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direito individual do trabalho3

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DAS FÉRIAS ANUAIS
 
            Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração.
 
            Diz a CF/88:
 
            Art. 7º: São direitos dos trabalhadores... além de outros... XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais  do que o salário normal.
 
            
 
Noções gerais:
            O descanso anual remunerado é consagrado em todas as legislações por razoes médicas, familiares e sociais. No Brasil é princípio constitucional e está previsto em Convenção Internacional da OIT (n. 52, Dec. 3.232/38). A redação da CLT, art. 132 a 153 é do Dec. Lei 1.535/77. Seu ordenamento básico consiste na extensão de 30 dias corridos, pagamento em dobro quando gozadas a destempo, fixação judicial perante a omissão, férias coletivas possíveis, direito de receber em dinheiro parte do período não gozado e, pela CF/88, pagamento de um terço a mais da remuneração normal. A CLT disciplina o pagamento das férias, concedidas dentro dos doze meses após a aquisição do direito pelo empregado (Art. 134). Assim, inócua a previsão de regulamento de empresa que condicione sua concessão à requerimento feito pelo empregado (TRT-DF, RO 3.567/89, Fernando Damasceno, Ac. 1ª T. 1.535/91).
 
 
*          Aquisição do direito:
 
            Após cada período de 12 (meses) de vigência do contrato de trabalho (art.130);
 
 
*          Concessão do direito:
 
            As férias serão concedidas, por ato do empregador, em um só período, nos 12 meses subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito (art. 134);
 
 
Obs.1: Somente em casos excepcionais as férias serão concedidas em dois períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 dias corridos (§ 1º);
 
 
Obs.2: Aos menores de 18 anos e aos maiores de 50 anos de idade, as férias serão sempre concedidas de uma só vez (§ 2º).
 
 
*          A concessão de férias é ato exclusivo do empregador; independe de pedido ou concordância do empregado; devem ser concedidas em um só período, salvo nos casos excepcionais, que ante o silêncio da lei deve-se adotar o critério de "necessidade imperiosa" (art. 61, força maior, serviços inadiáveis ou de inexecução com prejuízo).
 
Obs.: A empresa que rescindir o contrato de trabalho de empregado, sem justa causa, não pode fazer coincidir o período do aviso prévio com as férias não gozadas em período anterior. 
 
                  As férias e o aviso prévio são direitos distintos a que o empregado faz jus, assim sendo, os mesmos não podem ser concedidos simultaneamente.
 
*          As férias deverão ser participadas ao empregado com antecedência mínima de 30 dias, das quais este passará recibo (art. 135), a concessão será anotada na CTPS deste (§ 1º), bem como no livro ou ficha de registro (§ 2º);
 
Obs.: o aviso de 30 dias existe para que o empregado possa planejar e preparar suas férias; se o empregador alterar unilateralmente a concessão, sem motivo grave, o empregado poderá gozá-las sem configurar-se indisciplina.
 
*          A época da concessão será a que melhor atender aos interesses do empregador (art. 136). Estando subordinada à vontade deste o trabalhador não pode gozar as férias a revelia da empresa mesmo que esteja para findar-se o prazo fixado por lei, pois existe sanção expressa no art. 137 em caso de não concessão dentro do prazo legal. Sem se excluir a possibilidade  de configurar-se a violação das obrigações do empregador (art. 483 - rescisão indireta do contrato de trabalho);
 
            Os membros de uma família que trabalharem na mesma empresa poderão gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se disto não resultar prejuízo para o serviço (art. 136, § 1º);
 
Obs.: O empregado estudante, menor de 18 anos terá o direito de fazer coincidir suas férias com as férias escolares (art. 136, § 2º).
 
 
*          A propósito da concessão, sempre que esta não ocorrer após o prazo de que trata o art. 134 da CLT (período concessivo - 12 meses após a aquisição do direito), o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração (art. 137);
 
 
Obs.: se porventura o empregador, vencido o mencionado prazo, não conceder as férias devidas, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação por sentença da época de gozo das mesmas (art. 137, § 1º), a qual cominará pena diária de 5% do salário mínimo até que seja cumprida (§ 2º).
 
            O pagamento em dobro como sanção expressa tem a finalidade de desencorajar a violação do instituto. Pagas de forma simples, poderá posteriormente o empregado exigir a diferença. 
 
*          Durante as férias o empregado não poderá prestar 0 serviço a outro empregador, salvo se estiver obrigado em virtude de contrato de trabalho com aquele (art. 138), pois o legislador ao instituir férias, teve a nítida intenção de estimular o descanso do empregado.
 
*          O empregado perceberá durante as férias a remuneração que lhe for devida na data da concessão, acrescida de um terço a mais (art. 142 c/c art. 7º da CF/88).
 
            A remuneração normal que compõe a parcela básica e a terceira parte que se lhe acresce, inclui o salário pago pelo empregador e a média das gorjetas indiretas ou as pagas pelos clientes (art. 457). Na data de sua concessão, diz a lei, o princípio basilar das férias é que o empregado não pode perceber menos que receberia se estivesse trabalhando; se está previsto aumento normativo, salarial mínimo ou contratual, etc., para a data de início de férias ou para outra incluída em seu curso, a remuneração deve atender essa circunstância, e não a da data da concessão.
 
A remuneração das férias será calculada da seguinte forma (CLT, art. 142 e §§):
 
a) para o empregado que recebe o salário por hora, com jornadas variáveis, apurarseá a média das horas no período aquisitivo, aplicandose o valor do salário na data de concessão das férias, acrescentando o terço constitucional. 0 salário não poderá ser inferior ao mínimo (Súmula STF n° 199);
 
b) quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, apurarseá a média salarial recebida pelo empregado nos 12 meses que precederem a concessão das férias, aplicandose o terço constitucional. 0 salário não poderá ser inferior ao mínimo (Lei n° 8.716/93);
 
c) a remuneração das férias do tarefeiro deve ser a base média da produção no período aquisitivo, aplicandose o valor da tarifa na data da concessão, acrescentandose o terço constitucional (Enunciado n° 149);
 
d) a parcela do salário paga em utilidades, bem como as horas extras habituais, os adicionais noturno, de insalubridade, periculosidade e de transferência, bem como as gorjetas e todas as demais parcelas de natureza salarial, serão computadas na remuneração de férias (CLT, art. 142, §§ 4° e 5°, Enunciados n° 151, 258 e 354). Caso o empregado tenha perdido o direito a algum adicional (p. ex., periculosidade) durante o período aquisitivo, ainda terá direito à média duodecimal (n/12) do que foi recebido dentro deste período aquisitivo. As parcelas integrantes desta média devem ser atualizadas monetariamente, utilizandose os percentuais dos reajustamentos salariais supervenientes (CLT, art. 142, § 6°);
 
e) a remuneração das férias do empregado contratado no regime de tempo parcial corresponderá ao valor total percebido no mês da concessão, independente do salário mínimo.
 
A gratificação semestral não repercute nos cálculos das férias, ainda que indenizadas (Enunciado n° 253).
 
 
*          É facultado ao empregado converter 1/3 de suas férias (10 dias) em abono pecuniário (art. 143), sendo que este abono deve ser requerido até 15 dias  antes do término do período aquisitivo (§ 1º);
 
Ao aeroviário é vedado converter 1/3 do período de fruição das férias em abono pecuniário (Dec. n° 1.232/62, art. 15). Ao empregado contratado no regime de tempo parcial também é vedada a conversão das férias em abono.
 
 
            O abono de férias é faculdade exclusiva do empregado e independeda concordância do empregador. A norma é sábia ao permitir a acomodação à situação pessoal do empregado. Sendo opção, ninguém melhor que o próprio trabalhador para melhor pesar suas conveniências, necessidades pessoais, econômicas e familiares no momento da escolha.
 
 
*          O pagamento da remuneração de férias, e se for o caso, do abono referido anteriormente, serão efetuados até 2 dias antes do início do referido período (art. 145), mediante quitação do empregado, com indicação do início e do termo das férias. 
 
 
*          Em caso da cessação do contrato de trabalho,  independentemente de causa, será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido (art. 146); sendo o período incompleto de férias, de acordo com o citado art. 130, pagos na razão de 01/12 por mês de serviço ou fração superior a 14 dias (§ único);
 
            Se a dispensa ocorrer sem causa justa, e antes de se completar 12 meses de contrato de trabalho, ao empregado é devido o valor das férias pagos de forma proporcional conforme indicado anteriormente;
 
            Férias proporcionais de empregado com mais de um ano de serviço na empresa: recebe-as, salvo de despedido por justa causa. Mesmo tendo a iniciativa da ruptura (pedido de demissão), as receberá.
 
 
Obs.: quanto ao pedido de dispensa, o mesmo não ocorre se porventura o empregado pedir dispensa com menos de um ano de contrato, não lhe é devido o pagamento das férias proporcionais.
 
 
*          A prescrição do direito de reclamar  a concessão das férias começa a contar a partir do efetivo momento em que estas deveriam ser concedidas, ou do término do contrato, se for o caso (art. 149).
 
 
*          Duração das férias: (art. 130):
 
O período de férias do empregado é fixado pelo empregador, na proporção das faltas injustificadas ao serviço, ocorridas durante o período aquisitivo, observando-se o seguinte critério:
 
 
	Número de faltas injustificadas
	Dias corridos de férias
	0 a 5
	30
	6 a 14
	24
	15 a 23
	18
	24 a 32
	12
	Mais de 32
	0
 
 
            Faltas justificadas:
 
            Não é considerado como faltas ao serviço, para fins de fixação do período de férias, a ausência do empregado nos seguintes casos:
 
 
1. até 2 dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa, que declarada na CTPS do empregado, viva sob sua dependência econômica;
 
2. até 3 dias consecutivos, em virtude de casamento;
 
3. por 5 dias, ao pai, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana;
 
4. por 1 dia, em caso 12 meses, em caso de doação voluntária de sangue, devidamente comprovada;
 
5. até 2 dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva; 
 
6. durante o licenciamento compulsório da empregada, por motivo de maternidade ou abortamento não criminoso (Art. 392, CLT);
 
7. por motivo de acidente de trabalho ou incapacidade que propicie  concessão de auxílio doença pela previdência social, exceto quando superior a 6 meses, ainda que descontínuos, dentro do período aquisitivo;
 
8. justificada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver determinado o desconto pela empresa, do correspondente salário;
 
9. durante a suspensão preventiva do empregado para responder inquérito administrativo ou em caso de prisão preventiva, quando ele for impronunciado ou absolvido;
 
10. nos dias em que não tenha havido serviço, exceto em se tratando  de paralisação parcial ou  total, por mais de trinta dias, dos serviços da empresa, com manutenção do pagamento dos salários;
 
11. no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço militar (apresentação anual do reservista);
 
12. decorrentes das atividades dos representantes dos trabalhadores no conselho curador do FGTS;
 
13. para servir como jurado;
 
14. comparecimento como parte na  Justiça do Trabalho;
 
15. comparecimento para depor como testemunha, quando devidamente arrolado ou convocado;
 
16. até 9 dias, para o professor, em conseqüência de casamento, ou falecimento de cônjuge, pai, mãe ou filho;
 
17. nos dias de atividade do Conselho Nacional, Estadual ou Municipal de Previdência Social.
 
 
Obs.: as férias poderão ser gozadas coletivamente, caso em que deverão ser observados os preceitos dos arts. 139 à 141 da CLT.

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