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2º Módulo: Lei Nacional do Saneamento Básico LNSP Lei No 11.445/2007

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2º Módulo: Lei Nacional do Saneamento Básico – LNSP Lei No 11.445/2007
2.1 Conceitos
No âmbito da Lei no 11.445/2007, entende-se como planejamento o desenvolvimento das atividades atinentes à identificação, qualificação, quantificação, organização e orientação de todas as ações, públicas e privadas, por meio das quais um serviço público deve ser prestado ou colocado à disposição de forma adequada.
A regulação deve ser entendida como todo e qualquer ato, normativo ou não, que discipline ou organize um determinado serviço público, incluindo suas características, padrões de qualidade, impacto socioambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação e revisão do valor de tarifas e outros preços públicos.
As atividades de acompanhamento, monitoramento, controle ou avaliação, no sentido de garantir a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público, são consideradas como fiscalização.
Por organização do serviço público de saneamento básico entende-se as atividades de regulação com o objetivo de definir e articular os recursos materiais, humanos e técnicos necessários à adequada prestação de serviço, atendidas as premissas do planejamento.
Não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as ações e os serviços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador. Entende-se como prestação de serviço público de saneamento básico a atividade, acompanhada ou não de execução de obra, com objetivo de permitir aos usuários o acesso a serviço público de saneamento básico com características e padrões de qualidade determinados pela regulação e por contrato de  concessão ou de programa.
O conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico é identificado como sendo a definição de controle social.
É considerado prestador de serviço público o órgão ou entidade, inclusive empresa, do titular, ao qual a lei tenha previsto a competência de prestar o serviço público, ou ao qual o titular tenha delegado a prestação dos serviços por meio de contrato. É enquadrada como prestação regionalizada aquela em que um único prestador atende a dois ou mais titulares, em determinado âmbito territorial, com uniformidade de fiscalização e regulação dos serviços, inclusive de sua remuneração e com compatibilidade de planejamento.
Denomina-se gestão aliada à associação voluntária de entes federados, por convênio de cooperação ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da Constituição.
A universalização corresponde a ampliação progressiva dos serviços de saneamento básico objetivando o acesso de todos os domicílios ocupados e dos locais de trabalho e de convivência social em um determinado território. O serviço público de saneamento básico é considerado universalizado em um território quando assegura o atendimento, no mínimo, das necessidades básicas vitais, sanitárias e higiênicas, de todas as pessoas, independentemente de sua condição socioeconômica, em todos os domicílios e locais de trabalho e de convivência social, com promoção do uso racional dos recursos naturais.
O instrumento econômico de política social, para garantir a universalização do acesso ao saneamento básico, especialmente para populações e localidades de baixa renda é o que se entende por subsídios. Os subsídios podem  ser classificados como diretos (destinados a usuários determinados), indiretos (destinados ao prestador dos serviços), internos (quando os recursos forem arrecadados e aplicados no âmbito territorial de determinado titular) ou cruzados ou entre localidades (quando os recursos forem aplicados em âmbito territorial diferente do arrecadado, nos termos de gestão associada de serviços públicos).
Caracteriza-se como projetos associados aos serviços públicos de saneamento básico os desenvolvidos em caráter acessório ou correlato à prestação dos serviços, capazes de gerar benefícios sociais, ambientais ou econômicos adicionais, dentre eles:
• o fornecimento de água bruta para outros usos não sujeitos à regulação do titular, comprovado o não-prejuízo aos serviços públicos de abastecimento de água;
• o aproveitamento de água de reuso;
• o aproveitamento do lodo resultante de tratamento de água ou de esgoto sanitário;
• o aproveitamento dos materiais integrantes dos resíduos sólidos por meio de reuso ou reciclagem;
• o aproveitamento de energia de qualquer fonte potencial vinculada aos serviços, inclusive do biogás resultante de tratamento de esgoto sanitário ou de tratamento ou disposição final de resíduos sólidos.
São identificadas como localidades de pequeno porte as vilas, aglomerados rurais, povoados, núcleos, lugarejos e aldeias, assim definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
A comunicação dirigida a usuário determinado, inclusive por meio de mensagem em documento de cobrança pela prestação dos serviços é definida como aviso. Aquela dirigida a usuários e ao regulador, inclusive por meio de veiculação em mídia impressa ou eletrônica é considerada como comunicação, e a correspondência específica dirigida ao usuário de serviço de saneamento básico com objetivo de comunicar a interrupção do abastecimento de água é intitulada notificação.
 
2.2 Abrangência
A Lei Nacional de Saneamento Básico – LNSB, Lei no 11.445/2007, estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para sua política federal. A lei em questão foi sancionada no dia 5 de janeiro de 2007 e começou a ter vigência a partir do dia 22 de fevereiro do mesmo ano.
No âmbito de aplicação da lei, considera-se saneamento básico o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:
• abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a capação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
• esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas  e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;
• limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;
• drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.
Consideram-se serviços públicos de abastecimento de água os serviços constituídos por uma ou mais de uma das seguintes atividades:
• captação;
• adução de água bruta;
• tratamento de água;
• adução de água tratada;
• reservação;
• distribuição de água, inclusive ligação predial e medição.
São os serviços públicos de esgotamento sanitário aqueles constituídos por uma ou mais de uma das seguintes atividades:
• coleta, inclusive ligação predial;
• transporte;
• tratamento;
• disposição final de esgotos sanitários, inclusive dos lodos originários da operação de unidades de tratamento e de fossas sépticas.
São definidos, segundo a lei, os serviços públicos de manejo de   resíduos sólidos a coleta e transbordo o transporte, a triagem para fins de reutilização ou reciclagem, o tratamento, inclusive por compostagem e a disposição final dos resíduos domésticos e dos originários:
• de outras atividades com características de quantidade e qualidade similares aos resíduos
domésticos;
• da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;
• de outras atividades que venham a ser consideradas resíduos sólidos urbanos por normas do titular.
 
Consideram-se também serviços de manejo de resíduos sólidos:
• Os serviços de varrição, capina, roçada, poda e atividades correlatas em vias e logradouros públicos;
• Outros serviços constituídos por atividades pertinentes à limpeza pública urbana, dentre eles:
a) o asseio de túneis, escadarias, monumentos, abrigos e sanitários públicos;
b) a raspagem e a remoção de terra, areia e quaisquer materiais depositados pelas águas pluviais em logradouros públicos;
c) a desobstrução e limpeza de bueiros, bocas-de-lobo e correlatos;
d) a limpeza de logradouros públicos onde se realizem feiras públicas e outros eventos de acesso aberto ao público.
De acordo com os termos de norma legal de regulação, os resíduos originários de determinadas atividades comerciais, industriais e de serviços podem ser considerados resíduos sólidos urbanos.
Os serviços públicos de manejo das águas pluviais urbanas são os constituídos por uma ou mais de uma das seguintes atividades:
• drenagem urbana;
• transporte;
• detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias; e
• tratamento e disposição final.
 
2.3 Princípios
Nos termos da lei vigente os serviços públicos de saneamento básico possuem natureza essencial e devem ser prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:
• universalização do acesso;
• integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e dos resultados;
• abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;
• disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;
• adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais;
• articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante;
• eficiência e sustentabilidade econômica;
• utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas;
• transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados;
• controle social;
• segurança, qualidade e regularidade;
• integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos.
 
 
2.4 Exercício da Titularidade
Todos os Municípios que não estão inseridos em regiões metropolitanas são os legítimos titulares dos serviços de saneamento. A definição da titularidade dos Municípios pertencentes às regiões metropolitanas depende de decisão do Supremo Tribunal Federal que analisa duas ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade).
Segundo a lei vigente, os contratos e os convênios firmados até a data de referência 13/2/1995 e com vencimento após 31/12/2008 NÃO podem ser PRORROGADOS e aqueles cujo vencimento esteja compreendido entre 22/2/2007 e 31/12/2008 PODEM ser PRORROGADOS até 30/6/2009.
Os casos de inexistência de contratos ou convênios, de instrumentos por prazo indeterminado ou nulo, bem como com prazo de vigência expirado antes de 22/2/2007 e outras formas de prestação precária a prestação de serviços na situação atual é permitida até 31/12/2010.
Os  contratos  de  concessão  firmados  entre  14/2/1995  e  06/4/2005      e os contratos de programa assinados a partir  de  7/4/2005  deverão  obe decer  às  datas  de  vencimento  estipuladas   nos   respectivos   instrumen  tos, e  a  prorrogação  da  vigência  depende  do  atendimento  dos  requisitos  do art. 11, caput e incisos, da Lei no 11.445/2007.
O artigo 9o, da LNSB, estabelece que o titular dos serviços deva formular a respectiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto:
• elaborar os planos de saneamento básico, nos termos da Lei;
• prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e definir  o ente responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimentos de sua atuação;
• adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abastecimento público observado as normas nacionais relativas à potabilidade da água;
• fixar os direitos e os deveres dos usuários;
• estabelecer mecanismos de controle social;
• estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento;
• intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos documentos contratuais.
É de fundamental importância que o Gestor Público atente para a importância do artigo 9o da Lei no 11.445/2007, que estabelece a responsabilidade pela formulação da política de saneamento ao seu titular, portanto, tal responsabilidade é indelegável.
Durante a vigência do Plano Nacional de Saneamento – Planasa, criado no início da década de 1970, o BNH centralizava e geria os recursos do Sistema Financeiro do Saneamento – SFS, elaborava suas normas, coordenava sua operação, aprovava os programas estaduais de investimentos, analisava os estudos de viabilidade técnica, estudos tarifários e fiscalizava as Companhias Estaduais de Saneamento.
Entendia-se como saneamento básico, os sistemas de abastecimento de água e esgotos sanitários. As Companhias Estaduais foram criadas para viabilizar as obras de saneamento nos grandes centros urbanos, principalmente, as capitais brasileiras, em função do vertiginoso crescimento populacional em torno desses aglomerados urbanos. Cerca de 80% da população já vivia nas cidades.
No modelo de gestão então vigente, os Municípios onde os gestores municipais se mostravam incompetentes para gerir o setor de saneamento concediam os serviços às Companhias Estaduais. Como os Municípios de pequeno e médio porte apresentavam características de boa operação (custos operacionais reduzidos) e exigiam baixos investimentos passaram a ser verdadeiros sustentáculos das recém-criadas Companhias. Nesse período os Municípios, além de perderem a administração de seus sistemas de saneamento, eram obrigados a custear algumas obras de expansão, que não interessavam às Estaduais.
Com a falência do Planasa, que não conseguiu cumprir os seus objetivos, e a extinção do BNH, em meados dos anos 1980, criou-se um vazio institucional ocupado pelas Companhias Estaduais que passaram a planejar, regular e operar os sistemas de saneamento trazendo, como consequência, algumas disputas judiciais de grande proporção, entre as prefeituras e as Companhias Estaduais.
 
A prestação de serviços públicos de saneamento básico por entidade que não integre a administração do titular depende da celebração de contrato, sendo vedada a sua disciplina mediante convênios, termos de parceria ou outros instrumentos de natureza precária.
 
De acordo com o artigo 11, os contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico são válidos desde que se comprove:
• a existência de plano de saneamento básico;
• a existência de estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico-financeira da prestação universal e integral dos serviços, nos termos do respectivo plano de saneamento básico;
• a existência de normas de regulação que prevejam os meios para o cumprimento das diretrizes da Lei no 11.445/2007, incluindo a designação da entidade de regulação e de fiscalização;
• a realização
prévia de audiência e de consulta pública sobre o edital de licitação, no caso de concessão e sobre a minuta do contrato.
Ademais, os planos de investimentos e os projetos relativos ao contrato deverão ser compatíveis com o respectivo plano de saneamento básico e nos casos de serviços prestados, mediante contratos de concessão ou de programa, deverão prever:
• a autorização para a contratação dos serviços, indicando os respectivos prazos e a área a ser atendida;
• a inclusão, no contrato, das metas progressivas e graduais de expansão dos serviços, de qualidade, de eficiência e de uso racional da água, da energia e de outros recursos naturais, em conformidade com os serviços a serem prestados;
• as prioridades de ação, compatíveis com as metas estabelecidas;
• as condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico-financeiro da prestação dos serviços, em regime de eficiência, incluindo:
• o sistema de cobrança e a composição de taxas e tarifas;
• a sistemática de reajustes e de revisões de taxas e tarifas;
• a política de subsídios;
• mecanismos de controle social nas atividades de planejamento, regulação e fiscalização dos serviços;
• as hipóteses de intervenção e de retomada dos serviços.
O parágrafo 3o  do artigo 11 define que:
Os contratos não poderão conter cláusulas que prejudiquem as atividades de regulação e de fiscalização ou o acesso às informações sobre os serviços contratados.
 
Nos serviços públicos de saneamento básico em que mais de um prestador execute atividade interdependente com outra, a relação entre elas deverá  ser regulada por contrato e haverá entidade única encarregada das funções de regulação e de fiscalização.
A entidade de regulação definirá, pelo menos:
• as normas técnicas relativas à qualidade, à quantidade e à regularidade dos serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores envolvidos;
• as normas econômicas e financeiras relativas às tarifas, aos subsídios e aos pagamentos por serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores envolvidos;
• a garantia de pagamento de serviços prestados entre os diferentes prestadores dos serviços;
• os mecanismos de pagamento de diferenças relativas a    inadimplemento dos usuários, perdas comerciais e físicas e outros créditos devidos, quando for o caso;
• o sistema contábil específico para os prestadores que atuem em mais de um Município.
 
O contrato a ser celebrado entre os prestadores de serviços deverá conter cláusulas que estabeleçam pelo menos:
• as atividades ou insumos contratados;
• as condições e as garantias recíprocas de fornecimento e de acesso às atividades ou insumos;
• o prazo de vigência, compatível com as necessidades de amortização de investimentos, e as hipóteses de sua prorrogação;
• os procedimentos para a implantação, ampliação, melhoria e gestão operacional das atividades;
• as regras para a fixação, o reajuste e a revisão das taxas, tarifas e outros preços públicos aplicáveis ao contrato;
• as condições e as garantias de pagamento;
• os direitos e deveres sub-rogados ou os que autorizam a sub-rogação;
• as hipóteses de extinção, inadmitida a alteração e a rescisão administrativas unilaterais;
• as penalidades a que estão sujeitas as partes em caso de inadimplemento;
• a designação do órgão ou entidade responsável pela regulação e fiscalização das atividades ou insumos contratados.
 
No artigo 13 tem-se:
Os entes da Federação, isoladamente ou reunidos em consórcios públicos, poderão instituir fundos, aos quais poderão ser destinadas, entre outros recursos, parcelas das receitas dos serviços, com a finalidade de custear, na conformidade do disposto nos respectivos planos de saneamento básico, a universalização dos serviços públicos de saneamento básico.
 
No parágrafo único acrescenta-se:
Os recursos dos fundos a que se refere o caput deste artigo poderão ser utilizados como fontes ou garantias em operações de crédito para financiamento dos investimentos necessários à universalização dos serviços públicos de saneamento básico.
 
 
A prestação de serviços públicos de saneamento básico observará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo:
• diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiências detectadas;
• objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais;
• programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento;
• ações para emergências e contingências;
• mecanismos  e  procedimentos  para  a  avaliação  sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.
 
Acrescente-se o seguinte:
• os planos de saneamento básico deverão ser editados pelos titulares, podendo ser elaborados com base em estudos fornecidos pelos prestadores de cada serviço;
• a consolidação e a compatibilização dos planos específicos de cada serviço serão efetuadas pelos respectivos titulares;
• os planos de saneamento básico deverão ser compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que estiverem inseridos;
• os planos de saneamento básico serão revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro) anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual;
• será assegurada ampla divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas;
• a delegação de serviço de saneamento básico não dispensa o cumprimento pelo prestador do respectivo plano de saneamento básico em vigor à época da delegação;
• quando envolverem serviços regionalizados, os planos de saneamento básico devem ser editados em conformidade com o estabelecido no art. 14 da Lei em questão;
• exceto quando regional, o plano de saneamento básico deverá englobar integralmente o território do ente da Federação que o elaborou.
• incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços a verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais.
 
2.5 Regulação
O exercício da função de regulação deverá atender o seguinte:
• independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira da entidade reguladora;
• transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões. São objetivos da regulação:
• estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários;
• garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;
• prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência;
• definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam a eficiência e a eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade.
A entidade reguladora editará normas relativas às dimensões técnica, econômica e social de prestação dos serviços, que abrangerão, pelo menos, os seguintes aspectos:
• padrões e indicadores de qualidade da prestação dos serviços;
• requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;
• as metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços e os respectivos prazos;
• regime, estrutura e níveis tarifários, bem como os procedimentos e prazos de sua fixação, reajuste e revisão;
• medição, faturamento e cobrança de serviços;
• monitoramento dos custos;
• avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;
• plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certificação;
• subsídios tarifários e não tarifários;
• padrões de atendimento ao público e mecanismos de participação e informação;
• medidas de contingências e de emergências, inclusive racionamento; Complementarmente é importante observar o seguinte:
• a regulação de serviços públicos de saneamento básico poderá ser delegada pelos titulares a qualquer entidade reguladora constituída dentro dos limites do respectivo Estado, explicitando, no ato de delegação da regulação, a forma de atuação e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas partes envolvidas;
• as normas de regulação deverão fixar prazo para os prestadores de serviços comunicarem aos usuários as providências adotadas em face de queixas ou de reclamações relativas aos serviços;
• as entidades fiscalizadoras deverão receber e se manifestar conclusivamente sobre as reclamações que, a juízo do interessado, não tenham sido suficientemente atendidas pelos prestadores dos serviços;
• em caso de gestão associada ou prestação regionalizada dos serviços, os titulares poderão adotar os mesmos critérios econômicos, sociais e técnicos da regulação em toda a área de abrangência da associação ou da prestação;
• os prestadores de serviços públicos de saneamento básico deverão fornecer à entidade reguladora todos os dados e informações necessárias para o desempenho de suas atividades, na forma das   normas legais, regulamentares e contratuais;
• compreendem-se nas atividades de regulação dos serviços de saneamento básico a interpretação e a fixação de critérios para a fiel execução dos contratos, dos serviços e para a correta administração de subsídios;
• deverá ser assegurada publicidade aos relatórios, estudos, decisões  e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação ou à fiscalização dos serviços, bem como aos direitos e deveres dos usuários e prestadores, a eles podendo ter acesso qualquer do povo, independentemente da existência de interesse direto.
 
No artigo 27 assegura-se:
aos usuários de serviços públicos de saneamento básico, na forma das normas legais, regulamentares e contratuais:
 
I – Amplo acesso a informações sobre os serviços prestados;
II – Prévio conhecimento dos seus direitos e deveres e das penalidades a que podem estar sujeitos;
III – Acesso a manual de prestação do serviço e de atendimento  ao usuário, elaborado pelo prestador e aprovado pela respectiva entidade de regulação;
IV – Acesso a relatório periódico sobre a qualidade da prestação dos serviços.
 
2.6 Aspectos econômicos e sociais
Sob o ponto de vista dos aspectos econômicos e sociais, os serviços públicos de saneamento básico deverão ter sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços, preferencialmente na forma de tarifas e outros preços públicos para abastecimento de água e esgotamento sanitário.
Para os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos, a sustentabilidade deve ser garantida por taxas ou tarifas e outros preços públicos, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades. Para o manejo de águas pluviais urbanas: na forma de tributos, inclusive taxas, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades.
A instituição de tarifas, preços públicos e taxas para os serviços de saneamento básico observará as seguintes diretrizes:
• prioridade para atendimento das funções essenciais relacionadas à saúde pública;
• ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa renda aos serviços;
• geração dos recursos necessários para realização dos investimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do serviço;
• inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recursos;
• recuperação dos custos incorridos na prestação do serviço, em regime de eficiência;
• remuneração adequada do capital investido pelos prestadores dos serviços;
• estímulo ao uso de tecnologias modernas e eficientes, compatíveis com os níveis exigidos de qualidade, continuidade e segurança na prestação dos serviços;
• incentivo à eficiência dos prestadores dos serviços.
Os reajustes de tarifas de serviços públicos de saneamento básico estão previstos no artigo 37, em que se determina que sejam realizados no interva  lo mínimo de 12 meses. As revisões tarifárias (artigo 38) compreenderão a reavaliação das condições da prestação dos serviços e das tarifas praticadas e poderão ser:
• periódicas, objetivando a distribuição dos ganhos de produtividade com os usuários e a reavaliação das condições de mercado;
• extraordinárias, quando se verificar a ocorrência de fatos não previstos no contrato, fora do controle do prestador dos serviços, que alterem o seu equilíbrio econômico-financeiro.
As taxas ou tarifas decorrentes da prestação de serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos devem levar em conta a adequada destinação dos resíduos coletados e poderão considerar:
• o nível de renda da população da área atendida;
• as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas;
• o peso ou o volume médio coletado por habitante ou por domicílio. A cobrança pela prestação do serviço público de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas deve levar em conta, em cada lote urbano, os porcentuais de impermeabilização e a existência de dispositivos de amortecimento ou de retenção de água de chuva, bem como poderá considerar:
• o nível de renda da população da área atendida;
• as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas.
 
Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador nas seguintes hipóteses:
• situações de emergência que atinjam a segurança de pessoas e bens;
• necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas;
• negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo de leitura de água consumida, após ter sido previamente notificado a respeito;
• manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou outra instalação do prestador, por parte do usuário; e
• inadimplemento do usuário do serviço de abastecimento de água, do pagamento das tarifas, após ter sido formalmente notificado.
A suspensão dos serviços, prevista na Lei no 11.445/2007, deverá ser precedida de prévio aviso ao usuário, não inferior a 30 (trinta) dias da data prevista para a suspensão. A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por inadimplência a estabelecimentos de saúde, a instituições educacionais e de internação coletiva de pessoas e a usuário residencial de baixa renda beneficiário de tarifa social deverá obedecer a prazos e critérios que preservem condições mínimas de manutenção da saúde das pessoas atingidas.
 
2.7 Aspectos técnicos
A prestação dos serviços atenderá a requisitos mínimos de qualidade, incluindo a regularidade, a continuidade e aqueles relativos aos produtos oferecidos, ao atendimento dos usuários e às condições operacionais e de manutenção dos sistemas, de acordo com as normas regulamentares e contratuais.
Ressalvadas as disposições em contrário, das normas do titular, da entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeitando o usuário ao pagamento das tarifas e de outros preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços.
Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão admitidas soluções individuais de abastecimento de água e de afastamento e destinação final dos esgotos sanitários, observadas as normas editadas pela entidade reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, sanitária e de recursos hídricos. A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes, conforme estabelecido no § 2o  do artigo 45 da Lei no 11.445/2007.
 
2.8 Controle social
O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá incluir a participação de órgãos colegiados de caráter
consultivo, estaduais, do Distrito Federal e municipais, assegurada a representação:
• dos titulares dos serviços;
• de órgãos governamentais relacionados ao setor de saneamento básico;
• dos prestadores de serviços públicos de saneamento básico;
• dos usuários de serviços de saneamento básico;
• de entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do consumidor relacionadas ao setor de saneamento básico.
 
2.9 Política Federal de Saneamento Básico – Plansab
O Plano Nacional de Saneamento – Plansab é um instrumento fundamental de implementação da Política Federal de Saneamento Básico expressa nas diretrizes e nos instrumentos da Lei 11.445/2007, que considera aspectos relevantes da transversalidade e interdependência com as questões relativas ao desenvolvimento urbano e, também, com as política públicas de saúde, recursos hídricos, mobilidade e transporte urbano, habitação e meio ambiente para a melhoria da salubridade ambiental e da qualidade de vida.
O artigo 48 indica as diretrizes dessa política em torno dos seguintes pontos:
• prioridade para as ações que promovam a equidade social e territorial no acesso ao saneamento básico;
• aplicação dos recursos financeiros por ela administrados de modo que promovaa o desenvolvimento sustentável, a eficiência e a eficácia;
• estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços;
• utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no planejamento, implementação e avaliação das suas ações de saneamento básico;
• melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública;
• colaboração para o desenvolvimento urbano e regional;
• garantia de meios adequados para o atendimento da população rural dispersa, inclusive mediante a utilização de soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais peculiares;
• fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias apropriadas e à difusão dos conhecimentos gerados;
• adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levan do em consideração fatores como nível de renda e cobertura, grau de urbanização, concentração populacional, disponibilidade hídrica, riscos sanitários, epidemiológicos e ambientais;
• adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento de suas ações;
• estímulo à implementação de infraestruturas e serviços comuns a Municípios, mediante mecanismos de cooperação entre entes federados.
 
O artigo 49 define os objetivos da Política Federal de Saneamento Básico relacionados aos seguintes aspectos:
• contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das desigualdades regionais, a geração de emprego e de renda e a inclusão social;
• priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação dos serviços e ações de saneamento básico nas áreas ocupadas por populações de baixa renda;
• proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental aos povos indígenas e outras populações tradicionais, com soluções compatíveis com suas características socioculturais;
• oferecer condições adequadas de salubridade ambiental às populações rurais e de pequenos núcleos urbanos isolados;
• assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados pelo Poder Público segundo critérios de promoção da salubridade ambiental, de maximização da relação benefício-custo e de maior retorno social;
• incentivar adoção de mecanismos de planejamento, regulação e fiscalização da prestação dos serviços de saneamento básico;
• promover alternativas de gestão que viabilizem a autossustentação econômica e financeira dos serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação federativa;
• promover o desenvolvimento institucional do saneamento básico, estabelecendo meios para a unidade e articulação das ações dos diferentes agentes, bem como do desenvolvimento de sua  organização, capacidade técnica, gerencial, financeira e de recursos humanos, contempladas as especificidades locais;
• fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, a adoção de tecnologias apropriadas e a difusão dos conhecimentos gerados de interesse para o saneamento básico;
• minimizar os impactos ambientais relacionados à implantação e desenvolvimento das ações, obras e serviços de saneamento básico e assegurar que sejam executadas de acordo com as normas relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e ocupação do solo e à saúde.
A alocação de recursos públicos federais e os financiamentos com recursos da União ou com recursos geridos ou operados por órgãos ou entidades da União serão feitos em conformidade com as diretrizes e os objetivos estabelecidos nos arts. 48 e 49 da Lei Nacional de Saneamento Básico e com os planos de saneamento básico e condicionados:
• ao alcance de índices mínimos de desempenho do prestador na gestão técnica, econômica e financeira dos serviços, bem como, na eficiência e eficácia dos serviços, ao longo da vida útil do empreendimento;
• à adequada operação e manutenção dos empreendimentos anteriormente financiados.
• O artigo 52 define o conteúdo, a abrangência e os objetivos do Plansab, que deverá conter:
• os objetivos e as metas nacionais e regionalizadas, de curto, médio e longo prazos, para a universalização dos serviços de saneamento básico e o alcance de níveis crescentes de saneamento básico no território nacional, observando a compatibilidade com os demais planos e políticas públicas da União;
• as diretrizes e as orientações para o equacionamento dos condicionantes de natureza políticoinstitucional, legal e jurídica, econômicofinanceira, administrativa, cultural e tecnológica com impacto na consecução das metas e objetivos estabelecidos;
• a proposição de programas, projetos e ações necessários para atingir os objetivos e as metas da Política Federal de Saneamento Básico, com identificação das respectivas fontes de financiamento;
• as diretrizes para o planejamento das ações de saneamento básico em áreas de especial interesse turístico;
• os procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações executadas.
 
Os planos devem ser elaborados com horizonte de 20 (vinte) anos, avaliados anualmente e revisados a cada 4 (quatro) anos, preferencialmente em períodos coincidentes com os de vigência dos planos plurianuais.
O artigo 53 institui o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico – Sinisa, com os seguintes objetivos:
• coletar e sistematizar dados relativos às condições da prestação dos serviços públicos de saneamento básico;
• disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações relevantes para a caracterização da demanda e da oferta de serviços públicos de saneamento básico;
 
• permitir e facilitar o monitoramento e a avaliação da eficiência e da eficácia da prestação dos serviços de saneamento básico

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