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Renato Mattos

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
CELSO GUILHERME TONIN
ANALIZE TEXTUAL “O OURO DA GUINÉ”
SÃO PAULO
2019
INTRODUÇÃO
De todos os reinos da Europa que se aventuraram em expedições marítimas em busca da tão sonhada índia, por que Portugal tomou a frente a essa procura?
Nessa analise veremos, de acordo com o pensamento de Charles R. Boxer, porque Portugal se tornou a potencia marítima numero um no seu tempo, fundando diversos pontos comerciais na costa africana, inicialmente, e posteriormente, com o descobrimento do novo mundo, fundando uma das maiores colônias fornecedoras de matéria prima que geravam grande lucro em Portugal.
ANÁLISE/TEXTO
Ao fim da idade média, com a revolução de Avis ocorrida em 1383, Portugal passaria por uma grande transformação política que mudaria e fortaleceria o cotidiano do pequeno reino. A mudança marcaria o fim das propriedades feudais e iniciaria um novo ciclo de organização urbana e econômica. Embora o mundo naquele momento também estivesse em transformação semelhante, em Portugal essa transformação fora mais rápida em comparação com os demais reinos europeus, que ainda resolviam outros conflitos por diversos outros fatores. Podemos citar por exemplo a Espanha, que travava forte embate contra os mouros, e também a Inglaterra e França, participantes da guerra dos cem anos. Enquanto esses conflitos militares ocupavam os esforços destas grandes nações europeias, Portugal pouco precisava se preocupar com isso pois no reino se dava certa paz.
Isso deu a Portugal grande vantagem para empreender os esforços em outras atividades como as religiosas, econômicas e mercantis.
A produção de excedentes já era uma prática comum em todo o mundo, e era através da comercialização deste excedente que a riqueza era gerada. Mas Portugal era um reino territorialmente menor do que os demais, o que trazia certa desvantagem na produção agrária. Com pouca variedade de solos férteis, o cultivo de certas espécies era limitado, como por exemplo de alguns cereais. Podemos considerar que esse também foi um importante fator que levaria Portugal, mais tarde a expandir o seu território ou área de influência, onde houvesse mais possibilidades produtivas ou facilidades quanto à obtenção destes produtos.
Outro importante componente deste período histórico era a efervescência religiosa em torno do cristianismo e das cruzadas. Havia uma forte ligação entre os monarcas portugueses e os Papas. Isso fica evidenciado através das muitas bulas papais, nas quais os reis portugueses solicitavam a autorização papal para pratica dos vários atos que foram realizados durante todo o processo de exploração naval português, como a escravidão de negros africanos.
Em 1415 Ceuta fora tomada pelos portugueses. Esse acontecimento marca o início das grandes navegações. Ceuta estava estrategicamente localizada no estreito de Gibraltar, onde se dava grande fluxo comercial, como a rota do ouro, vindo principalmente de Gama, Oaden e Tombuctu; a rota comercial de cidades importantes como Veneza e Flandres; e também a rota das especiarias orientais advindas da península arábica. A conquista deste importante entreposto comercial possibilitou aos portugueses iniciarem seus projetos de expansão marítima, visto que após a conquista da cidade, os portugueses obtiveram informações sobre a fertilidade do solo das regiões interioranas, o que poderia sanar com o problema de produção de cereais; e do escoamento do ouro retirado do alto Níger e rio Senegal. A posse do ouro era de grande importância para Portugal, pois havia no reino grande escassez do metal. Uma evidência disso é que em Portugal a cunhagem de moedas oficiais em ouro já não se dava desde 1383 sendo um dos poucos reinos europeus que ainda permaneciam nesta situação, cunhando suas moedas em metais menos nobres ou raros. Mas ainda havia um fator essencial para a importância desta conquista: Ceuta era um ponto de resistência muçulmano, uma base naval para uma possível invasão pelo estreito de Gibraltar. Como o ímpeto contra os muçulmanos estava presente no cotidiano cristão, era de suma importância que os cristãos impedissem sua progressão, ainda mais num ponto tão adequadamente estratégico como Ceuta.
Assim podemos concluir que Ceuta fora de grande importância devido a esses três principais fatores: o religioso, o econômico e o estratégico.
A partir de então os portugueses tinham como ambição a chagada nas índias, pois atingiriam níveis absurdos de lucro sob a comercialização das especiarias orientais. Não havia um consenso quanto aos limites do território da Índia: praticamente todos os lugares onde havia a comercialização de especiarias que não fossem conhecidas como Europa ou território muçulmano eram Indianos. Foi assim que partes de territórios africanos também eram considerados ser parte da Índia.
Existia também outra motivação para a busca das especiarias orientais: a busca pelo reino de Preste João. Acreditava-se que nos confins dos limites dos territórios muçulmanos haveria um reino cristão, abastardo e de grande poderio militar. Preste João seria um grande aliado contra os muçulmanos. Embora um lenda, o imaginário português alimentou o desejo de encontrá-lo, acreditando-se que seria de suma importância terlo como aliado.
Como as expedições demandavam altos custos, inicialmente elas eram financiadas com dinheiro público, tendo como estímulo de que seria absurdamente alta a porcentagem de retorno financeiro a comercialização das especiarias, como por exemplo, o açúcar mascavo, artigo de luxo entre os europeus. As viagens eram longas e buscava-se contornar toda a África e assim alcançar a Índia.
Uma viagem que compreendia grandes esforços por parte dos participantes, sejam eles reis, príncipes, nobres e comerciantes. Ao longo das muitas viagens sem sucesso, os portugueses evoluíam suas técnicas navais e cartográficas, a ponto de hoje encontrarmos mapas com incrível precisão de toda a costa do litoral africano. Instrumentos foram desenvolvidos e seus usos foram aprimorados como o astrolábio e a bússola. Isso possibilitou à investidores e comerciantes participarem das grandes navegações, pois embora as viagens fossem altamente custosas havia a promessa de lucros vertiginosos quando a embarcação retornasse abastecida de especiarias.
Em 1488, o famoso navegador português Bartolomeu Dias, fora o primeiro a conseguir alcançar o oceano índico contornando a Africa através do cabo da tormenta, mais tarde renomeado para cabo da boa esperança. Devido à pressão da tripulação que se via em perigo naquele mar tempestuoso,
Bartolomeu Dias foi obrigado à regressar à Lisboa, não concluindo sua viagem à India. Embora não fora recompensado pelo seu feito, o navegador havia conseguido algo de extrema importância que até então não fora feito: uma rota segura e correta para acesso ao mar índico.
Durante todo o período de navegação, Portugal viu que era necessário a expansão de sua área de influencia sob a costa africana, visto que ela seria primordial para o sucesso das expedições para a índia. Também se observou a oportunidade de estabelecer uma outra fonte lucrativa: o comércio de escravos africanos. Assim sendo, Portugal estabeleceu ao longo da costa e regiões interioranas portos e fortes para proteger as atividades exploratórias do ouro e da atividade escravista, bem como auxiliar a navegação das frotas que buscavam à Índia com água potável, alimentação, madeira, e outros suprimentos.
Em 1497 parte de Portugal outro navegador, Vasco Da Gama que tinha por missão seguir a rota até o índico indicada por Bartolomeu Dias, dobrar o cabo da boa esperança e chegar à Índia. Em 1488 o feito se realiza e a frota de Vasco Da Gama alcança a cidade indiana de Calecute (atual Kerala). Era estabelecido a partir de então uma nova rota para o oriente, quebrando o monopólio da rota do mediterrâneo.
CONCLUSÃO
Compreendemos de acordo com a visão de Charles Boxer que houve quatro principais motivosque impulsionaram a expansão ultramarina de Portugal iniciada na segunda metade do século XV:
• A motivação religiosa: a constante cruzada contra os muçulmanos e a expansão da palavra da igreja católica pelo globo, sendo o infante D. Henrique o soldado de deus encarregado de fazer esse trabalho;
• Fatores econômicos: apoderar-se do ouro da Guiné e de outras regiões interioranas da África e buscar uma nova rota para às Índias, quebrando o monopólio da rota pelo mediterrâneo e obtendo assim maiores porcentagens de lucros na comercialização de especiarias orientais;
• Fator político: encontrar o reino de Preste João, que seria um importante aliado contra os muçulmanos.
Esses fatores se sobrepõem e levam Portugal a desenvolver sua habilidade naval, que no século XV é reconhecida como uma das melhores do mundo.

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