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Direito Civil - Obrigações e Responsabilidade Civil

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Direito Civil – Obrigações e Responsabilidade Civil
OBRIGAÇÕES
O direito das obrigações (jus ad rem) tem por objeto determinadas relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro, que alguns denominam direitos de crédito, pessoais ou obrigacionais, tendo este um caráter transitório. Confere-se ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação e, no caso de descumprimento, poderá satisfazer-se no patrimônio do devedor. 
Espécies:
Obrigações Propter Rem ou Ambulatórias
São as obrigações próprias da coisa que recaem sobre uma pessoa transmitidas automaticamente por meio de negócios jurídicos. É o que acontece com a obrigação imposta aos proprietários e inquilinos de um prédio de não prejudicarem a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos (CC, art. 1.277). O adquirente desse direito real não pode recusar-se a assumir essa obrigação. 
Ônus Reais
São as obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes, como a renda constituída sobre imóvel. Para que haja efetivamente um ônus real é necessário que o titular da coisa seja devedor.
Obrigações com Eficácia Real
São as que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. 
Elementos da Obrigação:
SUBJETIVO/PESSOAL: concernente às partes da relação jurídica, podendo ser sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor);
OBJETIVO/MATEIRIAL: atingindo o objeto/conteúdo da obrigação, ou seja, a prestação. Podendo ser positivo (dar e fazer) ou negativa (não fazer);
Para que a obrigação seja válida, a prestação deve ser: 
- Lícita;
- Possível;
A impossibilidade pode ser: 
Física: quando a prestação avençada ultrapassa as forças humanas, devendo ser real e absoluta – alcançando a todos. 
Jurídica: quando o ordenamento jurídico proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem, como a herança de pessoa viva (CC, art. 426).
Quando impossível, o negócio é nulo. 
- Determinada ou determinável – admite-se, assim, a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade (CC, art. 243), bem como a venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração (CC, art. 252); 
- E economicamente apreciável, a patrimonialidade sendo essencial à prestação. 
ESPIRITUAL/MATERIAL: concernente ao que fez surgir a obrigação, compondo-se em dois elementos: débito – dever ínsito em sua consciência, moral – e responsabilidade – confere ao credor não satisfeito o direito de exigir judicialmente o cumprimento da obrigação, submetendo àquele os bens do devedor. 
Características das Obrigações
Patrimonialidade: não é a pessoa que sofre as consequências, mas sim o patrimônio (não existe prisão civil por dívidas, salvo depositário infiel e pensão alimentícia);
Mediação: impõe a boa-fé do credor e devedor; 
Relatividade: só importam inter partis;
Autonomia: regime jurídico próprio.
Fontes das Obrigações
Contrato: uma declaração de vontade bilateral que estabelece obrigação de duas ou mais partes;
Ato ilícito (ex: batida de carro);
Abuso do Direito (ex: cláusula abusiva de seguro); 
Declaração da Vontade Unilateral: vontade de uma só pessoa, formada a partir do instante em que o agente se manifesta com a intenção de se obrigar, independentemente da existência ou não de uma relação creditória, que poderá surgir posteriormente (ex. promessa de recompensa); 
Títulos de Crédito (ex. nota promissória).
Essas fontes só geram obrigação, porque a lei assim dispõe (CC, arts. 389, 854 e s., 186, 187 e 927), dessa forma, não nos resta dúvidas de que a lei é a fonte primária de todas as obrigações. Assim, podemos dizer que a obrigação resulta da vontade do Estado, por intermédio da lei, ou da vontade humana, por meio do contrato, da declaração unilateral da vontade ou do ato ilícito. No primeiro caso, a lei atua como fonte IMEDIATA/DIRETA da obrigação; nos demais, como fonte MEIDATA/INDIRETA.
Elementos Constitutivos
Dividem-se as obrigações em: 
SIMPLES: que apresentam um sujeito ativo, um passivo e um único objeto; 
COMPOSTAS/COMPLEXAS: bastando que um desses elementos acima esteja no plural. 
As obrigações compostas com multiplicidade de objetos, por sua vez, podem ser:
Cumulativas/conjuntivas: Os objetos apresentam-se ligados pela conjunção “e”. Efetiva-se o seu cumprimento somente pela prestação de todos eles; 
Alternativas/disjuntivas (arts. 252 a 256, CC): Os objetos estão ligados pela disjuntiva “ou”, podendo haver duas ou mais opções. Tal modalidade de obrigação exaure-se com a simples prestação de um dos objetos que a compõem ou resolve-se com o perecimento de todos os objetos. Caso uma das prestações não puder ser objeto, subsistirá o débito quanto à outra.
Em regra, cabe ao devedor escolher qual das duas opções será prestada, salvo se outra coisa estipular diferente. 
	
	Perda/Perecimento
	
	Com culpa e com escolha do devedor
	Fica obrigado a pagar o valor da última prestação que se impossibilitou + perdas e danos
	Art. 254, CC
	Com culpa e sem escolha do devedor
	O credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou valor da outra + perdas e danos; ou, se ambas se tornarem impossíveis, ele pode exigir o valor de qualquer uma das prestações que se perdeu + perdas e danos
	Art. 255, CC
	Sem culpa
	Extingue-se a obrigação
	Art. 256, CC
Facultativas: é obrigação simples, em que é devida uma única prestação ficando, porém, facultado ao devedor e só a ele.
	Perda/Perecimento
	Com culpa
	A obrigação é prestada pela obrigação facultativa
	Sem culpa
	Extingue-se a obrigação
As obrigações compostas com multiplicidade de sujeitos podem ser:
Divisíveis: objeto de prestação pode ser dividido entre os sujeitos sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destina (art. 87);
Indivisíveis: aqueles em que tal possibilidade incorre (art. 258, CC). Temos três causas de indivisibilidade nas obrigações, que são: 
- Indivisibilidade natural: resulta da natureza do objeto da prestação. Por exemplo: animais, relógio, documento, obra literária, etc. 
- Indivisibilidade legal: decorrente da lei. O Estado, algumas vezes, em atenção ao interesse público ou social, impede a divisão da coisa, como sucede com dívidas de alimentos, áreas rurais de dimensões inferiores ao módulo regional, pequenos lotes urbanos, etc.
- Indivisibilidade convencional: resultada da estipulação ou convenção das partes (indivisibilidade subjetiva).
Solidárias: solidariedade independe da divisibilidade ou da indivisibilidade do objeto da prestação, porque resulta da lei ou da vontade das partes (art. 265, CC).
Conforme o art. 264, CC, há solidariedade quando na mesma obrigação, concorre mais de um credor ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado pela dívida toda. A solidariedade pode ser:
Solidariedade ativa (arts. 267 a 274) – Acontece quando há mais credor. Há a possibilidade de exigir a obrigação por inteiro do devedor. Caso um dos credores falecem a solidariedade segue de acordo com o quinhão hereditário (art. 271, CC).
Solidariedade passiva (arts. 275 a 285) – Ocorre quando há mais de um devedor, podendo exigir o recebimento de um ou de todos; Conforme, art. 275, o credor pode exigir o pagamento, parcial ou total, de um ou de todos. Caso a prestação seja paga por um dos devedores, amparado pelo art. 283, este tem o direito de exigir de cada um dos codevedores a sua quota.
Caso um dos devedores venha a falecer deixando herdeiros, conforme o art. 276, nenhum destes serão obrigados a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
SOLIDARIEDADE NO CDC
Consumidor poderá demandar todos aqueles que fizeram parte da cadeia de consumo. (art. 7º, parágrafo único).
Classificação das Obrigações
QUANTO AOOBJETO: 
Obrigação de dar: 
Coisa certa (arts. 233 a 242) – O devedor se obriga a entregar coisa certa e determinada, com características previamente ajustadas. Sendo essas, conforme o art. 233, acompanhadas dos acessórios, assim que não mencionados no título, salvo se as partes estipularem diversamente. Conforme art. 313, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. Até a entrega da coisa, a responsabilidade ainda pertence ao devedor, que deve conservá-la adequadamente, bem como defende-la contra terceiros.
	
	Perda/perecimento
	Deterioração
	Com culpa
	Equivalente + perdas e danos (art. 234)
	Equivalente ou aceitar a coisa como está + perdas e danos (art. 236)
	Sem culpa
	Resolve-se a obrigação. Se o vendedor já recebeu o preço, deve devolvê-lo com correção monetária.
(art. 234)
	Resolver a obrigação ou aceitar a coisa no estado em que se acha com abatimento no preço proporcional à perda (art. 235)
OBS: As perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro cessante, ou seja, além do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar (art. 402, CC). 
Coisa incerta (arts. 243 a 246) – possui objeto indeterminado e genérico no início da relação, mas indicado, ao menos, pelo gênero e quantidade; sendo essa suscetível de determinação futura. As partes podem indicar um dos contratantes ou terceiro para escolher os exemplares que serão entregues; na missão do contrato, a escolha cabe ao devedor. Assim que realizada a escolha, acaba a incerteza e a obrigação transforma-se em dar coisa certa.
Obrigação de Restituir: Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. 
	
	Perda/perecimento
	Deterioração
	Com culpa
	Equivalente + perdas e danos
(art. 239)
	Equivalente + perdas e danos
(art. 239)
	Sem culpa
	Resolve-se a obrigação e o credor sofrerá com a perda, resguardando os direitos até o dia da perda
(art. 238)
	Receberá tal qual se ache, sem direito a indenização
(art. 240)
Obrigação de fazer (arts. 247 a 249): Este abrange o serviço humano em geral, seja material ou imaterial, a realização de obras e artefatos ou a prestação de fatos que tenham utilidade para o credor. 
	Perda/perecimento
	Com culpa
	Perdas e danos
	Art. 248
	Sem culpa
	Extingue-se a obrigação
	
Podendo ser:
Infungível/Personalíssima: quando for convencionado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação. 
O não cumprimento resolve-se em perdas e danos e o credor pode requerer a execução específica da obrigação. O juiz concede um prazo razoável para o cumprimento e se não o fizer, impõe-se uma multa periódica (astreinte – que vai sendo acrescida enquanto a obrigação não for cumprida)
Fungível/Impessoal: quando não há tal exigência expressa, visto que o credor está interessado apenas no resultado.
Se o devedor não cumprir, o credor determina que a obrigação seja realizada por outrem; depois, executa o devedor inicial, ressarcindo-se pelas despesas + perdas e danos (art. 817, CPC).
Obrigação de fazer consistente em emitir declaração de vontade (art. 501, CPC): pode derivar de um contrato preliminar e consistir em emitir declaração de vontade. Por exemplo: outorgar escritura definitiva em cumprimento a compromisso de compra e venda.
A decisão judicial supre a vontade da parte inadimplente, tendo o mesmo efeito de declaração omitida, sendo satisfeita a obrigação de fazer.
Obrigação de não fazer (arts. 250 e 251): O devedor se compromete a não praticar certo ato que poderia livremente praticar, se não houvesse se obrigado. Somente pode ser cumprida pelo próprio devedor. Ex.: inquilino se obriga a não trazer animais domésticos para cômodo alugado. Praticando o ato que se obrigou a não praticar, torna-se inadimplente. 
	Perda/Perecimento
	Com culpa
	Exigir o desfazimento + perdas e danos (art. 251)
	Sem culpa
	Extingue-se a obrigação (art. 250)
Outras Modalidades de Obrigações
QUANTO À EXIGIBILIDADE:
- Civis: as que encontram respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação. 
- Naturais: as inexigíveis judicialmente. Nessa modalidade, o credor não tem o direito de exigir a prestação e o devedor não está obrigado a pagar. Todavia, se este, voluntariamente, efetua o pagamento, não tem o direito de repeti-lo (dívidas prescritas – art. 882 -, dívidas de jogo – art. 814).
QUANTO AO CONTEÚDO:
- Obrigações de meio: o devedor promete usar todos os recursos e meios ao seu alcance para obtenção de determinado resultado, sem, no entanto, responsabilizar-se por ele. Ex.: advogado, médico. 
- Obrigações de resultado: o devedor dele se exonera somente quando o fim prometido é alcançado. Ex.: cirurgião plástico, transportador. 
- Obrigações de garantia: é o que visa eliminar um risco que pesa sobre o credor ou as suas consequências, cumprindo o dever caso o terceiro não o cumpra. Ex.: segurador e fiador.
QUANTO AO MOMENTO DO PAGAMENTO:
- Execução instantânea: que se consumam imediatamente, em um só ato. 
- Execução diferida: que se consumam em um só ato, mas em um momento futuro. 
- Execução continuada: que se cumprem por meio de atos reiterados. Ex.: pagar convênio todo mês. 
QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS:
- Puras e simples: não sujeitas a condição, termo ou encargo ao beneficiário; 
- Condicionais: cujo efeito está subordinado a um evento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico (art. 121), sendo que da sua ocorrência depende o nascimento ou a extinção de um direito;
- A termo: é aquela em que as partes subordinam os efeitos do negócio jurídico a um evento futuro e certo (art. 131)
- Modais, onerosas ou com encargo: impõe um ônus ao beneficiário de determinada relação jurídica. Trata-se de pacto acessório às liberalidades (doações, testamentos), pelo qual se impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário (art. 136). 
QUANTO À LIQUIDEZ:
- Líquida: certa quanto à sua existência e determinada quanto ao seu objeto. 
- Ilíquida: a que depende de apuração de seu valor para ser exigida.
Teoria do Pagamento
QUEM DEVE PAGAR? 
O devedor;
Qualquer interessado judicialmente na extinção da dívida, como o avalista e o fiador (art. 304);
Terceiros não interessados, desde que façam em nome e por conta do devedor, agindo, assim, como seu representante ou gestor de negócios, sem qualquer direito a reembolso (arts. 304 e 306). 
ONDE PAGAR?
Pode ser livremente escolhido pelas partes, constando expressamente no contrato; 
Se não o escolherem, nem a lei o fixar, ou se o contrário não o dispuser as circunstâncias, o pagamento será efetuado no domicílio do devedor (dívida quesível). 
Quando se estipula, como local do cumprimento da obrigação, o domicílio do credor, diz-se que a dívida é portável. 
TEMPO DO PAGAMENTO?
As obrigações puras, com estipulação de data de pagamento, devem ser solvidas nessa ocasião, sob pena de inadimplemento e constituição do devedor em mora de pleno direito (art. 397), salvo se houver antecipação do pagamento por conveniência do devedor (art. 133) ou em virtude da lei (art. 333, I a III);
Caso não tenha sido ajustada época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente (art. 331), salvo disposição especial no CC;
Nos contratos, o prazo se presume estabelecido em favor do devedor (art. 133). 
 
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO: é a substituição de uma pessoa (pessoal) ou de uma coisa por outra (real) em uma relação jurídica, transferindo todos os direitos, ações, privilégios e garantias do credor primitivo. 
- Sub-rogação legal (art. 346): decorrente da lei. A substituição tem limite no que foi pago. 
- Sub-rogação convencional (art. 347): decorrente da vontade das partes. Não há limites haja vista a liberdade de contratar das partes.
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO: o pagamento em consignação consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com objetivo de liberar-se da obrigação (art. 334).
Casos em quese autorizam a consignação (art. 335): 
Injusta recusa do credor em receber o pagamento;
Se o credor não receber, nem mandar receber o objeto do pagamento;
Se o credor for incapaz, desconhecido, ausente ou se estiver em lugar incerto ou não sabido, de difícil ou perigoso acesso;
Se houver dúvida relativamente a quem deve receber;
Se prender litigio sobre o objeto de pagamento. 
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (art. 352): consiste na indicação ou determinação da dívida a ser quitada quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor e efetua pagamento não suficiente para saldar todas elas. Podendo ser feita pelo devedor (art. 352), pelo qual a pessoa obrigada tem o direito de escolher qual débito quer saldar; pelo credor (art. 353), quando o devedor não declara qual das dívidas quer pagar; pela determinação legal (art. 355), se o devedor não fizer indicação e a quitação for omissa quanto à imputação, fazendo das dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se todas se caracterizarem dessa forma, se fará da mais onerosa. 
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO(art. 356): é um acordo de vontades entre credor e devedor, por meio de qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonera-lo da dívida, prestação diversa da que lhe é devida.
Requisitos da dação em pagamento:
Existência de dívida vencida;
Consentimento do credor;
Entrega de coisa diversa da devida; 
Animo de solver (se não, é doação).
DA NOVAÇÃO: criação de uma nova obrigação para extinguir uma anterior. Podendo ser objetiva (onde altera-se o objeto da prestação), subjetiva (onde ocorre a substituição dos sujeitos da relação, com quitação do título anterior), mista (ocorrem, simultaneamente, mudança de objeto e das partes). 
Requisitos para a novação em pagamento:
Existência de obrigação anterior;
Constituição de nova obrigação; 
Intenção de novar – obrigações anuláveis, naturais, sujeitas a termo ou a condição e as dívidas prescritas. 
DA COMPENSAÇÃO: é o meio de extinção das obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra, acarretando a extinção de duas obrigações. Esta pode ser total (quando as duas dívidas têm o mesmo valor) ou parcial (quando os valores são diversos). 
- Compensação legal: é a que decorre de lei, operando-se automaticamente, de pleno direito. Requisitos: 
a) Reciprocidade das obrigações (art. 372)
b) Liquidez e exigibilidade das dívidas (art. 369)
c) Fungibilidade das prestações (dívidas da mesma natureza). 
- Compensação convencional: é a que resulta de um acordo de vontades, incidindo em hipóteses que não se enquadram na compensação legal. As partes passam a aceita-la, dispensando alguns de seus requisitos.
- Compensação judicial: determinada pelo juiz, nos casos em que se acham presentes os pressupostos legais (CPC, art. 86, p. exemplo)
DA REMISSÃO DE DÍVIDAS: é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação, sendo convencionado pelas partes. É o perdão da dívida (art. 385). O remitido pode recusar o perdão e consignar o pagamento. Pode ser total/parcial (art. 388) ou expressa/tácita (art. 386).
Pode ser, quanto à forma:
Remissão expressa: resulta de declaração do credor, em instrumento público ou particular, perdoando a dívida;
Remissão tácita: decorre do comportamento do credor, incompatível com sua qualidade de credor por traduzir, inequivocamente, intenção liberatória, por exemplo quando se contenta com uma quantia inferior à totalidade do seu crédito.
Remissão presumida: quando deriva de expressa previsão legal, que ocorrem em dois casos: pela entrega voluntária do título da obrigação (art. 386) e pela entrega do objeto empenhado (art. 387). 
DA CONFUSÃO: reúnem-se numa só pessoa as duas qualidades, de credor e de devedor, ocasionando a extinção da obrigação principal e acessórios (art. 381). Pode ser total/própria, caso se verifique a respeito de toda a dívida ou parcial/imprópria, caso se efetive apenas em relação a uma parte do débito ou crédito. 
Transmissão das Obrigações
A transmissibilidade das várias posições obrigacionais pode decorrer, presentes os requisitos para sua eficácia, de:
Cessão de crédito: pela qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional; em regra, todos os créditos podem ser objetos de cessão, salvo se opuser a natureza da obrigação, a lei ou a convenção com o devedor (art. 286). A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada.
Cessão de débito/assunção da dívida: constitui negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurídica, sem novar, ou seja, sem acarretar a criação de obrigação nova e a extinção da anterior; ou
Cessão de contrato: em que se procede à transmissão, ao cessionário, da inteira posição contratual do cedente, como sucede na transferência a terceiro, feita pelo promitente comprador, de sua posição no compromisso de compra e venda de imóvel loteado, sem anuência do credor. 
Do Inadimplemento das Obrigações
Se a obrigação não for cumprida, conforme art. 389, responderá o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária, segundo índices oficiais, e honorários de advogado. Este pode ser: 
- Inadimplemento absoluto: obrigação que não poderá ser mais cumprida, tornando-se inútil ao credor; 
- Inadimplemento relativo ou parcial (mora ou atraso): descumprimento parcial da obrigação, no sentido de tempo, forma e modo de cumprimento da obrigação, mas que ainda poderá ser cumprida.
O descumprimento dos deveres anexos/colaterais da obrigação se caracteriza como violação da boa-fé objetiva, conforme disposto no Enunciado 24 da Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: “Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422, CC, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independente de culpa. 
Conforme o art. 390, respondem todos os bens do devedor, sendo sua responsabilidade excluída em caso fortuito ou de força maior, salvo se o devedor se responsabilizar por estes em contrato (art, 393). 
DA MORA:
É o retardamento ou o cumprimento imperfeito da obrigação. Configura-se não só quando há atraso no cumprimento da obrigação, mas também quando este se dá na data estipulada, porém de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da convencionada (CC, art. 394). 
- Mora do Credor (art. 400): recusa do credor sem justa causa para isso. Afasta do devedor o dolo pela responsabilidade na conservação da coisa, obrigando o credor a ressarcir o devedor pelas despesas empregadas na conservação da coisa
- Mora do Devedor (arts. 395 a 399): Quando se dá o descumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação por meio deste, por causa a ele imputável. Podendo ser de duas espécies:
a) Mora ex re (arts. 397 e 398): configura-se quando o devedor nela incorre automaticamente, sem necessidade de qualquer ação por parte do credor
b) Mora ex persona: em todos os demais casos. 
	PURGAÇÃO DA MORA: É neutralizar seus efeitos. Aquele que nela incidiu corrige, sana sua falta, adimplindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte (art. 401). 
	CESSAÇÃO DA MORA: Decorre da extinção da obrigação, por anistia, perdão e etc., e não de um comportamento ativo do contratante moroso, destinado a sanar sua falta ou omissão. Produz efeitos pretéritos, ou seja, o devedor não terá de pagar a dívida vencida. A purgação da mora só produz efeitos futuros, não apagando os pretéritos, já produzidos.
DOS JUROS LEGAIS: 
São os rendimentos do capita, considerados frutos civis da coisa. Representam o pagamento pela utilização de capital alheio e integram a classe das coisas acessórias (art. 95). Podendo ser:
Compensatórios: os devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a outrem.
Moratórios: são os incidentes em caso de retardamento em sua restituição ou de descumprimento de obrigação. Podem ser convencionais (art.406) ou legais (art. 407).
Simples: sempre calculados sobre o capital inicial.
Compostos: capitalizados anualmente, calculando-se juros sobre juros. 
Conforme disposto no art. 406, serão aqueles previstos pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional (SELIC ou 1% ao mês). 
DA CLÁUSULA PENAL:
É a obrigação acessória pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento da principal ou o retardamento de seu cumprimento, desde que culposamente deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora (art. 408). 
RESPONSABILIDADE CIVIL
A noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente (legal ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às consequências de seu ato (obrigação de reparar). 
	Responsabilidade civil
contratual
	Responsabilidade civil extracontratual/aquiliana
	Inadimplemento da obrigação prevista no contrato 
(arts. 389 e s. e 395)
	Violação direta de uma norma legal.
(arts. 186 a 188 e 927).
Responsabilidade Jurídica x Responsabilidade Moral
Até mesmo no âmbito da moral, a noção da responsabilidade desponta, embora sem coercitividade característica da responsabilidade decorrente da violação de uma norma jurídica. De fato, por isso, se o católico fervoroso comete um pecado, descumprindo um mandamento religioso (norma moral), será punido apenas no campo psicológico, arcando com as consequências do seu ato (terá de rezar dez pais-nossos, por exemplo).
Responsabilidade Civil x Responsabilidade Penal/Criminal
	CIVIL
	PENAL
	O interesse diretamente lesado é do interesse privado, sendo essa patrimonial, onde o patrimônio do devedor responde por suas obrigações. O interesse é da vítima, se permanecer inerte ou resignar a seu direito nenhuma consequência haverá para o causador do dano. 
	O indivíduo infringe uma norma de direito público, ocorrendo uma reação do ordenamento jurídico, pois o interesse lesado é da sociedade. E o delinquente responde, normalmente, pela privação da liberdade.
Responsabilidade Civil Subjetiva
Fundada na teoria da culpa, responsabilidade civil subjetiva é decorrente de dano causado em função de ato doloso ou culposo. Esta culpa, por ser natureza civil, se caracterizará quando o agente causador do dano atuar com negligência ou imprudência, conforme previsto no art. 186, CC (regra geral). 
Responsabilidade Civil Objetiva
Como forma de solidarizar o dano, surgiu a teoria do risco, onde da exploração da atividade lucrativa surge a obrigação de indenização sem culpa. Como exceção, o CC/02 consagrou a responsabilidade civil objetiva em duas situações:
Hipóteses expressamente previstas por lei
A atividade que, por sua natureza, implique riscos aos direitos de outrem, passando a refletir um novo paradigma no Direito Civil da importância do social. 
Para não responder, deve provar a ausência de nexo. 
Elementos Constitutivos:
CONDUTA: Podendo se dividir em positiva ou negativa.
Positiva: traduz-se pela prática de um comportamento ativo, positivo, a exemplo do dano causado pelo sujeito que, embriagado, arremessa o seu veículo contra o muro do vizinho. 
Negativa: trata-se da atuação omissiva ou negativa, geradora de dano. É o caso da enfermeira que, violando as suas regras de profissão e o próprio contrato de prestação de serviços que celebrou, deixa de ministrar os medicamentos ao seu patrão, por dolo ou desídia.
Além de disciplinar a responsabilidade civil por ato próprio, reconhece também espécies de responsabilidade indireta/por ato de terceiro (art. 932 e 933) ou por fato do animal (art. 936) e da coisa (arts. 397 e 938).
CULPA LATO SENSU: ou seja, a presença de dolo (ação ou omissão voluntária) ou culpa em sentido estrito, podendo esta se tratar de negligência (deixar de agir com cuidado), imprudência (agir sem cuidado) ou imperícia (falta de observância das regras técnicas). 
Elementos:
Voluntariedade do comportamento do agente – ou seja, atuação do sujeito causador do dano deve ser voluntária;
Previsibilidade – só se pode apontar a culpa se o prejuízo causado, vedado pelo direito, era previsível;
Violação de um dever de cuidado – Se esta inobservância é intencional, como vimos, temos o dolo. 
DANO: é o prejuízo efetivamente sofrido, podendo ser de ordem material, estética ou moral. Mesmo se tratando de responsabilidade contratual, o comportamento da parte inadimplente que deixe de cumprir a obrigação convencionada carrega em si a presunção de dano. 
Requisitos: 
Violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica; 
Certeza do dano – somente o dano certo, efetivo, é indenizável. A imputação falsa do fato criminoso (calúnia) gera um dano certo à honra da vítima, ainda que não possa definir, em termos precisos, quanto vale este sentimento de dignidade. 
Espécies de dano:
Patrimonial – lesão aos bens economicamente apreciáveis do seu titular. 
Moral – bens da vítima de cunho personalíssimo cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro, como é o caso dos direitos da personalidade, a saber, o direito à vida, à integridade física (direito ao corpo, vivo ou morto, e a voz), à integridade psíquica (liberdade, pensamento, criações intelectuais, privacidade e segredo) e à integridade moral (honra, imagem e identidade). 
	Precedentes do STJ – Dano Moral
	Evento
	2º grau
	STJ
	Processo
	Preso erroneamente
	Não há dano
	R$ 100 mil
	REsp 872630
	Paciente em estado vegetativo por erro médico
	R$ 360 mil
	Mantida
	REsp 853854
	Cancelamento injustificado de voo
	100 SM
	R$ 8 mil 
	REsp 740968
	Revista íntima abusiva
	Não há dano
	50 SM
	REsp 856360
NEXO DE CAUSALIDADE: Relação de causa e efeito. Conforme o art. 403, chegamos a conclusão de que a teoria adotada pelo Código Civil é a teoria da causalidade direta/imediata, ou seja, a causa para essa teoria seria apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao resultado danoso, determinasse este último como uma consequência sua, direta e imediata. 
EXEMPLO: Caio é ferido por Tício (lesão corporal), em uma discussão após a final do campeonato de futebol. Caio, então, é socorrido por seu amigo Pedro, que dirige, velozmente, para o hospital da cidade. No trajeto, o veículo capota e Caio falece. Ora, pela morte da vítima, apenas poderá responder Pedro, se não for reconhecida alguma excludente em seu favor. Tício, por sua vez, não responderia pelo evento fatídico, uma vez que o seu comportamento determinou, como efeito direto e imediato, apenas a lesão corporal. 
Excludentes de Responsabilidade Civil
Estado de necessidade (art. 188, parágrafo único): consiste na situação de agressão a um direito alheio, de valor jurídico igual ou inferior àquele que se pretende proteger, para remover perigo iminente, quando as circunstâncias do fato não autorizarem outra forma de atuação;
Legítima defesa (art. 188, I): o indivíduo encontra-se diante de uma situação atual ou iminente de injusta agressão, dirigida a si ou a terceiro, que não é obrigado a suportar;
Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal (art. 188, I, segunda parte): se alguém atua escudado pelo Direito, não poderá estar atuando contra esse mesmo Direito. Tal ocorre quando recebemos autorização do poder Público para o desmatamento controlado de determinada área rural para o plantio de cereais. 
Caso fortuito e força maior (art. 393): CASO FORTUITO é o evento proveniente de ato humano, imprevisível e inevitável, que impede o cumprimento de uma obrigação, tais como: a greve, a guerra etc. Não se confunde com FORÇA MAIOR, que é um evento previsível ou imprevisível, porém inevitável, decorrente das forças da natureza, como o raio, a tempestade etc.
Culpa exclusiva da vítima.
Fato de terceiro: desde que haja a atuação causal de um terceiro, sem que se possa imputar participação do autor do dano,o elo da causalidade restaria rompido (conforme, indiretamente, tratado nos arts. 929 e 930, CC). 
	Responsabilidade e Riscos no CDC
	Conceitualmente podemos definir risco como a expectativa da probabilidade de insucesso em função de acontecimentos incertos. 
TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO: publicização da responsabilidade e coletivização dos prejuízos, fazendo surgir a obrigação de indenizar o dano em razão da simples ocorrência do ato lesivo, sem se perquirir a falta do serviço ou da culpa do agente estatal.
TEORIA DO RISCO PROVEITO: significa que aquele que tira proveito ou vantagem do fator gerador do dano, ainda que indiretamente, tem a obrigação a repará-lo (arts. 12, CDC e 931, CC) 
TEORIA DO RISCO INTEGRAL: ideia de responsabilização às mais altas elucubrações, desde que presentes os 3 elementos essenciais, dispensando a demonstração do nexo de causalidade, como atividades nucleares e meio ambiente (art. 246).
TEORIA DO RISCO CRIADO: Qualquer atividade, seja econômica ou não, é geradora de riscos. Isto é, o agente coloca-se em situação de risco tão somente por exercer a atividade e, portanto, estará obrigado a indenizar bastando a exposição ao dano (art. 927, parágrafo único, CDC).
TEORIA DO RISCO SOCIAL: o foco da responsabilidade civil é a vítima, de modo que a reparação do dano estaria a cargo de toda a coletividade, com o objetivo de que o lesado nunca deixe de merecer a justa reparação.
TEORIA DO RISCO PROFISSIONAL: restrita à responsabilidade objetiva dos empregadores pelos acidentes ou causados diretamente a seus empregados, ou desses em relação à terceiros.
TEORIA DO RISCO EXCEPCIONAL: atividade incomum que gera grande perigo à coletividade. Ex.: redes elétricas de alta tensão, atividade nuclear e etc.
Responsabilidade Pelo Fato e Pelo Vício do Produto 
O Código Civil analisa a responsabilidade civil com objetivo de reparação, enquanto o Código do Consumidor a analisa com objetivo de prevenção, decorrendo pelo simples fato de haver um defeito ou um vício no produto ou no serviço. 
VÍCIOS: aqueles capazes de torna-los impróprios ou inadequados ao consumo; aqueles que diminuam o valor; aqueles que contem falha na informação.
Podendo ser: 
Vício de segurança (qualidade-segurança): a utilização do produto ou serviço é capaz de gerar riscos à saúde e à segurança do consumidor ou de terceiros, acidente de consumo (art. 12 a 17, CDC). Importância para a incolumidade fisíco-psíquica do consumidor.
Vício de adequação: o produto não corresponde à expectativas geradas pelo consumidor quando da utilização ou fruição, assim, a prestabilidade, tornando-os inadequados. Importância para a incolumidade econômica do consumidor.

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