Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CONSTITUCIONAL PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CEBRASPE | CESPE 2 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br SUMÁRIO 1. Nota Introdutória ....................................................................................9 2. Princípios Fundamentais – Análise Contextual .............................................9 2.1. Forma de Governo .............................................................................12 2.2. Forma de Estado ................................................................................17 2.3. Princípio Fundamental do Estado Democrático de Direito .........................23 2.4. Princípio Democrático ou da Soberania Popular ......................................26 2.5. Princípio da Separação (funcional) dos Poderes ......................................27 2.6. Fundamentos ....................................................................................36 2.7. Objetivos fundamentais ......................................................................45 2.8. Princípios Aplicáveis às Relações Internacionais ......................................50 2.8.1. Notas sobre os princípios aplicáveis às relações internacionais ...............51 Lista de Questões .....................................................................................61 Gabarito ..................................................................................................69 Gabarito Comentado .................................................................................71 O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br WELLINGTON ANTUNES Professor de Direito Constitucional, Licitações, Contratos e Convênios. Servidor efetivo do MPU. Aprovado para Consultor Legislativo da Câma- ra dos Deputados/2014 (aguardando nomeação). Aprovado para Ana- lista de Finanças e Controle da CGU (aguardando nomeação). Graduado em Administração Pública. Pós-graduado em Direito Administrativo no IDP (Especialista). Instrutor interno do MPU (atuante na área de Licita- ções e Contratos. Entre outras funções, pregoeiro, elaboração de edi- tais, Projetos Básicos e Termos de Referência, instrução de processos de dispensa e de inexigibilidade) BOAS-VINDAS E APRESENTAÇÃO Olá, tudo bem? É uma grande satisfação para nós do Gran Cursos Online ter você estudando aqui conosco. Entre os valores1 que conduzirão todo o nosso trabalho, gostaria de destacar: – Amor à educação – nosso compromisso com a educação é o que move o coração da nossa empresa; – Respeito pelo aluno – o aluno é nossa razão de ser; – Excelência – perseguimos a excelência na transmissão de conhecimento com o objetivo de sempre aumentar nossos índices de aprovação. Em nosso curso, abordaremos os três pilares da disciplina de Direito Constitu- cional, que são: as disposições literais da Constituição, a jurisprudência do Supre- mo Tribunal Federal, bem como a doutrina constitucional. Tudo isso de forma clara e objetiva, entretanto, com a profundidade adequada (e necessária) para que você tenha uma preparação sólida e condizente com o nível de exigência das bancas examinadoras. Em nossas aulas, além dos pilares antes citados, trabalharemos com muitos exer- cícios de questões anteriormente cobradas. Isso é fundamental para que você possa aprender, desde já, a linguagem, bem como a forma como as questões são exigidas. 1 Se tiver interesse em conhecer um pouco mais sobre o Gran Cursos Online, acesse: https://www.grancur- sosonline.com.br/quem-somos. Autor O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 4 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Em nossa jornada, você perceberá que a banca examinadora, normalmente, repete questões. Com isso em mente, nós trabalharemos, também, com questões de anos anteriores, para que possamos explorar os temas em sua integralidade. É importante ressaltar que nosso curso contempla as disposições do Novo Código de Processo Civil (Novo CPC). Com isso, este material torna-se úni- co e completo para a sua preparação. Use-o sem moderação, beleza! (rsrs) Em breve apresentação, meu nome é Wellington Antunes, sou professor de Direito Constitucional aqui do Gran Cursos Online. Trabalho atualmente no Ministé- rio Público da União (tomei posse em 2005). No MPU, eu atuo na área de contrata- ções públicas há, aproximadamente, 11 anos, e, também, sou Instrutor nessa área. Destaquei o “atualmente” porque estou aguardando a nomeação para a Câmara dos Deputados, para o cargo de Consultor Legislativo, concurso (dificílimo) no qual eu fui aprovado em 7º lugar (atualmente estou em 2º na ordem de classificação. E já sentindo o “cheirinho” da nomeação, rsrs). Estou na caminhada no mundo dos concursos desde 2003. Já fui reprovado em alguns concursos e, também, já tive a alegria de ser aprovado em outros. Essas experiências anteriores, em especial as reprovações, contribuíram substancialmente para a minha aprovação na Câmara. Sou apaixonado pelo que faço. Realizo-me compartilhando o conhecimento. Por fim, convido você a conhecer um pouquinho da minha trajetória como concursan- do, em nosso programa “Eu cheguei Lá”, no canal do Gran Cursos Online, no You- tube (https://youtu.be/CZDwMoLXUGU). Muito bem, feitas as devidas apresentações iniciais, vamos dar uma olhadinha no nosso roteiro, visando a sua aprovação no concurso para TÉCNICO DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – ESPECIALI- DADE: ADMINISTRAÇÃO. Adotaremos, como ponto de partida, a matéria cobrada no último edital – EDI- TAL MPU N. 1, DE 20 DE MARÇO DE 2013. Havendo a publicação do edital durante o nosso curso, faremos as devidas alte- rações para atender a todo o conteúdo, ok? O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 5 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Falando do edital, embora o prazo de validade do último concurso esteja ainda vigente (até julho de 2017), em virtude do expressivo número de cargos vagos (mais de 1.700), bem como da alta rotatividade de servidores, nós já temos uma comissão definida para a organização do próximo concurso. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe conferem o art. 127, § 2º, da Constituição Federal, combinado com o artigo 26, inciso VIII, da Lei Complementar n. 75, de 20/05/1993, resolve: Art. 1º Criar Comissão para coordenar a realização do X Concurso Público para provimento de Cargos de Analista e Técnico do Ministério Público da União, composta pelos seguintes integrantes: I – BLAL YASSINE DALLOUL II – ELOÁ TODARELLI JUNQUEIRA; III – DENISE COSTA RECEDIVE; IV – SANDRA ROBERTA DE SOUZA OLIVEIRA; V – TATIANE DINIZ DA SILVA; e VI – RAYZA MADLUM DE PAULA. Art. 2º Designar o Procurador Regional da República BLAL YASSINE DALLOUL como presidenteda comissão. Art. 3º Nas ausências e impedimentos legais do presidente da comissão, assumirá os traba- lhos a servidora Eloá Todarelli Junqueira. Art. 4º Delegar competência ao presidente da comissão, instituída por esta Portaria, para assinar contratos, ajustes de termos de cooperação, editais e celebrar convênios de caráter ad- ministrativo de interesse do Ministério Público da União, que estejam relacionados com o objeto desta Portaria. Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação. RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS Não podemos perder tempo!!! Vamos arrochar nos estudos! Um detalhe que pode te interessar: em início de carreira, um Técnico ga- nha mais de R$ 7.000,00. Para nós que somos humildes, é um bom início, né? (rsrs) O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 6 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Ah! Você vai tomar posse, e já possui aumento remuneratório aprovado por lei, até 2019. Show, né?! Vamos trabalhar “duro” para alcançar a aprovação. Essa é nossa meta. Fé na missão! Veja a matéria que foi exigida no último edital. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL. 1 Constituição da República Fe- derativa do Brasil de 1988, Emendas Constitucionais e Emendas Constitucionais de Revisão: princípios fundamentais. 2 Aplicabilidade das normas constitucionais: normas de eficácia plena, contida e limitada; normas programáticas. 3 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos. 4 Organização político-administrativa: das competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 5 Administração Pública: disposições gerais; servidores públicos. 6 Poder Judiciário: disposições ge- rais; Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça; Superior Tribunal de O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 7 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Justiça; Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do Traba- lho; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; Tribunais e Juízes dos Estados. 7 Funções essenciais à Justiça: do Ministério Público; Advocacia Pública; Advocacia e da Defensoria Pública. Acompanhe comigo o cronograma de nossas aulas. Cronograma de nossas aulas Aula 1 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Emendas Constitucionais e Emendas Constitucionais de Revisão: princípios fundamentais. Aula 2 – Aplicabilidade das normas constitucionais: normas de eficácia plena, contida e limitada; normas programáticas. Aula 3 – Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos. Aula 4 – Direitos Sociais Aula 5 – Nacionalidade Aula 6 – Direitos Políticos Aula 7 – Organização político-administrativa: das competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Aula 8 – Administração Pública: disposições gerais; servidores públicos. Aula 9 – Poder Judiciário: disposições gerais; Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça; Superior Tribunal de Justiça; Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do Trabalho; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; Tribunais e Juízes dos Estados. Aula 10 – Funções essenciais à Justiça: do Ministério Público; Advocacia Pública; Advocacia e da Defensoria Pública. Nesta aula, nós trataremos dos Princípios Fundamentais. Nosso ponto de partida são os artigos 1º a 4º da Constituição, em relação aos quais faremos uma abordagem sistemática e contextual, para que, ao final de nossa aula, você esteja preparado para enfrentar as questões acerca desse tema. Siga as orientações e as pratique, beleza?! A nossa aula está dividida em 3 partes, quais sejam: 1ª Parte – base teórica do tema. Lembrando que, ao final, você encontrará um resumo dos principais tópicos. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 8 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br 2ª Parte – lista de questões com gabarito ao final. 3ª Parte – gabarito comentado da lista de questões. Em relação à 3ª parte de nossa aula, a fim de que possamos abordar o tema na sua maior amplitude possível, eu “garimpei” muitas questões do CESPE, das mais recentes às mais antigas. Além disso, coloquei questões de outras bancas também. Tudo isso para que a matéria seja plenamente explorada. Você verá que a banca examinadora, ao longo dos anos, vai repetindo as ques- tões. Por isso, de propósito, deixei algumas questões praticamente idênticas para que você constate esta realidade: no geral, os concursos mudam, mas as questões, em sua maioria, são repetidas. Assim, é fundamental resolver questões anteriores. Fazendo isso, vou te contar um segredinho... A prova vai sofrer na sua mão!!! (rsrs) Ah!!! Se você tiver alguma dúvida no decorrer da jornada, “corre” lá no Fórum de dúvidas e me chama, ok? “Wellingtooooonnnnn”, rsrs. Eu estou aqui “do outro lado” à disposição. Vamos lá! Lembre-se: O que muda efetivamente a nossa vida são as atitudes que tomamos. Desejos e sonhos não acompanhados de atitudes são como palavras lançadas ao vento. Você pode mudar o curso de sua vida! Nunca desista dos seus sonhos! O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 9 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br PARTE I 1. Nota Introdutória Olha só. Grande parte das questões exploram esse tema de forma bem literal. Dessa forma, para que você alcance o maior êxito possível, é fundamental dar especial atenção à leitura completa dos artigos 1º ao 4º. Aqui não há contraindicações!!! Pode ler sem medo! Essas “doses” de leitura se converterão em lindos pontos na hora da prova. Para facilitar, eu coloquei o texto integral desses artigos logo após o resumo de nossa aula. Se quiser já dar uma olhadinha, basta digitar no campo localizar “dis- positivos de leitura obrigatória”. 2. Princípios Fundamentais – Análise Contextual De início, é importante destacar que os princípios fundamentais designam as características mais essenciais do Estado Brasileiro. Nesse sentido, ao estu- darmos esses princípios, poderemos conhecer, juridicamente, como o nosso Estado é formado, bem como suas principais singularidades. Os princípios fundamen- tais tratam, conforme a teoria decisionista de Carl Schmitt, das decisões políti- cas fundamentais que conformam (desenham) o nosso Estado. Note que esses princípios são chamados de “fundamentais”. Fundamental é algo essencial, algo que não pode faltar, algo imprescindível. Esses princípios são essen- ciais à formação, à existência, bem como à atuaçãode nosso Estado. Nesse sentido, os princípios fundamentais são o verdadeiro mandamento nu- clear de todo o sistema normativo, administrativo e judicial do Estado Brasileiro. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 10 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Dirley da Cunha Júnior2 ensina que “apesar de os princípios fundamentais ex- pressarem decisões políticas fundamentais que estabelecem as bases políticas do Estado, esses princípios são verdadeiras normas jurídicas operantes e vinculantes, que todos os órgãos encarregados de criar e aplicar o Direito devem ter em conta e por referência, seja em atividades de interpretação, seja em atividades de positiva- ção do direito infraconstitucional (leis e demais atos normativos)”. E conclui: “pode- mos assegurar que toda atividade de criação, interpretação e aplicação do Direito tem nos princípios fundamentais do Título I o seu ponto de partida”. O resumo é: todos os Poderes, no exercício de função típica ou atípica, devem observar os princípios fundamentais, sob pena de atuarem em desrespeito à Cons- tituição, pois esses princípios não são meros conselhos ou recomendações. Na verdade, são normas jurídicas vinculantes dirigidas a todos poderes do Estado3. Ah, um detalhe! O Estado Brasileiro, tecnicamente, chama-se4 República Fede- rativa do Brasil (RFB). Aqui, é importante ressaltar uma esclarecedora visão sistemática dos princípios fundamentais desenvolvida por José Afonso da Silva5, para quem esses princípios podem ser assim discriminados: a) Princípios relativos à existência, forma e tipo de Estado – princípio federalista (República Federativa do Brasil), soberania, Estado Democrático de Direito (art. 1º); b) Princípio relativo à forma de governo – princípio republicano (República, art. 1º); c) Princípio relativo à organização dos poderes – separação de poderes (art. 2º); d) Princípios relativos à organização da sociedade – princípio da livre organiza- ção social, princípio da convivência justa e princípio da solidariedade (art. 3º, I); e) Princípios relativos à vida política – princípio da cidadania, princípio da digni- dade das pessoas e princípio do pluralismo político (art. 1º, II, III e V); 2 Curso de Direito Constitucional. 10 ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. p. 457. 3 Para nosso estudo, Estado ou Estado Brasileiro refere-se à República Federativa do Brasil; estados ou esta- dos-membros são entes regionais que compõe a nossa federação. 4 Na Constituição de 1824, chamava-se “Império do Brasil”. Da Constituição de 1891 à de 1967, chamou-se “Estados Unidos do Brasil”. Com a Constituição de 1988, foi “batizado” República Federativa do Brasil. 5 Comentário Contextual à Constituição. 8 ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 31. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 11 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br f) Princípios relativos ao regime democrático – princípio da soberania popular, princípio da representação política e princípio da participação popular direta (art. 1º, parágrafo único); g) Princípios relativos à prestação positiva do Estado – princípio do desenvolvi- mento nacional (arts. 3º, II e 4º, I), princípio da justiça social (art. 3º, III), prin- cípio da integração regional (art. 3º, III, segunda parte) e princípio da não discri- minação (art. 3º, IV); h) Princípios relativos à comunidade internacional – tais são os da independên- cia nacional, da prevalência dos direitos humanos, da autodeterminação dos povos, da não intervenção, da igualdade entre os Estados, da defesa da paz, da solução pacífica dos conflitos e do repúdio ao terrorismo e ao racismo (art. 4º), e o da in- tegração da América Latina (art. 4º, parágrafo único). Levando em conta essa visão sistemática, cuidaremos, de agora em diante, dos seguintes temas: • A forma de governo; • A forma de Estado; • O regime político ou de governo; • Os fundamentos da República Federativa do Brasil; • Os objetivos fundamentais da RFB; • Os princípios aplicáveis às relações internacionais; • O princípio democrático ou da soberania popular; • O princípio da separação de poderes. Uma última informação valiosa: Todos os temas do Título I de nossa Constituição (art. 1º a 4º) são princípios fundamentais. Dessa forma, podemos, por exemplo, dizer que: O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 12 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br • soberania é um fundamento, mas também é um princípio fundamental; • o princípio da separação de poderes é um princípio fundamental; • a cidadania, a construção de uma sociedade livre e a concessão de asilo polí- tico são princípios fundamentais. Fique atento! Isso é bastante explorado nas provas. O que não pode ser admitido é a “mistura” dos fundamentos com os objetivos fundamentais ou com os princípios aplicáveis às relações internacionais. O examinador adora fazer isto: (COPESE-UFPI/PREFEITURA DE TERESINA-PI/2015) São objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, dentre outros, não intervenção, defesa da paz e cidadania6. 2.1. Forma de Governo Para início de nossa conversa, já anote aí: o Brasil, desde 18897, adota a Re- pública como forma de governo. Essa informação inicial já vale um pontinho na prova! Mais um ponto importante: nos termos do art. 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT8), no dia 7 de setembro de 1993, o eleitorado 6 Questão errada. Não intervenção e defesa da paz são princípios regentes das relações internacionais. Cida- dania é fundamento da RFB. 7 Decreto n. 1, de 15 de novembro de 1889. 8 É um conjunto de normas constitucionais que têm como finalidade principal a regulamentação da transição entre uma Constituição pretérita e um novo texto constitucional. O ADCT possui numeração própria de arti- O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 13 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br brasileiro deveria definir, por meio de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que deveriam vigorar no país. Esse plebiscito ocorreu em 21 de abril de 1993 (data alterada pela Emenda Constitucional n. 2/1992), e o eleitorado brasileiro, por ampla maioria, decidiu manter a República (forma de governo) e o presi- dencialismo (sistema de governo). A forma de governo designa a maneira pela qual os governantes “chegam” ao exercício do poder, bem como a relação existente entre governantes e governados. Além disso, demonstra como se dará a permanência do governante no exercício do poder. Atualmente, temos duas formas básicasde governo: a república e a monarquia. A república (res publica) é a coisa do povo. Ora, se “a coisa é do povo”, a esse caberá a escolha daqueles que poderão cuidar dos interesses populares (gover- no representativo). Além disso, o titular do poder, de tempos em tempos, poderá substituir os seus representantes (princípio da alternância). Em face dessas breves notas, podemos enumerar algumas características im- portantes da forma de governo republicana. Vejamos: 1ª – Eletividade – os governantes são investidos no poder por meio de elei- ções diretas (é a regra) ou indiretas9 (excepcionalmente). Observe que se trata de governo representativo, na medida em que os governantes devem exercer suas funções em nome (e em favor) de quem os elegeu. 2ª – Temporariedade do mandato – os governantes são investidos no poder para exercê-lo por um tempo determinado10, após o qual haverá a escolha de novos representantes. Nota-se a necessidade de alternância no exercício do poder. gos, localizando-se logo após o artigo 250 da parte permanente da Constituição. 9 Exemplo de eleição indireta para Presidente e Vice-presidente da República: Art. 81, § 1º – Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 10 Em regra, os mandatos eletivos são de quatro anos. Para senador, entretanto, o mandato é de oito anos. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 14 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br 3ª – Prestação de contas – considerando que o governante cuida de algo que não é seu, ele deverá prestar contas de sua administração. Em relação à prestação de contas, vale destacar alguns dispositivos constitucionais relacionados: Art. 17, III – prestação de contas relativas aos partidos políticos; Art. 30, III – obrigação de o Município prestar contas acerca da utilização de suas re- ceitas tributárias; Art. 31, § 2º – obrigação de o Prefeito prestar contas anualmente; Art. 34, VII, d – princípio constitucional sensível – prestação de contas da administra- ção pública, direta e indireta, o qual, se desobedecido, pode levar à intervenção federal; Art. 35, II – possibilidade de intervenção estadual se não forem prestadas contas mu- nicipais devidas, na forma da lei; Art. 70, parágrafo único – prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e va- lores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obri- gações de natureza pecuniária; Art. 84, XXIV – obrigação de o Presidente da República prestar, anualmente, ao Con- gresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as con- tas referentes ao exercício anterior. Continuando com as características da forma de governo republicana. 4ª – Responsabilização do governante – o governante, ao assumir o cargo, tem por compromisso manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a inde- pendência do Brasil11. Dessa forma, caso haja o descumprimento dessa promessa, poderá haver a responsabilização do governante, tanto por crimes comuns quanto por crimes de responsabilidade. 5ª – Princípio da impessoalidade e da igualdade – considerando que a República é a coisa do povo, seus integrantes devem receber igual tratamento perante a lei (igualdade formal). Nessa linha, ensina Dirley da Cunha Júnior12 que “na República é intolerável o tratamento distintivo entre pessoas que se encontram 11 Art. 78. Compromisso do Presidente e do Vice-presidente perante o Congresso Nacional. 12 Curso de Direito Constitucional. 10 ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. p. 461. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 15 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br numa mesma posição jurídica. Não pode haver distinções de qualquer natureza, exatamente porque essa forma de governar é incompatível com discriminações de classes, pois inexiste, na República, classe dominante e classe dominada. Todos são cidadãos. Assim, a República impõe o princípio da igualdade como postulado básico da organização política e jurídica”. Quadro resumo: Principais características da forma republicana de governo • Eletividade • Temporariedade do mandato • Prestação de contas • Responsabilização do governante • Princípio da igualdade e da impessoalidade Veja agora o que o nosso órgão de cúpula do Poder Judiciário já decidiu acerca do princípio republicano. Ah, órgão de cúpula é o órgão máximo do Judiciário, beleza? Segundo o Supremo Tribunal Federal, “o postulado republicano – que repele privilégios e não tolera discriminações – impede que prevaleça a prerrogativa de foro, perante o STF, nas infrações penais comuns, mesmo que a prática delituo- sa tenha ocorrido durante o período de atividade funcional, se sobrevier a cessação da investidura do indiciado, denunciado ou réu no cargo, função ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se como o único fator de legitimação constitucional apto a fazer instaurar a competência penal originária da Suprema Corte (CF, art. 102, I, b e c). Cancelamento da Súmula 394/STF (RTJ 179/912- 913). Nada pode autorizar o desequilíbrio entre os cidadãos da República. O reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o STF, nos ilícitos penais co- muns, em favor de ex-ocupantes de cargos públicos ou de ex-titulares de mandatos eletivos transgride valor fundamental à própria configuração da ideia repu- O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 16 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br blicana, que se orienta pelo vetor axiológico da igualdade. A prerrogativa de foro é outorgada, constitucionalmente, ratione muneris, a significar, portanto, que é deferida em razão de cargo ou de mandato ainda titularizado por aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa – des- caracterizando-se em sua essência mesma – degradar-se à condição de inaceitável privilégio de caráter pessoal” (Inq 1.376 AgR). Vale salientar que Aristóteles, em sua famosa obra A Política, destacou três for- mas de governo: a Monarquia – o governo de um só; a Aristocracia – o governo de uma pequena parcela, de poucos; e a República – o governo da “multidão”, de muitos, visando à utilidade (interesse) público. Segundo o filósofo grego, estsas três formas de governo poderiam se degenerar: a Monarquia em tirania; a Aristo- cracia em oligarquia; a República em demagogia. Essa visão tricotômica13 das formas de governo perdurou até o século XVIII quando Maquiavel, em O Príncipe, declarou que “todos os domínios que exerceram e exercem poder sobre os homens foram e são ou Repúblicas ou Principados”. A partir daí, tem predominado a visão dualistadas formas de governo: repú- blica e monarquia. Resumindo: Formas de governo – principais características República Monarquia Eletividade Hereditariedade Temporariedade do mandato Vitaliciedade Responsabilização do governante “Irresponsabilidade” do rei perante o povo 13 Divisão em três partes ou elementos. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 17 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Por fim, um destaque importante! Embora a forma republicana não seja uma cláusula pétrea expressa, ela é um princípio constitucional sensível, o qual, se desrespeitado, pode desencadear uma intervenção federal (Art. 34, VII, a). Se houver dúvidas, já sabe: corre lá no Fórum de Dúvidas e me chama, ok? 2.2. Forma de Estado De início, já anote: o Brasil adota a forma federativa de Estado desde 1889, quando também houve a proclamação da República. Outro detalhe, que vale um pontinho na prova: a forma federativa de Estado é uma cláusula pétrea expressa (art. 60, § 4º, I). Dessa forma, não será objeto de deliberação proposta de emenda à Constituição tendente a abolir ou a esvaziar o conteúdo essencial da forma federativa de Estado. Por exemplo: nem mesmo por emenda à Constituição seria admitido o retorno de nosso estado para unitário; da mesma forma, é vedada a permissão para “sepa- ração” (secessão) no pacto federativo, em virtude do princípio da indissolubilidade do vínculo federativo (art. 1º, caput e art. 34, I). Fique atento! Não confunda: Quadro resumo • FOrma de GOverno • República (a República é FOGO) • Forma de Estado • Forma FEderativa (FE) • SIstema de GOverno • Presidencialismo (SIGO o Presidente) • Regime político • Estado Democrático de Direito O examinador adora “brincar” com esses termos! O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 18 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br A forma de Estado designa a maneira pela qual o poder político é exercido em certo território. Se o poder é exercido de forma centralizada, havendo apenas um centro de poder político, que irradia suas decisões sobre todo o território do Estado, estaremos diante de um estado unitário (exemplos: França, Inglaterra, Uruguai). Se, ao contrário, nesse território houver repartição do poder político entre pes- soas dotadas de autonomia política, encontraremos o núcleo do estado federativo (exemplos: Brasil, Estados Unidos da América). Vale ressaltar que a autonomia política, no sentido amplo, envolve as seguintes capacidades: 1 – Auto-organização, por meio da qual os entes federativos poderão elaborar sua lei fundamental (exemplo: Constituição Estadual, Leis Orgânicas Municipais ou do DF); 2 – Autonormatização, por meio da qual os entes federativos elaboram suas leis; 3 – Autogoverno, por meio do qual os entes federativos organizam seu gover- no e elegem seus representantes; e 4 – Autoadministração, por meio da qual os entes federativos prestam servi- ços públicos próprios, contratam servidores, realizam licitações. Parcela da doutrina tem mencionado, além do estado unitário simples e do es- tado federativo, o estado regional e o estado autonômico. Essas duas formas de estado seriam uma espécie de estado unitário descentralizado, na medida em que haveria uma maior descentralização de poderes (administrativos e, nesse caso, legislativos) para as divisões regionais. Citam-se, como exemplos, a Itália e a Espa- nha. Nota-se que o estado regional e o autonômico são verdadeiros intermediários entre o estado unitário simples e o estado federativo. Além dessas, também tem sido inserida, entre as formas de estado, a confede- ração14. Essa é uma forma de pacto entre estados soberanos (países), formalizada por meio de tratado internacional. Como as partes integrantes não abdicam de sua soberania, elas, em tese, podem sair do pacto a qualquer momento. Vale dizer, nas confederações, há o direito de secessão. 14 Embora a confederação, no geral, seja considerada uma forma de Estado por parcela da doutrina (isso deve ser levado em conta para a prova), discordamos desse posicionamento na medida em que, tecnicamente, não se trata de modo de exercício do poder político em determinado território. Na verdade, conforme vimos, trata-se de um vínculo formalizado entre estados soberanos. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 19 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br A distribuição de competências entre pessoas jurídicas titulares de autonomia polí- tica é a característica fundamental da forma federativa de Estado. 2.2.1. Origem do Federalismo – nota objetiva O federalismo nasceu com a Constituição dos Estados Unidos da América, em 1787. Após a declaração de independência das treze colônias inglesas, estas, já detentoras de soberania (na verdade, como Estados soberanos), inicialmente reu- niram-se em uma confederação (pacto de Estados soberanos, normalmente for- malizado por meio de tratado internacional). Entretanto, em 1787, na conhecida Convenção de Filadélfia, esses Estados decidiram desfazer a confederação de Esta- dos soberanos e “criar” um pacto indissolúvel no qual haveria apenas um Estado Federal soberano, formado por estados-membros autônomos. Esse pacto (a federação) seria formalizado por uma Constituição escrita – no caso, a primeira constituição escrita do mundo: a Constituição dos Estados Unidos da América. Por meio dessa Constituição, surgiu o federalismo norte-americano e, consequente- mente, os Estados Unidos da América. Note que o movimento de formação do federalismo norte-americano ocorreu “de fora para dentro”. Vale dizer, os Estados soberanos “abriram mão” de sua so- berania em prol da formação do pacto federativo. Percebe-se que houve ali um movimento de agregação, de integração, um movimento centrípeto15. 2.2.2. Federalismo brasileiro Em 1889, inspirado no federalismo norte-americano, foi proclamada, no Brasil, a República Federativa. Com isso, as províncias até então existentes foram trans- formadas em estados federados. 15 Centrípeto é aquilo que tende a se aproximar do centro. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 20 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Temos de ficar bem atentos com o seguinte: até 1889, o Brasil era um esta- do monárquico-unitário. Com a edição do Decreto n. 1, de 15 de novembro de 1889, nosso Estado transformou-se em República Federativa. Essa decisão foi confirmada na Constituição de 1891 e mantida nas demais constituições, até a de 1988. Vê-se que o nosso Estado era unitário e descentralizou-se politicamente. Obser- ve que o movimento de formação dofederalismo brasileiro se deu de “dentro para fora”, ou seja, ocorreu por desagregação, segregação. A esse movimento desagre- gador chamamos de centrífugo16. O federalismo norte-americano surgiu por agregação (centrípeto). O federalismo brasileiro, por desagregação (centrífugo). (FUNCAB/ATIVIDADE TÉCNICA – DIREITO, ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁ- BEIS E ECONOMIA/MPOG/2015) Sobre a forma de Estado, é correto afirmar que o Brasil se apresenta como um(a): a) Confederação. b) Estado unitário com delegação de poder por descentralização. c) Estado unitário com delegação de poder por devolução. d) Federação por movimento centrífugo. e) Federação por movimento centrípeto17. 16 Centrífugo é aquilo que se afasta ou se desvia do centro. 17 Letra “d”, pois o nosso federalismo nasceu por um movimento de desagregação. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 21 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Vamos agora analisar as principais características da forma federativa de Estado. 1ª – Atribuição de soberania apenas ao Estado Federal (no nosso caso, à República Federativa do Brasil, que é a pessoa jurídica de direito público internacio- nal ou externo – art. 1º, I, e art. 4º, I); 2ª – Repartição do poder político entre pessoas federativas dotadas de auto- nomia política (nossos entes federativos18 – União, Estados, DF e Municípios – são autônomos – art. 18, caput – pessoas jurídicas de direito público interno); Vamos destacar dois pontos: 1º – Percebeu que a União possui somente autonomia? Pois é, a banca examinadora insiste em dizer que a União tem soberania. Isso é errado ou falso? Os dois, né? Anota aí, beleza!? A União possui autonomia. Em virtude disso, não há hierarquia entre os entes federativos. Se a União fosse soberana, os demais entes deveriam se subordinar ao governo federal. O que nossa Constituição, EXPRESSAMENTE, não contemplou. 2º – Em virtude da composição de nossa federação, a qual, além da União, dos Estados e DF, inclui os Municípios, diz-se que nosso federalismo, quanto a esse as- pecto, é tricotômico ou de segundo ou duplo grau. 3ª – Pacto indissolúvel formalizado por uma Constituição escrita e rígida (não existe direito de secessão – art. 34, I – princípio da indissolubilidade do pacto federativo e possibilidade de intervenção federal para manter a sua inte- gridade); 18 Território Federal não é ente federativo, na forma do § 2º do artigo 18. Trata-se, segundo a doutrina, de autarquia territorial da União. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 22 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br 4ª – Existência de um tribunal da Federação (no caso, o Supremo Tribunal Federal, a quem cabe julgar os conflitos federativos – art. 102, I, f); 5ª – Participação (paritária) dos entes federativos na formação das de- cisões nacionais (no caso, por meio do Senado Federal – a casa política da Fede- ração – art. 46); 6ª – A forma federativa de Estado é uma cláusula pétrea expressa (art. 60, § 4º, I). (CESPE/JUIZ DO TRABALHO/TRT 5ª REGIÃO – BA/2013) Como o federalismo esta- belecido na CF é assimétrico, é conferido aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal, como entes federativos, o direito de secessão19. Quadro resumo: Principais características da forma federativa de Estado Atribuição de soberania apenas ao Estado Federal Pessoas federativas dotadas de autonomia política Pacto indissolúvel Existência de um tribunal da Federação Participação dos entes federativos na formação das decisões nacionais A forma federativa de Estado é uma cláusula pétrea expressa (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA/TRE-MT/2015) Nos termos da CF, em casos de crise institucional ou por decisão da população diretamente inte- ressada, é garantido ao ente federativo o direito de secessão, ou seja, de desagre- gar-se da Federação20. 19 Questão errada. O pacto federativo é indissolúvel, não se admitindo o direito de secessão. 20 Questão errada. O pacto federativo é indissolúvel. Dessa forma, nem mesmo por meio de emenda à Cons- tituição seria possível autorizar o direito de secessão, pois se trata de núcleo essencial da forma federativa de Estado, a qual é uma cláusula pétrea. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 23 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br 2.3. Princípio Fundamental do Estado Democrático de Direito A Constituição Federal de 1988 estabelece que a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito. Parcela da doutrina entende que se trata do regime político (ou de governo) adotado no Brasil. Segundo Dirley da Cunha Júnior21, o Estado de Democrático de Direito é princí- pio fundamental que reúne os princípios do estado de direito e do estado democrá- tico, não como simples reunião formal, mas como providência de transformação do status quo22 e garantia de uma sociedade pluralista, livre, justa e solidária, em que todo o poder emane do povo e seja exercido em benefício do povo, com o reconhe- cimento e a afirmação dos direitos humanos fundamentais que possam realizar, na sua plenitude, a dignidade da pessoa humana. O núcleo do Estado Democrático de Direito é um Estado governado pela vontade da lei (império da lei – aspecto formal), a qual deve ser elaborada por represen- tantes do povo (legitimidade democrática – aspecto material) e, além disso, encontrar-se em sintonia com os interesses populares. A origem do estado de direito está vinculada à luta da burguesia contra o ab- solutismo que dominou até a metade do século XVIII. Tinha por bandeira, ba- sicamente, a submissão de todos, sobretudo o Estado, ao império da lei, a separação de poderes e a declaração de direitos individuais23. Antes do advento do estado de direito, o rei ou monarca possuía um poder ab- soluto, em virtude do qual decidia as questões de interesse do Estado da forma lhe conviesse. Nesse tipo de estado (absoluto), em tese, “o rei pode tudo”. Com a implantação do estado de direito, no entanto, a fonte primária das de- cisões desloca-se da vontade do governante para a vontade da lei. Note a vinculação direta entre o estado de direito e o princípio da legalidade. 21 Curso de Direito Constitucional. 10 ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. p. 462. 22 Expressão latina que pode ser traduzida como “no mesmo estado que antes”. 23 Dirley da Cunha Júnior. Op. cit. p. 462. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 24 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Entretanto, nessa fase do estado de direito, não havia uma preocupação com o aspecto material (conteúdo) ou de legitimidade da lei. Vale dizer,o governante tinha que fundamentar suas decisões em uma lei (preocupação apenas com o as- pecto formal), independentemente de o conteúdo da lei ser legítimo ou não. Em razão disso, deu-se mais um passo nessa evolução (começamos no estado absolutista, avançamos para o estado de direito), e chegamos ao Estado Demo- crático de Direito. Nessa nova fase, que representa uma verdadeira transforma- ção em relação às etapas anteriores, exige-se que a lei, além de respeitar as exi- gências formais (processo legislativo), apresente um conteúdo (aspecto material) que esteja em sintonia com os anseios democráticos, ou seja, que materialize os interesses do povo. A Constituição de 1988 inovou e reuniu, em um mesmo princípio, as bases do estado de direito e do estado democrático, provocando a conexão entre os seus postulados. Assim, se é certo que o elemento básico do estado de direito é a lei, não menos certo é que a lei deixa de ser entendida como mero enunciado formal do legislador, desprovida de conteúdo material ou substancial, para ser concebida e exigida como um ato de concretização dos valores humanos, morais e éticos funda- mentais consagrados na Constituição, numa perspectiva democrática imposta pela soberania popular. Desse modo, lei que não atende a essa exigência é lei inconsti- tucional e deve ser desprezada24. Atualmente, em virtude do neoconstitucionalismo, a doutrina já defende uma nova ótica, qual seja: o Estado Constitucional de Direito, no qual a Constituição Federal, e não mais a lei, assume o papel de centralidade na definição das condutas sociais e estatais. 24 Dirley da Cunha Júnior. Op. Cit. 463. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 25 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Por fim, acompanhe comigo algumas características relevantes do Estado Democrático de Direito25: a) Constitucionalidade: vinculação do Estado Democrático de Direito a uma Constituição como instrumento básico de garantia jurídica; b) Organização democrática da sociedade; c) Sistema de direitos fundamentais individuais e coletivos, seja como Estado “de distância”, porque os direitos fundamentais asseguram ao homem uma autonomia perante os poderes públicos, seja como um Estado “antropologicamente amigo”, pois respeita a dignidade da pessoa humana e empenha-se na defesa e garantia da liberdade, da justiça e da solidariedade; d) Justiça social como mecanismo corretivo das desigualdades; e) Igualdade não apenas como possibilidade formal, mas também como arti- culação de uma sociedade justa; f) Especialização dos Poderes ou de funções, marcada por um novo rela- cionamento e vinculada à produção dos “resultados” buscados pelos “fins constitu- cionais”; g) Legalidade que aparece como medida do direito, isto é, através de um meio de ordenação racional, vinculativamente prescritivo, de regras, formas e procedi- mentos que excluem o arbítrio e a prepotência; h) Segurança e certeza jurídicas. (QUADRIX/ANALISTA TÉCNICO/CFP/2016) O Estado Democrático de Direito ba- seia-se em uma sociedade livre, justa e solidária, como afirma nossa Constituição, na qual o poder deve emanar do povo, sendo exercido em seu proveito, diretamen- 25 STRECK, Lenio L. Comentário ao artigo 1º. In: CANOTILHO, J.J. Gomes; MENDES, Gilmar F; SARLET, Ingo W. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. p. 114. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 26 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br te, ou por meio de representantes eleitos. Deve ser um Estado promotor de justiça social, tendo a legalidade como princípio basilar. Porém, a lei não deve ficar adstrita em uma esfera puramente normativa e abstrata, mas, sim, deve influir na realidade social do povo. Os princípios que alicerçam o Estado Democrático de Direito são, exceto: a) Princípio da constitucionalidade. b) Sistema de direitos fundamentais. c) Igualdade. d) Unificação de poderes. e) Segurança jurídica26. Lembrando: se precisar, estou aqui no Fórum de Dúvidas à sua disposição, beleza? É só me chamar! Vamos avançar… 2.4. Princípio Democrático ou da Soberania Popular Diz a Constituição que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição. Esse é o ponto de partida para analisarmos o princípio democrático ou da soberania popular. De início, temos de diferenciar duas “coisitas”: a titularidade do poder e a forma pela qual ele é exercido. Em relação à titularidade, vimos que o poder pertence ao povo. Trata-se de uma decorrência do regime democrático27, o qual foi elevado à condição de princí- pio constitucional sensível pelo nosso constituinte (art. 34, VII, a). 26 Gabarito: letra “d”, pois a especialização de funções entre os poderes é uma das características do Estado Democrático de Direito. 27 A palavra democracia tem origem na Grécia Antiga. (demo = povo e kracia ou cratos = poder ou governo). Daí a ideia de poder do povo como algo inerente ao regime democrático. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 27 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Só lembrando: o desrespeito aos princípios constitucionais sensíveis pode le- var à decretação de intervenção federal, na forma indicada nos artigos 34 e 36 de nossa Constituição. Quanto ao exercício do poder, a Constituição deixa claro que há duas for- mas, quais sejam: a) o exercício diretamente pelo povo (democracia direta); b) o exercício indireto, por meio de representantes eleitos (democracia repre- sentativa). Em decorrência da conjugação dessas duas formas de exercício do poder, diz a doutrina que a democracia brasileira é semidireta ou participativa, na medi- da em que conciliamos a democracia direta com a democracia representativa. No exercício direto do poder (democracia direta), o povo28, sem interme- diários, participa diretamente das decisões políticas do Estado. Nos termos do caput do artigo 14, a soberania popular será exercida pelo sufrá- gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular. Encontramos, nesse dispositivo, alguns meios exemplificativos de exercício di- reto do poder. No exercício indireto (democracia representativa), são eleitos represen- tantes (no sentido geral, Presidente, Governadores, Prefeitos, Deputados, Senado- res, Vereadores) que atuarão em nome do povo (e para o povo). 2.5. Princípio da Separação (funcional) dos Poderes O princípio da separação funcional de poderes, o qual é uma cláusula pétrea expressa (art. 60, §, 4º, III), está previsto no artigo 2º de nossa Constituição. Nos termos do art. 2º, são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 28 Povo, um dos elementos constitutivos do Estado,pode ser definido como o conjunto dos nacionais de um determinado Estado. No ordenamento jurídico brasileiro, pode-se dizer que se tratam dos brasileiros natos e naturalizados. Mais abrangente que o conceito de povo é o de população. Neste, incluem-se todas as pessoas que se encontram em um determinado Estado num dado momento. Nesse caso, além dos nacionais, podem ser incluídos os estrangeiros e os apátridas. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 28 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Os Estados-membros também possuem os três poderes mencionados. Os Municípios, por sua vez, possuem apenas Legislativo (Câmara de Vereado- res) e Executivo (Prefeito e Vice). Não há Poder Judiciário municipal (isso é básico, mas cai muito na prova!). No Distrito Federal, temos uma situação meio atípica. Segundo o artigo 53 da Lei Orgânica do DF, são poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo. Note que o DF também não possui Poder Judiciário (próprio). Por exemplo, o TJDFT é um órgão federal que atua no DF. Os servidores do TJDFT não são vinculados ao governo do Distrito Federal. São, na verdade, servidores públicos federais. Isso decorre do inciso XIII do artigo 21 da Constituição Federal, segundo o qual compete à União organizar e manter o Poder Judiciário e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (o examinador vai te perguntar sobre isso!!!). Resumindo… Organização dos Poderes Poderes da União Poderes dos Estados-membros Poderes dos Municípios Poderes do Distrito Federal • Legislativo • Executivo • Judiciário • Legislativo • Executivo • Judiciário • Legislativo • Executivo -------------- • Legislativo • Executivo -------------- Nossa Lei Maior (desde a Constituição de 1891) adota a teoria tripartida dos Poderes, conforme a formulação de Montesquieu (no Livro Espírito das Leis). En- tretanto, em nossa Constituição Imperial havia a previsão de quatro poderes (visão quadripartida): Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. A previsão desses Poderes do Estado decorre da soberania estatal, a qual é una e indivisível. Em virtude disso, a doutrina ensina que, na verdade, existe uma divisão de funções estatais, pois o poder, em si, é uno e indivisível (assim como a soberania da qual decorre). O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 29 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Vamos conversar um pouquinho mais sobre isso? No Estado, há três funções básicas: a legislativa ou legiferante (ato de criação das leis), a executiva ou administrativa, e a jurisdicional. Durante muito tempo, essas três funções encontravam-se concentradas nas mão de uma só pessoa. Normalmente, nas mão do rei (especialmente, até o século XVIII). Perceba que, nessa época, já havia as três funções estatais básicas, o “proble- ma” era a centralização delas nas mãos de uma só pessoa. A grande mudança ocorrida, em especial após o século XVIII, foi a entrega de cada uma dessas funções a órgãos distintos (a isso que se chama de separação funcional dos poderes). A Revolução Francesa, em 1789, “embalada” pelos ensinos do Montesquieu, foi o principal marco nessa mudança. Nessa linha, destaca-se o artigo 16 da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 26 de agosto de 1789, segundo o qual “a sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição”. Perceba que a separação de poderes, já nesse texto de 1789, foi elevada à categoria de norma materialmente constitucional, indispensável à identidade da Constituição. Aqui vale lembrar (e anotar!) que o princípio da separação de poderes é uma cláusula pétrea expressa (art. 60, § 4º, III). Vale dizer, integra a identidade de nossa Constituição. Essa separação de funções entre órgãos estatais distintos (divisão de poderes), conforme destacado, é o núcleo da teoria do Montesquieu. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 30 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Segundo os ensinos do professor José Afonso da Silva29, a divisão de Poderes fundamenta-se, pois em dois elementos: a) especialização funcional, significando que cada órgão é especializado no exercício de uma função; b) independência or- gânica, significando que, além da especialização funcional, é necessário que cada órgão seja efetivamente independente dos outros, o que postula ausência de meios de subordinação. É fundamental ter em mente que nem a divisão de funções entre os órgãos do Poder nem sua independência são absolutas. Há interferências, que visam ao estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos, à busca do equilíbrio necessário à realização do bem da coletividade e indispensável para evitar o arbítrio e o desmando de um em detrimento do outro, e especialmente dos governados30. 2.5.1. Funções típicas e atípicas Nos termos do artigo 2º, já citado, os Poderes devem atuar com independência e harmonia. Além da tradição constitucional, essa fórmula (principalmente, consi- derando os Poderes Legislativo e Executivo) é uma decorrência direta do sistema presidencialista de governo. Nós vimos que há três funções estatais básicas: legislativa, executiva ou admi- nistrativa e jurisdicional. Levando em conta os ensinos do Montesquieu, cada função deve ser entregue a um órgão distinto, para que este a exerça com independência e em harmonia com demais poderes. Desse binômio, independência e harmonia, criou-se a teoria das funções típicas e atípicas. 29 Comentário Contextual à Constituição. 8 ed. São Paulo: Malheiros. p. 46. 30 José Afonso da Silva. Op. Cit. 46. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 31 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br A função típica (principal, direta, imediata) é a que prepondera no Poder. Já a função atípica (secundária, indireta) seria o exercício de parcela de função de outro Poder. Vamos analisar alguns exemplos para esclarecer melhor: 1º – A função típica do Poder Legislativo é a legislativa (e a fiscalizatória). Pelo exercício da função legislativa ou legiferante, o Poder Legislativo, normalmente, cria direito novo (legisla), por meio das espécies normativas previstas no artigo 5931. Entretanto, além dessa função predominante, o Legislativo também exerce fun- ção jurisdicional, quando, por exemplo, o Senado Federal processa e julga o Pre- sidente da República nos crimes de responsabilidade (art. 52, I). Note que, nesse caso, o Legislativo não está exercendo sua funçãotípica. Na verdade, está exer- cendo parcela de poder que, tipicamente, pertence ao Judiciário. Por isso, diz-se que se trata de função atípica, pois o Legislativo não estaria exercendo sua função principal ou preponderante. Podemos ainda citar o Legislativo organizando sua estrutura de pessoal (reali- zando concursos públicos) ou mesmo patrimonial. Nesses últimos casos, o Legisla- tivo exerce função atípica administrativa. 2º – Ao Poder Judiciário compete a função típica de dizer o direito diante dos casos concretos que lhe são apresentados. “Dizer o direito” é o núcleo da função jurisdicional – a função típica, principal, preponderante ou predominante no Po- der Judiciário. No entanto, o Judiciário cria normas (por exemplo, seus regimentos internos), bem como administra suas secretarias, contrata servidores e realiza licitações. Nesses dois casos, temos o Judiciário exercendo funções atípicas normativas e administrativas, respectivamente. 31 À exceção da medida provisória, a qual é editada pelo Presidente da República em casos de relevância e urgência (art. 62). O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 32 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br O núcleo da teoria das funções típicas e atípicas é: os três32 Poderes exercem as três funções. Ora de forma típica, ora atípica. 2.5.2. Teoria dos freios ou contrapesos Ainda na lição de Montesquieu, o poder deveria controlar o poder, para que não fossem repetidas as arbitrariedades cometidas no antigo regime de centraliza- ção de funções. Com base nessa máxima, criou-se a teoria dos controles recíprocos, dos freios e contrapesos ou, na formulação americana, dos checks and balances. Funciona basicamente assim: Um Poder deve controlar o outro e, por este, será controlado. Devemos ressaltar que o exercício desse controle interpoderes está sujeitos aos limites impostos no texto constitucional, a fim de que não haja ingerências indevi- das de um Poder sobre o outro. O Supremo Tribunal Federal, sobre isso, já decidiu que a fiscalização legislativa da ação administrativa do Poder Executivo é um dos contrapesos da CF à separa- ção e independência dos Poderes: cuida-se, porém, de interferência que só a Constituição da República pode legitimar (ADI 3.046). Note que somente a Constituição pode legitimar o controle exercido por um Poder sobre o outro. A lei não pode criar novas formas de freios e contrape- sos que não encontrem fundamento na Constituição Federal. 32 Parcela da doutrina administrativista tem defendido que o Poder Executivo não exerce função jurisdicional, pois não houve essa previsão na Constituição. Embora respeitemos essa posição, com ela discordamos, pois, embora o Executivo não exerça a função jurisdicional no sentido restrito (aquela que faz coisa julgada), ele a exerce no contencioso administrativo, julgando os processos administrativos que lhes são próprios. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 33 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Exemplificando a teoria: 1º exemplo – O Legislativo, após aprovar projeto de lei, deve remetê-lo ao Chefe do Poder Executivo para sanção ou veto. Sanção ou veto são meios de con- trole do Poder Executivo sobre o Legislativo. Ressalta-se, ainda, a possibilidade de o Congresso Nacional “derrubar” o veto presidencial (art. 66, § 5º). Agora, a situ- ação se inverte: Legislativo controlando o Executivo. 2º exemplo – O projeto de lei foi aprovado pelo Legislativo, sancionado, pro- mulgado e publicado pelo Executivo. O Judiciário pode declarar a inconstituciona- lidade dessa lei, invalidando-a em face da Constituição. Trata-se de controle do Judiciário sobre atos do Legislativo e do Executivo. 3º exemplo – Surgindo uma vaga no Supremo Tribunal Federal, caberá ao Pre- sidente da República a indicação de um nome que preencha os requisitos constitu- cionais. Após a indicação, caberá ao Senado Federal aprovar, por maioria absoluta, o nome indicado pelo Presidente (art. 101). Havendo a aprovação pelo Senado, o Presidente da República nomeará o novo ministro do STF. Trata-se de controle do Executivo sobre o Judiciário, e do Legislativo sobre o Executivo e o Judiciário. (CESPE/ANALISTA – DIREITO/MPU/2013) A CF instituiu mecanismos de freios e contrapesos, de modo a concretizar-se a harmonia entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, como, por exemplo, a possibilidade de que o Poder Judiciário declare a inconstitucionalidade das leis33. 33 Questão certa. O controle de constitucionalidade é uma forma de materialização da teoria dos freios e con- trapesos. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 34 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br Por fim, é importante destacarmos algumas decisões do Supremo Tribunal Fe- deral acerca do princípio da separação dos Poderes. Vejamos. Segundo o STF: • Não ofende os princípios da separação e da harmonia entre os Poderes do Estado a decisão do Supremo Tribunal Federal que, em inquérito destinado a apurar ilícitos penais envolvendo deputado federal, determinou, sem prévia autorização da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, a coleta de dados telemáticos nas dependências dessa Casa Legislativa (AC 4.005 AgR); • A convocação de sessão extraordinária pela edilidade (o caso envolvia uma Câmara de Vereadores) configura ato interna corporis, não passível, portanto, de revisão pelo Poder Judiciário, maculando-se o princípio da separação dos Poderes, assegurado no art. 2º da CF (SL 846 AgR); • É lícito ao Judiciário (não viola a separação de Poderes) impor à Administra- ção Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais. Suprema- cia da dignidade da pessoa humana que legitima a intervenção judicial (RE 592.581, com repercussão geral); • O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a adminis- tração pública adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure violação do princí- pio da separação dos poderes, inserto no art. 2º da CF (RE 669.635 AgR); • É inconstitucional (por ferir a separação de poderes) qualquer tentativa do Poder Legislativo de definir previamente conteúdos ou estabelecer prazos para que o Poder Executivo, em relação às matérias afetas a sua iniciativa, apresente proposições legislativas, mesmo em sede da Constituição estadu- al, porquanto ofende, na seara administrativa, a garantia de gestão superior dada ao chefe daquele Poder (ADI 179); O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 35 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais –CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br • Quando o Executivo e o Judiciário expedem atos normativos de caráter não legislativo – regulamentos e regimentos, respectivamente –, não o fazem no exercício da função legislativa, mas no desenvolvimento de “função normati- va”. O exercício da função regulamentar e da função regimental não decorrem de delegação de função legislativa; não envolvem, portanto, derrogação do princípio da divisão dos Poderes (HC 85.060); • A aprovação, pelo Legislativo, da indicação dos presidentes das entidades da Administração Pública indireta restringe-se às autarquias e fundações públi- cas, dela excluídas as sociedades de economia mista e as empresas públicas. A intromissão do Poder Legislativo no processo de provimento das diretorias das empresas estatais colide com o princípio da harmonia e interdependência entre os Poderes. A escolha dos dirigentes dessas em- presas é matéria inserida no âmbito do regime estrutural de cada uma delas (ADI 1.642); • Os requisitos constitucionais legitimadores da edição de medidas pro- visórias, vertidos nos conceitos jurídicos indeterminados de “relevância” e “urgência” (art. 62 da CF), apenas em caráter excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força da regra da separação de poderes (art. 2º da CF) (ADI 2.213); • Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige prévia licença da Assembleia Legislativa para que o Governador e o Vice-Governador pos- sam ausentar-se do país por qualquer prazo. Espécie de autorização que, se- gundo o modelo federal, somente se justifica quando o afastamento exceder a quinze dias. Aplicação do princípio da simetria (ADI 738). O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 36 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br 2.6. Fundamentos Os fundamentos representam as bases sobre as quais o Estado Brasileiro está assentado. Nos termos do art. 1º de nossa Constituição, a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa; V – o pluralismo político. Acompanhe comigo alguns pontos relevantes. Soberania A soberania pode ser conceituada como um poder político supremo e inde- pendente, entendendo-se por supremo aquele poder que não está limitado por ne- nhum outro na ordem interna, e por poder independente aquele que, na sociedade internacional, não tem de acatar regras que não sejam voluntariamente aceitas e está em pé de igualdade com os poderes supremos dos outros povos34. Jean Bodin foi o primeiro teórico acerca do conceito de soberania. Ele o de- senvolveu, no século XVI, em sua obra Os Seis Livros da República. Para Bodin, a soberania é um poder absoluto e perpétuo da República. Destaca-se que, já àquela época, Bodin defendia a limitação do poder absoluto do monarca pelas leis naturais e pelas leis de Deus (leis divinas). 34 CAETANO, Marcelo. Direito Constitucional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987. p. 169. V.1. O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 37 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br A soberania tem sido estudada, atualmente, sob duas óticas distintas: sobera- nia interna e soberania externa. Não são duas soberanias diferentes, pois a soberania é una e indivisível! Trata-se de apenas uma soberania, mas estudada por dois ângulos distintos (como se fossem dois lados de uma mesma moeda). A soberania interna vincula-se ao poder do povo (soberania popular ou prin- cípio democrático, conforme estudamos anteriormente). No plano externo, a soberania vincula-se à independência nacional (art. 4º, I). Essa visão dualista ou dicotômica já foi abordada pelo Supremo Tribunal Federal. Em decorrência dessa face externa da soberania, os Estados estrangeiros, no plano internacional, atuam em regime de cooperação ou colaboração. Não há subordina- ção entre os países. Segundo o STF, o art. 1º da Constituição assenta como um dos fundamentos do Estado Brasileiro a sua soberania – que significa o poder político supremo dentro do território, e, no plano internacional, no tocante às relações da República Federativa do Brasil com outros Estados soberanos, nos termos do art. 4º, I, da Carta Magna. A soberania nacional no plano transnacional funda-se no princípio da independên- cia nacional, efetivada pelo Presidente da República, consoante suas atribuições previstas no art. 84, VII e VIII, da Lei Maior. A soberania, dicotomizada em interna e externa, tem na primeira a exteriorização da vontade popular (art. 14 da CRFB) através dos representantes do povo no parlamento e no governo; na segunda, a sua expressão no plano internacional, por meio do Presidente da República (Rcl 11.243). Veja alguns dispositivos constitucionais relacionados à soberania: • Art. 5º, LXXI – mandado de injunção, quando a falta de norma regulamenta- dora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; • Art. 14, caput – formas de exercício direto da soberania popular; O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 38 de 93 DIREITO CONSTITUCIONAL Princípios Fundamentais – CESPE Prof. Wellington Antunes www.grancursosonline.com.br • Art. 17, caput – os partidos políticos devem resguardar a soberania nacional; • Art. 91, caput – o Conselho Nacional de Defesa opina nos assuntos relativos à soberania nacional; • Art. 170, I – soberania nacional como um dos princípios da ordem econômica. Cidadania A cidadania, assim como a soberania, pode ser estudada sob duas óticas dis- tintas: 1ª – Cidadania vinculada ao exercício dos direitos políticos – nesse sen- tido, cidadão é o brasileiro, nato ou naturalizado35 detentor de título de eleitor que possa, ao menos, votar. Esse status é imprescindível, por exemplo, para o exercí- cio da soberania popular por meio do voto, do plebiscito, do referendo, da iniciativa popular, bem como para a propositura de ação popular. Nota-se aqui uma íntima relação entre a cidadania e o princípio democrático. Essa primeira face é chamada de cidadania em sentido restrito (stricto ou jurídico). 2ª – Cidadania relacionada ao direito de “possuir direitos” – trata-se aqui de um conceito mais amplo de cidadania, o qual não se restringe ao exercício dos direitos políticos. Nesse segundo sentido, todas as pessoas são vistas como titula- res de direitos em relação ao Estado. Pode-se, a título ilustrativo, fazer um link36 com a capacidade de gozo ou de direito extraída do artigo 1º do Código Civil, se- gundo o qual “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Essa visão ampliada
Compartilhar