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4. Ane´is e Corpos Neste capı´tulo apresentaremos os aspectos elementares da teoria de ane´is e corpos. 4.1 Definic¸a˜o e exemplos Definic¸a˜o 4.1.1. Seja A um conjunto na˜o vazio onde esta´ definida duas operac¸a˜o entre pares de A, denotadas por, ⊕ : A×A −→ A (x, y) 7−→ x⊕ y. e ⊖ : A× A −→ A (x, y) 7−→ x⊖ y. Dizemos que a terna (A,⊕ ,⊖) e´ um anel se as seguintes propriedades sa˜o va´lidas. Para todo x, y, z ∈ A temos que: A1) x⊕ (y ⊕ z) = (x⊕ y)⊕ z (associativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕). A2) x⊕ y = y ⊕ x (comutativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕) A3) ∃ 0A ∈ A tal que x ⊕ 0A = x (existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o ⊕). A4) ∀ x ∈ A existe x′ ∈ A tal que x⊕ x′ = 0A (existeˆncia do elemento sime´trico da operac¸a˜o ⊕). A5) x⊖ (y ⊖ z) = (x⊖ y)⊖ z (associativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊖). A6) x ⊖ (y ⊕ z) = (x ⊖ y) ⊕ (x ⊖ z) e (x ⊕ y) ⊖ z = (x ⊖ z) ⊕ (y ⊖ z) (distributividade a` esquerda e a` direita). Se o anel (A,⊕ ,⊖) satisfaz a propriedade: 103 104 A7) ∃ 1A ∈ A com 1A 6= 0A tal que x ⊖ 1A = 1A ⊖ x = x (existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o ⊖) dizemos que (A,⊕ ,⊖) e´ um anel com unidade. Se o anel (A,⊕ ,⊖) satisfaz a propriedade: A8) x⊖ y = y ⊖ x, dizemos que (A,⊕,⊖) e´ um anel comutativo. Se o anel (A,⊕ ,⊖) satisfaz propriedade: A9) x ⊖ y = 0A =⇒ x = 0A ou y = 0A , dizemos que (A,⊕,⊖) e´ um anel sem divisores de zero. Se (A,⊕ ,⊖) e´ um anel comutativo, com unidade e sem divisores de zero , dizemos que (A,⊕,⊖) e´ um anel de integridade ou domı´nio de integridade ou simplismente domı´nio. Finalmente, se um domı´nio de integridade (A,⊕ ,⊖) satisfaz a propriedade: A10) ∀ x ∈ A com x 6= 0A existe y ∈ A tal que x ⊖ y = 1A , dizemos que (A,⊕,⊖) e´ um corpo. Saiba Mais: Para mias detalhes da teoria de ane´is ver refereˆncia [1]. Com o objetivo de simplificar as notac¸o˜es, em alguns casos usare- mos A em vez de (A,⊕,⊖) para denotar o anel. Usaremos tambe´m, em alguns casos, a notac¸a˜o x + y em vez de x ⊕ y e xy em vez de x ⊖ y para representar o resultado de x operado com y no sentido de cada operac¸a˜o. Exemplo 4.1.1. Se a operac¸a˜o e´ dada por x⊕ y = x+ y e x⊖ y = x · y enta˜o os seguintes conjuntos (Z,+, ·), (Q,+, ·), (R,+, ·) e (C,+, ·) sa˜o ane´is de integridade. E com excec¸a˜o de Z, todos sa˜o corpos. Exemplo 4.1.2. O conjunto mZ = {km | k ∈ Z} com m > 1, munido das operac¸o˜es usuais + (soma) e · (multiplicac¸a˜o), e´ anel comutativo, sem unidade e sem divisores de zero. 105 Exemplo 4.1.3. O conjunto (Zm,+, ·) com m > 1 e´ anel comutativo com unidade. Ale´m disso, se m e´ primo enta˜o Zm e´ corpo. Exemplo 4.1.4. Considere em Z as operac¸o˜es ⊕ e ⊖ dadas por: x⊕ y = a+ b− 1 e x⊖ y = 1. Mostre que (Z,⊕) e´ anel comutativo. De fato: A1) Associativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕ : Temos que x⊕ (y ⊕ z) = x⊕ (y + z − 1) = x+ y + z − 1− 1 = x+ y + z − 2. Por outro lado (x⊕ y)⊕ z = (x+ y − 1)⊕ z = (x+ y − 1 + z − 1 = x+ y + z − 2. Portanto e´ associativa. A2) Comutativa: x ⊕ y = x + y − 1 = y + x − 1 = y ⊕ x, portanto e´ comutativa. A3) Existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o ⊕: x⊕ 0A = x =⇒ x+ 0A − 1 = x =⇒ 0A = 1. Portanto 0A = 1 e´ o elemento neutro. A4) Existeˆncia do elemento sime´trico: x⊕ a′ = 0A =⇒ x + a′ − 1 = 1 =⇒ a′ = 2− x. Portanto, dado x seu sime´trico e´ a′ = 2− x. A5) Associativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊖ : Temos que x⊖ (y ⊖ z) = x⊖ 1 = 1. Por outro lado, (x⊖ y)⊖ z = 1⊖ z = 1. Portanto e´ associativa. 106 A5) Distribuitiva a` esquerda e a` direita : Temos que 1 = x⊖ (y ⊕ z) = (x⊖ y)⊕ (x⊖ z) = 1⊕ 1 = 1 + 1− 1 = 1. e 1 = (x⊕ y)⊖ z = (x⊖ z)⊕ (y ⊖ z) = 1⊕ 1 = 1 + 1− 1 = 1. Portanto e´ associativa. Portanto (Z,⊕,⊖) e´ um anel. Ale´m disso, e´ fa´cil verificar que (Z,⊕,⊖) e´ comutativo, mas sem unidade e com divisores de zero. Exemplo 4.1.5. Considere o conjunto das matrizes com n linhas e n colunas com entradas reais, denotada por Mn×n(R) = {a = (aij) |aij ∈ R e i, j = 1, 2, · · · , n}. Defina as operac¸o˜es em Mn×n(R) dadas por: a⊕b = a+b = (aij+bij) e a⊖b = a·b = (cij) onde cij = n∑ k=1 aikbkj, (i, j = 1, 2, · · · , n). Mostre que (Mn×n(R),⊕,⊖) e´ anel. Com efeito: A1) Associativa: Temos que a⊕ (b⊕ c) = a⊕ (bij + cij) = (aij + bij + cij) Por outro lado (a⊕ b)⊕ c = (aij + bij)⊕ c = (aij + bij + cij). Portanto e´ associativa. A2) Comutativa: a ⊕ b = (aij + bij) = (bij + aij) = y ⊕ x, portanto e´ comutativa. A3) Existeˆncia do elemento neutro: a⊕0A = a =⇒ (aij+0ij) = (aij) =⇒ aij+0ij = aij =⇒ 0ij = 0 ∀ i, j. 107 Portanto, 0A = (0) = 0 · · · 0 0 . . . 0 . . . · · · ... 0 · · · 0 (matriz nula) e´ o elemento neutro. A4) Existeˆncia do elemento sime´trico da operac¸a˜o soma: Temos que a⊕a′ = 0A =⇒ (aij+a′ij) = (0) =⇒ aij+a′ij = 0 =⇒ a′ij = −aij ∀ i, j. Portanto, dado a seu sime´trico e´ (a′ij) = −a11 · · · −a1n −a21 . . . −a2n . . . · · · ... −an1 · · · −ann . A5) Associativa: a⊖ (b⊖ c) = a(bc) = (ab)(c) = (a⊖ b)⊖ c. Portanto e´ associativa (caro leitor fac¸a os detalhes da afirmac¸a˜o). A6) Distributiva a` esquerda e a` direita: Temos que a⊖ (b⊕ c) = a(b + c) = (ab) + (ac) = (a⊖ b)⊕ (a⊖ c) e (a⊕ b)⊖ c = (a+ b)c = (ac) + (bc) = (a⊖ c)⊕ (b⊖ c). Portanto e´ distributiva (caro leitor fac¸a os detalhes da afirmac¸a˜o). A7) Existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o multiplicac¸a˜o: Defina 1A = In onde In e´ matriz identidade dada por 1A = In = 1 0 · · · 0 0 1 · · · 0 . . . 0 . . . . . . 0 · · · 0 1 donde a⊖ 1A = aIn = Ina = 1A ⊖ a = a 108 Portanto (Mn×n,+, ·) e´ um anel com unidade. Observac¸a˜o 4.1.1. Como vimos no capı´tulo 3 o anel (M2×2,+, ·) na˜o e´ comutativo. ´E fa´cil ver, tambe´m que (M2×2,+, ·) possui divisores de zero. Exemplo 4.1.6. Seja A := F(R) = {f : R −→ R }. Defina as operac¸o˜es em A dadas por: para todas f, g ∈ F e para todo x ∈ R (f⊕g)(x) = (f+g)(x) = f(x)+g(x) e (f⊖g)(x) = (f ·g)(x) = f(x)·g(x). Mostre que (A,⊕,⊖) e´ anel comutativo com unidade. Com efeito: A1) Associativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕: (f ⊕ (g ⊕ h)) (x) = (f + (g + h)) (x) = ((f + g) + h) (x) = ((f ⊕ g)⊕ h) (x). Portanto e´ associativa. A2) comutativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕: (f ⊕ g)(x) = (f + g)(x) = (g + f)(x) = (g ⊕ f)(x). Portanto e´ comutativa. A3) Existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o ⊕: (f ⊕ 0A)(x) = (f + 0A)(x) = f(x) + 0A(x) = f(x) =⇒ 0A = 0. Portanto, o elemento neutro da operac¸a˜o ⊕ e´ func¸a˜o nula. A4) Existeˆncia do elemento sime´trico da operac¸a˜o ⊕: (f ⊕ g)(x) = 0A(x) =⇒ f(x) + g(x) = 0 =⇒ g(x) = −f(x). Portanto, dada f seu sime´trico e´ a func¸a˜o g = −f . A5) Associativa com relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊖: (f ⊖ (g ⊖ h))(x) = (f(gh)(x) = ((fg)h)(x) = ((f ⊖ g)⊖ h)(x). Portanto e´ associativa. 109 A6) Distributiva a` esquerda e a` direita: Temos que (f⊖(g⊕h))(x) = (f(g+h))(x) = ((fg)+(gh))(x) = ((f⊖g)⊕(f⊖g))(x) e ((f⊕g)⊖h)(x) = ((f+g)h)(x) = ((fh)+(gh))(x) = ((f⊖h)⊕(g⊖h))(x). Portanto e´ distributiva. A7) Existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o ⊖: Para todo x ∈ R (f ⊖ 1A)(x) = f(x) =⇒ f(x) · 1A(x) = f(x) =⇒ 1A = 1. Logo a func¸a˜o constante 1 e´ a unidade de A. A8) Comutativa com relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊖: (f ⊖ g)(x) = (fg)(x) = (gf)(x) = (g ⊖ f)(x). Portanto e´ comutativa. Portanto (F ,⊕,⊖) e´ anel comutativo com unidade. Observac¸a˜o 4.1.2. O anel (F ,⊕,⊖) possui divisores de zero. Com efeito: considere as func¸o˜es f e g na˜o nulas definidas abaixo f(x) = 0 se x ≥ 0 x2 se x < 0 e g(x) = x se x ≥ 0 0 se x < 0 Temos que f(x)g(x) = 0 para todo x, com f 6= 0 e g 6= 0. Exemplo 4.1.7. Sejam (A1,⊕1,⊖1) e (A2,⊕2,⊖2) ane´is. Sobre o pro- duto cartesiano A =A1 × A2 = {(a, b) | a ∈ A1, b ∈ A2 } considere as operac¸o˜es ⋆ e ∗, definidas por: ∀(a, b), (x, y) ∈ A1 ×A2 (a, b) ⋆ (x, y) = (a⊕1 x, b⊕2 y) e (a, b) ∗ (x, y) = (a⊖1 x, b⊖2 y). ´E facil ver que A = (A1×A2, ⋆, ∗) e´ anel, o qual e´ chamado de produto direto (externo) dos ane´is A1 e A2. 110 Proposic¸a˜o 4.1.2. Se A e´ um corpo enta˜o A e´ um anel de integridade. Prova. Sejam a, b ∈ A tal que a ⊖ b = 0A. Se a 6= 0A pelo fato de que A e´ corpo existe c ∈ A tal que c⊖ a = 1A, assim c⊖ (a⊖ b) = c⊖ 0A =⇒ (c⊖ a)⊖ b = 0A =⇒ 1A ⊖ b = 0A =⇒ b = 0A. Logo A e´ um anel de integridade. Observac¸a˜o 4.1.3. A recı´proca do resultado acima e´ falsa, pois Z e´ um anel de integridade mas na˜o e´ corpo. Proposic¸a˜o 4.1.3. Se A e´ um anel de integridade finito enta˜o A e´ corpo. Prova. Seja A = {a1, a2, · · · , an}. Para todo a ∈ A com a 6= 0A, defina a func¸a˜o f : A −→ A definida por f(ai) = a⊖ ai. 1. f e´ injetiva. De fato: se f(ai) = f(aj) =⇒ a⊖ ai = a⊖ aj =⇒ ai = aj. Portanto injetiva. 2. f e´ sobrejetiva. De fato: como f e´ injetiva e A e´ finito, portanto f e´ sobrejetiva. Sendo f uma bijec¸a˜o e como 1A ∈ A enta˜o existe ar ∈ A tal que f(ar) = 1A =⇒ a⊖ ar = 1A, ou seja, ar e´ inverso em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊖ de a. Portanto A e´ um corpo. Observac¸a˜o 4.1.4. Vimos no capı´tulo 2, que Zm para m primo e´ um anel de integridade, portanto e´ corpo. Definic¸a˜o 4.1.4. Seja (A,⊕,⊖) um anel. Um subconjunto na˜o vazio L ⊂ A e´ um subanel de A se, e somente se, 111 a) ∀ a, b ∈ L =⇒ a⊕ b ∈ L e a⊖ b ∈ L (isto e´, L e´ fechado em relac¸a˜o as operac¸o˜es ⊕ e ⊖). b) (L,⊕,⊖) e´ anel. Proposic¸a˜o 4.1.5. Seja (A,⊕,⊖) um anel. Um subconjunto na˜o vazio L ⊂ A e´ um subanel de L se, e somente se, ∀ a, b ∈ L =⇒ a⊕ b′ ∈ L e a⊖ b ∈ L onde b′ e´ o sime´trico de b em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕. Prova.(=⇒) Sejam 0A e 0L os elementos neutros em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕ de (A,⊕,⊖) e (L,⊕,⊖), respectivamente. Assim, temos 0A ⊕ 0L = 0L = 0L ⊕ 0A =⇒ 0L = 0A Considere um elemento b ∈ L e sejam b′ e b′L os elementos sime´tricos de b, em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕, respectivamente, nos ane´is (A,⊕,⊖) e (L,⊕,⊖). Assim, temos b′L ⊕ b = 0L = 0A = b′ ⊕ b =⇒ b′L = b′. Daı´, dados a, b ∈ L, temos que: a⊕ b′L ∈ L =⇒ a⊕ b′ ∈ L. E e´ claro que a⊖ b ∈ L, pois vem diretamente da hipo´tese. (⇐=) Sendo L 6= ∅, existe a ∈ L =⇒ a ⊕ a′ = 0A ∈ L. Dado b ∈ L, por hipo´tese e pela conclusa˜o anterior segue-se que 0A ⊕ b′ = b′ ∈ L. Agora, dados a, b ∈ L, temos que a, b′ ∈ L, daı´ a⊕ b = a⊕ (b′)′ ∈ L. Acabamos de provar que L e´ fechado em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊕, e por hipo´tese, L tambe´m e´ fechado em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊖. Da hipo´tese ∀ a, b ∈ L =⇒ a ⊕ b′ ∈ L, decorre que L e´ um subgrupo de (A,⊕). Logo (L,⊕) e´ grupo abeliano. Por outro lado L ⊂ A e´ fechado em relac¸a˜o a operac¸a˜o ⊖, assim ∀ a, b, c ∈ L =⇒ a, b, c ∈ A =⇒ a⊖ (b⊖ c) = (a⊖ b)⊖ c ∈ L 112 Logo L possui a propriedade associativa em relc¸a˜o a operac¸a˜o ⊖. Ale´m disso, ∀ a, b, c ∈ L =⇒ a, b, c ∈ A, daı´ a⊖ (b⊕ c) = (a⊖ b)⊕ (a⊖ c) ∈ L e (a⊕ b)⊖ c = (a⊖ c)⊕ (b⊖ c) ∈ L. Portanto (L,⊕,⊖) e´ um anel. Exemplo 4.1.8. Mostremos que (Z,+, ·) e´ um subanel de (R,+, ·). De fato: ∀ a, b ∈ Z =⇒ a + (−b) = a− b ∈ Z e a · b ∈ Z. Exemplo 4.1.9. O conjunto dos nu´meros pares (2Z,+, ·) e´ um sub- anel de (Z,+, ·), pois o conjunto dos pares e´ fechado em relac¸a˜o a subtrac¸a˜o e a multiplicac¸a˜o. Exemplo 4.1.10. Mostremos que (L,+, ·) e´ um subanel de (Z8,+, ·) onde L = {0, 4}. Devemos mostrar que para todos a, b ∈ L =⇒ a− b = a− b ∈ L e a · b = a · b ∈ L . Vamos analisar todas as possibilidades: a b a− b a− b 0 0 0− 0 0− 0 = 0 ∈ L 4 4 4− 4 4− 4 = 0 ∈ L 4 0 4− 0 4− 0 = 4 ∈ L 0 4 0− 4 0− 4 = 4 ∈ L Ale´m disso, para todo a, b ∈ L =⇒ a · b = a · b = 0 ∈ L. Portanto (L,+, ·) e´ subanel de (Z8,+, ·). Definic¸a˜o 4.1.6. Seja (A,⊕,⊖) um anel com unidade 1A. Um subanel L de A com unidade 1B e´ dito unita´rio se 1A = 1B. Exemplo 4.1.11. (Z,+, ·) e´ um subanel unita´rio de (R,+, ·), pois eles possuem a mesma unidade. 113 Exemplo 4.1.12. Mostre que L = a 0 0 0 ; a ∈ R , e´ subanel com unidade e na˜o unita´rio de (A = M2×2(R),+, ·). Com efeito: Sejam x, y ∈ L, assim existem a, b ∈ R tais que: x = a 0 0 0 e y = b 0 0 0 . Assim, x− y = a− b 0 0 0 e xy = ab 0 0 0 Portanto L e´ subanel de A. Ale´m disso, a unidade de L e´ dada por: 1L = 1 0 0 0 6= 1A = 1 0 0 1 . Logo L na˜o e´ unita´rio. 4.1.1 Exercı´cios 1. Considere as operac¸o˜es em ⊕ e ⊖ em Q, definidas por: x⊕ y = x+ y − 3 e x⊖ y = x + y − xy 3 ∀ x, y ∈ Q Mostre que (Q,⊕,⊖) e´ um anel comutativo com unidade. 2. Considere as operac¸o˜es em ⊕ e ⊖ em Z× Z, definidas por: (a, b)⊕(c, d) = (a+c, b+d) e (a, b)⊖(c, d) = (ac, ad+bc) ∀ a, b, c, d ∈ Z Verifique se (Z × Z,⊕,⊖) e´ um anel? se e´ comutativo? e se possui unidade? 3. Considere as operac¸o˜es em ⊕ e ⊖ em R× R, definidas por: (a, b)⊕(c, d) = (a+c, b+d) e (a, b)⊖(c, d) = (ac−bd, ad+bc) ∀ a, b, c, d ∈ R Mostre (R× R,⊕,⊖) e´ um corpo. 114 4. Considere (R,⊕,⊖) onde x ⊕ y = 3√x3 + y3 e x ⊖ y = |xy| para todo x, y ∈ R. Verifique se (R,⊕,⊖) e´ um anel? se e´ comutativo? e se possui unidade? 5. Seja A um anel tal que x2 = x para todo x ∈ A. Mostre que A e´ um anel comutivo. 6. Seja A um anel de integridade. Se ab = ac com a 6= 0 enta˜o b = c. 7. Seja A um anel de integridade. Se x2 = x para todo x ∈ A enta˜o A = {0, 1}. 8. Verifique se sa˜o subane´is? e se sa˜o subcorpos?: (a) L1 = {m n ∈ Q | m ∈ Z, n ∈ 2Z∗} de (Q,+, ·); (b) L2 = {m n | m,n ∈ Z e (m, p) = 1 com p primo positivo} de (Q,+, ·); (c) L3 = {cosα + i senα | α ∈ Z } de (C,+, ·); (d) L4 = {a+ b √ 2 | a, b ∈ Q } de (R,+, ·). 9. Calcule todos os subane´is de Z12. 10. Se S1 e S2 sa˜o subane´is de A. Mostre que S1 ∩ S2 e´ subanel de A. 11. Seja (A,+, ·) e a ∈ A. Mostre que Z(a) = {x ∈ G | xa = ax } e´ um subanel de A. 4.1.2 Algumas respostas, sugesto˜es e soluc¸o˜es 1. 2. (Z× Z,⊕,⊖) e´ anel, comutativo e se possui unidade (1, 0). 3. 4. (R,⊕,⊖) na˜o e´ anel pois na vale A6 115 5. Sugesta˜o: Prove que x = −x ∀ x ∈ A e depois calcule (x+ y)2. 6. 7. 8. (a) L1 e´ subanel e subcorpo; (b) L2 na˜o e´ subanel; (c) L3 na˜o e´ subanel; (d) L4 e´ subanel e subcorpo. 9. {0}, {0, 6}, {0, 4, 8}, {0, 3, 6, 9}, {0, 2, 4, 6, 8} e Z12. 10. 11. 4.2 Homomorfismo e isomorfismo Definic¸a˜o 4.2.1. Dados dois ane´is (A,+, ·) e (B,⊕,⊖). Dizemos que a func¸a˜o f : G −→ H e´ homomorfismo do anel A no anel B se, e somente se, ∀ x, y ∈ G =⇒ f(x+ y) = f(x)⊕ f(y) e f(x · y) = f(x)⊖ f(y). Exemplo 4.2.1. Sejam os ane´is (A,+, ·) = (Z,+, ·) e (B,⊕,⊖) = (Zm,+, ·). Enta˜o a func¸a˜o f : Z −→ Zm definida por f(z) = z e´ um homomorfismo entre os ane´is Z e Zm. Com efeito: ∀ m,n ∈ Z temos que, f(m+n) = m+ n = m+n = f(m)+f(n) e f(m·n) = m · n = m·n = f(m)·f(n). Portanto f e´ um homomorfismo entre os ane´is Z e Zm. Exemplo 4.2.2. A func¸a˜o f : C −→M2×2(R) definida por f(a+ ib) = a b −b a e´ um homomorfismo do anel C no anel M2×2(R). Com efeito: Dados (a+ ib), (c + id) ∈ C, temos que, 116 1. f((a+ ib)+(c+ id)) = f((a+c)+ i(b+d)) = a+ c b+ d −(b + d) a + c Por outro lado, f(a+ib)+f(c+id) = a b −b a + c d −d c = a+ c b + d −(b + d) a+ c 2. f((a+ib)·(c+id)) = f((ac−bd)+i(ad+bc)) = ac− bd ad+ bc −(ad+ bc) ac− bd Por outro lado, f(a+ib)·f(c+id) = a b −b a · c d −d c = ac− bd ad+ bc −(ad + bc) ac− bd Portanto, f e´ um homomorfismo entre os ane´is Z e M2×2(R). Mostraremos a seguir, algumas propriedadesque sa˜o satisfeitas por um homomorfismo entre ane´is. Dados dois ane´is (A,+, ·) e (B,⊕,⊖). Sejam 0A e 0B os respec- tivos elementos neutros de A e B da primeira operac¸a˜o. Proposic¸a˜o 4.2.2. Seja f : A −→ B um homomorfismo de A em B, enta˜o temos que: a) f(0A) = 0B b) f(a′) = f(a)′ onde a′ e´ sime´trico de a em relac¸a˜o a primeira operac¸a˜o. c) f(a+ b′) = f(a)⊕ f(b)′ d) Se A e B sa˜o ane´is de integridade. Enta˜o f e´ a func¸a˜o constante zero ou f(1A) = 1B. e) Sejam A e B ane´is de integridade. Se existem os inversos (em relac¸a˜o a segunda operac¸a˜o) de a e f(a) , os quais denotaremos por a−1 e f(a)−1, respectivamente. Enta˜o f(a−1) = f(a)−1. 117 Prova. Sendo f um homomorfismo, e como (A,+) e (B,⊕) sa˜o grupos, enta˜o os itens a),b) e c) seguem de imediato. Prova do item d). Temos que f(1A) = f(1A · 1A) = f(1A)⊖ f(1A) = f(1A)2. Sendo B anel de integridade, segue-se que f(1A) = 0B ou f(1A) = 1B. De f(1A) = 0B, temos que f(x) = f(x · 1A) = f(x)⊖ 0B = 0B. Portanto, f e´ a func¸a˜o constante zero ou f(1A) = 1B. Prova do item e). Como existe f(a)−1, segue-se que f(1A) = 1B. Assim: f(1A) = f(a·a−1) = f(a)⊖f(a−1) e 1B = f(a)⊖f(a)−1 =⇒ f(a−1) = f(a)−1. Proposic¸a˜o 4.2.3. Se L e´ um subanel de A enta˜o f(L) e´ um subanel de B. Prova. Sendo L e´ um subanel de A, temos que 0L = 0A ∈ L, assim f(0L) = 0B ∈ f(L), daı´ f(L) e´ na˜o vazio. Sejam a, b,∈ L =⇒ a+b′ ∈ L, assim: f(a)⊕[f(b)]′ = f(a)⊕f(b′) = f(a+b′) ∈ f(L) e f(a)⊖f(b) = f(a·b) ∈ f(L). Portanto, f(L) e´ um subanel de B. Proposic¸a˜o 4.2.4. Sejam os ane´is (A,+, ·), (B,⊕,⊖) e (C,⊗,⊙). Se- jam os homomorfismos f : A −→ B e g : B −→ C. Enta˜o g ◦ f : A −→ C e´ um homomorfismo de A em C. Prova. A cargo do prezado leitor. Definic¸a˜o 4.2.5. Sejam (A,+, ·), (B,⊕,⊖) ane´is , e f : A −→ B um homomorfismo de A em B. Chama-se nu´cleo de f e denota-se por N(f) ou Ker(f) o seguinte subconjunto de A dado por: N(f) = {x ∈ A | f(x) = 0B}. 118 Exemplo 4.2.3. Calcule o nu´cleo de f : Z −→ Zm definida por f(z) = z, o qual e´ um homomorfismo do anel (Z,+, ·) no anel (Zm,+, ·). N(f) = {x ∈ R | f(x) = 0 } =⇒ z = 0 ⇔ z ≡ 0 (mod m). Portanto, N(f) = {km | k ∈ Z}. Exemplo 4.2.4. Seja o homomorfismo f : C −→M2×2(R) definida por: f(a+ ib) = a b −b a do corpo (C∗, ·) no anel B = M2×2(R). Calcule o N(f). Temos que N(f) = {a+ ib ∈ C | f(a+ ib) = 0B }. Assim: a b −b a = 0 0 0 0 =⇒ a = b = 0. Portanto N(f) = {0 + i0}. Proposic¸a˜o 4.2.6. Seja f : A −→ B um homomorfismo de (A,+, ·) em (H,⊕,⊖). Enta˜o: a) N(f) e´ um subanel de A. b) f e´ injetiva se, e somente se, N(f) = {0A}. Prova. a) Como f(0A) = 0B, enta˜o 0A ∈ N(f), logo N(f) 6= ∅. Sejam a, b ∈ N(f), donde f(a+ b′) = f(a)⊕ f(b)′ = 0B ⊕ 0B ′ = 0B =⇒ a + b′ ∈ N(f). e f(a · b) = f(a)⊖ f(b) = 0B ⊖ 0B = 0B =⇒ a · b ∈ N(f). Portanto, N(f) e´ subanel de A. b) (=⇒) Seja a ∈ N(f) enta˜o f(a) = f(0A) = 0B. Como f e´ injetora, temos que a = 0A. (⇐=) Sejam a, b ∈ G. Se f(a) = f(b) =⇒ f(a)⊕ f(b)′ = 0B =⇒ f(a+ b′) = 0B =⇒ a+ b′ ∈ N(f) Sendo N(f) = {0A}, temos que a + b′ = 0A =⇒ a = b. Portanto, f e´ injetiva. 119 Definic¸a˜o 4.2.7. Sejam (A,+, ·) e (H,⊕,⊖) ane´is. Uma func¸a˜o f : A −→ B chama-se isomorfimo de A em B se, e somente se, a) f e´ um homomorfismo de A em B. b) f e´ bijetiva. Se A e B sa˜o isomorfos, denota-se por A ≈ B. Se A = B o isomorfismo chama-se automorfimo de A. O conjunto de todos automorfimo de A em A sera´ denotado por Aut(A). Exemplo 4.2.5. Vimos anteriormente que, o homomorfismo f : C −→M2×2(R) definido por f(a+ ib) = a b −b a do corpo (C∗, ·) no anel B = M2×2(R) e´ injetivo. Mais, o mesmo na˜o e´ sobrejetivo, pois o elemento x = 1 1 1 1 ∈M2×2(R), e na˜o existe a + ib ∈ C tal que f(a + ib) = x. Portanto, f na˜o e´ um isomorfismo de (C) em M2×2(R). Proposic¸a˜o 4.2.8. Sejam (A,+, ·), (B,⊕,⊖) ane´is. Se f : A −→ B e´ um isomorfimo de (A,+, ·) em (B,⊕,⊖). Enta˜o, f−1 : B −→ A e´ um isomorfismo de (B,⊕,⊖) em (A,+, ·). Prova. Sendo f bijetiva enta˜o f−1 tambe´m o e´. Agora, dados y, z ∈ B existem a, b ∈ A tais que y = f(a) e z = f(b). Assim: f−1(y⊕z) = f−1(f(a)⊕f(b)) = f−1(f(a+ b)) = a+ b = f−1(y)+f−1(z) e f−1(y ⊖ z) = f−1(f(a)⊖ f(b)) = f−1(f(a · b)) = a · b = f−1(y) · f−1(z). Daı´ f−1 e´ um homomorfismo, e portanto, um isomorfismo de (B,⊕,⊖) em (A,+, ·). 120 4.2.1 Exercı´cios 1. Verificar em cada caso abaixo, se f e´ um homomorfismo entre ane´is: (a) f : Z −→ Z dada por f(z) = 0. (b) f : R −→ R dada por f(x) = |x|. (c) f : C −→ R dada por f(x + iy) = x + y. (d) f : Z −→ Z× Z dada por f(z) = (z, 0) (e) f : C −→ C dada por f(z) = z. 2. Quais homomorfismo acima sa˜o injetores? Quais sa˜o sobreje- tores? 3. Verifique se f : Z −→ 2Z = {0,±2,±4, · · · } dada por f(m) = 2m para todo m ∈ Z e´ um homomorfismo de (Z,+, ·) em (2Z,+, ·). 4. Sejam os ane´is A = {m + in√2| m,n ∈ Z} e B = M2×2(Z) (a) Verifique se f : A −→ B dada por f(m+ in √ 2) = m −2n n m e´ homomorfismo de A em B. (b) Caso f seja homomorfismo, calcule N(f). 5. Se f : Z −→ Z e´ um homomorfismo de (Z,+, ·) em (Z,+, ·) enta˜o f(n) = n ou f(n) = 0 para todo n ∈ Z. E ale´m disso, se f e´ um isomorfismo, enta˜o f(n) = n para todo n ∈ Z. 6. Se f : Q −→ Q e´ um homomorfismo de (Q,+, ·) em (Q,+, ·) enta˜o f(n) = n ou f(n) = 0 para todo n ∈ Q. E ale´m disso, se f e´ um isomorfismo enta˜o f(n) = n para todo n ∈ Q 7. Se f : R −→ R e´ um homomorfismo de (R,+, ·) em (R,+, ·) e continuo enta˜o f(x) = x ou f(x) = 0 para todo x ∈ R. E ale´m disso, se f e´ um isomorfismo enta˜o f(x) = x para todo x ∈ R 121 8. Mostre que 2Z e 3Z na˜o sa˜o isomorfos. 9. Mostre que os ane´is A = {m + n√2| m,n ∈ Q} e B = {x+ y√3| x, y ∈ Q} na˜o sa˜o isomorfos. 10. Encontre todos os homomorfismo de Z em Z4. 4.2.2 Algumas respostas, sugesto˜es e soluc¸o˜es 1. (a) Sim; (b) Na˜o; (c) Na˜o; (d) Sim; (e) Sim. 2. Injetores: d) e e). Sobrejetor: e). 3. f(m) = 2m na˜o e´ homomorfismo de (Z,+) em (2Z,+). 4. (a) Sim; (b) N(f) = {0 + i0}. 5. Sugesta˜o: Prove por induc¸a˜o que f(n) = 0 ou f(n) = n para n ∈ Z 6. Sugesta˜o: Use o resulta anterior, e prove que f( n m ) = 0 ou f( n m ) = n m para n,m ∈ Z com m 6= 0. 7. Sugesta˜o: Use o resulta anterior, e fato de que todo nu´mero real e´ limite de sequeˆncia de nu´meros racionais. 8. 9. 10. f(z) = 0 e f(z) = z. 122 4.3 Ideais e ane´is quocientes Nesta sec¸a˜o trabalharemos apenas com ane´is que sejam comuta- tivos. Para facilitar a notac¸a˜o trabalheremos com sı´mbolos + e · para indicar as duas operac¸o˜es que esta˜o munidas (definidas) no anel A. Definic¸a˜o 4.3.1. Seja I um subconjunto do anel (A,+, ·). Dizemos que I e´ um ideal de A se as seguintes condic¸o˜es sa˜o satisfeitas: (i) I 6= ∅ . (ii) ∀ x, y ∈ I =⇒ x + y ∈ I. (iii) ∀ a ∈ A e ∀ x ∈ I =⇒ ax ∈ I. Das propriedades (i) e (iii), conclui-se que 0 ∈ I. ´E fa´cil verificar que I = {0} e I = A sa˜o ideias de A, denominados de ideias triviais. De (ii) e (iii), conclui que: 1. Se x, y ∈ I =⇒ x− y ∈ I. 2. Se x1, x2, · · · , xn ∈ I e a1, a2, · · · , an ∈ A enta˜o a1x1 + a2x2 + · · ·+ anxn ∈ I. Exemplo 4.3.1. No capı´tulo 2 mostramos que I = aZ = {ak | k ∈ Z} com a ∈ Z e´ um ideal de Z. Exemplo 4.3.2. Seja A := F(R) = {f : R −→ R }. Mostre que I = {f ∈ A | f(1) = 0} e´ um ideal de A. Com efeito: (i) I 6= ∅, pois a func¸a˜o nula pertence a I, isto e´, 0(1) = 0. (ii) ∀ f, g ∈ I =⇒ f(1) + g(1) = 0 + 0 = 0, logo f + g ∈ I (iii) ∀ h ∈ A e ∀ f ∈ I =⇒ (h · f)(1) = h(1) · f(1) = h(1) · 0 = 0, logo h · f ∈ I. Portanto I e´ um ideal de A. Exemplo 4.3.3. Seja f : A −→ B um homomorfismo de A em B. Mostre que N(f) = {x ∈ A | f(x) = 0B} e´ um ideal de A. Com efeito: 123 (i) N(f) 6= ∅, pois0A, isto e´, f(0A) = 0B. . (ii) ∀ x, y ∈ N(f) =⇒ f(x + y) = f(x) + f(y) = 0B+B = 0B, logo x + y ∈ N(f). (iii) ∀ a ∈ A e ∀ x ∈ N(f) =⇒ f(a · x) = f(a) · f(x) = f(a) · 0B = 0B, logo a · x ∈ N(f). Portanto, N(f) e´ um ideal de A. Exemplo 4.3.4. Dado a ∈ A, o conjunto dado por 〈a〉 = {ax | x ∈ A} e´ um ideal de A. O exemplo acima, e´ um caso particular do exemplo a seguir. Exemplo 4.3.5. Sejam a1, a2, · · · , ak ∈ A. Considere o conjunto I = 〈a1, a2, · · · , ak〉 = {x1a1 +x2a2 + · · ·+xkak | xi ∈ A, i = 1, 2 · · · , k } enta˜o I e´ um ideal de A. De fato: (i) I 6= ∅ pois 0 = 0a1 + 0a2 + · · ·+ 0ak ∈ I. (ii) Dados x, y ∈ I existem ni, mi ∈ A com i = 1, 2, · · · , k tais que x = n1a1 + n2a2 + · · ·+ nkak e y = m1a1 +m2a2 + · · ·+mkak, daı´ x + y = (n1a1 + n2a2 + · · ·+ nkak) + (m1a1 +m2a2 + · · ·+mkak) = (n1 +m1)a1 + (n2 +m2)a2 + · · ·+ (nk +mk)ak ∈ I. (iii) Seja z ∈ A. Dado x ∈ I, existe ni ∈ A com i = 1, 2, · · · , k tal que x = n1a1 + n2a2 + · · ·+ nkak enta˜o zx = z(n1a1+n2a2+· · ·+nkak) = (zn1)a1+(zn2)a2+· · ·+(znk)ak ∈ I. Definic¸a˜o 4.3.2. O ideal 〈a〉 = {ax x ∈ A } e´ chamado ideal gerado por a. E o ideal 〈a1, a2, · · · , ak〉 = {a1x1 + a2x2 + · · ·+ akxk | xi ∈ A , i = 1, 2, · · · , n } e´ chamado ideal gerado por a1, a2, · · · , ak. 124 Definic¸a˜o 4.3.3. Se um ideal I e´ gerado por um u´nico elemento de A, dizemos que I e´ um ideal principal. Exemplo 4.3.6. Vimos no capı´tulo 2 que todo ideal de Z e´ principal, isto e´, I = aZ = 〈a〉 com a ∈ Z. Saiba Mais: Para mais detalhes sobre a teoria de ideias, ver refereˆncia [6] Proposic¸a˜o 4.3.4. Seja A um anel com unidade e I um ideal de A. Se u ∈ I e´ inversı´vel enta˜o I = A. Prova. Devemos mostrar apenas que A ⊂ I, pois I ⊂ A. Seja a ∈ A =⇒ 1.a = a ∈ A, como u ∈ I e´ inversı´vel existe v ∈ A tal que uv = 1. Assim a = 1.a = (uv)a = u(va) ∈ I. Portanto, segue-se o afirmado. Proposic¸a˜o 4.3.5. Seja A um anel comutativo. Enta˜o, A e´ corpo se, e somente se, os u´nicos ideais de A sa˜o os triviais, isto e´, {0A} e A. Prova. (=⇒) Seja I ⊂ A um ideal de A tal que I 6= {0A}. Assim existe x 6= 0 com x ∈ I ⊂ A. Logo existe y ∈ A tal que 1 = xy ∈ I, portanto pela proposic¸a˜o 4.3.4, segue-se que I = A. (⇐=) Suponha por absurdo que A na˜o seja corpo, isto e´, existe x 6= 0 e na˜o inversı´vel (invertı´vel). Considere o ideal I = 〈x〉, assim como x e´ na˜o inversı´vel, implica que I e´ um ideal na˜o trivial, o qual gera um contradic¸a˜o. Portanto, segue-se o afirmado. Definic¸a˜o 4.3.6. Seja I um ideal de A. Dizemos que I e´ um ideal primo, se I 6= A e ∀ x, y ∈ A tal que xy ∈ I =⇒ x ∈ I ou y ∈ I. Exemplo 4.3.7. O ideal 2Z em Z e´ primo, pois 2Z 6= Z e ab ∈ 2Z =⇒ ab = 2k =⇒ 2|a ou 2|b =⇒ a ∈ 2Z ou b ∈ 2Z. Exemplo 4.3.8. Seja o anel A := F(R) = {f : R −→ R } e o ideal I = {f ∈ A | f(1) = 0}, enta˜o I e´ primo. Com efeito: 125 (i) I 6= A, pois a func¸a˜o f(x) = 2 pertence a A, e f(x) = 2 na˜o pertence I. (ii) ∀ f, g ∈ A tal que fg ∈ I, tem-se: (fg)(1) = 0 =⇒ f(1) = 0 ou g(1) = 0 =⇒ f ∈ I ou g ∈ I. Portanto, I e´ um ideal primo de A. Definic¸a˜o 4.3.7. Seja I um ideal de A. Dizemos que I e´ um ideal maximal, se I 6= A e para todo ideal J de A tal que I ⊂ J ⊂ A =⇒ J = I ou J = A. Exemplo 4.3.9. O ideal 2Z em Z e´ maximal, pois 2 e´ primo. Exemplo 4.3.10. Seja o anel A := F(R) = {f : R −→ R } e o ideal I = {f ∈ A | f(1) = 0}, enta˜o I e´ maximal. Com efeito: (i) I 6= A, pois a func¸a˜o f(x) = 2 pertence a A, e f(x) = 2 na˜o pertence I. (ii) Seja J um ideal de A com J 6= I e I ⊂ J ⊂ A. Seja g ∈ J e g /∈ I, desse modo g(1) = a 6= 0. Defina h(x) = g(x) − a, assim h(1) = g(1)− a = a− a = 0, logo h ∈ I ⊂ J . Logo: a = g(x)− h(x) ∈ J =⇒ 1 = a−1a ∈ J =⇒ J = A. Portanto, I e´ um ideal maximal de A. Proposic¸a˜o 4.3.8. Seja A um anel comutativo com unidade. Se I e´ um ideal maximal de A enta˜o I e´ primo. Prova. Sejam a, b ∈ A tal que ab ∈ I. Suponha que a /∈ I. Con- sidere o ideal J := 〈a〉+ I = {ak + x |k ∈ A e x ∈ I }. Como a /∈ I, temos que J 6= I. Ale´m disso, I ⊂ J ⊂ A, enta˜o pela maximalidade de I, segue-se que J = A. Como 1 ∈ A, existem k0 ∈ A e x0 ∈ I tal que 1 = ak0 + x0 =⇒ b = (ab)k0 + bx0. 126 Como ab ∈ I =⇒ (ab)k0 e x0 ∈ I =⇒ bx0, logo (ab)k0 + bx0 = b ∈ I. Portanto, I e´ primo. Vimos no para´grafo 4 do capı´tulo 2 que sobre I = mZ podemos definir uma relac¸a˜o de equivaleˆncia dada por: ∀ x, y ∈ Z, x ≡ y (mod m) ⇐⇒ x− y ∈ I. E depois construir o anel quociente A/I = Zm = {0, 1, · · · , m− 1}. Agora vamos generalizar essa ideia para um anel qualquer. Definic¸a˜o 4.3.9. Seja I um ideal do anel A. Vamos definir a seguinte relac¸a˜o em A, dada por: ∀ x, y ∈ A, x ≡ y (mod I) ⇐⇒ x− y ∈ I. Proposic¸a˜o 4.3.10. A relac¸a˜o definida acima, x ≡ y (mod I) e´ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia. Prova. De fato: I) ∀ x ∈ A =⇒ x ≡ x(mod I) ⇐⇒ x− x = 0 ∈ I; II) ∀ x, y ∈ A tal que x ≡ y(mod I) ⇐⇒ x − y ∈ I =⇒ −(x − y) = y − x ∈ I. Portanto y ≡ x(mod I). III) ∀ x, y, z ∈ A tal que x ≡ y(mod I) ⇐⇒ x−y ∈ I e y ≡ z(mod I) ⇐⇒ y−z ∈ I. Assim x−z = (x−y)+(y−z) ∈ I, portanto x ≡ z(mod I). Definic¸a˜o 4.3.11. Dado x ∈ A, chama-se classe de equivaleˆncia de- terminada por x, mo´dulo I, o subconjunto x de A constituı´do pelos elementos y ∈ A tais que y ≡ x (mod I), o qual denotaremos por: x = {y ∈ A| y ≡ x (mod I)} = x + I = {x+ z | z ∈ I}. 127 Definic¸a˜o 4.3.12. O conjunto das classes de equivaleˆncia mo´dulo I sera´ denotado por A/I e chamado conjunto quociente de A por I, donde A/I = {x = x+ I | x ∈ A}. Proposic¸a˜o 4.3.13. Seja I um ideal de A e a relac¸a˜o de equivalencia ≡ (mod I) em A. Se x ≡ a (mod I) e y ≡ b (mod I) enta˜o: (a) x+ y ≡ a + b (mod I). (b) x · y ≡ a · b (mod I). Prova. Por hipo´tese, temos que x− a ∈ I e y − b ∈ I. Assim: (a) (x−a)+(y−b) ∈ I =⇒ (x+y)−(a+b) ∈ I =⇒ x+y ≡ a+b (mod I). (b) Agora seja, x = a+ z e y = b+ w com z, w ∈ I. Assim: xy − ab = (a+ z)(b + w)− ab = aw + bz + zw ∈ I Corola´rio 4.3.1. Seja I um ideal de A e a relac¸a˜o de equivalencia ≡ (mod I) em A. Se x = a e y = b enta˜o: (a) x+ y = a+ b. (b) x · y = a · b. Prova. Segue de imediato da proposic¸a˜o acima. O u´ltimo resultado nos garante que as operac¸o˜es + (adic¸a˜o) e · (multiplicac¸a˜o) esta˜o bem definidas no conjunto A/I, e sa˜o da seguinte maneira: + : A/I × A/I −→ A/I (x, y) 7−→ x + y = x + y e · : A/I × A/I −→ A/I (x, y) 7−→ x · y = x · y Teorema 4.3.14. Considere o conjunto A/I munido das operac¸o˜es + e · definidas acima. Enta˜o vale o seguinte: 128 (a) (A/I,+, ·) e´ um anel. (b) Se 1 e´ unidade de A enta˜o 1 e´ a unidade de A/I. (c) Se A comutativo enta˜o A/I e´ tambe´m comutativo. Prova. (a) Demonstrac¸a˜o similar do Teorema 2.5.3 para´grafo 4 do capı´tulo 2. (b) Se 1 e´ unidade de A, temos que para todo x ∈ A: 1 · x = x · 1 = x =⇒ 1 · x = x · 1 = x =⇒ 1 · x = x · 1 = x. Portanto, 1 e´ a unidade de A/I. (c) Se A e´ comutativo, temos que para todo x, y ∈ A: x · y = y · x =⇒ x · y = y · x =⇒ x · y = y · x. Portanto, A/I e´ comutativo. Teorema 4.3.15. Seja A um anel comutativo com unidade 1 ∈ A e I um ideal de A. Enta˜o, I e´ um ideal maximal de A se, e somente se, A/I e´ um corpo. Prova. (=⇒) Seja a ∈ A/I com a 6= 0. Considere o ideal J := 〈a〉+ I = {ak + x |k ∈ A e x ∈ I }. Sendo que a 6= 0 ⇐⇒ a /∈ I, temos que J 6= I. Ale´m disso, I ⊂ J ⊂ A, enta˜o pela maximalidade de I, segue-se que J = A. Como 1 ∈ A, existem k e x tal que 1 = ak + x =⇒ 1 = a.k + x = ak. Portanto, A/I e´ corpo. (⇐=) Sendo A/I corpo, logo 0, 1 ∈ A/I, assim I 6= A. Seja J um ideal tal que I ⊂ J ⊂ A. 129 Se J 6= I existe a ∈ J ⊂ A tal que a /∈ I =⇒ a 6= 0. Assim, existe b ∈ A/I tal que 1 = ab = ab⇐⇒ 1 ≡ ab (mod I) ⇐⇒ 1− ba = u ∈ I. Assim, como u ∈ J e ab ∈ J , segue-se que 1 = ab + u ∈ J =⇒ J = A. Portanto, I e´ maximal.4.3.1 Exercı´cios 1. Verifique se sa˜o ideais: (a) L1 = {0, 2, 4} no anel Z6. (b) L2 = {z ∈ Z | 3 divide z} no anel Z. 2. Sejam I e J ideais de A. Prove que: (a) I ∩ J e´ ideal de A. (b) I + J = {x + y | x ∈ I, y ∈ J } e´ ideal de A. (c) I + J = I se, somente se, J ⊂ I. 3. Seja a famı´lia de ideais {In}n∈N de A. Se I1 ⊆ I2 ⊆ · · · ⊆ In ⊆ · · · ⊆ A, mostre que I = ∪n∈N In e´ um ideal de A. 4. I e´ um ideal primo de A se, e somente se, A/I e´ anel de integri- dade. 5. Seja A um anel comutativo e seja I = {x ∈ A | xn = 0 para algum n ∈ N∗}. Prove que I e´ um ideal de A. 6. Seja f : A −→ B um homomorfismo tal que f(1A) = 1B. Se A e´ corpo enta˜o f e´ injetora. 130 7. Seja f : A −→ B um homomorfismo e J um ideal de B. Mostre que f−1(J) e´ um ideal de A. Ale´m disso, se J e´ primo e f e´ sobrejetor, enta˜o f−1(J) e´ primo. 8. Seja f : A −→ B um homomorfismo sobrejetor e I um ideal de A tal que N(f) ⊂ I. Mostre que f(I) e´ um ideal de B. Ale´m disso, se I e´ primo, enta˜o f(I) e´ primo. 4.3.2 Algumas respostas, sugesto˜es e soluc¸o˜es 1. (a) Sim; (b) Sim; 2. (a) (b) (c) 3. I 6= ∅ pois 0 ∈ In∀ n ∈ N. Sejam x, y ∈ I enta˜o existe p ∈ N tal que x, y ∈ Ip, daı´ x + y ∈ Ip e ax ∈ Ip para todo a ∈ A. Assim, x + y ∈ I e ax ∈ I para todo a ∈ A. Portanto, I e´ um ideal de A. 4. 5. 6. Temos N(f) e´ um ideal de A. Como A e´ corpo os u´nicos ideias de A sa˜o {0} e A. Sendo f(1A) = 1B, assim N(f) = {0}, e portanto f e´ injetiva. 7. 8. 131 4.4 Corpo de frac¸o˜es de um anel de integri- dade Atrave´s do anel de integridade Z constroi-se o corpo dos racionais Q = {m n | m,n ∈ Z com n 6= 0}. Assim, nesta sec¸a˜o vamos construir um corpo K a partir de um anel de integridade D. Seja D um anel de integridade. Considere o conjunto A = D ×D∗ = {(a, b) |a ∈ D, b ∈ D∗} onde D∗ = D − {0}. Proposic¸a˜o 4.4.1. Sobre A considere a relac¸a˜o ∼ definida por: ∀ (a, b), (c, d) ∈ A (a, b) ∼ (c, d) ⇐⇒ ad = bc. Mostre que ∼ e´ relac¸a˜o de equivaleˆncia sobre A. Prova. Exercı´cio a cargo do prezado leitor. Vamos denotar a b (em vez de (a, b)) a classe de equivaleˆncia a b = {(x, y) ∈ A | ay = bx}. Assim, a b = x y em A/ ∼⇐⇒ ax = by em D. Agora vamos definir as operac¸o˜es + (adic¸a˜o) e · (multiplicac¸a˜o) no conjunto quociente A/ ∼= {a b | a ∈ D, b ∈ D∗ } = K da seguinte maneira: + : K ×K −→ K ( a b , c d ) 7−→ a b + c d = ad+ bc bd e · : K ×K −→ K ( a b , c d ) 7−→ a b · c d = a · c b · d 132 Proposic¸a˜o 4.4.2. As operac¸o˜es + e · dadas acima, esta˜o “bem definidas” em K, isto e´, se a b = x y e c d = z w Enta˜o, 1. a b + c d = x y + z w 2. a b · c d = x y · z w . Prova. Exercı´cio a cargo do prezado leitor. Vamos denotar a⋆ = a 1 onde a ∈ D e 1 e´ a unidade de D. Deno- taremos D⋆ = {a 1 | a ∈ D } ⊂ K = {a b | a ∈ D, b ∈ D∗ }. Proposic¸a˜o 4.4.3. O conjunto D⋆ munido das operac¸o˜es + e · e´ um anel de integridade com unidade 1⋆. Prova. Com efeito: A1) Associativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o +. Temos que: x⋆ + (y⋆ + z⋆) = x 1 + ( y 1 + z 1 ) = x 1 + y + z 1 = x+ y + z 1 . Por outro lado (x⋆ + y⋆) + z⋆ = ( x 1 + y 1 ) + z 1 = x+ y 1 + z 1 = x+ y + z 1 . Portanto e´ associativa. A2) Comutativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o +. Temos que: x⋆ + y⋆ = x 1 + y 1 = x + y 1 = y + x 1 = y 1 + x 1 = y⋆ + x⋆. Portanto e´ comutativa. A3) Existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o +. Temos que: x⋆ + e⋆ = x⋆ ⇐⇒ x 1 + e 1 = x + e 1 = x 1 =⇒ e = 0. Portanto e∗ = 0 1 e´ o elemento neutro. 133 A4) Existeˆncia do elemento sime´trico da operac¸a˜o +. Temos que: x⋆ + a⋆ = 0⋆ ⇐⇒ x + a 1 = 0 1 =⇒ a = −x Portanto dado x seu sime´trico e´ a⋆ = −x 1 . A5) Associativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o · . Temos que: x⋆ · (y⋆ · z⋆) = x 1 · (y 1 · z 1 ) = x 1 · y · z 1 = x · y · z 1 . Por outro lado, (x⋆ · y⋆) · z⋆ = (x 1 · y 1 ) · z 1 = x · y 1 · z 1 = x · y · z 1 . Portanto e´ associativa. A5) Distribuitiva a` esquerda e a` direita. Temos que: x⋆ · (y⋆ + z⋆) = x 1 · (y 1 + z 1 ) = x 1 · (y + z 1 ) = x · y + x · z 1 Por outro lado, (x⋆ · y⋆) + (x⋆ · z⋆) = (x 1 · y 1 ) + ( x 1 · z 1 ) = x · y 1 + x · z 1 = x · y + x · z 1 Portanto e´ distributiva a` esquerda. Como tambe´m, (x⋆ + y⋆) · z⋆ = (x 1 + y 1 ) · z 1 = (x+ y) 1 · z 1 = x · z + y · z 1 Por outro lado, (x⋆ · z⋆) + (y⋆ · z⋆) = (x 1 · z 1 ) + ( y 1 · z 1 ) = x · z 1 + y · z 1 = x · z + y · z 1 Portanto e´ distributiva a` direita. A7) Existeˆncia do elemento neutro da operac¸a˜o · . Temos que: 1⋆ · x⋆ = 1 1 · x 1 = x 1 = x 1 · 1 1 = x⋆ · 1⋆. Portanto, 1⋆ = 1 1 e´ a unidade de D⋆. A8) Comutativa em relac¸a˜o a operac¸a˜o · . Temos que: x⋆ · y⋆ = x 1 · y 1 = xy 1 = yx 1 = y 1 · x 1 = y⋆ · x⋆. Portanto, e´ comutativa. 134 A9) sem divisores de zero. Temos que: x⋆·y⋆ = 0⋆ = 0 1 =⇒ xy 1 = 0 1 =⇒ x = 0 ou y = 0 =⇒ x⋆ = 0⋆ou y⋆ = 0⋆. Portanto D⋆ na˜o possui divisores de zero. Portanto D⋆ e´ um anel de integridade. Proposic¸a˜o 4.4.4. A func¸a˜o f : D −→ D⋆ definida por f(x) = x⋆ para todo x ∈ D, e´ um isomorfismo do anel D no anel D⋆. Prova. Devemos mostrar que: a) f e´ um homomorfismo de D em D⋆. Com efeito: f(x+ y) = (x + y)⋆ = x⋆ + y⋆ = f(x) + f(y) e f(x · y) = (x · y)⋆ = x⋆ · y⋆ = f(x) · f(y). b) f e´ bijetiva. Com efeito: f(x) = x⋆ = 0⋆ =⇒ x = 0 =⇒ N(f) = {0}, logo, f e´ injetiva. Agora, dado x⋆ ∈ D⋆ =⇒ x⋆ = x0 1 onde x0 ∈ D, logo f(x0) = x⋆, assim f e´ sobrejetiva. Portanto f e´ bijetiva. Sendo assim D ≃ D⋆ ⊂ K. Desta forma, dizemos que D esta´ imerso em K. Proposic¸a˜o 4.4.5. O conjunto K munido das operac¸o˜es + e · e´ um corpo. Prova. Exercı´cio a cargo do prezado leitor. Observe que se b ∈ D com b 6= 0, temos que b⋆ · 1 b = 1⋆. Assim, denotaremos por (b⋆)−1 = 1 b . Desta forma, e´ fa´cil provar que: D⋆ = {a⋆ | a ∈ D } ⊂ K = {a⋆ · (b⋆)−1 | a ∈ D, b ∈ D∗ }. O corpo K construido neste para´grafo e´ chamado de corpo das frac¸o˜es do anel D.
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