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Jean-Paul Sartre: Vida e Obra

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Jean-Paul Sartre
• Sartre nasceu em Paris em 21 de junho de 1905.
• Nasceu em família composta por pai católico e mãe
protestante. A relação de Sartre com a religião sempre foi
muito crítica.
• O pai morreu muito jovem fazendo com que Sartre fosse criado
por seu avô, pessoa ligada à literatura, de normas bastante
rígidas e de severos costumes religiosos.
• Foi dentro desse contexto familiar que Sartre desenvolveu
grande rejeição aos costumes da classe média e a qualquer tipo
de religião.
• Sartre queria se libertar tanto dos preceitos impostos pela
burguesia, quanto do olhar restritivo e dogmático religioso.
 
Jean-Paul Sartre
• Sartre descreveu assim o seus primeiros passos como ateu:
“Um dia, entreguei ao professor uma composição francesa sobre
a Paixão; ela fizera as delícias de minha família e minha mãe e
copiara de seu punho. Só obteve medalha de prata. Esta
decepção me afundou na impiedade. [...] Durante muitos anos
ainda, entretive relações públicas com o Todo-Poderoso; na
intimidade, deixei de frequentá-lo. Uma só vez experimentei a
sensação de que Ele existia. Eu brincava com fósforos e
queimara um pequeno tapete; estava dissimulando meu crime,
quando de súbito Deus me viu, senti Seu olhar dentro de minha
cabeça e sobre minhas mãos; eu rodopiava pelo banheiro,
horrivelmente visível, um alvo vivo. A indignação me salvou:
enfureci-me contra tão grosseira indiscrição, blasfemei,
murmurei como meu avô: ‘Maldito nome de Deus, nome de
Deus, nome de Deus’. Nunca mais Ele me contemplou”.
Jean-Paul Sartre
• Em um mundo sem Deus, a literatura tornou-se para o menino
Sartre o valor supremo. O ateísmo e o gosto pela literatura são
dois traços que acompanham Sartre por toda a sua vida.
• Sua mãe casa novamente quando Sartre completa 12 anos de
idade. Esse casamento força a mudança de cidade que só será
revertida aos 19 anos quando Sartre ingressa no curso de
filosofia, retornando à Paris.
• No período de faculdade entrou em contato com o pensamento
de Marx e do comunismo. Essa terceira influência também foi
determinante para o caminho de Sartre.
• Não só o marxismo o influenciou mas toda a atmosfera
existencialista e fenomenológica que dominava a Europa no
início do século XX. Portanto, o trabalho de filosófico de
Sartre está impregnado dessas três dimensões: literatura,
ateísmo e política – ora como comunismo, ora como
Jean-Paul Sartre
• Por meio do pensamento de Kierkegaard, Sartre encontra o
caminho de crítica às tradições burguesas. Assim como
Kierkegaard, Sartre via no mundo burguês costumes gratuitos
e sem vínculo com a existência na sua vida mais própria. Na
visão de Sartre a burguesia representava uma classe perdida e
com os dias contados.
• Desse modo ele tenta unir o marxismo com o saber
existencialista estabelecido por Kierkegaard, além da
fenomenologia husserliana, que vai posteriormente influenciar
seus escritos.
• A ideia de consciência como ato intencional surpreende Sartre.
A partir do estudo de Husserl, o trabalho sartriano ganha um
tom mais técnico e menos literário. Sua filosofia começa a
operar a ideia de que o consciência é fluxo de encontro com
mundo.
Jean-Paul Sartre
• Pode-se identificar a obra sartriana dividida em literária e
filosófica. As principais delas são:
 obras literárias obras filosóficas
A náusea Idade da razão
O muro A transcendência do ego
O quarto Ser e o nada
Erostrato
Intimidade
A infância de um chefe
Entre quatro paredes
Jean-Paul Sartre
• Sua principal obra filosófica foi O ser e o nada.
• Essa obra funciona como uma síntese do seu pensamento até o
momento em que foi escrita, em 1943. O texto é bastante
extenso – cerca de 700 páginas – e está dividido em 5 partes:
1. O problema do nada – pensa o modo como a consciência
tem a capacidade de se relacionar com o nada.
2. O ser-para-si – analisa a realidade humana como
relacionada com a noção de radical liberdade.
3. O ser-para-o-outro – descreve as relações do para-si com
os outros para-si, isto é, relações humanas.
4. Ter, fazer e ser – faz uma análise da ação para abordar a
questão fundamental da liberdade.
5. Conclusão – tenta estabelecer coordenadas para a
elaboração de uma moral existencialista.
Jean-Paul Sartre
• Sartre trabalha a partir do modelo de dois tipos de seres: o ser
da consciência e o ser das coisas materiais. O primeiro chama
de ser-para-si e o segundo de ser-em-si.
• Para Sartre o ser-para-si não é, ele apenas existe. Ao passo que
o ser-em-si, de fato, é.
• O para-si tem a característica de existente pois ele é marcado
pelo nada como elemento que essencialmente o constitui. Esse
vazio posto pelo nada torna o para-si livre.
• Na primeira parte de Ser e o nada Sartre busca mostrar como a
consciência nadifica a realidade, isto é, na medida em que ela é
marcada pelo vazio do nada ela se relaciona com o em-si de
forma a inserir nele tal negatividade. Em relação a isso, um
longo trecho desse texto é bem claro:
Jean-Paul Sartre
• “Quando entro no café a procura de Pierre, há uma organização sintética
de todos os objetos no café num fundo contra o qual Pierre deve
aparecer. A organização do café em fundo é uma primeira niilização.
Cada elemento na sala, pessoa, mesa, cadeira, tenta se isolar e alçar-se
em relevo contra o fundo formado por todos os outros objetos mas torna
a cair na indiferenciação do fundo e se dissolve nele [...]; eu testemunho
o desaparecimento sucessivo de todos os objetos diante dos meus olhos,
particularmente os rostos que atraem minha atenção por um momento
(será Pierre?) e depois imediatamente se desintegram porque não são o
rosto de Pierre [...]. Isso não significa que descubro sua ausência em
Jean-Paul Sartre
• A consciência vê a ausência justamente porque ela é aberta
essencialmente ao nada. A consciência traz o nada ao mundo.
Ao experimentar-se como esse vazio ela se depara com a
angústia própria de ter que escolher; de ser obrigado a optar
por diversas opções que se abrem diante de si como
possibilidades.
• Essa angústia de ter de escolher revela a responsabilidade da
consciência diante de sua própria liberdade.
• Esse caráter duro da existência revela um outro caminho
possível a ser tomado pela consciência: a má-fé, isto é, tomar-
se como sendo determinado e justificado em sua essência.

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