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TCC recuperação judicial - princípio da preservação da empresa

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA 
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
Paulo Henrique Fagundes Neves Filho 
 
 
 
 
 
 
A INTERFERÊNCIA DO ESTADO NAS EMPRESAS POR MEIO DA 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Barra Mansa 
2019 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA 
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
Paulo Henrique Fagundes Neves Filho 
 
 
 
 
 
 
A INTERFERÊNCIA DO ESTADO NAS EMPRESAS POR MEIO DA 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Direito do Centro 
Universitário de Barra Mansa, como requisito 
parcial para a obtenção do grau de Bacharel 
em Direito. 
Orientador: Daiamy Soares Missaggia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Barra Mansa 
2019 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA 
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
Paulo Henrique Fagundes Neves Filho 
 
 
 
 
 
 
A INTERFERÊNCIA DO ESTADO NAS EMPRESAS POR MEIO DA 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Direito do Centro 
Universitário de Barra Mansa, como requisito 
parcial para a obtenção do grau de Bacharel 
em Direito. 
Orientador: Daiamy Soares Missaggia 
 
Data de aprovação:____________________ 
 
____________________________________ 
Orientador Daiamy Soares Missaggia 
 
____________________________________ 
Membro da Banca Examinadora 
 
____________________________________ 
Membro da Banca Examinadora 
 
 
 
 
Barra Mansa 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por 
ter me dado saúde е força para superar as 
dificuldades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Todas as grandes coisas são simples. E 
muitas podem ser expressas numa só 
palavra: liberdade; justiça; honra; dever; 
piedade; esperança.” (Winston Churchill) 
 
“O sucesso é ir de fracasso em fracasso 
sem perder entusiasmo.” (Winston 
Churchill) 
 
 
RESUMO 
 
FILHO, Paulo Henrique Fagundes Neves. A interferência do Estado nas empresas 
por meio da recuperação judicial. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel 
em Direito) – Centro Universitário de Barra Mansa, Barra Mansa, RJ, 2019. 
 
O presente trabalho tem o objetivo de analisar a interferência do Estado nas empresas 
por meio do instituto da recuperação judicial, disciplinado pela Lei 11.101/2005. O 
Estado pode interferir de diversas formas na sociedade, uma delas é pela atuação 
direta do poder judiciário, que é o responsável por aplicar a lei aos casos concretos 
quando ocorre algum tipo de conflito de interesses. 
Nesse sentido, no caso da recuperação judicial, a lei estabelece o princípio da 
preservação da empresa que deve ser aplicado quando cumpridos os requisitos 
visando evitar a exclusão precipitada de uma empresa do mercado. 
A recuperação judicial é um instrumento que configura uma forma de intervenção do 
Estado no domínio privado, vez que põe a empresa que passa por dificuldades 
financeiras frente ao poder judiciário para que apresente aos seus credores uma forma 
de reestruturação. 
 
Palavras-chave: Preservação. Empresa. Recuperação. judicial. Intervenção. Estado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
FILHO, Paulo Henrique Fagundes Neves. A interferência do Estado nas empresas 
por meio da recuperação judicial. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel 
em Direito) – Centro Universitário de Barra Mansa, Barra Mansa, RJ, 2019. 
 
 
The present work has the objective of analyzing the State interference in the 
companies through the institute of judicial recovery, disciplined by Law 11,101 / 2005. 
The State can interfere in various ways in society, one of them is by the direct action 
of the judiciary, which is responsible for applying the law to concrete cases when there 
is some kind of conflict of interest. 
In this sense, in the case of judicial recovery, the law establishes the principle of 
preservation of the company that must be applied when the requirements are fulfilled 
in order to avoid the hasty exclusion of a company from the market. 
Judicial reorganization is an instrument that constitutes a form of State intervention in 
the private domain, since it puts the company that is going through financial difficulties 
before the judiciary so that it presents to its creditors a form of restructuring. 
 
Keywords: Preservation. Company. Recovery. Judicial. Intervention. State 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................8 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DIREITO FALIMENTAR...........9 
2.1. EVOLUÇÃO DO DIREITO FALIMENTAR.........................................................9 
2.2. DO PROCESSO DE FALÊNCIA ....................................................................11 
2.3. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL .....................................................................16 
3. DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA ...................................................................19 
3.1. PRINCÍPIO E NORMA....................................................................................19 
3.2. DA SEGURANÇA JURÍDICA .........................................................................21 
3.3. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA ...........................................23 
3.3.1. CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA ....................................................25 
3.4. ATUAÇÃO DO ESTADO POR MEIO DO PODER JUDICIÁRIO ....................27 
4. RELAÇÃO ENTRE A TEORIA DA MÃO INVISÍVEL E A LEI DE FALÊNCIA.......28 
5. APLICAÇÃO NO CASO CONCRETO .................................................................29 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................31 
7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................33 
8 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
O presente trabalho trata sobre a intervenção do Estado nas empresas por 
meio da recuperação judicial, se mostrando relevante uma vez que aborda questões 
principiológicas acerca da atuação do Estado por meio do poder judiciário nas 
empresas que passam por situação de crise. 
Com a evolução do comércio e da atividade empresária em si, bem como com 
o desenvolvimento da sociedade como um todo foram muitas as alterações nos 
conceitos, costumes e leis que tratavam de relações comerciais, principalmente no 
que tange a insolvência. Assim, em um primeiro momento, por volta da 450 a.C., 
aquele comerciante que entrasse nessa situação poderia ser escravizado ou até 
mesmo morto. Chegou a existir, inclusive, no direito romano, um tipo de contrato em 
que a pessoa se dispunha a prestar serviços como escravo caso se tornasse 
insolvente. Essa visão foi se alterando com o tempo, e os efeitos da insolvência 
deixaram de recair sob a pessoa do devedor e passaram a recair sob seu patrimônio. 
Surgindo então, os primórdios do direito falimentar. 
O Brasil adotou dois procedimentos diferentes aplicáveis para o caso de 
devedor empresário, são eles a falência e a recuperação judicial. Esta apresenta uma 
preocupação com a preservação da empresae sua reestruturação, ao passo que 
aquela figura-se como um tipo de execução, não sendo possível mais recuperar a 
empresa quando decretada. 
Diante desse quadro, o intuito deste trabalho é compreender as formas de 
atuação que o Estado pode se utilizar para interferir na sociedade, em especial nas 
empresas que estejam passando por crise, e verificar se isso ocorre no procedimento 
da recuperação judicial, já que este se passa sob a égide do Poder judiciário. 
Para tanto, cumpre analisar o procedimento estabelecido pela Lei 11.101/2005 
de forma a identificar as atribuições do juiz, dos credores e do devedor, e também, 
compreender a definição e aplicabilidade do princípio da preservação da empresa, já 
que este princípio se mostra de extrema relevância quando se fala de recuperação 
judicial, sendo seu alicerce principal. 
 
 
 
 
9 
 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO FALIMENTAR 
2.1. EVOLUÇÃO DO DIREITO FALIMENTAR 
 
O termo falir vem do latim fallere, que trás a ideia de falhar com aquilo que foi 
prometido, no mesmo sentido de enganar. No sentido jurídico propriamente dito, a 
palavra falência exprime a ideia da impossibilidade de um devedor arcar com seus 
débitos dada a insuficiência de seu patrimônio bem como sua impotência em prover 
os recursos necessários para o cumprimento de suas obrigações. 
 A interpretação da falência como um ato pejorativo e de enganação, era tão 
acentuada historicamente falando, que nas antigas Ordenações do Reino de Portugal 
utilizava-se o termo “quebra” para se definir este instituto. Tal nome era inspirado no 
costume da época, em que os credores do devedor insolvente destruíam a banca do 
comerciante que não honrasse com seus compromissos, de forma a impossibilita-lo 
de continuar a comerciar. O temo foi apropriado no Brasil pelo Código Comercial de 
1850 na parte terceira, denominada: Das Quebras. Todavia, a interpretação do termo 
neste momento se aproximava muito mais do instituto tal qual conhecemos hoje do 
que daquela visão arcaica de destruição do estabelecimento do devedor. 
 Em um período ainda mais antigo, no direito romano, era prevista a execução 
sobre o próprio corpo do devedor insolvente. Na Lei das XII Tábuas, de 451 a.C. era 
estabelecido que se fossem muitos os credores, era permitido inclusive dividir o corpo 
do devedor em tantos pedaços quanto fossem os credores, configurando uma 
verdadeira execução, todavia, caso os credores preferissem, poderiam vender o 
devedor a um estrangeiro como escravo e dividir o valor, o que na pratica era o mais 
comum, ficando então evidente a natureza pessoal da execução àquela época. 
Diante desse contexto de execução pessoal, surgiu o contrato nexum, em que 
o devedor se comprometia a prestar serviços ao como escravo ao credor até que sua 
dívida fosse completamente satisfeita, visando evitar que os efeitos da insolvência 
pudessem lhe custar a própria vida. 
Em 428 a.C. surgiu a Lex Poetelia-Papiria, lei que extinguiu o contrato nexum, 
proibindo expressamente qualquer forma de execução que recaia de forma pessoal 
sobre o devedor, seja pela morte ou pela venda como escravo, firmando o 
entendimento que a garantia do credor deveria ser o patrimônio do devedor e não sua 
vida. Dessa forma a lei se tornou um marco histórico quando se trata de execução 
judicial. 
10 
 
Na prática a execução poderia ser feita por um credor único ou por diversos 
credores, sendo necessário então que surgissem regras para o concurso de credores 
a fim de garantir a correta divisão do patrimônio do devedor entre os credores de 
acordo com a proporção adequada para cada um. Nesse contexto começa a surgir o 
direito falimentar propriamente dito, já que a falência nada mais seria do que uma 
execução coletiva que visa arrecadar e vender judicialmente os bens do devedor, para 
então dividir os valores entre os credores, cada qual com a proporção que lhe é de 
direito. 
A mudança da ideia de que a incidência da execução não deveria mais recair 
na pessoa do devedor, e sim no seu patrimônio foi uma evolução de extrema 
importância para o direito falimentar. Todavia cabe ressaltar também, que neste 
mesmo contexto histórico, houve uma outra evolução. Sendo esta, no que tange à 
possibilidade de dar início à execução. Onde antes era o credor o detentor dessa 
capacidade, passa então, a ser o Estado, ficando a execução sob a égide da disciplina 
judiciária do Estado, proibindo assim a execução de mão própria. 
 Assim sendo, com o passar do tempo, a falência deixa de ser um instrumento 
de vingança pessoal contra o devedor, disciplinada pela raiva, e passa a ser analisada 
sob uma ótica mais contemporânea, condizente com as diretrizes de uma sociedade 
civilizada e evoluída. 
Segundo Rubens Requião a falência: “... propõe uma solução para a empresa 
comercial arruinada: ou a liquida ou proporciona a sua recuperação” (REQUIÃO, 
1998, p.3), embora sua obra tenha sido produzida sob a vigência de uma lei já 
revogada, sua definição ainda encontra compatibilidade com os dias atuais. Sob essa 
mesma ótica, o nobre doutrinador Sérgio Campinho define a falência como: 
 
(...) é a medida judicialmente realizável para resolver a situação jurídica do 
devedor insolvente. Essa solução não implica, necessariamente, a liquidação 
-, revelando-se, outrossim, como promotora da recuperação da empresa por 
ele desenvolvida – falência-recuperação. (CAMPINHO, 2010, p.4) 
 
 Atualmente no Brasil a lei de falências (Lei nº 11.101/2005, de 09 de fevereiro 
de 2005) adota a aplicação de dois procedimentos especiais cabíveis no caso de 
devedor empresário que passe por crise econômico-financeira ou esteja insolvente, 
que são o processo de recuperação judicial e o de falência. Essa dicotomia de 
processos não é o padrão utilizado em alguns países como Alemanha e Portugal, 
onde existe apenas um procedimento, com o objetivo principal de recuperar a 
11 
 
empresa, só entrando no extremo de liquidá-la quando sua recuperação não for 
possível. 
 Para Sergio Campinho, a unicidade neste procedimento seria o sistema 
conceitual mais eficaz, senão vejamos: 
 
Nesse processo único, após reconhecer o estado de insolvência do devedor, 
seja por iniciativa do próprio o u de algum de seus credores, ensejar-se-ia, 
prioritariamente, a recuperação da empresa econômica e financeiramente 
viável, através de todos os meios possíveis. Na sua inviabilidade, promover-
se-ia a liquidação judicial do patrimônio do empresário insolvente. Assim, 
estar-se-ia oferecendo um tratamento à situação jurídica de insolvência desse 
empresário, em melhor atendimento aos anseios da economia 
contemporânea, prestigiando, como regra, a recuperação, só partindo para a 
decretação da liquidação judicial quando a recuperação não se mostrasse 
factível. (CAMPINHO, 2010, p.6) 
 
 Resta ressaltar, que a dicotomia de procedimentos adotada pela Lei nº 
11.101/2005 revela que os conceitos preconizados pelos doutrinadores citados acima 
apresentam um caráter amplo e genérico, já que quando se trata da recuperação 
judicial há sim aquela preocupação com a satisfação dos créditos em conjunto com a 
manutenção das atividades da empresa, todavia, quando se trata da falência 
propriamente dita, verifica-se claramente o caráter de liquidação da empresa, não 
mais importando sua manutenção, o foco é a satisfação dos créditos. 
 
2.2. DO PROCESSO DE FALÊNCIA 
 
Atualmente, conforme já exposto, o instituto da falência propriamente dita, nos 
moldes da legislação em vigor, está mais ligado à ideia da liquidação judicial do 
patrimônio do insolvente do que com a ideia de recuperação da empresa, já que para 
este fim existe um procedimento diverso, a recuperação judicial.Dessa forma, o 
legislador estabeleceu no artigo 48, I da Lei nº 11.101/2005 que uma das condições 
para que se possa requerer a recuperação o devedor não poderia ser falido. Senão 
vejamos: 
 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que 
atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença 
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
 
12 
 
Dito isso fica evidente o caráter de falência-liquidação nesse procedimento, já 
que uma vez reconhecida a falência, sequer existe mais a possibilidade de 
recuperação do devedor. 
A lei 11.101/2005 é aplicável aos empresários individuais, sociedades 
empresárias e aos empresários individuais de responsabilidade limitada (EIRELI), ou 
seja, às empresas, excluídas aquelas previstas no artigo 2º: 
 
Art. 2º Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e 
outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
 
À luz do código civil, encontramos a definição de empresário nos termos do seu 
artigo 966: 
 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa. 
 
A falência mostra-se então como um instrumento para satisfação de crédito 
direcionada às empresas devedoras tal como as ações de cobrança, monitória e de 
execução, configurando uma verdadeira execução coletiva. Entretanto, o objeto na 
ação de falência é mais amplo, já que uma vez decretado o estado de insolvência do 
devedor pelo juiz, objetiva-se o pagamento de todos os credores na medida do 
possível e na ordem estabelecida, e não somente daquele que propôs a ação, como 
seria no caso das outras formas de cobrança judicial. Além disso, para que seja 
decretada a falência é imprescindível que o devedor tenha uma das condutas 
prescritas no artigo 94: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse 
o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
13 
 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou 
da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento 
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu 
passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem 
ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de 
seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
 Embora o caráter da falência seja de execução concursal, cabe esclarecer que 
se trata de um procedimento especial altamente complexo e os legitimados para sua 
propositura incluem além dos credores o próprio devedor, o sócio, acionista ou cotista, 
ou mesmo o cônjuge sobrevivente, herdeiro, ou inventariante no caso de espólio de 
empresário individual, conforme previsto no rol do artigo 97: 
 
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; 
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo 
da sociedade; 
IV – qualquer credor. 
 
 Cada um destes legitimados deve cumprir requisitos específicos para possam 
requerer a falência perante o juízo competente. Assim sendo, uma vez distribuída a 
ação o juiz analisa se a situação fática é compatível com os requisitos legais, e, caso 
positivo, deve decretar a falência, reconhecendo assim por meio de uma sentença 
declaratória, o estado de insolvência do devedor. 
 Uma vez reconhecida essa insolvência, o devedor tem, em princípio, encerrada 
suas atividades, e na mesma sentença declaratória que reconhece a insolvência, o 
juiz nomeia o administrador judicial, que é a figura responsável pela administração 
provisória dos bens da empresa falida. Tal profissional, escolhido pelo juiz, deve ser 
profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de 
empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada conforme consta no artigo 21 
da lei: 
 
14 
 
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa 
jurídica especializada. 
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, 
declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional 
responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação 
judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. 
 
O administrador judicial tem um papel de protagonismo no procedimento 
falimentar, já que uma vez decretada a falência as atividades da empresa são 
encerradas e é ele quem assume o controle da massa falida, realizando a 
arrecadação dos bens para avaliação e os administra até o momento em que esses 
ativos possam ser vendidos, visando o objetivo final da falência, que nada mais é do 
que o pagamento da universalidade dos credores. São elencadas na lei, em seu artigo 
22, as principais competências deste administrador conforme se vê: 
 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do 
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
I – na recuperação judicial e na falência: 
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o 
inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II 
do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação 
judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação 
dada ao crédito; 
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores 
interessados; 
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de 
servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; 
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer 
informações; 
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei; 
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; 
g) requerer aojuiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos 
previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada 
de decisões; 
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas 
especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas 
funções; 
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; 
(...) 
III – na falência: 
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores 
terão à sua disposição os livros e documentos do falido; 
b) examinar a escrituração do devedor; 
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o 
que não for assunto de interesse da massa; 
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo 
de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e 
circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a 
responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 
186 desta Lei; 
15 
 
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de 
arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; 
g) avaliar os bens arrecadados; 
h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, 
para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a 
tarefa; 
i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos 
credores; 
j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou 
sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou 
dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; 
l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a 
cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; 
m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens 
apenhados, penhorados ou legalmente retidos; 
n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, 
advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo 
Comitê de Credores; 
o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o 
cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da 
administração; 
p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10º (décimo) dia do mês 
seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique 
com clareza a receita e a despesa; 
q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu 
poder, sob pena de responsabilidade; 
r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou 
renunciar ao cargo. 
 
 Verifica-se pela leitura do artigo supracitado que são muitas as 
responsabilidades deste profissional, confirmando assim aquela ideia de 
protagonismo dentro do processo falimentar. 
Por fim, considerando o objetivo da falência, que nas palavras do ilustre 
magistrado e professor Amador Paes de Almeida é: 
 
A falência é um instituto jurídico que objetiva garantir os credores do devedor 
insolvente, assim considerado aquele cujo passivo é superior ao patrimônio, 
ou, por outras palavras, cujos bens são insuficientes para saldar seus débitos. 
(ALMEIDA, 2013, p.43) 
 
 Resta esclarecer que considerando esse objetivo do processo falimentar, que 
visa o pagamento dos credores de forma igualitária, respeitada a ordem definida na 
lei, verifica-se então a presença do princípio da par conditio creditorum, ou princípio 
da igualdade entre os credores. Este princípio geral do Direito é aplicável ao direito 
falimentar e pode ser definido simplesmente como a obrigatoriedade do tratamento 
igualitário a todos os credores de um devedor, ressalvados aqueles casos de 
diferenciações justificadas por razões objetivas, definidas em lei, tais como natureza 
e fonte do crédito. 
16 
 
Assim sendo, verificasse claramente neste procedimento a ausência da 
aplicação do princípio da manutenção da empresa, diferentemente do que se vê na 
recuperação judicial. Já que a natureza jurídica aqui é de efetivamente uma execução 
coletiva, visando exclusivamente a satisfação do crédito, que como consequência, 
encerra e liquida a empresa falida. Não restando opções para que esta se recupere e 
mantenha-se no mercado. 
 
2.3. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
A finalidade da recuperação judicial está delimitada na própria lei, em seu artigo 
47: 
 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da 
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a 
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos 
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua 
função social e o estímulo à atividade econômica. 
 
Infere-se então, que o grande objetivo de tal instituto é o de preservar a 
empresa, completamente diferente do processo de falência, que visa unicamente 
executa-la. Quando se preserva a empresa, busca-se a manutenção de empregos, da 
fonte produtora, bem como o desenvolvimento da atividade na região onde ela está 
localizada. 
Diante desses objetivos, criou-se este mecanismo processual para que as 
empresas que estivessem passando por crise econômico-financeira pudessem dele 
se utilizar apresentando uma ação judicial, onde o juiz analisa se a empresa cumpre 
os requisitos legais, e assim o fazendo, é aberta a possibilidade de que ela apresente 
um plano de recuperação visando superar a crise, que por sua vez, deve ser aceitado 
pelos credores para que possa ser executado. Os requisitos para que a recuperação 
judicial possa ser requerida estão expressos no artigo 48 da lei: 
 
 Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que 
atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença 
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação 
judicial; 
17 
 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação 
judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste 
Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio 
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
 
Outra grande diferença entre o instituto da recuperação judicial e a falência diz 
respeito à legitimidade ativa, ou seja, quem pode requerer a recuperação. Diferente 
da falência, os credores não podem ingressar com uma ação de recuperação judicial, 
esta é uma faculdade apenas do próprio devedor. 
Por fim, tal instituto é definido por Sérgio Campinho como: 
 
A recuperação judicial, segundo perfil que lhe reservou o ordenamento, 
apresenta-se como um somatório de providencias de ordem econômico-
financeiras, econômico-produtivas, organizacionais e jurídicas, por meio das 
quais a capacidade produtiva de uma empresa possa, da melhor forma, ser 
reestruturada e aproveitada, alcançando uma rentabilidade auto-sustentável, 
superando, com isso, a situação de crise econômico-financeira em que se 
encontra seu titular – o empresário –, permitindo a manutenção da fonte 
produtora , do emprego e a composição dos interesses dos credores (cf. 
artigo 47). Nessa perspectiva, é um instituto de Direito Econômico. 
(CAMPINHO, 2010, p.10) 
 
Campinho afirma ainda que segundo os economistas Kraus/Gless há a 
necessidade de que se implemente uma forma de reestruturação para superação da 
crise, e que tal estratégia deveria compreender os seguintes itens: medidas 
operacionais visando a melhoria dos resultados e liquidez da empresa; novaorientação fundamental e estratégica; alteração estrutural fundamental, abarcando até 
mesmo a estrutura financeira e organizacional da empresa; e, por fim, alteração na 
mentalidade e cultura. (CAMPINHO, 2010, p.10) 
Ante esta definição, percebe-se que o instituto da recuperação judicial está 
intimamente ligado ao princípio da preservação da empresa, já que busca 
mecanismos para superar uma crise transitória que poderia eliminar a empresa em 
dificuldades do mercado, trazendo prejuízos à sociedade como um todo, que 
poderiam ser desde demissões em massa até mesmo uma redução na arrecadação 
tributária do próprio Estado. 
O procedimento de recuperação judicial tal qual é previsto na lei atualmente 
manteve a tradição contemplada na legislação anterior (Decreto-Lei 7.661/45, que 
regulava a quebra até 2005) onde era previsto o instituto da concordata. Configurando, 
conforme já exposto, a dicotomia de procedimentos, em que de um lado se tem a 
18 
 
falência, que visa a execução e de outro a recuperação judicial, que objetiva a 
reestruturação da empresa. 
 Embora a este procedimento seja concedido por uma sentença, perante a égide 
do poder judiciário, não se pode dizer que deixa de ter natureza contratual, 
prevalecendo assim a autonomia privada da vontade das partes interessadas para 
alcançar a recuperação. Assim sendo, o plano de recuperação estabelecido é 
submetido a uma avaliação judicial, todavia esta não tem qualquer recursão sobre seu 
conteúdo, ficando limitada às formalidades legais do procedimento, que visam a 
redução das fontes de erros durante a celebração bem como permite que os credores 
analisem com mais transparência a fim de que seus interesses não sejam 
prejudicados, além é claro, de dar força executiva ao instrumento. Dessa forma, a 
atuação jurisdicional em momento nenhum adentra no mérito do plano. 
 Diz-se que o objetivo principal da recuperação judicial é recuperar a empresa 
que esteja passando por uma crise, entretanto, cabe acrescentar que tal objetivo se 
materializa, pelo menos em um primeiro momento, com a aprovação por parte dos 
credores da proposta apresentada pelo devedor. Dessa forma, verifica-se que a 
natureza de transitoriedade e a possibilidade de superação da crise enfrentada pelo 
devedor na verdade são assim definidas de acordo com a vontade dos credores, 
limitando a atuação do Estado-juiz à de uma espécie de guardião da legalidade. 
 Assim sendo, percebe-se que a natureza deste instituto é de um contrato 
judicial estabelecido por um plano de recuperação, que por sua vez é firmado entre o 
devedor e uma maioria legalmente estabelecida de credores, capaz de impor a 
decisão à minoria. Dessa forma, é a massa de credores a responsável pela declaração 
de vontade, que o faz por meio da assembleia-geral de credores, configurando assim 
uma relação processual única, sendo aplicável inclusive para àquela minoria de 
credores que porventura não estivessem de acordo com o plano apresentado. 
Muito se fale sobre o objetivo de preservar a empresa durante a recuperação 
judicial, todavia, não menos importante nesta situação é a satisfação das dívidas 
existentes. Assim sendo, embora o objetivo do instituto seja a recuperação, é evidente 
que tal recuperação se materialize com o cumprimento das obrigações por parte do 
devedor em conjunto com a capacidade de manter a operação da empresa. Dito isso, 
é notório que, assim como na falência, também se deve ser aplicado o princípio da 
par conditio creditorum, e que, por isso, deve haver tratamento igualitário entre os 
credores. Tal princípio é expressamente previsto apenas no capítulo que trata sobre 
19 
 
a falência na lei, razão pela qual durante muito tempo se discutia se era aplicável ou 
não à recuperação judicial. Foi então, que na II Jornada de Direito Comercial, que foi 
elaborado o Enunciado de nº 81 que firmou o entendimento de que é aplicável, no que 
couber, à recuperação judicial, o princípio da par condicio creditorum, sob a seguinte 
justificativa: 
 
Discute-se se a par condicio creditorum estaria restrita apenas à falência ou 
se também se aplicaria à recuperação judicial. O Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul, ao analisar o caso em que um credor estava retendo valores 
pertencentes à empresa recuperanda, entendeu que "[...] a pretensão de 
percepção de seu crédito através de compensação, mediante a apropriação 
de valores decorrentes de vendas efetuadas pela empresa em recuperação 
judicial a seus clientes por intermédio dos cartões Hipercard, importaria em 
afronta o princípio da par condicio creditorum, isto é, a igualdade de 
tratamento entre os credores sujeitos ao favor creditício e diverso do plano 
de recuperação pretendido, o que é incabível". O Tribunal de Justiça de São 
Paulo também se manifestou no sentido de que o princípio se aplica à 
recuperação judicial, sendo "o postulado da par condicio creditorum a pedra 
angular sobre a qual se assenta qualquer tipo de processo judicial de 
insolvência" (AI n. 0136362-29.2011.8.26.0000). Já o Superior Tribunal de 
Justiça, embora não tenha se manifestado expressamente sobre o tema, 
inclinou-se no sentido da aplicabilidade à recuperação judicial ao inserir, na 
ementa do Conflito de Competência CC 68173/SP, que "[...] A decisão liminar 
da justiça trabalhista que determinou a indisponibilidade dos bens da 
empresa em recuperação judicial, assim também dos seus sócios, não pode 
prevalecer, sob pena de se quebrar o princípio nuclear da recuperação, que 
é a possibilidade de soerguimento da empresa, ferindo também o princípio 
da par condicio creditorum". 
 
Considerando que os enunciados das Jornadas de Direito Comercial foram 
elaborados com a finalidade de dirimir diversos tipos de questionamentos aceca do 
Direito Comercial, embora o Superior Tribunal de Justiça não tenha se manifestado 
de forma incisiva sobre o tema, pode-se concluir que o postulado nº 81 elucidou a 
questão da aplicabilidade ou não do referido princípio, incorporando o entendimento 
no ordenamento jurídico. 
 
3. DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA 
3.1. PRINCÍPIO E NORMA 
 
O termo princípio exprime a ideia de momento inicial ou origem, considerando 
seu sentido literal. Já quando se fala em termos jurídicos o sentido deste termo 
apresenta conceitos muito mais amplos. O nobre jurista Carlos Ari Sundfeld leciona 
acerca do tema o seguinte: 
 
20 
 
“Os princípios são as ideias centrais de um sistema, ao qual dão sentido 
lógico, harmonioso, racional, permitindo a compreensão de seu modo de 
organizar-se. Tomando como exemplo de sistema certa guarnição militar, 
composta de soldados, suboficiais e oficiais, com facilidade descobrimos a 
ideia geral que explica seu funcionamento: “o subordinados devem cumprir 
as determinações dos superiores”. Sem captar essa ideia é totalmente 
impossível entender o que se passa dentro da guarnição, a maneira como 
funciona. De nada adianta conhecer os nomes das varias categorias de 
militares envolvidos, a atividade diária de cada um deles, os veículos que 
usam, seu horário de trabalho etc., se não tivermos ciência do principio que 
organiza todos esses elementos. Assim, podemos enunciar o principio da 
“hierarquia” para descrever, de modo sintético, o sistema “guarnição militar”. 
A Enunciação dos princípios de um sistema tem, portanto, uma primeira 
utilidade evidente: ajudar no ato de conhecimento. O cientista, para conhecer 
o sistema jurídico, precisa identificar quais os princípios que o ordenam. Sem 
isso, jamais poderá trabalhar com o direito. “ (SUNFELD, 2000, p.143). 
 
Nesse sentido, conforme a analogia de Sundfeld exposta acima, para que se 
possa compreender um sistema jurídico é necessário identificar os princípios que o 
ordenam. Dessa forma,nota-se que para o ordenamento jurídico os princípios 
constituem uma base, constituindo assim as ideias fundamentais que serão 
responsáveis pela organização jurídica do Estado. 
Para Carlos Ari Sundfeld o princípio jurídico é norma de hierarquia superior à 
das regras, pois determina o sentido e o alcance desta, que por sua vez, não podem 
contrariá-lo sob pena de por em risco a globalidade do ordenamento jurídico. 
(SUNDFELD, 2000, p.146). Ou seja, infere-se que deve haver coerência entre as 
regras e os princípios. 
Para Paulo Bonavides “Princípios são verdades objetivas, nem sempre 
pertencentes ao mundo do ser, senão do dever-ser, na qualidade de normas jurídicas, 
dotadas de vigência, validez e obrigatoriedade.” (BONAVIDES,2001, p. 229). 
Já para Celso Antônio Bandeira de Mello a definição de princípio é a seguinte: 
 
“Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição 
fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o 
espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, 
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no 
que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônica. É o conhecimento dos 
princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do 
todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo” (1999, p. 46 
 
Por fim, levando em conta a característica de observância obrigatória dos 
princípios dentro de um ordenamento jurídico, bem como sua superioridade sob as 
regras em termos hierárquicos, cabe salientar que, diferente das regras ou leis, os 
21 
 
princípios nem sempre conseguem ser tão objetivos, já que quando confrontados com 
situações fáticas reais dão margem para diversas interpretações. 
Em razão dessa característica de disposição fundamental, a utilização dos 
princípios no ordenamento jurídico se mostra muito mais eficaz em um momento 
prévio aos acontecimentos fáticos. Ou seja, os princípios devem ser observados no 
momento da construção das regras, ou seja, as leis. Pois sendo assim, as leis, 
baseadas nos ditames norteadores fundamentais dos princípios, devem ser 
elaboradas de forma a serem aplicadas objetivamente aos casos concretos. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a principal norma 
do ordenamento jurídico brasileiro, sendo nela previstos explicita e implicitamente 
inúmeros princípios. Assim, ela representa um papel de norma fundamental, a qual 
define os princípios que guiarão o ordenamento jurídico da nação, de modo as normas 
infraconstitucionais dependem da congruência, no que tange à questão 
principiológica, com a Constituição para que tenham validade. Nesse sentido, Hans 
Kelsen já trazia a seguinte explicação quando tratava de ordem jurídica: 
 
“A derivação das normas de uma ordem jurídica a partir da norma 
fundamental dessa ordem é executada demonstrando-se que as normas 
particulares foram criadas em conformidade com a norma fundamental. Para 
a questão de por que certo ato de coerção – por exemplo, o fato de um 
indivíduo privar outro de liberdade colocando-o na cadeia – é um ato de 
coerção, a resposta é: porque ele foi prescrito por uma norma individual, por 
uma decisão judicial. Para a questão de por que essa norma individual é 
válida como parte de uma ordem jurídica definida, a resposta é: porque ela 
foi criada em conformidade com um estatuto criminal. Esse estatuto, 
finalmente, recebe sua validade da constituição, já que foi estabelecido pelo 
órgão competente da maneira que a constituição prescreve.” (KELSEN, 1998, 
p.168) 
 
Nota-se então, que os princípios são de suma importância para delimitação das 
diretrizes do ordenamento jurídico de uma nação, sendo obrigatória a observação 
destes ao se elaborar uma nova norma. No Brasil, a Constituição é repleta destes 
princípios norteadores, aos quais a lei deve estar adstrita. 
 
3.2. DA SEGURANÇA JURÍDICA 
 
A hermenêutica jurídica nada mais é do que o exercício de interpretação das 
leis, sendo tal interpretação a busca pelo objetivo e aplicabilidade dela em sua real 
22 
 
intenção quando editada, não restrita pura e unicamente à uma interpretação literal 
do texto. 
É previsto expressamente na Constituição federal, em seu artigo 5º, XXXV, o 
princípio da inafastabilidade da jurisdição, conforme se vê: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça 
a direito; 
 
Tal princípio, também denominado de direito de ação ou cláusula de acesso à 
justiça, se define como um direito fundamental previsto no texto constitucional que 
visa garantir o direito das pessoas de que possam levar determinada lide à apreciação 
do poder judiciário, e este encontrará a solução adequada. 
 Considerando o princípio citado, toda lide levada ao judiciário deve ser dirimida. 
Todavia, por óbvio, é impossível que existam tantas normas quantas possibilidades 
fáticas, razão pela qual, o juiz, não encontrando uma solução legal perfeitamente 
cabível ao caso que lhe for apresentado, deve sentenciar com base na analogia, 
costumes e os princípios gerais do direito. É o que prevê o artigo 4º da Lei de 
Introdução ao Direito Brasileiro: 
 
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
 
Dessa forma, verifica-se que os princípios devem ser utilizados para solucionar 
uma lide de forma direta apenas nos casos em que for omissa a lei, e esta por sua 
vez, deve ser objetiva para que possa ser aplicada no caso concreto garantindo a 
segurança jurídica do ordenamento. 
A flexibilidade proporcionada pela aplicação de princípios de forma direta na 
solução de questões jurídicas sofre muitas críticas na doutrina, já que a ampla margem 
de interpretação dos princípios se mostra como uma possibilidade de insegurança 
jurídica. Nesse sentido, o Doutor Cláudio Michelon leciona acerca do tema: 
 
A expressão “princípio jurídico” tem tido uma presença frequente em decisões 
judiciais e na doutrina brasileira. A expressão foi popularizada entre os 
profissionais e teóricos do direito no Brasil a partir de uma leitura direta ou, 
frequentemente, de autores como Ronald Dworking e Robert Alexy. 
23 
 
Ironicamente, um conceito que foi originalmente elaborado como uma forma 
de estabelecer critérios de racionalidade que limitam a discricionariedade 
judicial é comumente associado no Brasil a um instrumento que permite ao 
juiz mais liberdade em relação à lei e ao direito posto. De fato, os princípios 
são muitas vezes utilizados por tribunais e doutrinadores como uma forma de 
eliminar dificuldades postas por regras complexas e/ou que destoam da 
concepção de justiça do juiz ou escritor. (MICHELON, et al., 2011, p.261) 
 
Cláudia Toledo, em sua análise acerta do pensamento de Robert Alexy, leciona 
o seguinte sobre a aplicabilidade dos princípios na solução de lides perante o 
judiciário: 
 
 No caso dos princípios, verifica-se que não se trata de aplicação da norma 
segundo a lógica binária com que se articulam as regras, mas segundo 
uma otimização gradativa do seu mandamento normativo. O fato é que, em 
decorrência da proibição do non liquet, toda questão levada ao Judiciário, 
independentemente de sua regulação em regras ou princípios, sempre foi 
julgada. E questões amparadas por princípios nunca foram objeto de decisão 
simples, isto é, nunca se tratou de um “caso fácil”. Para que se chegue à 
sentença, o procedimentosempre foi o mesmo, decide-se qual norma tem 
maior peso. Atribuir pesos diferenciados, escolhendo, de modo 
fundamentado, qual norma é entendida como dotada de maior peso naquele 
caso concreto é precisamente ponderar. Uma vez identificada essa norma 
(que é um princípio), ela é aplicada à situação sub judice, ou seja, é feita 
a subsunção do fato à norma (princípio precedente), segundo o tradicional 
silogismo jurídico. (TOLEDO, 2017, p.35) 
 
Conclui-se então, que os princípios são de suma importância para o 
ordenamento jurídico, todavia, quando aplicados diretamente a um caso concreto, 
dada sua natureza não binária, abrem margem para muitas interpretações, gerando 
um risco à segurança jurídica. Por outro lado, mostram-se um meio eficaz para dirimir 
uma questão em que a lei seja omissa, já que o Estado-juiz não pode deixar de 
apreciar as questões que lhe são apresentadas. Deste modo, os princípios servem, 
em um primeiro momento, para ditar as diretrizes cuja lei deve seguir. A lei, por sua 
vez, em regra, apresenta caráter positivo, binário, cuja aplicabilidade no caso concreto 
é muito mais factível, entretanto, quando esta mostra-se omissa, é possível a 
retomada da análise principiológica a fim de que seja dada uma solução à determinado 
problema que a lei não foi capaz de dar. 
 
3.3. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA 
 
O princípio da preservação da empresa foi inserido no ordenamento jurídico 
pela Lei 11.101/05, e tem como principal objetivo a manutenção da atividade produtiva 
24 
 
no interesse dos trabalhadores, do governo e também dos credores. Assim sendo, 
percebe-se que a intenção do princípio é proteger a atividade empresarial, e não o 
interesse exclusivo do empresário. 
O artigo 170 da Constituição Federal, que introduz o capítulo que trata dos 
princípios gerais da atividade econômica, elenca os princípios aos quais é fundada a 
ordem econômica: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos 
de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
42, de 19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas 
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no 
País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade 
econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos 
casos previstos em lei. 
 
O princípio da preservação da empresa não está explícito na Constituição 
Federal de 1988 como um dos que regem a ordem econômica. Todavia, nos termos 
do seu artigo 3º, são objetivos fundamentais da República a construção de uma 
sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional, da 
erradicação da pobreza e marginalização e redução das desigualdades sociais e 
regionais. Sendo assim, o princípio da preservação da empresa, quando aplicado em 
conjunto com os princípios expressos no artigo 170 possibilitam o alcance dos 
objetivos fundamentais descritos no artigo 3º de forma mais completa. Razão pela 
qual, embora não seja um princípio constitucional expresso, não deve ser deixado de 
lado quando se trata de ordem econômica. 
Acerca deste princípio introduzido no ordenamento pela Lei de falências, Carlos 
Roberto Claro leciona: 
 
O propósito da nova lei é, efetivamente, apresentar mecanismos jurídicos às 
empresas que atravessam momentânea crise econômico-financeira, a fim de 
que se mantenham no mercado. Com isso, empregos serão mantidos; os 
25 
 
credores poderão vislumbrar a possibilidade de receber o que lhes é devido; 
haverá geração de tributos e o estímulo à atividade econômica, sendo certo 
que em tese, a empresa poderá cumprir sua função social. Evidentemente 
que o principio da preservação da empresa não pode ser interpretado ao 
extremo. Em outras palavras, mas com igual alcance, muito embora o Estado 
conceda instrumentos à recuperação da entidade, não pode permitir que 
aquelas em situações precárias, com problemas crônicos e sem condições 
de soerguimento se mantenham abertas. Haverá a inequívoca necessidade 
de retirada do mercado daquelas empresas deficitárias e sem solução, a fim 
de evitar o agravamento de seus problemas puxando para mesma situação 
aquelas entidades saudáveis, com verdadeiro efeito dominó. A retirada do 
mercado se deve dar com o pedido de autofalência formulado pelo próprio 
devedor ou mesmo com pleito judicial formulado por credores que cumpram 
todas as condições exigidas pelo novo texto normativo. Portanto, preservar a 
empresa é preciso até mesmo pelos reflexos danosos que a falência poderá 
provocar. Porém, tal preservação tem limites óbvios: as entidades são 
recuperáveis devem ser afastadas imediatamente do segmento de mercado 
no qual atuam, quer por iniciativa própria (autofalência), quer mediante pedido 
expresso de credor, observada as formalidades legais. (CLARO, 2006, p. 
248). 
 
O princípio em questão mostra sua relevância para o ordenamento na medida 
em que se preocupa com a preservação da empresa como forma de manutenção de 
empregos, arrecadação tributária, cumprimento da função social, bem como a 
possibilidade dos credores receberem tudo que lhes é devido. Contudo, este não 
apresenta caráter universal uma vez que dada a complexidade do mercado, nem toda 
empresa é recuperável, e nem toda crise é transitória. Dessa forma, o Estado não 
deve garantir meios de que empresas deficitárias e sem solução sejam preservadas. 
Muito pelo contrário, estas devem ser retiradas do mercado o quanto antes, inclusive, 
podendo esta retirada ser feita pelo pedido de falência. 
 
3.3.1. CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA 
 
Quando se diz que uma empresa está em crise, isso pode significar muitas 
coisas diferentes. Crise econômica, financeira, e patrimonial apresentam definições 
diversas, muito embora umas possam desencadear as outras, o que não é, 
necessariamente uma regra. Considerando ainda a complexidade da economia e das 
relações jurídicas modernas, é possível que estes tipos de crise ocorram 
isoladamente. 
Crise econômica é aquela que diz respeito à uma retração considerável nos 
negócios desenvolvidos pela empresa em razão da redução da demanda, impactando 
assim o faturamento. Esta crise pode ser generalizada, segmentada, ou mesmo atingir 
unicamente uma empresa. 
26 
 
Crise financeira mostra-se presente quando a empresa não tem caixa para 
honrar com seus compromissos. Ou seja, a impontualidade é a exteriorização jurídica 
deste tipo de crise. Uma empresa pode apresentar faturamento crescente e ainda 
assim estar em crise financeira já que trata-se de uma crise de liquidez, e não de falta 
de valores efetivamente. Tal situação pode ocorrer em razão de pagamentos feitos 
com recebíveis de longo prazo ou mesmo por amortização de investimentos. 
Já a crise patrimonial é a insolvência propriamente dita. Situação em que os 
ativos de uma empresa não são suficientes para satisfação do passivo. Ou seja, a 
empresa tem menos bens em seu património do que o total de dívidas. Este tipo de 
crise também pode ocorrer em momentos de investimentos, razão pela qual nem 
sempre traduz um mal sinal para a empresa. 
Anteo exposto, pode-se dizer que a empresa esta diante de uma crise quando 
ocorre a queda no faturamento, o que acarreta a falta de liquidez, e, por fim, gera 
insolvência. E é este o quadro crítico que apresenta risco aos credores. 
Muito embora os critérios para definição das crises sejam objetivos, as 
expectativas acerca do ramo, da administração, ou mesmo da operação em si também 
podem influenciar no valor da empresa. Razão pela qual é possível se ver empresas 
com claros sinais de crise sendo negociadas por valores extremamente elevados. 
Acerca do tema, para Fábio Ulhoa Coelho: 
 
A crise fatal de uma grande empresa significa o fim de postos de trabalho, 
desabastecimento de produtos ou serviços, diminuição na arrecadação de 
impostos e, dependendo das circunstâncias, paralização de atividades 
satélites e problemas sérios para a economia local, regional, ou, até mesmo, 
nacional. Por isso, muitas vezes o direito se ocupa em criar mecanismos 
jurídicos e judiciais de recuperação da empresa. (COELHO, 2011, p.70) 
 
Por fim, a crise econômico-financeira a qual trata o procedimento da 
recuperação judicial no artigo 47 da Lei 11.101/05 se mostra transitória e superável 
de acordo com a vontade dos credores, já que são eles quem aprovam, ou não, o 
plano de recuperação. Dessa forma, a análise da crise é feita em um primeiro 
momento pelo próprio devedor, que, considerando-a superável elabora o plano de 
recuperação e apresenta aos credores. Estes, por sua vez, também fazem uma 
análise da crise enfrentada pela empresa devedora, para que possam decidir se 
aceitam ou não o plano apresentado. 
 
27 
 
3.4. ATUAÇÃO DO ESTADO POR MEIO DO PODER JUDICIÁRIO 
 
O poder judiciário é um dos poderes da União previsto no artigo 2º da 
Constituição, assim sendo, pode-se dizer que a atividade jurisdicional representa uma 
forma de atuação do Estado. 
A teoria da tripartição dos poderes de Montesquieu inspirou a organização da 
maioria dos Estados ocidentais, inclusive o Brasil, conforme visto no artigo citado 
acima. Segundo essa divisão organizacional do Estado, cada um dos poderes tem 
funções definidas e atuam separadamente, de forma independente entre si e 
harmônica, porém, mantendo as características de poder uno, indivisível e 
indelegável. O objetivo desta separação é evitar que o poder se concentre nas mãos 
de uma só pessoa, de forma que não haja abuso como o que poderia ocorrer em um 
Estado absolutista. 
A partir dessa divisão, o poder legislativo possui a função típica de legislar e 
fiscalizar, o executivo de administrar a coisa pública, e o judiciário, por sua vez, de 
julgar aplicando a lei ao caso concreto que lhe é posto em decorrência de um conflito 
de interesses. 
Segundo Miguel Reale o Estado é organização da Nação em uma unidade de 
poder, a fim de que a aplicação das sanções se verifique segundo uma proporção 
objetiva e transpessoal. Para tal fim o Estado detém o monopólio da coação no que 
se refere à distribuição da justiça. É por isso que alguns constitucionalistas definem o 
Estado como a instituição detentora da coação incondicionada. Como, porém, a 
coação é exercida pelos órgãos do Estado, em virtude da competência que lhes é 
atribuída, mais certo será dizer que o Estado, no seu todo, consoante ensinamento de 
Laband, tem “a competência da competência”. (REALE, 2011, p.76) 
O Supremo Tribunal Federal reconheceu que os magistrados se enquadram na 
espécie de agente político, investidos para o exercício de atribuições constitucionais, 
e não de servidor público embora o ingresso na carreira seja por meio de concurso de 
provas e títulos. Tal entendimento foi firmado no RE 228.977 conforme ementa: 
 
Recurso extraordinário. Responsabilidade objetiva. Ação reparatória de dano 
por ato ilícito. Ilegitimidade de parte passiva. 2. Responsabilidade exclusiva 
do Estado. A autoridade judiciária não tem responsabilidade civil pelos atos 
jurisdicionais praticados. Os magistrados enquadram-se na espécie agente 
político, investidos para o exercício de atribuições constitucionais, sendo 
dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas funções, com 
28 
 
prerrogativas próprias e legislação específica. 3. Ação que deveria ter sido 
ajuizada contra a Fazenda Estadual - responsável eventual pelos alegados 
danos causados pela autoridade judicial, ao exercer suas atribuições -, a qual, 
posteriormente, terá assegurado o direito de regresso contra o magistrado 
responsável, nas hipóteses de dolo ou culpa. 4. Legitimidade passiva 
reservada ao Estado. Ausência de responsabilidade concorrente em face dos 
eventuais prejuízos causados a terceiros pela autoridade julgadora no 
exercício de suas funções, a teor do art. 37, § 6º, da CF/88. 5. Recurso 
extraordinário conhecido e provido. 
 
Conclui-se então, que o Poder judiciário se mostra então como um destes 
órgãos do Estado dotado de competências específicas, sendo a principal delas a de 
julgar os conflitos de interesses que lhe são postos. E, nesse sentido, o Estado-juiz, 
quando nas atribuições de sua função típica, nada mais é do que o Estado 
materializando seu poder. 
 
4. RELAÇÃO ENTRE A TEORIA DA MÃO INVISÍVEL E A LEI DE FALÊNCIA 
 
Adam Smith foi um importante economista do século XVIII, chegando a ser 
considerado por muitos o pai da economia moderna e um dos principais teóricos do 
liberalismo econômico. Em sua obra, defendeu que o Estado deveria intervir o mínimo 
possível na vida das pessoas, limitando sua atuação a apenas três questões: a justiça, 
a defesa nacional e as obras públicas que não fossem de interesse privado. 
A teoria da mão invisível foi desenvolvida por ele, em 1776 como uma forma de 
explicar como os indivíduos agindo em prol de seu interesse próprio regulariam as 
relações econômicas de uma Nação: 
 
Ao preferir fomentar a atividade do país e não de outros países ele tem em 
vista apenas sua própria segurança; e orientando sua atividade de tal maneira 
que sua produção possa ser de maior valor, visa apenas a seu próprio ganho 
e, neste, como em muitos outros casos, é levado como que por mão invisível 
a promover um objetivo que não fazia parte de suas intenções. Aliás, nem 
sempre é pior para a sociedade que esse objetivo não faça parte das 
intenções do indivíduo. Ao perseguir seus próprios interesses, o indivíduo 
muitas vezes promove o interesse da sociedade muito mais eficazmente do 
que quando tenciona realmente promovê-lo. (SMITH, 1776, p. 438) 
 
Segundo Smith quando o indivíduo investe em determinada atividade visando 
o lucro, ou seja, seu próprio interesse, isso gera uma cadeia de acontecimentos na 
sociedade que é capaz de regulá-la economicamente falando. A lei da oferta e da 
procura em conjunto com a busca pela satisfação de interesses pessoais dos 
indivíduos por si só seriam completamente capazes de regular o mercado, como se 
29 
 
houvesse uma mão invisível que os guiasse dessa forma. Dessa forma, para Smith, 
não há necessidade de que o Estado se preocupe em criar meios para interferir nesta 
relação. 
Independente da lógica estabelecida por este pensador, o Brasil adotou o 
procedimento da recuperação, regulado por uma lei, ou seja, estabelecida pelo 
Estado. Assim, o instituto da recuperação judicial se mostra como uma forma de 
intervenção do Estado na economia na medida em que uma lei busca garantir meios 
para recuperação da empresa, exigir 
 
5. APLICAÇÃO NO CASO CONCRETO 
 
No dia 20 de junho de 2016 as empresas Oi S.A., Telemar Norte Leste S.A., Oi 
Móvel S.A., Copart 4 Participações S.A., Copart 5 Participações S.A., Portugal 
Telecom International Finance B.V. e Oi Brasil Holdings Coöperatief U.A., que 
compõem o Grupo Oi, entraram com o requerimentode recuperação judicial com base 
na Lei nº 11.101/2005, cujo processamento foi deferido em 29 de junho de 2016, pelo 
Juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro sob 
o processo nº 0203711- 65.2016.8.19.0001. 
Este foi um caso muito emblemático de pedido de recuperação judicial visto 
que além de ser um caso em que o valor total das dívidas era um dos mais altos da 
história, trata-se também de uma empresa do ramo de telecomunicações conhecida 
por inúmeras pessoas. 
A aprovação do plano de recuperação ocorreu em somente após 18 meses 
depois do deferimento do pedido pelo juiz, com inúmeros reajustes e negociações 
com os credores. Por fim, o plano contemplou um total de mais de R$ 64 bilhões em 
dívida, com 55 mil credores, dos quais além de detentores de títulos de longo prazo 
da empresa, haviam também entidades governamentais tais como a Agencia Nacional 
de Telecomunicações, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e o BNDS. 
No despacho de deferimento do pedido de recuperação judicial, o juiz do caso 
ressaltou a necessidade de preservar a empresa dada sua relevância para a 
sociedade tanto em termos de empregos gerados quanto de serviços prestados, além 
do cumprimento dos requisitos legais evidentemente: 
 
30 
 
Depara-se o Poder Judiciário com o pedido de recuperação judicial de um 
dos maiores conglomerados empresariais do mundo, com magnitude de 
operações em todos os Estados brasileiros, e com forte impacto social em 
todas as estruturas da sociedade. O GRUPO OI tem receita líquida 
expressiva e desempenha serviços públicos e privados inequivocamente 
essenciais para a população brasileira. Ademais, gera dezenas de milhares 
de empregos diretos e indiretos, bem como recolhe, ao Poder Público, bilhões 
de reais a título de tributos. As referidas peculiaridades revelam a 
necessidade de este Juízo exercer o seu mister constitucional de preservação 
da empresa, fonte de empregos e de riquezas para toda a sociedade. Afinal, 
ao se socorrerem do Poder Judiciário, neste momento de crise global, as 
requerentes pretendem superar as dificuldades, a fim de atingir os seus 
objetivos sociais. Para que uma recuperação seja viável, cabe ao Magistrado, 
além de observar o ordenamento jurídico, adotar todas as medidas 
necessárias ao cumprimento do dever legal de viabilizar a preservação da 
empresa, seja ela uma sociedade empresária de pequeno porte ou, como 
ocorre neste caso, um relevante grupo econômico, com ramificações 
internacionais, que movimenta bilhões de reais, anualmente. Feitas essas 
relevantes considerações, mas antes da análise dos requisitos objetivos para 
concessão do deferimento do pedido de processamento da recuperação 
judicial, necessário o enfrentamento de questões processuais preliminares, 
que dizem respeito à possibilidade: a) da concessão do pedido 
recuperacional à sociedade estrangeira e b) da formação do litisconsórcio 
ativo. (TJRJ, 2016, on-line) 
 
O grupo vem cumprindo o plano conforme aprovado, e o Administrador judicial 
nomeado junta mensalmente os relatórios de atividade informando o juízo do 
cumprimento das metas. A empresa vem apresentando leve melhora na sua situação 
econômica ao passo que está cumprindo o plano e otimizando sua receita. Razão pela 
qual empresas como Itaú BBA, o Bradesco BBI e o BTG Pactual, que são corretoras 
que também realizam análises para investimentos, deram recomendações positivas 
para a ação da OI S.A. recentemente, após a operadora de telecomunicações 
demonstrar balanços positivos. Dessa forma, verifica-se que o procedimento de 
recuperação judicial vem se mostrando eficaz em propiciar meios de preservar uma 
empresa de tamanha relevância para o mercado brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente trabalho teve a intenção de estudar a atuação do Estado, por meio 
do poder judiciário, nas empresas que estejam passando por situação de crise. Para 
tanto, foram analisadas as formas de atuação do Estado, sendo o poder judiciário um 
dos órgãos dotados de competência para agir em seu nome. Dessa forma, verificou-
se que as decisões do Estado-juiz, quando na aplicação da lei aos casos concretos, 
nada mais são do que exteriorização do poder do Estado. 
Assim sendo, percebeu-se que nem sempre as leis são tão objetivas, motivo 
pelo qual há a necessidade de se recorrer a aplicação de princípios. Todavia, a análise 
destes mostra-se muito complexa, já que não apresentam a mesma objetividade das 
normas, abrindo margem para muitas interpretações diferentes e oferecendo risco à 
segurança jurídica. Diante disso, a aplicabilidade dos princípios se mostra muito mais 
eficaz em um momento anterior à aplicação da lei, no momento de sua criação. 
A Lei 11.101/2005, que regula a recuperação judicial estabelece instituiu no 
texto do seu artigo 48 o princípio da preservação da empresa. Tal princípio se justifica 
sob a ótica de que se deve preservar a fonte geradora de empregos, renda e tributos 
sempre que esta se mostrar em condições de se recuperar. 
Então, uma vez cumpridos os requisitos legais, a empresa que passa por crise 
econômico-financeira pode requerer sua recuperação judicial perante o poder 
judiciário. Apenas o fato deste procedimento se dar sob o âmbito judicial, já é 
suficiente para se dizer que há uma intervenção do Estado nesse procedimento. 
Todavia, cabe ressaltar, que embora o Estado-juiz esteja presente neste contexto, sua 
atuação se limita à analise dos requisitos legais bem como fiscalização do 
procedimento. Os verdadeiros protagonistas da recuperação são o devedor e os 
credores, já que aquele tem liberdade para propor o plano de recuperação conforme 
lhe convir e estes aceitam ou não. Sendo assim, existe uma liberdade na estruturação 
do plano de recuperação e o juiz não entra no mérito deste, limitando-se à fiscalização 
de seu cumprimento. 
Conforme o caso apresentado, a empresa devedora OI S.A. ficou em 
negociação com os credores por mais de um ano após a justiça deferir o seu 
requerimento de recuperação, confirmando a ideia de que, na verdade, o Estado, por 
meio do poder judiciário, atua com muito menos relevância no procedimento. Essa 
atuação cumpre o objetivo de segurança aos credores, bem como fiscalizar o 
32 
 
cumprimento do plano. Nesse sentido, tal procedimento vem se mostrando eficaz na 
medida em que a empresa vem apresentando melhoras nos resultados. 
Por fim, nota-se que embora ocorra uma interferência, ainda que mínima, do 
Estado neste procedimento, são os credores quem definem se a crise enfrentada pelo 
devedor apresenta caráter realmente transitório, já que são eles que decidem se 
aceitam ou não o plano de recuperação. Deste modo, a atuação do juiz quando do 
recebimento do requerimento de recuperação judicial limita-se à análise do 
cumprimento dos requisitos legais. Assim sendo, o princípio da preservação da 
empresa e o caráter de transitoriedade da crise são definidos efetivamente pelos 
credores. Configurando assim, o caráter contratual deste instituto embora se passe 
nas vias judiciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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