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Anatomia (Enfermagem)1

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Autor: Prof. Cassio Marcos Vilicev
Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo Souza Belinelo
 Profa. Raquel Machado Coutinho
Anatomia
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Professor conteudista: Cassio Marcos Vilicev
Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (2013). Mestre em 
Ciências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (2005). Possui especialização em Educação 
a Distância pela Universidade Paulista – UNIP (2012) e especialização em Didática do Ensino Superior pela Universidade 
Sant’Anna (1999). Possui graduação em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes (1989) e graduação em 
Fisioterapia (1998) pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Sua carreira profissional começou como professor de Educação Física em escolas particulares de São Paulo, 
onde permaneceu de 1990 a 1998. Dedica‑se à UNIP e à Faculdade Santa Rita de Cássia, como professor titular dos 
cursos de Odontologia, Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição e Educação Física, desde 2004, em nível de graduação 
e pós‑graduação. É líder das disciplinas de Anatomia Humana, Cinesiologia e Semiologia desde 2006. Tem vários 
trabalhos publicados em diversas áreas das Ciências Biomédicas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
V711a Vilicev, Cassio Marcos.
Anatomia. / Cassio Marcos Vilicev. – São Paulo: Editora Sol, 2016.
204 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑056/16, ISSN 1517‑9230.
1. Sistema vascular. 2. Sistema muscular. 3. Sistema respiratório. 
I. Título.
CDU 611
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Lucas Ricardi
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Sumário
Anatomia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA ............................................................................................................... 13
1.1 A primeira fase: os precursores....................................................................................................... 13
1.1.1 A Mesopotâmia e o Egito .................................................................................................................... 15
1.1.2 A China ........................................................................................................................................................ 16
1.1.3 O período grego ....................................................................................................................................... 16
1.1.4 O Império Romano ................................................................................................................................. 19
1.2 A segunda fase: a Idade Média ....................................................................................................... 21
1.2.1 A contribuição do povo islame ......................................................................................................... 21
1.3 A terceira fase: o Renascimento .................................................................................................... 22
1.3.1 Mondino de Luzzi ................................................................................................................................... 23
1.3.2 Jacopo Berengario de Carpi ................................................................................................................ 23
1.3.3 Jacobus Dubois Sylvius ......................................................................................................................... 24
1.3.4 Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni ............................................................................ 24
1.3.5 Leonardo da Vinci ................................................................................................................................... 24
1.3.6 Andreas Vesalius ...................................................................................................................................... 25
1.3.7 Matteo Realdo Colombo ...................................................................................................................... 27
1.3.8 Gabrielle Fallopius .................................................................................................................................. 28
1.3.9 Miguel Servet ........................................................................................................................................... 29
1.3.10 Girolamo Fabrizio d’Acquapendente ............................................................................................ 29
1.3.11 William Harvey ....................................................................................................................................... 29
1.4 A quarta fase: ciências contemporâneas.................................................................................... 30
2 BASES GERAIS DA ANATOMIA ................................................................................................................... 31
2.1 Divisão da Anatomia: o(s) estudo(s) da Anatomia ................................................................. 32
2.1.1 Anatomia Macroscópica ...................................................................................................................... 32
2.1.2 Anatomia Microscópica ........................................................................................................................ 32
2.1.3 Anatomia Artística ................................................................................................................................. 33
2.1.4 Anatomia Comparativa ........................................................................................................................ 33
2.1.5 Anatomia do Desenvolvimento ou Embriologia ........................................................................ 33
2.1.6 Anatomia Nepiológica ou Nepioanatomia ................................................................................... 33
2.1.7 Anatomia do Adulto ..............................................................................................................................34
2.1.8 Anatomia Gerontológica ..................................................................................................................... 34
2.1.9 Anatomia Radiológica .......................................................................................................................... 34
2.1.10 Anatomia de Superfície ..................................................................................................................... 34
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2.2 Conceitos gerais de Anatomia Sistêmica e Topográfica ....................................................... 35
2.2.1 Anatomia Sistêmica ............................................................................................................................... 35
2.2.2 Anatomia Topográfica .......................................................................................................................... 37
2.3 Conceito de normal e variações anatômicas ............................................................................ 38
2.4 Fatores gerais de variação anatômica ......................................................................................... 40
2.4.1 Sexo .............................................................................................................................................................. 40
2.4.2 Idade ............................................................................................................................................................ 40
2.4.3 Raça .............................................................................................................................................................. 41
2.4.4 Biotipo ......................................................................................................................................................... 42
2.4.5 Evolução ..................................................................................................................................................... 42
2.4.6 Meio ambiente ......................................................................................................................................... 42
2.4.7 Biorritmos .................................................................................................................................................. 43
2.4.8 Gravidade ................................................................................................................................................... 43
2.4.9 Esportes....................................................................................................................................................... 44
2.4.10 Trabalho .................................................................................................................................................... 44
2.5 Anomalias ................................................................................................................................................ 45
2.6 Monstruosidade .................................................................................................................................... 48
2.7 Divisão do organismo humano ....................................................................................................... 49
2.8 Posição anatômica ............................................................................................................................... 50
2.9 Planos de delimitação do organismo humano ........................................................................ 50
2.10 Planos de secção do organismo humano ................................................................................ 51
2.11 Termos de posição e direção .......................................................................................................... 53
2.12 As cavidades corporais .................................................................................................................... 54
2.13 Regiões do abdome e da pelve .................................................................................................... 56
2.14 Princípios gerais de construção do organismo humano ................................................... 58
2.14.1 Antimeria ................................................................................................................................................. 58
2.14.2 Metameria ............................................................................................................................................... 59
2.14.3 Paquimeria .............................................................................................................................................. 59
2.14.4 Segmentação ......................................................................................................................................... 59
2.14.5 Estratimeria ou estratificação ......................................................................................................... 59
3 APARELHO ÓSTEO‑ARTICULAR .................................................................................................................. 60
3.1 A estrutura esquelética ...................................................................................................................... 60
3.2 Os principais papéis do esqueleto ................................................................................................. 61
3.3 Arquitetura óssea ................................................................................................................................. 62
3.4 O periósteo e o endósteo .................................................................................................................. 64
3.5 Vascularização óssea ........................................................................................................................... 65
3.6 Inervação óssea ..................................................................................................................................... 65
3.7 Morfologia óssea .................................................................................................................................. 66
3.8 Características anatômicas de superfície dos ossos ............................................................... 67
3.9 Fatores de variação anatômica dos ossos .................................................................................. 71
3.10 Divisão do esqueleto ......................................................................................................................... 72
3.10.1 O esqueleto da cabeça ....................................................................................................................... 72
3.10.2 O esqueleto do pescoço ..................................................................................................................... 78
3.10.3 O esqueleto do tronco ........................................................................................................................ 79
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3.10.4 A cintura escapular .............................................................................................................................. 86
3.10.5 O membro superior .............................................................................................................................. 87
3.10.6 A cintura pélvica ................................................................................................................................... 89
3.10.7 O membro inferior ............................................................................................................................... 933.11 Artrologia ............................................................................................................................................... 96
3.11.1 Articulações fibrosas ............................................................................................................................ 97
3.11.2 Articulações cartilagíneas ...............................................................................................................100
3.11.3 Articulações sinoviais ........................................................................................................................101
4 SISTEMA MUSCULAR ...................................................................................................................................106
4.1 Tipos de músculos ..............................................................................................................................106
4.2 Componentes macroscópicos dos músculos estriados esqueléticos.............................108
4.3 Nomenclatura dos músculos estriados esqueléticos ...........................................................109
Unidade II
5 O CORAÇÃO .....................................................................................................................................................115
5.1 Volumes e pesos do coração ..........................................................................................................116
5.2 Localização do coração ....................................................................................................................117
5.3 Limites do coração .............................................................................................................................118
5.4 Configuração externa do coração ...............................................................................................118
5.5 Configuração interna do coração ................................................................................................121
5.6 Tipos de circulação do sangue ......................................................................................................128
5.6.1 A circulação sistêmica e pulmonar ............................................................................................... 128
5.6.2 A circulação portal .............................................................................................................................. 129
5.6.3 A circulação cardíaca ......................................................................................................................... 130
5.6.4 A circulação fetal ................................................................................................................................. 132
5.6.5 A circulação colateral ......................................................................................................................... 133
5.7 Aparelho valvar do coração ...........................................................................................................133
5.8 Esqueleto fibroso do coração ........................................................................................................137
5.9 Microanatomia ....................................................................................................................................137
5.10 Pericárdio .............................................................................................................................................138
5.11 Complexo estimulador do coração ...........................................................................................139
5.12 Características morfofuncionais das artérias e das veias ...............................................140
6 ANATOMIA DO SISTEMA VASCULAR .....................................................................................................145
6.1 Circuito sistêmico ...............................................................................................................................145
6.2 Aorta e os seus ramos ......................................................................................................................146
6.3 Ramos da parte ascendente da aorta ........................................................................................146
6.4 Ramos do arco da aorta ..................................................................................................................146
6.5 Ramos da parte torácica da aorta ...............................................................................................147
6.6 Ramos da parte abdominal da aorta ..........................................................................................148
6.7 Tronco pulmonar ................................................................................................................................150
6.7.1 Artérias pulmonares ........................................................................................................................... 150
6.8 Irrigação da cabeça e do pescoço................................................................................................150
6.9 Irrigação dos membros superiores ..............................................................................................151
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6.10 Irrigação da região pélvica ...........................................................................................................153
6.11 Irrigação dos membros inferiores ..............................................................................................154
7 SISTEMA LINFÁTICO ......................................................................................................................................156
7.1 Vasos linfáticos, linfonodos e ductos linfáticos .....................................................................156
7.2 O baço .....................................................................................................................................................157
7.3 O timo .....................................................................................................................................................157
7.4 As tonsilas .............................................................................................................................................158
8 SISTEMA RESPIRATÓRIO .............................................................................................................................158
8.1 Nariz.........................................................................................................................................................159
8.2 A cavidade nasal .................................................................................................................................160
8.3 Os seios paranasais ............................................................................................................................163
8.3.1 Os seios frontais ................................................................................................................................... 164
8.3.2 Os seios maxilares ................................................................................................................................ 164
8.3.3 Os seios esfenoidais ............................................................................................................................ 164
8.3.4 As células etmoidais ........................................................................................................................... 165
8.4 A faringe ................................................................................................................................................165
8.4.1 Dimensões ...............................................................................................................................................165
8.4.2 Cavidades da faringe .......................................................................................................................... 166
8.4.3 Parte nasal da faringe ........................................................................................................................ 166
8.4.4 Parte oral da faringe ........................................................................................................................... 167
8.4.5 Parte laríngea da faringe .................................................................................................................. 167
8.4.6 Os músculos da faringe ..................................................................................................................... 168
8.5 A laringe .................................................................................................................................................168
8.5.1 Papéis da laringe .................................................................................................................................. 169
8.5.2 Esqueleto da laringe ........................................................................................................................... 169
8.5.3 Cartilagem tireoidea ............................................................................................................................170
8.5.4 Cartilagem epiglote .............................................................................................................................170
8.5.5 Cartilagem cricoidea ............................................................................................................................171
8.5.6 Cartilagens pares da laringe ............................................................................................................ 173
8.5.7 Compartimentos da laringe ............................................................................................................. 173
8.5.8 Músculos da laringe ............................................................................................................................ 174
8.6 A traqueia ..............................................................................................................................................174
8.7 Os brônquios ........................................................................................................................................177
8.8 Os pulmões ............................................................................................................................................178
8.9 A segmentação broncopulmonar ................................................................................................179
8.10 A pleura ................................................................................................................................................180
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APRESENTAÇÃO
A Anatomia Humana é uma ciência dinâmica e em evolução, com uma profunda e intrigante herança, 
que estuda a organização estrutural do organismo humano baseada na terminologia anatômica. 
Nossos objetivos serão discutir alguns dos principais acontecimentos históricos na ciência da Anatomia 
Humana; definir anatomia; fazer uma relação das fases históricas nas quais foram usados cadáveres para 
entender a Anatomia Humana; denominar os diferentes níveis de organização estrutural que compõem 
o corpo humano e elucidar suas relações; definir anatomia; compreender porque a maioria dos termos 
anatômicos são vocábulos de origem grega e latina; descrever a posição anatômica; relacionar os 
sistemas de órgãos do corpo, identificar seus componentes e explicar brevemente os principais papéis de 
cada sistema; descrever a posição anatômica; usar corretamente os termos descritivos e de direção que 
se relacionam ao corpo humano; situar e denominar as principais cavidades do corpo e suas subdivisões 
e elencar os principais órgãos contidos dentro delas; denominar as nove regiões do organismo humano 
e os quadrantes da cavidade abdominal e pélvica; elencar os órgãos que elas compreendem; e descrever 
os princípios de construção do corpo humano.
Estudaremos o aparelho locomotor composto pelos ossos, articulações e músculos. Os nossos 
objetivos serão identificar os ossos dos esqueletos axial e apendicular; assinalar os diferentes papéis 
do sistema esquelético; identificar os ossos dos esqueletos axial e apendicular; detalhar a Anatomia 
Macroscópica dos ossos; indicar as localizações e os papéis da medula óssea vermelha e amarela, da 
cartilagem articular, do periósteo e do endósteo; classificar os ossos de acordo com a sua morfologia; 
citar a relevância funcional dos detalhes ósseos; identificar os ossos do crânio em suas diferentes vistas; 
descrever as regiões da coluna vertebral e as suas curvaturas; indicar os papéis da coluna vertebral e dos 
discos intervertebrais; diferenciar as vértebras atípicas e típicas e descrever as características regionais 
das vertebras cervicais, torácicas e lombares; citar os ossos do tórax; diferenciar as costelas verdadeiras 
das falsas; identificar os ossos que compõem as cinturas dos membros superiores e inferiores; citar os 
ossos dos membros superiores e inferiores; citar as regiões ósseas que compõem o osso do quadril; 
descrever as diferenças entre as pelves masculina e feminina; conceituar articulação; classificar os tipos 
de articulação do corpo quanto ao tipo de tecido interposto; classificar e identificar os componentes 
de uma articulação sinovial; conceituar e classificar os diferentes tipos de músculos; definir os papéis 
dos músculos; identificar os componentes musculares; e reconhecer as diferentes classificações dos 
músculos esqueléticos.
Um sistema cardiovascular eficaz é necessário para manter a vida de um organismo complexo 
pluricelular. A estrutura do coração possibilita que ele sirva como um sistema de bomba aspirante 
premente que conserva o sangue circulando ininterruptamente através dos vasos de sangue pelo 
organismo. Assim, temos como objetivo descrever os papéis do sistema cardiovascular; descrever a 
localização do coração em relação a outros órgãos da cavidade torácica e as suas membranas serosas 
associadas; descrever a estrutura e o papel da microanatomia do coração; descrever as cavidades e 
as valvas cardíacas; identificar os principais vasos de sangue que entram no coração e que dele 
saem; descrever os tipos de circulação de sangue; descrever e localizar os componentes do complexo 
estimulador do coração. A estrutura das artérias e das veias possibilita transportar o sangue do coração 
para os capilares e dos capilares de volta para o coração, assim descreveremos a estrutura e os papéis 
das artérias e das veias. A aorta emerge do ventrículo esquerdo se ramificando em quatro partes 
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principais, e os ramos da aorta nutrem todos os tecidos do organismo humano. Os objetivos propostos 
para esse tema serão identificar as artérias que nutrem os membros superiores e inferiores; identificar 
as principais artérias da cabeça e do pescoço; identificar as artérias principais do tórax do abdome e da 
pelve. Ainda no sistema cardiovascular, estudaremos o sistema linfático formado por vasos linfáticos 
de diversos tecidos e órgãos linfáticos, que auxiliam na manutenção do equilíbrio líquido dos tecidos 
e absorvem gorduras do canal alimentar. Também participam do sistema de defesa do corpo contra 
micro‑organismos patógenos. Nossos objetivos serão, ainda, descrever os componentes, a localização 
e os papéis dos órgãos linfáticos, assim como a organização dos vasos linfáticos e a circulação da linfa.
Por fim, estudaremoso sistema respiratório, que pode ser dividido em vias aéreas superiores e 
inferiores. Os nossos objetivos serão explanar os papéis do sistema respiratório; identificar os limites da 
cavidade nasal e a relação com os seios paranasais; descrever as três partes da faringe e reconhecer as 
principais estruturas anatômicas localizadas em cada uma; descrever a anatomia da laringe; e descrever 
a anatomia da traqueia e dos brônquios. Os alvéolos pulmonares são as unidades funcionais dos pulmões 
onde acontecem as trocas gasosas. Os pulmões direito e esquerdo estão separadamente contidos em 
membranas pleurais. Nossos objetivos relacionados aos pulmões serão descrever a localização dos 
pulmões; diferenciar morfofuncionalmente os pulmões direito e esquerdo; e descrever as pleuras.
INTRODUÇÃO
Você está começando um estudo fascinante sobre o corpo humano. Iniciaremos com um breve 
histórico da Anatomia e com uma perspectiva histórica de como a Anatomia se desenvolveu no decorrer 
dos séculos.
Estabeleceremos um vocabulário básico que nos possibilita dialogar sobre o corpo de forma 
semelhante àquela utilizada pelos cientistas e pelos profissionais das áreas de saúde.
Como a Anatomia é o estudo das estruturas normais, discutiremos os conceitos de normalidade, 
variação, anomalia e monstruosidades, bem como os fatores de variação anatômica. Além disso, também 
veremos os princípios de construção do corpo humano.
Apresentaremos os sistemas esquelético, articular e muscular, que formam o aparelho locomotor. 
Compreenderemos que os ossos, apesar de sua aparência simples, são tecidos vivos complexos e 
dinâmicos. Cada osso individualmente é considerado um órgão por ser composto de diversos tecidos 
diferentes que funcionam em conjunto, compondo o esqueleto. Já sobre as articulações, ou junturas, 
entenderemos que elas são pontos de união entre os ossos, entre as cartilagens e os ossos, ou ainda, 
entre os dentes e os ossos. Compreenderemos como os músculos produzem distintos movimentos, onde 
se localizam e os seus respectivos nomes.
No sistema cardiovascular, veremos o coração, os vasos de sangue e o sistema linfático. Entenderemos 
que o coração realiza contrações e relaxamentos, sendo que o lado esquerdo bombeia sangue ao longo 
de diversos vasos de sangue que se ramificam pelo organismo humano. O lado direito do coração 
bombeia o sangue para os pulmões, possibilitando capturar O2 e liberar CO2. Veremos que os vasos 
de sangue compõem caminhos circulatórios fechados para o sangue fluir do coração aos órgãos do 
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corpo e retornar ao coração. Assim, os vasos de sangue colaboram para a homeostase dos demais 
sistemas do organismo humano, transportando e distribuindo o sangue para todo o corpo, levando 
materiais nutritivos como O2 e glicose, além de hormônios, e retirando os resíduos. Já a manutenção da 
homeostase no organismo humano requer uma batalha constante contra os agentes maléficos do nosso 
meio ambiente. Estudaremos o sistema linfático e os mecanismos de defesa contra os invasores.
Por fim, perceberemos que quase todas as células do organismo usam ininterruptamente o O2. Para 
isso, o sistema respiratório, que se compõe de nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões 
terá esse papel. Além disso, esse sistema também auxilia a regular o pH do sangue; possui receptores 
para o sentido da olfação; filtra, aquece e umedece o ar inalado; produz o som; e ajuda no controle da 
temperatura corporal.
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ANATOMIA
Unidade I
1 BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
“Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver 
desconhecido, lembra‑te que este corpo nasceu do amor de duas almas, 
cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o 
agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. 
Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu 
saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por ele 
se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu 
nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu‑lhe o poder e a grandeza 
de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente” 
Rokitansky, 1876.
O começo da Anatomia em geral retrocede às origens da existência humana e pertence à Pré‑história. 
A Anatomia pode ser dividida em três fases principais. A primeira fase pertence à Antiguidade, aos 
precursores. A segunda sobreveio com o declínio do Império Romano, o que afetou as Ciências, as Artes 
e também a Anatomia. A terceira é a fase da restauração, a partir da data do Renascimento das Ciências 
na Itália. A Anatomia pode ser acompanhada através das civilizações chinesa, egípcia, grega e romana. 
Além das fases citadas, podemos descrever ainda uma quarta, conhecida como ciência contemporânea, 
que abrange os séculos XIX, XX e XXI.
1.1 A primeira fase: os precursores
O que se sabe sobre os humanos pré‑históricos são palpites obtidos por meio de dedução lógica 
a partir de informações extraídas das cavernas, de artefatos, de animais abatidos, de sacrifícios e 
de fósseis.
Inicialmente foram observações isoladas, feitas sem qualquer intenção de conhecer os órgãos. 
A Anatomia só tomou um caráter de ciência quando ela se aliou à necessidade médica, ou seja, à 
arte de curar.
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Unidade I
Figura 1 – Pintura em caverna, período pré‑histórico
Diversos crânios trepanados localizados em sítios arqueológicos exibem vestígios de reossificação, o 
que sugere que muitos indivíduos submetidos a esse arriscado ato cirúrgico sobreviviam. A trepanação 
baseava‑se na perfuração de um orifício ou a remoção de uma parte de osso do crânio. A trepanação 
era supostamente utilizada como um ritual para expulsar maus espíritos, ou para diminuir a pressão 
intracraniana em consequência de ferimentos na cabeça.
Os primeiros relatos de estudos de Anatomia foram realizados por civilizações do antigo Oriente 
Médio. As informações eram insuficientes e grosseiramente equivocadas em razão da influência do 
subjetivismo místico, que delimitava a violação de cadáveres humanos.
Figura 2 – A arte da cirurgia da trepanação era praticada por algumas culturas pré‑históricas. Surpreendentemente, muitos 
indivíduos sobreviveram a essa provação, como ficou evidenciado pela ossificação ao redor das margens ósseas do ferimento
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ANATOMIA
 Saiba mais
A obra a seguir mostra os eventos e as revelações que auxiliaram o 
desenvolvimento daquilo que se entende como Medicina, assim como seus 
pioneiros e precursores, como Hipócrates, o “Pai da Medicina”. Contudo, 
não deixa de registrar todas as vezes que a ciência e as crendices geraram 
tratamentos que atualmente parecem ficção ou comédia.
GORDON, R. A assustadora história da medicina. São Paulo: Nova 
Fronteira, 2002.
1.1.1 A Mesopotâmia e o Egito
A Mesopotâmia era o nome dado à longa e pequena cunha de terra entre os rios Tigre e Eufrates, que 
nos dias de hoje faz parte do Iraque. Nessa época, a preocupação dos indivíduos era saber qual órgão 
estava relacionado com a alma. Assim, o fígado, exaustivamente observado em animais sacrificados, 
foi considerado o “guardião da alma e dos sentimentos que nos fazem homens”. Esta era uma hipótese 
consistente por causa do tamanho do órgão e de sua associação com o sangue, que era considerado 
indispensável para a vida.
Acreditava‑se que os egípcios possuíssem conhecimentoda anatomia em razão das cirurgias 
bem‑sucedidas que, certamente, remontam há 5 mil anos. Foram demonstrados vários trabalhos sobre 
a anatomia no Egito Antigo, entre eles, o primeiro manual de Anatomia registrado por Menés, durante 
a primeira dinastia egípcia em 3400 a.C.
Os meios egípcios de embalsamento poderiam ter contribuído grandemente para a ciência da Anatomia 
se existissem documentos. Nitidamente, os embalsamentos não eram bem vistos pela população do Egito 
Antigo. Na prática, os embalsamadores eram constantemente caçados, até mesmo apedrejados e mortos. 
Embalsamar era uma arte simbólica mais relacionada com a religião do que com a ciência.
Figura 3 – Múmia exposta em museu egípcio
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Unidade I
1.1.2 A China
Na China Antiga, a atenção pelo corpo humano era, em particular, filosófica. Pensamentos sobre a 
Anatomia estavam apoiados em suposições em lugar de dissecações ou observações diretas. Os chineses 
respeitavam o corpo humano e execravam sua mutilação. Porém, a exceção ocorria com a prática de 
“apertar” os pés das meninas, e das mulheres jovens, como tentativa de deixá‑los mais majestosos. O 
entendimento dos órgãos internos acontecia puramente por meio de feridas ou de lesões. Somente em 
tempos contemporâneos foram permitidas dissecações de cadáveres nas escolas médicas chinesas.
Ao Imperador Huang‑Ti (2697 a.C.) assume‑se a autoria do Neiching, o cânon da Medicina. No 
Neiching está mencionado que todo o sangue do corpo se encontra sob a influência do coração; o 
sangue flui em círculo contínuo, e nunca para. Isso foi mencionado 4.300 anos antes de William Harvey 
descobrir a circulação sanguínea. No Neiching, a fisiologia é extravagante. O coração é o rei; os pulmões 
são os seus ministros executivos; o fígado o seu general; a vesícula biliar, o seu procurador‑geral; o baço, 
que monitora os cinco paladares, além dos “três lugares queimantes”, que eram o tórax, o abdome, e a 
pelve, eram responsáveis pelo “sistema de esgoto do corpo”.
 Saiba mais
No link a seguir é possível conhecer um pouco mais sobre a História da 
Anatomia e o Museu de Anatomia da Universidade Federal de Ciências da 
Saúde de Porto Alegre.
BRASIL. Uma breve história da Anatomia Humana. Porto Alegre: 
UFCSPA, [s.d.]. Disponível em: <http://www.ufcspa.edu.br/index.php/
historia‑da‑anatomia‑humana>. Acesso em: 6 jul. 2016.
1.1.3 O período grego
Foi na Grécia Antiga que a Anatomia alcançou maior aprovação como ciência. Até aquele momento, 
a Medicina era uma “arte sagrada” ligada à magia, astrologia e religião. Os atenienses apresentavam 
cuidados com os seus mortos. Certa vez, condenaram à morte um dos seus generais bem‑sucedidos após 
uma batalha, pois, na busca pelos inimigos, deixou seus soldados mortos para trás, sem sepultamento. 
Era uma obrigação religiosa entre os gregos e os romanos cobrir com terra qualquer osso humano 
encontrado por casualidade. Apenas os condenados e os suicidas poderiam ficar sem enterro. Entre 
os gregos existia a crença de que as almas dos mortos vagariam pelas margens do rio Styx, o “rio da 
imortalidade”, até que seus corpos tivessem sido enterrados.
Alcméon de Cróton
Alcméon de Cróton (535 a.C.?), discípulo de Pitágoras, escreveu a primeira obra de Anatomia. 
Para Alcméon, o ser humano é um ser pneumático, cujas fontes de vida são quatro órgãos: cérebro, 
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ANATOMIA
coração, umbigo e genitais. Em dissecções de animais, Alcméon observou os nervos ópticos e as tubas 
auditivas, garantindo que as cabras respiravam pelas orelhas. Reconheceu o encéfalo como a sede da 
vida intelectiva do ser humano e como receptor da visão e da audição; o cérebro é o centro da vida e da 
inteligência, e não o coração e o diafragma, como se afirmava anteriormente. Alcméon acreditava que 
o espermatozoide era parte do cérebro do homem desde os 14 anos de idade.
Hipócrates de Cós
Hipócrates de Cós (460‑370 a.C.), reconhecido como o “Pai da Medicina”; na área da Anatomia 
nada realizou de relevante. Possivelmente foi o pioneiro do estudo da anatomia constitucional. Expôs 
o pericárdio como uma capa lisa, envolvendo o coração e contendo um líquido semelhante à urina. 
Na coleção hipocrática existem registros sobre o coração, no qual são descritos os átrios e as valvas 
atrioventriculares. Admite o cérebro como o mensageiro do pensamento. Hipócrates foi o primeiro a 
estabelecer uma relação entre o cérebro e a doença sagrada, a epilepsia.
Figura 4 – Hipócrates de Cós
Embora Hipócrates, supostamente, tivesse tão somente restrita orientação em dissecções humanas, 
ele foi bem conduzido na afamada Teoria Humoral de organização do corpo. Através dessa teoria eram 
identificados quatro humores no corpo, e cada um deles era agregado com um órgão em especial: sangue 
com o fígado; cólera, ou bile amarela, com a vesícula biliar; fleuma com os pulmões; e melancolia, ou 
bile preta, com o baço. Acreditava‑se que um indivíduo teria um equilíbrio dos quatro humores.
 Observação
Os quatro humores fazem parte de nossa linguagem e da clínica 
médica nos dias atuais. Melancolia é um termo utilizado para descrever 
depressão ou desânimo de um indivíduo, enquanto melano se alude a um 
semblante obscuro ou pálido. O prefixo “melano” significa preto. Cólera é 
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Unidade I
uma patologia intestinal que causa diarreia e vômito. Fleuma no interior do 
sistema respiratório é sinal de diversas doenças pulmonares. 
Aristóteles
Aristóteles (384‑322 a.C.), discípulo de Platão, era escritor ilustre, filósofo e zoologista. Era também professor 
conceituado, contratado pelo rei Filipe da Macedônia para ensinar seu filho, Alexandre, que posteriormente 
ficou conhecido como Alexandre, o Grande (ou Alexandre Magno). Aristóteles é o primeiro a utilizar a palavra 
anatomé, termo grego que significa cortar ou dissecar. Aristóteles não dissecou cadáveres humanos, imaginava 
que os apontamentos em animais eram correspondentes aos homens, o que designou Anatomia Aristotélica. 
Ele cita as meninges e afirma que o cérebro possui cavidades; reconheceu a aorta e diferenciou as artérias 
das veias. Aristóteles é reconhecido como o fundador da Anatomia Comparada. Entretanto, ele publicou 
algumas teorias erradas referentes à Anatomia. Por exemplo, Platão havia demonstrado que o cérebro era a 
“moradia do sentimento e do pensamento”, mas Aristóteles discordou. Ele determinou a sede da inteligência 
no coração, e interpretou que a função do cérebro, que era mergulhado em um líquido, tão somente seria 
resfriar o sangue bombeado pelo coração, conservando assim, a temperatura corpórea.
Figura 5 – Aristóteles (seta). Detalhe de Escola de Atenas, afresco de Rafael, 1509
Herófilo da Macedônia
O ano de 334 a.C. marca o início do Período Alexandrino na história da Grécia. Alexandre Magno fundou 
a cidade de Alexandria aproximadamente entre os anos 331‑323 a.C. Além de uma vasta biblioteca, havia 
também uma escola de medicina em Alexandria. O estudo da anatomia progrediu porque eram permitidas 
as dissecções de cadáveres e as vivissecções. Infelizmente, as colaborações sábias e o desenvolvimento 
científico de Alexandria não permaneceram. O desaparecimento da maioria dos registros aconteceu 
quando a vasta biblioteca foi queimada pelos romanos que invadiram a cidade em 30 a.C.
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ANATOMIA
Herófilo é visto como o “açougueiro de homens”, pois ele realizava vivissecção em criminososda prisão 
real. Estima‑se que ele dissecou mais de 6 mil seres humanos, muitas vezes em demonstrações públicas 
(“sem dúvida, o melhor método para aprender”, escreveu Celsius, consentindo). Apesar de desumana, essa 
metodologia dava à anatomia uma base verdadeiramente precisa. Ele expôs descrições fantásticas do 
crânio e dos olhos. Duas obras extraordinárias de Herófilo são designadas de Sobre a Anatomia e Dos Olhos.
Erasístrato de Chio
Erasístrato (304‑250 a.C.) interessava‑se mais pelas funções do corpo humano do que pela estrutura 
e, muitas vezes, é designado “Pai da Fisiologia”. Aperfeiçoou os dados sobre o cérebro e o cerebelo, 
considerando esses órgãos como a sede da alma. Entre suas diversas descrições, ele determinou a 
substância cerebral, e não a dura‑máter, como a origem dos nervos cranianos; estabeleceu o cérebro 
e o cerebelo como órgãos parenquimatosos e descreveu os ventrículos encefálicos. Juntamente com 
Herófilo, determinou que o número de giros está relacionado com a inteligência humana.
Entretanto, o esplendor das descobertas anatomopatológicas de Herófilo e Erasístrato tombou em 
infortúnio após a suspeita de que escravos e condenados a morte haviam sido dissecados vivos com a 
autorização de Ptolomeu I. Citamos uma passagem de Machado de Assis em “Contos Alexandrinos”, a 
história de dois filósofos: Stroibus e Pítias.
Tinham sido escalpelados cerca de cinquenta réus, quando chegou à vez de 
Stroibus e Pítias. Vieram buscá‑los; eles supuseram que era para a morte 
judiciária, e encomendaram‑se aos deuses. De caminho, furtaram uns 
figos, e explicaram o caso alegando que era um impulso da fome; adiante, 
porém, subtraíram uma flauta, e essa outra ação não a puderam explicar 
satisfatoriamente. Todavia, a astúcia do larápio é infinita, e Stroibus, para 
justificar a ação, tentou extrair algumas notas do instrumento, enchendo de 
compaixão as pessoas que os viam passar, e não ignoravam a sorte que iam 
ter. A notícia desses dois novos delitos foi narrada por Herófilo, e abalou a 
todos os seus discípulos (ASSIS, 1994, p. 41).
Os anatomistas pretendiam saber se “nervo do furto” residia na palma das mãos. Pelo que se diz, 
Herófilo dissecou primeiro Stroibus e, a seguir, Pítias, durante oito dias.
1.1.4 O Império Romano
Em muitos aspectos, o Império Romano inclui os progressos científicos e as bases para a Idade do 
Obscurantismo. O questionamento científico perfaz a teoria pela prática durante esse período. Foram 
realizadas algumas dissecções de cadáveres humanos, mas para determinar a razão da morte em casos 
criminais. A medicina não era preventiva, contudo limitava‑se, quase sem exceção, ao tratamento de 
soldados lesados em combates. Nos últimos tempos da história romana, as leis eram postas evidenciando 
a autoridade da Igreja na prática médica. De acordo com as leis romanas, por exemplo, nenhuma gestante 
morta poderia ser sepultada sem a retirada do feto do útero de maneira que pudesse ser batizado. Dois 
anatomistas romanos foram relevantes: Celsius e Galeno.
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Unidade I
Cornelius Celsius
A maior parte do que se sabe atualmente sobre a escola médica da Alexandria fundamenta‑se nos 
registros do enciclopedista romano Celsius (30 a.C.‑30 d.C.). Ele reuniu os dados em um trabalho de 
oito volumes: Deremedicina. Contudo, Celsius teve o crédito meramente restrito a sua própria época, 
provavelmente devido à utilização do latim em lugar do grego.
Claudius Galeno
Galeno (130‑201 d.C.) nasceu em Pérgamo, cidade grega da Ásia menor, médico de Marcus Aurelius 
Antoninus e Imperador de Roma. Foi médico da Escola de Esgrima e exerceu a medicina em Roma. 
Como a dissecação humana era banida, Galeno não dissecava cadáveres humanos, mas humanizava por 
aproximação, talvez a causa de seus erros anatômicos. Em seres humanos, ele fazia pesquisas observando 
feridas profundas ou estudando cadáveres de indigentes que eram encontrados eventualmente. Seus 
tratados nos apresentam descrições detalhadas de dissecações executadas em macacos, porcos, cães e 
ursos. Aos 28 anos, Galeno se tornou cirurgião de gladiadores e sugeriu com êxito novos tratamentos 
para lesões de tendões e nervos. As principais descrições de Galeno encontram‑se no campo do sistema 
nervoso. Os nervos medulares foram divididos segundo as regiões, e os nervos cranianos em número de 
nove pares: óptico, oculomotor, troclear, trigêmeo, palatino, acústico, facial, auditivo e hipoglosso. Já 
conhecia o infundíbulo da hipófise, que ele cria comunicar‑se com a cavidade nasal. Descreve o esterno 
com sete peças, tanto como as costelas com as quais se articula; e a cartilagem tireoidea com o nome 
de Chondros thyreoides, semelhante ao escudo cretense. Em nenhum tempo, o status de um homem 
prevaleceu de maneira tão profunda em uma ciência como a de Galeno na Medicina. Suas inspirações 
prorrogam‑se pelos próximos 13 séculos através da Idade Média até o século XVI, sendo que as obras de 
Galeno determinam os princípios dos dados anatômicos.
Figura 6 – Xilogravura do artista renascentista Francesco Salviati (1510‑1563) com base na obra De Fascius, de Galeno, do primeiro 
século d.C. A xilogravura mostra uma cirurgia do ombro, proporcionando uma conexão direta com a prática cirúrgica hipocrática, que 
continua por todo o período Bizantino
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ANATOMIA
 Saiba mais
Se você quiser aprofundar seus conhecimentos sobre esses temas, leia:
KICKHÖFEL, E. H. P. A lição de anatomia de Andreas Vesalius e a ciência 
moderna. Scientiæ Studia, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 389‑404, jul./set. 2003. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S1678‑31662003000300008>. Acesso em: 6 jul. 2016.
ALVES, M. V. A medicina e a arte de representar o corpo e o mundo 
através da anatomia. Portugal: FCSH, [s.d.]. p. 31‑50. Disponível em: <http://
www.fcsh.unl.pt/chc/pdfs/nature4.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2016.
CHEREM, A. J. Medicina e arte: observações para um diálogo 
interdisciplinar. Revista Acta Fisiátrica, v. 12, n. 1, p. 26‑32, 2005. Disponível 
em: <http://www.actafisiatrica.org.br/detalhe_artigo.asp?id=240>. Acesso 
em: 6 jul. 2016.
CHIARELLO, M. Sobre o nascimento da ciência moderna: estudo 
iconográfico das lições de anatomia de Mondino a Vesalius. Scientiae 
Studia, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 291‑317, 2011. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678‑31662011000200004>. 
Acesso em: 6 jul. 2016.
1.2 A segunda fase: a Idade Média
Pode ser chamada de fase da ciência árabe, que durou quase mil anos até Constantinopla ser conquistada 
pelos turcos em 1453. A dissecção de cadáveres ficou completamente estagnada durante a Idade Média, 
e a violação de cadáver era considerada um ato criminoso, frequentemente punido com a pena de morte. 
Durante a peste negra no século XVI, todavia, foram realizadas algumas dissecções na esperança de determinar 
a causa da apavorante doença. Durante as Cruzadas Religiosas, os soldados cozinhavam os ossos de seus 
parceiros mortos, de modo que os soldados pudessem regressar para as suas moradias e ter um enterro digno. 
Entretanto, até mesmo esse ato foi considerado uma profanação e duramente criticado pela Igreja.
1.2.1 A contribuição do povo islame
Os povos de língua árabe deram intensas colaborações à história da Anatomia de uma maneira 
incomum. Foi o mundo islâmico que preservou grande parte da cultura ocidental das ruínas do Império 
Romano, da exploração da Igreja Cristã, e das perseguições da Idade Média. Com a expansão do 
Islame pelo Oriente Médio e Norte da África durante o século VIII, os documentos remanescentes de 
Alexandria foram trazidos para os paísesárabes e traduzidos do grego para o árabe. Quando a Idade do 
Obscurantismo imperava na Europa, a Igreja Cristã buscou reprimir qualquer declaração cultural ou dado 
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profano que não fosse aceito pelos dogmas cristãos. A exploração do corpo humano foi considerada 
herege, e a Igreja proibiu as escritas sobre Anatomia. Tão somente no século XIII que as traduções árabes 
voltaram à Europa e, por seu lado, foram traduzidas para o latim. Dessa maneira, os médicos árabes, 
cujas habilidades são hoje redescobertas, tinham introduzido mudanças sábias nas ideias galênicas.
O persa Ibn Sina, conhecido no ocidente como Avicena (980‑1037 d.C.), organizou e sistematizou 
os saberes de Aristóteles, Hipócrates e Galeno em um compêndio de Medicina, uma obra majestosa 
que ficou marcada como Cânon. Este foi publicado pela primeira vez apenas em 1492 e é uma mistura 
de saberes médicos islâmicos e gregos. O Cânon foi o primeiro livro médico a mostrar a reparação de 
tendões em um período em que esse tratamento era equivocadamente contraindicado.
1.3 A terceira fase: o Renascimento
A fase conhecida como Renascimento foi determinada pela vida nova das ciências. O Renascimento 
foi introduzido nas grandes universidades europeias localizadas em Bolonha, Salerno, Pádua, Montpellier 
e Paris. Somente no Renascimento seriam aceitos, ainda que com certa cautela e dignidade, os 
procedimentos de violação do corpo por meio de estudos de cadáveres.
O interesse elevado pelo estudo da Anatomia durante o Renascimento fez com que a aquisição de 
cadáveres para a dissecção se tornasse um problema grave. Estudantes de medicina invadiam sepulturas 
para saqueá‑las, até que um decreto oficial foi expedido e permitiu utilizar os corpos de criminosos 
executados como espécimes.
Em consequência da rápida putrefação de um cadáver, os livros de Anatomia do início do Renascimento 
eram arrumados de forma que as partes mais perecíveis do corpo fossem descritas primeiramente. 
As dissecções começavam pela cavidade abdominal; a seguir, tórax e cabeça; por fim, os membros 
superiores e inferiores. Uma dissecção durava, em média, quatro dias.
As aulas de anatomia aconteciam num “teatro anatômico”. Ele deveria ser vasto e arejado, com bancos 
organizados em círculos, como os do Coliseu Romano, possibilitando a posição de muitos alunos sem 
importunar os movimentos do maestro, o cirurgião. O cadáver era colocado em uma mesa no centro do 
teatro, e os instrumentos em outra, próxima à primeira. Os professores de Anatomia pronunciavam as suas 
aulas de cátedras um pouco distantes do local do cadáver. A frase “eu não devo tocá‑lo com uma vara de 10 
pés” possivelmente originou‑se durante esse período em menção ao odor de um cadáver em deterioração.
 Saiba mais
Para saber um pouco mais sobre o “teatro anatômico”, leia o artigo:
PIAZZA, M. J. Palazzo del Bó e o teatro anatômico. Femina, v. 40, 
n. 5, p. 235‑236, 2012. Disponível em: <http://www.febrasgo.org.br/site/
wp‑content/uploads/2013/05/235.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2016.
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1.3.1 Mondino de Luzzi
O ensino da Anatomia Humana com demonstração dos órgãos realizada em cadáveres pelo próprio 
professor iniciou‑se em Bolonha, em 1315, com Mondino de Luzzi, designado o restaurador da Anatomia.
Figura 7 – Página título da edição do comentário de Mondino por Martin von Mellerstadt (Leipzig, 1493)
1.3.2 Jacopo Berengario de Carpi
Entre os primeiros livros de Anatomia a serem impressos estava o de Jacopo Berengario de Carpi 
(1470‑1530), professor de Cirurgia em Bolonha e Paris durante 25 anos, antecedendo Vesalius. Conta a história 
que Berengario de Carpi dissecou mais de 100 cadáveres. Ele descreveu diversas estruturas anatômicas, por 
exemplo, o apêndice vermiforme, timo, membrana do tímpano, comunicação do seio esfenoidal com o meato 
nasal superior e laringe. Descreveu a medula espinal, terminando no adulto ao nível de L2.
Figura 8 – Da edição do comentário do texto de Mondino por Berengario de Carpi (Veneza, 1935)
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1.3.3 Jacobus Dubois Sylvius
O estudo da Anatomia floresceu em Paris, com Jacobus Dubois Sylvius (1478‑1555). Sylvius foi 
professor de Anatomia e Cirurgia no Colégio da França. Foi o primeiro a dar uma boa descrição dos 
músculos, que receberam nomes conforme a sua forma e a sua situação. Sylvius falava perfeitamente o 
latim, o grego e o hebraico. Deve‑se a Sylvius uma reconsideração da nomenclatura equivocada, tendo 
passado do árabe para o grego. Manteve os enganos de Galeno contra Vesalius, seu discípulo. Chegou a 
garantir que um erro de Galeno estava fora de objeção. Dizia que a espécie humana estava se alterando 
e sofrendo uma “degenerescência”, por exemplo, o encurtamento do esterno, quando escreveu que ele 
apresentava sete partes, conforme Galeno.
1.3.4 Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni
Em uma das mais apreciadas imagens plásticas do Renascimento, A Criação do Homem, pintada 
na Capela Sistina por Michelangelo (1475‑1564) entre 1508 e 1512, encontra‑se a imagem das 
mãos aproximadas, como sendo as mãos de Adão e de Deus. Ao analisar essa pintura que integra 
o teto da capela, é possível observar que o pintor apresentava informações bem definidas da 
musculatura de antebraços.
Figura 9 – A Criação do Homem, Michelangelo
1.3.5 Leonardo da Vinci
Em seu tratado de Anatomia nunca terminado, planejado para ser escrito em cooperação com o 
jovem professor de Anatomia Marcantonio Della Torre (1481‑1512), Leonardo da Vinci (1452‑1519) 
revelou que ajudou a dissecar 30 cadáveres em escolas de Medicina.
A escrita invertida é uma característica das observações do canhoto Da Vinci. No desenho 
nomeado Coito, Leonardo, embasado em Galeno, acreditava que a parte ativa, ou seja, a reprodutiva 
e densa do espermatozoide, responsável pela nova vida a ser gerada no ventre feminino, seria 
produzida na medula espinal.
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ANATOMIA
Figura 10 – Coito, Leonardo da Vinci
Ele ponderou o homem como o centro do universo, distendendo a figura humana em duas formas 
geométricas, uma em relação ao quadrado e a outra em relação ao círculo, sendo que a unidade 
melodiosa seria dada pelo conjunto. Seu ponto de partida foram os escritos do arquiteto e engenheiro 
militar Marco Vitrúvio, que constituíra no século I a.C. a doutrina que relacionava a proporcionalidade 
da soberba arquitetura com as do homem de boa conformação.
Figura 11 – O Homem Vitruviano, Leonardo da Vinci
1.3.6 Andreas Vesalius
Andreas Vesalius (1514‑1564), médico flamengo, de Flandres, região da Bélgica e França, foi 
professor de Anatomia em Pádua, Itália. Vesalius foi o responsável por uma revolução ao fundar a 
moderna ciência da Anatomia, publicando sua extraordinária obra intitulada De Humani Corporis 
Fabrica Libri Septem, em 1543.
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Unidade I
Figura 12 – Frontispício do De Humani Corporis Fabrica Libri Septem, de Vesalius (imagem estampada na edição de Basileia de 1543)
Vesalius baseou‑se nos ensinamentos de Galeno, resumidos no pensamento “dissecar e observar”. 
Porém, essa proposta levou Vesalius a enfraquecer a Anatomia Galênica, já que esta era fundamentada 
em dissecção de animais. A indignação contra Galeno e a sua Anatomia provocou ondas de críticas. 
Vesalius foi profundamentereprovado pelos seus mais proeminentes concorrentes, Sylvius, seu mestre, 
e Bartolomeu Eustáquio. A cobiça e a aversão de Sylvius eram tão grandes que ele chamou Vesalius de 
“Vesano” – “o Louco”. Vesalius viveu em um período em que o pensamento e a inovação eram graves, 
quando muitos tiveram que pagar com a vida a liberdade intelectual. Não resta dúvida de que Vesalius 
foi o primeiro pensador anatômico que ousou criticar Galeno, contestando seus erros.
Figura 13 – Imagem estampada na primeira edição da Fabrica, de 1543
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ANATOMIA
Conta a história que Vesalius caiu em infortúnio perante a corte e o clero. O Imperador Carlos V, 
utilizando a sua reputação, foi capaz de subtrair Vesalius dos suplícios da Inquisição. Vesalius, então, 
realizou uma jornada pela Terra Santa. O crime praticado por Vesalius era irredimível: ele estava ocupado 
em dissecar um cadáver humano de um nobre cavaleiro da corte do rei ferido em duelo, quando um de 
seus assistentes testemunhou o coração bater.
Aos 50 anos de idade, em 1564, Vesalius retornava à Itália após uma andança a Jerusalém quando 
foi acometido por um naufrágio em Zante, ilha da Grécia. Ali faleceu de fome e fadiga depois de errar 
solitário durante três dias.
As práticas e as informações indicadas por Vesalius foram tão relevantes que, no século seguinte, 
seus estudos ganharam visibilidade em telas, por exemplo, Lição de Anatomia do Dr. Tulp, pintada 
por Rembrandt em 1632. Dr. Tulp não era cirurgião nem anatomista, mas um médico preocupado em 
distinguir as sequelas dos incômodos nos diversos órgãos do corpo humano. Entretanto, o ensino como 
demonstração, legado do Renascimento, sugere a relevância da Anatomia no ensino médico.
Figura 14 – Anatomia do Dr. Tulp, Rembrandt
1.3.7 Matteo Realdo Colombo
Após muitos séculos de marasmos profundos, decadência e omissão das ciências, diversos anatomistas 
surgiram, deixando seus legados em nome da história da Anatomia e da Medicina. O sucessor de Vesalius, 
em Pádua, foi Matteo Realdo Colombo (1516‑1559), que viu a concomitância entre a sístole e a expansão 
arterial e a diástole com a contração arterial. Confirmou a ausência de poros no septo interatrial e no 
septo interventricular, assim como a teoria de Servet, no livro De Re Anatomica, publicado em 1559, 
pouco depois de sua morte.
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Unidade I
Figura 15 – Frontispício do De Re Anatomica, de Realdo Colombo, imagem estampada na edição veneziana de 1559
1.3.8 Gabrielle Fallopius
Realdo Colombo foi sucedido por Gabriele Fallopius (1523‑1562), para quem Vesalius era “um 
médico esplêndido e professor divino”. Fallopius, conhecido pela sua versatilidade, um scholar no 
sentido dos anglo‑saxônicos, era considerado um professor diversificado de Anatomia e maravilhado 
pelas abundantes colaborações realizadas a quase todos os sistemas e aparelhos do corpo humano. Foi 
professor de Anatomia em Pisa e Pádua, onde acumulou as cadeiras de Anatomia e Cirurgia. Diversas 
colaborações relevantes para a Anatomia foram descritas por Fallopius, entre elas a tuba uterina, clitóris, 
hímen, vagina e placenta. Conta a história que Fallopius, em Pisa, realizou pesquisas sobre a medicação 
de venenos em criminosos condenados.
 Observação
Vários anatomistas imortalizaram seus nomes criando uma série de 
epônimos, ou seja, diversas estruturas anatômicas receberam denominações 
em homenagem aos primeiros anatomistas que as descreveram. Epônimo 
é o termo anatômico gerado a partir do nome de uma pessoa. O epônimo 
visava homenagear o cientista que descobrisse ou primeiro descrevesse 
determinada estrutura anatômica. Assim, temos como exemplos o polígono 
de Willis e a trompa de Eustáquio. As glândulas de Bartholin, o fundo de 
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ANATOMIA
saco de Douglas e as trompas de Falópio, por exemplo, são as seguintes 
estruturas anatômicas: as glândulas vestibulares, a escavação retouterina e 
as tubas uterinas, respectivamente. 
1.3.9 Miguel Servet
Fallopius, por sua vez, teve como contemporâneo Miguel Servet (1509‑1555), nascido na Espanha, 
que estudou medicina em Paris. A Servet também foi atribuída a descoberta da circulação pulmonar. 
Condenou impetuosamente os mandamentos cristãos, atacando os católicos e os protestantes, 
exaltando uma religião naturalista. De tal modo, Servet obteve uma soberba reputação de herege, 
sendo duramente perseguido. Aos 42 anos de idade foi queimado vivo, em 1555, por determinação 
do arcebispo de Viena, João Calvino.
1.3.10 Girolamo Fabrizio d’Acquapendente
Fallopius teve discípulos excelentes, entre os quais, um dos mais brilhantes anatomistas de todos os 
tempos: Girolamo Fabrizio d’Acquapendente (1533‑1619), cidade onde nascera na região de Piemonte. 
Fabrizio, médico e cirurgião excepcional, de rara habilidade, cuidou dos mais ricos personagens da república 
vienense, recusando‑se sempre a aceitar qualquer pagamento em dinheiro. Fabrizio concentrou todo 
o conhecimento de Fallopius e chegou a ultrapassá‑lo. Ele recebeu a condecoração máxima, Professor 
Supraordinarius, da Universidade de Pádua, e se diferenciou, também, por fazer jus ao mais alto salário 
pago, em peças de ouro, a um professor de Anatomia.
1.3.11 William Harvey
O estudo da Anatomia tinha se tornado bem determinado no final da Renascença. No final do século 
XVIII, o encanto na Anatomia sofreu um abatimento. A atenção da maioria dos estudiosos se voltou 
para o estudo da Patologia, Embriologia e Anatomia Comparada. A nova Anatomia do Renascimento 
demandou uma revisão da ciência. O médico inglês William Harvey, educado em Pádua, associou a 
tradição anatômica italiana com a ciência experimental que eclodia na Inglaterra.
William Harvey (1578‑1657) iniciou um marco histórico com a publicação do seu trabalho 
Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus ao organizar os princípios da 
circulação sanguínea. De jeito sarcástico nos comentários e nas contestações que se seguiram, a 
palavra latina circulator era utilizada, pelos rivais, como difamador, com o significado de charlatão. 
Demonstrou de forma definitiva, por meio de observação direta da circulação de animais de 
laboratório, que o sangue oriundo do ventrículo direito seguia pela artéria pulmonar em direção 
aos pulmões e retornava ao coração por meio das veias pulmonares. Suas observações enterraram 
dogmaticamente a teoria da presença de poros interventriculares. Entretanto, Harvey desconhecia a 
fisiologia da circulação pulmonar: a dissipação de CO2 e absorção de O2.
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 Saiba mais
Sobre William Harvey, leia os seguintes artigos:
RAMOS, C. William Harvey: vida e obra (1ª parte). Acta Médica 
Portuguesa, n. 5, p. 507‑512, 1992. Disponível em: <http://
www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/
download/4505/3528>. Acesso em: 6 jul. 2016.
RAMOS, C. William Harvey: vida e obra (2ª parte). Acta Médica 
Portuguesa, n. 5, p.559‑563, 1992. Disponível em: <http://
www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/
viewFile/3291/2617>. Acesso em: 6 jul. 2016.
1.4 A quarta fase: ciências contemporâneas
As contribuições para a ciência anatômica durante o século XX não foram tão magníficas quanto 
no período em que pouco se sabia sobre a estrutura do corpo humano. O estudo da anatomia se 
aperfeiçoa cada vez mais por meio das especializações, e as pesquisas se tornaram mais minuciosas e 
mais complexas.Infelizmente, um ponto negativo ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, período em que as 
polêmicas bioéticas, abrangendo as experiências com seres humanos, tomavam corpo com o processo de 
Nuremberg, onde anatomistas alemães foram denunciados por utilizar corpos de vítimas do holocausto 
para as pesquisas anatômicas. Ainda, ocorreram diversas acusações sobre a presença da suástica nazista 
nas páginas de alguns atlas anatômicos do período.
A partir de 1977, uma nova técnica de preparação de peças anatômicas foi elaborada. Essa descoberta 
foi realizada pelo médico e professor da universidade de Heidelberg, na Alemanha, Gunther Von Hagens, 
que se intitula “Vesalius do Século XXI”. Ele inventou e desenvolveu o processo batizado por Gunther de 
plastinação, que incide numa maneira moderna de mumificação, fazendo com que os cadáveres tenham 
uma elevada resistência.
Assim, a plastinação é outro aspecto que envolve polêmicas bioéticas, onde os “espécimes” inodoros, 
secos, e quase eternos, estão sendo vastamente utilizados como modelos de Anatomia em exposições e 
faculdades de Medicina. Milhões de desconhecedores já testemunharam corpos dissecados em uma das 
“fantásticas” exposições de Anatomia pelo mundo, e um novo mercado on‑line de “espécimes” humanos 
plastinados está aumentando.
A Anatomia Humana sempre será uma ciência relevante. Não tão somente aperfeiçoa nosso 
entendimento individual do funcionamento do corpo humano, mas também é fundamental no diagnóstico 
clínico e no tratamento das doenças. A Anatomia Humana já não está mais restringida à observação e à 
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ANATOMIA
descrição das estruturas isoladamente, porém se ampliou para compreender as complexidades de como 
o corpo humano age como um todo integrado. A ciência da Anatomia é dinâmica e permanecerá ativa 
porque os dois aspectos do corpo humano, a estrutura e a função, são inseparáveis.
 Saiba mais
Conheça as novas técnicas de preservação de peças anatômicas:
ANDREOLI, A. T. et al. O aprimoramento de técnicas de conservação de 
peças anatômicas: a técnica inovadora de plastinação. Revista EPeQ/Fafibe 
on‑line, 4. ed., p. 81‑85, 2012. Disponível em: <http://www.unifafibe.com.
br/revistasonline/arquivos/revistaepeqfafibe/sumario/24/20112012215831.
pdf>. Acesso em: 6 jul. 2016.
KIM, J. H. Exposição de corpos humanos: o uso de cadáveres como 
entretenimento e mercadoria. Mana, v. 18, n. 2, p. 309‑348, 2012. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0104‑93132012000200004>. Acesso em: 6 jul. 2016.
2 BASES GERAIS DA ANATOMIA
A Anatomia Humana é considerada a disciplina mais antiga da Medicina, tanto que, no começo, 
ambas se confundiam. Pelo menos no princípio, em tempos antiquíssimos, era possível saber Anatomia ou, 
pelo menos, ter alguns conhecimentos anatômicos para poder praticar a Medicina. Desde aquele tempo 
começou a ser oportuno o pensamento Nulla Medicina sine Anatomia, ou seja, “Não Há Medicina sem 
Anatomia”.
Ramo seco da Biologia, Ciência dos mortos, Ciência dos fósseis, A Anatomia 
morreu! Esses são os “versos” cantados aos quatro ventos por aqueles que 
julgam – quase – desnecessário o estudo da Anatomia. Para demonstrar 
este mal, um caso pitoresco ocorreu no Brasil, quando um laureado com 
prêmio Nobel foi convidado a fazer conferências científicas e educacionais 
sobre “Atualização do Currículo Médico”. O famoso professor, com toda a 
autoridade que um ganhador de prêmio Nobel pode ter, brindou a plateia 
com a seguinte mimosidade: “uma grande redução no currículo poderia 
ser feita à custa da Anatomia, pois para conhecer a anatomia dos homens, 
bastaria conhecer a anatomia do rato”. A grande vantagem que ele antevia 
era que a dissecação de um mamífero pequeno poderia ser feita em três 
dias, e não nos três anos necessários para dissecar o homem. Na discussão 
que se seguiu, um dos participantes da plateia perguntou: “se o orador fosse 
acometido por uma apendicite aguda, ele escolheria o cirurgião que tivesse 
dissecado um rato, ou um que tivesse dissecado um cadáver humano?” O 
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Unidade I
orador fez uma longa pausa e honestamente confessou que ele escolheria o 
cirurgião que tivesse estudado anatomia no homem. O professor que fizera 
a pergunta retomou a palavra e parabenizou o orador pela sua excelente 
escolha, acrescentando: principalmente por que o rato não tem apêndice 
vermiforme (DI DIO, 1998, p. 28).
O termo anatomia, etimologicamente, tem origem grega (anatomé): ana (distributivo, em partes) e 
tomé (corte, por exemplo, tomos de um tratado) ou temnein (cortar). A agregação das palavras significa 
dissecação, ou dissecção. Dissecação procede do termo latino dissecare (dis: em partes; secare: cortar, 
incisar) e corresponde ao termo anatomia.
A Anatomia divulga as bases da forma e da estrutura do corpo humano são e de seus órgãos. A forma 
descreve a morfologia externa do indivíduo, de seus membros e órgãos. A estrutura respeita a organização 
interna dos órgãos e de seus componentes nos níveis macroscópico, microscópico, submicroscópico e 
molecular; o termo estrutura inclui a função. A Anatomia determina, juntamente com a Fisiologia e a 
Bioquímica, a base para a profilaxia, o diagnóstico, a terapia e a reabilitação de patologias.
Nota clínica
Homeostase é a preservação de um ambiente interno moderadamente contínuo e adaptado 
para a sobrevivência das células e dos tecidos do corpo. Defeitos na preservação das circunstâncias 
homeostáticas indicam patologias. Os processos das patologias podem atingir primeiramente um tecido, 
um órgão ou um sistema específico, porém, em última instância, conduzirão a modificações de função 
ou na estrutura das células do corpo. Algumas patologias podem ser recuperadas pelas defesas corporais. 
Outras exigem tratamento. Por exemplo, quando acontece um trauma e existe sangramento excessivo 
ou lesão de órgãos internos, o tratamento cirúrgico pode ser indispensável para resgatar a homeostase 
e impossibilitar problemas potencialmente letais.
2.1 Divisão da Anatomia: o(s) estudo(s) da Anatomia
Além dos aproveitamentos na Medicina e das diversas formas de estudo da Anatomia, há uma 
leitura anatômica nas várias áreas da atividade humana.
2.1.1 Anatomia Macroscópica
Anatomia Macroscópica refere‑se às estruturas com dimensões maiores do que um milímetro, isto é, 
as estruturas que podem ser identificadas a olho nu ou com auxílio de uma lupa. 
2.1.2 Anatomia Microscópica
A Anatomia Microscópica parte para além das estruturas analisadas a olho nu, permitindo uma 
subdivisão mais detalhada do corpo. Visualiza estruturas com dimensões menores do que um milímetro. 
A Anatomia Microscópica divide‑se em Citologia, estudo da estrutura e função da célula; e Histologia, 
estudo dos tecidos e Anatomia Microscópica dos órgãos.
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ANATOMIA
2.1.3 Anatomia Artística
A Anatomia Artística se presta ao estudo das proporções dos segmentos naturais do corpo humano, à 
configuração exterior, relacionando‑a principalmente com ossos e músculos, estática e dinamicamente, 
para finalidades de escultura e pintura. Como exemplo de Anatomia Artística, a pintura de Mona Lisa, 
também conhecida como A Gioconda, a mais notável obra de Leonardo da Vinci.
Figura 16 – Mona Lisa. Pintura a óleo sobre madeira de álamo. Museu de Louvre, em Paris
2.1.4 Anatomia Comparativa
A Anatomia Comparativa compara e inclui os planos estruturais de diferentes representantes do 
reino animal e busca regras relacionadas à forma. Outra função da Anatomia

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