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Centro Universitário Católica de Santa Catarina Bianca Marina Ferreira dos Santos Virologia /Biomedicina Professora:Raquel de Oliveira Vilhena. “A raiva é uma zoonose de grande importância em saúde pública, conhecida e temida há vários séculos. Esta doença neurológica aguda tem prognóstico fatal em quase todos os casos. Praticamente todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva, representando um problema sua grande disseminação e persistência entre os animais reservatórios, pois expõe um número elevado de pessoas e animais ao risco de infecção e consequentemente aumento do custo para o controle ou erradicação”. 1 – Quais são as formas de transmissão do vírus da raiva? E no Brasil, quais são os principais mamíferos envolvidos? A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. A vigilância da raiva animal no Brasil, englobam ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que compartilham informações referentes a casos de raiva em animais de interesse para a saúde pública como cães, gatos e animais silvestres, incluindo os casos de raiva em morcegos, hematófagos ou não e entre animais de produção como bovinos, equinos e outros ( Suína, caprina, ovina e outros herbívoros). 2 – Descreva a patogênese dessa infecção no homem. A infecção pelo vírus da raiva se inicia através da introdução do mesmo na pele ou nas membranas mucosas. Ato contínuo, ocorre replicação no músculo estriado esquelético adjacente ao local da inoculação e subsequente exposição do sistema nervoso periférico, principalmente as terminações nervosas livres desmielinizadas dos fusos neurotendíneos e neuromusculares. O agente etiológico se dissemina ao longo dos nervos periféricos, em direção ao sistema nervoso central (SNC), aproveitando-se do fluxo axoplasmático retrógrado, célula a célula, através das junções sinápticas, em geral a uma ‘velocidade’ constante de 8-20 mm/dia, podendo atingir, eventualmente, uma velocidade de até 100mm/dia10. Um novo evento de replicação viral pode ocorrer nos cornos anteriores da medula espinal, bem como na raiz dos gânglios dorsais. Nesses locais, as partículas virais podem ser reconhecidas por células efetoras do sistema imunológico, o que propicia o aparecimento de um quadro de ganglioneurite. Uma vez instalado no SNC, a multiplicação viral ocorre, preferencialmente, nas regiões do hipocampo, tálamo, hipotálamo, tronco cerebral, medula e cerebelo. Ato contínuo, o vírus rábico se dissemina de maneira centrífuga pelos nervos periféricos e autônomos, alcançando medula adrenal, rins, pulmões, fígado, músculos esqueléticos, pele, coração e glândulas salivares, sendo que esse último sítio possui, por grama de tecido, maior quantidade de vírus que o SNC. Do ponto de vista fisiopatológico, a entidade mórbida ocorre devido à disfunção neuronal, anormalidades na neurotransmissão envolvendo, mormente, o ácido gama aminobutírico (GABA), e não pela morte celular. A observação da formação de inclusões citoplasmáticas eosinofílicas – chamadas corpúsculos de Negri – constituiu o principal achado histopatológico da raiva, sendo considerado patognomônico da condição. Destaque-se, todavia, que em cerca de 20,0% dos pacientes, os mesmos podem estar ausentes 3 – Quais métodos são utilizados para o diagnóstico laboratorial desse vírus? Em quais situações esse tipo de diagnóstico é mais aplicado? O diagnóstico laboratorial - ante mortem (apenas para casos humanos) e post mortem - é essencial para a confirmação de casos de raiva humana e animal. Diagnóstico post mortem: é realizado com fragmentos do sistema nervoso central, através das técnicas de imunofluorescência direta (IFD) e isolamento viral, podendo ser está última realizada por inoculação em camundongos (recém-nascidos ou de 21 dias) ou por cultivo celular. Diagnóstico ante mortem: A confirmação laboratorial em vida, dos casos suspeitos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de IFD, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual (swab ) ou tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele da região cervical – procedimento que deve ser feito por profissional habilitado, mediante o uso de equipamento de proteção individual (EPI). A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica. Na atualidade, técnicas de biologia molecular são importantes instrumentos para o diagnóstico ante mortem da raiva em humanos, inclusive para a identificação da fonte infecção, otimização das ações de investigação, vigilância e controle de foco. 4 – Sobre a profilaxia de pós-exposição ao vírus da raiva, explique porque essa prática é aplicável com sucesso, explicando os meios disponíveis para essa terapia atualmente (principalmente a forma de produção). Em caso de possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindível a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão ou outro detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamente, o risco de infecção. É preciso que seja realizada o mais rápido possível após a agressão e repetida na unidade de saúde, independentemente do tempo transcorrido. A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento, e, em seguida, devem ser utilizados antissépticos como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato de clorexidina ou álcool-iodado. Essas substâncias deverão ser utilizadas somente na primeira consulta. Nas seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orientados pelo profissional de saúde, de acordo com a avaliação da lesão. Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de Atendimento Antirrábico Humano (Sinan), visando à indicação correta da profilaxia da raiva humana. As exposições (mordeduras, arranhaduras, lambeduras e contatos indiretos) devem ser avaliadas pela equipe médica de acordo com as características do ferimento e do animal envolvido para fins de indicação de conduta de esquema profilático, conforme esquema de profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Normas técnicas de profilaxia da raiva humana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Protocolo de tratamento da raiva humana no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. –Brasília : Ministério da Saúde, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Raiva: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/raiva#transmissao Acesso em: 03 jun. 2019 GOMES, Andréia Patrícia; ANTONIO, Vanderson Esperidião; MENDONÇA, Bianca Gazolla et al. Raiva humana. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 jul-ago;10(4):334-40
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