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RELAÇÕES INTERPESSOAIS Caro(a) aluno(a), A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que conduzem ao conhecimento. Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às informações necessárias para o exercício de suas variadas funções. Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo, totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso. Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente da Universidade Candido Mendes (UCAM). Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese dos saberes. Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos! Atenciosamente, Setor Pedagógico Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – RELAÇÕES INTERPESSOAIS E INTRAPESSOAIS .................................4 1. RELAÇÕES INTERPESSOAIS ..............................................................................................5 1.1 PONTOS FORTES NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ...............................................7 1.2 OS PONTOS FRACOS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ........................................7 1.3 A HABILIDADE INTERPESSOAL .................................................................................9 2. RELAÇÕES INTRAPESSOAIS ...........................................................................................10 2.1 HABILIDADE INTRAPESSOAL ...................................................................................12 CAPÍTULO 2 – RELAÇÕES INTERGRUPAIS E INTRAGRUPAIS ..................................14 1. POR QUE FORMAMOS GRUPOS ......................................................................................15 2. DESENVOLVIMENTO GRUPAL .......................................................................................18 3. DESEMPENHO GRUPAL ....................................................................................................22 4. RELAÇÕES INTERGRUPAIS .............................................................................................25 4.1 CONFLITO INTERGRUPAL .........................................................................................26 4.2 A ADMINISTRAÇÃO DO CONFLITO INTERGRUPAL ............................................27 CAPÍTULO 3 – INDIVÍDUO, PAPÉIS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .........................29 1. INTERAÇÃO SOCIAL .........................................................................................................30 2. A INTERAÇÃO NO TEMPO E NO ESPAÇO .....................................................................31 2.1 GRUPOS SOCIAIS ..........................................................................................................31 3. PAPEL E ESTATUTO SOCIAL ...........................................................................................33 4. PAPÉIS SOCIAIS, HARMONIA E CONFLITO NO AMBIENTE EMPRESARIAL: REFLEXÕES SOCIOLÓGICAS A PARTIR DA OBRA DE ERVING GOFFMAN .............35 4.1 APORTES CONCEITUAIS EM TORNO DAS REPRESENTAÇÕES DE PAPÉIS SOCIAIS ................................................................................................................................38 4.2 REPRESENTAÇÕES DE PAPÉIS SOCIAIS NO AMBIENTE EMPRESARIAL ........39 5. TEORIA DOS VÍNCULOS DE PICHÓN RIVIÉRE ............................................................46 CAPÍTULO 4 – ÉTICA E BIOÉTICA ......................................................................................49 1. O QUE É A BIOÉTICA? .......................................................................................................49 2. QUAL A RAZÃO DA EMERGÊNCIA DA BIOÉTICA? ....................................................50 3. DIFERENTES MOMENTOS DA BIOÉTICA .....................................................................50 CAPÍTULO 5 - RELAÇÕES INTERPESSOAIS E RESISTÊNCIAS À INTERDISCIPLINIDADE NO MUNDO DA SAÚDE ............................................................52 1. EQUIPES DE SAÚDE: O DESAFIO DA INTEGRAÇÃO DISCIPLINAR ........................52 2. HABILIDADES SOCIAIS E AS COMPETÊNCIAS PARA AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS CONSTRUTIVAS NA FORMAÇÃO DE EQUIPE DE SAÚDE .............60 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................68 Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 4 CAPÍTULO 1 – RELAÇÕES INTERPESSOAIS E INTRAPESSOAIS Fonte: <http://geraldofrazao.blogspot.com.br/2012/05/confira-10-dicas-para-melhorar.html>. “Conviver é uma arte!”. Você provavelmente já ouviu essa frase muitas vezes. Pois é... A convivência sempre foi um desafio. A busca pelo equilíbrio entre as afinidades, a atração pela falta delas (o diferente), interesses comuns, enfim, inúmeras razões e emoções entram em jogo. A ideia de desafio foi levada a sério, haveria então a necessidade de uma competência, uma habilidade que solucionasse ou avaliasse um determinado conflito. Foi Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard, que relacionou as múltiplas inteligências do indivíduo, quem classificou entre essas a inteligência Interpessoal e Intrapessoal. Ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas (desafios) ou desenvolver (criar) produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais. Desse conceito, formalizam-se duas competências, que são comumente avaliadas, amplamente necessárias nas organizações modernas, onde network é visto como valoroso capital que associa pessoas, relações e comunicação. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 5 1. RELAÇÕES INTERPESSOAIS Para entender o conceito de relações interpessoais é necessário definir o termo personalidade. Personalidade é o conjunto total de características que torna o indivíduo único e diferente dos outros. Revela-se através da conduta de uma pessoa e das relações dos demais perante essa conduta. Os fatores que determinam a personalidade são: 1. a herança biológica 2. o ambiente 3. a idade. A base para a melhoria das relações interpessoais é a compreensão de que cada pessoa tem uma personalidade própria, que precisa ser respeitada e que cada um traz consigo necessidades sociais, materiais e psicológicas que precisam ser satisfeitas, e que influenciam o seu comportamento. Nesse contexto, podemos conceituar relações interpessoais como uma disposição interior, uma aceitação do outro que transparece no modo de falar, de olhar, na postura e, sobretudo, na forma de agir adequadamente. As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação. Nas situaçõesde trabalho, compartilhadas por duas ou mais pessoas, há atividades predeterminadas a serem executadas, bem como, interações e sentimentos recomendados, tais como: a comunicação, a cooperação, o respeito e a amizade. Para Vela (1995, p.48) à medida que as atividades e interações prosseguem, os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados inicialmente e então, inevitavelmente, os sentimentos influenciarão as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos de simpatia e atração provocarão aumento de interação e cooperação, repercutindo favoravelmente nas atividades e por outro lado, os sentimentos negativos de antipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento, à menor comunicação, repercutindo desfavoravelmente nas atividades, com provável queda de produtividade. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 6 Esse ciclo (atividades-interações-sentimentos) não se relaciona diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissionais competentes individualmente podem render muito abaixo de sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho. Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma base interna de diferenças que englobam conhecimentos, informações, opiniões, preconceitos, atitudes, experiência anterior, gostos, crenças, valores e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subordinados. (AMADO E GUITTET, 1989, p. 30) No grupo se faz necessário que haja respeito pela opinião do outro, troca de informações, que a ideia de cada um seja ouvida e discutida. Dessa forma, se estabelece uma relação de cordialidade. A maneira de lidar com diferenças individuais cria certo clima entre as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente nos processos de comunicação, no relacionamento interpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade. Porém, se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto a comunicação flui facilmente, em dupla direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e têm possibilidades de dar e receber feedback. Se as diferenças são negadas e suprimidas, a comunicação torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e barreiras, distorções e fofocas. As pessoas não falam o que gostariam de falar nem ouvem as outras, só captam o que reforça sua imagem das outras e da situação. De acordo com Gonçalves (2001, p. 49), o relacionamento interpessoal pode tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em equipe, com integração de esforços, conjugando as energias, conhecimentos e experiências para um produto maior que a soma das partes, ou seja, a tão buscada sinergia. Ou então tender a tornar-se muito tenso, conflitivo, levando à desintegração de esforços, à divisão de energias e crescente deterioração do desempenho grupal para um estado de entropia do sistema e final dissolução do grupo. Nas relações interpessoais o clima de grupo influencia recíproca e circularmente, caracterizando um ambiente agradável e estimulante, ou desagradável e avesso, ou neutro e monótono. Cada modalidade traz satisfações ou insatisfações pessoais e grupais. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 7 Para Matta (1995, p. 59), a liderança e a participação eficaz em grupo dependem essencialmente da competência interpessoal do líder e dos membros. O trabalho em equipe só terá expressão real e verdadeira se/e quando os membros do grupo desenvolver sua competência interpessoal, o que lhes permitirá alcançar a tão desejada e propalada sinergia, em seus esforços colaborativos, para obter muito mais que a simples soma das competências técnicas individuais como resultado conjunto do grupo. 1.1 PONTOS FORTES NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS Os pontos fortes indicados sugerem uma percepção social de valores culturais de sociedade relacionados à imagem de chefia, comando, afirmação de sucesso profissional e atributos pessoais positivos masculino. Os itens competição, independência parte dessa constelação cultural. A característica do homem que busca desafios e supera obstáculos para realizar-se. A independência é também um símbolo masculino de afirmação social, diferenciando-se da dependência, submissão feminina ou de subordinados. A autoconfiança, como imagem de segurança interior que os outros invejam e procuram, também é socialmente valorizada corno figura paterna forte, superior, sem as fraquezas, dúvidas, insegurança dos subordinados inferiores (MOSCOVICI, 2002, p. 103). O item flexibilidade pode, igualmente, fazer parte da imagem social do gerente executivo que se atualiza, não é rígido, não estagna, aberto a inovações, suficientemente apto a adaptar-se, a ajustar-se às mudanças. Em suma, essa é a imagem mais valorizada nos dias atuais. 1.2 OS PONTOS FRACOS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS Segundo Moscovici (2002, p. 106), os pontos fracos parecem que não houve tanta influência de imagem social, pois as carências mostram justamente o outro lado, que é menos exposto publicamente ou até escondido e negado. Entretanto, a concentração dos pontos fracos sugere aspectos comuns que perturbam o relacionamento humano e preocupam os indivíduos que os apontaram, bem como o nível de conscientização das deficiências de cada um. O autor (2002, p. 111) relata ainda que a reação a feedback (dificuldade não superada de recebê-lo) indica o aspecto mais negligenciado da comunicação humana, mesmo em gerentes de Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 8 alto nível, aparentemente competentes em suas funções. Ele diretamente relacionado, expressão de feedback, aparece como quinto item fraco, o que pode sugerir que a carência da habilidade de dar feedback não é percebida ou sentida tão intensamente como receber feedback, em que o impacto maior é sobre o próprio indivíduo e não sobre o outro. Contudo, a inferência que se pode fazer é que ambos os processos, tanto o de dar quanto o de receber feedback, constituem carências importantes a serem trabalhadas em desenvolvimento interpessoal, sem o que ficarão como aspectos ineficientes do desempenho dos gerentes. Reação a feedback talvez seja o item crítico da competência interpessoal, uma das mais difíceis conquistas pessoais. Os dois processos conjugados, dar e receber feedback de modo inábil, provocando reações defensivas, forma a maior fonte de bloqueio de comunicação efetiva e de desgaste de relacionamento. Outro ponto fraco é o processo de condicionamento cultural contrário à expressões fracas de ideias e sentimentos, principalmente no selvagem mundo dos negócios em que a revelação pode ser prejudicial na competição por sucesso e lucro. Esse processo circular deteriora o clima organizacional, levando a tensões, desconfianças, conflitos e crises mais ou menos sérias e duradouras, objeto de grandes preocupações da alta administração e bom mercado de trabalho para os consultores organizacionais. Uma carência acentuada entre gerentes, mostra que cada pessoa tentaresolver a seu modo os problemas interpessoais, sem ter tido treinamento adequado para isto. Alguns têm maior habilidade intuitivamente, outros, menor habilidade, sem se aperceberem das consequências a curto e médio prazo para as pessoas envolvidas e para a organização. Lidar com conflitos de forma segura exige treinamento especial, e não apenas leituras e conferências sobre o assunto. (CASTILHO, 1999, p. 57). Castilho (1999, p. 58) diz ainda que a resistência a estresse revela a situação real do dia a dia de uma pessoa, sujeito a pressões de cima, de baixo e lateralmente, também, além de pressões extra-organizacionais e familiares. Essa carência indicada retrata um aspecto pouco reconhecido ou tratado em programas de desenvolvimento gerencial e até nos planos de carreira gerencial, em que deveria figurar como um dos itens de avaliação de desempenho superior do gerente. Em treinamento, consegue-se obter compreensão e comportamento funcional durante o processo de aprendizagem. Todavia, o verdadeiro teste de competência interpessoal está na Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 9 transferência de aprendizagem da situação de laboratório para a vida real, o que é bastante difícil na dinâmica interpessoal. É difícil porque exige do participante a compreensão de que algumas de suas formas atuais de reação não são as mais adequadas, que é preciso mudar, experimentar novas formas e praticá-las, criativamente, e assumir riscos. É difícil porque não depende apenas pessoa treinada, não é uma habilidade individual, e sim de habilidade situacional ou interpessoal. As probabilidades de aprender e transferir a aprendizagem, em termos de competência interpessoal, aumentam quando o indivíduo consegue desenvolver autoconscientização e autoaceitação para produzir informações com um mínimo de distorção, quando passa a aceitar e confiar mais nos outros, dando e recebendo feedback útil. Competência interpessoal não é um dom ou talento inato da personalidade, e sim uma capacidade que se pode desenvolver por meio de treinamento próprio. 1.3 A HABILIDADE INTERPESSOAL A habilidade interpessoal se faz necessária para entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. O exercício da habilidade interpessoal se dá conhecendo, analisando e distinguindo sentimentos (intenções, motivações, estados de ânimo) pertencentes ao outro e controlando sua reação em função destes sentimentos. Essa compreensão do próximo lhe confere a habilidade de trabalhar eficazmente com outras pessoas, a competência para trabalhar em equipe e desejada ao exercício da liderança. As relações interpessoais se desenvolvem a partir da interação do EU com o OUTRO, não sendo um processo solitário. O conhecimento de si, associado ao conhecimento do outro e a capacidade de exercer empatia, faz do marido e da mulher mais do que a simples soma de um par, lhe dá o status de casal, assim um grupo de indivíduos que constrói motivado e em harmonia de objetivos forma uma equipe. Os relacionamentos produtivos devem ser harmoniosos e prazerosos, capazes de gerar uma energia adicional que nos leva a uma soma (um todo) maior que as partes, a chamada sinergia. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 10 Fonte: <http://empreendedorismohoje.blogspot.com.br/2008/03/relaes-interpessoais.html>. 2. RELAÇÕES INTRAPESSOAIS Muito tem se falado sobre relacionamento. Relacionamento com o cliente, com colaborador, com a marca, com o produto. O relacionamento faz parte da base de qualquer negócio. Porém, existe um tipo de relacionamento que não recebe a devida importância, mas que faz toda diferença no resultado final e também durante todo o percurso: o relacionamento intrapessoal. Muito confundido com o interpessoal, o relacionamento intrapessoal é a capacidade de integração do autoconhecimento, autodomínio, autoafirmação e a automotivação. Esse relacionamento somado ao interpessoal resulta no conceito de inteligência emocional, que segundo Goleman (1995), é a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos, de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos e também, é a grande responsável pelo sucesso e insucesso das pessoas. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 11 Os benefícios do autoconhecimento não são novidades dos dias de hoje e não pertencem somente as novas gerações. Pelo contrário, há mais de 2000 anos atrás Sun Tzu, general, estrategista e filósofo chinês, fez a seguinte afirmação: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece o inimigo nem a si próprio, perderá todas as batalhas.” (SAN-TZU, 2011). Numa organização, lidamos com diversos tipos de pessoas de temperamentos e capacidades diferentes. Quando conhecemos nossos limites, nossas reações e nossas motivações, a forma de encarar situações turbulentas é vista de uma maneira mais racional e menos exposta a nossas emoções, diminuindo assim, o risco de tomarmos decisões impulsivas e até mesmo errôneas. Com as inúmeras atividades que temos cotidianamente, vivemos em ritmo acelerado e desejamos que o dia tivesse 30 horas, e, devido a isso, o tempo para refletir sobre si mesmo se torna cada vez mais escasso. A tarefa de nos conhecer um pouquinho mais por dia vai sendo adiada e nos privamos de alcançar melhores desempenhos em nossas realizações. Nossas emoções são acumuladas durantes anos e são guardadas em uma caixinha. A grande questão é perceber que nosso comportamento é influenciado e resultante do conteúdo que guardamos por todo esse período. Conflitos internos também estão presentes quando falamos de inteligência emocional, são eles que auxiliam no fortalecimento das emoções. Portanto, não tenha medo quando dúvidas, anseios e incertezas começarem a surgir no meio do processo de relacionamento com você mesmo. Quando o relacionamento intrapessoal é de fato existente, é possível notar comportamentos positivos tão procurados entre tantos profissionais. A facilidade na comunicação de pontos de vistas pessoais, prioridades em ações estratégicas bem estabelecidas, energias focadas para o alcance dos objetivos propostos por si próprio e tomadas de decisões com tranquilidade e equilíbrio são só algumas das características de um bom relacionamento intrapessoal. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 12 Vamos fazer um exercício para avaliar em que grau está o seu relacionamento intrapessoal? - Você conhece a visão, missão e valores da sua empresa, certo? - E qual é a sua razão? - Ou melhor, você consegue identificar qual é a sua visão, missão e valores? Faça esse exercício e fortaleça a relação com o seu principal público alvo: VOCÊ! Texto inspirado no livro “As competências das pessoas, de Cláudio Queiroz” 2.1 HABILIDADE INTRAPESSOAL Diretamente relacionada ao autoconhecimento, é a habilidade de controlar e administrar suas emoções e sentimentos. Esse conhecimento e autocontrole trabalhado em favor doindivíduo, são ferramentas eficazes e positivamente manifestadas em pessoas com elevada autoestima e que interagem com facilidade.O relacionamento intrapessoal refere-se à capacidade do indivíduo de conhecer a si. Para Gardner (1995), é o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprias, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Assim, a expressão intrapessoal é a nossa relação com os nossos sonhos, desejos, angústias, aspirações, emoções e tudo que se refere aos nossos próprios sentimentos, sejam eles, positivos ou negativos. É a partir desses estímulos internos, que nos relacionamos com o externo. É da “conversa” que consigo ter comigo e do conhecimento real das minhas emoções que exteriorizo, ou seja, que comunico verbal (fala) ou não verbal (gestos e expressões corporais) e estabeleço meus elos, meus relacionamentos com as pessoas. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 13 O oposto ao sentimento de conflito é a harmonia, um estado de ordem, simetria, acordo e conformidade. Pondo em ordem minhas emoções, entro em acordo com a vida e transmito um estado de paz. Uma pessoa inteligente no âmbito interpessoal será capaz de manter sua vida em ordem em qualquer situação e mesmo com lágrimas nos olhos, dizer: “Estou bem” e esboçar um sorriso. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 14 CAPÍTULO 2 – RELAÇÕES INTERGRUPAIS E INTRAGRUPAIS Fonte: <http://agoravoceconsegue.wordpress.com/tag/relacionamento-interpessoal/>. O estudo do comportamento dos grupos vem aparecendo como uma parte cada vez mais importante do comportamento organizacional e da literatura administrativa. Há várias razões de senso-comum que mostram por que o estudo e o interesse pelos grupos vão continuar. Uma das razões mais fortes é a de que a maior parte do dia de trabalho das pessoas é gasta dentro de grupos. Como já é fato consumado que a filiação a um grupo é parte da vida de trabalho da maioria dos colaboradores, é preciso que o gerente compreenda a formação, o desenvolvimento e as características dos grupos. Veja algumas das razões mais evidentes que mostram por que a compreensão dos pequenos grupos é importante para os gestores: - O gestor lidera grupos de subordinados; - A participação no grupo influencia a conduta e o desempenho de seus membros; Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 15 - Os grupos que entram em conflito podem restringir a realização das metas organizacionais; - A influência que o grupo exerce sobre a pessoa é diferente para cada indivíduo. Algumas pessoas podem ser totalmente influenciadas pelo grupo, outras sofrem influência mínima ou não sofrem influência alguma. Cada uma destas razões para estudar e compreender os grupos está relacionada à eficácia. Por exemplo, os grupos que entram em conflito podem impedir o desempenho eficaz. Os gestores que ignoram a formação, o desenvolvimento e as características dos vários grupos existentes dentro de uma organização estão tornando seu trabalho muito mais difícil. Nos próximos tópicos você verá um conjunto de definições. Em seguida será apresentada e depois fazer uma síntese de todas elas, síntese esta que nos possibilite uma definição abrangente do grupo. Certamente, há muitos pontos em comum nestas definições, e é evidente que seus autores estavam considerando os diversos aspectos dos grupos. 1. POR QUE FORMAMOS GRUPOS Os grupos formais e informais formam-se por várias razões. Algumas dessas razões seriam as necessidades, o desejo de proximidade, a atuação e as metas. A satisfação das necessidades Certos indivíduos buscam satisfação como membros de um grupo. Formam grupo ou entram em grupo já formado, para interagir com outras pessoas que têm valores, interesses, percepções e atitudes comuns. Esta participação resulta num sentimento de "segurança" para os membros. Os indivíduos diante de uma ordem ou exigência do superior procuram aceitá-las e cumpri-las mais vezes. Temem resistir às exigências superiores, pois têm medo de alguma forma de castigo. Se fossem apoiados por colegas de valor, poderiam sentir-se seguros e resistir à administração. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 16 Embora muitos colaboradores passem a participar de determinado grupo porque este é percebido como um veículo que os ajuda a suprir as deficiências de segurança, há também outras necessidades que os grupo pode satisfazer. Alguns indivíduos, ao se tornarem membros de um grupo, satisfazem as necessidades de interação social. A filiação a estes grupos possibilita a interação entre as pessoas. Num estudo sobre a interação social de prisioneiros de guerra (PDG), Schein analisou o comportamento dos prisioneiros americanos, na Guerra da Coréia e na Segunda Grande Guerra. Nos campos nazistas, havia grandes disparidades nas condições de vida existentes entre os prisioneiros de guerra e seus guardas. Os nazistas tratavam os prisioneiros conforme a estrutura militar aliada e permitiam que os oficiais presos supervisionassem os demais prisioneiros. Neste arranjo, descobriu-se que havia pouca colaboração com os nazistas e que ocorriam muitas tentativas de fuga. As condições dos campos de prisioneiros na Coréia eram muito diferentes das condições existentes na Segunda Grande Guerra. Os captores chineses partilhavam da mesma alimentação e dos mesmos remédios e viviam em alojamentos ou tendas semelhantes às dos prisioneiros. Os oficiais presos estavam fisicamente separados dos demais prisioneiros. Em alguns casos, os leigos ficavam responsáveis pelos sargentos. Os grupos de prisioneiros de guerra eram mudados continuamente de um alojamento para outro. Nestas condições, havia frustração e moral baixo, e ocorriam poucas tentativas de fuga. O estudo sobre os prisioneiros de guerra fornece orientação importante. Indica que a estrutura e a estabilidade grupal são fatores decisivos na formação do grupo. Sem estrutura ou estabilidade (permanência) os membros do grupo podem experimentar sentimentos de desorganização ou frustração. Se estas consequências ocorrerem, o grupo como um todo torna-se menos importante para a satisfação das necessidades sociais. Em alguns casos, a pessoa entra no grupo para satisfazer necessidades de estima. Ela poderá julgar que determinado grupo de engenharia tenha poder, prestígio e contato com os executivos de algo nível. Decide, então, tornar-se membro deste grupo. Através de trabalho duro, de um ótimo desempenho e de outras contribuições deste tipo para a organização, a pessoa Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 17 consegue entrar no grupo. A consecução da meta faz dela um membro do grupo de engenharia e ela poderá satisfazer assim suas necessidades de estima. Embora este exemplo esteja focalizando um grupo formal, podemos seguir o mesmo padrão de meio-fins (a entrada no grupo leva à satisfação de necessidades) para ingressarmos num grupo altamente informal. Proximidade e atração A ação interpessoal pode resultar naformação de um grupo. Duas facetas importantes da interação pessoal são a proximidade e a atração. Por proximidade queremos dizer a distância física entre os colaboradores que executam uma tarefa. O termo atração designa a atração das pessoas uma pelas outras em razão das semelhanças de percepção, atitudes, desempenho ou motivação. As pessoas que trabalham muito próximas têm numerosas oportunidades de trocarem ideias, pensamentos e atitudes sobre várias atividades dentro e fora do emprego. Estas trocas resultam frequentemente em algum tipo de formação grupal. A proximidade faz que os indivíduos conheçam as características uns dos outros. Frequentemente, surge um grupo para manter a interação e o interesse. Atividades grupais Os colaboradores podem ser atraídos pelo grupo porque gostam das atividades do grupo. Esse grupo pode estar interessado em atividades profissionais ou de recreação, atividades estas que os outros apreciam. Aceitando as atividades grupais, o membro do grupo estará satisfazendo suas necessidades sociais, de segurança, de estima e de autorrealização. Assim, embora a pessoa seja atraída pelo grupo por causa das atividades do mesmo, há também um subproduto importante dessa filiação grupal que é a satisfação de várias necessidades. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 18 As metas do grupo As metas do grupo, quando claramente entendidas, podem ser a razão pela qual os indivíduos são atraídos pelo grupo. Por exemplo, uma pessoa pode entrar num grupo que se reúne depois do trabalho para se familiarizar com o sistema métrico. Suponha que este sistema deva ser implantado na organização, dentro dos próximos dois anos. A pessoa que entra num grupo que se reúne após o trabalho acredita que a aprendizagem do novo sistema é uma meta importante e necessária para os colaboradores. Nem sempre é possível identificar as metas do grupo. A hipótese de que os grupos organizacionais formais têm metas claras deve ser temperada pela compreensão de que a percepção, as atitudes, a personalidade e a aprendizagem podem distorcer as metas. O mesmo pode-se dizer das metas dos grupos informais. Estas são apenas algumas das numerosas razões pelas quais as pessoas entram nos grupos. Nota-se, portanto que elas ingressam nos grupos porque estes são percebidos como meios para a satisfação das necessidades. É também evidente que as atividades e metas do grupo são fatores que atraem os seus membros. Outra situação importante da formação grupal diz respeito à proximidade das pessoas umas das outras, que é a razão da interação e da descoberta de características semelhantes. 2. DESENVOLVIMENTO GRUPAL O comportamento e o desempenho dos grupos são influenciados por seu estágio de desenvolvimento. Muitos gestores ainda não conseguem apontar com exatidão o estágio de desenvolvimento do grupo e agir imediatamente para corrigir os problemas comportamentais e de desempenho. Embora os grupos sejam diferentes, há algumas semelhanças significativas nas explicações de desenvolvimento grupal fornecidas pelos modelos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 19 Desenvolvimento de um grupo de solução de problemas Um grupo de solução de problema pode estar interessado em programar a manutenção do equipamento, em recrutar e selecionar um novo vice-presidente ou em decidir se deve desenvolver ou não uma nova linha de produtos ou um novo serviço. A solução de problema é uma tarefa na qual estão envolvidos continuamente todos os grupos formais e alguns dos grupos informais. Um dos modelos de desenvolvimento grupal presume que os grupos de solução de problemas procedem por meio de quatro estágios de desenvolvimento: 1. aceitação mútua; 2. comunicação e tomada de decisão; 3. motivação e produtividade; 4. controle e organização. - Aceitação mútua: Nos primeiros estágios da formação do grupo, os membros têm certa relutância em comunicar-se entre si. Embora o grupo de solução de problema tenha uma tarefa a cumprir, seus membros normalmente não gostam de expressar opiniões, atitudes ou crenças. Essa situação assemelha-se à de um membro de uma faculdade, no início de novo semestre. Suponha-se que o objetivo da classe seja desenvolver e oferecer ao governo da cidade um plano de controle de tráfico. As respostas da classe às perguntas do instrutor são desapontadoras e, em muitos casos, inexistentes. - Comunicação e tomada de decisão: Depois que o grupo de solução de problema atinge o ponto da mútua aceitação, os membros passam a comunicar-se entre si, abertamente. Essa comunicação gera maior confiança e maior interação dentro do grupo. As discussões passam a tratar mais especificamente das tarefas de solução de problema e do desenvolvimento de estratégias alternativas para realizá-las. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 20 - Motivação e produtividade: Este é o estágio de desenvolvimento em que se gasta esforço para atingir as metas do grupo. Num grupo de solução de problema, a tarefa é produzir a melhor solução. O grupo passa a trabalhar como uma unidade cooperativa e não como uma unidade competitiva. - Controle e organização: Este é o estágio em que a filiação ao grupo é valorizada e os membros passam a ser regulados por normas. As metas do grupo têm precedência sobre as metas do indivíduo e cumprem-se as normas ou aplicam-se sanções. O último tipo de sanção é o ostracismo pelo não-cumprimento das metas ou normas do grupo. Outras formas de controle são o isolamento temporário ou o afastamento. Desenvolvimento de um grupo de treinamento Um grupo bem diferente do grupo de solução de problema é aquele que se preocupa com o treinamento organizacional formal. Enquanto os grupos de solução de problema têm a meta específica de chegar à melhor solução para o problema em estudo, os grupos de treinamento formal têm metas vagamente definidas, em alguns casos. Os responsáveis pelo treinamento podem ter uma visão clara das metas a serem atingidas, mas os membros do grupo, frequentemente, estão incertos sobre elas. Tuckman (2005), propôs uma sequência de desenvolvimento grupal que foi aplicada primariamente aos grupos de treinamento de sensibilidade. É pressuposição de Tuckman que qualquer grupo, independentemente do tipo ou do ambiente, se entregará à execução de uma tarefa. Ao tentar executar essa tarefa, os membros do grupo se relacionarão entre si e funcionarão como uma unidade total. O padrão total das relações interpessoais é conhecido como estrutura grupal. A interação relacionada diretamente à tarefa é conhecida como atividade de tarefa. Tuckman especifica a seguinte sequência para o desenvolvimento de uma estrutura grupal. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 21 - Teste e dependência: Trata-se de uma tentativa feita pelos membros do grupo para descobrir os comportamentos interpessoais aceitáveis para o grupo. O membro depende do grupo ou de uma pessoa como guia. - Conflito intragrupal: Os membros são hostis entre si e há falta de esforço grupal unificado. - Desenvolvimento da Coesão Grupal: Os membros aceitam o grupo e as particularidades dos colegas. A harmonia tema maior importância. Relação funcional voltada para os papéis. Os membros passam a adotar papéis que facilitarão a realização das tarefas do grupo. Há também quatro fases para o desenvolvimento da atividade de tarefa. São elas: - Orientação para a tarefa: Os membros tentam identificar as tarefas e determinar o que é preciso para realizá-las. - Resposta emocional às exigências da tarefa: Os membros do grupo reagem emocionalmente à tarefa, como forma de resistência às exigências da tarefa sobre eles. - Troca livre de interpretações importantes: Este processo assume a forma de troca de opiniões, crenças e atitudes. - Surgimento de soluções: A ênfase cai nas atividades construtivas e nas interações que completam as tarefas. Embora este conceito de desenvolvimento grupal seja aplicável, antes de tudo, aos grupos de treinamento de sensibilidade, e o modelo anterior focalizasse os grupos voltados para a solução de problema, há semelhanças entre eles. Nos dois tipos de grupo, os membros tentam, inicialmente, orientar-se entre si. A ênfase dos primeiros estágios de desenvolvimento cai sobre a compreensão interpessoal. À medida que os membros dos dois tipos de grupo se tornam mais confiantes, o interesse passa a concentrar-se na realização das tarefas. Assim, ainda que os objetivos dos grupos de treinamento e de solução de problema sejam diferentes, o desenvolvimento que ocorre dentro deles é muito semelhante. O estágio de desenvolvimento é Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 22 um fator importante que deve ser considerado pelo gestor. Por exemplo, esperar que um grupo recém-formado se volte imediatamente para a tarefa é irrealismo. Qualquer grupo recém- formado está no estágio inicial de reconhecimento mútuo dos membros e não em estágio de gerar soluções. 3. DESEMPENHO GRUPAL Os gestores avaliam o desempenho grupal em termos de resultados finais. Os resultados específicos podem ser a eficiência, o número de ideias, a interação social, a amizade, a sindicalização ou a resistência de uma mudança proposta no layout físico. Há vários fatores grupais que influenciam de modo significativo o desempenho coletivo. Dois destes fatores mais importantes são o tamanho e a coesão do grupo. Tamanho do grupo O número de participantes do grupo é uma variável importante, em razão de seu impacto sobre os padrões de interação e dos recursos disponíveis para realizar as tarefas e encorajar a dedicação. Um aumento de tamanho traz consigo maiores oportunidades de interação e também mais oportunidades para integrantes "se esconderem" no interior do grupo. Há, sem dúvida, desvantagens nos grandes grupos. À medida que o tamanho do grupo aumenta, surge a possibilidade de ocorrência de subgrupos com metas específicas que, em alguns casos, são incompatíveis com as metas do grupo maior. Normalmente, o grupo maior tem também maior composição heterogênea de indivíduos. A capacidade de um melhor comportamento global torna-se mais difícil quando muitos indivíduos diferentes, com comportamentos bem singularizados, passam a trabalhar juntos. Deve haver clareza de metas, dedicação e liderança, se quisermos que o grupo seja eficaz; mas tudo isto é muito mais importante se se tratar de grandes grupos heterogêneos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 23 Em geral, surgem forças antagônicas nos grandes grupos. Algumas destas forças procuram perpetuar a consecução efetiva de metas e outras, impedi-la. Exemplo: Num estudo com grupos de solução de problema, onde havia mais de 96 membros, descobriu-se que os grupos maiores produziam mais ideias que os menores, mas a taxa de aumento ia tornando-se progressivamente menor, à medida que o grupo aumentava. Quando o tempo de geração de soluções permanece constante e o tamanho do grupo aumenta, há menos oportunidade para que cada pessoa discuta ou divulgue as próprias ideias. Portanto, parece difícil usar, de modo mais produtivo, os recursos aumentados do grupo. Aumentando o tamanho do grupo, aumenta-se também a distância entre seus membros. Sem certo grau de proximidade, é impossível haver dedicação, confiança e abertura de comunicação. Os problemas nessas áreas têm um impacto negativo no desenvolvimento do grupo. Acrescente-se a tudo isto que, nos grandes grupos informais, é mais difícil a emergência de líderes aceitáveis. Embora as pesquisas e hipóteses, sobre tamanho ideal de grupo, sejam interessantes, certamente não são conclusivas. Não há limites para se definir um grupo de tamanho ideal. O gestor deverá conhecer os perigos do aumento de um grupo, mas não deve tentar restringir o grupo a um número ideal. Coesão grupal Os grupos formais e informais parecem possuir um fechamento sobre si mesmo ou certa comunidade de atitudes, comportamento e desempenho. Este fechamento sobre si mesmo é conhecido como coesão. Geralmente a coesão é considerada uma força que age para que os membros permaneçam no grupo, força esta mais poderosa do que a força que tenta expulsar os membros do grupo. O grupo coeso, portanto, possui indivíduos que têm alguma força de atração entre si. Os membros do grupo de pequena coesão têm pequena atração. Há, naturalmente, várias fontes de atração para o grupo. O grupo pode ser atrativo porque: Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 24 - suas metas e as metas dos membros são compatíveis e claramente especificadas; - possui um líder carismático; - a reputação do grupo mostra que ele executa bem suas tarefas; - é suficientemente pequeno para permitir que seus membros tenham suas opiniões ouvidas e valorizadas pelos outros; - os membros são atrativos, no sentido de que eles se apoiam e se ajudam mutuamente para vencer os obstáculos e barreiras ao crescimento e desenvolvimento pessoal. Esses cinco fatores estão relacionados à satisfação das necessidades. Se a pessoa entra num grupo coeso, deve haver um aumento de satisfação de suas necessidades, através da filiação a esse grupo. Como os grupos muito coesos são compostos de indivíduos motivados a ficarem juntos, há uma tendência a se esperar desses grupos um desempenho eficaz. Essa lógica não é conclusivamente comprovada pela evidência empírica. Em geral, à medida que cresce a coesão de um grupo de trabalho, o nível de conformidade às normas do grupo também cresce e estas normas podem estar em desarmonia com as normas da organização. As pressões para a conformidade são mais intensas nos grupos coesos. Um membro qualquer que tenta desafiar o grupo põe em risco seu cargo ou seu status na unidade coesa. A importância da coesão grupal ficou indicada num estudo levado a cabo pelo Tavistock Institute da Grã-Bretanha. A indústria de mineração de carvão na Inglaterra, após a Segunda Guerra Mundial, introduziu várias mudanças no equipamento e nos métodos de mineração. Antes dessa nova tecnologia, os mineiros trabalhavam juntos como equipes. O grupo de mineiros cavava o carvão, lotava as carretas e as levava para estações onde esse carvão era retirado da mina. As tarefas, a proximidade física e os perigos do trabalho de mineração eram forças que levavam a um aumento das equipes coesas. As equipes davam a seus membros oportunidades de interagirem. Assim, surgiram grupos altamente coesos antes da introdução do novo equipamento.Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 25 A nova tecnologia fragmentou os grupos; as máquinas faziam algumas das tarefas antes executadas pelos mineiros. Destruiu também muitas oportunidades de socialização dos mineiros. Sem o apoio dos grupos altamente coesos e com o aumento da distância física entre os mineiros, estes começaram a baixar sua produção. Foram formados outros grupos e outras equipes, que não eram tão atraentes para os mineiros como as tradicionais equipes que trabalhavam próximas umas das outros. Este e outros estudos indicam que os grupos coesos são capazes de controlar o comportamento e o desempenho de seus membros. Se as normas de um grupo coeso forem contrárias às normais organizacionalmente aceitáveis, a administração poderá enfrentar problemas difíceis. Entre as possíveis soluções, temos a motivação grupal ou a modificação do grupo, de alguma maneira, de modo que as normas resultantes sejam mais congruentes com as da organização. Um dos estudos mostrou que os membros dos grupos coesos eram: 1. menos nervosos que seus correspondentes dos grupos menos coesos; 2. mais inclinados a se sentirem apoiados; 3. menos preocupados com as condições de trabalho e com as normas e políticas do que os membros dos grupos menos coesos. Havia também menor variabilidade de produção entre os membros dos grupos mais coesos. 4. RELAÇÕES INTERGRUPAIS Uma organização é uma série de grupos inter-relacionados, operando nos vários níveis hierárquicos. Por isso, alguns pesquisadores sugerem que o estudo de todas as interações grupais ou organizacionais, das relações a níveis macro, assim como todas interações individuais, a níveis micro, devem ser feitos com uma compreensão da afiliação maior que esses grupos têm. Por exemplo, para compreender bem o comportamento e o desempenho de um departamento numa organização específica, é preciso conhecer suas interações com os outros departamentos dentro da organização, assim como as interações entre a organização e outras empresas de seu Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 26 ambiente. Sempre que houver uma interação entre dois grupos, forma-se uma interface, a qual cria um novo contexto dentro do qual os grupos precisam ser compreendidos. Um fator importante do atingimento de metas organizacionais é a extensão em que os grupos, tanto formais como informais, veem suas metas como congruentes com as da organização. Essa é uma das bases para a cooperação e a colaboração. 4.1 CONFLITO INTERGRUPAL Se refere as divergências ou discordâncias entre os membros ou representantes de dois ou mais grupos, quanto a autoridade, metas, territórios ou recursos. O conflito pode ocorrer devido a uma série de razões: disputa de papéis, escassez de recursos, mal entendidos, diferenciação de tarefas e orientações diferentes em relação a tempo, estrutura e relações interpessoais. Entretanto, esse conflito entre grupos não é necessariamente disfuncional ou ruim. Na verdade, a falta de qualquer conflito pode ser indício da exclusão sistemática de certas informações, ou de pensamento grupal. O conflito pode levar a ideias sobre novas abordagens aos processos organizacionais, o aparecimento de problemas antigos que podem ser resolvidos, a oportunidade para pessoas porem a prova suas capacidades, e ao interesse e criatividade ao lidar com problemas da organização. Esse conflito se torna negativo, quando as pessoas começam a se sentir derrotadas, quando se desenvolve um clima de desconfiança e suspeita, quando a resistência passa a ser a norma e a cooperação passa a ser exceção, e quando as pessoas se colocam na defensiva. Assim, para entender o conflito entre grupos é preciso analisar o seu processo causal. Primeiro, há condições preliminares que criam potencial para o conflito, como por exemplo, a escassez de recursos. Isso pode levar a certas sensações ou estados emocionais (frustração, tensão, estresse), que são projetados nos outros grupos da organização. Essas emoções são então externadas através de diversos comportamentos, que vão da resistência passiva, não verbal, até atos declaradamente agressivos. Quanto maior e mais intenso for esse processo, maior será a probabilidade de o conflito em questão ser disfuncional para a organização. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 27 4.2 A ADMINISTRAÇÃO DO CONFLITO INTERGRUPAL Até certo ponto, os conflitos entre grupos nas organizações são algo inevitável. Em virtude da diferenciação que existe nas organizações complexas da atualidade, a integração e coordenação de diversos grupos podem ser difíceis. Por isso, ao invés de analisar como seria a resolução desses conflitos, é mais realístico a análise dos modos de se lidar com conflitos: • Evitar: Uma abordagem não-assertiva e não-cooperativa, na qual ambos os grupos negligenciam as preocupações envolvidas, desviando-se da questão ou adiando o conflito, optando por não tratar de resolvê-lo. • Competir: Um modo dissertivo, não-cooperativo, no qual cada grupo tenta atingir suas próprias metas às custas do outro, através de discussão, uso da autoridade, ameaças ou mesmo força física. • Acomodar: Uma posição não assertiva, cooperativa, na qual um grupo procura resolver os problemas do outro, negligenciando suas próprias preocupações ou metas. • Comprometer-se: Uma abordagem intermediária, na qual se busca uma satisfação parcial através de uma posição neutra, que envolva sacrifício mútuo. Esta situação é, assim, intermediária entre a assertividade e a cooperatividade, porque cada grupo faz algumas concessões, mas também recebe algumas concessões do outro. • Colaborar: Um modo assertivo e cooperativo de se atender aos anseios de ambos os grupos. Essa satisfação mútua envolve a concordância em se enfrentar o conflito, identificar as preocupações de cada um dos grupos e solucionar problemas para encontrar alternativas que satisfaçam a ambos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 28 Cada um desses modos é usado numa ocasião ou em outra, e a adequação do estilo depende da natureza da situação. Isso pode levar a um conhecimento mais profundo, um compromisso mais sólido e uma visão melhor dos diferentes pontos de vista. O importante é que o conflito entre grupos deve ser visto como um processo natural, que surge a partir da atividade cotidiana de grupos dentro das organizações, e que pode ser resolvido de diversos modos diferentes. Fonte:< http://4.bp.blogspot.com/-KnhPJ2GNLR0/T3tWO2binWI/AAAAAAAAADI/jh-GGNnxsmo/s1600/perfil-e-valores.jpg>. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 29 CAPÍTULO 3 – INDIVÍDUO, PAPÉIS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS Fonte: <http://revistaculturacidadania.blogspot.com.br/2012/04/artigos-comunicacao-e-as-interacoes_19.html>. O ser humano é um ser social, isto é, ele tem necessidade de viver em grupo. O grupo por sua vez terá entre seus integrantes características culturais comuns, como idioma, medo de se vestir, religião, entre outros aspectos culturais. O grupo e a sociedade e os seus integrantes são os indivíduos. A sociedadeé formada por indivíduos, estes por sua vez tiveram seu caráter, sua cultura e sua personalidade moldada pela sociedade. Este é o papel da sociedade, moldar o indivíduo. A sociedade é subdividida em grupos sociais, dentre eles se destacam a família e a escola. A família é o principal grupo social, é ela que vai ser a base da formação do indivíduo. Por exemplo, quando um casal tem um filho é papel dos pais da criança ensiná-la o certo e o errado, o bom e o ruim etc. Mas também os pais dessa criança servirão como modelo. É a maneira como os pais da criança se relacionam e como se relacionam com ela, que definirá a personalidade da criança. A escola prepara o indivíduo para o mundo, tornando-o consciente de seus direitos e deveres. A escola também ensinará a esse indivíduo conhecimentos práticos, que dependendo do aproveitamento desses conhecimentos pelo indivíduo, poderá torná-lo em um profissional de papel fundamental para sociedade. Portanto, após todo esse contato com esses grupos sociais e com outros, e dependendo das escolhas desse indivíduo, definirá qual será o caráter do indivíduo e o seu papel na sociedade. Pois assim como a sociedade molda o indivíduo, o indivíduo vai moldando sua sociedade. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 30 1. INTERAÇÃO SOCIAL Na vida quotidiana os indivíduos relacionam-se uns com os outros, com os seus familiares, amigos, colegas de trabalho etc. Mas também se estabelece outro tipo de relacionamentos mais esporádicos, por exemplo, no cinema. Deste modo, os indivíduos estão constantemente a agir e reagir com aqueles que nos rodeiam. Este processo de relacionamento dos indivíduos uns com os outros, designa-se por interação social. Na sua vida quotidiana, os indivíduos estão sempre em interação uns com os outros, expressando as suas reações por palavras ou através de formas não verbais. Muitas vezes, essas rotinas de quotidiano, com situações de interação muito semelhantes, tipificam formas de relacionamento, ou seja, padrões de interação. Os indivíduos estão, assim, envolvidos em padrões de interação no decurso da vida quotidiana, que se desenrolam em vários espaços – habitação, escola, rua etc. Estes padrões de interação constituem a base de estruturação da sociedade, pois a vida organiza-se em torno da repetição das interações. Mas, por outro lado, estas interações também contribuem para a construção social da realidade, na medida em que os indivíduos, agindo e tomando decisões de forma criativa, podem contribuir para transformar a realidade social. Os relacionamentos que os indivíduos estabelecem não são todos do mesmo tipo, correspondendo a situações de interação diferentes. Com efeito, a interação social tanto pode implicar um envolvimento direto dos indivíduos, como também se pode desenrolar entre pessoas que, estando no mesmo local não estabelecem comunicação direta. Por outro lado, os espaços onde ocorrem as interações também podem ser diferentes. Assim, podemos travar conhecimento com outras pessoas em situação de caráter: - Formal – Exemplo: sala de aula ou local de trabalho - Informal – Exemplo: transportes públicos ou num espetáculo Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 31 2. A INTERAÇÃO NO TEMPO E NO ESPAÇO A interação social ocorre sempre em um determinado espaço e tem uma duração específica de tempo. 2.1 GRUPOS SOCIAIS Grupo social é o conjunto de indivíduos que pelo fato de partilharem entre si objetivos e interesses, interagem de uma forma regular e duradoura. Essa vivência em comum leva a que o grupo construa uma estrutura e identidades próprias e a que os seus membros desenvolvam um sentimento de pertença ao grupo. A identidade do grupo é, muitas vezes, expressa pelas atitudes e condutas semelhantes partilhadas pelos seus membros, ou seja, os membros de um grupo tem uma certa unidade na forma de pensar, de agir e de reagir. A estrutura de um grupo, em alguns casos, pode levar à criação de regras próprias e de sanções (pressões psicológicas) para os seus membros que violem as regras estabelecidas. Características de grupos sociais: - Objetivos comuns - Identificação - Normas e valores - Relações mútuas - Estrutura - Diferenciação de papéis - Duração Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 32 Grupo de pertença e grupo de referência CRITÉRIOS CATEGORIAS CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS Posição do indivíduo face ao grupo Grupo de Pertença Grupo de Referência Natureza de relacionamento entre os membros do grupo Grupo Primário Grupo Secundário Função social desempenhada Família Empresa Partido Político Clube Desportivo Igreja Nas sociedades atuais encontramos uma grande diversidade de grupos, o que significa que os indivíduos no decurso da sua vida social, participam em grupos sociais de diferentes tipos e dimensões – família, escola, grupos de amigos, empresa etc. – e alguns deles em simultâneo. Grupos de pertença – grupos em que os indivíduos efetivamente pertencem. Grupo de referência – grupos com os quais os indivíduos tentam se identificar, de uma maneira consciente ou inconsciente. Os indivíduos podem ser influenciados pelas características de grupos a que não pertencem, nomeadamente porque consideram que estes defendem valores que gostariam de partilhar ou porque associam os seus membros a uma posição social superior à sua. Por vezes o grupo de referência pode ser o grupo de pertença do próprio indivíduo. Os grupos sociais e o processo de socialização Os grupos sociais a que os indivíduos pertencem desempenham um papel fundamental no processo de socialização, na medida em que os indivíduos vão aprendendo os valores, as atitudes e as regras de conduta que lhe estão associados. No entanto, os indivíduos podem também ser socializados por intermédio dos grupos de referência, identificando-se com os padrões que associam a estes grupos. Neste caso, estão a realizar uma forma antecipada, a integração nos grupos a que aspiram vir a pertencer, estão a Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 33 realizar uma socialização por antecipação, ou seja, é um processo de autossocialização, em que o ator social interioriza os valores e assume os comportamentos próprios de um grupo social a que ambiciona pertencer. 3. PAPEL E ESTATUTO SOCIAL Os indivíduos, ao longo da vida, pertencem a diferentes grupos, desempenhando neles funções diferentes. A essas funções estão associados determinados tipos de comportamentos que devem ser seguidos por todos aqueles que desempenham essa função, podendo assim falar-se de um modo de comportamento associado a uma função, independentemente dos indivíduos que a desempenham no concreto. Papel social Comportamento que a sociedade espera por parte de um indivíduo, que ocupa uma determinada função. Os papéis sociais, isto é, as expectativas de comportamento, são socialmente definidos. Deste modo, é através do processo de socialização que os indivíduos aprendem os modos de comportamento esperados, associados a uma determinada função. Os papéis sociais são múltiplose estão associados a funções que correspondem a posições sociais diferenciadas. Estatuto social Posição social que um indivíduo ocupa em um determinado grupo social. O estatuto social compreende, assim, um conjunto de direitos e deveres associados a uma determinada posição social. Os indivíduos ocupam posições diferentes nos grupos sociais a que pertencem, às quais correspondem direitos e deveres próprios, ou seja, estatutos diferenciados. Por outro lado, ao longo da sua vida os indivíduos vão alterando os seus estatutos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 34 Os indivíduos ocupam, assim, em simultâneo, vários estatutos resultantes das diferentes posições que ocupam. O conjunto destas posições sociais ocupadas pelos indivíduos confere-lhe um estatuto social geral, do qual ocorre a sua avaliação social. Estatuto atribuído e estatuto adquirido Estatuto atribuído – posições ocupadas independentemente da vontade dos indivíduos, que lhe são impostas. Estatuto adquirido – posições ocupadas por opção individual O processo de interação social pode ser analisado como um jogo entre papéis e estatutos sociais, pois os estatutos que os indivíduos ocupam condicionam os seus comportamentos e a forma como interagem uns com os outros. No desempenho de um papel social são esperados determinados tipos de comportamentos e, por sua vez, o ator social que o desempenha possui um conjunto de direitos e deveres, ou seja, um estatuto social, que espera ver respeitado. Neste sentido, os indivíduos aprendem as condutas mais apropriadas para expressar as relações existentes entre pessoas que ocupam diferentes posições sociais. Na vida quotidiana, a interação social assenta neste jogo de expectativas socialmente construídas relativamente aos papéis desempenhados e aos estatutos sociais que ocupamos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 35 4. PAPÉIS SOCIAIS, HARMONIA E CONFLITO NO AMBIENTE EMPRESARIAL: REFLEXÕES SOCIOLÓGICAS A PARTIR DA OBRA DE ERVING GOFFMAN 1 Cristiano das neves Bodart2 RESUMO A partir da obra “A representação do Eu na vida cotidiana”, de Erving Goffman, são realizadas algumas reflexões sociológicas em torno das representações sociais realizadas no ambiente empresarial. Objetiva-se colaborar para a compreensão desse jogo de representações que envolvem empresários, colaboradores e clientes inseridos nesse ambiente marcado por conflitos e por busca de harmonias social. Palavras-chave: Papel Social; Jogo Representativo; Ambiente Empresarial. INTRODUÇÃO A obra de Goffman “A representação do eu na vida cotidiana”, publicada originalmente em 1975, trouxe uma grande colaboração para a Sociologia, especialmente para a micro- sociologia. Por meio desta obra, Goffman apresentou o jogo político que marca as representações sociais do cotidiano. Essa perspectiva é fortemente influenciada pelas contribuições de sociólogos alemães, como Max Weber e Alfred Schutz. Para tais teóricos, o ciência não pode se apartar do exame estrito das experiências reais. Schutz (1973), apresentou que as nossas ações sociais são motivadas por fenômenos sociais que nos cerca e por nossa capacidade de refletir sobre elas que é possível devido ao estoque de experiências passadas. O presente artigo parte dos apontamentos sociológicos de Erving Goffman para a compreensão das representações dos papéis sociais. Objetiva-se aqui repensar tais apontamentos sob o propósito de compreender os jogos representativos existentes no ambiente empresarial. Acredita-se que tal esforço corrobora para que empresários, colaboradores e clientes tornem-se 1 Revista Foco. 5º edição. Abril de 2012. ISSN 1981-223X. 2 Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo/USP. Professor de Sociologia, Filosofia e Ética da Faculdade Novo Milênio-Vila Velha/ES. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 36 conscientes da existência dos jogos de representações que marcam esse ambiente, podendo a partir daí atuar ou representar conforme as “regras” existentes. Mesmo no campo do senso comum, os indivíduos conseguem entender que são atores inseridos em um jogo de representações. Nessa direção, Bauman e May (2010, p. 23) afirmam que: Sabemos por nossas experiências que somos “o autor” de nossas ações, e que o que fazemos é efeito de nossas intenções, muito embora os resultados possam não corresponder ao que pretendíamos. Em geral agimos para alcançar um estado de coisas, seja visando possuir um objeto, receber elogios, impedir que aconteça algo que não nos agrada ou ajudar um amigo. Naturalmente, o modo como pensamos nossas ações é o modelo pelo qual damos sentido às ações dos outros. Para Bauman e May (2010, p. 23), a partir da visão do senso comum, temos a tendência de perceber tudo o que acontece como resultados intencionais de alguém, acreditando que se encontrarmos este alguém e sua motivação teremos êxitos em nossa investigação. Nessa perspectiva, por exemplo, observamos um ato criminoso e julgamos que a culpa exclusiva do crime é do indivíduo que cometeu o ato. Assim, teríamos dado a explicação cabal do fato. Esses dois autores assinalam que a Sociologia propõe outra perspectiva de análise. Quando, em vez de atores individuais em ações isoladas, toma figurações (redes de dependência) como ponto de partida de suas pesquisas, a sociologia demonstra que a metáfora comum do indivíduo dotado de motivações como chave da compreensão do mundo humano – incluindo nossos próprios pensamentos e ações, minuciosamente pessoais e privados – não é caminho apropriado para nos entender e aos outros (BOAUMAN; MAY, 2010, p. 23). Bauman e May (2010, p. 24) afirmam ainda que, “pensar sociologicamente é dar sentido à condição humana por meio de uma análise das numerosas teias de interdependência humana”. Retomando ao exemplo do ato criminoso, nessa perspectiva, para entendermos a motivação, ou ainda, as motivações, seria necessário compreender os fenômenos que estão ligados a esse ato, como a exclusão social, a estrutura familiar do “criminoso”, o contexto educacional a qual ele esteve ou não inserido, e outros fatores. Só a partir dessa leitura dessa numerosa teia a qual se insere o indivíduo é possível compreender o motivo da ação criminosa. Assim, apenas punir o criminoso, afirma a Sociologia, não solucionará o problema. Grande parte da literatura especializada em comportamento humano no ambiente empresarial está pautada no indivíduo e nas regras existente na empresa. O presente artigo busca colaborar na compreensão do comportamento do indivíduo no ambiente coorporativo tendo Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 37 como perspectiva a projeção comportamental realizada pelo indivíduo a partir dos demais indivíduos envolvidos na relação interpessoal desse ambiente. Assim, a ação deste indivíduo embora aparentemente individual é, na verdade, social. É certo que os fatores que influenciam o comportamento dos indivíduos vão além do ambiente coorporativo, uma vez que estão inseridos e interligados a outros ambientes, os quais são frutos de uma dada cultura e deum processo histórico peculiar. Assim. “existe um certo número de relações entre a estrutura da personalidade do indivíduo e a estrutura da sociedade ao qual pertence” (DIAS, 2001, p.39). Devido à abrangência de tais fatores, nos limitamos aos fatores impregnados no ambiente coorporativo onde ocorrem as relações face a face, embora não descartamos tais elementos. A Ciência da Administração tem como um de seus objetos de estudo a interação humana que ocorre no ambiente organizacional. Muitas críticas realizadas a Administração Científica, desenvolvida por Taylor, remetem à questão da sua busca em “domesticar o homem”, como se fosse uma das máquinas do processo produtivo. Para Dias (2001, p. 29): [...] pesquisador na Ciência da Administração tem que compreender que a neutralidade da análise do objeto de estudo é impossível, pois na condição de ser humano, suas observações influenciarão e serão influenciadas. Ignorar esta realidade é ignorar uma variável fundamental de sua pesquisa, o que a tornará, paradoxalmente, menos científica. Outra questão importante é que o ser humano deve ser visto em sua complexidade, como influenciador e influenciado pelo meio, embora com muitas peculiaridades marcadas pelas experiências passadas. Nesse sentido, a Administração como “ciência social”, em “parceria” com outras ciências sociais, seja capaz de realizar um estudo compreensivo da organização de modo geral, incluindo os estudos da interação humana que parece ser um ponto central do atual paradigma (DIAS, 2001, p. 31). Este artigo busca corroborar, a partir de um aporte sociológico, para a compreensão do ambiente organizacional, sobre tudo ao entendimento dos administradores, colaboradores e empresários referente ao ambiente a qual estão inseridos. Este artigo se divide em quatro seções. A primeira trata-se desta introdução. Na segunda seção é realizada uma breve exposição e discussão em torno dos conceitos adotados neste trabalho. Na terceira seção é realizada uma abordagem em torno das representações de papéis sociais desempenhados nos ambientes organizacionais, buscando apontar a importância de compreensão dos jogos que marcam as representações indivíduos inseridos nesse ambiente. Por Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 38 fim, na quarta seção são realizadas algumas considerações finais referentes às questões abordadas neste artigo. 4.1 APORTES CONCEITUAIS EM TORNO DAS REPRESENTAÇÕES DE PAPÉIS SOCIAIS Assim como Goffman (1985), tomaremos a perspectiva teatral para explicar as representações sociais que definem o papel social assumido pelo indivíduo. Para Schutz (1973, p.49), o indivíduo traça seu projeto de ação futura de acordo com sua experiência passada, o que lhe indicará como atuar em determinadas circunstâncias, compreende-se que toda a as ações racionais são sempre uma representação relacionada com o passado e com o presente e que busca projetar uma ação mais adequada no futuro, ou seja, representar papéis sociais adequados a circunstância a fim de reduzir os possíveis conflitos nas relações sociais atuais e projetar condições desejáveis as ações futuras. Por papéis sociais podemos, grosso modo, definir como sendo as representações de personagens que criamos e recriamos de acordo com as relações sociais que mantemos em nossa vida cotidiana, com o cenário, com as nossas experiências anteriores e nossas expectativas futuras, o que Schutz (1989) chamou de “contexto significativo” (Sinnzusammenhang). Assim, ao longo do dia representamos diferentes papéis sociais de acordo com a situação que vivenciamos. Em casa representamos o papel de marido ou de filho, mas ao sair para comprar pão aquele papel anterior não mais será representado. Nesse instante o papel a ser representado será o de consumidor. Para cada situação um papel social diferentemente representado o indivíduo. No ambiente de trabalho os indivíduos tendem a esperar uns dos outros um determinado comportamento, assim como tendo consciência dessa exigência tenderão a atuar em conformidade com o esperado. Ou seja, se o indivíduo empregado, se comportará como subordinado ao patrão ou/e a gerência. A noção de representação social não é de domínio exclusivo de uma única ciência. Ela permeia os estudos da Sociologia, da Psicologia Social, assim como da Antropologia Social. De acordo com Alexandre (2001, p. 111): Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 39 A origem da expressão ‘representação social’ é européia. Ela remete ao conceito de representação coletiva de Émile Durkheim, por longo tempo esquecido, que Serge Moscovici retomou para desenvolver uma teoria das representações sociais no campo da Psicologia Social. Foi Serge Moscovici quem primeiro mencionou a expressão representação social, apresentada em seu estudo sobre a representação social da psicanálise, realizado na década de 1950 e intitulado Psychanalyse: son image et son publique. De acordo com Goffman, nós representamos papéis sociais conscientes e também inconscientemente. Para ele, “as tradições de um papel pessoal levá-lo-ão a dar uma impressão deliberativa de determinada espécie, e, contudo é possível que não tenha, nem consciente nem inconscientemente, a intenção de criar tal impressão” (GOFFMAN, 1999, p. 15) Um Administrador ao atuar na empresa pode está transmitindo uma impressão aos demais colaboradores como um profissional rígido [diferente de seu comportamento fora do ambiente de trabalho] sem, contudo, ter consciência dessa atuação. A representação social pode ser entendida como sendo: [...] fruto do sociocultural, esferas que se interligam através dos significados partilhados. Reconhece-se a existência da subjetividade, mas ela só se constrói e se consolida mediante as relações que se estabelecem entre os diferentes atores sociais que compõem um determinado grupo, isto porque existe uma significação construída, que lhes é comum (CAVEDON, 2003, p. 102). Para efeito de melhor compreensão e maior familiaridade das ideias desenvolvidas por Goffman (1985), assim como o entendimento de que forma são produzidos os papéis sociais no ambiente empresarial, será adotada a mesma perspectiva teatral utilizada por este autor. Assim para o conceito sociológico “papéis sociais” será usado o termo “representações”, no lugar “indivíduo” será utilizado a palavra “ator”, para o “ambiente” será utilizado “cenário”, para “observadores” adotaremos o termo “plateia”. 4.2 REPRESENTAÇÕES DE PAPÉIS SOCIAIS NO AMBIENTE EMPRESARIAL A multiplicidade de papéis que o indivíduo representa em sua vida cotidiana dependerá dos demais atores envolvidos na interação social, do tipo e disposição do cenário e da plateia que o cerca. De acordo com Max Weber (1957 apud CHUTZ, 1989, p. 46), o indivíduo realiza uma dada ação sempre consciente da existência do outro, sendo esse outro, quase sempre, levado em conta para projetar e realizar ou não a ação pensada. De acordo com Goffman (1985, p.9), “o Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 40 papel que um indivíduo desempenha é talhado de acordo com os papéis desempenhados pelos outros presentes”, assim, a presença de uma gerência comprometida com a empresa poderá induzir os demais colaboradores a atuarem como profissionais mais dedicados as suas tarefas3. De outra forma, o colaborador
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