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Aula 12 Obras em Talude com Estruturas de Contenção (Muros de Arrimo) Prof. Danilo Bernardes Lourenço Disciplina: Obras de terra Definição Muros são estruturas corridas de contenção de parede vertical ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda. Podem ser construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou ainda, de elementos especiais. Os muros de arrimo podem ser de vários tipos: gravidade (construídos de alvenaria, concreto, gabiões ou pneus), de flexão (com ou sem contraforte) e com ou sem tirantes. Utiliza-se uma estrutura de arrimo quando se deseja manter uma diferença de nível na superfície do terreno, e o espaço disponível não é suficiente para vencer o desnível através de taludes. Sempre que se deseje vencer um desnível e não houver espaço para construção de um talude, ou ainda, quando se deseje efetuar aberturas no terreno natural, para implantação de galerias, por exemplo, há a necessidade de construir estruturas de suporte que impeçam o desmoronamento do terreno. A estrutura pode ser temporária ou permanente: Estruturas de Arrimo Temporárias Necessária pra permitir a construção de uma estrutura enterrada, como escoramentos de vales, na qual a escavação é feita em seguida escorada. Na medida que se processa a escavação, completa-se a estrutura com os elementos adicionais, como: pranchões de madeira, estroncas, tirantes etc. Completada a obra procede-se o reaterro da escavação, e os elementos utilizados no escoramento podem ser retirados e reaproveitados. Estrutura temporária, necessária para contenção de taludes. Nos escoramentos de valas as pressões laterais que o maciço aplica sobre uma das paredes de arrimo são transferidas para a outra parede, através das estroncas, e equilibrada pelas pressões que o maciço exerce sobre esta outra. Não existindo essa possibilidade, com por exemplo a largura da escavação é muito grande, pode se utilizar tirantes no próprio maciço, atrás da estrutura. Diagramas de pressões laterais exercidas sobre o maciço de solo. Execução de estrutura atirantada para contenção em taludes Estruturas de Arrimo Permanentes Quando a escavação é feita inicialmente, correspondendo a um volume maior que o determinado pelas dimensões externas da estrutura, sendo o excesso preenchido com reaterro após a conclusão da estrutura. Os muros de arrimo são casos típicos de estruturas permanentes. Se a escavação for realizada abaixo do lençol d’água deve ser providenciado o seu rebaixamento e, quando for necessário diminuir as pressões da água sobre a estrutura definitiva, constroi-se um dreno junto ao tardoz de muro de arrimo. Estrutura permanente, executada para contenção de encostas. Desde a antiguidade, homem construía estruturas de arrimo para proteger as obras em encostas. Em muitas ruínas de obras antigas podem ser encontrados muros construídos de blocos de pedra ou tijolos rejuntados com argamassa, realmente exercendo funções de reação aos empuxos do solo. Trata-se sempre de muros tipo “gravidade”, isto é, aqueles nos quais a reação ao empuxo do solo é proporcionada pelo peso do muro e pelo atrito em sua fundação. Os muros de arrimo dependem basicamente de seu peso para manter a estabilidade, isto é, não se desenvolvem tensões de tração. Tipos de Muros de Arrimo Muros de Gravidade são estruturas corridas que se opõem aos empuxos horizontais pelo peso próprio. Geralmente, são utilizadas para conter desníveis pequenos ou médios, inferiores a cerca de 5m. Os muros de gravidade podem ser construídos de pedra ou concreto (simples ou armado), gabiões ou ainda, pneus usados. Para se equilibrar a resultante lateral das pressões que provocam o empuxo de terra, torna-se necessário fazer com que as cargas verticais sejam pelo mens iguais ao dobro da grandeza do empuxo. Isto somente poderá ser obtido, em se tratando de muros de arrimo, contando-se com o peso próprio do muro, ou então com parte do peso próprio de terra, responsável pela carga lateral. No primeiro caso temos o tipo por gravidade, estrutura maciça ou ciclópica, e no segundo caso estrutura elástica, de concreto armado. Muro de Arrimo Perfil Retangular: Muro de Arrimo Perfil Trapezoidal: Muro de Arrimo com Perfil Trapezoidal (alvenaria de Pedra). Muro de Arrimo com Perfil Escalonado. Muros de Arrimo Tipo Gravidade São Assim chamados os muros de arrimo maciço, cuja estabilidade é derivada do peso próprio. Geralmente são construídos de pedra argamassada ou concreto ciclópico e tem seção transversal de forma trapezoidal. Constituem um dos tipos mais antigos e comuns, sendo também os mais econômicos em grande número de casos. Exigem bom terreno de fundação, drenagem eficiente e prevenção contra a tendência ao deslizamento. São especialmente econômicos para alturas modestas e situações onde há disponibilidade de pedras e mão de obra comum. A implantação destes muros a meia encosta ou em locais onde haja possibilidade de erosão sob a base, deve ser cuidadosamente considerada. O princípio de funcionamento é único, consistindo na utilização do peso do muro para suportar os esforços (empuxos) do maciço. O dimensionamento é feito visando assegurar que o atrito entre o solo e a base do muro evite o deslizamento da obra. Além disso deve ter uma geometria que evite o seu tombamento (rotação em torno de uma aresta da base) e deve transmitir a fundação uma tensão não superior a tensão admissível do solo. Os muros de gravidade são utilizados preferencialmente para solicitações reduzidas. À medida que os esforços solicitantes crescem, o acréscimo de custo da estrutura é proporcionalmente maior. Existe a terminologia de muros de gravidade aliviada. É quando a seção do muro é reduzida, para diminuir o consumo de material (concreto), sendo, entretanto introduzida alguma armação, para absorver os esforços de tração que aparecem, e uma sapata na base do mesmo. Muros de Alvenaria de Pedra ► Os muros de alvenaria de pedra são os mais antigos e numerosos. Atualmente, devido ao custo elevado, o emprego da alvenaria é menos frequente, principalmente em muros com maior altura. ► No caso de muro de pedras arrumadas manualmente, a resistência do muro resulta unicamente do embricamento dos blocos de pedras. Este muro necessita de dimensões regulares para a sua estabilidade, o que acarreta diminuição do atrito entre as pedras Vantagens: ► simplicidade de construção; ► dispensa de dispositivos de drenagem, pois o material do muro é drenante; ► custo reduzido, especialmente quando os blocos de pedras são disponíveis no local. ► No entanto, a estabilidade interna do muro requer que os blocos tenham dimensões aproximadamente regulares, o que causa um valor menor do atrito entre as pedras. ► Muros de pedra sem argamassa devem ser recomendados unicamente para a contenção de taludes com alturas de até 2m (ideal até 1,5m). A base do muro deve ter largura mínima de 0,5 a 1,0m e deve ser apoiada em uma cota inferior à da superfície do terreno, de modo a reduzir o risco de ruptura por deslizamento no contato muro- fundação. Muros de Alvenaria de Pedra ou Pedra Argamassada Quanto a taludes de maior altura (cerca de uns 3m), deve- se empregar argamassa de cimento e areia para preencher os vazios dos blocos de pedras. Neste caso, podem ser utilizados blocos de dimensões variadas. A argamassa provoca uma maior rigidez no muro, porém elimina a sua capacidade drenante. É necessário então implementar os dispositivos usuais de drenagem de muros impermeáveis, tais como dreno de areia ou geossintético no tardoz e tubos barbacãs para alívio de poropressões na estrutura de contenção. Muros de Alvenaria de Pedra Muros de Alvenaria de Pedra Muros de Alvenaria de Pedra Murosde concreto ciclópico ou concreto gravidade Estes muros são em geral economicamente viáveis apenas quando a altura não é superior a cerca de 4 metros. O muro de concreto ciclópico é uma estrutura construída mediante o preenchimento de uma fôrma com concreto e blocos de rocha de dimensões variadas. Devido à impermeabilidade deste muro, é imprescindível a execução de um sistema adequado de drenagem. A sessão transversal é usualmente trapezoidal, com largura da base da ordem de 50% da altura do muro. A especificação do muro com faces inclinadas ou em degraus pode causar uma economia significativa de material. Para muros com face frontal plana e vertical, deve-se recomendar uma inclinação para trás (em direção ao retroaterro) de pelo menos 1:30 (cerca de 2 graus com a vertical), de modo a evitar a sensação ótica de uma inclinação do muro na direção do tombamento para a frente. Os furos de drenagem devem ser posicionados de modo a minimizar o impacto visual devido às manchas que o fluxo de água causa na face frontal do muro. Alternativamente, pode-se realizar a drenagem na face posterior (tardoz) do muro através de uma manta de material geossintético (tipo geotêxtil). Neste caso, a água é recolhida através de tubos de drenagem adequadamente posicionados. Muros de concreto ciclópico ou concreto gravidade Muros de concreto ciclópico ou concreto gravidade Muros de Gabião ► Os muros de gabiões são constituídos por gaiolas metálicas preenchidas com pedras arrumadas manualmente e construídas com fios de aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção. As dimensões usuais dos gabiões são: comprimento de 2m e seção transversal quadrada com 1m de aresta. No caso de muros de grande altura, gabiões mais baixos (altura = 0,5m), que apresentam maior rigidez e resistência, devem ser posicionados nas camadas inferiores, onde as tensões de compressão são mais significativas. A rede metálica que compõe os gabiões apresenta resistência mecânica elevada. No caso da ruptura de um dos arames, a dupla torção dos elementos preserva a forma e a flexibilidade da malha, absorvendo as deformações excessivas. O arame dos gabiões é protegido por uma galvanização dupla e, em alguns casos, por revestimento com uma camada de PVC. Esta proteção é eficiente contra a ação das intempéries e de águas e solos agressivos (Maccaferri, 1990). As principais características deste tipo de muro são: flexibilidade, que permite que a estrutura se acomode a recalques diferenciais e a permeabilidade; possibilidade de utilização de material local; capacidade auto drenante; facilidade de implantação em locais de difício acesso; baixa rigidez; adaptações de fundações deformáveis, inaceitáveis no caso de muros rígidos. São geralmente utilizados para pontes, e podem ser facilmente construídos dentro d’água. Muros de Gabião Muros de Gabião Muros de Gabião Muros de Gabião Conceito Esse método surgiu para melhorar o uso de concreto e aço, barateando o processo. São estruturas formadas por módulos que se encaixam e se sobrepõem, em forma de “fogueiras” justapostas e interligadas longitudinalmente, cujo espaço interno é preenchido com material granular graúdo resistente. Podem ser de: Elementos pré-moldados de concreto; madeira ou aço. Muros em fogueira (“crib wall”) MÉTODO/TÉCNICA CONSTRUTIVA 1. Peças: a) Existem vários tipos, desde as mais artesanais em madeira justaposta, até barras encaixáveis de concreto pré-moldado; b) As peças devem ser montadas em formas com bom acabamento e durabilidade para maior rapidez de fabricação e melhor aspecto da obra. 2. Execução dos módulos: a) Os módulos, ou grades, são montados atentando para o alinhamento e amarrações ou encaixes das peças definidas em projeto; b) As peças são sobrepostas e, os módulos, justapostos em forma de fogueira; c) Em obras de contenção definitiva, devem ser usadas mantas geotêxteis entre a estrutura e o maciço natural, para o aumento de segurança e controle dos esforços; d) A montagem pode ser feita em encosta bastante íngremes e pouco estáveis, e a estrutura pode alcançar grandes alturas (superiores a 15 m), devendo ser respeitada uma certa inclinação; e) O sistema pode ser montado e remontado, sendo bastante útil para muros de obras; 3. Preenchimento: a. O espaço interno dos módulos é preenchido com material granular graúdo, o qual é compactado; b. No preenchimento pode ser usado solo, entulho ou, preferencialmente, blocos de rocha ou seixos (fragmento mineral ou de rocha menor do que o bloco ou calhau, mas maior que o grânulo); c. O material de preenchimento garante a resistência a compressão, ao cisalhamento e ao peso da estrutura. Cuidados Gerais na Execução 1. Montagem dos módulos, para que fiquem firmes e com o alinhamento correto; 2. Material de preenchimento, que deve ser resistente; 3. Deve-se prestar atenção na amarração das peças. Propriedades 1. Podem ser utilizados tanto em taludes de corte como em aterros, sendo uma solução comum em obras rodoviárias; 2. É uma estrutura barata, que pode ser construída com materiais locais; 3. Um aspecto positivo é que entre os módulos e os blocos que enchem o crib-wall, pode-se plantar vegetações ornamentais, permitindo que a estrutura se integre ao meio ambiente e deixe de ser visualmente agressiva, além de contribuir para a estabilidade e segurança da estrutura através do enraizamento das vegetações em estrutura permanentes; 4. São estruturas capazes de se acomodarem a recalques das fundações e funcionam como muros de gravidade; 5. Promovem um bom escoamento. Materiais Utilizados • Concreto armado (cimento, água, brita, aço para armadura); • Perfis de aço; • Perfis de madeira; • Blocos de rocha; • Seixos; • Vegetação. Muros em fogueira (“crib wall”) Muros em fogueira (“crib wall”) Muros em fogueira (“crib wall”)
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