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EDUCAÇÃO ESPECIAL Aula 01 Educação Especial: modalidade de ensino que não substitui a educação comum e que tem como objetivo oferecer serviços e recursos, de forma complementar ao ensino regular, atendendo às necessidades de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Como afirma Sawaia (2001, p.7), a exclusão é um termo ambíguo que revela a complexidade e as contradições do processo de exclusão social e sua transmutação em inclusão social Os efeitos da exclusão são, algumas vezes, irrecuperáveis e causam danos ao sujeito e ao grupo social. As consequências dos danos acontecem nos seguintes aspectos: Psicológicos: Em termos psicológicos, o sujeito que vive à margem do convívio social, sofre danos em relação à sua autoestima e pode vir a estruturar sua autoimagem de forma negativa, desenvolvendo um tipo de comportamento desviante, apático, acomodado ou agressivo como forma de resistência ou de defesa. Econômicos: a pessoa que não é absorvida pelo sistema de produção capitalista, por diferentes razões, é percebida como improdutiva. Muitas vezes, não consegue sair da condição de dependência e de pobreza e não encontra oportunidade de reverter essa situação por não atender às exigências ditadas por uma ideologia de mercado altamente competitiva e preconceituosa. Político: a exclusão determina a limitação da possibilidade de ações participativas na vida do país e do exercício da cidadania para o grupo de excluídos, que tende a permanecer em uma posição subalterna e de fácil manipulação em relação ao grupo que detém o poder. Culturais: observamos que este movimento de inclusão/exclusão do aluno em relação à escola também acontece por diferentes fatores. A problematização deste fenômeno exige uma ampliação do foco de análise, uma vez que, atinge não só o grupo de alunos com necessidades especiais de aprendizagem em decorrência de algum tipo de deficiência, mas também envolve a educação de alunos da zona rural, das crianças de rua, dos indígenas, analfabetos e de todos aqueles que, por alguma razão, se distinguem da norma e são diretamente afetados pelos mecanismos de inclusão/exclusão educacional. No sistema educacional orientado pelo modelo inclusivo, todas as crianças devem estar matriculadas em escolas regulares e frequentando classes comuns. Aula 02 Na antiguidade: O destino dos povos era estabelecido pela nobreza e a prática do extermínio da pessoa com deficiência era aceita por alguns grupos sociais como uma atitude comum, sem danos morais ou problemas éticos. O receio de que aquele mal fosse transmitido para o restante da população justificava a rejeição e o abandono dos que se desviavam do padrão de normalidade devido a limitações funcionais. A deficiência era vista como doença contagiosa ou castigo divino, como uma maldição dos deuses que puniam esse tipo de indivíduo e sua família por alguma razão oculta e desconhecida. Crianças deficientes até eram sacrificadas, por serem percebidas como estorvos ou como manifestações demoníacas, que precisam ser segregadas, excluídas ou eliminadas. Na Idade Média: Sob a influência dos dogmas cristãos, a sociedade passa a suportar o convívio com pessoas doentes, deficientes, mentalmente afetadas. A prática do extermínio passa a ser condenada, uma vez que, segundo a Igreja Católica, todas as pessoas são criaturas de Deus e têm direito à vida. Neste período os deficientes passam a ser concebidos como seres inferiores, mantidos à margem do convívio social, sem trabalho ou renda, viviam da caridade de outros cidadãos, que os tratavam com desprezo e pena, como um ser desqualificado, incapaz e improdutivo. No século 16: não ocorrem alterações sociais significativas que contribuam para a revisão do comportamento altamente desfavorável, estigmatizante e excludente em relação ao convívio da pessoa com alguma deficiência no meio social. No século 18: Primeiras iniciativas voltadas para o desenvolvimento de um trabalho de ação educativa junto às pessoas com alguma deficiência, criado a partir da tese de que, por meio da estimulação direta, seria possível obter algum resultado na aprendizagem e na adequação do comportamento desejável. As primeiras instituições criadas para o abrigo de pessoas com om deficiência surgem com objetivo assistencialista e se caracterizam como locais para confinamento e não para tratamento ou aprendizagem. A pessoa era retirada do convívio social, separada de sua família e da comunidade, e internada em conventos, asilos, manicômios, etc. No século 20: Após os anos 60, o paradigma da institucionalização começa a ser criticado, devido à sua ineficiência e inadequação na recuperação ou preparação das pessoas com necessidades educacionais especiais para a vida em sociedade. Surgem diferentes serviços, oferecidos pelas escolas especiais, entidades assistencialistas e centros de reabilitação, e novos recursos são criados na tentativa de oferecer condições para que o aluno com necessidades especiais de aprendizagem alcance os mesmos resultados esperados dos demais alunos. Na maioria dos casos, os alunos permaneciam à parte do sistema regular de ensino, durante toda a sua trajetória escolar, sem nunca alcançarem os níveis exigidos pelo sistema educacional para inserção em classe comum de uma escola regular. Anos 70: Ênfase na terapia foi substituída por um modelo de atendimento educacional, com apoio de uma rede de serviços especializados. O modelo educacional de atendimento influenciou a pesquisa de novos métodos e técnicas de ensino oferecido ao aluno com deficiência. Anos 80: Filosofia da integração e normalização: defendeu a ideia de que a pessoa com deficiência tem o direito de usufruir as condições de vida e escolarização comuns aos demais alunos. Anos 90: Modelo de inclusão gera diversos questionamentos e ações que procuram garantir uma escola comum para todos os alunos, com qualidade para oferecer os suportes necessários à escolarização. Declaração de Salamanca: De acordo com o documento elaborado a partir da Conferência Mundial de Educação Especial (1994), o princípio fundamental da escola inclusiva veio reafirmar o direito da criança à educação e, ao mesmo tempo, estabelecer mecanismos de participação e controle social na formulação e na implementação de políticas para a inclusão. Paradigma médico-assistencialista: objetivo de cuidar e proteger; pouca ênfase no trabalho pedagógico. Paradigma de serviços: ênfase na oferta de serviços especializados que o aluno com uma deficiência deve frequentar como condição para atingir o nível de escolarização desejado e somente depois ser inserido no ensino regular (classe especial, escola especial). Paradigma de suportes: inclusão direta do aluno em classe comum da escola regular e atendimento educacional especializado no turno oposto da escola oferecendo apoio e suporte necessário para sua escolarização (escola inclusiva). Aula 03 O campo educacional, o movimento da educação inclusiva assegura o direito à educação a todos os alunos, independentemente de suas características ou necessidades especiais. LDB 4.024/61: fica explicita a preocupação do poder público com a educação especial no país. Conselho Nacional de Ed. Especial - CENESP: foi criado por decreto, em 1973, com o intuito de funcionar como representação do poder público neste campo especifico da educação. Lei 5.692/71: Introduz a visão tecnicista em relação ao aluno com deficiência no contexto escolar e sugere a implementação de técnicas e serviços especializados para seu atendimento. ConstituiçãoFederal de 1988: Recomenda o “atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino”. Declaração de Salamanca: Redigida em 1994, por cerca de cem países reunidos em conferência internacional apoiada pela UNESCO, realizada em Salamanca, na Espanha, Importante marco na luta pelos direitos humanos, igualdade de oportunidades para todas as pessoas e participação social efetiva da pessoa com deficiência como cidadão. Diferentes países defendem a ideia de que o sistema educacional deve organizar-se de forma a atender todos os alunos, onde o sistema de segregação de alunos com necessidades educacionais especiais em instituições especializadas não é recomendado. Parecer CNE/CEB nº 13/2009: a educação especial é uma modalidade de educação que não tem caráter substitutivo à escolarização comum do aluno com deficiência física, intelectual, sensorial, do aluno com transtornos globais de desenvolvimento e do aluno com altas habilidades. AEE (Atendimento Educacional Especializado): este deve ser oferecido ao aluno de forma complementar ao ensino comum, em turno inverso, com o objetivo de garantir seu acesso à educação comum e de disponibilizar os serviços, apoios e recursos que complementam a formação deste aluno nas classes comuns da rede regular de ensino. Fundação do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) no Rio de Janeiro: fundou a primeira instituição especializada no Brasil na área de educação da pessoa surda. Fundação do Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro: foi um fato importante já que é considerada como a primeira instituição especializada no Brasil na área de deficiência visual. Aula 04 O Atendimento Educacional Especializado deverá utilizar os recursos de Tecnologia Assistiva no ambiente escolar necessários para o trabalho pedagógico com o aluno com deficiência física. Tecnologia Assistiva: um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência A escola deverá priorizar as seguintes modalidades, respeitando as características e necessidades especiais de cada aluno: Auxílio em atividades de vida diária – material pedagógico Comunicação aumentativa e alternativa, e também informática acessível Acessibilidade e adaptações arquitetônicas Mobiliário, adequação postural e mobilidade Paralisia Cerebral: é um quadro ou estado patológico estabelecido como consequência de uma lesão irreversível no encéfalo e que ocasiona alterações de ordem motora no corpo humano. Desenvolvimento global: pode ser afetado em outros aspectos, como a consequência das dificuldades que ela possa vir a ter na percepção e nas relações com o meio, com o outro e consigo própria. Disfunções motoras: quando decorrentes da paralisia cerebral podem afetar o desenvolvimento psicológico da criança, como também, podem provocar atrasos e alterações na linguagem e motricidade, devido aos reflexos involuntários que a criança não consegue inibir. Desenvolvimento cognitivo: pode ser afetado e prejudicado em função de sua dificuldade em atuar sobre o mundo físico, decorrente de suas limitações sensório-motoras e de linguagem, o que pode vir a comprometer o desenvolvimento das capacidades lógicas, de interação e de domínio das práticas culturais, que vão desde as atividades da vida diária até o domínio da leitura e da escrita. Dificuldade de comunicação e expressão e domínio da língua falada e escrita: podem prejudicar as interações sociais e o movimento de integração e inclusão social. Excluída do convívio social, essa criança pode desenvolver um baixo conceito de autoestima e perder a motivação para intercambiar experiências e estabelecer interações, o que repercutirá na sua vida adulta. Aula 05 O aluno com baixa visão ou cegueira necessita de um conjunto de fatores que explorem sua forma particular de percepção, contribuindo para seu aprendizado, comunicação e socialização: Ambiente estimulador Mediadores Materiais Propostas Cegueira: uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. Congênita: quando ocorre desde o nascimento Adquirida posteriormente: pode ser em decorrência de várias causas orgânicas ou acidentais. A pessoa com baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual) apresenta características variadas dependendo do tipo e da intensidade de comprometimentos das funções visuais, que podem englobar desde a capacidade de percepção da luz até a redução da acuidade e do campo visual, que interferem nas ações e no desempenho geral. Os alunos com cegueira ou baixa visão necessitam de estímulos, recursos e mediações que explorem e favoreçam outras potencialidades de decodificação das informações através dos demais sentidos e da percepção tátil, auditiva, sinestésica e olfativa. O atendimento educacional especializado deve ser oferecido de forma a complementar e dar suporte ao processo de escolarização regular. E também aos diferentes recursos adaptados e facilitadores do processo de ensino-aprendizado, tais como: Sorobã Maquetes Livro acessível Recursos tecnológicos Sistema Braille Código universal de leitura e escrita que é usado pela pessoa cega; Inventado por Louis Braille, na França, em 1825; Se baseia na organização de seis pontos em relevo, distribuídos em duas colunas de três pontos; Esse conjunto de pontos forma a “cela braile” e suas diferentes combinações resultam em 63 símbolos denominados “Símbolos Universais do Sistema Braille”, que representam as letras do alfabeto, números e outros símbolos gráficos; A escrita braile pode ser realizada através do uso de uma reglete e punção, uma máquina de escrever braile ou meios informáticos. Os alunos com baixa visão também podem se beneficiar de matérias adaptadas, tais como letras ampliadas, contraste de cores, lupas, lápis preto HB2, que devem ser utilizados de acordo com as características e necessidades individuais. Aula 06 Deficiência Intelectual: incapacidade caracterizada por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, expresso em habilidades conceituais, sociais e práticas. O aluno com deficiência intelectual apresenta alterações e diferenças nas estruturas mentais para o conhecimento, o que acarreta dificuldades na construção de conhecimentos e na demonstração de sua capacidade cognitiva. Necessita de um espaço de ensino-aprendizado que seja facilitador e estimulador de suas potencialidades, e que respeite sua forma particular de se apropriar dos conteúdos e de participar das atividades escolares. O trabalho junto a alunos com deficiência intelectual deve ser organizado a partir de propostas educacionais que contemplem aspectos relacionados ao desenvolvimento da linguagem, constituição da identidade, relações sociais, independência na locomoção e preparação para o trabalho. O perfil do apoio que deve ser oferecido ao educando com deficiência intelectual varia de tipo e intensidade e depende da avaliação das habilidades adaptativas de cada indivíduo. Apoio Limitado: intensivo e com tempo de duração limitado, mas não indeterminado; Apoio Extenso: caracterizado por sua regularidade, em algumas áreas como familiar ou profissional; Apoio Generalizado: é caracterizado pela sua constância e elevada intensidade. SegundoVygotsky, é preciso avaliar tanto aquilo que a criança consegue realizar sozinha quanto o que faz com a ajuda do outro para estabelecer o nível evolutivo e de desenvolvimento da criança. Este outro que interage no processo de aprendizagem tem o papel de mediador e atua como agente de seu desenvolvimento. Aula 07 Surdez: redução ou ausência da capacidade de ouvir determinados sons que uma pessoa apresenta, devido a fatores que afetam o aparelho auditivo. O grau da surdez, a idade ou estágio em que ocorreu a perda auditiva e a forma de comunicação que a pessoa utiliza, dentre outros aspectos, precisam ser considerados no processo de construção da proposta pedagógica que atenda às necessidades do aluno surdo. Para garantir a efetiva inclusão escolar, esse aluno deve frequentar a classe regular de uma escola comum e o atendimento educacional especializado, no turno oposto à escolarização regular. O atendimento especializado deve oferecer apoio e suporte para o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), o ensino em Libras e o ensino da Língua Portuguesa. Acompanhando a história da educação da pessoa com om surdez, constatamos que três tendências educacionais marcaram essa trajetória: Oralista: tem como objetivo capacitar a pessoa com surdez para utilizar a língua da comunidade ouvinte na modalidade oral, como única forma de comunicação e expressão. Renega a língua de sinais como possibilidade linguística, focando no treino de uso da voz e nos exercícios de leitura labial. Comunicação total: defende a ideia de que a pessoa surda deve utilizar todos os recursos disponíveis para comunicação. Explora a combinação da linguagem gestual visual, os textos orais, os textos escritos e as diversas formas de interação social. Não valoriza a Língua de Sinais e desfigura a estrutura da mesma. Bilinguismo: tem como objetivo o ensino de duas línguas distintas: a Língua de Sinais e a língua da comunidade ouvinte. Essa tendência pedagógica reconhece a Libras como primeira língua do surdo. Ganha força no cenário social e educacional brasileiro, a partir do Decreto 5.626/05 que regulamentou a lei de Libras. Aula 08 Transtorno Global do Desenvolvimento: quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Exemplos: alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação. As estratégias e os recursos pedagógicos utilizados devem favorecer a organização e segurança do aluno, auxiliando-o a se organizar, comunicar, interagir e se comportar em diferentes situações. O aluno com TGD apresenta uma forma diferenciada de percepção, compreensão e de inserção no mundo, o que refletirá na qualidade de suas interações no contexto escolar e social. Um ambiente inclusivo pode ser mais motivador ao aluno com TGD, além de poder oferecer uma variedade maior de comportamentos e de oportunidades de aprendizagem e interação social. Algumas estratégias de ensino podem facilitar o trabalho no contexto escolar inclusivo e, dentre elas, destaca-se a necessidade de elaboração de um Plano Individualizado de Ensino para o aluno com transtornos globais de desenvolvimento. Esse plano deve ser elaborado em conjunto, envolvendo a participação da escola, da família e de outros profissionais envolvidos com o aluno, e deve conter tanto objetivos acadêmicos quanto objetivos funcionais. Aula 09 Altas habilidades/superdotação: caracterizado pela elevada potencialidade de aptidões, talentos e habilidades que resultam no alto desempenho do educando em uma ou mais áreas de atividade O educando com altas habilidades necessita do atendimento educacional especializado para desenvolver seu potencial. A parceria família-escola é essencial para a avaliação correta das características, dos interesses, potencialidades e necessidades especiais que o aluno com altas habilidades possa apresentar. O planejamento de ensino deve ser adaptado, portanto, é preciso observar as expressões e potencialidades do educando no ambiente doméstico e social. Através de uma proposta pedagógica adaptada, será possível desenvolver o potencial do educando ao máximo, contribuindo para seu desenvolvimento, aprendizagem, formação pessoal e inserção social. Aula 10 Projetos educacionais na perspectiva da educação inclusiva Autores como John Dewey, Viktor Lowenfeld e Herbert Read, influenciados pelo movimento da Escola Nova, publicaram importantes obras que destacam a contribuição da Arte na Educação, numa perspectiva de valorização da livre expressão Ao discutir a importância e o significado da Arte para a Educação, Viktor afirma que a Arte é vital na educação, uma vez que, a criação artística é um processo complexo em que a criança reúne diversos elementos de sua experiência, para formar um novo e significativo todo. No contato com as linguagens artísticas e com o s materiais e técnicas criadoras, e a partir da mediação do educador e da interação entre os alunos, é possível buscar novas organizações do cotidiano e a investigação sobre o potencial inclusivo da arte como experiência de interação, socialização e aprendizagem compartilhada
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