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~ Alvarenga Peixoto A SEBAS TIA O JOSE DE CARVALHO E MELLO (MARQUEZ DE POMBAL) Não os heróes, que o gwne ensangüentado Da cortadora espada Em alto pelo mundo levantado Trazem por estandarte Os furores de Marte*; Nem os que sem temor do irado Jove Arrancão os petulantes Da mão robusta, que as espheras move, Os raios crepitantes, E passando a insultar os elementos Fazem callir dos ares Os cedros corpulentos Por ir rasgar o frio seio aos mares, Levando a toda a terra Tinta de sangue, envolta em fumo a guerra. Ensangüentados rios, quantas vezes Vistes os férteis valles Semeados de lanças e de amezes? Quantas, ó Ceres loura, Crescendo uns males sobre os outros males, Em vez do trigo, que as espigas doura, Viste espigas de ferro, Fructos plantados pelas mãos do erro, E colltidos em montes sobre as eiras, Botos pedaços de servis bandeiras ! foda leio na frente ao velho Egypto O horror, o estrago, o susto, E.or mãos de J1eróes, tyrannamentc escripto · (Cesar, Pompeo, Antônio, Crasso, Augusto, Nomes, que a Fama pàs dos Deuses perto, Deduzirão por gloria Províncias e cidades a deserto : E apenas conhecemos pela lústoria Que o tem roubado ás eras, Qual fosse a Ilabitação que hoje é das feras. Barbara Roma, só por nome augusta, Desata o pranto vendo A conquista do mundo o que te custa ; Cartão os fios dos arados tortos Trezentos Fabios n'um só dia mortos, Zelosa negas um honroso asylo Ao illustre Cantillo; A Manlio, ingrata, do escarpado cume Arrojas por ciúme, E vês a sangue-frio_. ó povo vario_. Subir Marcello as proscripções de Maria. Grande MarC}1!ez, os Sacyros saltanôa Por entre as veraes parras Defendidas por ti de estranhas garraD Os trigos ondeanao Nas fecunâas searas _. Os incensos fumando sobre as aras, nascente cidade, Mostrão a verdadeira heroicidade. Os altos cedros, os copadas pinhos, Não a conduzir raios, Vão romper pelo mar novos caminhos : E cm vez de sustos, mortes, e desmaios, Damnos da natureza, Vão produzir e transportar riqueza. O curvo arado rasga os campos nossos, Sem turbar o descanso eterno aos ossos : Fmctos do teu suor, do teu trabalho, São todas as einpre/.as; Unicamente á sombra de Carvalho üescansão boje as quinas portuguczas. Que importão os exércitos armados No campo com respeito conservados, Sela no gabinete a guerra fuzes, E a teu arbítrio dás o tom ás pazes? Que, sendo por mão destra manejada, A politicp vence mais que a espada. Que importão tribunaes e magistrados, Asylos da innocencia, Se pudessem temer-se declarados Patronos da insolencia? De que servirão tantas J'ão saudáveis leis sabias e santasJ Se em vez de executadas Forem por mãos sacrílegas frustradas? Mas vives tu, que para o bem do inundo Sobre tudo vigias, Cansando o teu espirita profundo As noites e os dias, Ah ! quantas vezes sem descanso uma hora Vês recostar-se o sol, erguer-se a aurora, Emquanto volves com cansado estudo As leis e a guerra, e o negocio, e tudo? Vale mais do que um reino um tal vassallo ; Graças ao grande rei , que soube achal-o.
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