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N O V A V E R S à O I N T E R N A C I O N A L A T R A V É S D A V I D A E D O S T E M P O S B Í B L I C O S A U T O R , D A T A E L U G A R D A R E D A Ç Ã O Não sabemos quem escreveu os livros de 1 e 2Samuel, que receberam o nome do juiz e profeta que Deus usou para estabelecer a monar quia de Israel. Originariamente, as duas seções atualmente separadas compreendiam apenas um livro, o qual foi separado em duas partes pelos tradutores da Septuaginta (antiga tradução grega do AT). Baseados na história mais ampla coberta por 1 e 2Samuel — desde os dias de Eli (1Sm 1) até o final do reinado de Davi (2Sm 24) — , sabemos que um único escritor ou compilador não poderia ter vivido tempo suficiente para registrar todas as informações do livro como testemunha ocular. Algumas características de 1 Samuel sugerem que em sua composição foram utilizadas algumas fontes independentes não editadas, inclusive registros de testemunhas oculares que às vezes reproduziam literalmente as palavras das personagens. Alguns estudiosos consideram a “narrativa da sucessão” (2Sm 9— 1 Rs 2) um documento de uma única fonte, mas esse ponto de vista é ques tionado. Os escritores/compiladores sem dúvida se basearam em registros históricos de Samuel, Saul e Davi. O livro de 1 Samuel (assim como suas várias fontes) foi evidentemente escrito entre o final da vida de Davi e algum momento do reinado de Salomão. Não temos condições de precisar as datas porque os dados são insuficientes para construir uma cronologia pre cisa. 0 nascimento de Davi e a duração de seu reinado são determinados (cf. 2Sm 5.4,5), porém a maioria das outras datas, entre elas a ascensão de Saul ao trono e o final de seu reinado, não são informadas. Além desses desafios cronológicos, acrescente-se a ausência de datas para o nascimento e a morte de Samuel. Para complicar a situação, os editores/compiladores de 1 Samuel nem sempre orga nizaram seu material na seqüência cronológica exata. As datas sugeridas a seguir podem fornecer uma estrutura útil: • Nascimento de Samuel, cerca de 1105 a.C. • Nascimento de Saul, cerca de 1080 a.C. • Nascimento de Davi, 1040 a.C. • Davi é ungido sucessor de Saul, cerca de 1025 a.C. • Final do reinado de Davi, 970 a.C. D E S T I N A T Á R I O Os leitores originais de 1 Samuel foram os israelitas que viveram durante os reinados de Davi e Salomão, bem como as gerações subse quentes. As histórias deste livro são dirigidas aos israelitas que viveram enquanto a monarquia estava em fase de consolidação, particular mente à luz do fato de que a narrativa atesta a escolha divina de Davi (16.13). F A T O S C U L T U R A I S E D E S T A Q U E S Durante o período englobado pelo livro (ca. século XI a.C.), nenhuma superpotência eclipsava a região hoje conhecida como Palestina. Por isso, Israel, liderado por Davi, aproveitou todas as oportunidades para subjugar as outras nações de Canaã. Os filisteus, porém, que viviam nas áreas costeiras junto ao mar Mediterrâneo, provaram ser um inimigo resiliente. 0 livro apresenta Samuel e em seguida explora a tensão entre a lealdade pactuai para com Deus e a monarquia humana. 0 rei Saul foi, de modo geral, foi desobediente a Deus, por isso o Senhor pôs em execução seu plano de fazer de Davi o rei seguinte de Israel. L I N H A D O T E M P O 1400 A.C. 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 Os israelitas entram em Canaã (ca. 1406 a.C.) 1 Os juizes começam a governar (ca. 1375 a.C.) 1 Saul é nomeado rei (1050 a.C.) 1 Davi mata Golias (ca. 1025 a.C.) 1 Morte de Saul; Davi é nomeado rei (1010 a.C.) 1 Reinado de Salomão (970-930 a.C.) Divisão do reino (930 a.C.) 1 Redação do livro de 1 Samuel (ca. 925 a.C.) 3 9 6 I N T R O D U Ç Ã O A 1 S A M U E L E N Q U A N T O V O C Ê LÊ Visualize o desenrolar dos acontecimentos quando Deus responde à oração da devota Ana e então usa seu filho, Samuel, para facilitar a tran sição de Israel do governo direto de Deus por meio da aliança, para um sistema político liderado por um rei humano no papel de representante divino. Observe o intercâmbio entre Deus e o povo, que insistia em ter um rei, como as outras nações. Samuel, o líder, profeta, sacerdote e juiz divinamente constituído, desempenhou um importante papel no estabelecimento da monarquia, a despeito de seus avisos sobre as inevitáveis conseqüências negativas daquela escolha. Mentalize o quadro em que esse inflexível servo de Deus conclama o povo a continuar cumprindo as obrigações da aliança e o rei Saul, assim como todos os futuros reis, a submeter-se à autoridade direta de Deus e de sua lei. Acompanhe a longa, tortuosa e difícil Jornada de Davi até o trono. Atente para sua resoluta lealdade a Deus, a Saul, o rei ungido de Israel, e ao filho de Saul, Jônatas, seu melhor amigo e provável sucessor no trono. V O C Ê S A B I A ? • Os gregos dos tempos antigos, com quem aparentemente estavam relacionados os filisteus, às vezes decidiam confrontos militares por meio de campeões escolhidos para duelar entre os exércitos em linha de batalha. Esse “julgamento pela prova da batalha” estava baseado na crença de que os deuses de cada exército é que lutariam e decidiriam a batalha (17.4). • O uso das convenções normais da poesia hebraica, segundo as quais “dez mil” era em geral usado como paralelo para ”mil”, a frase: “Davi [matou] seus dez milhares” foi uma forma que as mulheres encontraram para dizer: “Saul e Davi mataram milhares” (18.7). • Os sacerdotes e adivinhos eram às vezes obrigados, sob pena de morte, a fazer juramento de lealdade ao rei, comprometendo-se a servi-los como informantes (22.9-18). • Agarrar a borda do manto simbolizava lealdade, porém cortar um pedaço da túnica de alguém significava deslealdade e rebelião (24.4,5). T E M A S 0 livro de 1 Samuel inclui os seguintes temas: 1. Monarquia. Para Israel, a monarquia significava uma grande promessa, mas também um enorme perigo. 0 tipo errado de rei poderia sobrecarregar o mesmo povo que supostamente deveria apoiar, proteger e socorrer (8.10-18). Pior ainda, poderia desviar o coração do povo para longe do relacionamento de aliança com Deus (8.7). 1 Samuel demonstra que os líderes humanos não são a força mais poderosa do Universo. Deus, o Rei soberano, pode remover seus representantes humanos para garantir o bem-estar de seu povo, como se vê no declínio de Saul e na ascensão de Davi. 2. Obediência. Para Israel, o rei não tinha autonomia em termos de autoridade e poder: era um instrumento do governo de Deus (12.14,15; 15.11,20). 0 livro de 1 Samuel enfatiza que é a obediência que agrada a Deus, não o ritual ou a tradição (15.22). Os líderes são imperfeitos, porém a devoção total ao Senhor é uma característica essencial do líder piedoso (13.14). 3. Amizade e lealdade. Davi e Jônatas mantiveram uma amizade que resistiu a incríveis forças de oposição. Jônatas seria o próximo rei, não fosse Saul rejeitado por Deus, por causa da desobediência. Davi, naturalmente, seria o rival de Jônatas. Contudo, a despeito da campanha de terror empreendida por Saul contra Davi, Jônatas permaneceu fiel à sua amizade com Davi, protegendo-o da ira e das repetidas tramas de seu pai contra a vida dele (18.1-4; 19.1-10; 20.1-42). Davi, em troca, permaneceu leal não apenas a Jônatas, mas também ao rei Saul, recusando-se a tomar o trono antes que o Senhor o tivesse entregado (24.1 -22; 26.1 -25). S U M Á R I O I. Situação que levou ao estabelecimento da monarquia em Israel (1— 7) II. Estabelecimento da monarquia em Israel (8— 12) III. Saul fracassa como rei (13— 15) IV. Ascensão de Davi ao trono e o conflito com Saul (16— 30) V. Morte de Saul (31) 1 S A M U E L 1 . 2 8 3 9 7 1.1 aJs 17.17,18; *»1 Cr 6.27,34 1.2 cDt 21.15-17; Lc 2.36 1.3 iv. 21; Êx 23.14; 34.23; Lc 2.41; eDt 12.5- 7; fJs 18.1 1.4 9Dt 12.17,18 1.5 hGn 16.1; 30.2 1.6Uó 24.21 1.9 k1 Sm 3.3 1.10'Jó 7.11 1.11 mGn 8.1; 28.20; 29.32; nNm 6.1-21; Jz 13.5 1.15 °SI 42.4; 62.8; Lm 2.19 1.17 PJz 18.6; 1Sm 25.35; 2Rs 5.19; Mc 5.34; QSI 20.3-5 1.18 H t 2.13; sEc 9.7; Rm 15.13 1.19 tGn 4.1; 30.22 1.20 uGn 41.51,52; Êx 2.10,22; Mt 1.21 O Nascimento de Samuel 1 Havia certo homem de Ramataim, zufita", dos montes3 de Efraim, chamado Elcana,b filho de Jeroão, neto de Eliú e bisneto de Toú, filho do efraimita Zufe.2 Ele tinha duas mulheres:c uma se chamava Ana e a outra Penina. Penina tinha filhos; Ana, porém, não tinha. 3 Todos os anosd esse homem subia de sua cidade a Silóe para adorarf e sacrificar ao S e n h o r dos Exércitos. Lá, Hofhi e Fineias, os dois filhos de Eli, eram sacerdotes do S e n h o r . 4 N o dia em que Elcana oferecia sacrifícios,9 dava porções à sua mulher Penina e a todos os filhos e filhas dela. 5 Mas a Ana dava uma porção dupla, porque a amava, apesar de o S e n h o r tê-la deixado estéril.h 6 E porque o S e n h o r a tinha deixado estéril, sua rival a provocava continuamente, a fim de irritá-la.17 Isso acontecia ano após ano. Sempre que Ana subia à casa do S e n h o r , sua rival a provocava, e ela chorava e não comia.8 Elcana, seu marido, lhe perguntava: “Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está triste? Será que eu não sou melhor para você do que dez filhos?J” 9 Certa vez quando terminou de comer e beber em Siló, estando o sacerdote Eli sentado numa cadeira junto à entrada do santuário do S e n h o r ,k Ana se levantou 10 e, com a alma amargurada,1 chorou muito e orou ao S e n h o r . 11E fez um voto, dizendo: “Ó S e n h o r dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembraresm de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao S e n h o r por todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca serão cortados11”. 12 Enquanto ela continuava a orar diante do S e n h o r , Eli observava sua boca.13 Como Ana orava silenciosamente, seus lábios se mexiam, mas não se ouvia sua voz. Então Eli pensou que ela estivesse embriagada14 e lhe disse: “Até quando você continuará embriagada? Abandone o vinho!” 15 Ana respondeu: “Não se trata disso, meu senhor. Sou uma mulher muito angustiada. Não bebi vi nho nem bebida fermentada; eu estava derramando0 minha alma diante do S e n h o r . 16 Não julgues tua serva uma mulher vadia; estou orando aqui até agora por causa de minha grande angústia e tristeza”. 17 Eli respondeu: “Vá em paz,P e que o Deus de Israel conceda a você o que pediu1!”. 18 Ela disse: “Espero que sejas benevolenter para com tua serva!” Então ela seguiu seu caminho, comeu, e seu rosto já não estava mais abatido.s 19 Na manhã seguinte, eles se levantaram e adoraram o S e n h o r ; então voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com sua mulher Ana, e o S e n h o r se lembrou1 dela.20 Assim Ana engra vidou e, no devido tempo, deu à luz um filho. E deu-lhe o nomeu de Samuel^ dizendo: “Eu o pedi ao S e n h o r ” . 1.21 vv. 3; «Dt 12.11 1 .2 2 xv. 11 ,28 ; Lc 2 .22 1.23 W. 17; Nm 3 0 .7 1.24 ^ Nm 15.8-10; Dt 12.5; Js 18.1 1.27 av.11 -13 ; SI 6 6 .1 9 ,2 0 1.28 ty. 11,22; Gn 2 4 .2 6 ,5 2 Ana Consagra Samuel 21 Quando no ano seguinte Elcana subiu com toda a família para oferecer o sacrifício anualv ao S e n h o r e para cumprir o seu voto,w 22 Ana não foi e disse a seu marido: “Depois que o menino for desmamado, eu o levarei e o apresentareix ao S e n h o r , e ele morará ali para sempre”. 23 Disse Elcana, seu marido: “Faça o que parecer melhor a você. Fique aqui até desmamá-lo; que o S e n h o r apenas confirmev a palavrac dele!” Então ela ficou em casa e criou seu filho até que o des- mamou. 24 Depois de desmamá-lo, levou o menino, ainda pequeno, à casa do S e n h o r , em Siló, com um novilho de três anos de idade,^ uma arroba6 de farinha e uma vasilha de couro cheia de vinho.25 Eles sacrificaram o novilho e levaram o menino a Eli,26 e ela lhe disse: “Meu senhor, juro por tua vida que eu sou a mulher que esteve aqui a teu lado, orando ao S e n h o r . 27 Era este menino que eu pedia,3 e o S e n h o r concedeu-me o pedido.28 Por isso, agora, eu o dedico ao S e n h o r . Por toda a sua vidab será dedicado ao S e n h o r ”. E ali adorou o S e n h o r . a 1.1 Ou de Ramataim-Zofim . b 1.20 Sam uel assemelha-se à palavra hebraica para ouvido p o r Deus. c 1.23 Os manuscritos do m ar Morto, a Septuaginta e a Versão Siríaca dizem a palavra que você disse. d 1 .24 Conforme os manuscritos d o m a r Morto, a Septuaginta e a Versão Siríaca. O Texto M assorético diz com três novilhos. e 1 .24 Hebraico: 1 efa. O efa era uma medida de capacidade para secos. As estimativas variam entre 20 e 40 litros. 1.3 O tabernáculo foi montado em Siló, fazendo desse lugar o centro religioso de Israel por mais de trezentos anos (Js 18.1; ver “O tabernáculo em Siló”, em ISm 3). Siló deixou de existir depois de ser destruída pelos filisteus, no início do século X I a.Ç. (ver “A destruição de Siló”, em Jr 7). 1.17 Sobre as saudações na Bíblia, ver nota em Rt 2.4. 1.22 Era costume no antigo Oriente Médio amamentar-se a criança por três anos ou mais (2Macabeus 7.27, livro apócrifo) já que não havia forma de manter o leite fresco. 3 98 1 S A M U E L 1 . 2 8 Santuários israelitas e a adoração antes do templo de Salomão 1SAMUEL 1 No período que se seguiu à conquista,' o culto israelita era centralizado no tabernáculo, em Siló2 (mapa 4), em cum primento às leis do santuário (Dt 12.5,13,14). Entretanto, nos livros de Josué a 1 Crônicas são mencionados pelo menos 20 santuá rios, altares ou lugares altos como locais de adoração anteriores à época de Salomão, e pelo menos um terço deles aparece em 1 Samuel.3 Às vezes, os israelitas seguiam as práticas dos cananeus,4 adoran do os baalins e as Aserás locais (cf. Jz 3.7).s 0 culto cananeu nos altares locais envolviam o levan tamento de pilares sagrados, que representavam suas deidades, o plantio de árvores sagradas, o envolvimento com o sacrifício, as festas e a prostituição ritual (cf. Gn 38.21; IRs 14.24)6 e a partici pação nas peregrinações aos lo cais sagrados. 0 sacrifício humano também era praticado.7 Será que a adoração israelita nos lugares altos era diferente? Em geral sim, e é importante observar que nem todos os altares espalhados pela terra eram ilícitos ou pagãos. Depois da aparente destruição de Siló,8 os israelitas retornaram aos costumes tradicionais, cultuando a Deus em altares locais e ao ar livre, como faziam os patriarcas (cf. e.g., Gn 12.6- 8; 26.23-25; 28.10-22). Os baalins e as aserás foram removidos. Só Deus era adorado (ISm 7.3,4), e a maioria das características do culto pagão estavam ausentes. 0 culto israelita in cluía a peregrinação, a oferta de sacrifícios e libações, as festas (cf. 9.12-24), o louvor mu sical (cf. 10.5), a oração e o jejum (cf. 7.5,6). Os locais de adoração provavelmente eram escolhidos com base em sua associação com os patriarcas ou com os grandes momentos da história de Israel ou por serem locais em que o Senhor havia aparecido. A presença da arca da aliança conferia santidade a esses lugares (cf. 2Sm 6.12ss.), como acontecia com o tabernáculo (cf. 1Sm 21.4-6; 1Cr 16.39; 21.29).9 0 altar era o elemento comum em todos os lugares altos israelitas, ainda que alguns locais sagrados possuíssem também outras estruturas associadas (cf. 1 Sm 9.22).10 Antes da construção do templo, em Jerusa- não eram sacerdotes oficiais como sacerdo tes (e.g., Nm 18.1-7,21-24). Por outro lado, alguns textos parecem indicar que todos os levitas tinham autoridade sacerdotal (Jz 17.13). A solução está no fato de que havia em Israel um altar central, o lugar da residênciaO altar de Hazor (ca. séc. XIV a.C.), mostrando um suporte com a figura de um leão, esteias, uma estátua e uma mesa de ofertas Preseving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu de Israel lém, a adoração nos altares locais era uma prática comum entre os israelitas. A multiplicidade de altares no antigo Israel ajuda-nos a compreender a aparente contradição entre as regras que encontra mos nas leis relativas ao culto. Por um lado, encontramos diversas referências ao santuá rio central como "o lugar que o Senhor, o seu Deus, escolher como habitação do seu Nome" (e.g., Dt 12.11). Encontramos tam bém claras indicações de que a linhagem sacerdotal de Arão era a única legítima: to dos os outros levitas estavam subordinados aos que tinham o encargo do santuário, mas da arca da aliança, no qual os sacerdotes da linhagem de Arão atuavam. Esse altar foi esta belecido primeiramente em Siló e mais tarde em Jerusalém. Contudo, a maioria do povo não tinha condição de fazer sucessivas viagens até esse lugar, por isso existiam por todo o Israel vários locais em que o povo podia pres tar seu culto normal. Qualquer levita — e talvez não apenas os levitas — podia atuar como sacerdote nesses altares mais remotos. Entretanto, se o levita fosse ao santuário cen tral, exerceria apenas tarefas menores (não poderia usar as vestes sacerdotais nem assu mir os deveres dos sacerdotes aarônicos).11 'Ver “ A conquista de Canaã” , em Js 5. 2Ver “ 0 tabernáculo em Siló", em 1Sm 3. 3Ver "O lugar alto em Dã", em 1 Rs 12, e "Os lugares altos", em Ez 6. 4Ver o Glossário na p. 2080 para as definições das palavras em negrito. 5Ver "Baal e os cultos de fertilidade", em Os 2; "0 texto ugarítico do m ito de Baal", em S1104; "Devoção a Aserá na inscrição de Khirbet El-Qom", em 2Cr 15; "As inscrições de Kuntillet Ajrüd: a Aserá do Senhor?", em Jr 17. 6Ver "Prostituição no mundo antigo", em Dt 23. 7Ver "Sacrifício humano no antigo Oriente Médio", em Lv 20. 8Ver "A destruição de Siló", em Jr 7. 9Ver "O tabernáculo e a arca", em êx 40. ,0Ver “ Altares antigos", em Ex 20. "V e r "Os levitas e os sacerdotes", em 2Cr 24. 1 S A M U E L 2 . 7 3 9 2.1 =Lc 1.46-55; "SI 9.14; 13.5; •SI 89.17,24; 92.10; Is 12.2,3 2 .2 'Êx 15.11; Lv 19.2; sDt 32.30,31; 2Sm 22.2,32 2.3 "Pv 8.13; '1 Sm 16.7; 1Rs 8.39; IPv 16.2; 24.11,12 2.4 ^Sl 37.15 2.5 «S1113.9; Jr 15.9 2.6 mDt 32.39; "Is 26.19 2.7 «Dt 8.18; PJÓ 5.11; SI 75.7 A Oração de Ana ^ Então Ana orou assim:0 ^ “Meu coração exultad no S e n h o r ; no S e n h o r minha força136 é exaltada. Minha boca se exalta sobre os meus inimigos, pois me alegro em tua libertação. 2 “Não há ninguém santo*’* como 0 S e n h o r ; não há outro além de ti; não há rochafl alguma como o nosso Deus. 3 “Não falem tão orgulhosamente, nem saia de sua boca tal arrogância,11 pois 0 S e n h o r é Deus sábio; é ele quem julga' os atosi dos homens. 4 “O arco dos fortes é quebrado,k mas os fracos são revestidos de força. 5 Os que tinham muito agora trabalham por comida, mas os que estavam famintos agora não passam fome. A que era estéril1 deu à luz sete filhos, mas a que tinha muitos filhos ficou sem vigor. 6 “O S e n h o r mata e preserva a vida;"1 ele faz descer à sepulturac e dela resgata." 7 O S e n h o r é q u e m d á pobreza e riqueza;0 ele humilha e exalta.P 0 2.1 Hebraico: meu chifre; também no versículo 10. 6 2 .2 Ou N ão h á nenhum Santo. c 2 .6 Hebraico: Sheol. Essa palavra também pode ser traduzida por profundezas, p ó ou morte. 2 .6 A “sepultura” era chamada Sheol, que, segundo se pensava, era Tártaro: imagens do inferno”, em SI 139). o obscuro mundo dos mortos (ver “Sheol, Hades, Geena, Abismo e O colete sacerdotal 1 SAMUEL 2 0 colete sacerdotal era uma ves timenta sagrada, talvez um simples uniforme de linho usado por todos os sacerdotes no serviço do Senhor (1Sm 2.28) ou o vestuário mais elaborado do sumo sacerdote ( êx 28.6). 0 colete dos sacerdotes comum era feito de linho branco (ISm 22.18), o material preferido de todos os sacerdotes do mundo antigo, por causa de sua associação com a pureza ritual.1 A ordenação do sacerdote israelita do AT en volvia o vestuário (a cerimônia de ordenação de uma pessoa ao ofício sacerdotal quase sem pre incluía a entrega de roupas especiais; ver Lv 8.30; Nm 20.26). Assim, o privilégio de usar o colete conferido aos levitas era carregado de significado especial (1Sm 2.28). Quando Davi usou o colete para trazer a arca a Jerusalém, ele ofez apenas para enfatizar seu papel sacer dotal diante do Senhor (2Sm 6.14). 0 colete do sumo sacerdote era um man to sem mangas, semelhante a um avental, segurado pelos ombros e amarrado às costas por um cinto. 0 tecido era uma combinação intrincada de linhas nas cores dourada, azul, púrpura e escarlate. Lâminas de ouro fundi do foram cortadas para obter os cordões que seriam trabalhados em cada filamento colo rido, de modo que o ouro era o material pre dominante na fabricação do colete ( êx 30.3). Contudo, era a natureza reveladora desse manto que fazia dele a peça mais impor tante no vestuário sacerdotal. Suspenso no colete, ficava o peitoral que continha o Urim e o Tumim, pedras oraculares pelas quais o sumo sacerdote podia conhecer a vontade de Deus.2 Exatamente por causa da esperança de se obter um oráculo da parte do Senhor, o colete era levado para o campo de batalha (1 Sm 23.9; 30.7,8). 'Ver "Pureza ritual em Israel e no antigo Oriente Médio", em Lv 10. 2Ver "Urim e Tumim", em Êx 28. 4 0 0 1 S A M U E L 2 . 8 8 Levanta ^do pó o necessitado e do monte de cinzas ergue o pobre; ele os faz sentar-se com príncipes e lhes dá lugar de honra/ “Pois os alicercess da terra são do S e n h o r ; sobre eles estabeleceu o mundo. 9 Ele guardará os pés* dos seus santos, mas os ímpios serão silenciados nas trevas,u pois não é pela força" que o homem prevalece. 10 Aqueles que se opõem ao S e n h o r serão despedaçados.™ Ele trovejará* do céu contra eles; o S e n h o r julgaráv até os confins da terra. “Ele dará poder2 a seu rei e exaltará a força3 do seu ungido”. 11 Então Elcana voltou para casa em Ramá, mas o menino começou a servirb o S e n h o r sob a direção do sacerdote Eli. 2.81S1113.7,8; 'JÓ 36.7; «Jó 38.4 2.9 «191.12; "Mt8.12; «SI 33.16,17 2.10 "SI 2.9; «118.13; «SI 96.13; «121.1; ■SI 89.24 2.11 »v. 18; 1Sm3.1 A Maldade dos Filhos de Eli 12 Os filhos de Eli eram ímpios; não se importavam0 com o S e n h o r 13 nem cumpriam os deveres de sacerdotes para com o povo; sempre que alguém oferecia um sacrifício, o auxiliar do sacerdote vinha com um garfo de três dentes,14 e, enquanto a carned estava cozinhando, ele enfiava o garfo na panela, ou travessa, ou caldeirão, ou caçarola, e o sacerdote pegava para si tudo o que vinha no garfo. Assim faziam com todos os israelitas que iam a Siló.15 Mas, antes mesmo de queimarem a gordura, vinha o auxiliar do sacerdote e dizia ao homem que estava oferecendo o sacrifício: “Dê um pedaço desta carne para o sacerdote assar; ele não aceitará de você carne cozida, somente crua”. 16 Se o homem lhe dissesse: “Deixe primeiro a gordura se queimar e então pegue o que quiser”, o auxiliar respondia: “Não. Entregue a carne agora. Se não, eu a tomarei à força”. 17 O pecado desses jovens era muito grande à vista do S e n h o r , pois eles estavam tratando com desprezo6 a oferta do S e n h o r . 18 Samuel, contudo, ainda menino, ministravaf perante o S e n h o r , vestindo uma túnica de linho.9 19 Todos os anos sua mãe fazia uma pequena túnica e a levava para ele, quando subia a Siló com o marido para oferecer o sacrifício anual.h 20 Eli abençoava Elcana e sua mulher, dizendo: “O S e nh o r dê a você filhos desta mulher no lugar daquele por quem ela pediu' e dedicou ao S e n h o r ”. Então voltavam para casa.210 S e n h o r foi bondoso com Ana;i ela engravidou e deu à luz três filhos e duas filhas. Enquanto isso, o menino Samuel cresciak na presença do S e n h o r . 22 Eli, já bem idoso, ficou sabendo de tudo o que seus filhos faziam a todo o Israel e que eles se deitavam com as mulheres1 que serviam junto à entrada da Tenda do Encontro.23 Por isso lhes perguntou: “Por que vocês fazem estas coisas? De todo o povo ouço a respeito do mal que vocês fazem. 24 Não, meus filhos; não é bom o que escuto se espalhando no meio do povo do S e n h o r . 25 Se um homem pecar contra outro homem, os juizes poderão0 intervir em seu favor; mas, se pecar contra o S e n h o r , quemm intercederá" por ele?” Seus filhos, contudo, não deram atenção à repreensão de seu pai, pois o S e n h o r queria matá-los. 26 E o menino Samuel continuava a crescer,0 sendo cada vez mais estimado pelo S e n h o r e pelo povo. Profecia contra a Família de Eli 27 E veio um homem de DeusP a Eli e lhe disse: “Assim diz o S è n h o r : ‘Acaso não me revelei claramente à família de seu pai, quando eles estavam no Egito, sob o domínio do faraó? 0 2.25 Ou Deus poderá. 2.12 ‘ Jr 2.8; 9.6 2.13 «Lv 7.29-34 2.18 V. 11; 1Sm 3.1; ov. 28 2.19 hSm 1.3 2.20 '1 Sm 1.11,27,28; LC2.34 2.21 iGn 21.1; *v. 26; Jz 13.24; 1Sm 3.19; Lc 2.40 2.22'Êx 38.8 2.25 mNm 15.30; Js 11.20; nDt 1.17; 1 Sm 3.14; Hb 10.26 2^ 6 °v. 21; LC2.52 2 .2 7 pÉx 4 .1 4 -1 6 ; 1 Rs 3.1 2.9 As viagens no antigo Israel geralmente eram feitas à pé, sobre perigo sas trilhas de pedra (ver SI 91.11,12; 121.3). 2 .12-17 Aparentemente, a porção do sacerdote na oferta de comunhão era determinada pela introdução de um garfo a esmo depois de queima da a gordura (a porção do Senhor; Lv 3.16; 4.10,26,31,35; 7.28,30,31), enquanto a carne estava sendo fervida (Nm 6.19,20). A arrogância dos filhos de Eli violava de forma agressiva a prescrição da Lei. 2 .13 Garfos de três pontas feitos de bronze foram encontrados nas es cavações de Gezer (ver “Gezer”, em lC r 6). 2 .18 A túnica de linho (ver “O colete sacerdotal”, em lSm 2) era a peça principal do vestuário dos que serviam diante do Senhor em seu san tuário (ver 22.18; 2Sm 6.14). Era uma espécie de pulôver fechado, justo e sem mangas, geralmente chegando até a altura dos quadris, diferente do colete especial usado pelo sumo sacerdote. 1 S A M U E L 3 . 1 6 4 0 1 2.28 PÊx 28.1; l v 8.7,8 2.29 sv.12 17; 'Dt 12.5; Mt 10.37 2.30 uÊx 29.9; vSI 50.23; 91.15; "M l 2.9 2.31x1 Sm 4.11- 18; 22.16-20 2.32 v1 Rs 2.26,27; Zc8.4 2.34 Z1 Sm 4.11; ®1 Rs 13.3 2.35 »1 Sm 12.3; 1 Rs 2.35; IS m 16.13; 2Sm 7.11,27; 1 Rs 11.38 2.36 d1 Rs 2.27 3.1 eiSm 2.11; «SI 74.9; flAm 8.11 3.2h1Sm 4.15 3.3 l v 24.1-4 3.4 Üs 6.8 3.11 '2RS21.12; Jr 19.3 3.12 m1 Sm 2.27- 36 3.13 "1 Sm 2.12, 17,22,29-31 3.14 "Lv 15.30,31 ;1Sm 2.25; Is 22.14 28 Escolhi^ seu pai dentre todas as tribos de Israel para ser o meu sacerdote, subir ao meu altar, quei mar incenso e usar um colete sacerdotalr na minha presença. Também dei à família de seu pai todas as ofertas preparadas no fogo pelos israelitas.29 Por que vocês zombam de meu sacrifício e da ofertas que determinei para a minha habitação?1 Por que você honra seus filhos mais do que a mim, deixando-os engordar com as melhores partes de todas as ofertas feitas por Israel, o meu povo?’ 30 “Portanto, o S e n h o r , o Deus de Israel, declara: ‘Prometi à sua família e à linhagem de seu pai que ministrariam diante de mim para sempre11’. Mas agora o S e n h o r declara: ‘Longe de mim tal coisa! Honrareiv aqueles que me honram, mas aqueles que me desprezamw serão tratados com desprezo. 31É chegada a hora em que eliminarei a sua força e a força da família0 de seu pai, e não haverá mais nenhum idoso na sua família,x 32 e você verá aflição na minha habitação. Embora Israel prospere, na sua família ninguém alcançará idade avançada.v33 E todo descendente seu que eu não eliminar de meu altar será poupado apenas para consumir os seus olhos com lágrimas1’ e para entristecer o seu coração, e todos os seus descendentes morrerão no vigor da vida. 3 4 ‘E o que acontecer a seus dois filhos, Hofni e Fineias, será um sinal para você: os dois morrerão2 no mesmo dia.a 35 Levantarei para mim um sacerdote fiel,b que agirá de acordo como meu coração e o meu pensamento. Edificarei firmemente a família dele, e ele ministrará sempre perante o meu rei ungido.0 36 Então todo o que restar da sua família virá e se prostrará perante ele, para obter uma moeda de prata e um pedaço de pão. E lhe implorará que o ponha em alguma função sacerdotal, para ter o que comer^ ”. O Chamado de Samuel 30 menino Samuel ministravae perante o S e n h o r , sob a direção de Eli; naqueles dias raramentef o S e n h o r falava, e as visõesa não eram freqüentes. 2 Certa noite, Eli, cujos olhosh estavam ficando tão fracos que já não conseguia mais enxergar, estava deitado em seu lugar de costume.3 A lâmpada' de Deus ainda não havia se apagado, e Samuel estava deitado no santuário do S e n h o r , onde se encontrava a arca de Deus.4 Então o S e n h o r chamou Samuel. Samuel respondeu: “Estou aquii”. 5 E correu até Eli e disse: “Estou aqui; o senhor me chamou?” Eli, porém, disse: “Não o chamei; volte e deite-se”. Então, ele foi e se deitou. 6 De novo o S e n h o r chamou: “Samuel!” E Samuel se levantou e foi até Eli e disse: “Estou aqui; o senhor me chamou?” Disse Eli: “Meu filho, não o chamei; volte e deite-se”. 7 Ora, Samuel ainda não conhecia o S e n h o r . A palavra do S e n h o r ainda não lhe havia sido revelada.k 8 O S e n h o r chamou Samuel pela terceira vez. Ele se levantou, foi até Eli e disse: “Estou aqui; o senhor me chamou?” Eli percebeu que o S e n h o r estava chamando o menino 9 e lhe disse: “Vá e deite-se; se ele chamá-lo, diga: ‘Fala, S e n h o r , pois o teu servo está ouvindo’ ”. Então Samuel foi deitar-se. 10 O S e n h o r voltou a chamá-lo como nas outras vezes: “Samuel, Samuel!” Samuel disse: “Fala, pois o teu servo está ouvindo”. 11E o S e n h o r disse a Samuel: “Vou realizar em Israel algo que fará tinir1 os ouvidos de todos os que ficarem sabendo.12 Nessa ocasião executarei contra Eli tudom o que falei contra sua família, do começo ao fim.13 Pois eu lhe disse que julgaria sua família para sempre, por causa do pecado dos seus filhos, do qual ele tinha consciência; seus filhos se fizeram desprezíveisc, e ele não os puniu.n 14 Por isso jurei à família de Eli: ‘Jamais se fará propiciação0 pela culpa da família de Eli mediante sacrifício ou oferta’ ”. 15 Samuel ficou deitado até de manhã e então abriu as portas da casa do S e n h o r . Ele teve medo de contar a visão a Eli,16 mas este o chamou e disse: “Samuel, meu filho”. “Estou aqui”, respondeu Samuel. 0 2 .31 Hebraico: cortarei o seu braço e o braço da casa. b 2 .33 Ou cegar os olhos; ou ainda consumir os olhos d e inveja. c 3 .1 3 Uma antiga tradição dos escribas hebreus e a Septuaginta dizem f ilh os blasfem aram contra Deus. 2 .30-36 A profecia daaniquilação da linhagem familiar de Eli começou a ser cumprida na morte de seus filhos (4.11), depois no massacre de seus descendentes, levado a efeito por Saul em Nobe (22.18,19), e por fim na remoção de Abiatar de seu ofício sacerdotal (IRs 2.26,27). 3 .1 Samuel não era mais uma criança (ver 2.21,26). Embora o histo riador judeu Flávio Josefo registre que Samuel tinha 20 anos, é bem provável que ele fosse mais velho. 3 .4 Alguns intérpretes comparam a experiência de Samuel com o ritual de incubação encontrado em alguns textos do antigo Oriente Médio, segundo os quais alguém dorme num templo e ali recebe a mensagemde um deus (ver “Os cilindros de Gudeia”, em IRs 3). No mundo greco- -romano, os doentes dormiam no templo de Asclépio, na esperança de receber um sonho da parte desse deus e assim serem curados. Deve-se ressaltar, porém, que Samuel dormia no altar por causa de seus deveres: ele não estava à espera de um sinal. 4 0 2 1 S A M U E L 3 . 1 7 17 Eli perguntou: “O que o S e n h o r disse a você? Não esconda de mim. Deus o castigue, e o faça com muita severidade,p se você esconder de mim qualquer coisa que ele falou”. 18 Então, Samuel lhe contou tudo e nada escondeu. Então Eli disse: “Ele é o S e n h o r ; que faça o que lhe parecer melhor”.1) 19 Enquanto Samuel crescia/ o S e n h o r estava com eles e fazia com que todas as suas palavras1 se cumprissem. 20Todo o Israel, desde Dã até Berseba,u reconhecia que Samuel estava confirmado como profeta do S e n h o r . 2 1 0 S e n h o r continuou aparecendo em Siló, onde havia se reveladov a Samuel por meio de sua palavra. ^ E a palavra de Samuel espalhou-se por todo o Israel. Os Filisteus Tomam a Arca Nessa época os israelitas saíram à guerra contra os filisteus. Eles acamparam em Ebenézer" e os fi listeus em Afeque.x 2 Os filisteus dispuseram suas forças em linha para enfrentar Israel, e, intensifican do-se o combate, Israel foi derrotado pelos filisteus, que mataram cerca de quatro mil deles no campo de batalha. 3 Quando os soldados voltaram ao acampamento, as autoridades de Israel perguntaram: “Por quev o S e n h o r deixou que os filisteus nos derrotassem?” E acrescentaram: “Vamos a Siló buscar a arca2 da aliança do S e n h o r , para que ele vá conosco e nos salve das mãos de nossos inimigos”. 4 Então mandaram trazer de Siló a arca da aliança do S e n h o r dos Exércitos, que tem o seu trono entre os querubins.3 E os dois filhos de Eli, Hofhi e Fineias, acompanharam a arca da aliança de Deus. 5 Quando a arca da aliança do S e n h o r entrou no acampamento, todos os israelitas gritaramb tão alto que o chão estremeceu. 6 Os filisteus, ouvindo os gritos, perguntaram: “O que significam todos esses gritos no acampamento dos hebreus?” 3.17 PRt 1.17; 2Sm 3.35 3.18 ‘Uó 2.10; 3.19 'Gn 21.22; 39.2; S1 Sm 2.21; <1Sm 9.6 3.20 «Jz 20.1 3.21 >v. 10 4.1 »1 Sm 7.12; «Js 12.18; 1 Sm 29.1 4.3 ^ Js 7.7; ‘ Nm 10.35; Js 6.7 4.4 »Êx 25.22; 2Sm 6.2 4.1 Para mais informações sobre os filisteus, ver “O período dos juizes”, em Jz 1; “Arqueologia da Filístia”, em Jz 13; “O termo akhayus na inscrição de Ecrom”, em ISm 21. 4 .18 O portão da cidade era o local em que os líderes locais se encon travam para julgar. Também era local do mercado, e ali aconteciam as transações comerciais (ver “A porta da cidade”, em Rt 4). S Í T I O S A R Q J J E O L Ó G I C O S O T A B E R N Á C U L O EM S I L Ó 1SAMUEL3 É possível identificar Siló a par tir da descrição em Juizes 21.19 e pelo nome preservado na forma árabe em Khirbet Seilun, 29 quilômetros ao norte de Jeru salém. Nesse local, foi estabelecido o altar israelita (Js 18.1).1 Nos festivais anuais, as virgens dançavam ali (Jz 21.19-21). Elcana e sua família visitavam Siló anualmente, e ali Ana deixou o menino Samuel aos cuidados do sacerdote Eli (ISm 1— 3). Parece que os filisteus destruíram Siló depois de capturar a arca da aliança na batalha de Ebenézer (4.1— 7.2). As únicas menções à cidade na história bíblica posterior fazem dela a residência do profeta Aías durante o reinado de Jeroboão I (IRs 14.4) e um exem plo do julgamento de Deus sobre seu san tuário (SI 78.60; Jr 7.12-14; 26.6).2 As descobertas arqueológicas corres pondem muito bem ao relato bíblico. 0 trabalho de alguns exploradores dinamar queses (1926-1932) e da Universidade de Bar llan (1981 em diante) demonstrou que Siló foi um centro de culto para os ocupantes pré-israelitas, durante a Idade do Bronze Médio.3 As evidências sugerem que seu uso como santuário continuou até a Idade do Bronze Tardio, o que sugere certa conti nuidade entre o uso pré-israelita e israelita: o local que já era considerado sagrado antes da chegada dos israelitas se tornaria o lugar em que se ergueria o tabernáculo. A arqueologia não pode nos dizer coisa alguma sobre o culto em Siló, pois não fo ram encontrados vestígios do tabernáculo original. Tudo que podemos fazer é inferir o tipo de adoração praticada naquele local, com base nas informações encontradas no texto bíblico, especialmente em 1 Samuel 1. 0 versículo 3 desse capítulo sugere que era esperado dos israelitas piedosos pelo menos uma peregrinação anual até o santuário em Siló, e o versículo 11 demonstra que eles se dirigiam a esse local muitas vezes para fazer votos. No mesmo capítulo, há indicação de que o povo leigo, até mesmo as mulheres, podiam se aproximar consideravelmente do santuário principal (v. 9,12). Os sacerdotes e outros que ministravam ali aparentemente residiam nas proximidades, e alguns até dormiam nas dependências do santuário (3.1-3). As mulheres também trabalhavam ali, mas tragicamente alguns sacerdotes tiravam vantagens de sua autoridade e co metiam atos imorais com elas (2.22). 1Ver "Santuários israelitas e a adoração antes do templo de Salomão", em 1 Sm 1. 2Ver "A destruição de Siló", em Jr 7. 3Ver 'Tabela dos períodos arqueológicos" na p. xxii, no início desta Bíblia. 1 S A M U E L 4 . 1 9 4.7=6x15.14 4.9 ajz 13.1; 1C016.13 4.10 *v. 2; Dt 28.25; 2Sm 18.17; 2Rs 14.12 4.11 f1 Sm 2.34; SI 78.61,64 4.12 «Js 7.6; 2Sm 1.2; 15.32; Ne 9.1; Jó 2.12 4.13 «v. 18; 1Sm 1.9 4.15 '1 Sm 3.2 Quando souberam que a arca do S e n h o r viera para 0 acampamento, 7 os filisteus ficaram com medoc e disseram: “Deuses chegaram ao acampamento. Ai de nós! Nunca nos aconteceu uma coisa dessas! 8 Ai de nós! Quem nos livrará das mãos desses deuses poderosos? São os deuses que feriram os egípcios com toda espécie de pragas, no deserto.9 Sejam fortes, filisteus! Sejam homens, ou vocês se tomarão escravos dos hebreus, assim como eles foram escravosd de vocês. Sejam homens e lutem!” 10 Então os filisteus lutaram, e Israel foi derrotado;e cada homem fugiu para a sua tenda. O mas sacre foi muito grande: Israel perdeu trinta mil homens de infantaria.11A arca de Deus foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofini e Fineias, morreram.* A Morte de Eli 12 Naquele mesmo dia um benjamita correu da linha de batalha até Siló, com as roupas rasgadas e terras na cabeça.13 Quando ele chegou, Elih estava sentado em sua cadeira, ao lado da estrada. Estava preocupado, pois em seu coração temia pela arca de Deus. O homem entrou na cidade, contou 0 que havia acontecido, e a cidade começou a gritar. 14 Eli ouviu os gritos e perguntou: “O que significa esse tumulto?” O homem correu para contar tudo a E li.15 Eli tinha noventa e oito anos de idade e seus olhos' estavam imóveis; ele já não conseguia enxergar.16 O homem lhe disse: “Acabei de chegar da linha de batalha; fugi de lá hoje mesmo”. Eli perguntou: “O que aconteceu, meu filho?” 17 O mensageiro respondeu: “Israel fugiu dos filisteus, e houve uma grande matança entre os soldados. Também os seus dois filhos, Hofhi e Fineias, estão mortos, e a arca de Deus foi tomada”. 18 Quando ele mencionou a arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão, quebrou 0 pescoço e morreu, pois era velho e pesado. Ele lideroui Israel durante quarenta anos. 19 Sua nora, a mulher de Fineias, estava grávida e perto de dar à luz. Quando ouviu a notícia de que a arca de Deus havia sido tomada e que seu sogro e seu marido estavam mortos, entrou em trabalho de 5.1-4 Os filisteus colocaram a arca perto da imagem de Dagom (ver “Dagom”, em lSm 5), a fim de demonstrar a superioridade de Dagom sobre o Deus de Israel, porém o simbolismo foi revertido quando eles encontraramDagom tombado em posiçáo de reverência diante da arca do Senhor. T E X T O S E A R T E F A T O S A N T I G O S O óstraco de Izbet Sarta 1 SAMUEL 4 Em 1 Samuel 4, Israel está acampado em Ebenézer com o propósito de enfrentar os filisteus em Afeque (mapa 4), cerca de 3 quilômetros a oeste. Embora a extensão do território de Ebenézer seja debatida, alguns arqueólogos acreditam tratar-se de uma colina chamada Izbet Sarta. Em 1977, o arqueólogo chefe de Izbet Sarta, Moshe Kochavi, publicou um óstraco (fragmento de cerâmica inscrito) que lançou nova luz sobre o desenvolvimento da escrita protocananeia, usada pelos antigos israe litas. 0 óstraco foi desenterrado num poço de armazenagem na camada II, um nível de vida curta — cerca de vinte anos — de Izbet Sarta, provavelmente destruído por uma invasão filisteia. A inscrição parece ser um texto de exercícios, utilizada para o aprendizado do alfabeto. Nem todas as letras estão presentes, e as que estão não aparecem na ordem padronizada. Compara do com outras inscrições do mesmo período e com o formato e o desenho das letras, o óstraco foi datado do início do século XII a.C., aproximadamente a época em que Israel estava em guerra com os filisteus na mesma região. Se Izbet Sarta for realmente o sítio moderno da Ebenézer bíblica, o óstra co pode ter sido obra de um israelita. Se for assim, esse fragmento de cerâmica oferece um pequeno, porém intrigante vislumbre arqueológico da vida de Israel no século XII a.C. Descobertas como o óstraco de Izbet Sarta poderão um dia indicar a capacidade de ler e escrever dos israelitas da Idade do Bronze Tardio.1 1Ver 'Tabela dos períodos arqueológicos" na p. xxii, no início desta Bíblia. 4 1 S A M U E L 4 . 2 0 parto e deu à luz, mas não resistiu às dores do parto.20 Enquanto morria, as mulheres que a ajudavam disseram: “Não se desespere; você teve um menino”. Mas ela não respondeu nem deu atenção. 21 Ela deu ao menino o nome de Icabodea,k e disse: “A glória1 se foi de Israel”, porque a arca fora tomada e porque o sogro e o marido haviam morrido.22 E ainda acrescentou: “A glória se foi de Israel, pois a arca de Deus foi tomada”. 4.21 KGn 35.18; 'SI 26.8; Jr 2.11 A Arca em Asdode e Ecrom 5 Depois que os filisteus tomaram a arca de Deus, eles a levaram de Ebenézerm para Asdode"2 e a colocaram dentro do templo de Dagom,0 ao lado de sua estátua. 3 Quando o povo de Asdode se levantou na madrugada do dia seguinte, lá estava Dagom caídoP com o rosto em terra, diante da arca do S e n h o r ! Eles levantaram Dagom e o colocaram de volta em seu lugar.4 Mas, na manhã seguinte, quando se levantaram de madrugada, lá estava Dagom caído com o rosto em terra, diante da arca do S e n h o r ! Sua cabeça e mãos tinham sido quebradas1! e estavam sobre a soleira; só o seu corpo ficou no lugar. 5 Por isso, até hoje, os sacerdotes de Dagom e todos os que entram em seu templo, em Asdode, não pisam na soleira/ 6 Depois disso a mão do S e n h o r s pesou sobre o povo de Asdode e dos arredores, trazendo devas tação1 sobre eles e afligindo-os com tumores.*11 7 Quando os homens de Asdode viram o que estava acontecendo, disseram: “A arca do deus de Israel não deve ficar aqui conosco, pois a mão dele pesa sobre nós e sobre nosso deus Dagom”. 8 Então reuniram todos os governantes dos filisteus e lhes perguntaram: “O que faremos com a arca do deus de Israel?” Eles responderam: “Levem a arca do deus de Israel para Gatev”. E então levaram a arca do Deus de Israel. 9 Mas, quando a arca chegou, a mão do S e n h o r castigou aquela cidade e lhe trouxe grande pânico." Ele afligiu o povo da cidade, jovens e velhos, com uma epidemia de tumoresc. 10 Então en viaram a arca de Deus para Ecrom. a 4 .21 Icabode significa glória nenhuma. b 5 .6 A Septuaginta e a Vulgata acrescentam E ratos surgiram na região, e a morte e a destruição estavam p o r toda a cidade. c 5 .9 Ou com tumores na virilha. 5.1 "1 Sm 4.1; 7.12; "Js 13.3 5.2 °Jz 16.23 5.3 Pis 19.1; 46.7 5.4 € z 6.6; Mq1.7 5.6 sv. 7; Êx 9.3; SI 32.4; At 13.11; «v. 11; SI 78.66; “Dt 28.27; 1 Sm 6.5 5.8 ty. 11 5.9 «v. 6,11; Dt 2.15; 1Sm 7.13; SI 78.66 5.1 Asdode estava situada cerca de 4 quilômetros do mar Mediterrâneo, a oeste de Jerusalém. Foi ocupada desde a Idade do Bronze Médio até o período dos filisteus, sendo o centro de poder filisteu durante boa parte da história israelita. 6 .7 -9 As vacas ainda não haviam sido treinadas para puxar carroças e não estavam dispostas a deixar seus bezerros que ainda mamavam. 6 .12 Bete-Semes era uma cidade israelita próxima da fronteira com os filisteus (ver “Bete-Semes”, em ISm 6). IP®S*KsM 'tr N O T A S H I S T Ó R I C A S E C U L T U R A I S 1SAMUEL 5 Dagom era uma das deidades mais cultuadas do antigo Oriente Médio. * f Sargão, o Grande (III milênio a.C.), passou a adorar Dagom depois de suas vitórias mili tares na Mesopotâmia. ❖ As cidades de Mari (mapa 1), Tuttul e Teqra possuíam templos dedicados a Dagom, e o templo de Mari, pelo menos, é bem atesta do nos arquivos dessa cidade1 (II milênio a.C.). ❖ Embora Dagom esteja quase ausente na mitologia de Ugarite (mapa 1), é provável que essa cidade possuísse um templo, já que Dagom é mencionado em muitas listas de ofertas de Ugarite.2 •5* Na Terra Santa, Dagom aparece como o principal deus dos filisteus, com templos em Gaza (Jz 16.23), Bete-Seã (ICr 10.10) e Asdode (mapa 4), na qual provavelmente seu templo foi identificado pelos arqueólogos.3 ❖ Infelizmente, o culto a Dagom influenciou Israel (Js 15.41 menciona Bete-Dagom). Lamentavelmente, o significado do nome de Dagom e sua função não estão claros. Alguns ligam seu nome aos termos "trigo", "peixe" ou "nebuloso", em razão das similaridades entre seu nome e essas pala vras nas línguas semíticas. Dagom também é às vezes associado com o poderio militar. Em 1 Samuel 5, os filisteus creditam a Dagom sua vitória sobre o exército de Israel (e, portanto, sobre Yahweh). Ironicamente, Dagom foi mais tarde forçado a se submeter diante da arca de Yahweh. 0 culto a Dagom desapare ceu durante o período in tertestam enta l (um templo a Dagom é mencionado em 1 Macabeus 10.84)4. 1Ver "Mari", em Gn 31. 2Ver "Os tabletes de Ugarite e a religião cananeia", em Js 1. 3Ver "Sansão e o templo de Dagom", em Jz 16. 4Para mais informações sobre esse período, ver "0 período intertestamental", em Ml 3 .0 livro de 1 Macabeus é apócrifo, ou seja, não é aceito no cânon oficial protestante. 1 S A M U E L 6 . 7 40 Quando a arca de Deus estava entrando na cidade de Ecrom, o povo começou a gritar: “Eles trou- 5.11 «v. 6,8,9 xeram a arca do deus de Israel para cá a fim de matar a nós e a nosso povo”. 11 Então reuniram todos os governantes* dos filisteus e disseram: “Levem embora a arca do deus de Israel; que ela volte ao seu lugar; caso contrário ela“ matará a nós e a nosso povo”. Pois havia pânico mortal em toda a cidade; a mão de Deus pesava muito sobre ela.12 Aqueles que não morreram foram afligidos com tumores, e o clamor da cidade subiu até o céu. 6.2 vGn 41.8; Êx 7.11; Is 2.6 6.3 zÊx 23.15; Dt 16.16; H-V 5.15; »v.9 6.4 "V. 17,18; Js 13.3; Jz 3.3 6.5 "1 Sm 5.6-11; «Js 7.19; Is 42.12; Jo 9.24; Ap 14.7 6 .6 'Êx 7.13; 8.15; 9.34; 14.17; OÊX 12.31,33 6.7 h2Sm 6.3; 'Nm19.2 O Retorno da Arca a Israel 6 Quando já fazia sete meses que a arca do S e n h o r estava em território filisteu, 2 os filisteus chamaram os sacerdotes e adivinhosv e disseram: “ O que faremos com a arca do S e n h o r ? Digam-nos com o que devemos mandá-la de volta a seu lugar”. 3 Eles responderam: “Se vocês devolverem a arca do deus de Israel, não mandem de volta só a arca,z mas enviem também uma oferta pela culpa.3 Então vocês serão curados e saberão porque a sua mãob não tem se afastado de vocês”. 4 Os filisteus perguntaram: “Que oferta pela culpa devemos enviar-lhe?” Eles responderam: “Cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro, de acordo com o número0 de governantes filisteus, porquanto a mesma praga atingiu vocês e todos os seus governantes. 5 Façam imagens dos tumoresd e dos ratos que estão assolando o país e deem glóriae ao deus de Israel. Talvez ele alivie a mão de sobre vocês, seus deuses e sua terra. 6 Por que ter o coração obstinadof como os egípcios e o faraó? Só quando esse deus* os tratou severamente, eles deixarams os israelitas seguirem o seu caminho. 7 “Agora, então, preparem uma carroçah nova, com duas vacas que deram cria e sobre as quais nunca foi colocado jugo.' Amarrem-nas à carroça, mas afastem delas os seus bezerros e a 5 .1 1 O u ele. b 6 .6 Is to é, D eus. S Í T I O S A R Q U E O L Ó G I C O S B E T E - S E M E S J 1 SAMUEL 6 A cidade para a qual os filisteus devolveram a arca da aliança, Bete-Semes' (mapa 4), era importante e ficava perto da fronteira da Sefelá com Israel. Localizado na moderna vila de Ain Shemesh (que ain da preserva o antigo nome), o sítio conta com seis níveis maiores de ocupação. 0 mais antigo (a camada VI) é também o mais escasso e data da Idade do Bronze Antigo.2 A camada V é um assentamento cananeu fortificado da Idade do Bronze Médio II que foi completamente destruído em algum momento durante a segunda metade do século XVI a.C. Nos séculos que se seguiram à conquista da terra3 por parte de Israel, a localização de Bete-Semes, próxima à principal rota e à planície filisteia, tornou- -a vulnerável a ataques. A camada IV foi datada por volta dos séculos XV a XIII a.C. e pode ter sido a cidade designada para Judá e escolhida como uma das cidades dos levi tas (Js 15.10; 21 .16).4 Nesse sítio, foram encontradas algumas inscrições em cunei- forme ugarítico e certa quantidade de joias. Essa cidade foi completamente destruída. A camada III, que vem em seguida, mostra uma vila maior e mal planejada, datando da Idade do Ferro I (o final do período dos juizes), que também foi violentamente destruída, talvez pelos filisteus. A camada II sobreviveu durante todo o período monárquico até a queda de Judá, em 586 a.C., embora a cidade pareça ter sofrido uma invasão liderada pelo faraó Sheshonq (o bíblico Sisaque; 1 Rs 14.25)5 no final do século X a.C. A ddade sofreu uma destruição maior durante a campanha de Senaqueribe, em 701 a.C.,6 e pouca coisa so breviveu até que a cidade foi destruída em definitivo por Nabucodonosor, em 586 a.C.7 Escavações recentes na camada II revelaram uma porta, uma cidade qua drada e um grande edifício público. Foi escavado também um rústico reservatório subterrâneo dentro da cidade, com capacida de suficiente para abastecê-la por um perío do de três meses de cerco. Em cerca de 800 a.C, Bete-Semes foi o cenário da batalha en tre os exércitos de Israel e Judá, quando o rei Jeoás, de Israel, fez prisioneiro o rei Amazias (2Rs 14.11 -13; 2Cr 25.21 -23). Nos dias do rei Acaz, a fraqueza da tribo de Judá permitiu que os filisteus capturassem temporaria mente a cidade (2Cr 28.18). Um grande nú mero de sinetes do rei Ezequias indica que Bete-Semes foi um importante centro de suprimento durante esse período. 0 retrato de Bete-Semes em 1 Samuel 6 se encaixa muito bem nesses achados arqueológicos. A cidade na época fazia fronteira com a po derosa população filisteia, porém ela mes ma era israelita. As escavações na camada III, por exemplo, revelam uma cidade cana neia, mas que utilizava a cerâmica bicromá- tica (decorada em duas cores) dos filisteus, atestando a influência de seus vizinhos. 'Ver "0 tabernáculo e a arca", em êx 40. ;Ver "Tabela dos períodos arqueológicos” na p. xxíi, no início desta Bíblia. 3Ver “ A conquista de Canaã", em Js 5. 4Ver “ Cidades dos levitas"em Js 21. sVer "A campanha de Sisaque", em 2Cr 12. 6Ver "0 prisma de Senaqueribe", em 2Cr 32. 7Ver "Nabucodonosor", em 2Rs 24. 4 0 6 1 S A M U E L 6 . 8 ponham-nos no curral.8 Coloquem a arca do S e n h o r sobre a carroça e ponham numa caixa ao lado os objetos de ouro que vocês estão lhe enviando como oferta pela culpa. Enviem a carroça 9 e fiquem observando. Se ela for para o seu próprio território, na direção de Bete-Semesj então foi o S e n h o r quem trouxe essa grande desgraça sobre nós. Mas, se ela não for, então saberemos que não foi a sua mão que nos atingiu e que isso aconteceu conosco por acaso”. 10 E assim fizeram. Pegaram duas vacas com cria, amarraram-nas a uma carroça e prenderam seus bezerros no curral.11 Colocaram a arca do S e n h o r na carroça e junto dela a caixa com os ratos de ouro e as imagens dos tumores.12 Então as vacas foram diretamente para Bete-Semes, mantendo-se na estrada e mugindo por todo o caminho; não se desviaram nem para a direita nem para a esquerda. Os governantes dos filisteus as seguiram até a fronteira de Bete-Semes. 13 Ora, o povo de Bete-Semes estava colhendo trigo no vale e, quando viu a arca, alegrou-se muito. 14 A carroça chegou ao campo de Josué, de Bete-Semes, e ali parou ao lado de uma grande rocha. Então cortaram a madeira da carroça e ofereceram as vacas como holocaustoflk ao S e n h o r . 15 Os levitas1 tinham descido a arca do S e n h o r e a caixa com os objetos de ouro e as tinham colocado sobre a grande rocha. Naquele dia, o povo de Bete-Semes ofereceu holocaustos e sacrifícios ao S e n h o r . 16 Os cinco governantes dos filisteus viram tudo isso e voltaram naquele mesmo dia a Ecrom. 17 Os filisteus enviaram ao S e n h o r como oferta pela culpa estes tumores de ouro: um por01 Asdode, outro por Gaza, outro por Ascalom, outro por Gate e outro por Ecrom.18 O número dos ratos de ouro foi conforme o número das cidades filisteias que pertenciam aos cinco governantes; tanto as cidades fortificadas como os povoados do campo. A grande rocha, sobre a qual puseram*7 a arca do S e n h o r , é até hoje uma testemunha no campo de Josué, de Bete-Semes. 19 O S e n h o r , contudo, feriun alguns dos homens de Bete-Semes, matando setentac deles, por terem olhado0 para dentro da arca do S e n h o r . O povo chorou por causa da grande matança que o S e n h o r fizera,20 e os homens de Bete-Semes perguntaram: “Quem pode permanecerP na presença do S e n h o r , esse Deus santo?** A quem enviaremos a arca, para que ele se afaste de nós?” 21 Então enviaram mensageiros ao povo de Quiriate-Jearim/ dizendo: “Os filisteus devolveram a arca do S e n h o r . Venham e levem-na para vocês”. 7Os homens de Quiriate-Jearim vieram para levar a arca do S e n h o r . Eles a levaram para a casa de Abinadabe,s na colina, e consagraram seu filho Eleazar para guardar a arca do S e n h o r . Samuel Subjuga os Filisteus em Mispá 2 A arca permaneceu em Quiriate-Jearim muito tempo; foram vinte anos. E todo o povo de Israel bus cava o S e n h o r com súplicas .^3 E Samuel disse a toda a nação de Israel: “Se vocês querem voltar-se1 para o S e n h o r de todo o coração, livrem-seu então dos deuses estrangeiros e das imagens de Astarote,v consa- grem-sew ao S e n h o r e prestem culto somente a ele,x e ele os libertará das mãos dos filisteus”. 4 Assim, os israelitas se livraram dos baalins e dos postes sagrados e começaram a prestar culto somente ao S e n h o r . 5 E Samuel prosseguiu: “Reúnam todo o Israel em Mispá,v e eu intercederei ao S e n h o r a favor de vocês”. 6 Quando eles se reuniram em Mispá, tiraram água e a derramaram2 perante o S e n h o r . Naquele dia jejuaram e ali disseram: “Temos pecado contra o S e n h o r ” . E foi em Mispá que Samuel liderou3 os israelitas como juiz. 7 Quando os filisteus souberam que os israelitas estavam reunidos em Mispá, os governantes dos filisteus saíram para atacá-los. Quando os israelitassouberam disso, ficaram com medo.b 8 E disseram a Samuel: “Não pares de clamar0 por nós ao S e n h o r , o nosso Deus, para que nos salve das mãos dos filisteus”. 9 Então Samueld pegou um cordeiro ainda não desmamado e o ofereceu inteiro como holo causto ao S e n h o r . Ele clamou ao S e n h o r em favor de Israel, e o S e n h o r lhe respondeu.e 6.9 iv. 3; Js 15.10; 21.16 6.14 «<2Sm 24.22; 1 Rs 19.21 6.15 'Js 3.3 6.19 "2Sm 6.7; °êx 19.21; Nm 4.5,15,20 6.20 P2Sm 6.9; Ml 3.2; Ap 6.17; l v 11.45 6.21 Os 9.17; 15.9,60; 1 Cr 13.5,6 7 .3 'Dt 30.10; Is 55.7; 0s 6.1; uGn 35.2; Js 24.14; vJz 2.12,13; 1Sm 31.10; "J l 2.12; *Dt 6.13; Mt 4.10; Lc4.8 7.5 yJz 20.1 7.6 ZSI 62.8; Lm 2.19; aJz 10.10; Ne 9.1; 51106.6 7 .7 1 Sm 17.11 7.8 «1 Sm 12.19, 23; Is 37.4; Jr 15.1 7.9 «SI 99.6; eJr 15.1 a 6 .1 4 Isto é, sacrifício totalmente queimado; também em todo o livro de 1 Samuel. b 6 .1 8 Conforme alguns manuscritos do Texto Massorético. A maioria dos manuscritos do Texto M assorético diz povoados do cam po até Abel Maior, onde puseram. c 6 .1 9 Conforme alguns manuscritos do Texto Massorético. A maioria dos manuscritos do Texto M assorético e a Septuaginta dizem 50.070. d 7 .2 Hebraico: lam entava-se após o Senhor. 7 .3 Astarote, a deusa do amor, da fertilidade e da guerra, era cultuada sob várias formas por muitos povos do antigo Oriente Médio, entre eles os cananeus (ver nota em Jz 2.13). Os cultos a Astarote e a Baal eram geralmente combinados (ver Jz 2.13; 3.7; 10.6; ISm 7.4; ver também “As inscrições de Kuntillet Ajrüd: a Aserá do Senhor?”, em Jr 17) por causa da prática de associar deidades masculinas e femininas, comum nos cultos de fertilidade. 7 .6 Para saber mais sobre o ascetismo no AT, ver nota em Lv 10.9. 1 S A M U E L 8 . 1 0 40 7.10f1Sm 2.10; 2Sm 22.14,15; aJs 10.10 7.12 «Gn 35.14; JS4.9 7.13 Uz 13.1,5; 1Sm13.5 7.15ÍV.6; 1Sm 12.11 7.17“1Sm 1.19; 8 .4 ;'Jz 21.4 10 Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus se aproximaram para combater Israel. Na quele dia, porém, o S e n h o r trovejou* com fortíssimo estrondo contra os filisteus e os colocou em pânico,9 e foram derrotados por Israel.11 Os soldados de Israel saíram de Mispá e perseguiram os filisteus até um lugar abaixo de Bete-Car, matando-os pelo caminho. 12 Então Samuel pegou uma pedrah e a ergueu entre Mispá e Sem; e deu-lhe o nome de Ebenézer", dizendo: “Até aqui o S e n h o r nos ajudou”. 13 Assim os filisteus foram dominados' e não voltaram a invadir o território israelita. A mão do S e n h o r esteve contra os filisteus durante toda a vida de Samuel.14 As cidades que os filisteus haviam conquistado foram devolvidas a Israel, desde Ecrom até Gate. Israel libertou os terri tórios ao redor delas do poder dos filisteus. E houve também paz entre Israel e os amorreus. 15 Samueli continuou como juiz de Israel durante todos os dias de sua vida.16 A cada ano percorria Betei, Gilgal e Mispá, decidindo as questões de Israel em todos esses lugares.17 Mas sempre retornava a Ramá,k onde ficava sua casa; ali ele liderava Israel como juiz e naquele lugar construiu um altar1 em honra ao S e n h o r . 8.1 "D t 16.18,19 8.2 "Gn 22.19; 1 Rs 19.3; Am 5.4,5 8.3 «Êx 23.8; Dt 16.19; S115.5 8.4 H Sm 7.17 8.5 nDt 17.14-20 8.7 < x 16.8; 1Sm 10.19 8.9 V. 11-18; 1Sm 10.25 Israel Pede um Rei 8 Quando envelheceu, Samuel nomeoum seus filhos como líderes de Israel. 2 Seu filho mais velho chamava-se Joel; o segundo, Abias. Eles eram líderes em Berseba."3 Mas os filhos dele não anda ram em seus caminhos. Eles se tornaram gananciosos, aceitavam suborno0 e pervertiam a justiça. 4 Por isso todas as autoridades de Israel reuniram-se e foram falar com Samuel, em Ramá.P5 E disseram-lhe: “Tu já estás idoso, e teus filhos não andam em teus caminhos; escolhe agora um reW para que nos lidere, à semelhança das outras nações”. 6 Quando, porém, disseram: “Dá-nos um rei para que nos lidere”, isso desagradour a Samuel; então ele orou ao S e n h o r . 7 E o S e n h o r lhe respondeu: “Atenda a tudo o que o povo está pedindo; não foi a você que rejeitaram; foi a mim que rejeitaram como rei.s 8 Assim como fizeram comigo desde o dia em que os tirei do Egito até hoje, abandonando-me e prestando culto a outros deuses, também estão fazendo com você.9 Agora atenda-os; mas advirta-os solenemente' e diga-lhes quais direitos reivindicará o rei que os governará”. ’ 7 .1 2 Ebenèzer s ig n if ic a pedra de ajuda. 8.5 Para mais informações sobre a teocracia em Israel (o sistema de governo no qual o próprio Deus é o governador), ver nota em Êx 15.13. S Í T I O S A R Q J J E O L Ó G I C O S Q U I R I A T E - J E A R I M 1SAMUEL 7 Originariamente, Quiriate- -Jearim (mapa 4) era chamada Baalá (Js 15.9) ou Quiriate-Baal, o que provavelmen te indica seu significado religioso na época em que pertencia aos cananeus adoradores de Baal.1 Depois que os israelitas entra ram em Canaã, sob a liderança de Josué, a cidade, que ficava próxima à fronteira com Benjamim ao sul, foi designada para a tribo de Judá (Js 18.14). Quiriate-Jearim, que significa "cidade das florestas", estava es trategicamente situada junto à importante rota que ia da planície costeira até o planalto benjamita e dali para Jerusalém. Depois da captura da arca da aliança pelos filisteus e do subsequente retorno dela a Bete-Semes2 (mapa 4), os homens de Quiriate-Jearim recuperaram a arca e a trouxeram para a casa de Abinadabe. A arca permaneceu vinte anos em Quiriate-Jearim (1Sm 7.2), até o arrependimento da nação em Mispá. Durante seu reinado, Davi trans portou a arca da casa de Abinadabe para Jerusalém (2Sm 6.2-4; 2Cr 1.4), e Salomão fortificou o local (ver IRs 9.18), embora se acredite que o faraó Sisaque o tenha des truído.3 As últimas referências a Quiriate- -Jearim no registro bíblico fazem dela a cidade natal do profeta Urias (Jr 26.20) e o destino de alguns dos judeus que retorna ram do exílio (Ne 7.29). Quiriate-Jearim foi identificada como Deir el-Azhar, o cume de um monte que provavelmente preservan nome de Eleazar, filho de Abinadabe, o qual foi consagrado como guardião da arca. Uma inscrição encontrada no local indica que a X Legião romana mais tarde se alojou ali, e as escavações do início do século XX revelaram uma igreja bizantina construída no século V d.C.4 / t 1Ver "Os tabletes de Ugarite e a religião cananeia", em Js 1, e "Baal e os cultos de fertilidade", em Os 2. 2Ver "Bete-Semes", em 1Sm 6. 3Ver "A campanha de Sisaque", em 2Cr 12. 4Para mais informações sobre a arca, ver "0 tabernáculo e a arca", em Êx 40. DIFERENÇAS TEOLÓGICAS FUNDAMENTAIS ENTRE ISRAEL E SEUS VIZINHOS 1 S A M U E L 8 . 1 0 Tema Ideal israelita Politeismo pagão Supremacia da deidade Vahweh é o poder máximo do Universo. Não deve satisfações a ninguém e não há limites para sua jurisdição Os deuses têm programas de trabalho conflitantes e jurisdição limitada. Mesmo como corporação ou como um todo, não exercem a soberania máxima. Manifestação da deidade Yahweh não pode ser representado pela forma material nem pela forma de qualquer fenômeno natural. As deidades são representadas iconicamente, antropomorficamente ou por fenômenos naturais. Disposição da deidade Yahweh é consistente em caráter e se autodetermina por seus atributos. 0 deus não se orienta por nenhum código de conduta. É inconsistente, imprevisível e responsável apenas períferícamente em relação à assembleia divina. Autonomia da deidade Yahweh não depende de que nenhum povo satisfaça suas necessidades. Cumpre ao povo providenciar alimento e habitação para a deidade (sacrifícios e templos). Exigências da deidade Tornadas conhecidas em detalhes pela outorga da Lei. Não reveladas:podem ser apenas inferidas com base no destino de uma pessoa. Resposta à deidade Yahweh espera conformidade com a Lei e também com sua santidade e justiça. É ritualista, ainda que a manutenção de uma sociedade ordenada fosse importante. Criação do cosmo Yahweh empreendeu e de forma soberana executou um plano coerente para a Criação. Realizada por meio da procriação dos deuses, sem influência direta. Organizada e estabelecida pelo conflito entre os deuses. Dignidade humana Derivada do fato de o homem ser criado à imagem de Deus e estabelecido acima da criação. Yahweh criou o mundo para o ser humano e tendo o ser humano em mente. Uma vez que os seres humanos são um aborrecimento e uma ideia posterior, criados como escravos, a dignidade deriva da crença de que eles existem para suprir as necessidades dos deuses. Revelação A vontade de Yahweh, seus propósitos e sua natureza são matéria de conhecimento público, providenciado pelo próprio Yahweh, A vontade, os propósitos e a natureza da deidade somente podem ser inferidos. Eleição Israel via-se como o povo eleito de Deus. Ocasionalmente, um rei ou uma dinastia eram considerados eleitos, mas não havia uma doutrina que sustentasse tal eleição. Historiografia A história é registrada como uma forma de revelação de Yahweh e, portanto, é didática. A história é registrada como um meio de propaganda que justifique e autentique o regime vigente. Intervenção divina Foca no objetivo estabelecido e consistente de manter o acordo com a intenção de Yahweh de revelar a si mesmo e seus atributos. Foca na manutenção do statusquo ou o retorno a um status quo anterior e é primariamente adiire. Presságios A visão de mundo de Israel rejeitava a mentalidade do presságio. Eram vistos como indicativos das circunstâncias que seriam causadas pelos deuses, favoráveis ou não. Feitiçaria A visão de mundo de Israel rejeitava a manipulação da deidade por meio da feitiçaria. A feitiçaria era utilizada como forma sobrenatural de coerção à deidade, para que a resposta seguisse o caminho desejado. Chronological and Background Charts ofthe Old Testament, p. 84 1 S A M U E L 9 . 1 7 4 0 9 8.11 "1Sm 10.25; 14.52; <Ot 17.16; 2Sm 15.1 8.14 *Ez 46.18; >1 Rs 21.7,15 8.18 "Pv 1.28; Is 1.15; Mq 3.4 8.19*ls66.4; Jr 44.16 8.20 "v. 5 8.21 cJz 11.11 8.22 °v. 7 9.1 "1 Sm 14.51; 1 Cr 8.33; 9.39 9 .2 '1 Sm 10.24; •1 Sm 10.23 9.4 «Js 24.33; ■2Rs 4.42 9.511 Sm 1.1; h1Sm 10.2 9 .6 'Dt 33.1; 1Rs 13.1; ” 1 Sm 3.19 9.7 "1 Rs 14.3; 2Rs 5.5,15; 8.8 9.9 °2Sm 24.11; 2Rs 17.13; 1 Cr 9.22; 26.28; 29.29; Is 30.10; Am 7.12 9.11 nGn 24.11,13 9.12 iNm 28.11- 15; 1Sm 7.17; 'Gn 31.54; Is 10.5; 1 Rs 3.2 9.16*1 Sm 10.1; ■Êx 3.7-9 9.17"1Sm16.12 10 Samuel transmitiu todas as palavras do Se n h o r ao povo, que estava lhe pedindo um rei, 11 dizendo: “O rei que reinará sobre vocês reivindicará como seu direito o seguinte: ele tomaráu os filhos de vocês para servi-lo em seus carros de guerra e em sua cavalaria e para correr à frente dos seus carros de guerra/ 12 Colocará alguns como comandantesw de mil e outros como comandantes de cin qüenta. Ele os fará arar as terras dele, fazer a colheita e fabricar armas de guerra e equipamentos para os seus carros de guerra.13 Tomará as filhas de vocês para serem perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14 Tomará de vocês o melhor das plantações/ das vinhas'' e dos olivais e o dará aos criados dele. 15 Tomará um décimo dos cereais e da colheita das uvas e o dará a seus oficiais e a seus criados. 16 Também tomará de vocês para seu uso particular os servos e as servas, e o melhor do gado0 e dos jumentos.17 E tomará de vocês um décimo dos rebanhos, e vocês mesmos se tornarão escravos dele. 18 Naquele dia, vocês clamarão por causa do rei que vocês mesmos escolheram, e o Se n h o r não os ouvirá2”. 19 Todavia, o povo recusou-se3 a ouvir Samuel e disse: “Não! Queremos ter um rei.20 Seremos como todas as outras nações;6 um rei nos governará, e sairá à nossa frente para combater em nossas batalhas”. 21 Depois de ter ouvido tudo o que o povo disse, Samuel o repetiu0 perante o S e n h o r . 22 E o S e n h o r respondeu: “Atenda-osd e dê-lhes um rei”. Então Samuel disse aos homens de Israel: “Volte cada um para a sua cidade”. O Encontro entre Saul e Samuel 9Havia um homem de Benjamim, rico e influente, chamado Quis,e filho de Abiel, neto de Zeror, bisneto de Becorate e trineto de Afia.2 Ele tinha um filho chamado Saul, jovem de boa aparência, sem igual* entre os israelitas; os mais altosS batiam nos seus ombros. 3 E aconteceu que as jumentas de Quis, pai de Saul, extraviaram-se. E ele disse a Saul: “Chame um dos servos e vá procurar as jumentas”. 4 Eles atravessaram os montesh de Efraim e a região de Salisa,' mas não as encontraram. Prosseguindo, entraram no distrito de Saalim, mas as jumentas não estavam lá. Então atravessaram o território de Benjamim e mesmo assim não as encontraram. 5 Chegando ao distrito de Zufej disse Saul ao seu servo: “Vamos voltar, ou meu pai deixará de pensar nas jumentas para começar a preocupar-sek conosco”. 6 O servo, contudo, respondeu: “Nesta cidade mora um homem de Deus1 que é muito respeitado. Tudom o que ele diz acontece. Vamos falar com ele. Talvez ele nos aponte o caminho a seguir”. 7 Saul disse a seu servo: “Se formos, o que lhe poderemos dar? A comida de nossos sacos de viagem acabou. Não temos nenhum presente" para levar ao homem de Deus. O que temos para oferecer?” 8 O servo lhe respondeu: “Tenho três gramas6 de prata. Darei isto ao homem de Deus para que ele nos aponte o caminho a seguir”. 9 (Antigamente em Israel, quando alguém ia consultar a Deus, dizia: “Vamos ao vidente”, pois o profeta de hoje era chamado vidente.)0 10 E Saul concordou: “Muito bem, vamos!” Assim, foram em direção à cidade onde estava o ho mem de Deus. 11 Ao subirem a colina para chegar à cidade, encontraram algumas jovens que estavam saindo para buscarP água e perguntaram a elas: “O vidente está na cidade?” 12 Elas responderam: “Sim. Ele está ali adiante. Apressem-se; ele chegou hoje à nossa cidade, por que o povo vai oferecer um sacrifício'! no altarr que há no monte.13 Assim que entrarem na cidade, vocês o encontrarão antes que suba ao altar do monte para comer. O povo não começará a comer antes que ele chegue, pois ele deve abençoar o sacrifício; depois disso, os convidados irão comer. Subam agora e vocês logo o encontrarão”. 14 Eles foram à cidade e, ao entrarem, Samuel vinha na direção deles a caminho do altar do monte. 15 No dia anterior à chegada de Saul, o Se n h o r havia revelado isto a Samuel:16 “Amanhã, por volta desta hora, enviarei a você um homem da terra de Benjamim. Unja-os como líder sobre Israel, o meu povo; ele libertará* o meu povo das mãos dos filisteus. Atentei para o meu povo, pois o seu clamor chegou a mim”. 17 Quando Samuel viu Saul, o Se n h o r lhe disse: “Esteu é o homem de quem falei; ele governará o meu povo”. “ 8. 16 Conforme a Septuaginta. O Texto Massorético diz jovens. b 9 .8 Hebraico: 1/4 de siclo. Um siclo eqüivalia a 12 gramas. 9 .12 Depois de entrar na terra prometida, os israelitas muitas vezes seguiram a prática cananeia de erigir altares sobre colinas (ver “San tuários israelitas e a adoração antes do templo de Salomão”, em lSm 1). Nessa época, o santuário central não estava em funcionamento, porque a arca de Deus estava afastada do tabernáculo, Siló fora destruída (ver “A destruição de Siló”, em Jr 7) e a família sacerdotal aparentemente continuava inativa desde a morte de Eli. O culto nos “lugares altos” foi mais tarde condenado, porque permitia a infiltração de práticas pagãs nas observâncias religiosas de Israel (ver “Os lugares altos”, em Ez 6). o 1 S A M U E L 9 . 18 18 Saul aproximou-se de Samuel na entrada da cidade e lhe perguntou: “Por favor, pode me dizer onde é a casa do vidente?” 19 Respondeu Samuel: “Eu sou o vidente. Vá na minha frente para o altar, pois hoje você comerá comigo. Amanhã cedo eu contarei a você tudo o que quer saber e o deixarei ir.20 Quanto às jumentasv que você perdeu há três dias, não se preocupe com elas; já foram encontradas. E a quem pertencerá tudo o que é precioso™ em Israel, senão a você e a toda a família de seu pai?” 21 Saul respondeu: “Acaso não sou eu um benjamita, da menor das tribos* de Israel, e não é o meu clã o mais insignificante de todos os clãs da tribo de Benjamim?y Por que estás me dizendo tudo isso?” 22 Então Samuel levou Saul e seu servo para a sala e lhes deu o lugar de honra entre os convidados, cerca de trinta pessoas. 23 E disse ao cozinheiro: “Traga-me a porção de carne que entreguei a você e mandei reservar". 24 O cozinheiro pegou a coxa2 do animal com o que estava sobre ela e colocou tudo diante de Saul. E disse Samuel: “Aqui está o que foi reservado para você. Coma, pois desde o momento em que eu disse: Tenho convidados, essa parte foi separada para você para esta ocasião”. E Saul comeu com Samuel naquele dia. 25 Depois que desceu do altar do monte para a cidade, Samuel conversou com Saul no terraço3 de sua casa. 26 Ao romper do dia, quando se levantaram, Samuel chamou Saul no terraço e disse: “Levante-se, e eu o acompanharei, e depois você seguirá viagem”. Saul se levantou e saiu com Samuel. 27 Enquanto desciam para a saída da cidade, Samuel disse a Saul: “Diga ao servo que vá na frente”. O servo foi e Samuel prosseguiu: “Fique você aqui um instante, para que eu dê a você uma mensagem da parte de Deus”. 9.20 «V. 3; *1 Sm 8.5; 12.13 9.21 <1 Sm 15.17; Uz 20.35,46 9.24 4.V 7 .3 2 -3 4 ; Nm 18.18 9.25 aDt 22.8; At 10.9 9.25 As casas do antigo Oriente Médio tinham o teto plano com acesso da noite. Às vezes, um pequeno quarto era construído sobre o teto (ver por escadas externas. O terraço era um local bem conveniente para o “A cidade e o lar israelitas”, em Jr 9). descanso, a privacidade e um bom lugar para receber a refrescante brisa Samuel e Saul 1 SAMUEL 9 Samuel e Saul foram líderes de uma transição na história de Israel, por volta de 1070 a 1000 a.C., entre a época dos juizes e a m onarquia unida. "Naqueles dias ra ramente o Senhor falava" (ISm 3.1), mas a concepção miraculosa de Samuel pela estéril Ana (cap. 1) e o singular chamado profético de Samuel (3.4-14) indicam uma obra espe cial de Deus a favor de seu povo. Ao que pare ce, não era de linhagem sacerdotal (1 Cr 6.49- 53; cf. 1Sm 1.1), embora seu pai fosse levita (1 Cr 6.25,26). Samuel cresceu em Siló (mapa 4), o primeiro centro de culto de Israel,1 onde foi treinado sob a supervisão do sumo sacer dote Eli (1.27,28; 2.11; 3.1). 0 ministério de Samuel, porém, não foi de sacerdote, mas de profeta (3.20— 4.1a; 9.6-11). Ele defendeu os interesses de Deus e conclamou a nação ao arrependimento (7.3; 8.10-18; 12.6-25; 13.13,14; 15.1,2,17-23). Samuel ungiu reis terrenos (10.1,24; 16.12,13) e também os denunciou (13.13,14; 15.22,23; 28.17-19), além de reforçar a aliança entre Deus e Israel (7.15-17). Saul foi uma expressão trágica dos des vios de Israel. Sob a opressão dos filisteus, os israelitas começaram a questionar a presen ça e o poder de Deus entre eles (cf. 4.21,22) e a imaginar que somente um rei guerreiro lhes poderia trazer libertação (8.20). Ao agir desse modo, rejeitaram a Deus como seu rei (8.7). Saul era alto, forte e corajoso (9.2; 11.6-11), e o povo o escolheu como rei sem hesitar (8.18; 9.16; 10.24; 12.13). Na verda de, ele incorporava o ideal humano de um rei.2 Deus comissionou Saul para lutar contra os filisteus (9.17; 10.7; 17.11) e contra os amalequitas (15.2,3), mas o primeiro rei de Israel falhou muitas vezes em seguir as dire trizes de Deus (e.g., 13.13; 15.17-19; cf. Dt 17.14-20). Três confrontações com Samuel deixaram claro o veredicto de Yahweh: o reinado de Saul fora rejeitado, e ele seria substituído por um homem escolhido a dedo por Deus (13.14; 15.28; 28.17). Os anos res tantes do reinado de Saul foram marcados por medo, traição e ira, enquanto Davi ga nhava notoriedade em Israel.3 A morte de Saul, pelas mãos dos filisteus, pôs fim ao seu reinado (31.1-4). 'Ver "0 tabernáculo em Siló” , em ISm 3. ! Ver "0 rei no antigo Oriente Médio", em SI 45. JVer “ Davi", em 2Sm 1. 1 S A M U E L 1 0 . 1 4 10.1 b1 Sm 16.13; 2Rs9.1,3,6; <512.12; dDt 32.9; SI 78.62,71 10.2 eGn 35.20; IS m 9.4; 91 Sm 9.5 10.3 iGn 28.22; 35.7,8 10.5 IS m 13.3; i1Sm 9.12; k2Rs3.15; '1 Sm 19.20; 1 Co 14.1 10.6 "v. 10; Nm 11.25; 1 Sm 19.23,24 10.7 "Ec 9.10; °Js1.5; Jz 6.12; Hb 13.5 10.8 PlSm 11.14, 15 10.9 ov. 6 10.10 -V. 5,6; 1 Sm 19.20 10.11 m 13.54; Jo 7.15; *1 Sm 19.24 10.14 U1 Sm 14.50 Saul é Ungido Rei 1 í\ Samuel apanhou um jarrob de óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul e o beijou, dizendo: X \ J “O S e n h o r o ungiu0 como líder da herança dele.“d 2 Hoje, quando você partir, encontrará dois homens perto do túmulo de Raquel,e em Zelza, na fronteira de Benjamim. Eles dirão: ‘As jumentasf que você foi procurar já foram encontradas. Agora seu pai deixou de se importar com elas e está preocupados com vocês. Ele está perguntando: “Como encontrarei meu filho?” ’ 3 “Então, dali, você prosseguirá para o carvalho de Tabor. Três homens virão subindo ao santuário de Deus, em Betei,h e encontrarão você ali. Um estará levando três cabritos, outro três pães e outro uma vasilha de couro cheia de vinho.4 Eles o cumprimentarão e oferecerão a você dois pães, que você deve aceitar. 5 “Depois você irá a Gibeá de Deus, onde há um destacamento filisteu.1 Ao chegar à cidade, você encontrará um grupo de profetas que virão descendo do altar do montei tocando liras, tamborins, flautas e harpas;k e eles estarão profetizando.16 O Espíritom do S e n h o r se apossará de você, e com eles você profetizará6 e será um novo homem. 7 Assim que esses sinais se cumprirem, faça o que achar melhor,11 pois Deus está com0 você. 8 “Vá na minha frente até Gilgal.P Depois eu irei também, para oferecer holocaustos e sacrifícios de comunhão^ mas você deve esperar sete dias, até que eu chegue e diga a você o que fazer”. 9 Quando se virou para afastar-se de Samuel, Deus mudou1! o coração de Saul, e todos aqueles sinais se cumpriram naquele dia. 10 Chegando a Gibeá, um grupo veio em sua direção; o Espírito de Deus se apossou dele, e ele profetizour no meio deles.11 Quando os que já o conheciam viram-no profetizando com os profetas, perguntaram uns aos outros: “O que aconteceus ao filho de Quis? Saul também está entre os profetas?”' 12 Um homem daquele lugar respondeu: “E quem é o pai deles?” De modo que isto se tornou um ditado: “Saul também está entre os profetas?” 13 Depois que Saul parou de profetizar, foi para o altar do monte. 14 Então o tio de Saulu perguntou a ele e ao seu servo: “Aonde vocês foram?” 0 1 0 .1 A Septuaginta e a Vulgata d iz e m líder de Israel, o seu povo. Você reinará sobre o povo do S e n h o r e o salvará do poder de seus inimigos ao redor. E isto lhe será um sinal de que o Se n h o r o ungiu como líder sobre a herança dele. b 1 0 .6 O u você estará em transe-, ta m b é m n o v e rs íc u lo 10 e e m 19.24. V e ja 18.10. c 1 0 .8 O u de paz. s í t i o s a r q u e o l o g i c o s O T Ú M U L O DE R A Q U E L 1SAMUEL 10 Raquel morreu perto de Efrata, que é o outro nome da vila de Belém (Gn 35.19; 48.7)1. A tradição convencionou que o local de seu túmulo é um edifício me dieval nas imediações da cidade, embora 1 Samuel 10.2 indique que estava localizado no território de Benjamim. Jeremias 31.15 diz
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