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Síndrome de Burnout e o trabalho docente educativo Um estudo com os professores do Ensino superior da cidade do Lubango

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
ISCED – HUÍLA
Departamento de Ciências de Educação
Secção de Psicologia 
Síndrome de Burnout e o trabalho docente educativo: Um estudo com os professores do Ensino superior da cidade do Lubango.
 
Autora: Natividade Faria Casimiro Soares 
LUBANGO
 2016
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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
ISCED – HUÍLA
Departamento de Ciências de Educação
Secção de Psicologia 
Síndrome de Burnout e o trabalho docente educativo: Um estudo com professores do Ensino Superior da cidade do Lubango.
Trabalho do fim do curso apresentado para obtenção 
do título de licenciada no Ensino da Psicologia
Autora: Natividade Faria Casimiro Soares 
Orientadora: Msc. Júlia Kalahari Portela Mendes 
LUBANGO
 2016
	
Dedicatória
A conclusão desse trabalho envolveu a participação directa e indirecta de muitos, para os quais endereço o meu sincero muito obrigado.
Dedico o êxito deste trabalho à minha orientadora professora Júlia Mendes. Aos meus filhos e aos meus irmãos, em especial, ao Orlando e à Kuva, que desde o início se mostraram interessados em ajudar-me em tudo que fosse possível.
Dedico, em especial, para meu pai que também muito me motivou para dar esse passo na minha vida académica.
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus por ser o mentor da minha vida, pois sem ele nada seria possível. Deu-me forças e saúde para trilhar em mais um passo significativo da minha vida.
Aos meus pais (em memória) por desde muito cedo me incutirem que a formação deve ser prioridade em minha vida; a eles o meu muito obrigada.
Aos meus filhos, por cada dia em que os deixei ou não lhes pude dar a atenção necessária.
Ao meu marido que sempre me deu forças antes e durante a realização deste trabalho, fazendo-me companhia.
Aos meus irmãos que sempre me incentivaram a trabalhar e a terminar a minha licenciatura, pelo facto de cada um, do seu jeito, ter ajudado no êxito deste trabalho.
Aos meus professores, que durante os quatro anos souberam depositar todo o seu saber, assim como para todos os professores que se predispuseram em participar nas entrevistas para este estudo.
Em especial a minha orientadora, professora Júlia Mendes, que sempre se mostrou disponível para orientar este trabalho, pela sua incessante e incansável vontade e paciência de ensinar, o meumuito obrigada.
Resumo
Este trabalho tem como objectivo identificar as manifestações da síndrome de Burnout em professores do ensino superior.
Vários estudos têm procurado compreender o impacto das condições de trabalho na saúde física e mental dos professores do ensino superior que na grande maioria das vezes chega a ser um indicador determinante para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem. 
Apesar deste quadro, no que toca as investigações em torno do esgotamento profissional, no contexto de trabalho angolano, não há nenhum indicador de estudos dessa natureza, sendo muitas vezes a síndrome de Burnout confundida com depressão. 
Para o presente trabalho fez-se recurso ao modelo bioecologico de Bronfenbrenner e à perspectiva sociopsicológica de Cristina Maslach. A metodologia é de natureza qualitativa do tipo descritivo. 
A amostra foi de conveniência e os participantes foram professores do ensino superior de escolas públicas e privadas da cidade do Lubango. 
Através dos resultados obtidos pode-se constatar que apesar de não se ter identificado a síndrome de Burnout nos professores do ensino superior da cidade do Lubango, estes apesentam alguns indicadores, como a exaustão emocional, que podem contribuir fortemente para o desenvolvimento do problema; porém, por não se apresentarem em nenhum dos entrevistados de forma cumulativa, não se pode chamar para a situação a síndrome de Burnout.
De um modo, em geral, acreditamos que este trabalho poderá contribuir, de forma teórica, para a compreensão e identificação da síndrome de Burnout em contexto laboral e de forma prática, na prevenção, controlo e tratamento do Burnout, de forma a melhorar as políticas e programas voltados à qualidade do trabalho docente.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Professores; Trabalho docente-educativo 
Área temática: Psicologia Clinica e Educacional 
Índice
 Dedicatória	i
Agradecimentos	ii
Resumo	iii
Introdução	1
Capitulo I: Fundamentação Teórica
1.1 Conceito de Burnout	6
1.1. 2 Breve resenha histórica do Burnout	7
1.1. 3 Dimensões do Burnout	8
1.1.4 Manifestações do Burnout	10
1.1.5 Principais causas do Burnout	12
1.1.6 Consequências do Burnout	16
1.1.7 Perspectiva psicossocial de Cristina Maslach.	17
1.1.8 O trabalho do professor	18
1.2 Burnout em Professores	19
1.2.1 Modelo teórico (Bioecológico de Bronfenbrenner)	23
1.3 Estratégias de prevenção do Burnout no trabalho docente- educativo	25
1.3.1 Mecanismo de Coping	27
Capitulo II: Fundamentação Metodológica
2.1 Preliminares da Investigação	31
2.2 Objectivos da investigação	32
2.2.2 Objectivo geral	32
2.2.3 Objectivos específicos	32
2.3 Método	32
2.3.1 Tipo de Investigação	32
2.4 Participantes	33
2.4.1 População	33
2.4.2 Amostra	33
2.4.2.1 Caracterização dos participantes (Dados de Identificação)	33
2.4.2.2 Caracterização dos Participantes (Dados profissionais)	34
2.4.2.3 Caracterização dos Participantes (Dados familiares)	35
2.5 Instrumentos	35
2.6 Procedimentos	36
3. Resultados	37
3.1.Categoria I: Burnout e suas dimensões:	37
3. 2 Categoria II: Manifestações da síndrome de Burnout em professores	39
3.3- Categoria III: Identificar as causas da síndrome de Burnout	40
3.1.4 Categoria IV Identificar as consequências da síndrome de Burnout	42
3.1.5 Categoria V: Estratégias de prevenção do Burnout	43
3.5 Discussão dos Resultados	44
Conclusões e Recomendações
4. Conclusões gerais	50
4.1 Limitações	51
4.2 Recomendações futuras	51
Referências Bibliográficas	53
Índice de Figuras
 Pág. 
Figura 1:Modelo Bieoecologico de Bronfenbrenner (1998)	23
Figura 2: Categoria I Dimensões do Burnout	36
Figura 3:Categoria II Manifestações da Síndrome de Burnout	38
Figura 4:Categoria III Causas da Síndrome de Burnout	40
Figura 5:Categoria IV Consequências da Síndrome de Burnout	41
Figura 6: Estratégias de Prevenção da Síndrome de Burnout	42
Índice de Tabelas
 Pág.
Tabela 1: Caracterização dos Participantes (Dados de identificação)	31
Tabela 2: Caracterização dos Participantes (Dados profissionais)	32
Tabela 3:Caracterização dos Participantes (Dados familiares)	33
Índice de Anexos
ANEXO A - Solicitação de Autorização para Pesquisa	55
ANEXO B:Consentimento Informado	56
ANEXO C:Guião de entrevista para professores do Ensino superior	57
ANEXO D:Dicionário de Categorias	59
Lista de Siglas e Abreviaturas
	APA
	Associação de Psicólogos Americanos
	ISCED
	Instituto Superior de Ciências de Educação
	DCE
	Departamento de Ciências de Educação
	 N/ F
	População / Frequência 
	MBI
	Maslach Burnout Inventory
ix
	
Introdução
A qualidade de ensino tem sido alvo de debate e estudo. No entanto, nas últimas décadas esta tem sido ameaçada por diversos factores, como o excesso de carga horária, as más condições de trabalho, a insatisfação profissional, a desilusão pessoal, factores que muitas vezes condicionam o aparecimento da chamada exaustão laboral. 
A partir da literatura buscou-se realizar e analisar ideias de autores que nos seus trabalhos discutem sobre Síndrome de Burnout.
A síndrome de Burnout tem sido estudada desde 1970 e a partir de 1999 foi considerada pelo Ministério da Saúde como um transtorno mentalde comportamento relacionado com o ambiente de trabalho (Schmitz, 2015).
Na realidade o Burnout pode ser considerado como sendo o desgaste profissional (Freudenberger, 1974) caracterizado por sintomas físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos (Pereira, 2002).
Vários autores concebem que a síndrome de Burnout é um processo que abarca 3 dimensões, sendo este iniciado por um exaustão, seguida da despersonalização e culminando com uma fraca realização pessoal no contexto laboral (Maslach, 2001; Codo & Menezes, 1999). 
De acordo com a literatura internacional, vários autores referem o excessivo e prolongado nível de tensão como causas da síndrome (Cordes & Doughert, 1991). Outros autores apontam o esgotamento emocional e o desgaste profissional como sendo causas que afectam de forma intensa o comportamento do indivíduo, causando insegurança, ansiedade e preocupação, sobretudo quando nos referimos às recompensas extrínsecas, como o salário (Carlotto & Gobbi, 2000). 
A síndrome de Burnout acarreta consigo transtornos complexos a nível organizacional bem como na vida do indivíduo em particular. As consequências provenientes do Burnout associam- se a sintomas e podem ser físicos ou psíquicos. 
Vários estudos abordam sobre o Burnout e fazem menção da gravidade do mesmo, fazem referência que o Burnout tem maior prevalência nas áreas da educação e da saúde (Lwanicki & Schwab, 1981). 
Diariamente tem-se verificado um acréscimo de problemas relacionados com o exercício da actividade docente. Vários profissionais tendem a apresentar problemas de saúde, absentismo, isolamento (Guglielmi & Tatrow, 1998). O Burnout é um esgotamento físico e emocional do indivíduo, um problema relacionado com o ambiente onde o seu trabalho é desenvolvido (Maslach & Leiter, 1999).
Analisando a educação nos dias de hoje percebe-se que a mesma atravessa uma crise generalizada e aborda-se sobre a mesma nos mais variados sentidos, com objectivo de envidar esforço para melhorar as condições da mesma. Os professores representam o elemento chave para o sucesso do ensino e a componente saúde (físico-emocional) é levada em conta.
Assim sendo, pensa-se na síndrome de Burnout em profissionais da educação considerando-o preocupante, pois alguns professores encontram no trabalho elementos estressores da demanda profissional e da escola que muitas das vezes são difíceis de lidar e fazem com que o professor perca o interesse pelas actividades diárias (Zaragosa,1999;Carlotto, 2002).
No contexto angolano as apostas das instituições estão viradas para os recursos humanos, com objectivo de evitar problemas relacionados com o trabalho. A síndrome de Burnout é pouco abordada no nosso contexto, sendo a mesma, muitas das vezes, confundida com depressão.
É notório o descontentamento por parte de alguns profissionais, decorrente das dificuldades ou mesmo da própria expectativa pessoal, afectando o envolvimento profissional, a eficácia e qualidade do ensino.
A síndrome de Burnout é um problema que pode estar a ser enfrentado por muitos profissionais de educação, devendo portanto ser objecto de estudo e nesse sentido faremos uma reflecção sobre o Burnout em professores do ensino superior do Lubango com o intuito de identificar possíveis manifestações e propor medidas de enfrentamento. 
As inúmeras dificuldades observadas no sistema de ensino angolano, como por exemplo, o trabalho excessivo, excesso de alunos, muita burocracia no trabalho, multiplicidade de papéis, a expectativa familiar, a falta de recursos entre outros, podem culminar com a Síndrome de Burnout. 
Nesta senda procurou- se reflectir sobre o Burnout no contexto de ensino e aprendizagem e neste sentido uma pergunta se coloca: será que o Burnout afecta os professores do ensino superior? 
Este estudo tem como objectivo geral identificar a síndrome de Burnout em professores do ensino superior e como objectivos específicos, investigar a sua existência a partir das suas dimensões (exaustão emocional, despersonalização e fraca realização pessoal), descrevendo as possíveis manifestações, identificando as suas causas e posteriormente definindo estratégias de prevenção da síndrome de Burnout no trabalho. 
Neste sentido, este estudo tem como campo de acção as possíveis manifestações do Burnout nos professores do ensino superior, sendo o principal propósito a prevenção de sintomas de estresse e exaustão emocional no contexto profissional.
Para esta investigação definiu- se como critério de inclusão ser professor do ensino superior da cidade do Lubango e como critério de exclusão, ser professor do ensino geral.
Deste modo, acreditamos que este estudo pode contribuir de forma teórica, para uma maior percepção acerca do constructo, suas causas e consequências e um domínio acerca das medidas de enfrentamento do Burnout e no que diz respeito a componente prática deste estudo, acreditamos que o mesmo poderá contribuir para promoção de actividades direccionadas aos docentes, alertando-os sobre possíveis factores de estresse relacionados com o trabalho e a possibilidade de desenvolvimento desse distúrbio ocupacional (Burnout). 
A presença da síndrome de burnout pode evidenciar-se com possíveis modificações não só na esfera microssocial, do trabalho e das relações interpessoais, mas também na ampla esfera macroorganizacional, que determina a eficácia e eficiência no contexto de trabalho. No que diz respeito a organização, do trabalho encontra- se dividido em dois capítulos: O capítulo l diz respeito ao enquadramento teórico. Aqui debruçar-se-á sobre os aspectos teóricos mais relevantes sobre a temática síndrome de Burnout, como no caso do conceito, da resenha histórica, das dimensões da síndrome de Burnout, das suas manifestações, das principais causas, das suas consequências, bem como das estratégias de prevenção dessa síndrome.
O capítulo II faz referência da parte metodológica do estudo, com destaque no método utilizado, na população e na amostra, nos instrumentos, nos procedimentos de recolha de dados, na sua análise, na descrição dos resultados organizados, de acordo com a questão de investigação e dos objectivos, culminando com a discussão, conclusões e recomendações.
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Capitulo I: Fundamentação Teórica
	
1.1 Conceito de Burnout
O termo Burnout foi utilizado por Freudenberg, para definir um sentimento de fracasso e exaustão emocional causada pelo excessivo desgaste devido às exigências no trabalho ou à falta de recursos profissionais (Maslach, 1999). Ainda Freundenberguer (1974) descreve-o como sendo um estado de fadiga ou de frustração, motivado por uma causa, por um modo de vida ou por uma relação que não correspondeu as expectativas.
Para Codo (1999), Burnout é um estresse ocupacional decorrente do trabalho, que se manifesta quando as exigências do mesmo excedem os desejos e as capacidades do trabalhador. Considerando como desistência de quem ainda está em situação de trabalho, que não pode suportar, mas que também não pode desistir (Codo & Menezes, 1999).
Burnout é uma resposta à tensão emocional crónica que ocorre no trabalho, com implicação directa nas relações com pessoas e cujo resultado final é a perda do entusiasmo desmotivação e o esgotamento emocional (Jimenez & Pines, 2002). No entanto, para Monte & Peiro (1997) o Burnout deve ser entendido como resposta a fontes de estresse crónico que pode ser visto como um tipo particular de mecanismo de enfrentamento. 
Schaufeli & Greenglass (2001) definem o Burnout como um estado de esgotamento físico, emocional e mental, que resulta do envolvimento nas situações de trabalho, enfatizando que a fadiga e a exaustão devem ser consideradas como elementos centrais do conceito Burnout (Kristensen, 2005). 
O Burnout foi definido por Maslach & Jackson (1981) como síndrome de exaustão emocional, despersonalização e de reduzida realização pessoal, sendo causado pelo prolongamento de situações de elevadas exigências emocionaisno local de trabalho. Enzman, Schaufeli & Janssen (1998) referem-se do Burnout como um estado de estresse que aglutina factores externos e internos, comprometendo a saúde mental do profissional, que tem dupla natureza afectiva que tem a ver com a componente exaustão emocional e a natureza cognitiva com despersonalização e a baixa realização.
A síndrome de Burnout é um tipo de estresse de carácter duradouro, vinculado às situações de trabalho e é resultado de uma constante e repetitiva pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de tempo (Harrison, 1999). A mesma não pode ser confundida com estresse apesar de a definição estar directamente relacionada, são problemas diferentes, pois o estresse é um conjunto de reacções do organismo que interferem na vida pessoal e pode advir de várias situações e não necessariamente do trabalho do indivíduo, enquanto o Burnout é resultado da natureza do trabalho (Delbrouck, 2006). 
Por outro lado o Burnout é visto como um fenómeno psicossocial relacionado directamente com o trabalho caracterizado pela presença de sintomas físico, psíquico, comportamentais e defensivos (Pereira, 2002); sendo a fadiga e a exaustão emocional considerados os elementos centrais do conceito Burnout (Delbrouck, 2006).
Entretanto, embora existam vários conceitos de Burnout apresentados por pesquisadores, ocorre uma unanimidade em que todos assinalam o mundo do trabalho como condição determinante da síndrome de Burnout (Teixeira, 2007).
1.1. 2 Breve resenha histórica do Burnout
Estudos sobre o Burnout não são recentes; datam desde a década de 70. O termo Burnout foi utilizado pela primeira vez nos EUA pelo psicanalista americano Herbert Freudenberger que introduziu o termo “staff burnout” em 1974. Conceito usado para exprimir o sentimento de profissionais que trabalhavam com dependentes químicos. Observando o sofrimento dos profissionais pelo facto de os pacientes não se esforçarem para abandonar as drogas, o que os desmotivava (Teixeira, 2007). 
A partir de 1976 é que os estudos sobre o Burnout foram adquirindo o carácter científico, Cristina Maslach, Alaya Pines e Cary Chernis entre outros foram os estudiosos que popularizaram o conceito Burnout e legitimaram-no como questão social (Codo, 1999). Na mesma época, Maslach, psicóloga social, começou a investigar pessoas com empregos emocionalmente exigentes. As investigações iniciais tiveram um carácter descritivo dos sintomas e do contexto situacional, recorrendo a técnica de entrevista para realização de um estudo qualitativo (Maslach & Schaufeli, 1993).
Nos anos 80 surge a ênfase empírica do Burnout, tornando-se mais sistemática, de natureza quantitativa, recorrendo ao inquérito e questionário, com amostras mais abrangentes. Nesse período surge o Maslach Burnout Inventor (MBI), instrumento para medir o Burnout (Maslach & Jackson,1981), modelo usado ainda hoje para investigações desse âmbito.
Para Mendes (2002), o Burnout é um termo Inglês que significa queimar até a ultima cinza, até a exaustão. Mesmo não sendo possível determinar desde quando o Burnout existe, é incontornável a importância do trabalho de Freudenberger em nomear um sentimento que já estava ali (Codo & Menezes, 1999).Tornou-se uma doença profissional cujo denominador comum é a relação directa entre o emprego e o estado de fadiga do trabalhador (Delbrouck, 2006).
Pereira (2002) acrescenta que vários profissionais são susceptíveis ao Burnout, afirmando que esse é um processo multidimensional; ideia que é compartilhada pela maioria dos autores; porém, havendo diferença na ordem de estruturar as dimensões. O Burnout acontece principalmente em profissões cujos profissionais têm grande contacto com outras pessoas, como por exemplo policiais, enfermeiros, professores, terapeutas ocupacionais, psicoterapeutas, entre outros (Carlotto & Camera, 2004) chegando a mencionar que nenhuma profissão desgasta mais rapidamente que a do professor (Palas, 2014).
Maslach & Jackson (1981) caracterizam o Burnout como resposta ao estresse laboral crónico e um esvaziamento dos recursos emocionais, desenvolvendo sentimentos negativos. Esta síndrome está ligada a uma doença de função profissional, onde independentemente das dificuldades da vida, ela não é da esfera afectiva nem familiar, mas sim do trabalho (Delbrouck, 2006).	
1.1. 3 Dimensões do Burnout 
O Burnout deve ser entendido como um elemento percursor de estresse relacionado ao trabalho e que pode afectar um sujeito saudável. É uma doença de função profissional, a síndrome completa e composta por três fases progressivamente evolutivas, em resposta a um estresse crónico e repetitivo, não se sobrepondo a um diagnóstico psiquiátrico tal como a depressão (Delbrouck, 2006).
Para Maslach e Jackson (1981) esta síndrome deve ser definida através de três dimensões:
A primeira, a exaustão emocional, considerada como a primeira etapa e central e a manifestação óbvia da síndrome de Burnout, pela sua natureza que é tão física quanto psíquica. Aqui o indivíduo percebe a exaustão sob a forma de fadiga no trabalho e uma sensação de vazio e dificuldade em lidar com as emoções (Jimenez & Hernandez, 2002).
De acordo com os autores acima referenciados essa fadiga em pouco ou nada melhora com o repouso, sendo possível observar expulsões emocionais como crises de nervos e dificuldades cognitivas de concentração, marcada pelo esquecimento, e surge quando o trabalhador (que no caso deste estudo é o professor) percebe sua energia esgotada devido o contacto e o cuidado diário com os problemas dos alunos, além dos seus próprios. Esta dimensão, embora seja um sintoma óbvio, não pode ser considerada como critério suficiente que por sua vez classificaria o Burnout (Maslach, schaufeli & Leiter, 2001).
A segunda, a despersonalização, é a consequência directa da primeira dimensão, marcada por desligamento, e por uma secura relacional que se assemelha ao cinismo, ocorrendo assim um endurecimento afectivo e o professor passa a ter atitudes negativas com seus alunos e colegas. E o profissional passa a tratar os mesmos como objecto, a chamada coisificação da relação e passa a atribuir a culpa dos seus fracassos profissionais aos alunos (Carlotto & Camera, 2004). 
A terceira, a baixa realização profissional, é consequência das duas primeiras e é vivida dolorosamente, porquanto expressa mediante o sentimento de não ser eficaz e de não estar a fazer um bom trabalho com os estudantes, com a família, bem como para a organização, gerando insatisfação profissional, culminando com a dificuldade de interagir com os outros. A partir desse sentimento, de já não estar a altura, o indivíduo avalia-se de forma negativa, começa a duvidar de si, das suas capacidades, surge então a auto desvalorização, a culpabilidade (Codo & Menezes, 1999).
1.1.4 Manifestações do Burnout
O Burnout é um estresse ocupacional decorrente do trabalho que se manifesta quando as exigências do mesmo excedem os recursos, capacidades e desejos do trabalhador (Rossi, Perrewé & Sauter, 2008). 
A literatura aponta que as manifestações do Burnout estão associadas às consequências do mesmo, apontando vários sintomas:
Sintomas físicos, marcada por fadiga constante e progressivas dores musculares, cefaleias e outros (Pereira, 2002).
Os sintomas psíquicos apontam a falta de atenção e concentração, alterações de memória, baixa auto-estima, labilidade emocional e sentimento de insuficiência (Teixeira, 2007).
Jimenez & Garrosa (2001) destacam que os sintomas cognitivos têm grande importância na síndrome, pelo facto de quando o indivíduo se sentir limitado em termos cognitivos desenvolver com maior facilidade o estresse por sentir-se limitado em resolver os problemas do fórum profissional. Esse sintoma pode advir das mais variadas situações que o indivíduo vivencia no trabalho. 
Sintomas comportamentais apontam a negligência ou excesso de escrúpulos, irritabilidade, incremento de agressividade, incapacidade de relaxar e de aceitar mudanças relacionadas com o trabalhobem como a sociedade e aumento do uso de substâncias como álcool, café, tranquilizantes (Pereira, 2002).
Sintomas defensivos apresentam tendências ao isolamento, sentimento de omnipotência, incapacidade, cinismo, ironia, perda do interesse pelo trabalho, até mesmo vontade de abandonar o trabalho (Monte, 2003). 
Este último sintoma é o mais frequentemente apresentado no processo de Burnout (Pereira, 2002).
Freundenberg & Richelson (1980) descrevem um conjunto de sintomas clínicos do Burnout como a exaustão emocional, o afastamento, o aborrecimento, o cinismo, a impaciência, a desorientação e as queixas psicossomáticas.
Monte, G. (2003) resume as manifestações do Burnout em quatro sintomas: 
Sintomas emocionais: apresentam o uso de mecanismo de distanciamento emocional, sentimento de solidão, alienação ansiedade e de impotência.
Sintomas atitudinais: desenvolvimento de atitudes negativas, cinismo, apatia, hostilidade.
Sintomas comportamentais: demonstram agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade.
Sintomas psicossomáticos: apresentam alterações musculares (palpitações, irritabilidade), problemas respiratórios (crises de asma, falta de ar), problemas imunológicos (aumento da frequência de infecções, alergias), problemas sexuais (diminuição do libido), problemas digestivos (úlceras, náuseas, diarreias) e alterações no sistema nervoso (enxaquecas, insónia).
Por sua vez, Caballero & Millá (1999) entendem que a síndrome é de ordem fisiológica, manifestando-se em, como por exemplo, falta de apetite, cansaço, insónia e úlceras, marcada por sintomas psicológicos como irritabilidade ocasional ou instantânea, gritos, depressão, frustração e respostas rígidas e inflexíveis, culminando com a conduta onde se nota expressões de hostilidade, incapacidade de poder se concentrar no trabalho, aumento das relações conflituosas com os colegas, chegar tarde e sair mais cedo do trabalho.
Delbrouck (2006) argumenta que a síndrome de Burnot é marcada por uma fase de instalação da exaustão e, muitas vezes, por sentimentos penosos, como a perda de vitalidade e sensação de desalento. Aí, portanto, instala-se a indiferença, o cinismo bem como a desorientação e desconcentração. Há impaciência e a incapacidade quando confrontado com as suas tarefas e uma subsequente irritabilidade. 
Quando o trabalho deixa de ser considerado interessante ou excitante, surge um período de frustração durante o qual o indivíduo questiona a sua eficiência no trabalho, a pertinência e o valor do seu trabalho, e, finalmente, instaura-se a apatia; a pessoa sente-se frustrada no plano profissional, mas necessita desse trabalho para sobreviver. 
Os sintomas do Burnout não são taxativamente iguais em todos os afectados variam de individuo por individuo, mas admite- se o facto de que os mesmos emergem da fase final de um processo longo, resultante da exposição do indivíduo à tensão laboral (Pereira & Jimenez, 2003). E as diferenças de personalidade fazem com que os sintomas se manifestem de forma diferente, apontando que as pessoas com personalidade forte são menos propensas aos sintomas de estresse (Pereira, 2002).
1.1.5 Principais causas do Burnout
Estudos realizados apontam várias causas ou factores como responsáveis pelo desencadeamento do Burnout no indivíduo. Esta síndrome entendida como complexa procede de um desequilíbrio entre o indivíduo, a organização e as exigências do trabalho (Chernis & Doughert, 1993). Se entendermos que sempre que houver desarmonia entre o indivíduo, a sua organização e as exigências de trabalho fundam-se condições para o estresse, facilmente concluiremos que estes três elementos são apontados como sendo os factores propiciadores da síndrome de burnout (Cordes, 1993). 
- Condições do trabalho – ao Burnout estão associadas as reacções negativas no trabalho. A forma como o indivíduo encara o seu trabalho, o tipo de ocupação que desempenha bem como o tempo de serviço na instituição, a sensação de insatisfação em relação ao trabalho são, dentre outros, apontados por (Lautert, 1997) como factores causadores da síndrome de Burnout. 
- Organização – o ambiente organizacional, ambiente físico, mudanças organizacionais, normas institucionais, clima social que impera no trabalho, recompensas e punições são aqui apontados por Carlotto & Gobbi (1999) como elementos estressores ligados a organização.
- Indivíduo – as características do indivíduo podem ser um elemento identitário da predisposição ou não para o Burnout. 
A literatura, em relação ao sexo, numa primeira apreciação, afirma que as mulheres seriam mais propensas ao estresse em relação aos homens, pelo facto de as mesmas, para além das responsabilidades laborais, estarem comprometidas com responsabilidades familiares. Porém, acaba por não ser um dado consistente que deve ser apontado como preditor da síndrome; até porque reconhece que é a personalidade do indivíduo que desempenha forte influência no desencadeamento do Burnout (Lautert, 1999).
A idade é também tida em conta, por ser uma variável que pode ter uma correlação com a síndrome, pois os jovens são apontados como mais susceptíveis a síndrome, por serem mais idealistas e demonstrarem maior espectativa em relação ao trabalho (Maslach e Leiter, 2001). Na mesma senda acrescenta-se o aspecto cognitivo do indivíduo que quando aparece falhado, diminui a capacidade do mesmo de resolução de problemas e, consequentemente, se encontrar em situação de estresse (Burnout).
Maslach e Leiter (1991) observam que a Síndrome de Burnout é resultado de um desencontro entre a natureza do trabalho e a natureza da pessoa que se realiza. Para eles o desgaste dos trabalhadores seria um problema laboral e ocorria em função da má organização do trabalho, sendo a carga horária e o número de escolas em que leccionam, factores relevantes para a compreensão da síndrome de Burnout (Amorim, 2012). 
Embora haja indícios de factores de risco individuais para o Burnout, a conclusão de todas as pesquisas é que o Burnout se deve, em grande parte, à natureza do ambiente organizacional e não às características do funcionário individualmente (Maslach, Schaufeli & Leiter, 2001).
A literatura aborda o ambiente organizacional como aspecto chave que propicia o burnout nos professores e identifica seis elementos principais, como a sobrecarga de trabalho, a falta controlo, as recompensas insuficientes, a ruptura na comunidade, a falta de justiça e os conflitos de valores (Maslach & Leitter, 1997). 
A sobrecarga de trabalho – tem sido apontada como o elemento que mais predispõe ao Burnout, tanto no que diz respeito a qualidade como a quantidade do trabalho (Pereira, 2002) e é como melhor preditor da dimensão de exaustão emocional de Burrnot, ocorrendo uma incompatibilidade clara entre as exigências do trabalho e a capacidade do individuo em atender essas exigências por não suportar a carga de trabalho. As pessoas com sobrecarga de trabalho muito intensa sentem sempre um desequilíbrio entre o seu trabalho e a sua vida domestica e podem sacrificar o tempo com a família a fim de concluir o seu trabalho (Rossi, Perrewé & Sauter, 2008).
Falta de controlo, - segundo (Rossi, et. al, 2008), pode resultar de uma série de factores que têm grande impacto sobre os níveis de estresse e Burnout. A mesma, está relacionada com a ineficácia ou reduzida realização pessoal, causando o Burnout. 
Ainda de acordo o mesmo autor, a falta de controlo, na maioria das vezes, indica que o indivíduo não tem autonomia para resolver os seus problemas ou para fazer escolhas no seu trabalho, de modo a alcançar os resultados que posteriormente serão responsabilizados por um lado, Por outro lado a falta de controlo faz com que o profissional sinta que está a ser responsabilizado por algo, sobre o qual não tem controlo e a vida no trabalho torna-se mais caótica, o que pode levar ao abandono do trabalho. Em todos os casos, a falta de controlo causa um impacto importante sobre os níveis de estresse e burnout 
Recompensas insuficientes - as recompensassão muito importantes porque envolvem o reconhecimento. Quando o profissional acredita que não esta a ser apropriadamente recompensado pelo seu desempenho diminui o seu envolvimento profissional culminando com estresse, a própria moral do profissional depende muito da recompensa e do reconhecimento (Amorim, 2012).
Ruptura na comunidade – quando as relações do profissional com outras pessoas no emprego e não só, são caracterizadas por falta de apoio, confiança e por conflitos não resolvidos há uma ruptura com a comunidade. As relações de trabalho incluem uma gama de pessoas com que o profissional lida regularmente dentro da instituição e na comunidade em geral. O que ocorre com o professor não pode ser desvinculado dos vários aspectos sociais ligados ao trabalho em geral. Quando há ruptura na comunidade e não há apoio social dificulta a resolução de conflitos. Sobre tais circunstâncias o grau de estresse e Burnout no trabalho torna-se elevado (Ross et. al, 2008).
Falta de justiça – parece ser bastante importante para o Burnout, pois quando o indivíduo se apercebe da injustiça no local de trabalho, esta torna-o vulnerável ao Burnout e facilita o desencadeamento de sentimentos de raiva, cinismo e hostilidade face às pessoas e ao trabalho, o que pode gerar emoções intensas e ter um grande impacto psicológico (Carlotto, 2002).
Conflitos de valores – os valores são ideias e objectivos que originalmente atraem as pessoas ao emprego e constituem um agente motivador entre o trabalhador e o local de trabalho. Os conflitos de valores surgem quando as pessoas trabalham em uma situação na qual há um conflito entre os valores pessoais e da organização, e se os trabalhadores vivenciam esse tipo de conflito de forma crónica provavelmente acabará acontecendo o Burnout.
Para Vladut & Kallay (2010) as principais causas do Burnout são uma combinação de factores organizacionais, individuais e sociais e essa interacção produziria uma reduzida realização pessoal. Vladut & Kallay (2010) afirmam ainda que a razão para incidência da síndrome de burnout está ligada sobretudo a falta de reconhecimento profissional, marcada pela desvalorização do professor e do próprio sistema educacional.
Ainda nesta senda são avançadas algumas perspectivas em relação as causas da síndrome, como:
Perspectiva sociopsicológica – abordada por Maslach, que explicam o facto de lidar excessivamente com as pessoas no local de trabalho, atendendo as características individuais de cada uma e o próprio ambiente de trabalho, torna o indivíduo susceptível a síndrome (Carlotto, 2002).
Perspectiva clínica – defendida pelo psicanalista Freudenberger (1995), alega que a síndrome é caracterizada pelo sentimento que o indivíduo tem, de não estar a conseguir alcançar os seus objectivos a nível profissional e pessoal, o que pode levar o professor a desenvolver depressão.
Perspectiva sócio histórica – aborda o papel da sociedade que cada vez mais individualista e competitiva acaba por ter implicações graves tanto na pessoa como na vontade de servir os demais (Mota &Cardoso, 2002). Explica que quando as condições não canalizam o interesse de uma pessoa a outra é difícil manter comprometimento no trabalho e servir os demais. Relativamente ao contexto educacional, tem-se referido que o número elevado de alunos torna o professor mais vulnerável, produzindo deste modo fadiga no trabalho e um sentimento de irritabilidade (Maslach, 1993). 
Para Freudenberger (1977), Burnout seria um fenómeno que atingiria pessoas inseguras que investem demasiado no seu trabalho como forma de provarem que são melhores do que os outros. Em geral é notório que indivíduos ou profissionais altamente motivados, que reagem ao cansaço e o estresse no trabalho de forma descontrolada, são facilmente alvos do Burnout (França & Rodrigues, 2011).
1.1.6 Consequências do Burnout
A síndrome de Burnout é um problema de primeira ordem relacionado ao trabalho, que acarreta consequências muito variáveis ao nível psicossomático, como a diminuição do rendimento e as atitudes negativas frente a vida em geral, prejudicando a qualidade de vida do profissional, assim como a qualidade do seu trabalho, repercutindo em consequências visíveis quer ao nível individual como ao organizacional (Palas, 2014).
As consequências da síndrome de Burnout podem manifestar-se mediante sentimentos de não ser eficaz, de não fazer um bom trabalho e de frustração; sentimentos esses que levam o profissional a duvidar das suas capacidades, passando a auto desvalorizar-se, a culpabilizar-se e a apresenta-se desmotivado, o que diminui a realização pessoal e em consequência torna a vida muito dolorosa (Delbrouck, 2006).
O Burnout tem fortes implicações ao nível individual, no que se refere a vida domestica. O indivíduo começa a apresentar comportamentos pouco habituais nas relações conjugais, acabando por comprometer o relacionamento entre ambos, chegando a ocorrer o divórcio (Burke e Greenglas, 2001). 
Tanto o absentismo como o uso de substâncias aditivas são apontados como consequências observadas em termos individuais e é uma forma que o indivíduo encontra de fugir do estresse e de amortecer os efeitos do cansaço e do esgotamento que a mesma vivência no trabalho (Maslach, 2001). Acrescentando, o Burnout só se dá conta da sua presença quando o indivíduo está esgotado excessivamente e apresenta problemas no seu rendimento ocupacional.
Ao nível organizacional as consequências ao nível individual reflectem-se na organização e vice-versa. O baixo compromisso e baixo envolvimento no trabalho convidam o absentismo e a intenção de abandonar o trabalho e trocá-lo por outro (Vlaudut e Kallay, 2010).
A síndrome interfere nas relações interpessoais, acabando por ter um impacto negativo nas relações com os colegas e outros; atrapalha nas tarefas do trabalho, podendo o mesmo ser “contagioso” se perpetuar nas interacções de trabalho (Teixeira, 2007).
A diminuição da produtividade também é ressentida na organização, pois o indivíduo diminui a sua criatividade e capacidade de resolver problemas, produz menos e o seu trabalho apresenta pouca qualidade (Leiter & Harvie, 1996). Importa ainda realçar que embora as consequências ao nível individual se reflictam na organização, o Burnout não é um problema do indivíduo, mas sim organizacional, pois a forma como é dirigida uma organização pode propiciar o aparecimento da síndrome. 
De um modo geral, em termos educativos, as consequências do Burnout incidem de forma negativa nos objectivos pedagógicos, propostos pela instituição de ensino (Zaragoza, 1999).
1.1.7 Perspectiva psicossocial de Cristina Maslach.
Maslach, C. (1981, 1984, 1985), psicóloga social, deu continuidade aos estudos realizados por Freudenberg, estudando a forma como as pessoas enfrentam os estímulos emocionais no trabalho e chegou a conclusões similares às de Freudenberg.
Esta perspectiva interessa-se nas estratégias cognitivas denominadas despersonalização e se referia aos profissionais de saúde que misturavam a compaixão com distanciamento emocional, evitando o envolvimento com os pacientes (desumanização).
Maslach, um dos principais teóricos da temática do burnout, considera o Burnout uma reacção à tensão emocional crónica, por lidar com excessivas pessoas e por ser um constructo relacionado com três principais dimensões (exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal). A mesma defende que estas dimensões são resultados de uma resposta prolongada face aos acontecimentos crónicos e stressantes vividos no trabalho. Neste enfoque foi desenvolvido por Maslach & Jackson (1981) o primeiro instrumento de medida mais amplamente utilizado, o Maslach Burnout Inventor (MBI), para medir e analisar as três dimensões assinaladas acima, que apesar de serem independentes parecem estar associadas.
A perspectiva psicossocial adoptada por Maslach pretende explicar as condições ambientais nas quais se origina a síndrome de burnout. 
1.1.8 O trabalho do professor
O professor é um indivíduo a quem é possível darinúmeras atribuições, fruto do seu desempenho na construção de uma sociedade.
Ao longo dos últimos anos essa profissão sofreu algumas modificações no que concerne o seu modo de actuação. Despiu-se da visão do professor mestre que detinha todo conhecimento e passa agora a desempenhar o papel de facilitador (Nóvoa, 2003). O papel do professor extrapolou a mediação do processo de conhecimento do aluno, ampliando a sua missão para além da sala de aula, com objectivo de haver uma articulação entre a escola e a comunidade que ajude a restaurar valores. Essa mudança veio acompanhada de muitas exigências profissionais atendendo a nova dinâmica social e o novo tempo da educação. 
O professor no desempenho da sua actividade laboral vê-se obrigado a estabelecer vínculos afectivos e emocionais que de tal medida ajudam no êxito da sua função (Pereira, 2002). São várias as responsabilidades que lhes são atribuídas, a título de exemplo educar, instruir, a fim de preparar o homem novo dotado de capacidade, competência de resolução de problemas, sem esquecer os outros encargos que o professor tem de assumir como o domínio da matéria, papel de facilitador da aprendizagem, sem descorar os aspectos psicológicos e a sua responsabilidade social (Candeias, 1997). 
Nessa envoltura profissional o professor trabalha em contacto directo com pessoas e pode ocorrer que o mesmo sinta no seu trabalho elementos estressantes que podem vir a ter repercussões no seu desempenho profissional e social. Neste sentido o professor é convidado a estabelecer um equilíbrio entre o seu trabalho e a sua vida pessoal (Palas, 2014).
1.2 Burnout em Professores
A docência é uma actividade conhecida por aumentar a susceptibilidade de doenças profissionais relacionadas ao trabalho, por exigir do profissional o esforço afectivo quase que obrigatório (Fonte, 2011).
Vários estudos têm sido feitos em torno dessa temática para explicar aspectos relacionadas à prática profissional do docente e os elementos de risco que podem influenciar na ocorrência dessa síndrome (Codo, 1999).
Apresentam-se, portanto, vários elementos que podem propiciar para a incidência da síndrome de burnout em professores, tais como problemas de indisciplina na escola, violência, falta de segurança, uma administração insensível aos problemas dos professores, pais omissos, críticas da opinião pública, o número elevado de alunos, burocracia no trabalho, multiplicidade de papeis a desempenhar, falta de recursos materiais, relacionamento com, professores, falta de rede de apoio, salários inadequados entre outros (Codo, 1999).
 As expectativas familiares também são apontadas como um elemento que leva à exaustão emocional porque o indivíduo acaba por dar mais de si, para responder a essas expectativas (Cordes & Doughert, 1999). Ideia corroborada por jimenez & Hernadez (2001) que acreditam que o Burnout nos professores tem seus antecedentes e não aparece de forma brusca. Advém do contexto ocupacional e organizacional e é reflexo de uma fase final de um processo contínuo que se identifica com sinais como: sensação de falta de recursos emocionais e a diminuição da capacidade de resolver problemas e deve ser percebido como um problema social, pois as suas implicações reflectem- se na esfera social pelo facto do professor não elaborar uma tarefa solitária.
Os professores sentem- se comprometidos com o seu trabalho e envolvem- se intensamente nas suas actividades e sentem-se desapontados quando se apercebem que não conseguem alcançar os seus objectivos e os seus esforços não são recompensados, gerando frustração em relação ao trabalho, o que representa uma componente que propicia ao surgimento do Burnout (Maslach e Jackson,1984). 
Deste modo são apontados vários factores que podem levar o professor a exposição ao Burnout, como a carga horária, o mau comportamento dos estudantes, a pouca participação nas decisões institucionais, o relacionamento conflituoso com os colegas, falta de reconhecimento profissional, entre outros (Carlotto & Palozzo, 2006). 
Um parentênteses é aberto em relação ao tipo de estudantes e ao seu comportamento, por ser um aspecto que de tal maneira contribui para que o professor se sinta exausto, pelo facto de muitos estudantes não corresponderem as expectativas do nível em que se encontram e demonstram fraca capacidade de percepção do conteúdo, reflectida tanto de forma oral como escrita, exigindo do professor maior esforço na aplicação dos métodos para o alcance dos objectivos pedagógicos (Nóvoa, 2003).
Para Carlotto (2010), a experiencia de Burnout no professor deve ser entendida como uma ameaça ao bem-estar, podendo levar o desenvolvimento de sentimentos negativos como insatisfação e desmotivação e consequentemente diminui a qualidade do trabalho desempenhado pelo professor, pois as dificuldades reflectem-se na qualidade e eficácia da sua prática pedagógica.
Carlotto (2002) apresenta vários modelos para explicar a síndrome de Burnout em professores a partir de perspectivas. 
Modelo sociológico de Woods (1999) – apresenta a síndrome dividida em três factores; ao nível do microssistema aborda a biografia pessoal e profissional do professor (engloba valores, comprometimento, carreira e papel desenvolvido); ao nível do mesossistema são consideradas as instituições (como tipo de escolas), aspectos culturais de professores e alunos e apectos éticos da escola. Por fim, ao nível do macrossistema que engloba as políticas governamentais.
Modelo psicológico – explica que o entendimento síndrome de Burnout está centrado na abordagem psicológica, pelo facto de a síndrome envolver uma reacção prolongada aos elementos estressores crónicos. Realça, principalmente, que quando existe o sentimento de que o trabalho é pouco significativo e o indivíduo não se preocupa com os elementos estressores do trabalho e acredita que a síndrome ocorre quando os esforços são maiores que a recompensa (Farber, 1999).
Modelo existencial – apresentado por Pines (2002), explica a necessidade das pessoas acreditarem no significado da sua existência e que as coisas que elas fazem são importantes e úteis. Esse modelo argumenta que só as pessoas que encontram na profissão altas expectativas e objectivos pessoais, que sejam muito idealistas e motivadas, podem desenvolver a síndrome, pois quando sentem que falharam, começam a desenvolver sentimentos de frustração, além das tensões, ansiedade, raiva e depressão, contribuindo para o grau de Burnout nos profissionais.
Neste contexto surgem várias perspectivas que abordam este problema: perspectiva psicossocial, organizacional e histórica (Manassero,1995).
Relativamente a perspectiva psicossocial, o Burnout emerge de factores ambientais, sendo as condições do contexto, aquelas em que se desencadeia este problema ou, em contrapartida, podem atenuar a exaustão no contexto de trabalho.
No que concerne a perspectiva organizacional, autores referem que conflitos laborais podem ser a principal causa da síndrome de Burnout, afectando qualquer profissional na esfera individual, organizacional e social (Saranson, 1982). 
De acordo com Woods (1999), o Burnout é avaliado na perspectiva histórica, sendo a principal causa a questão temporal. Esta perspectiva está ligada ao cronossistema, onde as mudanças ao nível social (macrossistema) e o contexto de trabalho (mesossistema) podem provocar desajuste pessoal (microssistema), comprometendo a eficácia do trabalho.
Para Zaragoza (1999), as consequências do burnout incidem no desempenho do professor, na medida em que ele muda o seu comportamento na sala de aula, reduz o seu empenho na explicação do conteúdo, fica constantemente desmotivado, expondo sua aula de forma rígida e afasta-se emocionalmente dos estudantes. O professor perde o interesse pelas actividades profissionais, de casa, assim como o interesse pelo lazer e a motivação em interagir com os amigos. 
No que diz respeito aos alunos, os efeitos também são negativos e indesejáveis no rendimento académico dos mesmos, uma vez que as dificuldades sentidaspelo professor se reflectem na prática pedagógica e diminuição das potencialidades de aprendizagem (Codo,1999). 
No que concerne a instituição, esta vê-se muito prejudicada quando os seus quadros são alvos da síndrome. Sendo que a mesma advêm desse contexto, as suas implicações directas também são visíveis no mesmo lugar e é marcada pelas constantes reclamações dos alunos bem como dos colegas que normalmente são os primeiros a perceber os sintomas (Novoa, 2003). 
O Burnout altera a qualidade de vida do professor, que acaba por perceber o trabalho como uma fonte de estresse e, consequentemente, altera a sua forma de exibição com as pessoas que trabalham ao seu redor bem como, com a sociedade em geral (Palas, 2014). 
Para se compreender a síndrome de Burnout em professores nos dias de hoje é necessário ter em consideração o contexto educacional em que vivemos, as mudanças sociais, económicas e culturais que imprimem forte influência no desenvolvimento de sintomas relacionados ao Burnout (Silva, 2003).
Contudo, assume-se que o Burnout nos professores afecta o ambiente educacional e interfere na obtenção dos objectivos pedagógicos, levando o profissional a um processo de alienação, desumanização e apatia, culminando com problemas de saúde e intensão de abandonar a sua profissão. Neste sentido, a síndrome de Burnout deve ser encarada como um problema social, pois as suas implicações reflectem-se na esfera social (Pereira & Pines, 2002).
1.2.1 Modelo teórico (Bioecológico de Bronfenbrenner)
Para o respectivo estudo temos como modelo teórico o Bioecológico de Bronfenbrenner (Cf. Figura1).
Este modelo tem sido usado para distinguir processos evolutivos e os múltiplos factores que influenciam no processo de desenvolvimento humano. Servirá para identificar e perceber os processos vivenciados pelos professores no contexto da vida, bem como as suas características psicológicas que podem influenciar no desenvolvimento da síndrome de Burnout (Teixeira, 2007). 
No que concerne ao processo, Bronfenbrenner (1998) reconhece o facto de o homem ser eminentemente social e de sofrer influência do meio este, por sua vez influenciar o seu meio., Ele considera o processo como elemento central dessa teoria, abordando sobre as interacções vivenciadas face a face, tidas como mais próximas entre as pessoas no seu contexto de vida. Refere-se, portanto da interacção do professor no quotidiano escolar com os alunos, colegas, bem como em outros ambientes do convívio diário; com a família, com os amigos e com outros, reflectindo na forma como essas interacções podem influenciar no aparecimento da síndrome.
A forma como cada professor lida com as interacções pode influenciar ou não na exposição da síndrome.
O contexto refere-se aos quatro níveis ambientais em que o indivíduo está inserido. De recordar que não se pode abordar sobre a síndrome de Burnout em professores de forma isolada, mas como um sistema de estruturas agrupadas como: o microssistema, o mesossistema e o Macrossistema (Woods, 1999).
Segundo Woods, (1999) o tempo é a componente em que se analisa a forma como o professor encara o contexto histórico, o antes e o actual, as mudanças que se observam na educação, o status do professor, o comportamento dos alunos, a família e a realidade de vida. Tem a ver com a actuação do professor face às mudanças de contextos sendo que o componente tempo se apresenta como relevante na realidade do trabalho do professor e na incidência da síndrome. 
Ainda para o mesmo autor, o tempo envolve três níveis, nomeadamente o macrotempo, que se refere das expectativas de mudanças dentro da sociedade através das gerações; o tempo que tem a ver com a periocidade dos episódios através de intervalos de tempo como dias semanas; o microtempo, que se refere aos pequenos episódios dos processos proximais. Todavia é importante que haja equilíbrio nos vários níveis em que o professor está inserido, para evitar a incidência do Burnout. 
A característica da personalidade de cada professor influencia no aparecimento dessa síndrome, sendo o tempo observado como factor determinante na realidade do trabalho do professor, analisando na perspectiva histórica, pois nos dias de hoje o professor assume uma nova postura face aos desafios da educação (bronfenbrenner,2005).
Figura 1:Modelo Bieoecologico de Bronfenbrenner (1998)[1: Fonte: Carvalhosa (2013) http://www.opj.ics.ul.pt/index.php/junho-2013]
1.3 Estratégias de prevenção do Burnout no trabalho docente- educativo
Aqui é de acrescida valia o dito popular melhor que curar é prevenir. A prevenção há-de passar necessariamente conhecimento da existência da síndrome e dos seus possíveis factores de risco.
Nesta senda nas estratégias de prevenção da síndrome de Burnout não podem simplesmente considerar o desgaste profissional como uma reação normal a um ambiente anormal e insistir unicamente na natureza do trabalho como fonte de mal- estar, mas sim analisar as causas do desencadeamento da síndrome, e deve- se ter como elemento central o individuo, visto que o mesmo é que cria o próprio contexto laboral e organizacional (Netina citado por Teixeira 2007). 
No que diz respeito os professores devem ser criados programas de intervenção que possam ser utilizados para o enfrentamento da síndrome e façam com que o professor desenvolva recursos próprios para lidar com as situações adversas do trabalho (Candeia, 1997).
Jimenez (2002) & Monte (2003) propõem estratégias de prevenção agrupadas em quatro categorias: 
Estratégias centradas no indivíduo: englobam a formação em resolução de problemas com assertividade e gestão eficaz de tempo, ensinar ao indivíduo as formas de como gerenciar o seu trabalho para que o mesmo não se sinta pressionado face às exigências do trabalho, buscar estratégias para enfrentar situações de estresse no trabalho com eficácia sem alterar o contexto ocupacional, pois o profissional deve ser visto como o recurso mais importante nesse processo. 
Estratégias centradas na organização: deve-se desenvolver medidas com vista a melhorar o clima organizacional e que essas mesmas possam conceder ao profissional maior capacidade de envolvimento social, já que o professor não elabora uma actividade solitária e poderá demonstrar um papel activo e participativo nas actividades laborais.
Estratégias centradas no trabalho: atendendo que esta síndrome é um problema relacionado ao trabalho e não ao indivíduo, sugere técnicas de relaxar e neutralizar elementos estressores, melhorar as condições de trabalho, elaborar objectivos reais e fáceis de alcançar com vista a melhorar o ambiente de trabalho.
Estratégias centrada no indivíduo e no contexto ocupacional tem como objectivo fazer que o indivíduo conheça os problemas da instituição e possa expressar os seus pensamentos e sentimentos participar nas decisões institucionais de modo a existir o feedback entre ambos, e mudar a visão do professor relação ao trabalho e as suas condições, de formas a ajudá-los a perceber o lado positivo das adversidades que possam ocorrer no local de trabalho assim como ser um contínuo motivador (Chambel, 2005).
No entender de alguns autores o Burnout é uma síndrome que carece da máxima atenção pelo facto de afectar as relações interpessoais como no funcionamento da instituição. Consideram o seu tratamento complexo e é necessário que o individuo mude os seus conceitos de valores e muitas das vezes a sua filosofia de vida o que pressupõe a aplicação de algumas estratégias a nível individual onde o individuo deve estar munido de estratégias de enfrentamento de estresse como (optimização, boa comunicação, aumentar as competências profissional e distracção extra laboral) (Rodrigues & França, 2011). 
A nível interpessoal para enfrentar a síndrome é imprescindível estabelecer vínculos sociais entre os trabalhadores para a promoção de vínculos afectivos entre os mesmos e facilitar muitas das vezes o trabalho em equipa. No que concerne a nível organizacional deve-se criar um suporte real para o profissional o que passapela constituição de grupos de especialistas para oferecer a ajuda necessária (Rodrigues e França, 2011).
Aborda- se também sobre estratégias adaptação activa para prevenção da síndrome que são vistas como positivas, e passam por saber escutar as emoções toma-las em conta, combater os conflitos interpessoais que perturbem a pratica profissional, planificar as acções, parar para fazer reavaliações construtivas saber lidar com os insucessos, sem descorando a procura de apoio social e a crença religiosa que igualmente servem como mecanismo protector (Cordes & Doughert, 1997).
De um modo particular acreditamos que devem ser criados programas que não estejam apenas voltados na prevenção da síndrome de burnout mas na promoção da saúde, física, mental e emocional do indivíduo baseada em políticas educacionais com vista a melhorar o estilo de vida e ter uma saúde integra (Candeias, 2002). Ideia partilhada por Netina (2003) que reconhece o lado humano do trabalho e argumenta que para lidar de forma eficaz com o burnout requer um enfoque que esteja voltado nas principais causas apontada na literatura com objectivo de adaptar as soluções a problemas reais. 
A prática de exercícios físicos seria uma forma de estratégias de prevenção primária do burnout por ser uma actividade que pode promover hábitos saudáveis e consequentemente melhorar os sintomas da síndrome. Serve como válvula de escape diária para descarregar a tensão do dia de trabalho como técnica de relaxamento e ajudam a descarregar a tensão acumulada bem como melhorar a disposição e o prazer frente a vida e do trabalho, também desempenham a função no controle da pressão arterial, frequência cardíaca, tensão muscular e outros (Carlotto, 2010).
Entretanto o risco a exposição ao Burnout depende da forma como cada professor lida com os acontecimentos diários da escola e como ele se adapta aos novos tempos da educação (Bronfenbrenner, 2005).
1.3.1 Mecanismo de Coping
O coping é o conjunto de estratégias utilizadas pelas pessoas para se adaptarem às circunstâncias adversas e lidar com situações estressantes crónicas e é considerado um mecanismo de defesa (Suls, David &Harvey, 1996).
A literatura aponta três perspectivas de coping, ideia apoiada por vários autores como: Lazarus, 1993; David e Harvey, 1996; Ribeiro, 2005.
Psicanalítica – considera o coping como um mecanismo de defesa, resultante de formas inconscientes de lidar com conflitos internos de natureza agressiva e sexual.
Transaccional – considera o coping como um processo transaccional entre o meio e a pessoa, com foco no processo, e apresenta dois tipos de coping, o centrado nas emoções e o outro no problema, sendo que quem vive as emoções são as pessoas e essas mesmas são vivenciadas no meio.
Integrativo – esta perspectiva explica que os factores/situações têm grande importância na aplicação do coping e que o comportamento do coping usado é influenciado pelo tipo de característica do indivíduo e os seus traços de personalidade. Ideia corroborada por Folkman (1984) que acrescenta que os factores sócio demográficos, a educação, o nível sócio- económico e o próprio contexto influenciam no coping.
Para Lazarus (1984) o mecanismo coping deve ser definido como esforços cognitivos e comportamentais desenvolvidos pelo indivíduo para reagir, minimizar ou dominar as situações de estresse. Segundo esse autor, se o indivíduo não tiver a capacidade de usar de forma adequada o coping, isto pode levá-lo ao aumento dos sintomas de Burnout.
De acordo com o mesmo existem 4 tipos de estratégias de coping como:
Controlo – em que o indivíduo pode controlar a situação e procura tempo para reflectir sobre a mesma, elaborando um plano cognitivo antes de agir (Ribeiro, 2005).
Suporte emocional – caracteriza- se pelo pedido de ajuda em termos cognitivos e afectivos através do pedido de conselhos junto aos familiares, colegas, amigos (Alves & Oliveira, 2008).
Confrontação – define estratégias que focalizam no problema, lidando com ele frente à frente com o intuito de resolver a situação de estresse (Lazarus & Ribeiro, 2005).
Evitamento – é marcado pelo evitamento; o indivíduo procura fugir das situações de estresse (Ramos, 2001).
Para Lazarus e Folkam (1984), quando as estratégias estão voltadas para dar resposta a situações de estresse e quando as mesmas estão orientadas para o problema têm impacto positivo ao nível da realização pessoal. Assumindo ainda que nenhuma estratégia é melhor que a outra e que a utilização das mesmas varia de pessoa por pessoa, atendendo a sua personalidade e cada um deve adequar para si aquela que lhe faz sentir melhor e que seja mais eficaz à curto e longo prazos.
O coping pode reduzir ou manter emoções agradáveis podendo ou não resolver o problema permite o bem-estar do indivíduo. Para o indivíduo que utiliza as estratégias de coping mais adequadas, apresenta características como bom controlo sobre as situações diárias e é pouco propensos a situações (Amorim, 2012). 
29
	
Capitulo II: Fundamentação Metodológica
	
2.1 Preliminares da Investigação 
O estudo da docência ligado ao estresse profissional, fundamentalmente no ensino superior, é o ponto central desta investigação, suportado por um campo teórico que tem como principais áreas de actuação a psicologia clínica e a educacional.
No quadro de mudanças que se verificam actualmente, ser docente universitário impõe a este profissional uma responsabilidade acrescida, complexa e desafiadora. 
Deste modo, percebe-se que o professor universitário necessita ser visto como um profissional capaz de enfrentar mudanças, abraçar responsabilidades e propor-se a transpor barreiras. E para se chegar à esta percepção de toda esta dinâmica, foi necessário compreender e analisar determinados fenómenos que estão na base do estresse profissional e seus reflexos na acção e actuação do docente. Daí, resultar a escolha do tema: “Burnout e o trabalho docente-educativo”. 
Nesta base, para materialização do trabalho, o primeiro contacto foi com a orientadora do mesmo a fim de prosseguirmos com a investigação. O tema foi aprovado pela mesma com ligeiras alterações, tendo observado as seguintes etapas: Revisão de literatura; delimitação do problema de investigação; elaboração dos objectivos do trabalho.
Após a revisão de literatura e posterior submissão do ante projecto de dissertação ao Departamento de Ciências da Educação (DCE), passou-se para a fase da escolha dos instrumentos e elaboração do guião de entrevistas, seguida da aplicação do pré-teste.
Na base das orientações metodológicas penetramos na parte executiva da investigação, aplicando o instrumento aos professores universitários do Lubango.
Deste modo, procedeu-se com a recolha de dados, que foram analisados e categorizados, resultando na discussão e conclusão da pesquisa que culminou com a elaboração e entrega dissertação.
2.2 Objectivos da investigação 
Actualmente tem-se observado inúmeras dificuldades no nosso sistema de ensino como por exemplo o trabalho excessivo, excesso de alunos, muita burocracia no trabalho, multiplicidade de papéis, a expectativa familiar, a falta de recursos entre outros que por sua vez podem culminar com a Síndrome de Burnout. Nesta senda somos convidados a reflectir sobre o Burnout no contexto de ensino e aprendizagem. O que nos remete a seguinte questão de investigação: Será que a síndrome de Burnout afecta os professores do ensino superior? 
2.2.2 Objectivo geral
Identificar a síndrome de Burnout em professores do ensino superior.
2.2.3 Objectivos específicos 
Investigar a existência do Burnout e suas dimensões: (exaustão emocional, despersonalização e fraca realização pessoal).
Descrever as possíveis manifestações da síndrome de Burnout em professores do ensino superior.
Identificar as causas e consequências da Síndrome de Burnout. 
Definir estratégias de prevenção da síndrome de Burnout no trabalho docente. 
2.3 Método
Para o referido estudoutilizou-se o método qualitativo. De acordo com Lipam, Kenny, Brennan , Grandy & Augimeri (2011) as abordagens qualitativas são usadas para fornecer um resumo abrangente dos factos e acontecimentos, e é utilizado por pesquisadores que necessitam de respostas a perguntas sobre eventos específicos ou fenómenos.
2.3.1 Tipo de Investigação
O estudo é de natureza descritiva. Este tipo de pesquisa pode aparecer como um estudo de caso e tem como objectivo geral a identificação, descrição registo e analises das variáveis ou fenómenos em estudo (Perovano, 2014)
2.4 Participantes
2.4.1 População
Segundo Coutinho (2013), a população é concebida como o conjunto de indivíduos que fazem parte de uma investigação. Assim sendo tem-se como população os professores do ensino superior de escolas públicas e privadas da cidade do Lubango. 
2.4.2 Amostra
Vários autores consideram a amostra como sendo uma parte convenientemente seleccionada do universo populacional ou seja, um subconjunto de elementos pertencentes a uma população (Marconi & Lakatos, 1996). A amostra é de conveniência, composta por 15 professores do ensino superior de escolas públicas e privadas da cidade do Lubango, de ambos os sexos com idades compreendidas entre os 30 á 51 anos. Temos como critério de inclusão professores do ensino superior, e como critério de exclusão não participaram do estudo professores do ensino geral (Cf. Tabela 1)
2.4.2.1 Caracterização dos participantes (Dados de Identificação) 
Tal como podemos observar na tabela seguinte os participantes na sua maioria não são casados (F=12) mas têm filhos (F= 11). 
	Sexo
	Masculino
Feminino
	 8
 7
	
	
	Idade
	30-35
	 9
	
	
	
	36-40
	 3
	
	
	
	41-51
	 3
	Estado civil
	Solteiro
	 12
	
	Casado
	 3
	Filhos
	Tem filhos
Não tem filhos
	 11
 4
Tabela 1: Caracterização dos Participantes (Dados de identificação)
2.4.2.2 Caracterização dos Participantes (Dados profissionais)
Relativamente aos dados profissionais, a grande maioria dos participantes (F=7) referem que a escolha da profissão foi por falta de oportunidade. No que concerne ao tempo de magistério os participantes (F=9) enquadram-se num período de 1-10 anos de trabalho, na sua maioria (F=7) leccionam em duas escolas e quase todos professores (F=9) têm 8 á 10 turmas. 
No que diz respeito a carga horária de trabalho quase todos os participantes (F=8) têm entre 21 á 30 tempos semanais, sendo que apenas alguns professores (F=2) referem terem tido faltas e já beneficiaram de licenças para a formação (Cf. Tabela 2).
Tabela 2: Caracterização dos Participantes (Dados profissionais)
	Escolha do Magistério
	Por Gosto
	Falta de Oportunidade
	Incentivo
	
	5
	 7
	3
	Tempo de Magistério
	1-10
	11-20
	21-28
	
	 9
	3
	 3
	Nº de Escolas que Lecciona
	Uma
	Duas
	Três
	
	5
	7
	3
	Nº de Turmas
	4
	5- 7
	8-10
	
	2
	4
	9
	Carga Horária
Total de Trabalho
	1-10
	11-20
	21-30
	
	 3
	3
	 9
	Quanto as Faltas
	Tem	
	Não tem
	
	4
	11
	
Já pediu licença?
	Sim
	Não 
	
	2
	13
2.4.2.3 Caracterização dos Participantes (Dados familiares) 
No que concerne às condições de moradia, a grande maioria dos professores (F=11) têm casa própria e outros (F=3) não têm. Quando se aborda a questão da renda mensal, alguns professores (F=5) referem que esta varia entre os 160.000 e os 250.000 kzs; outros (F=7) referem que a mesma ronda entre os 250.000 e os 500.000 kzs; os restantes dos participantes (F=3) não mencionaram a sua renda mensal. Grande parte dos professores (F=8) vive da sua renda mensal (F=11). Na sua maioria os professores (F=11) referem que passam o tempo com a família aos finais de semana. Quanto à actividade de lazer todos professores (F=15) realizam-na. 
Tabela 3:Caracterização dos Participantes (Dados familiares)
	N= 15
	Condições de Moradia: 
Casa Própria
	Sim
	Não
	
	11
	4
	
Renda Mensal (kzs)
	160.000-250.000
	250.000-500.000
	Não Mencionou
	
	5
	7
	3
	Quantas Pessoas 
Vivem dessa Renda
	1-5
	 6-10
	
	 7
	 8
	Tempo Partilhado em Família
	1h-5h
	De noite
	Fins-de-semana
	
	 2
	2
	11
	Tem Actividades
 de Lazer
	Tem
	Não tem
	
	 15
	 0
2.5 Instrumentos
Os dados do nosso estudo foram obtidos mediante a utilização de entrevistas. Para o efeito, recorreu-se ao guião de entrevista (Cf. Anexo C) proposto por Fensterseifer, adaptado por Teixeira, (2007) e pela autora da referida investigação para o contexto em estudo. Deste modo, o referido instrumento é composto por duas partes: A I parte está relacionada com os dados sociodemográficos e a II parte é composta por questões relacionadas com as três dimensões do Burnout, proposto por Maslach (MBI), com objectivo de avaliar a existência do Burnout em professores. 
2.6 Procedimentos
Antes da aplicação das entrevistas fez-se um pré- teste do referido instrumento com 3 participantes, com a finalidade de adaptá-lo ao contexto dos participantes e evitar possíveis ambiguidades. Relativamente a este ponto os participantes não mostraram dificuldades no decurso das entrevistas, sendo que se considerou o referido instrumento adequado à população em estudo. Ainda no decorrer dessa investigação foi necessário ter em consideração uma série de procedimentos, de forma a garantir a correcta recolha e análise de dados, garantindo critérios éticos e de consentimento. 
Para cada entrevista foi solicitada a disponibilidade de cada professor para fazer parte do referido estudo e posteriormente os mesmos assinariam o consentimento informado (Cf. ANEXO B) também foi solicitada a autorização para gravação da entrevista. Antes da discussão começar apresentou-se de forma abreviada os objectivos do encontro e as suas expectativas. A opinião dos professores foi a principal ferramenta de investigação. A informação foi transcrita na íntegra e para tal recorreu-se a um processo de codificação dos participantes, sendo estes representados pela inicial da escola, inicial do nome, o género e a idade, e posteriormente submetida a uma análise de conteúdo para a obtenção de uma informação qualitativa (Cf. ANEXO D).
Importa ainda realçar que para a elaboração do referido trabalho teve-se em conta às normas da APA e ao regulamento dos trabalhos de licenciatura do Instituto Superior de Ciências de Educação ISCED- HUILA. 
3. Resultados
No que diz respeito a análise dos resultados, apresentar-se-ão de seguida as considerações gerais para dar resposta aos objectivos do presente trabalho. Em sede dos objectivos inicialmente traçados, os resultados estão organizados por categorias, tal como adiante se pode apresentar: tendo em conta os objectivos propostos inicialmente, que são: 
a) Investigar a existência do Burnout e suas dimensões: exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal (categoria I).
b) Descrever as possíveis manifestações da síndrome de Burnout em professores do Ensino Superior (categoria II).
c) Identificar as principais causas da síndrome de Burnout em professores do Ensino Superior (categoria III).
d) Identificar as consequências da síndrome de Burnout (categoria IV).
e) Definir estratégias de prevenção da síndrome de Burnout no trabalho docente (categoria V).
Cada categoria acima referida é composta por subcategorias e as mesmas estão ilustradas com citações directas que estão representadas com as seguintes características do participante: inicial da escola, o primeiro nome, o género e idade. 
Fez- se um resumo de cada categoria, salientando as ideias de cada um dos participantes e de seguida apresenta-se a figura de cada categoria.
3.1.Categoria I: Burnout e suas dimensões: (exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal) 
No que concerne a categoria I, dimensões do Burnout, na sua subcategoria exaustãoemocional, todos participantes (F=15) revelam que se sentem cansados, exaustos – sem motivação para fazer mais nada. Facto revelado pelos seguintes comentários: “Eu sinto-me cansado; não completamente exausto; mas cansado, pois a própria actividade docente já é cansativa” (MCM30); “Depende dos dias, pois há aqueles em que o trabalho exige muito de nós. Nesses me sinto muito cansado” (UESMM31); “Realmente, em termos emocionais, me sinto cansada e esgotada, sem motivação para fazer mais nada” (ISCCF37).
Relativamente a subcategoria despersonalização, os professores (F=3) avaliam o seu relacionamento com os alunos, como razoável, porque consideram não ser fácil lidar com várias personalidades. Temos como exemplo: “Eu considero razoável o meu relacionamento com os alunos” (ISCJM47); “Quanto ao meu relacionamento com os alunos, considero-o como suficiente. Até porque nem sempre as expectativas do professor vão ao encontro das dos alunos” (ISPLM31):“Eu considero o meu relacionamento com os alunos como razoável, atendendo os desafios que tenho de enfrentar, por lidar com várias personalidades” (ISPGM42).
Na subcategoria reduzida realização pessoal, alguns participantes (F=5) pensam em mudar de emprego, porque não consideram a docência como sua profissão dos sonhos e exercem-na por falta de oportunidades. À título de exemplo: “Realmente eu não me sinto completamente realizada como professora; gostaria mesmo de exercer a enfermagem. Até porque eu gosto de cuidar de doentes” (ISPEF34); “A princípio, eu entro na docência por incentivo familiar e porque naquela altura não existia outra oportunidade, porque, realmente, o que eu pretendo é exercer a profissão de advocacia” (ISPLM31). 
2Figura 2: Categoria I Dimensões do BurnoutDespersonalização
Categoria
Dimensões do Burnout
Subcategorias
Exaustão
N=15
F=15
Reduzida realização pessoal 
F=5
F=3
____________________________
2Fonte: Casimiro & Mendes (2016)
3. 2 Categoria II: Manifestações da síndrome de Burnout em professores
Em relação a categoria II, manifestações do Burnout, na sua subcategoria as manifestações físicas, alguns participantes (F= 9) reportam que se sentem dores de cabeça, constipações, problemas de visão, fruto do esforço constante que o professor tem de fazer para investigar. Apresentam-se exemplos: “Eu tenho constantes dores de cabeça e penso que é resultado do trabalho” (ISPPM35): Sim, já sinto, realmente, muita dor de cabeça e acredito que é do esforço que tenho de fazer em termos intelectual e físico” (ISCCF37); “Sinto esgotada fisicamente e com muita enxaqueca” (GVF39).
Relativamente a subcategoria manifestações comportamentais, alguns participantes (F=3) revelam que várias vezes se sentem irritados, porque os estudantes não buscam o conhecimento de forma activa e muitos não estão preparados para o nível em que se encontram. À título de exemplo: “Eu acho que o professor encara vários desafios com os estudantes; é nossa realidade, mas há estudantes que não estão preparados para estar no nível em que se encontram (…). muitas vezes o professor sente-se irritado porque acaba por perceber o fraco nível de preparo do aluno” (ISPLM31); “Os estudantes muitas vezes cansam e deixam o professor irritado, porque eles não buscam o conhecimento. Mesmo oferecendo-lhes o material, ainda assim não alcançam os objectivos” (ISPEF34). 
No que concerne a subcategoria manifestações emocionais, alguns participantes (F=3) argumentam que muitas vezes, depois de um dia de trabalho, sentem-se cansados, com vontade de relaxar, pois no desempenho da sua profissão vivem fortes emoções. Como nos diz MCM30: “Em termos emocionais várias vezes percebo que estou sem forças para envolver-me em outras situações da vida, por conta do cansaço; então prefiro estar sozinho, para relaxar” “Pessoalmente, em termos emocionais, algumas vezes sinto-me bem e outras, nem por isso, porque há situações em que o trabalho corre male as minhas espectativas não são correspondidas; acho que tudo isso influencia no nosso estado emocional” (UESAMM31);“Há dias que chego do trabalho e quero estar sozinho para relaxar e reflectir sobre o mesmo, porque no exercício da actividade docente vivenciamos várias situações que acabam por me deixar cansado”`(SCBM40). 
3Figura 3:Categoria II Manifestações da Síndrome de BurnoutCATEGORIA
MANIFESTAÇOES DO BURNOUT
BURNOUT
SUBCATEGORIAS
Manifestações físicas
N=15
 F=9
Manifestações comportamentais
F=3
Manifestações emocionais
F=3
____________________________
3Fonte: Casimiro & Mendes (2016)
3.3- Categoria III: Identificar as causas da síndrome de Burnout
Quanto a categoria III, que diz respeito às causas do Burnout, na subcategoria sobrecarga de trabalho, os participantes (F=9) reconhecem que o que os deixa cansados e exaustos é a carga de trabalho, pelo facto de trabalharem nos três turnos e só terem tempo de descanso à noite. Tal como reporta ISCJM47;“Eu já me sinto um pouco cansado; é muita sobrecarga de trabalho e já penso em abandonar a escola na qual colaboro”. “De facto, percebo que a sobrecarga de trabalho tem influenciado no cansaço que tenho sentido, porque de manhã vou a escola onde sou efectivo e de tarde na faculdade onde colaboro e tem sido, algumas vezes, muito cansativo” (GGM42); “Realmente, sinto- me cansada; é muita carga de trabalho traduzida da correria do dia-a-dia e já percebo que está a fazer-me mal” (ISPVTF35); “Reconheço que a demanda de trabalho faz com que nos sintamos às vezes muito cansados, e de forma muito particular, o que se pretende quando nos submetemos à mesma é a procura de estabilidade financeira e em alguns casos, prestígio social” (UESAMM31).
Relativamente a subcategorias reconhecimento, alguns participantes (F=4) partilham a ideia de que o professor nos dias de hoje é reconhecido por parte da sociedade; mas há muita coisa ainda que deve ser feita; o que passaria pelo melhoramento das recompensas. Tal como nos diz ISPVTF35:Eu acho que quando o professor não se sente reconhecido por parte da sociedade acaba por dar pouco de si (…);“Acho que o professor sente-se satisfeito quando percebe o reconhecimento tanto por parte dos estudantes como da sociedade e também reflectido na tabela salarial” (ISCBM40).
No que toca a subcategoria estímulos e recompensas, alguns participantes (F=5) acreditam que as mesmas contribuem para o bom ou mau desempenho do professor. À título de exemplo “Eu acho que as recompensas contribuem para que muitas vezes o professor tenha um fraco desempenho, principalmente quando acreditamos que o nosso esforço é maior que a mesma” (MCM31); “As recompensas têm sido muito debatidas; é o salário que nos leva ao trabalho para fazer face às exigências pessoais e familiares e tem forte impacto na vida do professor” ISCCF37 
Na subcategoria injustiça laboral, certos participantes (F=4) afirmam que a injustiça no local de trabalho pode culminar em descontentamento por parte do indivíduo, pois todos gostam de ser tratados por igual e a injustiça é um agente desmotivador e atrapalha no desempenho do professor. Como nos reporta ISPVKF35; “Eu, muito particularmente, nunca fui alvo de injustiça no local de trabalho, mas acredito que desestabiliza o desempenho do professor”; “A injustiça é marcada por atitudes negativas por parte do injustiçado, gerando, muitas vezes, um sentimento de revolta, culminando, como é óbvio, no fraco desempenho do professor” (UESAMM31).
Relativamente a subcategoria relação professor/ aluno, os

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