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DIREITO ADMINISTRATIVO I ? 2005 1º Semestre EXPEDIENTE CURSO DE DIREITO – CADERNOS DE EXERCÍCIOS Coordenação Geral do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá Prof. Sérgio Cavalieri Filho Prof. André Cleofas Uchôa Cavalcanti Coordenação Executiva: Márcia Sleiman COORDENAÇÃO DO PROJETO Comissão de Qualificação e Apoio Didático-pedagógico Presidência: Prof. Laerson Mauro Coordenação: Prof.ª Tereza Moura ORGANIZAÇÃO DO CADERNO Prof. José Maria Pinheiro Madeira APRESENTAÇÃO A metodologia de ensino aplicada no Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá é centrada na articulação entre a teoria e a prática, com vistas a desenvolver o raciocínio jurídico do aluno. Essa metodologia abarca o estudo interdisciplinar dos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da pesquisa, bem como a análise de conceitos e a discussão de suas aplicações. Nesta perspectiva, foi criada a Coleção Cadernos de Exercícios, que contempla uma série de casos práticos e interdisciplinares para serem desenvolvidos em aula, simulando casos concretos de provável ocorrência na vida profissional. O objetivo desta coleção é possibilitar aos alunos o acesso ao material didático que propi- cie um aprender fazendo. Os pontos relevantes para o estudo dos casos devem ser objeto de pesquisa prévia pelos alunos, envolvendo a legislação pertinente, a dou- trina e a jurisprudência, de forma a prepará-los para as discussões reali- zadas em aula. Esperamos, com estes cadernos, criar condições para a realização de aulas mais interativas e propiciar a melhoria constante da qualidade do ensino do nosso Curso de Direito. Coordenação Geral do Curso de Direito SUMÁRIO AULA 1 Administração pública – princípios informativos. Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade. .............. 07 AULA 2 Princípios informativos (continuação): continuidade, indisponibilidade, supremacia do interesse público, igualdade, eficiência, motivação, razoabilidade. ................................... 08 AULA 3 Uso e abuso do poder. Excesso de poder, desvio de finalidade, omissão da administração. Remédio contra o abuso de poder. ....... 11 AULA 4 Poderes administrativos. Poder regulamentar e poder de polícia. .. 12 AULA 5 Poderes administrativos (continuação). Discricionariedade e vinculação. Poder hierárquico e poder disciplinar. .................. 13 AULA 6 Atos administrativos. Conceito, elementos, existência, validade, eficácia. Atributos. ............................................................. 16 AULA 7 Atos administrativos (continuação). Classificação. Atos vinculados e discricionários, simples e complexos e outros. Motivação: teoria dos motivos determinantes. Mérito administrativo. Controle da discricionariedade. ........................................................ 18 6 AULA 8 Espécies de atos administrativos – decretos, resoluções, licença, permissão, autorização e outros. ..................................... 20 AULA 9 Invalidação dos atos administrativos. Revogação, anulação e cassação. ................................................................. 22 AULA 10 Obrigações administrativas. Fontes. Contratos da administração. Disciplina constitucional e legal. Sujeitos do contrato. Formalização. Contratos administrativos. Peculiaridades –prerrogativas da administração. Equação econômico-financeira. Interpretação. Distinção entre prerrogativa e privilégio em face do interesse público. ...................................................................... 26 AULA 11 Espécies de contratos administrativos. Contratos de obras, de serviços, de fornecimento e de concessão. Duração do contrato: prorrogação, renovação e inexecução. Controle. Extinção do contrato. ................................................................................. 28 AULA 12 Licitação administrativa. Disciplina normativa. Conceitos e princípios. Licitação administrativa. Dispensa, dispensabilidade e inexigibilidade. .................................................................... 30 AULA 13 Licitação administrativa. Fases. Recursos. Invalidação. Revogação. Sanções. ........................................................................ 31 7 AULA 1 Administração pública – princípios informativos. Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade. CASO 1 Antônio, servidor estatutário do município do Rio de Janeiro, requereu na esfera administrativa a percepção de determinada vantagem pecuniária – nível universitário. Indeferido o pedido pelo secretário de Administra- ção Municipal, interpôs recurso, integralmente indeferido pelo prefeito. Antônio, inconformado, procura você em busca de uma medida judicial. Responda justificadamente: Em face da coisa julgada administrativa, pode a questão ser levada à apreciação da Justiça? A denominada coisa julgada é, na verdade, apenas uma preclusão de efeitos internos? Caso positivo, qual a via que você utilizaria, contra quem seria proposta a medida e perante que órgão? CASO 2 O ex-prefeito do município X, na época de seu mandato, terminado em 1998, recebeu recursos para a construção de 100 casas populares em um bairro pobre do município. Ocorre que somente parte dos recursos des- tinados à construção das casas populares foi empregada na obra, restan- do provado que o ex-prefeito concluiu somente a construção de 30 ca- sas. Defendeu-se o ex-prefeito dizendo que o restante da verba teria sido aplicado em outras obras públicas, em favor do bem comum, o que não restou provado. Sendo assim, o Ministério Público aforou ação civil pública contra ato de improbidade administrativa do ex-prefeito, que, em sede de defesa, alegou a prescrição por já ter deixado o cargo há mais de cinco anos, consoante dispõe a lei 8.429/1992, no art.23. Pergunta-se: Qual o objeto da presente ação? Que princípios informati- vos da administração pública teriam sido violados? O Ministério Público é legitimado para a propositura da presente ação? A alegação preliminar de prescrição é legítima? Por quê? 8 AULA 2 Princípios informativos (continuação): continuidade, indisponibilidade, supremacia do interesse público, igualdade, eficiência, motivação, razoabilidade. CASO 1 A Comércio e Importadora XYZ, empresa de produtos comestíveis im- portados, apesar de ter pago todos os impostos devidos, não obteve a liberação de sua mercadoria pelo delegado da Receita Federal, em virtude de greve dos fiscais daquele órgão. Preocupado com o perecimento dos produtos e o conseqüente prejuízo iminente, sem poder aguardar o térmi- no da greve, a empresa recorreu ao Judiciário. Responda fundamentadamente: A alegação de greve e conseqüente im- possibilidade de prestar o serviço, embasa legalmente a omissão do de- legado? Qual a medida judicial cabível neste caso? Com que fundamen- to? A empresa alcançará sucesso na demanda? Por quê? CASO 2 Josuel, eletricista, prestou serviço eventual à prefeitura de Honesto Fe- liz. Emitido o recibo de pagamento de autônomo (RPA), a prefeitura não efetuou o pagamento na data acordada. Passados dois meses, Josuel apresentou requerimento na prefeitura, no qual pede a expedição de cer- tidão que declare as razões do não pagamento até aquele momento. Em resposta ao requerimento, secretário estadual decide no sentido de que não poderá fornecer as informações em razão da ausência de regulamen- tação do § 3º, do art. 37 da Constituição Federal. Inconformado com a decisão administrativa, Josuel procura você, advogado(a), para que in- terponha o recurso administrativo próprio para o caso. Analise a questão, respondendo: Quais são os traços distintivos entre motivação e motivo? Ilustre-os por meio de exemplos significativos. Quando a motivação é obrigatória na eficácia dos atos? No caso enfocado, a decisão do secretário é lícita? Por quê? 9 CASO 3 A Farmácia X Ltda. estabeleceuo seu funcionamento em regime de 24 horas para atender melhor atender os seus clientes. Ocorre que foi editado ato administrativo municipal, restringindo o horário de funcio- namento do referido estabelecimento comercial. Embora sabendo que é da alçada da municipalidade legislar e atuar em assuntos concernentes a horários de funcionamento do comércio local, a farmácia impetrou mandado de segurança, visando anulação do ato, com base na ofensa ao princípio da razoabilidade. Responda, fundamentadamente: O ato praticado pela municipalidade ofende o princípio da razoabilidade? Por quê? O ato administrativo, no caso, é passível de controle jurisdicional? Se afirmativo, sob qual fundamento? Se negativo, por quê? A farmácia impetrante obterá sucesso na demanda? Questões objetivas 1) A publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos não deverão ter caráter: a) de promoção pessoal c) informativo b) educativo d) orientação social 2) Os atos de improbidade administrativa não importarão: a) perda dos direitos políticos. c) indisponibilidade dos bens. b) perda da função pública. d) ressarcimento ao erário. 3) O princípio legalmente estabelecido à obediência pela administração pública e traduzido na observância, que lhe é prescrita, do critério segun- do o qual lhe é vedada aplicação retroativa de nova interpretação de uma norma administrativa, denomina-se: a) razoabilidade. c) segurança jurídica. b) proporcionalidade. d) impessoalidade. 10 4) É sabido que atos discricionários também admitem justiciabilidade, sopesadas as circunstâncias determinantes de sua prática: a administra- ção pública exonera servidor público de um cargo declarado em lei de livre nomeação e exoneração, justificando as razões pelas quais o prati- cou. Se admitida a apreciação judicial desse ato, por ter sido inquinado de nulidade, sua jurisdicionalização deverá fazer-se, sobretudo, median- te aferição do pressuposto de validade legal conceituado, especifica- mente, como: a) legalidade. c) finalidade. b) razoabilidade. d) motivo. 5) O critério de interpretação da norma administrativa de que decorre o ser vedada, em processo administrativo, aplicação retroativa de nova interpretação, é relativo ao princípio imposto à observância pela admi- nistração pública conhecido como o da: a) razoabilidade. c) proporcionalidade. b) segurança jurídica. d) eficiência. 6) Constitui critério a ser observado no processo administrativo, conso- ante sua regulamentação federal, o da adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida su- perior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. Tal critério corresponde a um princípio conhecido como o da: a) motivação. c) proporcionalidade. b) segurança jurídica. d) eficiência. 7) Recente emenda constitucional, conhecida como da Reforma Admi- nistrativa, dispôs sobre os princípios da administração pública incluindo entre os anteriormente constitucionalizados o seguinte: a) impessoalidade. c) eficiência. b) motivação. d) razoabilidade. 11 AULA 3 Uso e abuso do poder. Excesso de poder, desvio de finalidade, omissão da administração. Remédio contra o abuso de poder. CASO 1 Luiz, policial militar do estado do Rio de Janeiro, ajuizou ação ordinária em face ao estado, visando o retorno imediato ao serviço público. Ale- ga que o chefe do Poder Executivo praticara ato administrativo eivado de abuso de poder, em razão de haver sido colocado em disponibilida- de por estar respondendo a inquérito administrativo, o que configura verdadeira punição antecipada, em detrimento da presunção constitu- cional de inocência, violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da estabilidade. Em contestação, o estado sustenta a legalidade do ato impugnado com base nos princípios da discricionariedade, razoabilidade e isonomia, uma vez que foram escolhidos aqueles que tinham contra si fortes indícios de crimes graves, o que legitima o fator de diferenciação no momento da escolha “(...) se é necessário prescindir de um determinado número de servidores públicos, que se prescinda daqueles cujo comportamento, ao menos em tese, revela-se incompatível com a função que exercem (...)”. Insiste na tese de que a disponibilidade é ato discricionário que foge ao controle do Poder Judiciário. O Ministério Público opina no sentido da improcedência do pedido. Pergunta-se: Quais os princípios administrativos desobedecidos? Expli- que, objetivamente, as razões de sua conclusão. Luiz poderia recorrer ao Poder Judiciário, antes do esgotamento da esfera administrativa? Há de prosperar a ação movida por Luiz em face do estado do Rio de Janeiro, objetivando o retorno imediato ao serviço público? Quais os fundamen- tos? CASO 2 A autoridade administrativa municipal apreendeu e removeu veículo utilitá- rio de propriedade de Marluce Van Derley, que com ele trafegava sem a licença. Ao tentar reaver o seu veículo, foi impedida pela administração que, 12 nos termos do art. 271, parágrafo único, do Código de Trânsito Brasileiro, condicionou a liberação ao pagamento das multas (no total de 28), taxas e despesas, além da quitação do IPVA, não recolhido nos dois últimos exercí- cios. Tal rigor decorre da natureza gravíssima da infração. Marluce impetra mandado de segurança, com pedido de liminar, no sentido de liberar seu veículo, pois o ato da administração equivale à verdadeira execução adminis- trativa, a configurar abuso de poder, exorbitando-se dos atributos da exigibilidade e da auto-executoriedade inerentes aos atos administrativos. Pergunta-se: Qual a natureza jurídica do poder de polícia? A multa pode figurar como condição para a liberação do veículo? A Fazenda deve co- brar seus créditos por meio de execução fiscal, sem impedir, direta ou indiretamente, a atividade profissional do contribuinte? Posicione-se quanto ao êxito ou não da impetração. CASO 3 Estabeleça a diferença entre o “excesso” e “desvio de poder”, dando um exemplo de cada espécie (OAB/RJ). AULA 4 Poderes administrativos. Poder regulamentar e poder de polícia. CASO 1 A sociedade empresarial Tem de Tudo Materiais Elétricos Ltda. foi atua- da pelo fisco estadual por falta de pagamento do ICMS referente aos anos de 2002 e 2003. Inconformado, o sócio da empresa propôs ação cautelar inominada, em seu próprio nome, visando paralisar o poder de polícia do estado; impedia a cobrança judicial ou extrajudicialmente de multa lastreada em auto de infração abusivo e ilegal, bem como remeter o nome da pessoa jurídica para o cadastro de proteção ao crédito (Serasa, SPC, Cadin, Dadif etc.) ou de incluí-lo no rol da dívida ativa. Pergunta-se: Qual foi o poder utilizado pela administração pública? Pode- se cogitar de nulidade à atuação do fisco estadual? Admite-se, por parte da sociedade empresarial, sustar a iniciativa da administração? 13 CASO 2 Montesquieu da Silva deixou o seu veículo de modo irregular em estaci- onamento rotativo pago, explorado por concessionária municipal. Tal conduta ensejou aplicação de sanção pecuniária. Irresignado, Montesquieu impetra mandado de segurança com o fim de desconstituir aquela multa, por entender que não é o município a entidade com competência para prestar o serviço de estacionamento rotativo e, ainda que fosse, o serviço seria indelegável por compreender atos de poder de polícia, como a emissão da multa e a remoção do veículo, por exemplo. À luz do exposto, tomando os fatos narrados como verdadeiros, responda: Qual a medida judicial cabível? Teria legitimidade o município para a aplica- ção da multa? O que seria postulado, contra quem e com que fundamento? Questão objetiva 1) Em fiscalização realizada por denúncia de moradores vizinhos, a municipalidade interditou antiga construção em ruínas, que ameaçava de- sabar, colocando em riscoa vida dos que ali circulavam. Como seu propri- etário quedou-se inerte frente à notificação com ordem para demolição, a própria municipalidade efetuou a demolição da construção. O atributo que caracteriza a demolição realizada pela própria municipalidade e o da(o): a) imperatividade. c) poder de polícia. b) presunção de veracidade. d) auto executoriedade. AULA 5 Poderes administrativos (continuação). Discricionariedade e vinculação. Poder hierárquico e poder disciplinar. CASO 1 Murilo, carcereiro policial, e Marcílio, auxiliar de necropsia, ambos afas- tados de suas funções por razões disciplinares, com armas e carteiras apreendidas, abordaram em rua do centro da cidade, por volta das 23h, 14 um cidadão angolano, que estaria em “atitude suspeita” junto a uma agência bancária. Os servidores relataram que houve reação à aborda- gem, gerando luta corporal e disparo de tiros (as armas não eram registradas e suas numerações estavam raspadas) por parte de Murilo e Marcílio, culminando com a morte do estrangeiro. A autoridade adminis- trativa instaurou sindicância para apurar os fatos, seguida por inquérito administrativo. A ampla defesa foi assegurada. Embora o relatório final opinasse pela suspensão, a secretaria de Segurança Pública determinou a demissão (penalidade legal máxima), e fora sufragada pelo governador, dada a gravidade dos fatos. Inconformados, os servidores demitidos ingressam no Judiciário. Argüindo vícios no processo administrativo disciplinar, requereram a anulação da demissão, a reintegração nos car- gos, bem como verbas patrimoniais e morais. Aduzem que a ação penal relativa àquele fato sequer havia chegado a termo e que poderia ocorrer a absolvição naquela sede, sendo prematura a decisão administrativa. Pergunta-se: Pode o Judiciário sindicar a decisão administrativa? Caso ocorra a absolvição em sede penal, a sentença surtirá efeitos sobre a decisão administrativa? O que se entende por “resíduo administrativo”? Se a legislação que dispõe sobre as sanções aplicáveis for modificada no futuro, de forma a não mais apontar a demissão como sanção aplicável, poderá a decisão anterior ser revista? CASO 2 Nicodemus, policial militar, foi excluído da PMERJ, a bem da disciplina, após ter sido submetido ao Conselho de Disciplina da corporação. En- tendeu-se que Nicodemus tinha relacionamento com pessoas ligadas ao crime organizado. Posteriormente, foi absolvido pelo juízo da 13ª Vara Criminal, por falta de provas de que participava da quadrilha de Carlos de Tal, conhecido ladrão de carros. Com base nessa absolvição, quer ser reintegrado às fileiras da PMERJ. Responda fundamentadamente: Qual é a medida judicial cabível? Para obter sucesso nessa medida, basta apresentar o trânsito em julgado da sentença criminal. Por quê? O processo administrativo depende da con- clusão do processo criminal a que é submetido o servidor? Por quê? 15 Questões objetivas 1) A administração pública municipal determinou que os feirantes que ocupam área pública onde seria realizada uma obra pública, deveriam ser transferidos para outro local. A administração fixou prazo para a transfe- rência. Findo o prazo, sem a devida desocupação, foi expedida ordem para que a Polícia Militar providenciasse a desocupação da área pública. Os feirantes resistiram, usando paus e pedras. A polícia usou de força para cumprir a ordem recebida. Após o confronto, cinco feirantes foram mortos e vários sofreram lesões corporais graves, provocadas por tiros disparados pela polícia. Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta: a) A atitude da polícia militar deve ser considerada lícita, pois a coercibilidade é um dos atributos do poder de polícia. b) A atitude da polícia seria considerada lícita apenas se estivessem os policiais dando cumprimento à ordem judicial. c) A coercibilidade é atributo do poder de polícia. Para ser lícita, a atuação do estado deveria, porém, ter obedecido ao princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade que, no caso, foi violado. d) O uso da força pela polícia será sempre considerado como violador de direitos e garantias individuais. 2) O poder administrativo, cujos requisitos ou pressupostos de exercício regular têm previsão legal específica, inclusive quando exercitado em atividade que a lei tenha como discricionária, é o: a) poder regulamentar. c) poder disciplinar. b) poder vinculado. d) poder de polícia. 3) A atividade da administração pública que, limitando ou disciplinan- do direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higi- ene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 16 exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou au- torização do poder público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos chama-se: a) serviço público. c) poder de polícia. b) fomento. d) intervenção na economia. 4) A expedição, pelo prefeito, de decreto normativo e geral, para fiel exe- cução de disposição de lei municipal, baseia-se em seu poder: a) regulamentar. c) subsidiário. b) legislativo. d) sancionatório. AULA 6 Atos administrativos. Conceito, elementos, existência, validade, eficá- cia. Atributos. CASO 1 Agenildo Silva propôs ação de procedimento comum ordinário, objetivando compelir o Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran- RJ) a: 1º) Renovar sua carteira de habilitação, negada pelo Detran-RJ sob argumento de não existir prontuário; 2º) Reparar-lhe dano material sofrido pela não utilização do veículo durante os meses de janeiro a dezembro de 2004, para o exercício de sua profissão (técnico de televisão). A autarquia confirmou ter negado a renovação da carteira diante da ausência de regis- tros acerca da primeira habilitação do autor, estando Agenildo em situação equivalente à descrita no artigo 148, § 4º, da Lei 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro): “A não obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (...) obriga o candidato a reiniciar todo o processo de habilitação.” Pergunta-se: A autarquia estadual agiu de forma correta? Nesse caso concreto, a apresentação da carteira de habilitação com validade expira- da é suficiente para embasar o pedido de renovação? 17 CASO 2 O prefeito da cidade de Rosa dos Campos, após a conclusão de concur- so público, nomeou e deu posse aos candidatos aprovados. No decorrer do estágio probatório, o novo chefe do Poder Executivo declarou nulo o concurso, o que acarretou a demissão de todos aqueles servidores. O ato de demissão foi precedido de regular apuração sumá- ria, em que foram constatados indícios veementes de irregularidades na realização do concurso anulado, entre as quais a nomeação de candida- tos que não comprovaram o grau de escolaridade exigido pelo edital para aquele cargo e a norma do edital, que contraria expressamente a orienta- ção de decreto regulamentar, ao dispor que “os casos omissos seriam resolvidos pela prefeitura, por meio do gabinete do prefeito”. Ocorre que a chefia de gabinete era exercida pela filha do ex-prefeito, também inscrita no concurso e aprovada em segundo lugar. Indignados, os demitidos impetraram mandado de segurança contra o ato do prefeito, que reputam ilegal, já que não lhes foi assegurada a ampla defesa em sede de regular processo administrativo. Entendem que houve total afronta aos coman- dos contidos nos verbetes 20 e 21 da Súmula do STF. Responda a questão, destacando: Pode-se sintetizar o cânone da autotutela através da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, no problema enfocado? A alegação de que não foi dada observância ao princípio da ampla defesa, no processo administrativo disciplinar, é irrelevante para a solução do litígio? Por fim, analise a repercussão sobre os atos de investidura, sobre a remuneração recebidae sobre os atos praticados pelos agentes, supondo-se que a sentença, devida- mente transitada em julgado, acolha integralmente a pretensão autoral, invalidando o concurso de seleção. CASO 3 Esclareça, fundamentadamente, e à vista do direito positivo vigente, se o princípio da motivação necessária é de observância obrigatória na edi- ção de todo o ato administrativo (OAB/RJ). 18 Questões objetivas 1) A realização pela prefeitura da implosão, na Barra da Tijuca, do edifício Pálace, que ameaçava ruína iminente, configurou a ocorrência de um: a) ato administrativo de política urbana. b) ato material ou fato administrativo. c) ato administrativo de polícia estética. d) ato administrativo de polícia edilícia. 2) Não constitui ato administrativo: a) O julgamento, pelo Conselho de Contribuintes, de recurso contra multa em matéria tributária. b) A deliberação do Tribunal de Contas aplicando multa a responsá- vel por bens públicos, c) A medida provisória recentemente editada para aumento da alíquota do Imposto de Renda de pessoas físicas. d) A nomeação, após aprovação do Senado, por voto secreto, de diretor do Banco Central. AULA 7 Atos administrativos (continuação). Classificação. Atos vinculados e discricionários, simples e complexos e outros. Motivação: teoria dos motivos determinantes. Mérito administrativo. Controle da discricionariedade. CASO 1 Após receber notícia de que uma estagiária do Instituto Municipal de Cultura teria sofrido abuso sexual cometido pelo auditor-geral, o presi- dente daquela instituição relatou o ocorrido tanto ao prefeito quanto à 19 procuradoria-geral do município. Depois, procedeu à instauração da sindicância, cujo ato de abertura, ao ser publicado, continha o nome do auditor, bem como menção genérica quanto às irregularidades. A sindicância culminou com a exoneração daquele funcionário do cargo em comissão que ocupava. O ato de exoneração teve o seguinte teor: “Exo- nera-se Cláudio Soares, matrícula 999/01, ex officio, do cargo de auditor- geral do Instituto Municipal de Cultura.” Cláudio alega ser falso o moti- vo que ensejou sua exoneração e pleiteia, frente ao Judiciário, a reinte- gração no cargo, bem como indenização por danos materiais (pela não percepção dos proventos durante o afastamento) e danos morais (pela divulgação do ocorrido por parte do presidente, aos superiores hierár- quicos e pela instauração da sindicância, cuja portaria divulgava o seu nome). Entende que, na verdade, ocorreu exoneração motivada, caso em que, embora se trate de cargo em comissão, o ato discricionário passou a ser vinculado em face da teoria dos motivos determinantes. Sendo falso o motivo, impõe-se a anulação do ato com retorno ao statu quo ante. Pergunta-se: Como poderia ser classificado o ato de exoneração de Cláu- dio? À luz do disposto no art. 93, X, da Constituição Federal esse ato teria que ser motivado? CASO 2 Margarida Novaes participou de concurso público para o provimento de vaga do cargo de médico(a) pediatra do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Foi considerada inapta no exame de saúde, mediante comunicado verbal. Constatou-se que a candidata era portadora de deficiência de acuidade visual, causa de inabilitação pre- vista no edital. Em medida cautelar inominada, Margarida opõe-se ao resultado do concurso, apresentando exames de visão a que se subme- teu perante professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que foram peremptórios em afirmar que a candidata não apresen- tava a deficiência visual identificada pela banca. Responda às seguintes questões, fundamentando-as: 1) Explique a ra- zão pela qual a divergência entre os exames de saúde realizados pela banca do concurso e os realizados por especialistas da UERJ caracteriza 20 defeito de um dos elementos integrantes do ato administrativo, constitu- ído pela declaração de inaptidão da candidata. 2) A candidata poderá recorrer ao Poder Judiciário da decisão tomada pela banca examinadora, antes de pronunciamento decisório de recurso administrativo? Questão objetiva 1) A aposentadoria de um servidor público, que, decretada e publicada, somente se aperfeiçoa com o registro dos respectivos proventos no Tribunal de Contas competente, tem a natureza de ato administrativo que se classifica como: a) simples. c) composto. b) complexo. d) declaratório. AULA 8 Espécies de atos administrativos – decretos, resoluções, licença, permis- são, autorização e outros. CASO 1 Ao proceder à vistoria, com vistas à renovação de licença de veículo automotor, o Detran RJ constatou que estavam pendentes de pagamento quatro multas emitidas contra o proprietário, Júpiter da Silva. Baseando- se nas normas contidas nos arts. 124, VIII, 128 e 131, § 2º do CTB, foi recusada a expedição do certificado de licenciamento anual de seu veícu- lo. Júpiter impetra mandado de segurança. Sustenta que não fora devida- mente notificado das multas e que o Detran não é titular do poder-dever jurídico de exigi-las em pagamento, como condição para o licenciamento. Demonstra que a multa de trânsito é sanção administrativa ao condutor e não sanção ao veículo, como se vê do art. 257 do CTB. Finaliza aduzindo que o exercício do due process of law, impede a executoriedade da multa de trânsito; tal execução só pode ser realizada por meio dos procedimen- tos administrativos e judiciais previstos na Lei 6830/1980. 21 Pergunta-se: De quem é o ônus da prova quanto à notificação das mul- tas? O exercício de direito, o qual a lei submete à outorga mediante con- cessão de licença, pode ser obstado tendo em vista a natureza preventi- va do poder de polícia? São pertinentes as argumentações do impetrante? CASO 2 Sociedade comercial obtém do órgão competente licença de localização e funcionamento para a instalação de loja de produtos de cerâmica, em edificação situada na orla marítima e que lhe fora cedida pelo titular da posse. Este, a seu turno, obtivera o ponto por meio de permissão de uso outorgada pelo poder público municipal. Vencida a licença, mas vigente a permissão, a prefeitura notifica a sociedade para desocupar o ponto em 30 dias, sob pena de demolição, porque se trata de logradouro público, incluído no plano diretor da cidade como via de acesso a túnel projetado, cuja obra terá início em futuro próximo. A sociedade impetra mandado de segurança preventivo para que lhe seja garantida a permanência no lo- cal, ao menos até o termo final da permissão. Com base no caso acima, responda: Qual a espécie do ato concedido pela prefeitura? A atitude do poder público municipal, notificando a soci- edade comercial para desocupar o ponto sob pena de demolição, é legal? Há direito líquido e certo da impetrante a tutela? CASO 3 Mercolina Gonzales propôs ação ordinária com pedido de tutela antecipa- da em face do município do Rio de Janeiro, objetivando a expedição de alvará definitivo que lhe assegure o seu direito subjetivo de exercer comér- cio ambulante na Feira Noturna Turística de Copacabana. Sustenta a auto- ra que, apesar de trabalhar há cinco anos nesta feira, e estar regularmente cadastrada pelo município réu, tem sido alvo de arbitrariedades cometidas pelos fiscais da prefeitura, que estão impedindo o exercício do livre comér- cio. O município do Rio de Janeiro contestou o pedido, afirmando ter edi- tado o Decreto 17.332/1999 e a Portaria F/CLF 41/1999 para regulamentar o comércio de artesanato na Feira Noturna Turística de Copacabana, em atendimento ao preceituado na Lei 1.169/1987. Publicou o edital de convo- 22 cação para cadastramento e regularização dos feirantes, e a autora não participou do processo seletivo de profissionais ambulantes e, portanto, não atendeu às exigências legais para a concessão de autorização. Autos conclusos para pronunciamento jurisdicional. Discorra sobre o caso concreto,respondendo às questões suscitadas: Mercolina é detentora de licença? O que a caracteriza? Há que se falar em direito adquirido à renovação ou pode a administração negá-la? É lícito ao Judiciário, neste caso, examinar os aspectos de oportunidade e con- veniência do ato? Por quê? AULA 9 Invalidação dos atos administrativos. Revogação, anulação e cassação. CASO 1 José Moura, candidato ao preenchimento de vaga no cargo de agente de segurança penitenciária no estado do Rio de Janeiro, participou de con- curso público em que uma das fases eliminatórias consistia de prova de aptidão física, a ser realizada em dia a ser previamente marcado. Cumpridos os prazos de publicidade do edital, e assegurada a todos os candidatos a prévia ciência da data da prova de aptidão física, o candidato foi reprovado por não ter alcançado o índice mínimo de desempenho exigido para apro- vação. Inconformado, José Moura ingressou com ação ordinária de anula- ção de ato administrativo, cumulada com obrigação de fazer, em que o autor pretendia desconstituir sua inabilitação na prova realizada. Alegou que a data da prova foi fixada unilateralmente pela administração pública, e que tendo o dia amanhecido chuvoso, a pista de corrida dificultou o desempenho dos candidatos, por estar enlameada pela chuva. Responda: O caso seria de nulidade, revogação ou cassação do ato? Justifique. A fixação unilateral da data da prova de aptidão física por parte da administração pública deverá ser considerada como justificativa para que a comissão examinadora suspenda a realização da prova, se as condições climáticas influenciarem nos resultados da prova? Caso os 23 candidatos tenham sido divididos em turmas para realização de prova de aptidão física em dias distintos, o grupo que realizar a prova, na data em que as condições climáticas possam vir a influenciar seu desempenho físico, terá fundamento para pedir a anulação dos resultados e realização de nova prova? CASO 2 Tendo em vista o Enunciado 473 da Súmula do Supremo Tribunal Federal (“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”), assinalar as diferenças entre revogação e invalidação dos atos administrativos, quanto aos sujeitos, aos motivos e aos efeitos de uma e de outra, esclarecendo, ademais, fundamentadamente, se aquela apreci- ação judicial alcança tantos os atos vinculados quanto os discricionári- os, ou se limita, apenas, aos da primeira categoria. Qual o limite do con- trole, pelo Poder Judiciário, da revogação? CASO 3 A prefeitura de Barra do Piraí expediu, em favor de Reinaldo, licença para que ele construísse em seu imóvel prédio com destinação comercial. Antes do início da construção, a administração pública municipal revo- gou o ato, porque contrariaria o interesse público a edificação comercial em área exclusivamente residencial. A lei local deixou ao administrador o poder de disciplinar a ocupação do solo urbano. Inconformado, Reinaldo impetrou mandado de segurança contra o ato de revogação, para ver tutelado seu direito líquido e certo a erguer o prédio comercial, por enten- der que a licença, por sua natureza, seria irrevogável (Concurso de in- gresso ao Ministério Público do RJ). Pergunta-se: A segurança é de ser concedida? Poderá Reinaldo, pela via própria, postular indenização por eventuais prejuízos decorrentes da re- vogação? 24 Questões objetivas 1) Considerando a invalidação pelo Poder Judiciário de ato administrati- vo eivado de ilegalidade, a referida decisão judicial produz: a) efeito da revogação do ato. c) efeito ex nunc. b) efeito da reratificação do ato. d) efeito ex tunc. 2) A revogação de um ato administrativo: a) pressupõe que o mesmo seja válido e só pode ser realizada pela administração pública. b) pressupõe que o mesmo seja nulo e só pode ser realizada pela administração pública. c) pressupõe que o mesmo seja válido e pode ser realizada pelo Poder Judiciário no exercício da função jurisdicional. d) pressupõe que o mesmo seja nulo e pode ser realizada pelo Poder Judiciário no exercício da função jurisdicional. 3) O desfazimento do ato administrativo pode dar-se mediante: a) anulação ou revogação pelo Judiciário. b) revogação ou anulação apenas pela administração. c) revogação ou anulação apenas pelo Judiciário. d) anulação ou revogação pela administração. 4) Por força de expressa previsão legal, a administração federal não pode mais anular os atos administrativos de que tenha resultado efei- tos patrimoniais para os respectivos destinatários de boa-fé, se já de- corrido prazo: a) prescricional qüinqüenal. b) decadencial decenal. 25 c) prescricional bienal. d) decadencial qüinqüenal. 5) O direito da administração de anular atos administrativos de que de- corram efeitos favoráveis para os destinatários, de boa fé, é, em regra, exercitável: a) a qualquer tempo. b) no prazo decadencial de 5 anos. c) no prazo prescricional de 5 anos. d) no prazo prescricional decenal. 6) Nos termos da Lei federal 4.717/1965, que regula a ação popular, mar- que a opção ERRADA: a) A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. b) O vício de forma consiste na omissão ou na observância incomple- ta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou serie- dade do ato. c) A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo. d) O desvio da finalidade se verifica, exclusivamente, quando o agen- te pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto explicitamente na regra de competência. 7) O vício que torna nulo o ato administrativo praticado em contrariedade a ato normativo é conceituado legalmente como de: a) incompetência. c) ilegalidade do objeto. b) desvio de finalidade. d) inexistência do motivo. 26 8) O ato administrativo, cujo objeto, efeito ou resultado é juridicamente inadequado à situação de fato que lhe haja determinado a prática, é considerado nulo por vício de: a) ilegalidade de objeto. c) inexistência de motivo. b) desvio de finalidade. d) incompetência. AULA 10 Obrigações administrativas. Fontes. Contratos da administração. Disci- plina constitucional e legal. Sujeitos do contrato. Formalização. Contra- tos administrativos. Peculiaridades –prerrogativas da administração. Equação econômico-financeira. Interpretação. Distinção entre prerroga- tiva e privilégio em face do interesse público. CASO 1 Lanchonete Coma Bem Ltda. firmou contrato de locação com uma prefeitu- ra municipal, cujo objeto seria o uso de duas salas em prédio da estação rodoviária destinadas ao comércio de bar e lanchonete. Acertaram a forma de pagamento do aluguel mensal, bem como a duração do contrato, que seria de 5 anos. Apesar de o contrato ainda estar em vigência, a administra- ção exigiu a entrega das salas e, para isso, baixou um decreto que revogava o contrato de locação e determinava o fechamento do estabelecimento em 30 dias, sob a pena de as salas serem lacradas. Inconformada, a locatária impetrou mandado de segurança com o objetivo de desconstituir o ato daquele prefeito, sob o argumento de que o referido negócio jurídico esta- ria sujeito às regras do Direito Civil, por ser um contrato de direito privado (sujeito às normas sobre locação não-residencial), o que impossibilitaria a revogação unilateral pelo poder público. Indaga-se: Procedeu corretamente a administração ao revogar o contra- to? Qual a natureza do referido ato jurídico? Há de prosperar o deferimen- to da segurança? 27 CASO 2 Celebrado contrato de obras com a empresa Preciosa Ltda., o municípiode Caratinga decide alterar o projeto, recomendando ao construtor acrés- cimo ao objeto inicial, correspondente a 40% do valor inicial da obra. Consultado, o procurador municipal adverte o prefeito de que a empresa não pode ser obrigada a cumprir esse adendo e que somente por acordo bilateral entre as partes será possível consumar o aditamento contratual. Diante da regra dos contratos administrativos, responda: A alteração unilateral é inerente à administração e pode ser feita ainda que não prevista expressamente em cláusula contratual? A Lei 8.666/1993 fixa limite para as alterações de cláusula de serviço? Está correta a orienta- ção do procurador? CASO 3 Encontra-se no estado do Rio de Janeiro determinada obra pública para a construção de uma barragem, em adiantado estágio de execução. A autori- dade administrativa responsável pela obra verificou a necessidade de acrés- cimos nos quantitativos de obras e serviços, por ter o engenheiro da obra constatado a possibilidade de substituição do maciço de terra, originaria- mente prevista no projeto básico e no contrato, por maciço de concreto a rolo (MCR), o que traria benefícios econômicos e sociais à comunidade, tais como: a redução do prazo total de conclusão da barragem; a possibili- dade de estocar água na medida em que o MCR for sendo elevado, anteci- pando a acumulação de água na região em dois ou três anos; a segurança no abastecimento de água para projetos industriais, turísticos e de irriga- ção, em vias de implantação na região. A implantação dessa nova tecnologia de MCR implicaria a elevação do valor inicialmente contratado em patamar superior ao limite de 25% estabelecido pela Lei 8.666/1993. Pergunta-se: É licito fazer o aditamento do contrato acima citado para alterar o tipo de tecnologia de construção, passando a ser por MCR? É possível o aditamento unilateral do contrato imposto pela administração, que supere, em valor, os limites estabelecidos pela Lei 8.666/1993? Esse caso concreto trata de possibilidade de alteração contratual unilateral 28 quantitativa ou qualitativa? Diferencie-as. Tais alterações estão sujeitas aos limites pré-estabelecidos pela Lei 8.666/1993? CASO 4 Em virtude de omissão no contrato de concessão, a empresa Viação Duende Ltda., após dois anos de execução do ajuste, requer ao secretá- rio de Transportes do município de Piraí o reajuste da tarifa fixada para o serviço de transporte urbano municipal. Alega que nesse período o pre- ço da tarifa não teve alteração. O pedido foi indeferido sob o argumento de que, sem cláusula expressa, não poderia haver reajuste de tarifa. Diante de tal situação, responda justificando: Procede o pedido da em- presa? Trata-se de reajuste ou de revisão contratual? O aumento da tarifa é atividade vinculada ou discricionária do concedente? Pode haver redu- ção da tarifa por ato unilateral do concedente? CASO 5 Em que consiste o “fato do príncipe” e que efeitos produz na vida dos contratos administrativos? (OAB/RJ). AULA 11 Espécies de contratos administrativos. Contratos de obras, de serviços, de fornecimento e de concessão. Duração do contrato: prorrogação, re- novação e inexecução. Controle. Extinção do contrato. CASO 1 A Viação Bom Transporte Ltda. e outros impetram mandado de seguran- ça contra ato do governador do estado do Rio de Janeiro por entenderem que este, ao reduzir em 15% as tarifas das linhas intermunicipais, por meio de um decreto, teria violado o princípio do devido processo legal (já que praticara ato unilateral) bem como a legalidade por vício de incompe- tência, uma vez que, por força de lei, a competência para a prática do referido ato cabe ao Detro/RJ (autarquia criada por lei e dotada de auto- 29 nomia administrativa e financeira). Pedem, enfim, que se declare a nulida- de do decreto e que se restabeleça a tarifa anterior, que já era praticada há quase um ano. A autoridade impetrada aduz, em suas informações, que as tarifas praticadas eram elevadas, além do que, sendo o estado o poder concedente, competiria ao governador proceder ao reajuste. Nas razões enfocadas, aborde: A competência para tal ato. A possibilida- de de avocação. A limitação ao administrador quanto à alteração unilate- ral da tarifa, conforme dispõe a Lei 8.987/1995. A aplicação do devido processo legal. Como deve ser julgada a segurança? CASO 2 A empresa X, concessionária do serviço de transportes coletivos de passageiros por via terrestre (ônibus), no curso da execução do contra- to, encaminha consulta ao poder concedente, em cumprimento à cláusu- la contratual, por meio da qual questiona a possibilidade de proceder à renovação de 30% da sua frota de veículos, para melhor atendimento às exigências do serviço. Indaga-se: Qual a natureza jurídica dos bens (natureza da propriedade) afetados aos serviços concedidos? É possível à administração concedente impedir que a concessionária renove a sua frota? Sob qual fundamento? CASO 3 O Tribunal de Justiça objetiva rescindir contrato com fundação pública de ensino para treinamento de servidores lotados em diversas comarcas, pois os serviços não estão sendo prestados de forma regular. Intimada, a contratada argüiu a impossibilidade da prestação do serviço contratado em face do inadimplemento do tribunal, sendo certo que há atraso de dois meses no pagamento a que faz jus. Responda, fundamentadamente: Restringe-se à administração pública a possibilidade de invocar, nos contratos administrativos, a exceção do contrato não cumprido? Explique (OAB/RJ). O atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela administração pública enseja a suspensão do cumprimento das obrigações pelo contratado? 30 AULA 12 Licitação administrativa. Disciplina normativa. Conceitos e princípios. Licitação administrativa. Dispensa, dispensabilidade e inexigibilidade. CASO 1 O prefeito do município de São Caetano expediu decreto estabelecendo que será considerada linha de ônibus nova, e como tal objeto de licita- ção, a modificação ou prolongamento de itinerários de linha regular su- perior a 30% do seu percurso original. Na seqüência, autorizou, via pro- cesso administrativo, a Viação Canela Ltda. a explorar as linhas denomi- nadas 12-A e 13-A, tidas como suplementares das originais (linhas 12 e 13), cuja exploração já era por ela efetuada. A administração fundamenta o seu proceder nos poderes insertos no art. 30 da Constituição Federal o qual lhe atribui a análise da política local. Ocorre que as novas linhas suplementares atingiram diversas áreas alcançadas pelos serviços da Viação Tartaruga, causando-lhe grande prejuízo. Irresignada, propôs, em face daquela permissionária e do município de Santo Expedito, ação pelo rito ordinário, na qual pede seja desconstituído tal ato, por entender que a dispensa de licitação o impregnou de ilegalidade, em total desres- peito, não só às leis federais, como também à própria Constituição. Com base no mérito da questão, enfoque: 1) A competência para legislar sobre as normas de licitação. 2) As hipóteses de dispensa de licitação. 3) Os princípios a serem observados na hipótese. CASO 2 Em virtude da decretação do estado de calamidade pública no município Vila Forte, tendo como base as intensas chuvas, o prefeito, a pedido de seu secretário de Obras, autorizou a contratação direta da empresa Cons- trutora Cimento Ltda., com o objetivo de construir a parcela final de habitações para a população de baixa renda, afetada pela enchente. A empresa apresentou o projeto de construção, e o prazo improrrogável seria de 10 meses. Interessadas na contratação, as empresas Obras Fin- das e Catanduva Construções S/A ingressaram com mandado de segu- 31 rança preventivo visando a não celebração do contrato, alegando que teria de ser realizada licitação. O prefeito, no entanto, sustentou nas informações que se tratava de situação de emergência e que, além disso, o valor propostoestava abaixo dos preços praticados no mercado. O juiz denegou o pedido, e as empresas recorreram ao TJ. Pergunta-se: O recurso merece provimento? Pela natureza da lide, seria adequado o mandado de segurança? Quais as formalidades indispensá- veis para contratação direta, sempre que estiver configurada a situação de dispensa ou inexigibilidade de licitação? AULA 13 Licitação administrativa. Fases. Recursos. Invalidação. Revogação. Sanções. CASO 1 Na sessão de julgamento de licitação sob a modalidade de tomada de preços, visando à contratação do serviço de assistência técnica de apa- relhos de ar-condicionado, ficou inabilitada a empresa Strong Ltda. A comissão resolveu continuar a sessão com o julgamento das propostas dos 11 licitantes habilitados. Consultando a Lei 8.666/1993, responda: Do ato que habilitar ou inabi- litar o licitante caberá recurso? E com qual efeito? É legítima essa deci- são da comissão? CASO 2 O estado de Sergipe realizou licitação para a construção de uma escola de ensino médio. A empresa vitoriosa celebrou contrato e iniciou a exe- cução da obra. A licitação, porém, veio a ser anulada. A empresa ajuizou ação em face do estado para receber indenização. Deve a ação ser julgada procedente? 32 À luz dos dispositivos da 8.666/93, pergunta-se: Há fundamento para o acolhimento do pedido da empresa? Anulação do contrato opera efeitos ex nunc ou ex tunc? CASO 3 Ao analisar o art. 49 da Lei 8.666/1993, especialmente pelo fato de a referida norma traduzir o exercício de discricionariedade normativa, inda- ga-se: o licitante vencedor tem tutela jurisdicional para fazer frente à decisão da autoridade administrativa que revoga o procedimento licitatório por força de situação preexistente à abertura, após a homolo- gação/adjudicação e antes da celebração do contrato? (OAB/SP). Questões objetivas 1) Nos termos da Lei federal 8.666/1993, que institui normas para licitações e contratos da administração pública, assinale a alternativa INCORRETA: a) Quando um ato geral do poder público ocasiona o impedimento da plena execução de um contrato celebrado entre particular e a adminis- tração pública, estamos diante de uma hipótese de fato do príncipe. b) A incorporação de área pública de proporções reduzidas, remanes- cente de desapropriação que foi efetivada para a realização de obra pública, a imóvel particular lindeiro, com dispensa de licitação, deno- mina-se especificamente investidura. c) Denomina-se adjudicação o ato do procedimento licitatório, pelo qual se atribui ao vencedor do certame o objeto licitado. d) Quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do presidente da Re- pública, ouvido o Conselho de Defesa Nacional, a realização da licita- ção é inexigível. 33 2) Nos termos da Lei federal 8.666/1993, Estatuto das Licitações e Contra- tos Administrativos, marque a opção que enumera, respectivamente, uma modalidade de licitação, um tipo de licitação e um regime de execução: a) Técnica e preço; convite; empreitada por preço unitário. b) Concorrência; menor preço; empreitada integral. c) Tarefa; leilão; menor preço. d) Empreitada por preço global; tomada de preços; melhor técnica. 3) Para alienação de bens públicos imóveis, que se constituam de áreas remanescentes de obras públicas inaproveitáveis isoladamente, é: a) inexigível licitação, por inviável a competição. b) sempre exigível licitação. c) dispensada licitação, sob condições previstas em lei. d) facultada a dispensa de licitação. 4) Sobre a modalidade de licitação denominada pregão, assinale a afirma- tiva CORRETA: a) Pode ser adotada quando se fizerem compras pelo sistema de re- gistro de preços. b) Só pode ser realizada pela União. c) É permitida a exigência de garantia de proposta. d) O prazo de validade das propostas nunca poderá ser superior a 30 dias. 5) No Brasil, em virtude da Lei federal 8.666/1993, é vedada a inexigibilidade de licitação para contratação de serviço de: a) restauração de obra de arte. b) publicidade e divulgação. 34 c) patrocínio de causas judiciais. d) auditoria financeira. 6) A assertiva de que o “edital é a lei do contrato” corresponde, no direito administrativo, ao princípio básico enunciado em lei sob denominação: a) Julgamento objetivo. b) Impessoalidade. c) Vinculação ao instrumento convocatório. d) Princípio constitucional da isonomia. 7) O ato administrativo final, para cuja prática é indispensável a licitação, quando exigida, e que antecede após a homologação do resultado do procedimento, a formalização de contrato administrativo, denomina-se: a) julgamento. c) liquidação. b) adjudicação. d) nota de empenho da despesa. 8) Quando a administração pública põe termo antecipado à execução de contrato celebrado com particulares, diz-se que se utilizou de uma prerro- gativa inerente, consoante a teoria geral do contrato administrativo, ao princípio da: a) instabilidade contratual. c) mutabilidade contratual. b) alteração unilateral do contrato. d) executoriedade. 9) Quando inviável a celebração de convênio entre entidades públicas, a lei recomenda, como alternativa: a) a descentralização. c) a parceria. b) a coordenação. d) o consórcio. 35 10) O instrumento contratual de adoção obrigatória, cujo objeto seja prestação de serviços, adjudicada mediante prévia dispensa de licitação realizável sob modalidade de concorrência, reveste forma de: a) nota de empenho da despesa. c) carta-convite. b) termo de contrato. d) ordem de execução dos serviços.
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