, para que este a exerça com independência e em harmonia com 
demais poderes.
Desse binômio, independência e harmonia, criou-se a teoria das funções típicas 
e atípicas.
29 Comentário Contextual à Constituição. 8 ed. São Paulo: Malheiros. p. 46.
30 José Afonso da Silva. Op. Cit. 46.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
31 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
A função típica (principal, direta, imediata) é a que prepondera no Poder. Já 
a função atípica (secundária, indireta) seria o exercício de parcela de função de 
outro Poder.
Vamos analisar alguns exemplos para esclarecer melhor:
1º – A função típica do Poder Legislativo é a legislativa (e a fiscalizatória). Pelo 
exercício da função legislativa ou legiferante, o Poder Legislativo, normalmente, cria 
direito novo (legisla), por meio das espécies normativas previstas no artigo 5931.
Entretanto, além dessa função predominante, o Legislativo também exerce fun-
ção jurisdicional, quando, por exemplo, o Senado Federal processa e julga o Pre-
sidente da República nos crimes de responsabilidade (art. 52, I). Note que, nesse 
caso, o Legislativo não está exercendo sua funçãotípica. Na verdade, está exer-
cendo parcela de poder que, tipicamente, pertence ao Judiciário. Por isso, diz-se 
que se trata de função atípica, pois o Legislativo não estaria exercendo sua função 
principal ou preponderante.
Podemos ainda citar o Legislativo organizando sua estrutura de pessoal (reali-
zando concursos públicos) ou mesmo patrimonial. Nesses últimos casos, o Legisla-
tivo exerce função atípica administrativa.
2º – Ao Poder Judiciário compete a função típica de dizer o direito diante dos 
casos concretos que lhe são apresentados. “Dizer o direito” é o núcleo da função 
jurisdicional – a função típica, principal, preponderante ou predominante no Po-
der Judiciário.
No entanto, o Judiciário cria normas (por exemplo, seus regimentos internos), 
bem como administra suas secretarias, contrata servidores e realiza licitações.
Nesses dois casos, temos o Judiciário exercendo funções atípicas normativas 
e administrativas, respectivamente.
31 À exceção da medida provisória, a qual é editada pelo Presidente da República em casos de relevância e 
urgência (art. 62).
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
32 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
O núcleo da teoria das funções típicas e atípicas é: os três32 Poderes exercem as 
três funções. Ora de forma típica, ora atípica.
2.5.2. Teoria dos freios ou contrapesos
Ainda na lição de Montesquieu, o poder deveria controlar o poder, para que 
não fossem repetidas as arbitrariedades cometidas no antigo regime de centraliza-
ção de funções. Com base nessa máxima, criou-se a teoria dos controles recíprocos, 
dos freios e contrapesos ou, na formulação americana, dos checks and balances.
Funciona basicamente assim:
Um Poder deve controlar o outro e, por este, será controlado.
Devemos ressaltar que o exercício desse controle interpoderes está sujeitos aos 
limites impostos no texto constitucional, a fim de que não haja ingerências indevi-
das de um Poder sobre o outro.
O Supremo Tribunal Federal, sobre isso, já decidiu que a fiscalização legislativa 
da ação administrativa do Poder Executivo é um dos contrapesos da CF à separa-
ção e independência dos Poderes: cuida-se, porém, de interferência que só a 
Constituição da República pode legitimar (ADI 3.046).
Note que somente a Constituição pode legitimar o controle exercido por 
um Poder sobre o outro. A lei não pode criar novas formas de freios e contrape-
sos que não encontrem fundamento na Constituição Federal.
32 Parcela da doutrina administrativista tem defendido que o Poder Executivo não exerce função jurisdicional, 
pois não houve essa previsão na Constituição. Embora respeitemos essa posição, com ela discordamos, pois, 
embora o Executivo não exerça a função jurisdicional no sentido restrito (aquela que faz coisa julgada), ele 
a exerce no contencioso administrativo, julgando os processos administrativos que lhes são próprios.
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
33 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Exemplificando a teoria:
1º exemplo – O Legislativo, após aprovar projeto de lei, deve remetê-lo ao 
Chefe do Poder Executivo para sanção ou veto. Sanção ou veto são meios de con-
trole do Poder Executivo sobre o Legislativo. Ressalta-se, ainda, a possibilidade de 
o Congresso Nacional “derrubar” o veto presidencial (art. 66, § 5º). Agora, a situ-
ação se inverte: Legislativo controlando o Executivo.
2º exemplo – O projeto de lei foi aprovado pelo Legislativo, sancionado, pro-
mulgado e publicado pelo Executivo. O Judiciário pode declarar a inconstituciona-
lidade dessa lei, invalidando-a em face da Constituição. Trata-se de controle do 
Judiciário sobre atos do Legislativo e do Executivo.
3º exemplo – Surgindo uma vaga no Supremo Tribunal Federal, caberá ao Pre-
sidente da República a indicação de um nome que preencha os requisitos constitu-
cionais. Após a indicação, caberá ao Senado Federal aprovar, por maioria absoluta, 
o nome indicado pelo Presidente (art. 101). Havendo a aprovação pelo Senado, o 
Presidente da República nomeará o novo ministro do STF. Trata-se de controle do 
Executivo sobre o Judiciário, e do Legislativo sobre o Executivo e o Judiciário.
(CESPE/ANALISTA – DIREITO/MPU/2013) A CF instituiu mecanismos de freios e 
contrapesos, de modo a concretizar-se a harmonia entre os Poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário, como, por exemplo, a possibilidade de que o Poder Judiciário 
declare a inconstitucionalidade das leis33. 
33 Questão certa. O controle de constitucionalidade é uma forma de materialização da teoria dos freios e con-
trapesos. 
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
34 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
Por fim, é importante destacarmos algumas decisões do Supremo Tribunal Fe-
deral acerca do princípio da separação dos Poderes. Vejamos.
Segundo o STF:
• Não ofende os princípios da separação e da harmonia entre os Poderes do 
Estado a decisão do Supremo Tribunal Federal que, em inquérito destinado a 
apurar ilícitos penais envolvendo deputado federal, determinou, sem prévia 
autorização da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, a coleta de dados 
telemáticos nas dependências dessa Casa Legislativa (AC 4.005 AgR);
• A convocação de sessão extraordinária pela edilidade (o caso envolvia uma 
Câmara de Vereadores) configura ato interna corporis, não passível, portanto, 
de revisão pelo Poder Judiciário, maculando-se o princípio da separação 
dos Poderes, assegurado no art. 2º da CF (SL 846 AgR);
• É lícito ao Judiciário (não viola a separação de Poderes) impor à Administra-
ção Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na 
execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais. Suprema-
cia da dignidade da pessoa humana que legitima a intervenção judicial (RE 
592.581, com repercussão geral);
• O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a adminis-
tração pública adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente 
reconhecidos como essenciais, sem que isso configure violação do princí-
pio da separação dos poderes, inserto no art. 2º da CF (RE 669.635 AgR);
• É inconstitucional (por ferir a separação de poderes) qualquer tentativa 
do Poder Legislativo de definir previamente conteúdos ou estabelecer prazos 
para que o Poder Executivo, em relação às matérias afetas a sua iniciativa, 
apresente proposições legislativas, mesmo em sede da Constituição estadu-
al, porquanto ofende, na seara administrativa, a garantia de gestão superior 
dada ao chefe daquele Poder (ADI 179);
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
35 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais –CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
• Quando o Executivo e o Judiciário expedem atos normativos de caráter não 
legislativo – regulamentos e regimentos, respectivamente –, não o fazem no 
exercício da função legislativa, mas no desenvolvimento de “função normati-
va”. O exercício da função regulamentar e da função regimental não decorrem 
de delegação de função legislativa; não envolvem, portanto, derrogação do 
princípio da divisão dos Poderes (HC 85.060);
• A aprovação, pelo Legislativo, da indicação dos presidentes das entidades da 
Administração Pública indireta restringe-se às autarquias e fundações públi-
cas, dela excluídas as sociedades de economia mista e as empresas públicas. 
A intromissão do Poder Legislativo no processo de provimento das 
diretorias das empresas estatais colide com o princípio da harmonia e 
interdependência entre os Poderes. A escolha dos dirigentes dessas em-
presas é matéria inserida no âmbito do regime estrutural de cada uma delas 
(ADI 1.642);
• Os requisitos constitucionais legitimadores da edição de medidas pro-
visórias, vertidos nos conceitos jurídicos indeterminados de “relevância” e 
“urgência” (art. 62 da CF), apenas em caráter excepcional se submetem 
ao crivo do Poder Judiciário, por força da regra da separação de poderes 
(art. 2º da CF) (ADI 2.213);
• Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os 
Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige prévia licença 
da Assembleia Legislativa para que o Governador e o Vice-Governador pos-
sam ausentar-se do país por qualquer prazo. Espécie de autorização que, se-
gundo o modelo federal, somente se justifica quando o afastamento exceder 
a quinze dias. Aplicação do princípio da simetria (ADI 738).
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
36 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
2.6. Fundamentos
Os fundamentos representam as bases sobre as quais o Estado Brasileiro está 
assentado.
Nos termos do art. 1º de nossa Constituição, a República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;
V – o pluralismo político.
Acompanhe comigo alguns pontos relevantes.
Soberania
A soberania pode ser conceituada como um poder político supremo e inde-
pendente, entendendo-se por supremo aquele poder que não está limitado por ne-
nhum outro na ordem interna, e por poder independente aquele que, na sociedade 
internacional, não tem de acatar regras que não sejam voluntariamente aceitas e 
está em pé de igualdade com os poderes supremos dos outros povos34.
Jean Bodin foi o primeiro teórico acerca do conceito de soberania. Ele o de-
senvolveu, no século XVI, em sua obra Os Seis Livros da República. Para Bodin, a 
soberania é um poder absoluto e perpétuo da República. Destaca-se que, já àquela 
época, Bodin defendia a limitação do poder absoluto do monarca pelas leis naturais 
e pelas leis de Deus (leis divinas).
34 CAETANO, Marcelo. Direito Constitucional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987. p. 169. V.1. 
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
37 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
A soberania tem sido estudada, atualmente, sob duas óticas distintas: sobera-
nia interna e soberania externa. Não são duas soberanias diferentes, pois a 
soberania é una e indivisível! Trata-se de apenas uma soberania, mas estudada 
por dois ângulos distintos (como se fossem dois lados de uma mesma moeda).
A soberania interna vincula-se ao poder do povo (soberania popular ou prin-
cípio democrático, conforme estudamos anteriormente).
No plano externo, a soberania vincula-se à independência nacional (art. 4º, I). 
Essa visão dualista ou dicotômica já foi abordada pelo Supremo Tribunal Federal. 
Em decorrência dessa face externa da soberania, os Estados estrangeiros, no plano 
internacional, atuam em regime de cooperação ou colaboração. Não há subordina-
ção entre os países. 
Segundo o STF, o art. 1º da Constituição assenta como um dos fundamentos do 
Estado Brasileiro a sua soberania – que significa o poder político supremo dentro do 
território, e, no plano internacional, no tocante às relações da República Federativa 
do Brasil com outros Estados soberanos, nos termos do art. 4º, I, da Carta Magna. 
A soberania nacional no plano transnacional funda-se no princípio da independên-
cia nacional, efetivada pelo Presidente da República, consoante suas atribuições 
previstas no art. 84, VII e VIII, da Lei Maior. A soberania, dicotomizada em interna 
e externa, tem na primeira a exteriorização da vontade popular (art. 14 da CRFB) 
através dos representantes do povo no parlamento e no governo; na segunda, a 
sua expressão no plano internacional, por meio do Presidente da República (Rcl 
11.243).
Veja alguns dispositivos constitucionais relacionados à soberania:
• Art. 5º, LXXI – mandado de injunção, quando a falta de norma regulamenta-
dora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
• Art. 14, caput – formas de exercício direto da soberania popular;
O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
38 de 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios Fundamentais – CESPE
Prof. Wellington Antunes 
www.grancursosonline.com.br
• Art. 17, caput – os partidos políticos devem resguardar a soberania nacional;
• Art. 91, caput – o Conselho Nacional de Defesa opina nos assuntos relativos 
à soberania nacional;
• Art. 170, I – soberania nacional como um dos princípios da ordem econômica.
Cidadania
A cidadania, assim como a soberania, pode ser estudada sob duas óticas dis-
tintas:
1ª – Cidadania vinculada ao exercício dos direitos políticos – nesse sen-
tido, cidadão é o brasileiro, nato ou naturalizado35 detentor de título de eleitor que 
possa, ao menos, votar. Esse status é imprescindível, por exemplo, para o exercí-
cio da soberania popular por meio do voto, do plebiscito, do referendo, da iniciativa 
popular, bem como para a propositura de ação popular. Nota-se aqui uma íntima 
relação entre a cidadania e o princípio democrático. Essa primeira face é chamada 
de cidadania em sentido restrito (stricto ou jurídico).
2ª – Cidadania relacionada ao direito de “possuir direitos” – trata-se aqui 
de um conceito mais amplo de cidadania, o qual não se restringe ao exercício dos 
direitos políticos. Nesse segundo sentido, todas as pessoas são vistas como titula-
res de direitos em relação ao Estado. Pode-se, a título ilustrativo, fazer um link36 
com a capacidade de gozo ou de direito extraída do artigo 1º do Código Civil, se-
gundo o qual “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Essa visão 
ampliada

Continue navegando