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Livro Texto - Unidade I Metodos e pesquisa UNIP

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Prévia do material em texto

Autores: Prof. Adilson Rodrigues Camacho
 Prof. Maurício Felippe Manzalli
Colaboradores: Prof. Flávio Celso Müller Martin
 Prof. Fábio Gomes da silva
 Profa. Ronilda Iyakemi Ribeiro
Métodos de Pesquisa
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Professores conteudistas: Adilson Rodrigues Camacho / Maurício Felippe Manzalli
Adilson Rodrigues Camacho 
Natural de São Paulo, cidade onde reside. Possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (1990) 
e mestrado em Geografia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho – FCT-UNESP (1994). Doutor em Ciências pelo Programa de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências 
Humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH-USP (2008). Atualmente é professor-titular da Fundação Armando 
Álvares Penteado – Faap e da Universidade Paulista – UNIP. 
Maurício Felippe Manzalli 
Natural de São Paulo, cidade onde reside. Economista pela Universidade Paulista – UNIP (1995) e mestre em 
Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000). Atualmente é professor da UNIP nos 
cursos de Ciências Econômicas e Administração e também coordenador do curso de Ciências Econômicas na mesma 
universidade.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C172m Camacho, Adilson Rodrigues.
Métodos de pesquisa. / Adilson Rodrigues Camacho, Maurício 
Felippe Manzalli. – São Paulo: Editora Sol, 2014.
148 p., il
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XX, n. 2-091/14, ISSN 1517-9230.
1. Métodos de pesquisa. 2. Síntese. 3. Monografia. I. Manzalli, 
Maurício Felippe . II. Título.
CDU 001.8
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Virgínia Bilatto
 Juliana mendes 
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Sumário
Métodos de Pesquisa
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 SITUAçõES: FORMAS DIFERENTES DO PROCESSO DE PLANEJAR ............................................... 11
1.1 Situação 1 – “Os Três Porquinhos”: apresentação da situação .......................................... 11
1.2 Situação 2 – Jogos de tabuleiro: o xadrez ................................................................................. 14
1.2.1 As peças e seus movimentos .............................................................................................................. 16
1.2.2 O tabuleiro ................................................................................................................................................. 22
1.3 Situação 3 – Amyr Klink e suas expedições ............................................................................... 24
1.4 Situação 4 – O planejamento diário, de uma agenda de compromissos aos 
elaborados planos de Estado ................................................................................................................... 25
2 COMENTÁRIOS DAS SITUAçõES APRESENTADAS .............................................................................. 27
2.1 O planejamento na situação 1, dos porquinhos ...................................................................... 29
2.2 O planejamento na situação 2, o xadrez .................................................................................... 31
2.3 O planejamento na situação 3, as viagens de Amir Klink .................................................... 36
2.4 O planejamento na situação 4, as agendas ............................................................................... 41
3 MéTODOS DE PESQUISA: INTRODUçãO E EMPREGO ....................................................................... 43
3.1 O ciclo da pesquisa e da aprendizagem: princípios ............................................................... 43
4 MéTODOS DE PESQUISA: MéTODO NO PLANO FILOSóFICO, TEóRICO ....................................... 46
4.1 Método científico ................................................................................................................................. 46
Unidade II
5 MéTODOS DE PESQUISA: ESTRUTURAçãO E ORGANIzAçãO ....................................................... 54
5.1 A pesquisa ............................................................................................................................................... 54
5.1.1 As razões de ser da pesquisa científica .......................................................................................... 55
5.1.2 O que convém pesquisar? ................................................................................................................... 56
5.1.3 O porquê da pesquisa ou as suas justificativas .......................................................................... 57
5.1.4 Para que pesquisar? Os objetivos ..................................................................................................... 59
5.1.5 Como pesquisar? O método é orientado metodologicamente ............................................ 61
5.1.6 Quanto às classificações e aos tipos de pesquisa ...................................................................... 62
5.1.7 A formulação do problema de pesquisa ........................................................................................ 68
5.1.8 A elaboração das hipóteses de pesquisa ....................................................................................... 74
5.1.9 Quando pesquisar? Tempo coberto pelo projeto ....................................................................... 79
5.1.10 A pesquisa socioambiental: das ciências básicas às aplicadas .......................................... 81
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6 O PROJETO DE PESQUISA ............................................................................................................................. 83
7 SíNTESE E PUBLICAçãO ................................................................................................................................ 87
7.1 As orientações: a relação professor-aluno na pesquisa: caminhos, regras 
e produtos .......................................................................................................................................................90
7.2 Preparação de trabalhos: seminários e apresentações ......................................................... 95
7.2.1 Seminários ................................................................................................................................................. 96
7.2.2 A apresentação para a banca: defesa ............................................................................................. 99
7.3 Os relatórios parciais de pesquisa (ABNT NBR 10719) e o relatório final como 
dissertação (ABNT NBR 14724) .............................................................................................................. 99
7.3.1 Elementos da monografia .................................................................................................................101
8 APRESENTAçãO GRÁFICA DA MONOGRAFIA ....................................................................................122
8.1 Algumas expressões de referência: significado ......................................................................123
8.2 Reforçando: o que considerar ao planejar um relatório ou um resumo? ...................125
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APResentAção
O livro-texto que ora apresentamos destina-se aos alunos que estão aprimorando seus estudos 
sobre o método, detidamente, o método científico, o método acadêmico. Procurando distanciar-se dos 
jargões bastante específicos da área, mas não incorrendo na questão da simplicidade, apresentamos os 
principais conceitos, as principais abordagens e os principais desdobramentos do estudo da área para 
que se possa entender a importância do método, não somente no âmbito da academia, na vida discente, 
mas também diante de todos os ambientes por que a vida nos permite transitar. Trata-se também de 
material de apoio à disciplina Métodos de Pesquisa.
Como o objetivo é introduzir o conhecimento com as questões do método, nossa preocupação não 
é a de aprofundar demasiadamente cada assunto relacionado, mas apresentá-los de forma mais geral, 
ficando ao leitor a incumbência do aprofundamento e uso, quando necessário.
Note que o livro-texto está dividido em duas unidades. Em cada uma delas você encontrará:
• Textos explicativos que elucidam a matéria.
• Resumos do conteúdo estudado.
• Exercícios comentados.
• Tópicos para refletir, em que convidamos você a pensar sobre assuntos da atualidade.
• Quadros Saiba Mais, em que indicamos filmes e livros que, de alguma forma, complementam os 
temas investigados. Não deixe de explorar essas sugestões; garantimos que você irá ampliar seu 
conhecimento sobre os temas apresentados e que isso será extremamente útil, não apenas na 
questão específica da disciplina, mas também na sua vida profissional.
• Lembretes – anotações pontuais que remetem a alguma informação já conhecida – e Observações 
– apontamentos que chamam sua atenção para algum ponto destacado sobre o assunto em 
desenvolvimento – são recursos que reforçam algumas questões que quisemos salientar.
• Exemplos de aplicação, em que você será convidado a refletir sobre um tema proposto.
Na Unidade I abordaremos questões iniciais do método a partir de situações representativas das 
diferentes áreas da vida social de que são exemplos as artes, a recreação, as viagens, até chegarmos 
ao planejamento diário. Expostas as situações, a unidade avança para a análise e a demonstração 
da importância de tais situações em nosso cotidiano. Tais situações são abordadas do ponto de vista 
metodológico, o que confirma a importância dessa área do saber, ou seja, demonstra que as situações 
apresentadas, por mais corriqueiras que possam ser, não abrem mão do método para que possam “dar 
certo”. Portanto, a Unidade I esboça a noção do planejamento como método.
Já a Unidade II faz uma análise mais detalhada ao aplicar as noções e categorias próprias do 
planejamento às situações apresentadas. Aqui, a importância está voltada para a estrutura da pesquisa 
científica, bem como aos seus desdobramentos em termos de aplicabilidade, uso e comunicação.
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Qual nosso propósito e objetivo? 
O propósito da disciplina Métodos de Pesquisa está em iniciar você, aluno, no trabalho intelectual 
alicerçado na busca do conhecimento, por meio da aplicação da metodologia científica, visando 
capacitá-lo para que possa bem utilizar os instrumentos necessários à busca de informação. Para 
tanto, será necessário mostrar a você os tipos de pesquisa científica e seus instrumentos para 
coleta de dados, para que seja possível estabelecer as bases necessárias para a compreensão dos 
fundamentos desta.
De outra forma, nosso objetivo é fazer que você consiga, a partir da leitura de nosso texto, desenvolver 
habilidades para escrever um projeto de pesquisa. Para tanto, é necessária a aquisição do conhecimento 
das diferentes fases de uma pesquisa, desde o início, com a curiosidade por um assunto qualquer, 
passando pelo processo de pesquisa bibliográfica – coleta de dados e informações – e chegando à 
redação de uma pesquisa. 
Procuraremos mostrar que a metodologia é a linguagem da pesquisa, isto é, maneira de falar desse 
modo de busca, bem como criar condições de reprodução e melhoria do método, entendido como o 
jeito de fazer algo. Do que estava pronto, a exemplo das situações inicialmente apresentadas, como 
um resultado composto cuja gênese se esquece, tomado, portanto, como um produto, passamos para 
sua constituição, construção pela demonstração, decomposição e desconstrução da consciência de 
sua história. Parte-se do pronto para entender como ficou pronto. Nesse sentido, o método por nós 
empregado é o da tentativa de explicação utilizando a lógica racional, construtiva e de manutenção: 
seu entendimento intrínseco, sua consistência. 
Esse método da construção nos permitirá chegar à sua expressão científica, sua linguagem em suas 
dimensões comunicativas, contextuais, extrínsecas, a partir da coerência. Nosso método permitirá a 
você compreender a linguagem da pesquisa em suas dimensões técnica, filosófica e artística, cada uma 
com suas regras de exposição, apresentação e publicação, a exemplo de pôsteres, painéis, monografias, 
papers, ensaios, vernissages, showrooms, conforme a natureza da produção; sem perder de vista que 
nosso interesse é o conhecimento científico, e a metodologia, portanto, é a acadêmica, a do trabalho 
científico.
Esperamos, sinceramente, que a leitura de nosso texto seja de grande utilidade nos diversos ambientes, 
além do acadêmico e do profissional.
Boa leitura.
IntRodução
Começaremos por motivá-lo com quatro situações que oferecem ótimas oportunidades didáticas de 
explorar formas e conteúdos de ações planejadas, com semelhanças e diferenças entre elas. As situações 
são: um conto infantil, Os três porquinhos; o jogo de xadrez; as viagens de Amyr Klink; e a agenda de 
programação diária.
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As situações, neste primeiro momento, devem funcionar como representantes de diferentes áreas da 
vida social, como literatura (arte), ludologia (recreação e esportes), viagens (expedições e descobertas) e 
planejamento diário (cálculo e previsão). O objetivo é estimulá-lo com os relatos e as descrições, a fim de 
empolgá-lo com casos triviais e notórios, passando, num segundo momento, à análise e à demonstração 
da importância dessas no que chamamos “ciclo da pesquisa” neste trabalho, justificando sua presença. Das 
atividades descritas, depreendem-se método (realização organizada), metodologia (reprodutibilidade) e 
planejamento (íntegra dos momentos de execução, que vão da intençãoà consolidação dos resultados). 
A reprodutibilidade permite disseminação, padronização, avaliação, melhoria, correção, entre outras 
operações; a metodologia também é responsável pela organização das ações, isto é, por sua programação 
como objeto de planejamento. 
Após a motivação que esperamos ter em você despertado, procederemos à análise mais detalhada, 
ao aplicar as noções e categorias próprias do planejamento às situações apresentadas. é a oportunidade 
de esmiuçar a estrutura da pesquisa, seu ciclo ou planejamento integral: da ideação da busca de algo 
que não temos, desde a organização e o emprego do método de acordo com os objetivos estabelecidos, 
as hipóteses e a metodologia, bem como do instrumental pertinente, até a consecução do projeto, a 
programação, o plano, os relatórios parciais para orientação e o final a ser publicado. é o “coração da 
disciplina”.
A partir dos porquês respondidos às objeções prévias e da explicitação das etapas de qualquer 
pesquisa, serão consideradas as questões da avaliação do movimento da pesquisa, isto é, o que se 
alcançou, se aprendeu, se comprovou com a pesquisa realizada. é o momento de discussão dos resultados 
com base em critérios de cientificidade flexíveis e contemporâneos. Assim, aferida a “consistência” do 
escopo ou o “corpo inteiro” da pesquisa, é necessário discutir os possíveis e adequados formatos e 
veículos de publicação dos resultados. Trata-se da coerência entre o objetivo inicial, o que aconteceu 
durante a pesquisa e seu desfecho, sempre arbitrário. Como se diz, uma pesquisa nunca termina, mas, 
sim, é encerrada: por falta de tempo, término de prazos e outras tantas razões.
Sigamos, então, com os motivos e os caminhos da pesquisa. Esperamos que aproveitem!
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Métodos de Pesquisa
Unidade I
1 sItuAções: FoRMAs dIFeRentes do PRoCesso de PlAnejAR
Este é um livro-texto sobre métodos de pesquisa, o que envolve intenções do pesquisador, poder em 
fazê-lo e em cerceá-lo, planejamento, estratégias, regras, normas, técnicas, procedimentos, instrumental 
adequado e, portanto, escolhas e justificativas o tempo todo, dentre muitos outros caminhos e vias 
secundárias. O que deve conter um livro-texto dessa natureza? Como ele deve começar? 
Nosso começo segue caminhando por situações, histórias, “desmontando-as” com o propósito de 
mostrar formas diferentes de acontecimento desse processo de planejar, que vai buscando em cada 
situação suas ações constituintes, as principais, numa composição de sínteses com vistas a uma imagem 
do todo, da realidade tal qual nos aparece. Para tanto, partiremos de realizações consagradas por fazerem 
parte das nossas vivências, como é o caso das histórias e fábulas “infantis”, com suas ações e armações 
de que não esqueceremos nunca, seus arquétipos; e dos jogos, por simularem aspectos de nossas formas 
de viver desenvolvidas singularmente (personalidade, comportamento, subjetividade) e em coletividade 
(as relações sociais com seus vários papéis e regras). 
1.1 situação 1 – “os três Porquinhos”: apresentação da situação
Em linhas bem gerais, a história dos três porquinhos é a seguinte: era uma vez, há muito tempo e 
alhures, três irmãos porquinhos que viviam com sua mãe, até que, um dia, partiram pelo mundo para 
construir as suas vidas e suas casas (Figura 1). 
Figura 1 – Os porquinhos na casa da mãe, antes de partirem
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Unidade I
 saiba mais
A história original de Os Três Porquinhos é dos irmãos Grimm (2008). 
Aqui é utilizada a versão de Walt Disney, consagrada pelos meios impressos, 
cinematográficos, teatrais, fonográficos. Muitas são as reproduções com 
grande liberdade nos detalhes, ou melhor, na “redução” deles. Você pode 
conhecer mais verificando as indicações que se seguem: 
GRIMM, J.; GRIMM, W. Contos de fadas (obra completa). São Paulo: 
Itatiaia, 2008. 595 p. 
___. Os três porquinhos. São Paulo: Girassol, 2002. 16 p. (Coleção 
Algodão Doce). 
OS TRÊS porquinhos. Direção: Burt Gillett. Produção: Walt Disney. 1933. 
Animação. (8 min).
SCIESzKA, J. A verdadeira história dos três porquinhos. São Paulo: Cia 
das Letrinhas, 2005.
GLIORI, D. Hora do texto: os três porquinhos. In: Histórias para ler na cama. 
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007. Disponível em: <http://www.
objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Files/ImageToPDF.ashx?codigo=9393>. 
Acesso em: 1º fev. 2014. 
De temperamento e visão de mundo diferentes, cada um deles se decidiu por fazer seu abrigo 
do modo que lhe convinha. Descuidado e apressado para brincar e descansar, o primeiro porquinho 
construiu a sua casa com os materiais mais à mão e do jeito mais fácil, utilizando palha, gravetos, terra 
etc., tudo de qualquer jeito. 
O segundo porquinho também não se preocupou muito e construiu a sua casa com madeira, que 
teve um pouco mais de trabalho em encontrar em tamanhos e espessuras corretas, mas, ainda assim, 
logo estava pronto para se divertir. 
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Figura 2 – As casas de material abundante, palha e madeira, feitas com seu desleixo
Construídas as suas casas, os dois porquinhos puseram-se a dançar e a cantar: “- Quem tem medo 
do lobo mau, lobo mau, lobo mau?”.
Já o terceiro porquinho (Figura 3), prevenido e paciente, trabalhou muito mais tempo, empregou 
materiais de mais difícil utilização e manejo, construindo uma casa mais forte, feita de tijolos, enquanto 
os seus irmãos brincavam. 
Figura 3 – Casa de tijolos, mais adequados para abrigar-se contra lobos, feita com cuidado
Porém, um dia, o lobo mau apareceu e aproximou-se da casa de palha. Soprou com todas as suas 
forças, e a casa foi logo pelo ar. O porquinho, cheio de medo, teve de fugir e foi para a casa do seu irmão 
mais próximo, companheiro de diversões. Na casa de madeira, os dois porquinhos, refugiados do lobo, 
tremiam, cheios de medo. O lobo soprou com muita força, e a casa de madeira foi também pelos ares. E 
os dois porquinhos, assustados, conseguiram fugir.
Ao chegarem à casa do terceiro irmão, aquele que tinha construído uma bela casa de tijolos, ainda 
tremendo, esperaram o lobo, que não demorou a chegar. Ele inspirou profundamente e soprou com 
todas as suas forças, mas a casa não se mexeu. O lobo subiu então ao telhado para entrar pela chaminé. 
Mas o porquinho já tinha acendido uma grande fogueira na lareira.
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Ao descer pela chaminé, o lobo caiu na grande panela, onde a água já fervia. Os porquinhos ficaram 
muito contentes, e os dois porquinhos preguiçosos aprenderam a lição: primeiro as obrigações, e só 
depois a brincadeira. O lobo queimou-se, e os porquinhos viveram felizes para sempre. 
Figura 4 – O lobo e a chaminé
 observação
A história dos porquinhos foi trazida para aludir à importância e aos 
passos do planejamento, o que será tratado mais adiante. 
1.2 situação 2 – jogos de tabuleiro: o xadrez
O jogo de xadrez é jogado entre dois adversários, que movimentam peças num tabuleiro quadrado 
chamado “tabuleiro de xadrez”. O jogador com as peças brancas começa o jogo. Será “a vez” do jogador 
quando seu adversário tiver completado um lance.
O objetivo de cada jogador é colocar o rei adversário “sob ataque”, de forma que o oponente não 
tenha como evitar a “captura” de seu rei no lance seguinte. O jogador,assim, alcança o objetivo, ganha a 
partida, afirmando que deu “mate” no adversário. O jogador que levou o mate perde a partida. A partida 
está ganha pelo jogador que, executando um lance legal, deu mate no rei do adversário, o que termina 
a partida imediatamente. Também ganha o jogador cujo adversário declara que abandona a partida, que 
termina imediatamente.
é possível um jogador desistir a qualquer momento, caracterizando sua derrota. Também pode 
propor empate após realizar uma jogada, e, no caso de o adversário aceitar, o jogo termina empatado, 
ou, se recusar, o jogo continua regularmente. Também há empate quando a mesma posição é atingida 
três vezes com o mesmo lado a jogar, podendo este optar por terminar o jogo com empate.
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Métodos de Pesquisa
Outro caso de empate ocorre quando um jogador, que tem a vez de jogar, não tem um lance legal 
para fazer e cujo rei não está em xeque. Diz-se, então, que o rei está “afogado”, terminando a partida 
imediatamente. A partida poderá terminar empatada se ambos os jogadores completarem cinquenta 
lances consecutivos sem a movimentação de nenhum peão e sem a captura de nenhuma peça. 
O jogo começa assim: 
Figura 5 – Posição inicial das peças no tabuleiro
Ou assim: 
Figura 6 – As peças do xadrez: torre, cavalo, bispo, dama, rei, bispo, cavalo, peão, torre
As oito linhas verticais são chamadas de “colunas”. As oito linhas horizontais são chamadas de 
“fileiras”. As linhas de casas da mesma cor, de borda a borda, são chamadas de “diagonais” 
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Unidade I
1.2.1 As peças e seus movimentos 
A captura ocorre quando uma peça se move para uma casa ocupada por uma peça adversária, esta 
é capturada e retirada do tabuleiro, no mesmo lance. Uma casa está “sob ataque” no caso de a peça que 
a ocupa poder ser capturada naquela casa.
Nenhuma peça pode se mover para uma casa ocupada por uma peça de sua cor. 
A posição inicial das peças no tabuleiro para cada jogador, no início da partida, é de 16 peças 
(brancas de um lado, pretas de outro).
Todas as peças têm um papel básico, que é o de capturar o rei adversário ou, então, criar condições 
para que as demais possam fazê-lo. Para tanto, devem atacar, bloquear, defender a si e a outras, sós e 
em conjunto. O ponto forte do jogo é a interdependência das peças; nenhuma pode realizar todos os 
movimentos, apenas aqueles que lhes competem. O que é possível é haver promoções, com dificuldades. 
Esses são elementos estratégicos. Os táticos são as funções móveis que as peças e os jogadores 
assumem no contexto estratégico. Retomaremos esses aspectos. 
 observação
As peças do xadrez, por convenções fundamentais para a leitura de 
qualquer publicação sobre xadrez, são:
Peões:♟♙
Torres: ♜♖
Cavalos: ♞♘
Bispos: ♝♗
Damas: ♛♕
Reis: ♚♔
1.2.1.1 Peão
Se tiver um tabuleiro de xadrez à sua frente, terá de começar com algum peão ou cavalo. Assim, com 
o peão, sabe que deverá seguir em frente, avançando para uma casa vazia, imediatamente à frente, na 
mesma coluna. Em seu primeiro lance, o peão pode avançar duas casas na mesma coluna, desde que 
ambas estejam vazias. 
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Figura 7 – Movimentação do peão
O peão avança para a uma casa ocupada por uma peça adversária, que esteja diagonalmente à sua 
frente, numa coluna adjacente, capturando aquela peça, além de poder fazê-lo en passant. é como segue:
En passant 
A captura en passant ou na passagem é uma captura especial de peões. O 
peão pode andar duas casas na primeira vez que se move. Entretanto, os 
peões adversários podem capturar o peão que anda duas casas como se este 
tivesse andado apenas uma casa, caracterizando uma captura en passant.
Suponha um peão branco em e5, um peão avançado, portanto. Se o jogador 
das pretas jogar o peão da coluna f de f7 para f5 (avançando duas casas 
no primeiro lance do peão), o jogador das brancas tem permissão para 
capturar este peão, colocando seu próprio peão de e5 em f6, e anotando 
uma captura en passant. Se, em vez de ter jogado f5, o jogador das pretas 
tivesse jogado d5, com o peão também saindo de sua posição inicial em 
d7, novamente o peão das brancas poderia capturar en passant. A captura 
en passant é admitida somente imediatamente ao avanço de duas casas 
do peão adversário, ou seja, se o peão que avançou duas casas de uma vez 
não for tomado imediatamente, a tomada en passant desse peão não mais 
poderá ser realizada.
Obviamente, as outras formas de captura continuam válidas nestes casos, 
podendo o adversário preferir uma captura normal a uma captura en 
passant. Se, ao invés de andar as duas casas no seu primeiro movimento 
no jogo, ele andar uma apenas, e, depois, na jogada seguinte, outra casa, 
apenas métodos normais de captura serão permitidos (APRENDA..., [s.d.]). 
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Esse peão também pode ser promovido a qualquer peça, menos o rei. O peão pode ser um soldado 
valente, marchando e protegendo aqueles que estiverem próximos, ou seja, 
“Outro movimento característico dos peões é a promoção. Esta acontece quando um peão atinge 
a última linha, ou inversamente a primeira do adversário. Quando isso acontece, o jogador tem de 
converter o peão numa dama, torre, bispo ou cavalo” (APRENDA..., [s.d.]). 
Figura 8 – Fileira de peões à frente da linha de oficiais
1.2.1.2 Bispos
Os sacerdotes movimentam-se em x e têm por função cobrir os setores de um canto a outro, na 
diagonal, portanto. O bispo move-se a qualquer casa ao longo de uma diagonal que ocupa.
Figura 9 – Movimentação dos bispos
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1.2.1.3 Torres 
A torre percorre e domina as laterais, movimentando-se em + (como as direções dos sinais de mais e 
cruz). Tem valor intermediário. A torre move-se a qualquer casa ao longo da coluna ou fileira que ocupa.
Figura 10 – Movimentação das torres
1.2.1.4 Rainha
A rainha tem todos os movimentos anteriores, exceto os do cavalo. Ela é senhora do tabuleiro, com 
grande potencial de participação nas jogadas (estratégicas e táticas). A dama move-se para qualquer 
casa ao longo da coluna, fileira ou diagonal que ocupa.
Figura 11 – Movimentação da rainha
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1.2.1.5 O cavalo
O cavalo salta para frente, para trás e para o lado, como o formato da letra L, em “eles” pelo tabuleiro. 
Costumeiramente, é tido como a peça de movimento mais complexo do jogo, pois seu L é diferente dos 
demais que se relacionam e se complementam nos movimentos da dama. O cavalo move-se para a casa 
mais próxima em relação à qual ocupa, mas não na mesma coluna, fileira ou diagonal. Considera-se que 
ele “não passa” pelas casas adjacentes. Ao executarem seus lances, o rei, a dama, a torre ou o bispo não 
podem “pular” sobre nenhuma peça em seu caminho.
Figura 12 – O cavalo
1.2.1.6 Rei
Um rei será dito “em xeque”, se estiver sob o ataque de uma ou mais peças adversárias, mesmo que 
essas peças não possam se mover. Avisar um xeque não é obrigatório. Um jogador não deve fazer um 
lance que coloque ou deixe seu rei em xeque. 
O rei movimenta-se de duas formas: 1) indo para qualquer casa adjacente não atacada por umaou mais peças adversárias; 2) fazendo roque, que é um lance do rei com qualquer das torres de mesma 
cor situada na mesma fileira e é considerado como um lance de rei apenas; é executado da seguinte 
maneira: 
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Figura 13 – Movimentação do rei
O rei poderá fazer o “roque” grande ou o pequeno. No grande, o rei vai de sua casa original até duas 
casas em direção à torre, a casa original do bispo, e, então, a torre vai à casa da dama, a qual o rei acaba 
de atravessar. No pequeno, o rei vai para a casa do cavalo, e a torre dirige-se ao lugar do bispo. Na Figura 
14, veja o diagrama do roque grande:
Antes do roque grande das pretas. Depois do roque grande das pretas.
Figura 14 – Diagrama do roque grande
Não se poderá fazer roque se o rei já tiver sido jogado ou com uma torre que já tenha sido jogada. O 
roque está temporariamente impedido se a casa original do rei ou uma casa pela qual o rei deve passar 
ou, ainda, se a casa a ser ocupada pelo rei ao fim do roque estiver atacada por uma peça adversária; 
também se houver alguma peça entre o rei e a torre com a qual se pretende rocar.
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1.2.2 O tabuleiro
O tabuleiro de xadrez é constituído de uma malha quadriculada de 8 x 8, com 64 casas iguais, 
alternadamente claras (as casas “brancas”) e escuras (as casas “pretas”). é colocado entre os jogadores 
de forma que deixe a casa de cor branca à direita de cada jogador.
O tabuleiro é o terreno em que se desenvolvem as ações.
Figura 15 – Tabuleiro de xadrez.
 observação
O xadrez é muito usado como ferramenta pedagógica complementar 
na educação matemática.
No jogo de xadrez, os acontecimentos dão-se de tal modo que não é possível agir sem cálculo e 
antecipação, isto é, estratégia, e, mesmo em cada jogada, com as táticas. é um exercício de avanços e 
recuos, de ocupação e de apoios, decisão, sacrifícios e de oportunidade: como na vida. Por isso, é um 
jogo clássico. 
O escritor Malba Tahan, no também clássico O Homem que Calculava, traz a seguinte passagem 
sobre a história do jogo, quando o calculista situa a criação do xadrez e explica seu mecanismo ao rei, 
dando margem às analogias que os bons jogos permitem. 
[...] A seguir, o brilhante calculista tomou do tabuleiro de xadrez e disse, 
voltando-se para o rei: 
- Este velho tabuleiro, dividido em 64 casas pretas e brancas, é empregado, 
como sabeis, no interessante jogo que um hindu, chamado Lahur Sessa, 
inventou, há muitos séculos, para recrear um rei da índia. A descoberta do 
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jogo de xadrez acha-se ligada a uma lenda que envolve cálculos, números e 
notáveis ensinamentos. 
- Deve ser interessante ouvi-la! – atalhou o califa. - Quero conhecê-la. 
- Escuto e obedeço – respondeu Beremiz. 
E narrou a seguinte história:
[...],
Sessa explicou pacientemente ao rei, aos vizires e cortesãos que rodeavam o 
monarca em que consistia o jogo, ensinando-lhes as regras essenciais: 
- Cada um dos partidos dispõe de oito peças pequeninas – os peões. Representam 
a infantaria, que ameaça avançar sobre o inimigo para desbaratá-lo. Secundando 
a ação dos peões, vêm os elefantes de guerra, representados por peças maiores 
e mais poderosas; a cavalaria, indispensável no combate, aparece igualmente no 
jogo, simbolizada por duas peças que podem saltar, como dois corcéis, sobre as 
outras; e, para intensificar o ataque, incluem-se – para representar os guerreiros 
cheios de nobreza e prestígio – os dois vizires do rei. Outra peça, dotada de amplos 
movimentos, mais eficiente e poderosa do que as demais, representará o espírito 
de nacionalidade do povo e será chamada a rainha. Completa a coleção uma 
peça que isolada pouco vale, mas se torna muito forte quando amparada pelas 
outras. é o rei. 
O rei Iadava, interessado pelas regras do jogo, não se cansava de interrogar 
o inventor: 
- E por que é a rainha mais forte e mais poderosa que o próprio rei? 
- é mais poderosa – argumentou Sessa – porque a rainha representa, nesse 
jogo, o patriotismo do povo. A maior força do trono reside, principalmente, 
na exaltação de seus súditos. Como poderia o rei resistir ao ataque dos 
adversários, se não contasse com o espírito de abnegação e sacrifício daqueles 
que o cercam e zelam pela integridade da pátria? (TAHAN, 2001, p. 76, 79-84).
 saiba mais
Recomendamos a leitura do livro:
TAHAN, M. O homem que calculava. 55. ed. Rio de Janeiro: Record, 
2001. 304 p.
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1.3 situação 3 – Amyr Klink e suas expedições
Você já ouviu falar de Amyr Klink? Esperamos que sim. Trata-se do comandante de embarcações 
que na década de 1980 construiu seu primeiro barco, batizado como I.A.T. (referência à companhia de 
comércio exterior que lhe concedeu patrocínio) e, no ano de 1984, lançou-se a uma viagem solitária pelo 
Atlântico Sul que duraria aproximadamente cem dias. Sua formação original: economia e administração.
 saiba mais
A primeira expedição de Amyr Klink está retratada em seu livro Cem Dias 
entre Céu e Mar (São Paulo: Editora Companhia de Bolso, 2005, 160 p). Vale 
a leitura, pois nesse livro o autor narra a experiência de ter utilizado um 
pequeno barco a remo para efetuar a travessia do sul da África até o litoral 
baiano, relatando passo a passo os preparativos, bem como as alegrias e os 
obstáculos encontrados. 
Imagine uma pessoa lançada ao mar a bordo de uma pequena embarcação cuja expedição duraria 
cem dias! No mínimo, essa pessoa deveria se alimentar e estar com excelente preparo físico, pois tinha 
de remar cerca de 10 horas por dia. De que modo se preparou? Quais os recursos necessários para 
que fizesse uma expedição? Até uma pequena viagem que fazemos – mesmo de forma rotineira – 
requer pensamento, plano, planejamento, método. Uma viagem dessa envergadura, então... O fato é 
que o velejador deve ter passado por problemas de restrição tanto de recursos quanto de tempo em 
sua tomada de decisão. Como agir diante de uma tempestade inesperada? E se adoecer durante a 
expedição? De que forma resolverá seus problemas, aqueles passíveis de previsão (por probabilidade de 
ocorrência), bem como aqueles inesperados (lançados ao acaso)? Certamente, Amyr Klink não deve ter 
deixado para resolver na hora da ocorrência, mas, sim, planejou com antecedência.
Membro da Royal Geographical Society e assessor de expedições da revista National Geographic 
Brasil, ministra palestras e seminários para empresas, escolas, universidades e demais instituições. Quais 
os assuntos de suas palestras? Planejamento estratégico, gerenciamento de riscos, qualidade e trabalho 
em equipe, basicamente. Qual o motivo desses assuntos? Estão completamente interligados com a 
paixão que tem pelo velejar, pela aventura marítima. Para cada uma de suas expedições – que foram 
muitas e extensas – teve de desenvolver planejamento estratégico: de onde sair, para onde ir e onde 
parar no meio do caminho, caso necessário. Mais: por que ir? Como ir? Para que ir?
 observação
Se você bem perceber, verá que estamos aqui efetuando as mesmas 
perguntas que se efetua quando da execução de um trabalho de pesquisa.
Em cada uma de suas expedições, riscos foram mensurados, calculados, avaliados e analisados 
minuciosamente. Afinal, não é possível fazer uma tempestade cessar até que uma decisão seja tomada. 
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E trabalho em equipe? Está representado em todo o apoio que recebeu antes, no decorrer e depois de 
suas expedições.
Uma das mais belas ideias de Amyr Klink é a que se segue:
Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, 
livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é 
seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer 
o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo 
para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares 
que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo 
como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz 
professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e 
simplesmente ir ver (KLINK, 2000). 
Voltaremos a isso.
1.4 situação 4 – o planejamento diário, de uma agenda de compromissos 
aos elaborados planos de estado
Pois bem: Amyr Klink faz um planejamento grandioso, de curto, médio e longo prazo. Nós também. 
De que forma? Planejando nosso dia a dia, nossa semana, nosso mês, nosso ano, nossa vida. Isso também 
pode ser algo grandioso.
Via de regra, iniciamos o dia ao acordar. Passamos a nos preparar para sair de casa e ir ao trabalho 
ou a qualquer outra atividade, a exemplo de estudar. Se for para o trabalho: qual a primeira tarefa a 
fazer, a segunda, a terceira e assim por diante, de forma que todas as tarefas necessárias e programadas 
sejam desenvolvidas com eficiência e eficácia? Terminadas as tarefas, o dia de trabalho, portanto, 
retornamos ao lar, e, no dia seguinte, tudo volta novamente. Há pessoas que, no dia anterior, planejam 
suas atividades do dia seguinte. Outras preferem o planejamento na hora! Isso não se inicia na vida 
adulta. Desde pequenos, estamos às voltas com horários, regras, procedimentos e demais “demarcações” 
de nosso cotidiano que, de certa forma, limitam nossas ações, mas por vezes nos colocam na rota certa 
dos acontecimentos, bem como dos afazeres. 
 observação
Desejamos aqui que você perceba que estamos tratando da agenda 
diária, aquela na qual anotamos nossos afazeres, os por vezes rotineiros, 
ou aqueles que não devemos esquecer, a exemplo de importantes 
compromissos.
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Figura 16 – A agenda de viagem
é nas agendas que anotamos parte de nossa vida. Desde os berços escolares, em que a agenda é o meio 
de comunicação – rápido e rasteiro – entre os professores e os pais das crianças, passando pelo período 
do Ensino Fundamental e do Médio, em que começamos a gerenciar nosso tempo, o de estudo, pelo 
menos, até quando ingressamos no mercado de trabalho, e a agenda deve ser dividida em duas: afazeres 
com a faculdade (leituras, prazos, trabalhos, provas, notas) e aqueles da vida profissional (leituras, prazos, 
relatórios, cursos extras, resultados). Bem, você deve estar justamente nessa etapa. 
 saiba mais
Convidamos você a visitar o site e ler:
MARQUES, S. F. P. Agenda: o que é e para que serve. Matutando: para 
quem gosta de agir e pensar, [s.d.]. Disponível em: <http://www.matutando.
com/agenda-o-que-e-e-para-que-serve/>. Acesso em: 15 mar. 2014. 
Nele, você encontrará diversos significados para agenda, bem como as 
vantagens e desvantagens de seu uso.
Até para efetuar as anotações de nosso dia a dia requeremos algum planejamento. Primeiro porque 
uma agenda não serve de diário em que se escrevem todas as atividades que uma pessoa gostaria de 
fazer, pois, do contrário, se iniciaria a anotação por tomar café pela manhã, pegar o jornal no capacho 
à frente da porta de saída, ir ao trabalho de carro ou de transporte público, chegar ao escritório às 8 h 
e ligar imediatamente o computador. Assim, para cada atividade, a agenda seria consultada, havendo, 
certamente, perda de tempo.
A agenda serve basicamente para que sejam anotados aqueles compromissos que não estão na 
rotina, a exemplo de algumas reuniões profissionais, consultas médicas, datas de avaliações, prazos 
e afins.
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Atualmente, parece que esse tipo de prática caiu em desuso, principalmente, em sua forma 
escrita. Estamos utilizando muito mais o que a tecnologia tem a nos oferecer do que simplesmente 
escrevendo em papel.
Figura 17 – A agenda na tecnologia
2 CoMentáRIos dAs sItuAções APResentAdAs
Após a apresentação das situações, seguimos o plano do texto que ora pede o desvendamento do 
método das ações presentes nos objetos e casos, o modo pelo qual foram encaminhadas na prática 
e se repetem sempre, como no caso do xadrez e da agenda, obedecendo ao ordenamento lógico e à 
articulação de raciocínios, a exemplo da indução, da dedução, do método hipotético-dedutivo, assim 
como do hermenêutico a serem estudados. 
é na articulação e na combinação das ações que reside a personalidade do método, pois “cada agente 
faz de um jeito”. A metodologia serve à comunidade de métodos. Confere lógica aos procedimentos do 
planejamento, seus instrumentos e demais fatores. 
Escolhemos Os Três Porquinhos, junto ao jogo de xadrez, às expedições de Amyr Klynk e à agenda 
de trabalho cotidiana, para nos servir de porta de entrada à temática dos métodos de pesquisa e seus 
elementos fundamentais, como planejamento e controle do aprendizado e do conhecimento; e seleção 
com ações arquetípicas, consagradas por estarem em nossas cabeças. Nesse momento, utilizamos as 
situações descritas há pouco e remeteremos aos conteúdos específicos do método de pesquisa em 
trabalhos acadêmicos. Para tanto, partimos do método em geral, coloquial, para os níveis filosófico e 
científico, adiante.
Pois bem: quais os motivos específicos da escolha das situações? São situações (três porquinhos, 
jogo de tabuleiro, expedição de Amyr Klink e agenda) cuja análise trará o planejamento nelas envolvido, 
isto é, pesquisa e conhecimento postos como necessidade de aprender, auxiliando-nos na solução de 
problemas. O aprendizado com necessidade de racionalidade e de motivos, com e sem considerações 
teóricas e técnicas prévias. 
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As situações nos deixam à vontade, e também ao leitor, esperamos, para uma entrada no texto 
aparentemente sem compromisso. Contribuem de forma significativa para entender aspectos e processos 
essenciais ao planejamento, num primeiro momento, descritivo, em virtude de já começarmos por 
desmontar as situações para mostrar o planejamento embutido em cada situação e objeto apresentado, 
num caminho que leva do empírico e vivenciado às ideias, à teoria do planejamento. O caráter dedutivo 
e reflexivo desse mesmo planejamento aparecerá em seguida.
 observação
Observe que estamos partindo de algo próximo do senso comum, 
daquilo que já se sabe, para construir, na teoria, aquilo que se sabe. Estamos, 
portanto, no nível prático do exercício da ciência ou do pensamento 
científico.
A situação-chave em Os Três Porquinhos mostra as necessidades e as circunstâncias como questões 
colocadas para os sujeitos com seu engenho (necessidade vital e dificuldades). A analogia desejada é com 
o caminho da pesquisa, que envolve tema – questão-problema – solução temporária – instrumentos – 
aprendizado constante e estratégia para solução em outro nível, a fim de resolvê-las. Aqui, a historinha 
é apresentada como modelo já pronto com essa finalidade didática. Veja que a construção das primeiras 
casas serviu como solução temporária. Pensandonesta disciplina, qualquer pesquisa requer o partir de 
uma situação-problema, ou seja, de algo que se procura descobrir, ou mesmo resolver, e, muitas vezes, 
a primeira solução não é a mais adequada.
O jogo de tabuleiro escolhido foi o de xadrez. Motivo: mostrar, por meio do jogo que reúne os 
elementos da vida nos níveis individual e social, como as necessidades vitais dos sujeitos e dos grupos, 
suas regras ou suas leis, seu status, bem como o território, lugar de conflitos, são atendidos e muitas 
vezes resolvidos.
A expedição de Amyr Klink mostra as situações cujos controle e distância podem variar, bem como 
os aspectos conhecidos da viagem, alguns deles fixos, outros ligados por uma rede de causalidade e 
dependência, no limite, assustadora. Exige grande antecipação de acontecimentos e cenários (no caso, 
a começar pelo clima, pelas correntes e pelos demais seres vivos), envolvendo médio e longo prazos 
(história), emprego de conhecimentos técnicos de náutica (melhores condições da embarcação e de 
recursos associados), assim como maior número de variáveis de navegação (geografia). Expressão de 
desejo, necessidade e procura de satisfação.
A agenda foi trazida para mostrar as ações da vida cotidiana individual, no planejamento a curto 
prazo e em alto grau de detalhamento, pois as situações são as do dia a dia e estão mais próximas (são 
as do agora, as de daqui a pouco, amanhã, enfim, do curto prazo). A agenda vem como dramatização 
metódica do planejamento e da rotina, com programação variada por hora, dia, semana, mês. 
Enfim, pode, num certo momento, parecer banal, simples. Porém, olhando por trás do que as situações 
nos oferecem, percebemos que em todas elas há algum método. Por vezes inapropriado, impensado, 
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corriqueiro, banal, e, noutras, extremamente estruturado, pensado, calculado, planejado, realizado ou a 
realizar, revisto ou a ser revistos. Chamamos sua atenção para que perceba a importância do método na 
vida cotidiana e aplicada ao meio acadêmico. Em se tratando de meio acadêmico, notadamente, daquele 
ligado à pesquisa, toda e qualquer que seja a ação requer planejamento. é dele que começaremos a 
tratar.
2.1 o planejamento na situação 1, dos porquinhos
A história dos porquinhos ilustra o planejamento, permitindo levantar questões. O planejamento 
é figura básica da ação desde sua formulação, pois quaisquer atividades e tarefas que tenhamos de 
executar e sobre as quais desejemos manter algum controle requererão antevisão. é rejeição do improviso. 
 lembrete
Neste momento remetemos à história de Os Três Porquinhos. O improviso 
gerou consequências, e estas, perda de tempo.
Do ponto de vista lúdico, podemos explorar aspectos práticos e morais da vida a partir da história. 
Segundo Bruno Bettelheim (2002), no conto Os Três Porquinhos, os personagens representam as 
diferentes fases da vida, um caminho até a maturidade. O lobo representa o que a própria vida faz 
com quem não a leva a sério ou não atingiu maturidade suficiente para encará-la sozinho. é o caso 
dos dois primeiros porquinhos, que passam o dia evadindo-se, brincando, enquanto o terceiro sabe 
que primeiro deve trabalhar, deixando para depois a “recompensa” de brincar seguro e tranquilo. O 
terceiro porquinho domina a vida, é maduro e consciente, e essa mensagem é transmitida à criança, 
exemplificando, de forma compreensível a ela, como devemos nos preocupar com o futuro, e como ele 
depende dos alicerces construídos no presente. 
 saiba mais
Ideias geniais são encontradas no livro Planejamento sim e não, 
do professor Francisco Whitaker Ferreira, muito adequado à nossa 
apresentação, pois o livro é estruturado em forma de diálogo entre um 
planejador, portanto entusiasta desse modo de agir, e um cético quanto ao 
planejamento, representando os incrédulos. 
FERREIRA, F. W. Planejamento sim e não: um modo de agir num mundo 
em permanente mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979. 
Desde crianças vamos aprendendo que planejar é benéfico e, embora não seja a única forma de 
agir neste mundo e nem mesmo tal ubiquidade da racionalização seja possível, nos ambientes escolar, 
acadêmico e profissional é a forma que se impõe.
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Qualquer processo de planejamento envolve decisões, objetivos, ações principais e secundárias, 
correções e, consequentemente, flexibilidade do plano (FERREIRA, 1979, p. 18). 
O importante, neste momento, é perceber na história dos porquinhos quais são os elementos de 
nossa vida social, a exemplo de nossas necessidades, do ambiente ou lugar onde nos situamos com os 
recursos disponíveis, da rotina de atividades, dos acontecimentos favoráveis e desfavoráveis, bem como 
do planejamento que proporciona a organização para atingir os objetivos e vencer os percalços. Alguns 
dos elementos destacados:
• Rotina: a rotina é algo comum aos grupos de trabalho e aos indivíduos, pois todos nós 
estabelecemos ritmos. Na história, a rotina aparece na aspiração de todos a viverem bem como 
condição a mais permanente possível, vencidos os obstáculos. Vida no plano da normalidade.
• Cenários: ou contextos históricos, com personagens (da história ou todos nós), seu cotidiano 
(hábitos e circularidade da existência), além das rupturas (quebra de padrões e ritmos).
• Eventos: são acontecimentos que trazem uma quebra na rotina, como o lobo do conto dos 
irmãos Grimm, ou quaisquer adversidades ou problemas que nos fazem procurar, cada um em seu 
repertório ou experiência, soluções para prosseguir o caminho.
• Caminhos ou métodos são tão diferentes quanto cada ser humano pode ser, em razão das 
motivações de cada um para suas ações. 
• Projeto arquitetônico de cada um, de acordo com suas possibilidades (psicologia), personalidades 
morais (moral ou moralismo), facilidades e disponibilidades (maior imediatismo de um lado, ou 
cálculo com previsão de outro) proporcionais ao grau de planejamento no engenho. O emprego 
de materiais como palha, madeira, tijolos e alvenaria envolve alinhamentos a visões de mundo, 
com planejamento e conhecimento técnico correspondentes. 
Exemplo de aplicação
Aqui, cabe uma discussão de cunho ecológico sobre o uso dos materiais, além de algo sobre a 
racionalidade reinante no uso dos terrenos e no aproveitamento de recursos, com vistas à preservação 
ambiental. Isso também requer método: novas formas de fazer velhas coisas. Pense nisso!
O projeto de arquitetura pode ser normatizado. Vejamos:
O projeto arquitetônico é uma das etapas de um projeto de edificações, 
definido por uma norma brasileira da ABNT, especificamente, a NBR 13.531 
e NBR 13.532. Essas normas especificam muito bem o serviço do arquiteto.
O trabalho do arquiteto pode se iniciar já na escolha do terreno para a 
implantação do projeto, com parecer sobre localização, legislações edílicas e 
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urbanas, aspectos ambientais e topográficos, entre outros, que possibilitem 
análises preliminares de viabilidade do projeto.
A seguir, existe uma etapa de montagem e aferição de programa preliminar 
a ser desenvolvido, juntamente com o cliente, e o estudo da legislação 
incidente no terreno e na edificação.
Com esses dados e a definição do terreno inicia-se a fase do projeto, com 
as seguintes etapas: Estudo Preliminar, Anteprojeto ou Projeto Pré-Executivo, 
Projeto Legal, Projeto Básico (opcional), Projeto Executivo Final, Coordenação.
O arquiteto também pode acompanhar a execução da obra através de 
várias maneiras: desde simplesmentecomo fiscalizador da execução, até ser 
responsável por todas [as] etapas da execução, desde a compra do material 
até a finalização da obra. IAB Brasil RS (ESPAçO..., [s.d.]). 
2.2 o planejamento na situação 2, o xadrez
Os jogos trazem as dimensões lúdica e normativa da vida, introduzindo-as para as crianças e 
reafirmando-as para os adultos. Favorecem o aprendizado quando associados ao mundo das práticas 
pela sua dramatização diária, pela representação direta. Não apreendemos o mundo real apenas pela 
sua representação, mas, ao “reapresentá-lo” pelas ideias e teorias, estaremos vendo melhor e mais 
detidamente aquilo que foi experienciado, experimentado nos momentos em que o tocamos, pois o 
bom jogo expõe o caráter lúdico dos vínculos e das relações sociais.
 lembrete
O fato de termos apresentado o jogo de xadrez justifica-se por analogia: 
de certa forma, é a representação da vida em alguns de seus aspectos 
mais importantes, tais como a geografia das ações (tabuleiro), as leis para 
agir (regras do jogo) e a diversidade individual e coletiva de caráter (os 
movimentos das peças), inclusive, de gênero (jogadas conforme a cor).
Um parêntese importante pode, aqui, ser aberto sobre as potencialidades do jogo de xadrez para o 
ensino da matemática; ele mesmo, como um conjunto de princípios matemáticos aplicados. 
O xadrez é uma das ferramentas educacionais mais poderosas 
disponíveis para fortalecer a mente de uma criança. é bastante fácil 
aprender a jogar. A maioria das crianças com 6 ou 7 anos pode seguir 
as regras básicas. Até mesmo crianças com 4 ou 5 anos podem jogar 
(DAUVERGNE, 2007, p. 11). 
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Inúmeros pesquisadores corroboram a importância do xadrez na formação escolar, assim como 
Oliveira e Castilho (2006, p. 1), citando Rezende (2005): 
Por causa de sua natureza lúdica, o homem criou e desenvolveu inúmeros 
jogos e desportos que acompanham seu desenvolvimento na sociedade. 
Dentre todos os jogos, o xadrez tem certo prestígio no mundo por ser um 
esporte voltado para o desenvolvimento de algumas funções do cérebro, tais 
como o raciocínio lógico, a concentração e a atenção (REzENDE, 2005 apud 
OLIVEIRA; CASTILHO, 2006, p. 1). 
Também Durski e Binotto (2009, p. 1-2), citando Sá (1988) e Rezende (2005), afirmam que:
[...] o aprendizado e a prática do xadrez desenvolvem várias habilidades 
como: atenção, concentração, julgamento, planejamento, imaginação, 
antecipação, memória, vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito 
de decisão, lógica matemática, criatividade, inteligência e interesse pelas 
línguas estrangeiras.
Um dos pontos em destaque no que diz respeito ao xadrez, é que o aluno 
progride segundo suas condições, sendo valorizado assim o próprio 
ritmo de aprendizagem do educando. Além disso, o xadrez possibilita 
a interdisciplinaridade, podendo ser adaptado a praticamente todas as 
disciplinas (SÁ, 1988; REzENDE, 2005 apud DURSKI; BINOTTO, 2009, p. 1-2). 
Não só as aulas de matemática, mas também aquelas que envolvem métodos quantitativos, podem 
ficar muito mais interessantes com plano quadriculado, que permite trazer as ideias de Pitágoras sobre 
geometria e música. No que diz respeito a esses aspectos, Oliveira e Castilho (2006, p. 2-7) tratam 
de modalidades (possibilidades) do xadrez: “xadrez lúdico” (para entretenimento), “xadrez técnico” 
(especializado em suas estratégias) e “xadrez pedagógico” (voltado para apoio e fomento das atividades 
escolares). Seguindo o raciocínio desses pesquisadores, podemos facilmente considerar o movimento das 
peças, suas trajetórias e as casas do tabuleiro; podemos ilustrar e operacionalizar ludicamente preceitos 
matemáticos, como:
• linhas diagonais (distâncias pela trajetória de bispos, dama e peões) podem trazer o Teorema de 
Pitágoras e algo de “magia” (de alguma forma presente em sua visão matemática do universo); 
• retas paralelas cortadas por transversais (movimentos das torres, dama e peões que oferecem as 
somas perfeitas pelo quadrado); 
• números naturais, inteiros e racionais; 
• ponto, reta e plano (notações); 
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• pontos colineares e semirreta; segmentos colineares, consecutivos, congruentes e adjacentes 
(com o movimento dos cavalos); 
• ponto médio de um segmento; 
• concorrentes; 
• perpendiculares; 
• transversais e ângulos.
 saiba mais
Para entender melhor o xadrez como ferramenta pedagógica, leia:
OLIVEIRA, C. A. S.; CASTILHO J. E. O xadrez como ferramenta pedagógica 
complementar na educação matemática. Trabalho de Conclusão de Curso. 
Universidade Católica de Brasília. 2º semestre de 2006. Disponível em: 
<http://www.ucb.br/textos/2/740/2SemestreDe2006/>; <http://www.ucb.
br/sites/100/103/TCC/22006/CleberAlexandreSoaresdeOliveira.pdf>. Acesso 
em: 1º fev. 2014.
Jogo, genericamente, é simulação de ritos dos mais diversos (com exercício vivo de crenças), 
servindo ativamente ao exercício, portanto, dos papéis sociais que exercemos. Podem-se associar as 
alegorias, as fábulas e os emblemas. Os jogos favorecem a manifestação e a vivência de aspectos de 
nosso comportamento, até mesmo daqueles que não gostaríamos.
Em O Sétimo Selo, a mortalidade e as fraquezas dos seres humanos seduzem a morte e a “rebaixam” 
à oponente daquele que já era seu “por direito”.
 saiba mais
Indicamos o filme: 
O SéTIMO selo (Detsjundeinseglet). Direção: Ingmar Bergman. Suécia: 
P&B, 1956. (96 min). 
E sua refilmagem, num xadrez metafórico: 
ENCONTRO marcado (Meet Joe Black). Direção e produção: Martin Brest. 
EUA: Universal Pictures, 1998. (180 min).
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Os jogos, porém, servem a muito mais do que isso, pois expressam a personalidade e o comportamento 
das pessoas envolvidas direta e indiretamente. O território auxilia nas abordagens de sistema, modelo, 
como reduções racionais, intelectuais da realidade. 
Um tabuleiro em qualquer jogo evoca recursos, conflitos entre agentes dependentes, ou ao menos 
neles interessados, e coerção, assim como o território das ações concretas, pois todos querem lugar e 
espaço para manutenção da existência e/ou expansão. Os movimentos das peças nos tabuleiros têm por 
objetivo melhores condições, até a vitória, como na vida.
Dos processos sociais vividos nos jogos, competição e cooperação são os mais fundamentais presentes 
no âmago dos jogos, pois podem ser muito bem-explorados, para autoconhecimento e autocontrole, ao 
alcançarmos os melhores desempenhos na vida, quando os vivenciamos a ambos como complementares, 
de alimentação recíproca; mas também podem ser os piores em termos de aprendizado integral, quando 
extremados. Como vemos na
[...] teoria elaborada por John Von Newmann e Oskar Morgenstern, jogos 
cooperativos são aqueles de “soma não zero”, nos quais o fato de um 
jogador ganhar não é necessariamente ruim para o(s) outro(s). Nesse tipo, os 
interesses dos participantes se sobrepõem. Por outro lado, jogos competitivos 
são aqueles cuja soma é zero, isto é, a vitória de um competidor é a derrota 
do outro, como o tênis, o xadrez e a sinuca (EUGÊNIO, 2012).
 observação
Negociações, alianças, planejamento e execução dos planos, recuos, 
avanços, com o desenvolvimento de estratégias e táticas, dentre muitas 
possibilidades de experiências, são elementos lúdicos possíveis de serem 
trabalhados nos jogos e, portanto, não devem ser ignorados. 
é possível ter experiências grandiosas de aprendizado e autoconsciência jogando boas partidas de jogos 
clássicos e competitivos(em que pode haver exercício de cooperação), como Diplomacia, Risk ou War, cujos 
objetivos são a conquista e a destruição; ou jogos cooperativos, como o Jogo da Terra, cujo objetivo é salvar o 
mundo, que comporta exercício secundário de competição para temperar as relações e as jogadas. 
 saiba mais
Procure por: 
OTUzI, F. Jogos cooperativos: se o importante é competir, o fundamental 
é cooperar. São Paulo: Cepeusp, 1995. 
Temos certeza de que apreciará.
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é possível também explorar o xadrez para ilustrar as principais ideias da geografia e das demais 
áreas do conhecimento dependentes do território, como a etnografia, as ciências políticas, a sociologia, 
a economia, a administração, bem como qualquer outra área do saber. O conceito de território é 
associado à ideia de tabuleiro quando se deseja evocar intrigas, conflitos nas arenas locais, nacionais e 
internacionais, frequentemente, tanto na imprensa quanto na academia.
Ainda um pouco mais sobre certa identidade entre tabuleiro e território: fica, então, claro que 
é contexto propício à manifestação de necessidades, emoções, mas também de elaboração de 
geoestratégias, planos políticos, de exercício moral e de reflexões éticas. Também é expressão histórica 
das hierarquias, posições e relações sociais. 
Planejar, elaborar estratégias e programar as ações compõem o rol de práticas corriqueiras, rotineiras, 
nas várias espécies e tipos de jogos, variando em graus de complexidade, mas sempre presentes nas 
relações estabelecidas pelos jogos, por seu caráter lúdico.
Voltando ao nosso assunto, o método e os métodos, interessante é a comparação que Leila Novaes 
(2012) faz dos inícios e desfechos das pesquisas com aberturas e finais nos jogos de xadrez, pois, assim 
como a preparação e a conclusão da pesquisa, a abertura e o encerramento das partidas exigem muito 
mais ordem do que o desenvolvimento ou o “miolo” de ambas. Tal lógica, partindo de Novaes (2012, p. 
3-4), explica-se da seguinte maneira:
O que acontece antes do jogo de xadrez envolve aprendizado e domínio 
das técnicas e das estratégias de abertura, do mesmo modo que antes 
da experiência de pesquisa, em que deve haver aprendizado e domínio 
dos preceitos metodológicos em busca de consistência do instrumental 
e dos procedimentos; é o momento de maior incidência de regras para a 
estruturação do trabalho.
Depois de iniciada a pesquisa, aumentam as chances do inesperado e do 
inusitado na pesquisa, havendo espaço para soluções improvisadas, para 
intuição e criatividade, atitude que sobressai em alguns momentos às normas, 
técnicas e protocolos tão presentes na elaboração e na conclusão dos jogos 
e da pesquisa. Depois de meia dúzia de lances conhecidos e padronizados, as 
variações são inumeráveis e mesmo que alguns lances possam ser antecipados, 
cada lance é, em certa medida, “novo”, imprevisível. Cada pesquisa vai aos 
trancos e “tropeços diante de imprevistos”, com certa liberdade. 
Desse modo, tudo o que acontece depois de transcorrida a partida, no sentido 
de concluir a estratégia que reúne tanto movimentos meticulosamente 
planejados da abertura quanto aqueles imprevistos do seu transcurso, bem 
como tudo [o] que acontece no encerramento da pesquisa, que é a hora de 
organizar, relatar, dissertar sobre os resultados, sistematizando-os de modo 
coerente, requer controle das consequências e implicações dos lances, dos 
procedimentos e métodos. 
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é então que a ambiguidade processo/produto se põe clara. Como 
processo, a pesquisa não se sujeita a regras. Pesquisadores agem adotando 
procedimentos muito variados e com muitas variáveis, segundo as 
inspirações e as necessidades de momento. Como produto, é razoável 
desejar que a pesquisa se apresente com vestes adequadas – justamente 
para simplificar as buscas iniciais e para assegurar, no final, facilidade de 
acesso aos resultados alcançados (NOVAES, 2012, p. 3).
2.3 o planejamento na situação 3, as viagens de Amir Klink
Os feitos dos viajantes são como uma espécie de cozimento e fervura de conhecimento, pois sempre 
que um relato daquele que retorna de suas andanças acontece, tem lugar o novo. é momento vivido, 
mágico, mítico, histórico e em nosso tempo progressivamente mais abstrato. Cenas inesquecíveis da 
vida, da literatura e do cinema representam as epopeias individuais e do mundo todo. 
Viajar supõe a preparação e a volta, e nada pode ser mais importante para quem viaja do que a 
diferença entre esses dois momentos que dão a medida dos acontecimentos, da experiência para o 
conhecimento. 
Por seu teor dramático, é impossível esquecermos a cena que traz a narrativa, por Ivanhoé, de suas 
vivências das cruzadas, a seu pai que o deserdara anos antes. 
 saiba mais
Clássico da literatura inglesa de capa e espada, a novela Ivanhoé é 
também uma aula de história do Reino Unido e de suas peripécias nas 
Cruzadas:
SCOTT, W. Ivanhoé, o cavaleiro do rei. São Paulo: Madras, 2003. [1820].
Ivanhoé, o cavaleiro do rei Ricardo Coração de Leão, é retratado no 
romance de Walter Scott, publicado em 1820, e também nos magníficos 
filmes de 1952. Há ainda a versão de 1997, da BBC de Londres.
Ainda sobre o gênero narrativa de viagem e sua contribuição para a qualidade do conhecimento, 
temos o brilhante e atualíssimo Guerra do Fogo, escrito por J. H. Rosny Aîné, publicado em 1911 
e filmado por Jean-Jacques Annaud, em 1983. Se o papel vital, evolutivo e cultural do fogo, e, 
principalmente, de seu domínio é bastante explorado pelos antropólogos, então nosso foco aqui 
é mostrar o poder e o alcance do aprendizado gerado pelos relatórios de viagem. Na passagem 
do livro na qual nossos heróis ancestrais retornam de sua “epopeia”, longa e penosa, em busca do 
fogo, depreende-se a longa viagem com intenso e profundo aprendizado e reconhecimento social, 
como descreve J. H. Rosny Aîné: 
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Homens estão chegando à planície. 
[...], Aqueles que chegam são Oulhamr!
Uma emoção viva atravessou seus corações, até mesmo as crianças se levantaram...
 [...]
Finalmente, Naoh apareceu. A escuridão invadia a planície acinzentada e 
Naoh uivava:
– O fogo! ... Naoh trouxe o fogo!
Foi uma enorme alegria. Muitos ficaram imóveis, como se tivessem sido atingidos 
por uma machadada. Outros gritavam com roncos frenéticos... E o fogo estava lá!
 [...]
E Naoh comandará a horda! – declarou Goun com determinação.
 [...]
Nisso, o velho Goun, o mais curioso de todos os Oulhamr, desejou conhecer 
as aventuras dos três guerreiros. Elas vibraram no cérebro de Naoh, vivas 
como se tivessem acabado de acontecer. Naquela época, as palavras eram 
escassas, suas relações, frágeis, seu poder de evocação, reduzido, brusco e 
intenso. O grande nômade falou do urso cinza, do leão gigante e da tigresa, 
dos devoradores de homens, dos mamutes, dos anões vermelhos, dos 
Homens sem ombros e do urso das cavernas.
 [...]
E Goun declarava:
– Nunca houve guerreiro comparável a Naoh entre nossos pais... E não 
nascerá outro como ele entre os filhos de nossos filhos, nem entre os filhos 
dos filhos de nossos filhos! (AÎNé, 1991, p. 168-171).
 saiba mais
Referindo-se à mesma temática, juntaria à Guerra do Fogo o excelente 
livro sobre a evolução Por que Almocei meu Pai, de Roy Lewis (1993).
LEWIS, R. Por que almocei meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 
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Relatos de viagens foram durante muito tempo as únicas fontes de informação, tanto acadêmica 
quanto artística, acerca das diferentes sociedades e ambiências, desde a Antiguidade, com os escritos e 
as reflexões de Heródoto e Estrabão, até nossos dias, de modos distintos.
 saiba mais
Algumas obras (relatos de viagens em geral), como as que seguem, 
são sugeridas pela importância e, de certa forma, listadas em prejuízo de 
muitíssimas mais; de grandes personalidades, como Richard Francis Burton 
(grande intelectual, espião, diplomata) e Robert Falcon Scott (cientista e 
militar), que continua nos estarrecendo com sua complexa personalidade, 
inteligência, energia e, de certa forma, “inflexibilidade”. 
HERóDOTO. História. eBooksBrasil, 2000. Disponível em <http://www.
ebooksbrasil.org/eLibris/historiaherodoto.html>. Acesso em: 26 maio 2014.
SCOTT, R. F. A última expedição. São Paulo: Alegro, 2002.
PRESTON, D. Rumo ao Polo Sul: a trágica história de Robert Falcon 
Scott. São Paulo: Editora 34, 1999. 
RICE, E. Sir Richard Francis Burton. São Paulo: Cia. das Letras, 2008. 
HEYERDAHL, T. Na trilha de Adão: memórias de um filósofo da aventura. 
São Paulo: Cia das Letras, 2000.
KUGLER, H. A épica travessia de Thor Heyerdahl. Ciência Hoje-RJ, [s.d.]. 
Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2013/02/a-
epica-travessia-de-thor-heyerdahl/?searchterm=A%20%C3%A9pica%20
travessia%20de%20Thor%20Heyerdahl >. Acesso em: 1º fev. 2014. 
KAPLAN, R. D. Os confins da Terra: uma viagem na véspera do século 
XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
KRITSCH, R. Redescobrindo o Brasil. São Paulo: Panda, 2002.
Há também a literatura acadêmica, desde aquela estritamente científica à ensaística. 
O Novo Mundo americano tomado pelos europeus nos séculos XVI e seguintes é também um grande 
tema de viajantes que por aqui andaram observando, registrando pela escrita, pelo desenho ou pela 
pintura. Nesse momento, tais relatos são geradores não apenas de mais conhecimento, mas de novas 
visões do mundo, e em novas bases; tema tratado nos interessantes estudos de Süssekind (1990) e de 
Sallas (2010). Como diz Werther Holzer: 
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Que momento poderia ser mais propício para uma discussão acerca 
da memória, das relíquias e da espacialidade que o das primeiras visitas 
europeias à América? 
Trata-se da descoberta de um novo mundo, intocado e desconhecido do 
europeu. Ele iria ser apropriado e assimilado (constituindo-se em paisagens), 
resultando na transmissão de experiências e na exigência de ações (que 
constituem os lugares) (HOLzER, 2000, p. 112).
 saiba mais
A América dos viajantes é sempre tema controverso, dados os matizes 
culturais, éticos, políticos e econômicos, pois os Estados nacionais europeus 
requeriam, sobretudo, os recursos do continente. Podemos ver essas 
múltiplas dimensões em:
HOLzER, W. Um estudo fenomenológico da paisagem e do lugar: a 
crônica dos viajantes no Brasil do século XVI. 1998. Tese (Doutorado em 
Ciências: Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências 
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1988.
SÜSSEKIND, F. O Brasil não é longe daqui: o narrador; a viagem. São 
Paulo: Cia. Das Letras, 1990.
SALLAS, A. L. F. Narrativas e imagens dos viajantes alemães no Brasil 
do século XIX: a construção do imaginário sobre os povos indígenas, a 
história e a nação. Hist. Cienc. Saúde, Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 17, 
n. 2, jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-59702010000200009&lng=en&nrm=iso>. Acesso 
em: 25 maio 2014. 
REzNIK, G. De volta pra casa. 22 jun. 2011. Disponível em: <http://
cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/06/de-volta-pra-casa>. Acesso em: 1º 
fev. 2014.
A situação escolhida para representar algo de toda essa riqueza descrita constitui-se nas experiências 
viageiras de Amir Klink, que em muito se relacionam com o assunto que estamos tratando neste livro-
texto. Suas expedições, cuja vontade de realizar o alimenta desde criança, estão marcadas por paixão pela 
descoberta, bem como pelo desvendar, pelo conhecer, e seu ponto de partida não é somente a vontade 
de aventura, mas também a curiosidade, a dúvida. Pode-se até dizer, obviamente, que há satisfação 
pela produção de algo. O que é esse “algo” que Amyr Klink produz? Conhecimento! A produção do 
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Unidade I
conhecimento que é efetuada por Amyr Klink parte da busca do desconhecido, aquilo que ainda não 
foi descoberto, pelo menos por ele. Essa descoberta, mesmo que efetuada por outra pessoa, não será a 
mesma para nosso descobridor. Por qual motivo? Sensações. As sensações que a vivência nos oferece 
jamais são iguais entre as pessoas. As percepções são diferentes, o “sentir” é diferente, as motivações 
são diversas. A partir da vivência oferecida pelo nosso expedicionário e da forma que ele relata suas 
experiências, seus relatos dotados de dados reais transformam-se, de certo modo, em contribuição 
científica.
Voltemos àquele pensamento de Klink (2002): “Um homem precisa viajar. [...] Um homem precisa 
viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o 
imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser”.
Qual a principal mensagem que se pode tirar disso? Primeiro: “o homem precisa viajar”. Significa abrir 
a mente, descobrir, permitir-se descobrir, e, nesse sentido, cabe a dúvida, cabe levantar a dúvida para 
que a descoberta possa chegar a saná-la ou ainda ampliá-la. A pesquisa e suas aplicações contribuem 
exatamente para isso. Imagine o quanto Klink estudou os mapas marítimos para decidir sobre o melhor 
caminho, a melhor época, a melhor hora, as melhores rotas, bem como os equipamentos necessários às 
suas expedições. Além de gerar métodos e procedimentos de conduta em situações adversas, servir de 
exemplo para as demais pessoas que pretendem sentir as mesmas sensações percebidas por Klink. De 
outra forma, se as mesmas sensações não poderem ser repetidas na sua plenitude, que pelo menos se 
chegue ao mais próximo.
Do desenrolar do proposto por Klink, o que é possível extrair? “Um homem precisa viajar para lugares 
que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não 
simplesmente como é ou pode ser”.
Pois bem: a mensagem aqui é a necessidade de sair do senso comum, daquele “achismo”, para 
que seja possível a busca da verdade. Como buscar a verdade? Para Klink, pela vivência. Para nós, 
ou melhor, para efeito do propósito de nossa disciplina, a busca da verdade dá-se pela pesquisa 
e seus passos, seus métodos. Afinal, para que se pesquisa? Para extrair conhecimento sobre algo 
que ainda será descoberto.
 observação
Percebe que estamos tratando do mesmo assunto? Expedições como 
sinônimo de descoberta. Pesquisa também como forma de descoberta.
Da mesma forma que Klink planejou suas aventuras, nós também temos de planejar a nossa. 
Uma pesquisa, por menor que seja, requer algum planejamento do que se estudar, verificar, 
analisar, observar; de como se faz cada uma das atividades, ou seja, qual a melhor forma. Qual o 
sentido daquilo também é um questionamento que deve estar presente no nosso planejamento 
como agentes pesquisadores.
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Métodos de Pesquisa
2.4 o planejamento na situação 4, as agendas
Agendas são sinônimo de planejamento, programação de ações, atividades; sejam de natureza estatal ou 
pública, empresarial

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