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Estudos sobre Cooperativismo no Noroeste do RS

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UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 
DEAd – Departamento de Estudos da Administração 
Curso de Administração 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDOS SOBRE O COOPERATIVISMO NO NOROESTE 
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, DE 2004 A 2010 
 
Documento Sistematizador do TCC 
 
 
Pedro Luís Büttenbender 
 
 
Professor Orientador: Luciano Zamberlan 
 
 
Santa Rosa (RS), junho de 2011. 
 
 
SUMÁRIO 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..........................................................................................4 
RESUMO.....................................................................................................................6 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................7 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO....................................................................10 
1.1 Tema e Questão de Estudo.........................................................................10 
1.2 Definição dos objetivos................................................................................11 
1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................11 
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................12 
1.4Justificativa ....................................................................................................12 
2 ANTECEDENTES NA LITERATURA .....................................................................15 
2.1 O cooperativismo e seus antecedentes......................................................16 
2.1 As Reduções Jesuíticas como experiência de originária .........................16 
2.2 O Modelo caboclo na região ........................................................................18 
2.3 A colonização com os imigrantes europeus ..............................................20 
2.4 Modernização da agricultura e o cooperativismo......................................25 
2.5 Estudos sobre desenvolvimento regional e o cooperativismo ...............28 
3 METODOLOGIA.....................................................................................................37 
3.1 Classificação do Estudo...............................................................................37 
3.2 Coleta de Dados............................................................................................40 
3.3 Análise e Interpretação de Dados ...............................................................41 
4 ESTUDOS SOBRE O COOPERATIVISMO NO NOROESTE GAÚCHO NO 
PERÍODO DE 2004 A 2010.......................................................................................44 
4.1 Estudos recentes de conclusão do curso de pós-graduação em 
gestão de cooperativas da Unijuí. .....................................................................44 
4.2 Outros estudos recentes sobre o Cooperativismo na Região 
Noroeste. .............................................................................................................55 
4.2.1 Publicações em livros sobre cooperativismo na região.........................55 
4.2.2 Publicações em Artigos sobre Cooperativismo .....................................57 
4.2.3 Dissertações de Mestrado sobre cooperativismo.................................59 
4.2.4 Monografias de Pós-graduação (Especialização) .................................61 
4.2.5 Trabalhos de Conclusão de Curso (Graduação)...................................64 
4.2.6 Outros estudos sobre cooperativismo no noroeste gaúcho ..................68 
4.3 Considerações acerca dos Estudos mapeados.........................................70 
4.4 Temas de pesquisa para o fortalecimento do cooperativismo e 
desenvolvimento da região................................................................................74 
CONCLUSÃO............................................................................................................78 
 3 
BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................80 
ANEXO – Mapa ilustrativo da Região Noroeste (RF7) inserida no estado do Rio 
Grande do Sul. ..........................................................................................................91 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Lista de quadros 
Quadro 01 - Relação de Títulos dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Pós-
graduação Lato Sensu em Gestão de Cooperativas da Unijuí, e respectivos pós-
graduandos, professores orientadores e professores examinadores. Campus Ijuí. 
Quinta Edição (2008-2010) ........................................................................................ 46 
Quadro 02 - Relação de Títulos dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Pós-
graduação Lato Sensu em Gestão de Cooperativas da Unijuí, e respectivos pós-
graduandos, professores orientadores e professores examinadores. Campus 
Santa Rosa. Quarta Edição (2007-2009). .................................................................. 48 
Quadro 03 - Relação de Títulos dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Pós-
graduação Lato Sensu em Gestão de Cooperativas da Unijuí, e respectivos pós-
graduandos, professores orientadores e professores examinadores. Campus 
Santa Rosa e São Borja/RS. Terceira Edição (2006-2008). ...................................... 51 
Quadro 04 - Relação de Títulos dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Pós-
graduação Lato Sensu em Gestão de Cooperativas da Unijuí, e respectivos pós-
graduandos, professores orientadores e professores examinadores. Campus 
Santa Rosa. Primeira Edição (2004-2006). ................................................................ 52 
Quadro 05 - Relação de Estudos sobre cooperativismo e catalogados em forma 
de Livro na Biblioteca da Unijuí, no período de 2004 a 2010. .................................... 55 
Quadro 06 - Relação de Estudos sobre cooperativismo e catalogados em 
formato de artigo na Biblioteca da Unijuí, no período de 2004 a 2010....................... 57 
Quadro 07 - Relação de Estudos sobre cooperativismo e catalogados em forma 
de Dissertação de Mestrado na Biblioteca da Unijuí, no período de 2004 a 2010. .... 59 
Quadro 08 - Relação de Estudos sobre cooperativismo e catalogados em forma 
de Monografia de Pós-Graduação (Especialização) na Biblioteca da Unijuí, no 
período de 2004 a 2010. ............................................................................................ 61 
 
 5
Quadro 09 - Relação de Estudos sobre cooperativismo e catalogados em forma 
de Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação na Biblioteca da Unijuí, no 
período de 2004 a 2010. ............................................................................................ 64 
Lista de Gráficos 
Gráfico 01 – Distribuição de Estudantes Matriculados, Monografias concluídas e 
Pós-Graduados do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de 
Cooperativas da Unijuí, nas edições de 2004 a 2010. ............................................... 54 
Gráfico 02 – Distribuição do número de Estudos sobre o cooperativismo na 
Região Noroeste do RS, por ano, considerando o período de 2004 a 2010. ............. 72 
Gráfico 03 – Distribuição de Estudos sobre o cooperativismo, por tipologia, na 
Região Noroeste do RS, considerando o período de 2004 a 2010. ........................... 73 
Gráfico 04 – Distribuição das Tipologias dos Estudos sobre o cooperativismo na 
Região Noroeste do RS, por ano, considerando o período de 2004 a 2010. ............. 74 
 
 
 
RESUMO 
O presente documento sistematiza a pesquisa a cerca dos estudos sobre o 
cooperativismo no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, de 2004 A 2010. O 
cooperativismo tem crescido e incorporado novas dinâmicas de organização,funcionamento e operação. Esta evolução tem requerido novas competências 
humanas, econômicas e tecnológicas para garantir a operação em mercados cada 
vez mais exigentes. Tem resultado no aumento dos impactos do cooperativismo 
sobre o desenvolvimento das regiões, o que por conseqüência tem gerado e 
requerido novos temas de pesquisa e de estudos por parte das universidades e seus 
pesquisadores, bem como, dos próprios membros das cooperativas. Portanto, os 
objetivos do presente trabalho concentram-se em mapear estudos no período de 
2004 a 2010 sobre o cooperativismo, direcionados prioritariamente a Região 
Noroeste do Rio Grande do Sul, analisando e propondo temas emergentes de 
pesquisa visando contribuir com o fortalecimento das cooperativas e do 
desenvolvimento regional. Os objetivos específicos são: contextualizar o 
cooperativismo no contexto da Região Noroeste do Rio Grande do Sul, aportado em 
seus antecedentes; mapear estudos recentes sobre o cooperativismo, período de 
2004 a 2010, observando a Região Noroeste do RS; analisar e relacionar estes 
estudos a temas e eventos na área do cooperativismo; e propor temas emergentes 
de pesquisa, visando o fortalecimento das cooperativas e do desenvolvimento 
regional. A atuação da universidade e professores pesquisadores voltados ao 
cooperativismo, justificam a relevância, oportunidade e importância desta pesquisa, 
contribuindo com a interação e intercooperação entre a universidade e as 
cooperativas e das cooperativas entre si. A metodologia fundamenta-se em 
pesquisa exploratória e descritiva, com características de estudo de caso, pesquisa 
participante e relato de experiêcia. Quanto aos meios é bibliográfica, documental e 
de observação direta. A coleta dos dados foi efetuada com base nos registros 
institucionais da universidade, da biblioteca e dos arquivos disponíveis nas 
cooperativas e na internet. Os dados foram sistematizados cronologicamente e por 
tipologia de estudo, observando-se livros, artigos, dissertações, monografias e 
trabalhos de conclusão de curso. A partir da sistematização, foram gerados e 
propostos temas de referencia para futuros novos estudos na área do 
cooperativismo, visando o seu fortalecimento e a promoção do desenvolvimento 
regional.Apesar do significativo número de estudos realizados, publicações 
efetuadas, ainda são limitadas as pesquisas e suas efetivas contribuições para o 
fortalecimento empírico das cooperativas. Pesquisas, juntamente com temas, 
articulados de forma conjunta entre a universidade, seus pesquisadores, órgãos de 
fomento e as próprias cooperativas, porão contribuir de forma mais intensa com o 
fortalecimento do cooperativismo, agregando valor aos seus membros e impactando 
de forma mais intensa e positiva no desenvolvimento da região, do estado e da 
própria sociedade. 
 
Palavras-chave: Cooperativismo, gestão de cooperativas, região noroeste, 
desenvolvimento. 
INTRODUÇÃO 
 
 
As tendências mundiais que permeiam o processo de globalização da 
sociedade exigem novas formas e alternativas de organização da sociedade. A 
realidade do trabalho e seus vínculos com os aspectos sociais, políticos, 
econômicos e educativos também apresentam novas perspectivas, potencialidades 
e desafios, que necessitam da participação efetiva das pessoas na busca de 
alternativas economicamente viáveis, tecnicamente exeqüíveis, socialmente 
desejáveis e justas, eticamente corretas e ambientalmente sustentáveis. 
O cooperativismo vem se firmando cada vez mais como um movimento de 
múltiplas dimensões, que se projeta nas dimensões econômica, sócio-política e 
cultural da sociedade. Enquanto estratégia e modelo de organização, inserido no 
contexto e complexidade do mundo moderno, o cooperativismo é também sensível 
aos novos desafios, requer novas aprendizagens, novas capacidades e 
competências organizativas para responder aos seus propósitos e objetivos. Neste 
ambiente vem crescendo a importância e pertinácia de estudar e pesquisar o 
cooperativismo, a partir de sua trajetória histórica, pressupostos doutrinários e 
experiências empíricas passadas e atuais. O movimento cooperativista, segundo a 
Organização das Cooperativas do Brasil (OCB, 2010) conta com mais de 7.200 
cooperativas, com mais de 8,2 milhões de associados, 270 mil funcionários e um 
faturamento de 88,5 bilhões de reais em 2009. As cooperativas filiadas à OCB são 
classificadas em 13 ramos: Agropecuário, Consumo, Crédito, Educacional, Especial, 
Habitacional, Infra-estrutura, Mineral, Produção, Saúde, Trabalho, Transporte, 
Turismo e Lazer. O cooperativismo no Brasil e no mundo é gerido á luz de sete 
princípios básicos: 1. Princípio de adesão livre e voluntária; 2. Princípio de controle 
democrático pelos sócios; 3. Princípio da participação econômica dos sócios; 4. 
Princípio da independência e autonomia das cooperativas; 5. Princípio da educação, 
treinamento e formação; 6. Princípio da cooperação entre cooperativas; e 7. 
Princípio da preocupação com a comunidade(OCB, 2010). 
 
 8
Este estudo contribui também com o propósito maior de aportar a oferta 
sistematizada de literaturas, e referências bibliográficas para a pesquisa. 
Reconhece-se aqui, a escassa literatura existente sobre o tema do cooperativismo, 
da gestão cooperativa e limitada divulgação pública dos estudos e pesquisas 
realizadas sobre estes temas. 
Os objetivos deste capítulo concentram-se em contribuir com a qualificação 
contínua da gestão cooperativa e das suas práticas cotidianas. Para tanto, visa 
trazer alguns fundamentos que estão motivando estudos e pesquisas voltadas a 
área do cooperativismo, identificando e relacionando os temas que vem sendo 
estudados. Os estudos que serão aqui relacionados consistem nos trabalhos de 
conclusão de curso, em nível de monografias e são orientados pela proposta 
político-pedagógica do Curso de Pós-graduação em Gestão de Cooperativas, 
oferecido pela Unijuí, através dos Departamentos de Estudos da Administração e de 
Economia e Contabilidade. 
Em termos e procedimentos metodológicos, este estudo se caracteriza como 
um estudo exploratório, quanto aos fins, com base nas referencias bibliográficas e 
documentais, quanto aos meios. O estudo também contempla o relato de 
experiências acumuladas pelo autor, considerando a sua inserção pessoal e 
profissional no campo de pesquisa. A coleta de dados foi realizada no último 
trimestre de 2010 e primeiro trimestre de 2011, referenciada na revisão das 
bibliografias sobre os antecedentes de pesquisa sobre o cooperativismo e pelo 
mapeamento dos Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC´s, finalizados em cada 
uma das edições do curso aqui relacionadas, no período de 2006 à 2010, bem 
como, estudos e publicações catalogadas na Biblioteca da Unijuí no período de 2004 
a 2010, envolvendo livros, artigos, dissertações, monografias e trabalhos de 
conclusão de curso de graduação. A revisão bibliográfica contou com a referência 
direta também as produções e anais dos eventos: 1° Encontro Brasileiro de 
Pesquisadores em Cooperativismo (Brasília/DF, 09.09.2010), o 13° Congresso 
Brasileiro de Cooperativismo (Brasília/DF 10 e 11.09.2010), e o VI Encuentro de 
Investigadores Latinoamericano de Cooperativismo – VI EILC, realizado de 13 a 
15/10/2010, na Universidad Nacional de Asunción, Assunção, Paraguai. 
Este trabalho está estruturado em quatro partes. Na primeira é exposta a 
contextualização do estudo, contemplando o tema e a questão de estudo, objetivos 
 9
e justificativa. Na parte dois conta dos antecedentes na literatura, contemplando o 
cooperativismo e seus antecedentes, as Reduções Jesuíticas como experiência de 
originária, o modelo caboclo na região, a colonização com os imigrantes europeus, a 
modernização da agricultura e o cooperativismo e a referencia de estudos sobre 
desenvolvimento regional e o cooperativismo. Na partetrês é detalhada a 
metodologia com a classificação do estudo, a coleta, sistematização e análise dos 
dados. Na parte quadro são apresentados os estudos sobre o cooperativismo no 
noroeste gaúcho no período de 2004 a 2010, finalizando com a proposta de temas 
de pesquisa para o fortalecimento do cooperativismo e da região. Por fim, são 
detalhadas as conclusões do estudo, as referencias bibliográficas e o anexo. 
 
 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO 
Neste capítulo serão apresentados o tema da pesquisa e a sua respectiva 
delimitação dentro do contexto a ser pesquisado. Compõem também a 
contextualização do estudo, contemplando as referencias dos estudos sobre o 
cooperativismo a partir formulação do problema de estudo. São agregados o objetivo 
geral e seus respectivos específicos, seguidos da justificativa da pesquisa. 
1.1 Tema e Questão de Estudo 
Os avanços e transformações nas organizações e na sociedade têm 
envolvido a todos indistintamente. A busca de novas relações entre as pessoas e as 
organizações, tem gerado inovadoras abordagens de pesquisa e das ciências e da 
compreensão sobre as razões de sua existência. 
As pessoas e as organizações acumulam novas competências, como 
resultado da capacidade de aprender e transferir os conhecimentos explícitos do 
nível individual para o grupal, e destes para o organizacional. Adicionalmente, pela 
capacidade de transformar os conhecimentos adquiridos em novos produtos, bens e 
serviços. 
A cooperação entre as pessoas e entre as organizações, além de ambas 
entre si, é fortalecida como estratégia de valorização humana e participação na 
sociedade, ampliando as capacidades humanas para se relacionar melhor e 
enfrentar os desafios da vida que os rodeiam. A cooperação contribui para o 
desenvolvimento das competências individuais e organizacionais, sustentando a 
perenidade das firmas e a perpetuação do trabalho e dos negócios. Os arranjos 
produtivos, a articulação das cadeias produtivas e a constituição de clusters, se 
constituem em estratégias diferenciadas das organizações de diferentes tamanhos 
para melhor operar em mercados nacionais e internacionais. O foco concentra-se 
em fortalecer as pessoas e as organizações para ampliar seus aportes na direção do 
desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida de todos que os cercam. 
As organizações cooperativas têm desenvolvido e adotado novas estratégias 
e incorporado novas competências para atuar em ambientes de competitividade 
 
 11 
crescente. O foco direciona-se para as capacidades internas e externas, abrangendo 
a amplitude das empresas e de seus entornos. As novas práticas estão gerando 
estratégias, arquiteturas e alianças inovadoras, integração vertical e horizontal, 
alinhando objetivos e negócios, formatando redes de cooperação e abrangendo 
variáveis internas das organizações, bem como, entre elas. As cooperativas 
diferenciam-se das organizações (empresas) tradicionais porque são criadas com o 
propósito de satisfazer às necessidades de seus associados. As pessoas que optam 
pelo cooperativismo o fazem pela solidariedade, a transparência, a democracia, a 
eqüidade e a promoção da justiça social. 
As prioridades e estratégias de investimento em pesquisa, educação e 
desenvolvimento ampliam as capacidades básicas das cooperativas e de seus 
membros, gerando inovações nas funções tecnológicas de processos e organização 
da produção, de produtos e de equipamentos. A acumulação de novas 
competências humanas e tecnológicas resulta da capacidade de adquirir e 
incorporar novos conhecimentos. Os processos de aprendizagem caracterizam-se 
pela variedade, intensidade, funcionamento e interação dos mesmos, na aquisição 
interna e externa de novos conhecimentos. Os processos de aprendizagem integram 
as estratégias diferenciadoras das organizações em uma determinada região. A 
região delimitada para o estudo consiste da Região Noroeste do estado do RS 
(Anexo). 
Portando o presente estudo é motivado pela inquietude da sua questão 
central de estudo, ou seja: quais são os estudos no período de 2004 a 2010 e os 
temas emergentes de pesquisa sobre o cooperativismo e suas abordagens, 
direcionados prioritariamente a Região Noroeste do Rio Grande do Sul, visando 
contribuir com o fortalecimento das cooperativas e do desenvolvimento regional? 
1.2 Definição dos objetivos 
1.2.1 Objetivo Geral 
Mapear estudos no período de 2004 a 2010 sobre o cooperativismo, 
direcionados prioritariamente a Região Noroeste do Rio Grande do Sul. 
. 
 12 
1.2.2 Objetivos Específicos 
a) Contextualizar o cooperativismo no contexto da Região Noroeste do Rio Grande 
do Sul, aportado em seus antecedentes. 
b) Mapear estudos recentes sobre o cooperativismo, período de 2004 a 2010, 
observando a Região Noroeste do RS. 
c) Analisar e relacionar estes estudos a temas na área do cooperativismo. 
d) Propor temas emergentes de pesquisa, visando o fortalecimento das 
cooperativas e do desenvolvimento regional. 
 
1.4Justificativa 
O mundo vem experimentando e vivenciando profundas transformações, e ue 
as sociedades regionais passam a estabelecer relações mais amplas e globalizadas, 
o liberalismo de mercado passa a se expressar diretamente pela competitividade e o 
triunfo de novas relações entre os indivíduos e suas organizações. A região passa a 
contemplar e promover novas formas de organização. 
No processo de exaustão dos modelos tradicionais de sociedade, as pessoas 
através das diversas maneiras de organização passam a buscar novas formas de 
definições para a organização do trabalho e da geração de renda. Este contexto está 
gerando mudanças e atribuindo novos papéis para as instituições, sejam eles de 
cunho social, políticos, culturais ou econômicos. Por extensão, isto também se 
atribui para o Estado e, por conseguinte, para as sociedades expressas através dos 
seus governos, nos diversos níveis. O terceiro setor se agrega aos demais e passa a 
apresentar formas de organização da sociedade e da construção de respostas para 
as necessidades de grupos de pessoas. 
A sociedade, através do tradicional conflito, capital e trabalho, passou a 
identificar diferentes formas de organização das pessoas e do seu trabalho. O 
Cooperativismo tem se apresentado, na sociedade pós-moderna, como uma das 
formas mais inovadoras de organização do trabalho e da distribuição mais igualitária 
do poder e da renda. Surgido formalmente na segunda metade do século passado, 
 13 
auge da Revolução Industrial, o cooperativismo tem assumido formas e papeis cada 
vez mais importantes no desenvolvimento da sociedade. Estes papéis estão 
diretamente ligados a organização das pessoas, onde elas próprias são os agentes 
do processo de construção da cidadania. Outras vezes o cooperativismo, na sua 
história, tem sido utilizado como instrumento para a implantação de projetos públicos 
e ou privados, complementando diferentes papeis no seu contexto. 
O Cooperativismo, em um contexto geral, está estreitamente vinculado a 
história do desenvolvimento das diversas regiões, em especial a Região Noroeste do 
Rio Grande do Sul. Do período do processo de colonização aos dias de hoje, o 
cooperativismo tem cumprido com papéis extremamente decisivos para a 
organização produtiva e de serviços, nos diversos setores, em especial o 
econômico, e nele o agrícola. Esta contribuição no desenvolvimento expressa-se de 
forma direta ou indireta, estimulando o surgimento de novas formas de organização 
do trabalho e da produção. 
A reorganização do cooperativismo na região, enraizado nos valores étnicos e 
tradicionais, esteve presente prioritariamente nas formas de organização da 
produção primária, ou seja, nas cooperativas mistas de produção e nas cooperativas 
de crédito. Mais tarde, novos modelos cooperativos foram se constituindo nos 
setores urbanos. Incorporamnestes períodos diferentes tamanhos, propostas, 
projetos de desenvolvimento. Na atualidade as cooperativas estão presentes, de 
forma organizada, nos diversos setores da nossa sociedade local-regional e global. 
A partir da última década do século passado, e o início deste, surgem novas 
maneiras de organização da produção e novas formas e modelos de cooperativas, 
inclusive com novas nomenclaturas, Isto está presente com o crescente surgimento 
de novas formas associativas de organização, que conjunta, ou paralelamente, 
estarão estabelecendo as suas estruturas organizacionais. 
As novas formas estão mexendo mais diretamente nas relações sociais, e 
não interagindo somente sobre as atividades de produção. Num segundo momento, 
de forma articulada e conjunta, em sistemas de rede e de apoio recíproco, estão 
surgindo novas formas e modelos de organizações associativas, com base nos 
princípios e fundamentação do cooperativismo. O cooperativismo se fez mais 
presente de forma crescente nos diversos setores da sociedade, requerendo novas 
compreensões sobre o seu papel, suas capacidades e limitações, na manutenção e 
 14 
geração de trabalho e renda, na melhoria da qualidade de vida e na promoção do 
desenvolvimento. 
O presente estudo resulta da articulação integrada da Universidade, as 
cooperativas e seus organismos de representação, como por exemplo, a Ocergs-
Sescoop/RS. Motivações adicionais para o presente estudo foram geradas de forma 
articulada entre as diferentes ofertas do Curso de Pós-graduação “Lato Sensu” em 
gestão de cooperativas e seus trabalhos de conclusão de curso, as relações de 
cooperação com as cooperativas, abordagens e temas explorados em diferentes 
eventos nacionais e internacionais sobre o tema, destacando: o 1° Encontro 
Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (Brasília/DF, 09.09.2010), o 13° 
Congresso Brasileiro de Cooperativismo (Brasília/DF 10 e 11.09.2010), e o VI 
Encuentro de Investigadores Latinoamericano de Cooperativismo – VI EILC, 
realizado de 13 a 15/10/2010, na Universidad Nacional de Asunción, Asunción, 
Paraguay, promovido pela ACI Américas/Conpacoop. 
2 ANTECEDENTES NA LITERATURA 
Este capítulo apresenta referencias conceituais e antecedentes da literatura, 
norteadoras do estudo e gerando a sustentação conceitual das abordagens 
exploradas sobre o Cooperativismo. A natureza da cooperação e do cooperativismo 
está fundamentado em conceitos próprios, descritos em Büttenbender (2008 e 
2009). A cooperação definida como método de ação pelo qual indivíduos, famílias ou 
comunidades, com interesses comuns, constituem um empreendimento. Neste, os 
direitos de todos são iguais e o resultado alcançado é repartido entre seus 
integrantes, na proporção de sua participação nas atividades da organização. 
O cooperativismo é definido (BÜTTENBENDER, 2008) como um movimento 
internacional que busca constituir uma sociedade justa, livre e fraterna, em bases 
democráticas, por meio de empreendimentos que atendam às necessidades reais 
dos cooperantes e remunerem adequadamente a cada um deles. 
Uma cooperativa (BIALOSKORSKI, 2007) é definida como uma associação 
autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e 
necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de 
propriedade coletiva e democraticamente gerida. Conforme definição da 
Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB (OCB, 2010), cooperativa é uma 
sociedade de, no mínimo, vinte (20) pessoas físicas, com um interesse em comum, 
economicamente organizada de forma democrática, isto é, com a participação livre e 
igualitária dos cooperantes, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos. 
Neste contexto de definições, o presente capítulo está organizado nas 
seguintes seções: o cooperativismo e seus antecedentes; as Reduções Jesuíticas 
como experiência de originária; o modelo caboclo na região; a colonização com os 
imigrantes europeus;a modernização da agricultura e o cooperativismo; e os estudos 
sobre desenvolvimento regional e o cooperativismo. 
 
 16 
2.1 O cooperativismo e seus antecedentes 
Novos desafios vêm se apresentando para a comunidade acadêmica e 
científica. O mesmo, extensivamente, se apresenta para os diversos modelos de 
organização, destacando-se as organizações cooperativas. O cooperativismo, a 
partir da sua própria história, sobre a qual existem vários fundamentos e referências 
e que por vezes são divergentes e conflitantes, clama por aportes e pesquisas mais 
sistêmicas e de visão mais global. Muitas são as iniciativas com vários 
pesquisadores e instituições envolvidas. Porém, muitas das pesquisas acadêmicas, 
e não acadêmicas, são protagonizadas por motivações individuais ou projetos 
institucionais isolados envolvendo os níveis de graduação e pós-graduação. Esta 
constatação tem mostrado a importância e a necessidade de maior cooperação 
entre os diferentes agentes protagonistas nesta área. 
A história da pesquisa e da produção bibliográfica é ampla e diversa e se 
confunde com a evolução da própria sociedade. Com sua história oficial recente, 
reportando a revolução industrial do século 20, o cooperativismo possui aspectos 
ideológicos, doutrinários e práticas presentes nas mais diversas visões de sociedade 
e formas de organização social, econômica e cultural ao longo da história. 
Referências bibliográficas que abordam e elucidam relações do cooperativismo com 
a história são mundial, brasileira, estadual e regional estão presentes em estudos e 
publicações efetuados por Bento XVI (2007), Masy (1992), Giddens (2004 e 2005), 
Schneider (1991), Lauschner (1993), Schallenberger (2009), Mladenatz (2003), 
Perius (2001, 1997), Pinho (1982 e 2004), Frantz (1985 e 1982), Falkembach (1985), 
Büttenbender (2010, 2009, 2008, 1995), Christensen (2001), Callai ( 2008), Tesch 
(2000), Oliveira (2006), Ricardi (2000), entre outros. 
 
2.1 As Reduções Jesuíticas como experiência de originária 
 A área do Rio Grande do Sul que faz fronteira com a Argentina foi ocupada por 
povos nativos de diferentes tradições antes da chegada dos missionários jesuítas que 
deram início à experiência missioneira (LAZZAROTTO, 2002). A primeira tentativa de 
estabelecer reduções nesse território ocorreu entre 1626 e 1640, onde foram fundadas 18 
 17 
reduções em território gaúcho, e seis delas no Noroeste Gaúcho, como relacionadas em 
(CAVALARI, 2004). 
A partir de 1682 os jesuítas espanhóis retomaram a experiência reducional no 
território riograndense dando início à formação dos ‘Sete Povos das Missões’, 
consolidada em 1706, com a fundação do último deles, Santo Ângelo Custódio. Essa 
nova experiência inseria-se no conjunto dos ‘Trinta Povos Guaranis’ (LUGON, 1977). A 
experiência missioneira que se desenvolveu na região gerou um modelo de organização 
socioeconômica que se diferenciava em muito daquele gestado pela ocupação 
portuguesa no restante do território gaúcho com base nas estâncias 
(SCHALLENBERGER e HARTMANN, 1981; ZARTH, 1997). Nas reduções, os jesuítas 
procuraram respeitar as bases da organização tribal e, aos poucos, foram introduzindo 
noções da religião cristã, novas técnicas de trabalho e de organização do processo 
produtivo, novas relações de poder e uma nova cultura (NADAI e NEVES, 1989). 
Criaram, com isso, uma nova forma de organização social, que, para além das variadas 
denominações (‘Comunitarismo Cristão’, ‘República Cristã dos Guaranis’, ‘Comunismo 
Cristão’, ‘Império Teocrático dos Jesuítas’) apresentavam características como: estrutura 
de produção fundada no uso comum da propriedade e dos meios de produção; uma 
forma de divisão do trabalho que respeitava as habilidades individuais; a ausência da 
apropriação e acumulação individual; uma convivência harmônica com a natureza; 
integração entre as várias dimensões da vida (SCHALLENBERGER e HARTMANN,1981; NADAI e NEVES, 1989; CHRISTENSEN, 2001). 
Estas características da sociedade missioneira, do século XVII, são identificadas 
como a gênese da experiência cooperativa na América Latina, e em especial, na região 
(MASY, 1992). Conformavam a organização social como base nos princípios da 
solidariedade, do trabalho coletivo, da partilha comunitária e da cooperação. Ao recuperar 
a história do cooperativismo no Brasil, o Portal do Cooperativismo (OCB, 2010a) 
reconhece a experiência missioneira como “um estado cooperativo em bases integrais”. 
Os estudos do Padre Rafael Carbonell de Masy (MASY, 1992), baseados em 
documentos originais dos jesuítas, aponta 1627 como sendo o ano de fundação da 
primeira cooperativa, na forma de redução jesuítica, de índios Guaranis, em terras da 
América do Sul. Constituíram-se trinta comunidades nas reduções onde foram usados 
princípios de trabalho muito semelhantes aos princípios do cooperativismo reconhecidos 
e assumidos nos dias atuais. Masy destaca, através dos documentos descobertos, que já 
 18 
nesta época estavam bem definidas algumas práticas cooperativistas, convergente com 
os princípios originários do cooperativismo: da adesão livre; da gestão democrática; das 
sobras; da educação; da integração; da indiscriminação; e dos juros módicos. 
De uma região periférica no inicio do processo de colonização, a região 
missioneira transformou-se numa área estratégica e numa ‘ameaça política à 
segurança das monarquias ibéricas’ a tal ponto de constituir-se em pauta das 
disposições do Tratado de Madri, assinado entre Portugal e Espanha, em 1750. Por 
esse tratado acertava-se a troca do território missioneiro pela ‘Colônia de 
Sacramento’ e decretava-se a imediata retirada dos índios e dos jesuítas da região 
das missões para que Portugal pudesse implantar um novo processo de colonização 
na região. Como os índios não aceitaram os termos do acordo (saída imediata sem 
direito a levar nada e sem qualquer indenização), iniciou-se o conflito armado, 
conhecido como a ‘guerra guaranítica’ que acabou por decretar o fim da experiência 
missioneira (SANTOS, 1993). 
 
2.2 O Modelo caboclo na região 
A partir da desagregação da experiência missioneira, a região foi sendo 
‘reocupada’, de forma dispersa, pelos índios remanescentes das reduções, por 
outros povos indígenas que haviam resistido ao aldeamento, por escravos negros e 
por descendentes de portugueses e espanhóis. Por ser área de fronteira e 
necessitar de ocupação para garantir a posse do território, o governo português 
concedia o direito de uso da terra a pessoas que se estabelecessem e garantissem 
a defesa da área, pouco se interessando em tomar conhecimento sobre o que 
ocorria em seu domínio. 
A maior riqueza da região missioneira, nesse período, provinha do 
extrativismo da erva mate, da madeira, do mel e das essências naturais. A erva mate 
era o produto que possuía maior mercado consumidor, mobilizava a maior parte da 
população e gerava os principais conflitos pela posse e exploração do território. A 
extração da erva ocorria no período do outono e do inverno e era realizada através 
de expedições controladas por ‘pessoas de posse’ que recebiam autorização das 
câmaras municipais para realizar a atividade. A atividade era realizada de forma 
 19 
muito simples, utilizando-se do carijo até praticamente o final do século XIX. A partir 
daí o carijo passou a ser substituído pelo barbaquá. 
Os caboclos organizam, na região missioneira, uma forma de sociedade onde 
não havia preocupação direta com a acumulação de riqueza, mas sim com a 
subsistência da família. Uma vez satisfeitas as necessidades do grupo era possível 
dedicar-se ao descanso, à convivência com os vizinhos e ao lazer. Não havia 
preocupação com o título de propriedade da terra, pois se entendia que a mesma 
era garantida através do uso e da defesa. A Terra era entendida como o espaço de 
trabalho e de vida, essencial para a afirmação da identidade individual e social. A 
relação com a natureza era fundada no princípio da convivência harmônica, 
procurando usufruir das benesses que ela proporcionava, porém sem destruir. As 
relações de parentesco, compadrio e vizinhança eram a base da vida social e 
política das comunidades que se formavam (GEHLEN, 1998). 
O modelo caboclo preserva os princípios da solidariedade e da cooperação 
presentes no período jesuítico e introduz a idéia de patrimônio familiar, herdada da 
fazenda latifundiária. A terra representava o principal patrimônio da família ampliada, 
sem a qual era impossível pensar o processo de subsistência e reprodução 
(GEHLEN, 1998). Esta visão de patrimônio familiar pode ser relacionada como um 
ascendente remoto do 3º princípio do cooperativismo no qual se acentua a 
participação econômica do associado e, de forma especial, a propriedade comum da 
cooperativa, com responsabilidades compartilhadas na sua manutenção e 
reprodução. 
A sociedade cabocla, que se organizou na região após a desagregação das 
reduções foi motivo de preocupação dos estrategistas do governo Imperial, pois 
proporcionava pouca estabilidade de ocupação do território na região de fronteira. 
Com isso passou-se a pensar numa forma alternativa de ocupação e de organização 
da atividade produtiva. A ocupação da região de fronteira com base na pequena 
propriedade familiar já havia sido definida desde o Império como a forma mais 
eficiente de garantir a posse do território para o Brasil e também para criar uma 
estrutura produtiva capaz de integrar-se, gradativamente, ao contexto das demais 
atividades produtivas nacionais (BROSE, 2005). 
 20 
2.3 A colonização com os imigrantes europeus 
Com a Proclamação da República e a promulgação da Constituição Brasileira 
de 1891, as terras públicas pertencentes à União passaram ao domínio dos estados 
e estes ficaram responsáveis por sua regularização e ocupação. O governo do 
estado do Rio Grande do Sul, de inspiração positivista, passou imediatamente a 
promover a colonização como forma de conter os conflitos pela posse da terra, 
aumentar a produção agrícola e integrar definitivamente na sociedade rio-grandense 
os diversos grupos étnicos, fortalecendo o sentimento de amor à pátria e o respeito 
ao poder estabelecido. 
Kliemann (1986) aponta como objetivos principais do projeto positivista de 
gestão do Estado Gaúcho a diversificação econômica, o desenvolvimento dos meios 
de transporte, a incorporação do proletariado à sociedade, o fortalecimento de uma 
classe média de proprietários, a proliferação da livre empresa, a acumulação 
baseada no trabalho livre e assalariado, a introdução de novas técnicas capazes de 
aumentar a produtividade do trabalho, o incentivo à industrialização, a valorização 
do preço da terra, a abertura de novos mercados, o crescimento da pequena 
propriedade (como formas de fixar o homem à terra e imbuí-lo do sentimento 
patriótico, do amor ao trabalho e do respeito às leis estabelecidas), a criação de 
créditos e prêmios rurais e a criação de escolas agrícolas, cooperativas e 
associações de classe. De acordo com os ideais positivistas, a busca da paz social, 
fundamental para alcançar o progresso econômico através do trabalho produtivo, só 
seria alcançada pela integração étnica e cultural e pela intervenção de um Estado 
forte. 
A expansão do projeto de colonização para a Região Noroeste do Rio Grande 
do Sul tomou um impulso decisivo com a emancipação de Santo Ângelo (1873), com 
a conclusão do ramal da via férrea até Cruz Alta (1894) e com a criação das colônias 
oficiais de oficiais de Ijuí (1890) e Guarani (1891) e da colônia particular de Cerro 
Azul (1902), que passaram a servir como atrativos para a vinda de imigrantes 
europeus não-ibéricos ou seus descendentes, neste último caso proveniente das 
Colônias Velhas (Regiões pioneiras de colonização no Estado do RS) que já sofriamrelativa pressão demográfica. A partir desses primeiros núcleos coloniais foi possível 
a criação de novas colônias, oficiais (no caso de Santa Rosa, em 1914) e 
 21 
particulares (no caso de Boa Vista, em 1912), que integraram a região ao projeto 
nacional de fortalecimento de um mercado interno, comprador de produtos 
industrializados e vendedor de alimentos para abastecer as regiões agro-
exportadoras. 
O processo de colonização produziu um confronto entre a concepção de 
sociedade, trabalho e reprodução da vida, trazida pelos novos ‘colonizadores’ com a 
concepção presente em seus anteriores habitantes. O “modelo caboclo” (GEHLEN, 
1998) sofreu a oposição do modelo proposto pelos descendentes de europeus não-
ibéricos. Estes últimos, quando chegaram à região, trouxeram uma experiência 
diferente de agricultura familiar, pois incorporava uma concepção de trabalho trazida 
da Europa e, em parte, adaptada à realidade brasileira nas Colônias Velhas e nas 
Novas Colônias do Planalto. 
Essa concepção de trabalho serviu como fundamento para a construção de 
referenciais não apenas para a agricultura, mas também para as demais atividades 
econômicas, sociais e culturais. A agricultura familiar, o pequeno comércio e a 
indústria tradicional afirmam-se como as bases da estrutura de produção e de 
formação dos grupos sociais no período compreendido entre o início da 
recolonização da região, sua ascensão econômica a partir da década de 1930 e a 
crise na década de 1950 (LAMARCHE, 1993). 
O modelo de sociedade trazido pelos novos colonizadores da região 
assentava-se na organização de pequenas comunidades, geralmente agrupadas 
pela descendência étnica e/ou opção religiosa. Tais comunidades viviam, muitas 
vezes, isoladas e apenas preocupadas com a geração de sua vida, dentro dos 
padrões herdados dos seus antepassados. As dificuldades enfrentadas em relação 
ao sistema de transporte, à educação, à saúde e à comunicação, levavam a um 
fechamento maior ainda e a uma união da pequena comunidade para superar as 
adversidades. Segundo Schallenberger (1979) os valores cultuados em meio a estas 
comunidades eram estáveis e sedimentaram-se, substancialmente, em torno da 
família, da cultura e da religião. 
A partir do momento em que a sociedade regional se integrou a uma 
economia de mercado, na década de 1940, os critérios étnico-culturais começaram a 
ser relativizados para justificar o sucesso pessoal e grupal, dando lugar, 
gradativamente, a critérios econômico-culturais. A estrutura desigual de posse da 
 22 
terra e a ‘ética do trabalho’ podem ser apontados como elementos fundamentais. A 
primeira permitiu maior acumulação de capital nas mãos daqueles que conseguiam 
ter maior volume de produto para colocar no mercado. Esses conseguiam negociar 
melhores preços, vender e comprar diretamente dos atacadistas e reduzir os custos 
de transporte, promovendo uma acumulação de capital para futuros investimentos, 
até mesmo na compra da terra daqueles que possuíam apenas um lote ou menos do 
que isso. A ‘ética do trabalho’ passou a funcionar como justificação ideológica para 
explicar a inclusão ou a exclusão social, o sucesso ou insucesso econômico, a 
riqueza ou a pobreza, a moralidade ou a imoralidade, a valorização ou a 
marginalização do ser humano. Essa ética do trabalho, que segundo Veiga (1993), 
impregnou todas as sociedades modernas tem três grandes alicerces: a) quanto 
mais um indivíduo trabalha, mais ajuda a melhorar a vida da coletividade; b) quem 
trabalha pouco, ou não trabalha, prejudica a comunidade e não merece respeito; c) 
quem trabalha direito acaba tendo sucesso e quem não o alcança é por sua própria 
culpa. 
Em um universo no qual a religião ocupa um espaço importante na definição 
da personalidade e do conjunto de valores do indivíduo, a idéia moderna de trabalho 
foi incorporada e revestida de um significado antropológico e social. Transformou-se 
em condição para a pessoa tornar-se digna de ter recebido o dom da vida; garantia 
para a sua reprodução; definidora do sucesso ou não na sociedade e até mesmo 
requisito para ter saúde e vida longa. A concretização do sonho de uma vida melhor 
para si e para os filhos passava pelo trabalho como estímulo, razão de viver, 
condição para a realização individual e comunitária (ROTTA, 1999). 
Conforme refere Schallemberger (2001), nesta sociedade gerada pelo 
processo da recolonização, o conteúdo do pensamento social cristão, proveniente 
das Igrejas Católica e Evangélica, encontrou terreno fértil para o seu enraizamento e 
para a implantação de experiências pioneiras de associativismo cristão e de 
desenvolvimento comunitário. A Igreja assumiu papel importante na organização da 
sociedade, definindo “pastorais sociais, ações educativas e despertando o 
associativismo cristão na perspectiva de solidificar um espaço de liberdade e de 
autonomia” (p. 32). A presença das Igrejas manifestou-se em “diferentes estratégias 
e formas de inserção social que tiveram no associativismo a expressão mais 
 23 
concreta de operacionalização do projeto social cristão e no cooperativismo a face 
possível de uma organização social presumivelmente autônoma” (p. 32). 
De acordo com Schallemberger (2001), as experiências de associativismo 
nascidas no interior da sociedade colonial tiveram como elemento aglutinador a 
“Liga das Uniões Coloniais e a Sociedade União Popular”, que funcionaram também 
como instrumentos de organização social para fazer frente à inoperância do Estado, 
aos desmandos do mesmo, à crescente concentração de renda e a ação de controle 
da produção exercida pelos grandes grupos econômicos que ditavam os rumos do 
modelo capitalista agro-exportador dominante no Brasil. A Liga e União 
promoveram, segundo Schallenberger (2001) a reunião de grande parte dos 
agricultores em torno de objetivos comuns, aproximando-os de setores comerciais e 
industrias identificados, do que resultou uma rede de relações urbano-rurais, 
caracterizada pela intercomplementaridade em termos socioculturais e econômicos. 
Sob este aspecto, a construção do espaço comunitário no Sul do Brasil, em especial 
no Rio Grande do Sul, com todas as suas implicações humanas e paisagísticas, teve 
no associativismo cristão uma basilar alavanca social e na expressão do 
cooperativismo uma de suas forças e uma possibilidade econômica 
(SCHALLEMBERGER, 2001, p. 35). 
A ação da Liga e da União fez-se presente na região através das inúmeras 
experiências de “caixas rurais” e até mesmo de cooperativas. Schallemberger (1981) 
registra a existência da “Cooperativa do Matte Missioneiro”, na Colônia Santa Rosa, 
em período próximo à sua emancipação. Também refere a existência das “Caixas 
Rurais”, “um tipo de cooperativas de crédito” (p. 123), em alguns municípios da 
região, na primeira metade do século vinte, afirmando que elas surgiram e 
floresceram nas áreas em que houve predominância de colonos de descendência 
alemã. 
Este modelo de sociedade colonial estabelecido na região Fronteira Noroeste 
alcançou seu período áureo com o ‘ciclo do suíno’, na década de 1950. Porém, na 
década seguinte já começam a se esboçar as dificuldades de reprodução da 
agricultura familiar, do pequeno comércio e da indústria tradicional que davam 
suporte ao modelo (ROTTA, 1999). 
O esgotamento das terras novas levou a uma intensificação do uso daquelas 
áreas próprias para a agricultura existentes na propriedade. A pouca rotatividade 
 24 
dos produtos cultivados, dada a necessidade de alimentar os suínos e produzir o 
que tinha demanda no mercado, combinada com a ausência de técnicas de 
preservação e correção do solo ocasionou a queda da produtividade agrícola 
(KAPPEL,1967), levando a um aumento do custo de produção do suíno e à perda da 
competitividade em relação a outras regiões do estado (ROTTA, 1999). 
O aumento da população, e o aumentodo custo de reprodução da unidade 
familiar em função das novas necessidades de habitação, vestuário, alimentação, 
educação e saúde, combinados com a queda na lucratividade da produção de 
suínos, ameaçavam a reprodução da unidade familiar agrícola. As atividades 
urbanas dependiam, em grande parte, do desempenho das atividades agrícolas e 
não representavam uma alternativa capaz de absorver a mão-de-obra excedente na 
agricultura. A falta de alternativas na própria região levou muita gente a migrar para 
outros estados à procura de novas terras para produzir, bem como alternativas de 
trabalho (ROTTA, 2007). 
A integração das economias regionais e a formação de um mercado nacional 
unificado, implementadas pela política desenvolvimentista (BRUM, 1993) do governo 
de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956–1960), romperam as barreiras ao livre 
fluxo de mercadorias e capitais, intensificando a concorrência. As áreas mais 
próximas ao mercado consumidor, ou melhor dotadas de infra-estrutura básica 
(produção de matéria-prima, energia, transportes, comunicação, serviços e mão-de-
obra qualificada) tornaram-se mais atrativas ao investimento de capital e capazes de 
concorrer com maior eficiência no mercado. A economia gaúcha, como um todo, 
enfrentou dificuldades para adequar-se aos novos padrões impostos pela 
concorrência, que exigiam acréscimos de produtividade e incorporação de novas 
tecnologias(CANO, 1990; FEE, 1976, 1983 E 1990; TARGA, 1989; CARRION 
JÚNIOR, 1986). 
A perda da competitividade em relação a outras regiões do estado do Rio 
Grande do Sul era apontada como o principal problema a ser superado pela 
economia regional. A questão que se apresentava para as lideranças e para a 
população local era como recuperar a competitividade. A solução proposta pelo 
empresariado comercial e industrial urbano passava pela modernização da 
agricultura, pela agroindustrialização como forma de agregar valor aos produtos, e 
pela conquista de novos mercados (ROTTA, 1999). Nesta busca de soluções é que 
 25 
emerge com força os ideais do cooperativismo empresarial ligado ao projeto de 
modernização da agricultura já em curso em outras regiões do país. 
2.4 Modernização da agricultura e o cooperativismo 
Os processos de modernização da agricultura, implementados no Brasil a 
partir do final da década de cinqüenta, provocaram fortes impactos e mudanças na 
constituição da sociedade regional, conforme detalhado em por Büttenbender, Rotta 
e Höfler (2010e). A incorporação de novas técnicas de trabalho e produção; o 
processo de modernização dos instrumentos e das formas de produzir; a 
modificação das posturas individuais e coletivas em torno do trabalho e da 
organização social; a necessidade de ampliar o processo de industrialização dos 
produtos gerados pela agricultura e pela pecuária e a criação de uma indústria de 
máquinas e equipamentos de suporte, permitiram um reposicionamento da região 
em relação ao mercado estadual e nacional, uma integração ao mercado 
internacional, bem como a disputa por espaços nestes mercados. 
Com esta necessidade de redefinição, a centralidade ética do trabalho 
ganhou nova feição, uma feição industrial moderna. A aliança entre a ciência e a 
técnica permitiu o controle racional do tempo, dos processos, dos instrumentos e do 
gerenciamento da produção, gerando aumentos significativos de produtividade e de 
qualidade dos produtos. As empresas, as instituições, as pessoas e os grupos 
sociais que incorporaram mais rapidamente essa nova concepção passaram a servir 
de referência para os demais, ainda mais se conseguissem ocupar uma posição de 
destaque no mercado. A afirmação da concepção industrial moderna de trabalho 
como dominante e determinante alterou o perfil da sociedade regional. A partir daí 
não era mais suficiente ‘fazer as coisas’, mas fazê-las ‘bem-feitas’. Ou seja, não era 
mais suficiente trabalhar e ser trabalhador, mas trabalhar e ser trabalhador com 
determinado perfil, dentro de determinado padrão apresentado como modelo a ser 
seguido. A racionalização do trabalho estendeu-se para as outras esferas da 
sociedade que, aos poucos, modificaram os padrões anteriores fundados na tradição 
e nos costumes herdados dos antepassados (ROTTA, 1999). 
As formas racionais de organização (cooperativas, sindicatos e associações 
profissionais) substituíram as formas primárias de solidariedade baseadas na família, 
 26 
no compadrio, na vizinhança e do mutirão. Os laços e vínculos afetivos deram lugar 
aos vínculos profissionais, e os costumes foram substituídos pelas relações formais. 
Cada vez mais os participantes das relações sociais passaram a orientar as suas 
ações de forma racional, referente a fins estabelecidos ou acordados com seus 
semelhantes. 
A generalização de um conjunto de relações baseadas num ‘contrato de 
mútuos direitos e obrigações’, formalmente constituídos, passou a substituir as 
relações informais com base na palavra e na idoneidade moral daqueles que 
participavam da relação. O contrato de trabalho passou a reger as relações entre 
empregados e empregadores. A relação entre o agricultor e a instituição financeira 
igualmente era regida por um contrato de financiamento, custeio, empréstimo, etc. O 
agricultor e a agroindústria celebravam um contrato de ‘integração’ onde se definiam 
as mútuas responsabilidades. As cooperativas, que em muitos casos representavam 
um papel semelhante ao das agroindústrias, não agiam diferentemente em relação a 
seus associados. As relações entre vendedor e consumidor também passaram a 
orientar-se por contratos de compra e venda. 
Na medida em que se generalizaram estas relações contratuais, ganharam 
força também as instituições e os profissionais encarregados de regular os acordos 
estabelecidos, zelar pelo seu cumprimento, defender as partes que se achavam 
lesadas ou ainda propor novas bases para esses contratos. Foi o caso de um 
conjunto de instituições e repartições públicas ou privadas ligadas aos poderes 
Legislativo, Executivo ou Judiciário, que agiam através de instâncias locais ou 
regionais, e os profissionais ligados a elas, principalmente funcionários públicos e 
advogados. Esses profissionais passaram a representar grande parcela da 
população urbana regional e influíram decisivamente no tipo de comportamento que 
se estabeleceu nesse meio. 
As relações de solidariedade e ajuda mútua perderam espaço para as 
relações de competição guiadas pelo critério da eficiência e da produtividade. Os 
‘mais eficientes’, ‘organizados’ e ‘produtivos’ se estabeleceram, progrediram, 
encontraram espaço e conquistaram poder. Os outros sucumbiram, perderam suas 
terras, seu emprego, sua possibilidade de participação e ascensão social. As 
desigualdades sociais e o processo de exclusão passaram a ser justificados pela 
 27 
diferença de desempenho individual. A sociedade regional assumiu, definitivamente, 
feições tipicamente capitalistas. 
É impossível negar que a modernização deu novo impulso à agricultura, 
oportunizou o crescimento da indústria metal mecânica, da indústria de alimentos e 
do comércio, que concentravam grande parte da riqueza gerada na região, porém 
ela não deixou de estar inserida no processo de ‘modernização conservadora’ que 
ocorria em nível de Brasil, processo que previa a modernização da atividade agrícola 
sem mexer na estrutura de posse da terra. Tratava-se de integrar a agricultura ao 
desenvolvimento industrial que se processava no país transformando-a em 
consumidora de produtos industriais, produtora de alimentos a baixos preços para a 
população urbana, liberadora de mão-de-obra para a indústria e produtora de 
excedentes exportáveis para equilibrar a balança de pagamentos, deficitária em 
função da importação de bens de capital. Para viabilizar esse processo foi decisiva a 
intervenção do Estado, onde podem ser citados a açãoda Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e 
Extensão Rural, (no caso do RS a ação da Emater), do Sistema Nacional de Crédito 
Rural, da política de preços mínimos e do Programa de Garantia da Atividade 
Agropecuária (Proagro). 
Na operacionalização deste processo também foi decisiva a atuação das 
cooperativas “Tritícolas ou Mistas” que foram criadas na região. Elas passaram a 
atuar como agenciadoras dos programas oficiais de propagação do pacote 
tecnológico, do financiamento, do armazenamento, da assistência técnica e da 
orientação ideológica aos produtores. Estar ligado a uma cooperativa significava 
obter o direito de participar do processo e receber as orientações básicas para poder 
acompanhá-lo. Não estar ligado passava a ser símbolo de exclusão. Com isto as 
cooperativas expandiram rapidamente seu quadro social e passaram a abrir filiais 
em comunidades mais expressivas do meio rural, constituindo-se como empresas 
significativas na geração de riqueza em nível local e regional. 
Com a modernização da agricultura e o desenvolvimento da agroindústria é 
que se ampliou também o trabalho assalariado urbano. A implantação de indústrias 
de máquinas e implementos agrícolas e indústrias transformadoras dos produtos 
agrícolas, aliadas à necessidade de uma nova infra-estrutura de armazenamento, 
transporte e comunicação e uma reestruturação dos serviços, especialmente os de 
 28 
assistência técnica, comércio e financiamento disseminaram o trabalho assalariado. 
Alguns municípios, tais como Santa Rosa, Três de Maio, Horizontina e Santo Cristo 
passaram a representar pólos microrregionais de concentração de indústrias e 
serviços que dão suporte a essa nova realidade e atraem a população que 
começava a ser evadida do meio rural. 
Davidovich (1994) observa, porém, que o estilo de vida urbano implicou, no 
Brasil, uma grande ampliação do terciário onde se incluem atividades pertinentes à 
circulação do capital e das mercadorias, tais como o sistema bancário e de 
transporte, a organização publicitária e comercial e os serviços públicos e 
administrativos. Mas, passaram a existir também ocupações de baixa produtividade, 
tais como biscateiros, vendedores autônomos e empregos domésticos, que, muitas 
vezes, recebiam remuneração inferior ao salário mínimo oficial, gerando uma 
população que tendia a aumentar o contingente dos excluídos. 
Essa situação também é observada na região Noroeste. O expressivo 
aumento da população urbana, a partir da década de 1970 trouxe grandes 
problemas para as cidades que não foram planejadas para acolhê-los. A falta de 
infra-estrutura (luz, água, esgotos, iluminação pública...), os serviços públicos 
precários, a falta de programas para a construção da casa própria, a especulação 
imobiliária e a ausência de trabalho remunerado para todos, geraram uma situação 
tensa e insustentável no espaço urbano. 
O novo modelo que se afirmou como hegemônico na região, fundado na 
racionalidade industrial moderna e viabilizado pelo processo de inserção competitiva 
no mercado nacional e internacional por via da modernização da agricultura e da 
agroindustrialização. O novo paradigma tecnológico, baseado na ciência aliada à 
técnica, reforçaram a capacidade produtiva e de trabalho da região, fortalecendo a 
estrutura da agricultura familiar e a sua organização. 
 
2.5 Estudos sobre desenvolvimento regional e o cooperativismo 
As transformações vivenciadas pela sociedade a partir do final da década de 
70, e as dificuldades e desafios que se apresentavam, passam a gerar novos 
 29 
fundamentos sobre a atuação do cooperativismo, bem como, as concepções sobre 
os modelos de desenvolvimento. 
Após experimentar duas décadas de um relativo desenvolvimento econômico, 
impulsionado pelo processo de modernização da agropecuária e da agroindústria, a 
região defrontou-se com sinais evidentes do esgotamento desse modelo. O 
crescimento do endividamento do país e a conseqüente perda da capacidade do 
Estado em manter a política protecionista, fundada nos subsídios, incentivos e 
financiamentos, fizeram com que os agentes produtivos locais fossem jogados numa 
economia de mercado sem terem criado as condições indispensáveis para tal. 
O processo de reestruturação do capitalismo internacional gerou novas bases 
de produção e competitividade, forçando a redefinição das indústrias locais que 
passaram a ter que desenvolver e adotar novas tecnologias, novos processos de 
trabalho, novos produtos e novas formas de inserirem-se no mercado. Várias 
empresas estabeleceram novas alianças estratégicas, nacionais e internacionais, 
gerando mudanças nas diferentes cadeias produtivas da região. Com isso perderam 
sua autonomia e tornaram-se mais vulneráveis às constantes flutuações das 
relações internacionais. Essa nova realidade também trouxe conseqüências diretas 
para as diferentes formas de organização do trabalho e das cadeias produtivas, 
como destacadas em publicações como as de Rotta (2007), Büttenbender (2005, 
2007, 2008 e 2010) 
No contexto do cooperativismo e do associativismo, contrapondo-se a lógica 
prevalecente no final da década de 1980, a região protagonizou e agregou novos 
modelos de organização associativa, com a criação das Associações de Prestação 
de Serviços e Assistência Técnica – APSATs e os Condomínios (BÜTTENBENDER, 
1995). Estas formas de organização, mesmo com uma duração não muito longa, 
cumpriram importante contribuição para a produção de suínos e a produção de leite 
na região, em complemento as tradicionais cooperativas agrícolas existentes na 
mesma, como destacado em Büttenbender (1995). O espírito associativo, associado 
a necessidade da organização dos pequenos agricultores focados na diversificação 
de culturas, foram o nascedouro de várias cooperativas de pequenos agricultores 
focalizados na agricultura familiar. Estas cooperativas são articuladas na região pela 
Cooperativa Central das Cooperativas da Agricultura Familiar, a Unicooper. 
 30 
Em estudo no início da década de 90 foram apontados desafios e prioridades 
para o fortalecimento do cooperativismo. De acordo com Büttenbender (1994), os 
principais desafios do cooperativismo e do associativismo já na época esvam 
concentrados nos seguintes pontos: 
“1) Promover ações que visem o trabalho integrado das 
cooperativas, acompanhado da descentralização política, 
através da organização dos associados dentro dos níveis 
municipais, e aproveitando a estrutura de organização das 
próprias associações de produtores. 
2) Promover ações que visem a ação conjunta das 
cooperativas na organização econômica, buscando a escala 
e o poder de barganha, isto através da formação de uma 
central regional de cooperativas. 
3) Buscar o trabalho integrado das cooperativas e 
associações (Apsats, Condomínios e outros) com vistas a 
estruturação de um planejamento da produção regional, e 
com relações estáveis de produção, industrialização e 
comercialização. 
4) Viabilizar a modernização empresarial das cooperativas e 
associações, com a adoção de modernos métodos de 
gestão, com vis tas a gerir com eficiência e eficácia os 
escassos recursos dos produtores associa dos. 
5) Estudar e viabilizar formas de ações integra das, através 
de cooperativas, dos associa dos e também dos 
funcionários, dentro da mesma organização. Este 
acompanhado de um amplo programa de formação 
profissional para os produtores associados, dirigentes e 
funcionários. 
6) Fomentar as práticas de defesa concreta dos interesses 
dos agricultores, com o objetivo de capitalizar e fortalecer 
economicamente os associados e as cooperativas. 
7) Gestionar políticas que viabilizem o fortalecimento e a 
ação integrada da produção, do crédito, da 
agroindustrialização da produção, e com relações estáveis 
com o cooperativismo de consumo.8) Intensificar o trabalho de conscientização sobre a 
importância e o potencial do cooperativismo e do 
associativismo, entre todos os níveis da sociedade”. 
(BÜTTENBENDER, 1994, pág.04) 
 
A partir destas priorizações o cooperativismo e o associativismo, tanto 
regional, estadual e nacional, e nas áreas rural e urbana, passou a agregar 
condições de avançar, contribuindo mais significativamente na estruturação de uma 
sociedade mais desenvolvida, promovendo a justiça social, e garantindo melhores 
condições de vida para os que integram as organizações associativas e a toda 
sociedade. 
 31 
A região, especialmente nas duas últimas décadas, passou a vivenciar um 
acelerado processo de urbanização e de êxodo das pessoas do meio rural da região 
para centros urbanos na região e para centros urbanos em outras regiões e estados. 
A maioria das cidades da região consideradas de pequeno porte não tiveram 
condições de absorver essa população excedente, tanto em termos de 
oportunidades de trabalho e renda, quanto de alternativas empreendedoras. A 
emigração significou a saída de recursos humanos e materiais relevantes para a 
região. A falta de perspectivas no espaço regional fez ainda com que grande parte 
da população jovem passasse a sair da região para encontrar alternativas de 
trabalho e de futuro em outros locais. Essa saída acabou levando um contingente 
expressivo da mão-de-obra especializada e mais dinâmica presente no espaço local 
(DALLABRIDA e BÜTTENBENDER, 2006 e 2007). 
A deficiência de infra-estrutura viária se constitui em limitante, devido as 
distâncias dos principais portos de exportação, de dependência exclusiva do 
transporte rodoviário. A via férrea, embora existindo ramal até a região desde a 
década de 40, após a privatização, está inoperante na região. A estrutura de 
transporte aéreo na região também é restrito e limitado (SEPLAG/RS, 2006). 
A dependência tecnológica fez da região um receptáculo passivo de ciência e 
tecnologia vindas de fora e com enormes custos econômicos e sociais. 
Historicamente, as Instituições de Ensino Superior – IES presentes na região, 
embora desempenhando papel relevante na qualificação e mobilização da 
população local, não conseguiram avançar na direção de se constituírem em centros 
de produção de ciência, tecnologia e inovação capazes de auxiliar a região na busca 
de soluções para os problemas enfrentados pela sua dinâmica econômica e sua 
realidade social. Exemplos recentes e positivos, é a cooperação entre Instituições de 
Ensino Superior - IES1, no processo de mobilização regional com vistas ao 
planejamento do desenvolvimento da região em duas edições, ou seja, os Planos 
Estratégicos de Desenvolvimento edição 2006-2020 (DALLABRIDA e 
BÜTTENBENDER, 2006) e edição 2010-2030 (COREDE-FN, 2010). No caso da 
Unijuí, como universidade regional, possui atualmente vários professores envolvidos 
com pesquisas direcionadas às problemáticas regionais, por exemplo, nas áreas da 
 
1
 São participantes deste fórum na Região Fronteira Noroeste as Instituições Unijuí, Sociedade Educacional Três 
de Maio – Setrem, Fundação Educacional Machado de Assis – Fema e Faculdade de Horizontina – Fahor. 
Recentemente se agregaram o Instituto Federal Farroupilha – Ifet e a Universidade Fronteira Sul – UFFS. 
 32 
gestão do desenvolvimento, agronegócio de dos alimentos (leite, frutas, 
hortigranjeiros, carnes), das agroenergias (biodiesel, álcool, biogás) e do 
cooperativismo, como é destacado em publicações de Dallabrida e Büttenbender 
(2006 e 2007) e Büttenbender (2008 e 2010). 
Este processo de crise e redefinição do modelo da modernização estende 
suas repercussões para as diversas formas de cooperativismo existentes na região 
e faz emergir algumas outras que passam a apresentar alternativas de organização 
e vivência dos ideais do cooperativismo. Experiências já em curso e novas 
experiências contribuem para afirmar a cooperação como uma das alternativas para 
superar a referida crise que reside, em grande parte, na idéia de economia e de 
sociedade organizadas a partir da competição. Retomando a assertiva de Santos 
(2002) já referida anteriormente, entende-se que o cooperativismo afirmou-se como 
uma alternativa de organização das atividades econômicas e sociais em nível 
mundial, diante dos problemas apresentados pelo projeto capitalista e pelo 
socialista, especialmente com a retomada dos projetos de desenvolvimento local. 
O crescimento dos ideais do cooperativismo não é apenas um fenômeno 
regional. Em nível mundial são aproximadamente, considerando apenas as 
cooperativas registradas no sistema oficial, as cooperativas possuem mais de bilhão 
de cooperativados. Possuem mais de 100 milhões de trabalhadores no sistema 
cooperativo e uma movimentação financeira superior a US$ 1 trilhão. No Brasil , 
segundo a OCB (2010a) são mais de 8,3 milhões de cooperados, distribuídos por 
mais de 7.200 cooperativas, gerando mais de 275 mil empregos diretos e 
respondendo por mais de 6% do PIB nacional. No estado do Rio Grande do Sul 
esses números expressam atualmente (OCB, 2010a), 799 cooperativas, 1.738.510 
cooperados e 45.874 funcionários. 
Na Região Noroeste é significativa a presença de cooperativas, em 
praticamente todos os ramos do cooperativismo. Numa nova proposição de 
pesquisa, será efetuado um mapeamento e diagnóstico geral das cooperativas 
presentes na região Noroeste do RS. Em recente publicação, Büttenbender (2010) 
descreve o processo de formação e apresenta vários estudos de caso sobre a 
atuação e a gestão de cooperativas no Noroeste Gaúcho. 
As contribuições do cooperativismo para o desenvolvimento da Região são 
explorados detalhadamente em estudos, destacando Ruzzarin, Büttenbender et all 
 33 
(2010) e Büttenbender et al (2010a e 2010b). Estes estudos, em continuação ao 
estudo realizado por Büttenbender (1995), demonstra a importância e as 
contribuições das cooperativas e da organização associativa para o 
desenvolvimento da região. O estudo efetua a inferência direta de dados de 8 
municípios, no total dos 20 que compõem a região Noroeste. O estudo detalha: a 
importância e as contribuições, além da organização cooperativada, no valor 
adicionado gerado pelas cooperativas destes municípios (contribuições tributárias); 
como reguladoras de mercado e de preços; como geradores de oportunidade de 
trabalho e renda; de fomento e extensão tecnológica aos produtores; no 
oferecimento de operatividade mercadológica, seja na condição de oferta de bens e 
serviços, seja na demanda de bens e serviços; oferecimento de serviços de crédito e 
operacionalidade bancária; entre vários outros. 
Estas constatações corroboram com outras definições acerca das 
contribuições do cooperativismo para o desenvolvimento regional, como destacado 
por Büttenbender (2009 e 2010a), Büttenbender et al (2010a e 2010b), quando 
destaca que as cooperativas geram aportes dinâmicos a economia, ao 
empreendedorismo e ao desenvolvimento, como por exemplo: as cooperativas são 
espaço de organização, participação, exercício da democracia e da cidadania entre 
os seus membros e a comunidade; as cooperativas são ambiente de inserção 
mercadológica, de operação e de agregação de valor a cadeia produtiva e do 
trabalho, seja na produção, na industrialização e no consumo; acesso as mercados 
complexos, de grandes volumes e de barganha, ambientes estes considerados 
inacessíveis individualmente; as cooperativas, pela cooperação no crédito, são 
fomentados da poupança e do crédito, com o re-investimento regional das 
economias e recursos gerados, inibindo transferências de rendas e riquezas para 
outras regiões; as cooperativas operam mercados considerados menos dinâmicos e 
geograficamente periféricos, e que são menos atrativos aos grandes conglomerados 
econômicos; ascooperativas se constituem em espaços de inclusão no trabalho, 
com geração de oportunidades de trabalho, constituindo-se em escolas de 
profissionalização para distintas atuações profissionais; e as cooperativas são 
espaços de investimento na pesquisa, na ciência e tecnologia, na inovação 
tecnológica, no fomento e na extensão tecnológica. 
 34 
Estudo recente da OCB (2010a), aponta para níveis diferenciados de 
desenvolvimento para regiões com presença de cooperativas, em detrimento a 
regiões com menor, ou até sem, presença de cooperativas. Demonstra o estudo que 
os municípios brasileiros, em 2009, sem a presença de cooperativas apresentam 
um Índice de Desenvolvimento Humano – IDH de 0,688, enquanto que os 
municípios que possuem a presença de cooperativas, apresentam um IDH de 0,728. 
Ou seja, o estudo indica e sugere que o desenvolvimento humano nos municípios e 
regiões com a presença qualificada de cooperativas é 5,8% superior aos municípios 
e regiões sem a presença de cooperativas. 
Outro fenômeno importante, envolvendo o cooperativismo e o 
desenvolvimento, é a sua crescente presença em estudos e pesquisas lideradas 
pelas universidades e academias, com a realização de grandes eventos. Recente 
evento, na capital Brasília/DF, reuniu pesquisadores, instituições e programas 
voltados ao ensino, a pesquisa e ao fomento do cooperativismo. Este evento 
organizado pela OCB, com apoio do Sescoop e o apoio e presença das instituições 
com programas na área. 
Outro exemplo a ser citado é a realização do 5º Encontro de Pesquisadores 
Latino-Americanos de Cooperativismo e a 6ª edição do Workshop Internacional de 
Tendências do Cooperativismo, realizado entre os dias 6 e 8 de agosto de 2008, em 
Ribeirão Preto, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de 
Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP(2010). Este evento reuniu profissionais, 
professores e alunos que estudam ações que impliquem em estratégias de 
internacionalização de negócios das cooperativas que gerem impacto sobre a 
economia local, nacional e internacional. Neste evento foram inscritos 243 trabalhos, 
envolvendo 367 autores, 120 instituições de 18 países. O segundo evento foi o VII 
Seminário Tendências do Cooperativismo Contemporâneo, realizado pela 
OCB/Sescoop, com o apoio da OCB-CE e Sescoop-CE, entre os dias 12 a 14 de 
novembro de 2008, em Fortaleza, no Ceará. A nova articulação brasileira, 
reforçando a trajetória de aporte do cooperativismo ao desenvolvimento regional, 
estadual e nacional, está na realização recente do 13° Congresso Brasileiro de 
Cooperativismo, novamente depois de 10 anos. Este evento realizado de 09 a 
11.09.2010, em Brasília, comemorativo aos 40 anos da OCB, e sob o tema 
‘Coopetativismo é sustentabilidade: o desafio da inovação’. 
 35 
Os temas norteadores do cooperativismo nacional, definidos no 13° 
Congresso Brasileiro de Cooperativismo (OCB, 2010b), estão articulados em torno 
dos quatro temas: 1) diretrizes e horizontes da relação política e institucional do 
sistema cooperativista; 2) a sustentabilidade do sistema OCB e da representação 
política do cooperativismo; 3) o futuro e os novos modelos de gestão das 
organizações cooperativas; e 4) a competitividade das cooperativas. Em torno 
destes temas, foram definidas 27 diretrizes delimitadoras da ação estratégica 
nacional do cooperativismo. 
No âmbito estadual, liderados pela Organização das Cooperativas do Estado 
do RS – Ocergs e do Sescoop/RS (OCERGS, 2010), foram também definidos sete 
grandes objetivos estratégicos: 1) ensino de formação profissional; 2) revitalização 
dos núcleos buscando a transparência e o comprometimento dos associados com o 
empreendimento cooperativo; 3) definir o foco das cooperativas desvinculando-as de 
atividades alheias a suas finalidades; 4) contratualização das relações estabelecidas 
entre associados e cooperativas; 5) parcerias, criação ou participação em centrais, 
incorporações e fusões. 6) políticas públicas federais, estaduais e municipais de 
apoio ao cooperativismo; e 7) melhoria dos serviços do sistema Ocergs-
Sescoop/RS. 
Outra importante iniciativa liderada pelas organizações Ocergs e Sescoop/RS, 
é o programa de reestruturação das Cooperativas Agropecuárias Gaúchas 
(OCERGS, 2011). Esta iniciativa que possui um cronograma de implementação de 
18 (dezoito) meses (OCERGS, 2011) e tem por objetivos: 1) definir um modelo de 
gestão polítia e profissional adequada às necessidades das cooperativas 
agropecuárias do RS; 2) definir estratégias para a revitalização dos núcleos, 
buscando a transparência e o comprometimento dos associados com o 
empreendimento cooperativo; 3) definir projetos de viabilidade de modelos de 
integração cooperativa com vistas a buscar escalas operacionais; 4) definir foco das 
cooperativas agropecuárias, desvinculando-as das atividades alheias as suas 
finalidades; 5) definir despesas operacionais e de pessoal compatíveis com o foco; 
6) definir modelos de contratualização das relações estabelecidas entre associados 
e cooperativas, das cooperativas entre si e intensificação de projetos agroindustriais; 
7) propor formas de cooperação adequadas às necessidades das cooperativas em 
 36 
estudo, através da elaboração de projetos, visando a participação ou criação de 
centrais, parcerias e incorporações; 8) melhoria da governança cooperativa. 
Os desafios enfrentados pela região Noroeste ao longo de sua trajetória 
histórica fizeram com que se forjasse uma população com capital social, e um 
quadro diferenciado de lideranças (BROSE, HOFLER e BÜTTENBENDER, 2008), 
capazes de encontrar alternativas diante dos mais graves problemas que 
necessitem enfrentar. O fortalecimento das cadeias produtivas, geração de 
fortalecimento das oportunidades de trabalho e renda, por intermédio do 
cooperativismo, são fundamentos priorizados para o desenvolvimento regional. O 
plano estratégico de desenvolvimento da região define 10 prioridades estratégicas 
para o desenvolvimento futuro da região (COREDE-FN, 2010), com papel 
preponderando do cooperativismo, onde são destacadas: 1) Investimento nas fontes 
de produção energética: Exemplos das Hidroelétricas, Pequenas Centrais 
hifroelétricas-PCHs e a produção de Bio-Energias limpas (etanol e biodiesel); 2) 
Ponte Internacional Porto Mauá/lba-Posse; 3) Projetos de Irrigação (combate as 
estiagens); 4) Incentivo as cadeias produtivas de alimentos (leite, Suínos, grãos, 
hortigranjeiros-fruticultura, agricultura familiar), da indústria metal-mecânica; do 
madeiro-moveleiro; das confecções; do Turismo); 5) Infra-estrutura viária: Acessos 
asfaltados as sedes de todos os municípios da região; Ampliação e qualificação do 
transporte ferroviário; qualificação do aeroporto regional de Santa Rosa; 6) Ampliar 
investimentos em ciência e tecnologia e qualificar os acessos a educação técnico-
profissional e superior na região; 7) Projetos de Saneamento básico e águas pluviais 
e preservação ambiental; 8) Projetos habitacionais (urbanos e rurais); 9) 
Fortalecimento e qualificação dos Programas de saúde; e 10) Fortalecimento das 
políticas públicas de segurança. 
Uma região pode alavancar seu processo de desenvolvimento a partir do 
reconhecimento de seu patrimônio histórico, social, político, econômico, cultural e 
ambiental. Na medida em que a região conhece a si própria ela é capaz de recobrar 
os ensinamentos do passado, descobrir suas potencialidades e projetar, 
coletivamente, o seu futuro. O cooperativismo cumpriu missão importante na história 
da região, segue e seguirá representando este missão no desenvolvimento futuro, 
tanto da região, do estado e da nação. 
3 METODOLOGIA 
A metodologia define as delimitações e os métodos utilizados para atingir os 
resultados propostos. Gil (1999, p. 26) conceitua “método como caminho para se 
chegar a determinado fim”. Assim, este capítulo apresenta

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