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OS EFEITOS DA PERDA AUDITIVA NO COTIDIANO

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DANILO SANTANA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITOS DA PERDA AUDITIVA NO DESEMPENHO 
DE ADULTOS EM ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao curso de 
Pós-Graduação da Faculdade de 
Ciências Médicas da Santa Casa de 
São Paulo para obtenção do Título de 
Mestre em Saúde da Comunicação 
Humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2018 
 
 
DANILO SANTANA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITOS DA PERDA AUDITIVA NO DESEMPENHO 
DE ADULTOS EM ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao curso de 
Pós-Graduação da Faculdade de 
Ciências Médicas da Santa Casa de 
São Paulo para obtenção do Título de 
Mestre em Saúde da Comunicação 
Humana. 
 
Área de Concentração: Saúde da 
Comunicação Humana 
 
Orientador: Profa. Dra. Katia de 
Almeida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Preparada pela Biblioteca Central da 
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo 
 
 
 
Silva, Danilo Santana da 
 Efeitos da perda auditiva no desempenho de adultos em atividades 
de vida diária./ Danilo Santana da Silva. São Paulo, 2018. 
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da 
Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Saúde da 
Comunicação Humana. 
Área de Concentração: Saúde da Comunicação Humana 
Orientadora: Katia de Almeida 
 
 
 
1. Perda auditiva 2. Audição 3. Pessoas com deficiência 
4. Questionários 5. Avaliação da deficiência 
 
 
 
BC-FCMSCSP/43-18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a meus pais e esposa, 
por todo incentivo e apoio. Sem vocês, eu 
não teria chegado até aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Eu espero que eu possa sempre possuir firmeza e virtude suficiente para manter o 
que eu considero o mais desejável dos títulos: o caráter de um homem honesto." 
(George Washington) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
 
Ao Grande Arquiteto do Universo, que por sua honra e bondade possibilitou a 
minha chegada até este momento tão especial da minha vida, 
À minha querida orientadora, Profa. Dra. Katia de Almeida, que me concedeu 
a honra de ser seu orientando, por me acolher com muito carinho, pela paciência e 
disponibilidade em todos os momentos e por contribuir para o meu crescimento 
pessoal, intelectual e profissional, 
Aos meus queridos e amados pais, Regina e Antonio Faustino, pelo amor 
incondicional, incentivo, apoio e o exemplo de vida, 
À minha amada esposa Marina Souza, pelo amor, incentivo, paciência e por 
sempre me apoiar em todos os meus sonhos, 
À banca examinadora de qualificação, Profa, Dra. Liliane Desgualdo Pereira, 
Profa. Dra. Elisiane Crestani de Miranda Gonsalez e Profa. Dra. Ana Luiza Gomes 
Pinto Navas, que foram primorosas em suas relevantes contribuições, 
À Profa. Erika Fukunaga, que realizou primorosamente a análise estatística 
deste trabalho, 
Às professoras Dra. Lúcia Kazuko Nishino, Esp. Maria do Carmo Redondo e 
Dra. Margarita Bernal Wieselberg, que gentilmente possibilitaram a realização da 
coleta de dados deste trabalho em seus estágios supervisionados, 
À equipe do CEDIAU: Géssi Pires do Rosário, pela amizade, carinho e 
incentivo; aos Fonoaudiólogos: Ms. Anderson Alves da Silva Pereira, Dra. Káris 
Ester Dong Creste e Esp. Mariana Pinheiro Brigatto, pela amizade, incentivo e 
contribuição com este trabalho, 
À minha sócia Fga. Ana Carolina Iacuzio Claro, pela parceria, incentivo e 
compreensão de minha ausência na clínica, 
A todos meus amigos do mestrado, em especial: Fga Ms. Aliaska Aguiar, Fga 
Daniela Soares de Brito e Fga Lara Lopez, pela amizade, incentivo e momentos de 
descontração, 
A todos os membros da A.R.L.S. Arnaldo Alexandre Pereira - 636, pelo apoio 
e compreensão de minha ausência. 
A todos os professores do Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação 
Humana, pelos ensinamentos e contribuição para o meu crescimento profissional, 
À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e à 
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por me cederem seus 
pacientes e seu espaço físico, 
A todos os indivíduos que constituíram voluntariamente a casuística desse 
estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABREVIATURAS 
 
AASI – Aparelho de Amplificação Sonora Individual 
APHAB – Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit 
CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, 
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa 
dB – Decibel 
DP – Desvio Padrão 
GC – Grupo Controle 
GE – Grupo Estudo 
HHIA – Hearing Inventory for The Adults 
HHIE – Hearing Inventory for the Elderly 
HRAC – Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 
Hz – Hertz 
ISO – International Organization for Standardization 
IPRF – Índice Percentual de Reconhecimento de Fala 
LRF – Limiar de Reconhecimento de Fala 
kHz – Kilohertz 
N – Número de Indivíduos 
NL – Normal 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
PA – Perda Auditiva 
Q1 – Domínio (Audição para Fala) do questionário SSQ 
Q2 – Domínio (Audição Espacial) do questionário SSQ 
Q3 – Domínio (Qualidade da Audição) do questionário SSQ 
SCL-90-R – Escala de Avaliação de Sintomas 
SSD – Single Sided Deafness 
SSQ – Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
USP – Universidade de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição para 
Fala) segundo GE e GC (N=90)................................................................................ 
Figura 2. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição 
Espacial) segundo GE e GC (N=90)......................................................................... 
Figura 3. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Qualidade da 
Audição) segundo GE e GC (N=90)............................................................................... 
Figura 4 – Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio segundo 
audição normal, perda auditiva unilateral e bilateral (N=90)........................................ 
Figura 5. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição para 
Fala), perda de audição unilateral e bilateral (N=49)..................................................... 
Figura 6. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição 
Espacial), perda de audição unilateral e bilateral (N=49)............................................... 
Figura 7. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Quantidade da 
Audição), audição unilateral e bilateral (N=49).............................................................. 
Figura 8. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio e grau de perda 
(N=90)............................................................................................................................ 
Figura 9. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição para 
Fala)segundo o grau de perda auditiva (N=49)............................................................. 
Figura 10. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição 
Espacial) segundo o grau de perda auditiva (N=49)...................................................... 
Figura 11. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Qualidade da 
Audição) segundo o grau de perda auditiva (N=49)....................................................... 
Figura 12. Box Plot das respostas ao questionário HHIA de acordo com o GE e GC 
(N=68)............................................................................................................................ 
Figura 13. Box Plot das respostas ao questionário HHIA de acordo com a audição 
do GE............................................................................................................................. 
Figura 14. Box Plot das respostas ao questionário HHIA segundo o grau de perda 
auditiva........................................................................................................................... 
Figura 15. Scatter Plot das respostas aos questionários HHIA e SSQ por domínio 
Audição para Fala (A), Audição Espacial (B) e Qualidade da Audição (C).................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com a 
idade e sexo nos GE e GC. (N=90)................................................................................ 
Tabela 2. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo 
escolaridade (anos) nos grupos controle e estudo (N=90)............................................ 
Tabela 3. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com as 
características da audição – normal e lateralidade da perda auditiva (N=90)............... 
Tabela 4. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo (GE), de acordo 
com o grau de perda auditiva (N=49)............................................................................. 
Tabela 5. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com o 
grupo sem perda auditiva (GC) e com perda auditiva (GE) (N=90)............................... 
Tabela 6. Distribuição das respostas ao questionário SSQ por domínio segundo 
audição normal, perda auditiva unilateral e bilateral (N=90).......................................... 
Tabela 7. Distribuição das respostas ao questionário SSQ por domínio nos GE 
segundo a lateralidade da perda auditiva (N=49).......................................................... 
Tabela 8. Distribuição das respostas ao questionário SSQ por domínio de acordo 
com o grau de perda auditiva (N=90)............................................................................. 
Tabela 9. Respostas ao questionário SSQ por domínio de acordo com o grau de 
perda auditiva (N=90)..................................................................................................... 
Tabela 10. Respostas ao questionário SSQ por domínio de acordo com o grau de 
perda auditiva (N=49)..................................................................................................... 
Tabela 11. Respostas ao questionário HHIA de acordo com GE e GC (N=68)............ 
Tabela 12. Respostas ao questionário HHIA de acordo com a população 
bilateral........................................................................................................................... 
Tabela 13. Respostas ao questionário HHIA de acordo com o grau de perda 
auditiva........................................................................................................................... 
Tabela 14. Correlação de Pearson para as respostas dos questionários HHIA e 
SSQ................................................................................................................................ 
 
SUMÁRIO 
 
 
1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................1 
1.1- Revisão da Literatura ...........................................................................................5 
2. OBJETIVOS ..........................................................................................................17 
3- CASUÍSTICA E MÉTODO ....................................................................................19 
4- RESULTADOS ......................................................................................................24 
4.1- Caracterização da amostra.................................................................................25 
4.2- Resultados da aplicação dos questionários de auto avaliação...........................27 
5- DISCUSSÃO .........................................................................................................41 
6- CONCLUSÃO .......................................................................................................49 
ANEXOS ...................................................................................................................51 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................59 
RESUMO ...................................................................................................................63 
ABSTRACT................................................................................................................64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
2 
 
 
Perdas auditivas adquiridas na idade adulta impactam negativamente a 
vida de seus portadores, levando a dificuldades na comunicação e 
comprometendo aspectos sociais e emocionais. Esse impacto resulta, 
primariamente, dos déficits nas habilidades de percepção de fala que interferem 
na comunicação oral e as limitações impostas por esses déficits na participação 
nas interações pessoais, sociais, profissionais e de lazer (Almeida, 2014). 
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde- 
CIF (OMS, 2003) proposta em 2001, focaliza o seu interesse no conceito "vida", 
considerando a forma como as pessoas vivem os seus problemas de saúde e 
como estas podem melhorar as suas condições de vida para que consigam ter 
uma existência produtiva e enriquecedora. Considera os aspectos sociais da 
deficiência e propõe um mecanismo para estabelecer o impacto do ambiente 
social e físico sobre a funcionalidade da pessoa. Descreve a funcionalidade e a 
incapacidade relacionadas às condições de saúde, identificando o que uma 
pessoa é capaz de fazer na sua vida diária, tendo em vista as funções dos órgãos 
ou sistemas e estruturas do corpo, assim como as de atividades e participação no 
meio ambiente que a pessoa vive. 
Há duas importantes consequências da deficiência auditiva: a limitação em 
atividades e a restrição de participação. A primeira refere-se a qualquer limitação 
ou falta de habilidade para desempenhar uma atividade devido aos problemas 
auditivos vivenciados pelo individuo em função da perda auditiva. Já a restrição 
de participação está relacionada aos aspectos não auditivos resultantes da 
deficiência e da incapacidade auditivas, os quais restringem a participação do 
indivíduo nas atividades de vida diária e comprometem suas relações sociais. 
Portanto, os efeitos negativos da perda auditiva envolvidos na limitação em 
atividades, incluem a redução da habilidade de compreensão de fala, 
especialmente em ambientes com condições acústicas adversas como ruído, 
além de dificuldade de localização de fontessonoras importantes, como buzinas 
de veículos e outros sinais de alerta, que acarretará restrição de participação nas 
diversas situações de vida diária com consequente diminuição em qualidade de 
vida (Almeida, 2014). 
3 
 
 
Testes audiológicos são eficientes para quantificar a perda auditiva, porém, 
seus resultados não refletem a dificuldade comunicativa enfrentada pelas pessoas 
com deficiência auditiva em suas atividades de vida diária (Gonsalez e Almeida, 
2015; Vannson et al. 2015). Desse modo, é fundamental utilizar outros 
instrumentos, que possam avaliar as limitações em atividades auditivas em 
situações mais próximas do cotidiano, e refletir a percepção do indivíduo frente às 
dificuldades comunicativas geradas pela perda auditiva (Gonsalez e Almeida, 
2015). 
Questionários são uma excelente ferramenta de auto avaliação em adultos, 
pois quantificam e qualificam o impacto da perda auditiva nas atividades de vida 
diária. 
Com o intuito de mensurar as incapacidades auditivas, Gatehouse, Noble, 
(2004) desenvolveram um questionário, chamado de Speech, Spatial and 
Qualities of Hearing Scale (SSQ), que tem como objetivo, avaliar as habilidades e 
experiências que envolvem a audição em situações complexas de escuta do 
cotidiano. Utilizado com grande confiabilidade em diversas populações e idiomas, 
foi traduzido e adaptado para o português brasileiro por Gonsalez e Almeida 
(2015). 
A restrição de participação, relaciona-se aos aspectos não auditivos e as 
implicações emocionais e sociais desencadeadas pela deficiência auditiva 
(Marques et al, 2004). 
O Hearing Handicap Inventory for Adults – HHIA (Newman, 1990) é um 
questionário que tem como objetivo, avaliar a restrição de participação de adultos, 
com idade inferior a 65 anos, foi traduzido e adaptado para o português brasileiro 
por Almeida (1998). 
Estes questionários foram selecionados exatamente por serem meios 
efetivos de caracterizar as dificuldades apresentadas por sujeitos com perda 
auditiva, e fornecer ao fonoaudiólogo subsídios para a compreensão das 
limitações em atividades e restrição de participação presentes nesses indivíduos. 
Temos como hipótese que a lateralidade e severidade da perda auditiva 
podem predizer o desempenho do indivíduo no que se refere as suas limitações 
em atividade e restrição de participação. 
4 
 
 
Sendo assim, este estudo tem por objetivo caracterizar a limitação em 
atividades/incapacidade auditiva e restrição de participação em adultos com perda 
auditiva, por meio dos questionários SSQ e HHIA, verificando se a lateralidade e o 
grau da perda auditiva são fatores de variabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1. REVISÃO DE LITERATURA 
6 
 
 
Os textos utilizados na fundamentação teórica deste estudo foram 
apresentados conforme o encadeamento de ideias. Optou-se por apresentar a 
revisão de literatura em assuntos para facilitar a leitura e compreensão. Os 
tópicos abordados neste capítulo são: 
I – Perda auditiva em adultos e suas implicações 
II – Questionários de auto avaliação da limitação em atividades e da 
restrição de participação 
 
I – Perda auditiva em adultos e suas implicações 
Monzani et al (2008) avaliaram a suposição global de que os adultos 
trabalhadores com perda auditiva neurossensorial leve a moderada experimentam 
reações emocionais e limitações sócio-situacionais mais negativas do que 
indivíduos ouvintes normais. Ao comparar e investigar a dimensão do sofrimento 
psicológico de 96 sujeitos com audição normal e 73 sujeitos com deficiência 
auditiva, por meio da Lista de Verificação de Sintomas (SCL-90-R), resultou que 
os sujeitos com deficiência auditiva são mais propensos à depressão, ansiedade, 
sensibilidade interpessoal e hostilidade do que indivíduos sem perda de audição 
(p <0,05). Argumentaram que a deficiência sensorial pode desencorajar indivíduos 
com deficiência auditiva de se exporem a situações de desafio social, produzindo 
isolamento que leva a depressão, irritabilidade e sentimentos de inferioridade. 
Francelin et al (2010) estudaram as implicações da deficiência auditiva 
adquirida em adultos, na vida familiar, social e condições de trabalho. 
Participaram 16 adultos, com diagnóstico de perda auditiva súbita na faixa etária 
de 18 a 60 anos. Utilizaram a entrevista e a análise de conteúdo. Os resultados 
demonstraram que a perda auditiva ocorreu entre os 40 e 44 anos, 37,5%; 62,5% 
dos que perderam a audição eram do sexo masculino, 62,5% não tinham o ensino 
fundamental; 62,5% eram da classe baixa superior; 75% apresentaram perda 
auditiva bilateral, 18,75% de grau moderado/profundo. Dos 13 que estavam 
trabalhando quando perderam a audição, 30,77% pararam de trabalhar e 15,38% 
mudaram de profissão. Foram relatadas situações como: afastamento do 
trabalho, demissão a pedido e demissão pelo empregador, dificuldade de 
aceitação, cobranças, falta de esclarecimentos e desconhecimento dos próprios 
7 
 
 
profissionais de saúde. Os dados sugerem a necessidade dos recursos de 
reabilitação, de apoio terapêutico, respeito e alternativas de conhecimentos. 
Caporali e Silva (2017) realizaram um estudo com a finalidade de pesquisar 
os efeitos da perda auditiva e da idade no reconhecimento de fala na presença de 
ruído, utilizando dois tipos de ruído. Três grupos experimentais foram 
organizados, sendo um composto por adultos sem alteração auditiva, outro por 
sujeitos com perda auditiva em frequências altas e, por último, um grupo de 
idosos, com configuração audiométrica semelhante ao grupo de adultos com 
perda auditiva. Todos os sujeitos realizaram tarefas de reconhecimento de fala no 
silêncio, na presença de ruído branco e ruído cocktail party, na mesma relação 
sinal/ruído (0 dB), em ambas as orelhas. Os resultados mostraram que o ruído 
interfere negativamente no reconhecimento de fala em todos os grupos. O 
desempenho dos sujeitos com audição normal foi superior aos grupos com perda 
auditiva. Contudo, o grupo de idosos teve pior desempenho, sendo mais evidente 
com o ruído cocktail party. Observou-se também que todos os sujeitos 
apresentaram melhores resultados na segunda orelha testada, mostrando o efeito 
de aprendizagem. Os autores concluíram que a idade, além da perda auditiva 
contribuiu para o baixo desempenho de idosos na percepção de fala na presença 
de ruído. 
Lucas et al (2017) examinou os efeitos psicológicos e sociais subjetivos da 
perda auditiva assimétrica (surdez unilateral) em adultos. Três entrevistas em 
grupo foram conduzidas usando técnica de análise psicológicas. Participaram oito 
adultos com diagnóstico clínico de perda auditiva moderadamente severa, severa 
ou profunda em uma orelha e audição normal ou com perda auditiva leve na outra 
orelha. Os autores observaram que dificuldades auditivas funcionais associadas à 
surdez unilateral, incluindo dificuldades para compreender a fala na presença de 
ruído e redução da consciência espacial, afetaram o bem-estar social e 
psicológico dos indivíduos participantes do estudo. As consequências sociais da 
surdez unilateral resultaram em limitações de atividade e restrições de 
participação. Os participantes relataram efeitos psicológicos, incluindo a 
preocupação em perder a audição na outra orelha, redução da confiança e 
constrangimento relacionado ao estigma social associado à perda auditiva. A 
surdez unilateral pode ser associada a muitas consequências negativas, o 
8 
 
 
aconselhamento pode ajudar a superar as consequências psicológicas da perda 
de audição, independentemente do suporte tecnológico, como o uso de uma 
prótese auditiva. O gerenciamento audiológicodesses indivíduos deve apoiar o 
desenvolvimento de estratégias de escuta e estabelecer expectativas adequadas 
para a participação em situações de audição diárias. 
 
II – Questionários de auto avaliação da limitação em atividades e 
restrição de participação 
Newman et al. (1990) modificaram o Hearing Handicap Inventory for the 
Elderly - HHIE, para que este pudesse ser aplicado em adultos deficientes 
auditivos com idades inferiores a 65 anos, para documentar os efeitos da 
reabilitação auditiva, incluindo o benefício fornecido pelo uso das próteses 
auditivas. O novo questionário recebeu o nome de Hearing Handicap Inventory for 
Adults - HHIA e possui os mesmos 25 itens divididos em duas sub escalas: 
Social/Situacional e Emocional. Apenas três questões do HHIE foram 
substituídas: duas delas focalizam os efeitos ocupacionais da perda de audição e 
a terceira está relacionada com atividades de lazer. Os índices do HHIA. são 
idênticos aos do HHIE, em que cada resposta “sim” recebe 4 pontos, “às vezes” 
recebe 2 pontos e “não” nenhum ponto. Os índices finais podem variar de 0%, 
sugerindo uma não percepção da restrição de participação, a 100%, indicando 
uma restrição significativa. Esta nova versão do questionário foi então aplicada 
em 67 adultos deficientes auditivos e os resultados obtidos demonstraram alta 
confiabilidade e baixo erro padrão de mensuração do questionário, o que atestou 
sua adequação psicométrica. Os autores ressaltaram ainda que a aplicação do 
HHIA pode: 1) ajudar a substanciar as queixas auditivas do paciente não 
prontamente aparentes a partir dos resultados dos testes audiométricos; 2) 
facilitar as decisões com relação ao candidato ao uso da amplificação; 3) auxiliar 
no aconselhamento do paciente; 4) servir como guia no programa de reabilitação 
do deficiente auditivo e 5) fornecer documentação dos efeitos do processo de 
reabilitação, incluindo o benefício com o uso de próteses auditivas. 
The Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) foi desenvolvido 
para quantificar a auto percepção das dificuldades advindas da deficiência 
9 
 
 
auditiva em vários aspectos. Por meio deste questionário habilidades como: 
compreensão de fala em diferentes situações de escuta, a audição espacial e 
outras qualidades auditivas são avaliadas pelo deficiente auditivo conforme sua 
própria percepção em ouvir no dia-a-dia. Os 153 participantes responderam a dois 
questionários diferentes: o SSQ 50 e o Handicap Questionnaire, todos eram 
candidatos ao uso de próteses auditivas. A entrevista foi realizada por dois 
profissionais treinados pelos autores, para garantir que os entrevistados 
entendessem os questionamentos. Os resultados mostraram que a maior 
dificuldade ocorreu com fluxos simultâneos de voz, escuta em grupos, no ruído e 
avaliar a distância do som. Apenas 37 dos 153 participantes responderam à 
questão de compreensão de fala quando dirige um carro. A pontuação média 
geral foi de 5,5. A correlação de Spearman entre a melhor e a pior orelha foi de 
0,72, a correlação entre a melhor orelha e a média geral no SSQ foi de 0,51, a 
correlação entre a pior orelha e a média geral no SSQ foi de 0,52. Concluíram que 
o SSQ é um instrumento satisfatório para quantificar as queixas auditivas e que 
bem avalia qualidades auditivas, principalmente as que demandam função 
auditiva binaural (Gatehouse e Noble, 2004). 
Macedo et al (2006) investigaram o conhecimento e a aplicabilidade pelos 
fonoaudiólogos sobre questionários de auto avaliação do impacto social e do 
benefício da amplificação em adultos e idosos com deficiência auditiva. Foram 
entrevistados 45 fonoaudiólogos que trabalhavam na cidade de São Paulo em 
seleção e adaptação de aparelhos de amplificação sonora individuais. A maioria 
desses profissionais não utilizavam os questionários regularmente, apesar de 
conhecê-los, e a justificativa mais apontada foi o longo tempo despendido na sua 
aplicação. Todos os clínicos docentes utilizavam os questionários nas situações 
de docência e pesquisa, mas nem todos o faziam na sua prática clínica, sendo o 
Hearing Handicap Inventory for the Elderly - HHIE e o Abbreviated Profile of 
Hearing Aid Benefit - APHAB os questionários mais utilizados. 
Rosa et al (2006) verificaram o nível de satisfação que usuários de 
próteses auditivas antes e depois da aplicação de um programa de 
acompanhamento denominado: SOS Prótese Auditiva, caracterizando a restrição 
de participação e o benefício do uso do dispositivo. Foi aplicado dois 
questionários em 15 idosos com perda auditiva. Dentre os participantes 33% 
10 
 
 
apresentaram maior restrição de participação devido à perda auditiva, 53% 
referiram dificuldade em compreender a fala na presença de ruído quando 
estavam sem a prótese auditiva, sendo apenas 13% quando usam o mesmo. 49% 
da amostra referiram problemas para entender a fala em ambiente silencioso ou 
em situações ótimas de escuta quando estão sem a prótese auditiva, usando o 
mesmo este número reduziu para 21%. Observaram que 66% da amostra tiveram 
dificuldades para compreender a fala (sem a prótese auditiva) em ambientes 
amplos, e ao colocarem seus aparelhos auditivos somente 33% dos entrevistados 
continuaram a referir esse tipo de dificuldade. O estudo permitiu verificar que o 
trabalho em grupo minimizou as dificuldades de manuseio da prótese auditiva que 
muitas vezes inviabilizam o uso dos mesmos. Além de constatar a importância 
dos questionários de auto avaliação para o fonoaudiólogo no acompanhamento 
da adaptação desses dispositivos, bem como para o usuário por meio de 
fornecimento de informações sobre suas dificuldades e facilidades frente à 
utilização destes. 
Amorim e Almeida (2007) caracterizaram o benefício de curto prazo em 
adultos novos usuários de próteses auditivas, por meio de procedimentos 
objetivos (ganho funcional) e subjetivos (questionários de auto avaliação) e 
estudar o fenômeno de aclimatização, a partir da análise dos índices percentuais 
de reconhecimento de fala (IPRF) dessa população antes da adaptação e após 
quatro e 16/18 semanas de uso da amplificação. Métodos: participaram deste 
estudo 16 indivíduos portadores de perda auditiva bilateral simétrica 
neurossensorial ou mista de grau moderado a severo, novos usuários de próteses 
auditivas, na faixa etária entre 17 a 89 anos. Nos três momentos da pesquisa: 
antes da adaptação das próteses auditivas, após quatro semanas e 16/18 
semanas, foi realizada audiometria tonal liminar, o IPRF, o limiar de 
reconhecimento de fala e a aplicação dos questionários: Hearing Handicap 
inventory for Elderly Screening Version ou Hearing Handicap Inventory for the 
Adults Screening Version e Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit. Após a 
adaptação, foi realizado o ganho funcional. Revelaram diferenças estatisticamente 
significantes nas medidas objetivas e subjetivas após o uso das próteses 
auditivas, indicando benefício de curto prazo. Contudo, ao longo do tempo de uso 
da amplificação não ocorreu uma melhora significante do benefício, sugerindo que 
11 
 
 
este não aumenta com o tempo. Foi observada melhora da média dos IPRF e das 
medidas subjetivas do benefício auditivo ao longo do tempo de uso da 
amplificação, contudo estas diferenças não foram estatisticamente significantes. 
Ocorreu benefício a curto prazo com o uso das próteses auditivas, contudo não foi 
possível verificar a ocorrência do fenômeno da aclimatização por meio do IPRF. 
Araújo et al (2010) avaliaram a auto percepção da restrição de participação 
em sujeitos adultos, em indivíduos deficientes auditivos não usuários de próteses 
auditivas. Participaram do estudo 52 sujeitos adultos, com média de 34,5 anos e 
de ambos os gêneros (26 do gênero feminino, 26 do masculino) com deficiência 
auditiva neurossensorial unilateral, de graus variados; por meio da aplicaçãodo 
questionário “Hearing Handicap Inventory for Adults” (HHIA). Foram pontuadas as 
subescalas dos aspectos emocionais e sociais/situacionais sendo encontrados 
73,1% de presença de restrição de participação de graus leve, moderado e 
significativo e em maior porcentagem (88,5%) no gênero feminino. A aplicação do 
questionário mostrou-se um procedimento eficiente, pois a perda auditiva 
unilateral pode comprometer aspectos sociais e emocionais do sujeito adulto e 
indivíduos com o mesmo grau de perda podem reagir de forma diferente, 
indicando que a grande variabilidade na autopercepção da restrição de 
participação está associada a aspectos não audiológicos. 
Lima et al (2010) verificaram as relações entre a autopercepção da 
restrição de participação, os achados audiométricos e dados sociodemográficos 
em adultos deficientes auditivos. Participaram do estudo, 113 adultos jovens 
portadores de deficiência auditiva pós-lingual, neurossessorial bilateral de graus 
variados. O questionário de HHIA foi aplicado no formato de entrevista. A 
pontuação total e das subescalas “social” e “emocional”, do questionário foram 
correlacionadas com as médias dos limiares audiométricos (ISO, baixa, média e 
alta frequência) e limiar de reconhecimento de fala (LRF). Também foi obtida 
correlação entre as pontuações do questionário e tempo de surdez, escolaridade 
e nível socioeconômico. A comparação dos resultados do HHIA entre homens e 
mulheres foi realizada pelo teste t-Student. Correlações fracas, porém, 
significantes foram obtidas entre os dados audiométricos e a pontuação do HHIA. 
Não houve correlação entre o tempo de surdez, escolaridade e nível 
socioeconômico com a pontuação do questionário. Não houve diferença 
12 
 
 
significativa da pontuação entre homens e mulheres. Os dados deste estudo 
reforçam a necessidade de utilização de um instrumento de avaliação da restrição 
de participação, já que esta não pode ser inferida a partir dos dados audiológicos 
e/ou sociodemográficos. 
Singh e Pichora-Fuller (2010) examinaram as propriedades teste-reteste do 
questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) e verificaram 
se o método de administração de teste afetou essas propriedades. Quatro grupos 
de 40 participantes de adultos mais velhos completaram o SSQ duas vezes em 
um intervalo de cerca de meio ano, usando métodos de administração iguais ou 
diferentes nos dois tempos de teste. O SSQ foi administrado usando um método 
de entrevista e ou foi auto-administrado e depois retornado por correio. Embora o 
método de administração do teste não tenha afetado sistematicamente os escores 
no SSQ, a correlação teste-reteste mais alta (r 0.83) foi observada usando o 
método da entrevista em ambos os tempos de teste, tornando-se a melhor 
escolha para demonstrar a eficácia de intervenções. As outras três combinações 
de administração dupla neste estudo também forneceram resultados confiáveis e 
podem ser preferíveis porque o método de auto administração é mais rapido. Em 
conclusão, recomenda-se a entrevista e os métodos de auto administração, mas 
com a escolha dependendo dos objetivos do avaliador. 
Aiello et al (2011) avaliaram a facilidade de leitura e propriedades 
psicométricas da tradução brasileira do questionário The Hearing Handicap 
Inventory for Adults – HHIA, incluindo sua validade e confiabilidade. O 
questionário foi aplicado a 30 pessoas normais de audição (Grupo A) e 113 
deficientes auditivos (Grupo B). Trinta e dois participantes (grupo B) responderam 
o questionário pela segunda vez. O índice de legibilidade Flesch foi calculado 
para cada item no questionário. A consistência interna, a confiabilidade test-retest 
e a validade discriminante foram avaliadas. As pontuações de Flesch mostraram 
que o questionário era fácil de ler. O alfa de Cronbach e a correlação de Pearson 
apresentaram alta consistência interna. Não houve diferença significativa entre o 
teste e os resultados do teste. Além disso, a correlação entre esses dois escores 
também foi alta e significativa. O teste t-Student indicou diferença significativa 
entre os escores para os grupos A e B (validade discriminante). O questionário de 
deficiência auditiva para adultos traduzido para o português brasileiro manteve a 
13 
 
 
confiabilidade e validade da versão em inglês. São necessários mais estudos para 
determinar a validade convergente e a validade de construção para este 
instrumento. 
Banh et al (2012) realizaram um estudo com o objetivo de investigar, como 
adultos mais jovens e idosos que passaram por triagem auditiva e que tinham 
limiares considerados "normais" responderiam ao questionário Speech, Spatial 
and Qualities of Hearing Scale (SSQ). O questionário foi aplicado em 48 adultos 
jovens (idade média = 19 anos, DP = 1) e 48 idosos (idade média = 70 anos, DP = 
4,1) adultos com limiares audiométricos clinicamente normais até 4 kHz. As 
correlações foram usadas para comparar o padrão de resultados entre itens para 
os dois grupos etários e avaliar a relação entre os índices do SSQ e as medidas 
objetivas da audição. Comparações também foram feitas com os resultados 
publicados para adultos mais velhos com perda auditiva. O padrão de dificuldade 
relatado em todos os itens foi semelhante para ambos os grupos etários, mas os 
adultos mais jovens apresentaram valores significativamente maiores que os 
adultos mais velhos em 42 dos 46 itens. Em média, os adultos mais jovens 
obtiveram escores de 8,8 (DP = 0,6) e adolescentes 7,7 (DP = 1,2). Por 
comparação, foram observados escores de 5,5 (SD = 1,9) para adultos mais 
velhos (idade média = 71 anos, DP = 8,1) com perda auditiva moderada. Ao 
estabelecer os melhores resultados que poderiam ser esperados na avaliação de 
adultos mais jovens e de adultos mais velhos com limiares de audição "normais", 
esses resultados fornecem aos profissionais informações que devem ajudá-los na 
avaliação e intervenção de adultos de diferentes idades. 
Noël et al (2014) avaliaram os efeitos da comunicação cotidiana entre 
adultos ouvintes unilaterais usando o Speech, Spatial and Qualities of Hearing 
Scale (SSQ). Participaram 87 adultos sendo sessenta e seis ouvintes unilaterais 
que tinham uma perda auditiva severa ou profunda sem uso de dispositivo 
eletronico e foram agrupadas com base no modo auditivo da orelha melhor: 30 
participantes apresentavam audição normal em uma orelha (perdas auditivas 
unilaterais); 20 possuíam implante coclear unilateral; e 16 eram usuários de uma 
prótese auditiva unilateral. Os dados também foram coletados de 21 indivíduos 
com audição normal, bem como um subconjunto de participantes que 
posteriormente recebeu implante coclear na pior orelha e assim se tornaram 
14 
 
 
ouvintes bilaterais. Os indivíduos com deficiência auditiva apresentaram 
classificações piores em todas as áreas em comparação com aqueles com 
audição normal bilateral. Os autores concluíram que, os adultos que dependem 
de uma única orelha, estão em desvantagem em todos os aspectos da escuta e 
comunicação diária. 
Gonsalez e Almeida (2015) traduziram e adaptaram culturalmente, o 
questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) para o 
Português Brasileiro. Foi realizada a tradução, retrotradução, avaliação por comitê 
de especialistas e adaptação cultural (pré-teste). A fase de adaptação cultural 
constou da aplicação do questionário em 40 brasileiros adultos, normo-ouvintes e 
alfabetizados em português. Foram elaboradas duas versões do SSQ em 
português, a primeira aplicada no Grupo Piloto 1 (20 sujeitos) e, após revisão do 
comitê de especialistas, uma segunda versão foi aplicada no Grupo Piloto 2 (20 
sujeitos). Para haver equivalência cultural do questionário, é necessário que 85% 
dos indivíduos não apresentem dificuldades para compreender as questões. Foi 
identificada dificuldade de compreensãona questão 14 da Parte 2 e na questão 5 
da parte 3. As demais questões foram compreendidas por mais de 85% dos 
participantes. As questões problemáticas foram revistas e modificadas, de forma a 
não alterar o contexto. Na aplicação da versão final do SSQ foi obtida uma boa 
equivalência cultural para o Português Brasileiro, já que 91,6% dos participantes 
relataram fácil entendimento de todas as questões. A análise estatística revelou 
alto coeficiente alpha de Crombach (>0,8), demonstrando boa consistência interna 
entre os diversos itens do questionário. Concluíram que a metodologia 
empregada foi eficaz para estabelecer a tradução e equivalência cultural do SSQ 
para o Português Brasileiro. 
Moulin e Richard (2016) identificaram e quantificaram fontes de 
variabilidade nos índices do questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing 
Scale (SSQ) e suas versões curtas, entre indivíduos com deficiência auditiva e 
audição normal, usando uma versão em francês do SSQ. As análises múltiplas 
dos índices do SSQ foram realizadas utilizando idade, gênero, anos de 
escolaridade, perda de audição e assimetria de perda auditiva como preditores. 
Análises semelhantes foram realizadas para cada subescala (Fala, Espacial e 
Qualidades), para várias formas curtas SSQ e para diferenças nos índices de 
15 
 
 
cada subescala. Participaram do estudo 100 indivíduos com audição normal (NL) 
e 230 indivíduos com deficiência auditiva (PA). A perda auditiva na melhor orelha 
e a assimetria da perda auditiva foram os dois principais preditores de pontuação 
no SSQ geral, as três principais subescalas e as formas curtas do SSQ. A maior 
diferença entre o grupo NL e o grupo PA foi observada para na subescala de 
Audição para fala, o NL apresentou índices abaixo da pontuação máxima. Os 
autores concluíram que, existem fortes semelhanças entre os índices obtidos em 
diferentes populações e línguas, e entre SSQ versão completa e a versão 
encurtada, sublinhando o seu potencial uso internacional. 
Aguiar (2016) verificou a confiabilidade teste e reteste do questionário SSQ 
em português brasileiro. Foram entrevistados 35 indivíduos, sendo 21 do gênero 
feminino e 14 do gênero masculino, com idade média de 61 anos e escolaridade 
média de sete anos de estudo. A média dos limiares auditivos foi de 44,29 dB NA 
(DP 12,3) na melhor orelha e 58,04dB NA (DP 16,5) na pior orelha. O SSQ em 
português foi aplicado em dois momentos diferentes, o teste (1ª entrevista) e o 
reteste (2ªentrevista). Foi estabelecido um intervalo de no mínimo sete dias e no 
máximo 20 dias entre as entrevistas. O nível de significância estabelecido foi de 
0,05 ou 5%. A análise revelou alto coeficiente alpha de Cronbach (>0,7) nos três 
domínios e no Geral no questionário, demonstrando boa consistência interna 
entre os itens. Além disso, houve uma correlação significante de grau forte na 
análise por domínio e Geral entre o teste e o reteste do SSQ (p <0,001). Na 
análise por questão, houve correlação significante de grau moderada a forte entre 
teste e reteste (0,401 a 0,889). Apenas a questão 2 da Parte I não se obteve 
correlação significante entre as duas avaliações (p=0,06), sugerindo uma 
modificação de vocábulo nesta questão. Os indicadores de confiabilidade do 
teste e reteste apontam para uma boa estabilidade da versão do SSQ em 
português, indicando que o questionário pode ser utilizado na população de 
deficientes auditivos no Brasil. 
Gonsalez e Almeida (2017) realizaram um estudo piloto da versão 
abreviada do questionário SSQ em Português Brasileiro, a fim de medir a 
limitação auditiva resultante da perda de audição. Participaram do estudo 30 
indivíduos, sendo 12 do gênero masculino e 18 do gênero feminino, com idades 
entre 18 e 89 anos, e escolaridade média de nove anos. Os indivíduos foram 
16 
 
 
submetidos à avaliação audiológica e distribuídos em dois grupos, segundo a 
audibilidade, sendo 15 com audição normal (NL) e 15 com perda auditiva (PA). 
Em seguida, todos responderam ao questionário SSQ, na sua versão abreviada 
com 12 itens, na forma de entrevista, pontuando de 0 a 10 o seu desempenho 
comunicativo, em cada situação questionada. Obtiveram escores médios de 6,68 
e 4,13 para os grupos NL e PA, respectivamente. Os indivíduos com perda de 
audição apresentaram escores menores que os sujeitos com audição normal. 
Verificou alto coeficiente alpha de Cronbach em ambos os grupos, demonstrando 
boa consistência interna entre os diversos itens do questionário. Concluíram que 
a versão reduzida com 12 itens do SSQ em Português Brasileiro mostrou-se 
sensível para diferenciar o desempenho de indivíduos com e sem perda auditiva, 
confirmando o seu potencial para avaliar as restrições em atividades auditivas e 
comunicativas enfrentadas pelo deficiente auditivo, no seu cotidiano. 
Pennini (2017) verificou a aplicabilidade do Speech, Spatial and Qualities of 
Hearing Scale (SSQ) na avaliação do benefício em usuários de próteses 
auditivas. Participaram do estudo 30 adultos deficientes auditivos, candidato ao 
uso (novatos) ou usuários em fase de troca de suas próteses auditivas 
(experientes). Estes participantes realizaram a avaliação audiológica completa, 
indicação e adaptação das próteses auditivas e as avaliações de benefício do uso 
das próteses auditivas, por meio de medidas objetivas com microfone sonda e 
avaliação subjetiva utilizando o questionário Speech, Spatial and Qualities of 
Hearing Scale (SSQ). Inicialmente, foi aplicado o questionário SSQ Base, em 
forma de entrevista e após o término do período de 4 semanas de uso das 
próteses auditivas novas foram aplicados novamente os questionários SSQ de 
auto avaliação, na versão B (para os novatos) e C (para os experientes). Foi 
identificada maior dificuldade de compreensão no domínio Audição para fala, do 
que os outros domínios Audição espacial e Qualidades da audição. As questões 
foram bem compreendidas pela maioria dos participantes, que referiam ser 
compatíveis com as situações do seu cotidiano. A análise estatística revelou alto 
coeficiente alpha de Cronbach (>0,9), demonstrando boa consistência interna 
entre os diversos itens do questionário. Demonstrou ser uma valiosa ferramenta 
para avaliar subjetivamente o desempenho comunicativo com e sem próteses 
auditivas. 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. OBJETIVO 
18 
 
 
2.1. Objetivo Geral 
Caracterizar a limitação em atividades/incapacidade auditiva e restrição de 
participação em adultos com perda auditiva, por meio dos questionários SSQ e 
HHIA, verificando se a lateralidade e o grau da perda auditiva são fatores de 
variabilidade. 
 
Objetivos específicos 
1. Caracterizar a limitação em atividades e a restrição de participação em 
adultos por meio da aplicação dos questionários Speech Spatial Qualities 
of Hearing Scale e Hearing Handicap Inventory for Adults. 
2. Verificar se a lateralidade e grau de severidade da perda auditiva são 
fatores de variabilidade. 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. CASUÍSTICA E MÉTODO 
20 
 
O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa 
de São Paulo sob o nº 1.907.162 (Anexo 1). Todos os participantes assinaram o 
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE – Anexo 2) atestando a sua 
participação no trabalho e publicação dos dados obtidos. Os dados foram 
coletados na clínica de Fonoaudiologia da Santa Casa de São Paulo. 
 
Casuística 
Para realização da pesquisa participaram 90 indivíduos, de ambos os 
sexos de acordo com os seguintes critérios de elegibilidade para a composição da 
amostra: idade entre 18 a 59 anos; audição normal ou comperda auditiva 
neurossensorial ou mista, bilateral, de grau leve a profundo, apresentar audição 
normal (média 500, 1000, 2000 e 4000 Hz ≤ 25 dB) ou perda de audição (média 
500, 1000, 2000 e 4000 Hz ≥ 26 dB), conforme classificação da (OMS, 2014); não 
possuir problemas de saúde que impedissem a participação em todas as 
avaliações e procedimentos propostos para a pesquisa; ausência de problemas 
cognitivos, mental ou neurológico diagnosticados, declarados ou evidentes. 
Os indivíduos foram divididos em dois grupos: Grupo Estudo (GE) 
composto por 49 indivíduos com perda auditiva permanente e Grupo Controle 
(GC) com 41 indivíduos com audição normal, todos com idades entre 18 a 59 
anos. 
Para compor o GE, foram convidados a participar do estudo, indivíduos 
adultos encaminhados pelo Departamento de Otorrinolaringologia, para avaliação 
audiológica ou para seleção e adaptação de próteses auditiva. 
Para compor o GC, foram convidados a participar do estudo, alunos de 
graduação do curso da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São 
Paulo e acompanhantes dos indivíduos deficientes auditivos encaminhados para 
avaliação audiológica ou para seleção e adaptação de próteses auditiva. 
 
 
 
 
21 
 
Procedimentos 
Avaliação audiológica 
Inicialmente, todos os indivíduos foram submetidos à Anamnese, para 
obter informações relacionadas a audição, ocupação e escolaridade. Em seguida, 
foram submetidos à Audiometria Tonal Liminar, Logoaudiometria e Medidas de 
Imitância Acústica. 
A audiometria tonal liminar foi realizada com a finalidade de obter os 
limiares de audibilidade por via aérea dos indivíduos nas frequências de 250 Hz a 
8000 Hz. Quando encontrados limiares superiores a 25 dB, foram pesquisados os 
limiares de via óssea nas frequências de 500 Hz a 4000 Hz, caracterizando a 
presença ou não da perda de audição. 
Os testes logoaudiometricos LRF- Limiar de Reconhecimento de fala e IRF- 
Índice de Reconhecimento de fala foram também obtidos. Ambos os 
procedimentos foram realizados em cabina acusticamente tratada com 
audiômetro da marca GN Otometrics, modelo Itera, com fones de via aérea TDH-
39 e vibrador ósseo B- 71. 
As medidas de instância acústica que são a timpanometria, para análise da 
mobilidade do sistema tímpano ossicular, e a pesquisa dos reflexos acústicos 
contralaterais nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, foram obtidas por 
meio do equipamento da marca Interacoustics modelo AZ7-R. 
Todos os equipamentos encontram-se devidamente calibrados de acordo 
com a norma ISO 8253-1, 2010. 
 
Avaliação das limitações em atividades e da restrição de participação 
Para avaliação da incapacidade auditiva foi aplicado em forma de 
entrevista o questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale – SSQ 
(Gatehouse e Noble, 2004), em sua versão 5.6, traduzida e adaptada para o 
português brasileiro (Gonsalez e Almeida, 2015). 
O questionário (anexo III) inclui uma variedade de domínios, como 
situações de audição direcional relacionada a diferentes distâncias e ao 
movimento, segregação de sons e fluxos de vozes simultâneas, facilidade de 
22 
 
escuta, naturalidade e clareza dos sons do cotidiano e de diferentes peças 
musicais e instrumentos. O SSQ é composto por 49 questões, divididas em três 
partes, sendo 14 relacionadas à audição para sons da fala, 17 que investigam 
diferentes componentes da audição espacial e 18 sobre as qualidades da 
audição. 
O pesquisador apresentou oralmente cada questão e os participantes 
pontuaram de 0 a 10 o seu desempenho comunicativo. Sendo que todos foram 
informados de que, na escala de respostas, o 10 significa que são perfeitamente 
capazes de executar o que está descrito na questão e o 0 (zero), que são 
incapazes de realizar a situação investigada. Além disto, existe a opção 
denominada “não aplicável”, nos casos em que a pergunta não se refere a sua 
situação cotidiana vivenciada. Desse modo, quanto menor o índice, maior é a 
auto percepção do indivíduo em relação a incapacidade auditiva nas atividades de 
vida diária, ou seja, maiores são as dificuldades auditivas causadas pela perda 
auditiva. 
Para avaliação da restrição de participação, foi aplicado o questionário The 
Hearing Handicap Inventory for Adults - HHIA (Newman et al, 1990), traduzido e 
adaptado para o português brasileiro (Almeida, 1998) que tem como objetivo 
avaliar o impacto da perda auditiva no ajuste emocional e social do indivíduo. 
O questionário (anexo IV) é composto de 25 questões divididas em duas 
subescalas: Social/Situacional com 12 perguntas, que medem os efeitos da perda 
auditiva em diferentes situações, e Emocional com 13 perguntas, que estimam o 
comportamento e as respostas emocionais do indivíduo em relação à sua perda 
auditiva. 
Os participantes tiveram três possibilidades de resposta: "sim" (4 pontos), 
"às vezes" (2 pontos) e "não" (0 pontos). A pontuação total pode variar entre 0 e 
100 %; divididos entre escala Social/Situacional (0 e 48) e a escala Emocional (0 
e 52). A classificação quanto ao índice obtido indica que de 0 a 16 pontos, não há 
percepção da restrição de participação; de 18 a 40 pontos, percepção de leve a 
moderada da restrição de participação e acima de 40 pontos, percepção 
severa/significativa de restrição de participação. Desse modo, quanto maior o 
índice, maior é a auto percepção do indivíduo em relação ao impacto psicossocial 
23 
 
e emocional da perda auditiva em sua participação nas atividades de vida diária, 
ou seja, maiores são as dificuldades auditivas causadas pela perda auditiva. 
Todos os procedimentos foram realizados em uma mesma sessão, com 
duração média de 40 minutos após a realização da avaliação audiológica. 
 
Análise dos Resultados 
A análise estatística dos resultados, foram realizadas por um estatístico da 
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, através do 
programa SPSS (13.0). 
Os dados obtidos foram compilados e submetidos à análise estatística 
descritiva e inferencial. 
Inicialmente, foi realizada uma análise descritiva para as variáveis 
qualitativas com frequências, no valor absoluto (n) e no valor relativo (%), como: 
escolaridade, tipo de audição, grau da perda e para as variáveis quantitativas 
foram calculadas as medidas de resumo, como o caso da variável idade. 
Levando-se em conta a natureza da distribuição das variáveis 
estudadas, foram utilizados os seguintes testes: 
1) Para variáveis quantitativas foi utilizada a correlação de Pearson ou 
Spearman quando necessário. 
2) Para comparar os domínios do SSQ49 e os tipos de perda foi utilizado o 
teste não paramétrico de Kruskal-Wallis e foram feitas comparações múltiplas 
pelo teste de Mann-Whitney quando necessário. 
Foi adotado o nível de significância p  0,05 para a rejeição da hipótese de 
nulidade. 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. RESULTADOS 
25 
 
Neste capítulo, encontram-se os resultados obtidos na aplicação dos 
questionários Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale – SSQ e Hearing 
Handicap Inventory for Adults – HHIA, traduzidos para o Português Brasileiro. Para 
melhor compreensão dos resultados obtidos, esse capítulo foi organizado nos 
seguintes tópicos: 
4.1 – Caracterização da amostra 
4.2 – Resultados da aplicação dos questionários de auto avaliação 
 
4.1 - Caracterização da amostra 
A amostra do estudo foi composta por 90 adultos, divididos em dois grupos, 
a saber: (GE) composto por 49 indivíduos com perda auditiva permanente (GC) 
com 41 indivíduos com audição normal, com idades entre 18 e 59 anos, de ambos 
os sexos sendo 67 mulheres e 23 homens, conforme demonstrado na Tabela1. 
 
Tabela 1. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com a 
idade e sexo nos GE e GC. (N=90). 
 Masculino Feminino Total 
Idade GE GC GE GC 
 N % N % N % N % N % 
18 ˧ 24 0 0 1 1,1 6 6,7 21 23,3 28 31,1 
25˧ 59 17 18,9 5 5,6 26 28,9 14 15,6 62 69 
Total 17 19 6 6,7 32 35,5 35 38,9 90 100 
Legenda: GE= grupo estudo; GC= grupo controle, N= número de sujeitos. 
 
Nessa tabela, observa-se que os participantes do sexo feminino 
representaram 74,4% da amostra, com proporção similar nos dois grupos, sendo 
que no GC a maior porcentagem foi na faixa entre 18 a 24 anos e no GE na faixa 
entre 25 a 59 anos. 
Na Tabela 2, pode-se verificar a distribuição dos grupos quanto à 
escolaridade em anos de estudo. 
26 
 
Tabela 2. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo 
escolaridade (anos) nos grupos controle e estudo (N=90). 
Escolaridade 
 
GE GC Total 
 
N % N % N % 
S/Escolaridade 2 2,2 2 2,2 4 4,4 
1 ˧ 9 24 26,6 2 2,2 26 28,9 
10 ˧ 12 18 20 7 7,8 25 27,8 
13 ˧ 16 5 5,6 30 33,3 35 38,9 
Total 49 54,4 41 45,6 90 100 
 Legenda: GE= grupo estudo; GC= grupo controle, N= número de sujeitos. 
 
Quanto à escolaridade, observa-se uma distribuição equilibrada entre os 
indivíduos do GE, já no GC houve predominância de indivíduos com mais de 13 
anos de estudo. 
A seguir, apresenta-se a distribuição dos indivíduos, de acordo com audição 
normal, perda auditiva unilateral e perda auditiva bilateral (tabela 3). 
Tabela 3. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com 
as características da audição – normal e lateralidade da perda auditiva (N=90). 
 GC GE Total 
Audição N % N % N % 
Normal 41 45,6 0 0 41 45,6 
Perda unilateral 0 0 15 16,7 15 16,7 
Perda bilateral 0 0 34 37,8 34 37,8 
Total 41 45,6 49 54,5 90 100 
 Legenda: N= número de sujeitos. 
 
Na tabela 4, demonstra-se a distribuição dos indivíduos do grupo estudo 
(GE), de acordo com o grau de perda auditiva. 
27 
 
Tabela 4. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo (GE), de acordo 
com o grau de perda auditiva (N=49). 
Perda auditiva 
Grau 
Orelha direita Orelha esquerda Total 
N % N % N % 
Leve 8 9,6 6 7,2 14 16,9 
Moderada 22 26,5 18 21,7 40 48,2 
Severa 8 9,6 13 15,7 21 25,3 
Total 42 50,6 41 49,4 83 100 
Legenda: N= número de sujeitos. 
 
 
4.2 - Resultados da aplicação dos questionários de auto avaliação 
 
A seguir, demonstram-se na tabela 5 e figura 1, 2 e 3 a distribuição dos 
indivíduos que participaram do estudo, de acordo com o grupo sem perda auditiva 
(GC) e com perda auditiva (GE). 
Tabela 5. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com o 
grupo sem perda auditiva (GC) e com perda auditiva (GE) (N=90). 
SSQ Grupo Média Mediana DP Mínimo Máximo P* 
Audição para Fala 
Com 
Perda 4,9 5,1 2,1 0,6 8,7 
< 0,001 
* 
Sem 
Perda 7,6 8,1 1,5 4,5 9,6 
Audição Espacial 
Com 
Perda 4,7 4,9 2,4 0 9 
< 0,001 
** 
Sem 
Perda 8,1 8,9 1,9 2,9 9,9 
Qualidade da Audição 
Com 
Perda 6 6,2 2,1 0 9,6 
< 0,001 
** 
Sem 
Perda 8,8 9,3 1,4 3,5 9,9 
*t-Student /**Mann 
Whitney 
 
 
Pode-se observar a ocorrência de significância estatística nos três domínios 
do questionário SSQ, na comparação dos grupos sem perda auditiva e com perda 
auditiva. 
28 
 
 
Figura 1. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição para 
Fala) segundo GE e GC (N=90). 
 
Figura 2. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição 
Espacial) segundo GE e GC (N=90). 
29 
 
 
Figura 3. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Qualidade da 
Audição) segundo GE e GC (N=90). 
A seguir, demonstram-se na tabela 6 e figura 4 os valores médios, mediana, 
desvio padrão, mínimo e máximo obtidos na aplicação do questionário SSQ por 
domínio, no GC (audição normal) e GE (perda auditiva). 
Tabela 6. Distribuição das respostas ao questionário SSQ por domínio segundo 
audição normal, perda auditiva unilateral e bilateral (N=90). 
Domínio Tipo de audição Média Mediana DP Mínimo Máximo p * 
Audição 
para 
Fala 
Normal 7,6 8,1 1,5 4,5 9,6 
< 0,001 Perda unilateral 5,6 5,9 1,6 3,3 8,4 
Perda bilateral 4,6 4,7 2,2 0,6 8,7 
Audição 
para 
Espacial 
Normal 8,1 8,9 1,9 2,9 9,9 
< 0,001 Perda unilateral 5 5,1 2,1 1,7 8,1 
Perda bilateral 4,6 4,9 2,6 0 9 
Qualidades 
da 
Audição 
Normal 8,8 9,3 1,4 3,5 9,9 
< 0,001 Perda unilateral 6,5 6,6 2,2 0,9 8,8 
Perda bilateral 5,7 5,7 2,1 0 9,6 
* Teste de Kruskal-Wallis 
30 
 
 
Figura 4 – Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio segundo 
audição normal, perda auditiva unilateral e bilateral (N=90). 
 
Observa-se que, o grupo com audição normal (GC) apresentou pontuações 
mais elevadas nos três domínios do questionário SSQ. No grupo com perda 
auditiva, indivíduos com perdas auditivas unilaterais tiveram índices maiores que os 
com perda auditiva bilateral. 
Na tabela 7 e figura 5, 6 e 7 demonstram-se os valores médios, mediana, 
desvio padrão, mínimo e máximo obtidos na aplicação do questionário SSQ por 
domínio, de acordo com a lateralidade da perda auditiva. 
 
 
 
 
 
31 
 
Tabela 7. Distribuição das respostas ao questionário SSQ por domínio nos GE 
segundo a lateralidade da perda auditiva (N=49). 
SSQ Grupo Média Mediana DP Mínimo Máximo P* 
Audição para Fala Unilateral 5,6 5,9 1,6 3,3 8,4 
0,126 Bilateral 4,6 4,7 2,2 0,6 8,7 
Audição Espacial Unilateral 5 5,1 2,1 1,7 8,1 
0,605 Bilateral 4,6 4,9 2,6 0 9 
Qualidades da Audição Unilateral 6,5 6,6 2,2 0,9 8,8 
0,132 Bilateral 5,7 5,7 2,1 0 9,6 
* t-Student / ** Mann-Whitney 
 
Verificou-se que os valores médios não apresentaram diferenças para os 
três domínios, sendo assim não houve significância entre a lateralidade da perda 
auditiva e os domínios do questionário SSQ. 
A seguir, o Box Plot apresenta as diferenças encontradas entre os domínios 
do questionário SSQ, segundo a lateralidade da perda auditiva. 
 
Figura 5. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição para 
Fala), perda de audição unilateral e bilateral (N=49). 
 
 
 
32 
 
 
Figura 6. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição 
Espacial), perda de audição unilateral e bilateral (N=49). 
 
Figura 7. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Quantidade da 
Audição), audição unilateral e bilateral (N=49). 
 
 
 
33 
 
Na tabela 8 demonstra-se os valores médios, mediana, desvio padrão, 
mínimo e máximo obtidos na aplicação do questionário SSQ por domínio, de 
acordo com o grau da perda auditiva. 
 
Tabela 8. Distribuição das respostas ao questionário SSQ por domínio de acordo 
com o grau de perda auditiva (N=90). 
Domínio 
Grau da 
Perda Média Mediana DP Mínimo Máximo p * 
Audição 
Fala 
Normal 7,6 8,1 1,5 4,5 9,6 
< 0,001 
Leve 5,3 4,6 2,1 3,1 8,4 
Moderada 4,8 5,3 2,1 0,6 8,7 
Severa 4,1 4,5 2,2 0,9 6,5 
Audição 
Espacial 
Normal 8,1 8,9 1,9 2,9 9,9 
< 0,001 
Leve 4,9 5,1 2,7 1,1 8,9 
Moderada 4,9 5,1 2,2 0 8 
Severa 4,0 3 2,7 1,1 9 
Qualidade 
Normal 8,8 9,3 1,4 3,5 9,9 
< 0,001 
Leve 6,5 5,7 1,7 4,5 9,6 
Moderada 6,0 6,2 2,1 0 8,8 
Severa 4,8 4,6 2,8 0,9 9,2 
* Teste de Kruskal-Wallis. Legenda: DP= desvio padrão 
 
Verificou-se que os valores médios apresentaram diferenças para os três 
domínios, entre os grupos (audição normal e perda auditiva leve), (audição normal 
e perda auditiva moderada) e (audição normal e perda auditiva severa). 
Na tabela 9 e figura 8 verifica-se as comparações múltiplas entre o GC e os 
graus de perda auditiva no GE.34 
 
Tabela 9. Respostas ao questionário SSQ por domínio de acordo com o grau de 
perda auditiva (N=90). 
Comparações Fala Espacial Qualidade 
Normal X Leve 0,001 <0,001 < 0,001 
Normal X Moderada < 0,001 < 0,001 < 0,001 
Normal X Severa 0,001 0,001 0,001 
Leve X Moderada 0,555 0,988 0,639 
Leve X Severa 0,318 0,65 0,103 
Moderada X Severa 0,549 0,263 0,207 
* Teste Mann-Whitney 
 
 Após as comparações múltiplas, verificou-se que houve significância 
apenas para o grupo com a audição normal (GC) em relação aos grupos com 
perda auditiva (GE). 
 
Figura 8. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio e grau de perda 
(N=90). 
 
Na tabela 10 e figuras 9, 10 e 11 verificam-se as comparações múltiplas 
entre os graus de perda auditiva no GE. 
35 
 
Tabela 10. Respostas ao questionário SSQ por domínio de acordo com o grau de 
perda auditiva (N=49). 
SSQ Grau da Perda Média Mediana DP Mínimo Máximo p * 
Fala 
Leve 5,3 4,6 2,1 3,1 8,4 
0,616 Moderada 4,8 5,3 2,1 0,6 8,7 
Severa 4,1 4,5 2,2 0,9 6,5 
Profunda 6,6 6,6 2,6 4,8 8,4 
Espacial 
Leve 4,9 5,1 2,7 1,1 8,9 
0,612 Moderada 4,9 5,1 2,2 0,0 8,0 
Severa 4,0 3,0 2,7 1,1 9,0 
Profunda 4,0 4,0 3,2 1,7 6,3 
Qualidade 
Leve 6,5 5,7 1,7 4,5 9,6 
0,293 Moderada 6,0 6,2 2,1 0,0 8,8 
Severa 4,8 4,6 2,8 0,9 9,2 
Profunda 7,3 7,3 1,4 6,4 8,3 
* Teste Kruskall-Wallis 
 
Observa-se que, não houve significância na relação grau de perda auditiva e 
domínios do SSQ. A seguir, podemos verificar o Box Plot, das respostas do 
questionário SSQ, por domínio de acordo com o grau de perda auditiva. 
 
 
Figura 9. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição para 
Fala) segundo o grau de perda auditiva (N=49). 
 
36 
 
 
Figura 10. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Audição 
Espacial) segundo o grau de perda auditiva (N=49). 
 
 
 
Figura 11. Box Plot das respostas ao questionário SSQ por domínio (Qualidade da 
Audição) segundo o grau de perda auditiva (N=49). 
 
A seguir, na tabela 11 e figura 12 apresentam-se a estatística descritiva 
(média, mediana, desvio padrão, mínimo, máximo e valor de p*) do questionário 
HHIA entre os indivíduos do GE e GC. 
37 
 
Tabela 11. Respostas ao questionário HHIA de acordo com GE e GC (N=68). 
Grupo Média Mediana DP Mínimo Máximo p * 
GE 57,2 58 31,2 4 100 
< 0,001 
GC 10,7 4 19,5 0 96 
* Teste Mann-Whitney 
Legenda: DP – desvio padrão; GE – grupo estudo, GC – grupo controle. 
 
 
Houve significância na relação grupo estudo (GE) versus grupo controle 
(GC), nas respostas do questionário HHIA. 
 
 
Figura 12. Box Plot das respostas ao questionário HHIA de acordo com o GE e GC 
(N=68). 
 
Observa-se que o GE apresentou piores respostas em relação ao GC. 
A seguir, na tabela 12 e figura 13 apresentam-se a estatística descritiva 
(média, mediana, desvio padrão, mínimo, máximo e valor de p*) do questionário 
HHIA entre os indivíduos do GE. 
 
 
38 
 
Tabela 12. Respostas ao questionário HHIA de acordo com a população bilateral. 
Audição Média Mediana DP Mínimo Máximo p* 
HHIA Unilateral 43,8 30,0 33,8 4,0 98,0 0,044 
 Bilateral 66,7 74,0 25,7 28,0 100,0 
*Mann-Whitney 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13. Box Plot das respostas ao questionário HHIA de acordo com a 
audição do GE. 
 
Após a comparação da lateralidade no (GE), verificou-se que houve 
significância entre as respostas do questionário HHIA, como podemos visualizar na 
(Tabela 12) e na (Figura 14). 
Na (tabela 13) visualiza-se os valores em porcentagem quanto ao grau da 
perda auditiva, na qual observa-se significância dos valores entre GE e GC. 
 
39 
 
Tabela 13. Respostas ao questionário HHIA de acordo com o grau de perda 
auditiva. 
Grau de Perda Média Mediana DP Mínimo Máximo p * 
Normal (GC) 10,7 4 19,5 0 96 
< 0,001 
Leve (GE) 46 44 28,9 4 96 
Moderada (GE) 56,7 71 33,6 6 98 
Severa (GE) 78,8 88 19,5 58 100 
* Teste de Kruskal-Wallis 
Legenda: DP – desvio padrão; GE – grupo estudo, GC – grupo controle. 
 
 
Houve significância na relação grupo com audição normal (GC) versus 
grupos com diferentes graus de perda auditiva (GE). Na comparação entre os 
graus de perda auditiva, somente o grau leve versus grau severo, foi significante. 
A seguir será apresentado o Box Plot com os resultados obtidos na 
aplicação do questionário HHIA para melhor visualização (Figura 14). 
 
 
Figura 14. Box Plot das respostas ao questionário HHIA segundo o grau de perda 
auditiva. 
40 
 
A seguir, na tabela 14 e figura 15 apresentam-se as correlações dos 
questionários HHIA e SSQ. 
Tabela 14. Correlação de Pearson para as respostas dos questionários HHIA e 
SSQ. 
Correlação de Pearson p r 
HHIA x Audição para Fala < 0,001 -0,676 
HHIA x Audição Espacial 0,002 -0,547 
HHIA x Qualidades da Audição < 0,001 -0,697 
 
Houve correlações negativas de grau moderado para os três domínios, 
sendo mais fraca delas para o domínio Audição Espacial. 
A seguir, nos Scatter Plot apresentam-se as correlações encontradas entre 
os domínios do questionário SSQ versus o questionário HHIA. 
 
 
Figura 15. Scatter Plot das respostas aos questionários HHIA e SSQ por domínio 
Audição para Fala (A), Audição Espacial (B) e Qualidade da Audição (C). 
 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. DISCUSSÃO 
42 
 
A discussão foi organizada de maneira a relacionar os achados deste estudo 
com aqueles dos autores referidos anteriormente, seguindo a mesma divisão 
apresentada nos resultados para o estabelecimento de possível relações entre os 
dados e pretendendo cumprir os objetivos do estudo. 
Seguindo a mesma disposição utilizada para expor os resultados, 
dividiremos este capítulo em duas partes distintas, a saber: 
 
5.1 - Caracterização da amostra 
5. 2 – Discussão dos resultados da aplicação dos questionários de auto 
avaliação 
 
5. 1 - Caracterização da amostra 
 
A amostra foi composta por 90 indivíduos adultos, divididos em dois grupos: 
Grupo Estudo (GE) composto por 49 indivíduos com perda auditiva permanente e 
Grupo Controle (GC) com 41 indivíduos com audição normal. 
Para caracterizar a amostra, utilizou-se a análise estatística quantitativa, os 
grupos foram analisados quanto a idade, sexo e escolaridade; e comparados 
quanto a audição (normal, perda auditiva unilateral e bilateral) e grau de perda 
auditiva. 
Em relação a faixa etária (Tabela 1), a amostra foi composta por indivíduos 
com idades entre 18 a 59 anos. A maioria dos participantes do estudo estavam na 
faixa etária de 25 a 59 anos, sendo 47,8% do grupo com a perda auditiva. 
Ainda que não tenha sido objeto de nosso estudo, é importante destacar que 
há evidencias de que os índices do SSQ sejam afetados pela idade dos 
respondentes. Uma vez que adultos jovens (idade média de 19 anos) tiveram 
escores significantemente mais elevados que idosos com idade média de 70 anos 
(Banh et al, 2012). 
 
43 
 
Quanto ao sexo dos participantes (Tabela 1), houve predominância do sexo 
feminino 74,4%, em ambos os grupos. 
Os indivíduos foram classificados quanto a escolaridade em quatro 
categorias: “sem escolaridade” quando os indivíduos nunca frequentaram escola, 
“1 a 9 anos de estudos” para os indivíduos que cursaram o ensino fundamental, “10 
a 12 anos de estudos” para os indivíduos que cursaram o ensino médio e “acima 
de 13 anos de estudos” os indivíduos com nível superior. Houve uma distribuição 
equilibrada dos níveis de escolaridade entre os indivíduos do GE (Tabela 2), 
enquanto que no GC houve predominância de indivíduos com mais de 13 anos de 
estudo.Como foi utilizada uma amostra de conveniência, verificou-se uma 
discrepância entre grupos nesse quesito. 
Todos os participantes foram submetidos à audiometria tonal liminar, 
logoaudiometria e medidas de imitância acústica, apresentando audição normal 
(média 500, 1000, 2000 e 4000 Hz ≤ 25 dB) ou perda de audição (média 500, 1000, 
2000 e 4000 Hz ≥ 26 dB), conforme classificação da (OMS, 2014). Observou-se 
que 37,8% do GE apresentaram perda auditiva bilateral e 16,7% com perda 
auditiva unilateral (Tabela 3). No que se refere ao grau de perda auditiva, a maioria 
dos indivíduos 48,2% apresentaram grau moderado, 25,3% grau severo e 16,9% 
com grau leve (Tabela 4). 
 
5. 2 - Aplicação dos questionários de auto avaliação. 
A audição é um dos principais sentidos para os seres humanos, além de nos 
manter em estado de vigília, possibilita a interação com nossos pares por meio da 
comunicação oral. Dentre as principais consequências da deficiência auditiva, 
podemos encontrar a limitação em atividades e restrição de participação, sendo 
que a limitação em atividades está relacionada à falta de habilidade para a 
percepção de fala em ambientes ruidosos e a restrição de participação, que está 
ligada ao quanto a deficiência impede o indivíduo de desempenhar suas atividades 
em sociedade (Gonsalez e Almeida,2017). Nesse estudo, avaliou-se a limitação em 
atividades usando o questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale - 
SSQ e a restrição de participação com o questionário HHIA. 
44 
 
O SSQ tem sido usado mundialmente e foi desenvolvido com o objetivo de 
caracterizar a relação da deficiência e os prejuízos da experiência auditiva em uma 
variedade de situações complexas de escuta do cotidiano. É um instrumento de 
auto avaliação do indivíduo em uma variedade de domínios como situações de 
audição direcional relacionada a diferentes distâncias e ao movimento, segregação 
de sons e fluxos de vozes simultâneas, facilidade de escuta, naturalidade e clareza 
dos sons do cotidiano e de diferentes peças musicais e instrumentos (Gatehouse, 
Noble, 2004; Singh, Pichora-Fuller, 2010; Banh et al, 2012; Dwyer, 2014; Moulin, 
Richard, 2016). 
O SSQ foi aplicado em todos os indivíduos, e analisados comparativamente 
os índices obtidos no Grupo Estudo (GE) e Grupo Controle (GC). As médias do GE 
para os domínios Audição para fala, Audição Espacial e Qualidade da Audição 
foram respectivamente 4,9; 4,7 e 6. Enquanto que para o GC as médias foram 7,6; 
8,1 e 8,8. Observou-se significância estatística (< 0,001) nos três domínios do 
questionário, demonstrando que as pontuações do SSQ foram inferiores nos 
indivíduos com perda auditiva. Resultados similares foram observados em outros 
estudos, ou seja, foram obtidos índices piores em todas as questões do SSQ, no 
grupo com perda auditiva em relação ao grupo com audição normal (Gatehouse, 
Noble, 2004; Gonsalez, Almeida, 2017). 
Ao analisarmos a pontuação em cada domínio do SSQ comparando o 
grupo com audição normal versus grupo com perda de audição considerando a 
lateralidade da perda auditiva - bilateral e unilateral - observou-se significância 
estatística nos três domínios (< 0,001), sendo que o grupo com audição normal 
apresentou pontuações mais elevadas nos três domínios em comparação aos 
grupos com perda auditiva tanto bilateral quanto unilateral. Quando comparados os 
escores dos indivíduos com perda auditiva bilateral versus perda auditiva unilateral, 
não foi observada significância estatística para nenhum dos três domínios do 
questionário (p ≤ 0,126), (p ≤ 0,605) e (p ≤ 0,132), ainda que as pontuações dos 
indivíduos com perda auditiva unilateral tenham sido melhores que a dos com 
perda auditiva bilateral. Esse fato não foi observado em estudo que avaliou os 
efeitos auditivos na comunicação diária utilizando os dominios do SSQ, audição 
espacial e qualidade da audição para comparar o desempenho de indivíduos 
45 
 
adultos com perdas auditivas unilaterais. Os autores concluiram que os adultos 
dependentes de uma única orelha, estão em desvantagem em todos os aspectos 
da audição e comunicação diária (Dwier et al, 2014). 
É importante ressaltar que ainda que os escores tenham sido melhores que 
nas perdas auditivas bilaterais, a perda auditiva unilateral pode estar associada a 
consequências negativas, independentemente do suporte tecnológico, como o uso 
de uma prótese auditiva. O gerenciamento audiológico desses indivíduos deve 
apoiar o desenvolvimento de estratégias de escuta e estabelecer expectativas 
adequadas para a participação em situações de audição diárias (Lucas et al, 2017). 
Os sujeitos com assimetrias na audição podem apresentar déficits auditivos 
binaurais que impõem desvantagens em sua qualidade de vida cotidiana (Vannson 
et al, 2015). 
Ao analisarmos por meio de comparações múltiplas os graus de perda 
auditiva versus audição normal, verificou-se significância estatística apenas para o 
grupo com audição normal em relação aos grupos com perda auditiva nos três 
domínios do questionário SSQ (p < 0,001). Quando foi analisado se haveria 
diferença nos escores do questionário SSQ considerando apenas os diferentes 
graus de perda auditiva, verificou-se que não houve significância em nenhum dos 
três domínios do questionário (p 0,639; 0,103; 0,207). Esperava-se encontrar maior 
limitação de atividades (incapacidades) quanto mais severa fosse a perda auditiva. 
Os resultados desse estudo demonstram, que independentemente do grau da 
perda auditiva, haverá uma limitação auditiva que interferirá em suas atividades de 
vida diária. 
Como o SSQ é um questionário de uso recente em nossa realidade, 
importante destacar que o mesmo se mostrou de fácil compreensão e 
aplicabilidade clínica, como já demonstrado na literatura (Banh, 2012; Gonsalez, 
Almeida, 2015). Em nossa pesquisa, 90% dos participantes não apresentaram 
dificuldades para compreender as perguntas do questionário. Apenas dez 
participantes do GE usaram a opção “não se aplica”, sendo que desse total, sete 
participantes tiveram dificuldades para compreender as questões 15 e 16 do 
domínio Audição Espacial. Os questionários são instrumentos de autorrelato, sus-
cetíveis a erros aleatórios inerentes às avaliações subjetivas. Quanto menor a 
46 
 
ocorrência destes erros e maior a estabilidade das respostas entre itens, maior é a 
precisão nas medições e, consequentemente, maior a confiabilidade do 
instrumento (Gonsalez, Almeida, 2017). 
A aplicação do questionário foi realizada em forma de entrevista e teve um 
tempo médio de 40 minutos, fato que pode desmotivar o uso da ferramenta por 
parte dos profissionais. Outros estudos evidenciaram que o tempo de aplicação do 
questionário é um fator importante para determinar a sua utilização em ambiente 
clínico. Há versões reduzidas do SSQ que podem ser utilizadas na prática clínica e 
já traduzidas para o português brasileiro (Gonsalez e Almeida, 2017). Também foi 
sugerido o uso da forma autoadministrada, ou seja, o próprio participante responde 
e marca seu escore na escala, o que diminuiria significativamente o tempo de 
aplicação, podendo ser de no mínimo 14 minutos e no máximo 40 minutos (Singh, 
Pichora-Fuller, 2010; Aguiar, 2016). 
A deficiência sensorial pode levar indivíduos com deficiência auditiva, a se 
isolarem, o que leva a depressão, irritabilidade e sentimentos de inferioridade. O 
gerenciamento audiológico desses indivíduos deve apoiar o desenvolvimento de 
estratégias de escuta e estabelecer expectativas adequadas para a participação 
em situações de audição diárias (Monzani et al, 2008; Francelin et al, 2010; 
Vannson et al, 2015; Lucas et al, 2017). 
Com objetivo de caracterizar a restrição de participação utilizou-se o Hearing 
Handicap Inventory for Adults – HHIA (Newman, 1990). Tal questionário em sua 
versão em portugues brasileiro possui

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