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W BA 0 63 2_ v1 Pedro Chaim Gestão financeira quantitativa básica © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de infor- mação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Mariana Ricken Barbosa Revisor Cristiano dos Santos Machado Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Chaim, Pedro Luiz Paulino C434g Gestão financeira quantitativa básica / Pedro Luiz Paulino Chaim, – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. 121 p. ISBN 978-85-522-0653-8 1. Investimentos. 2. Gestão financeira. I. Chaim, Pedro Luiz Paulino. II. Título. CDD 330 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 SUMÁRIO Tema 1: A base do cálculo ............................................................. 5 Tema 2: Capitalização simples e composta ................................ 18 Tema 3: Desconto simples e composto ...................................... 36 Tema 4: Séries de pagamento ...................................................... 53 Tema 5: Sistemas de amortização: pagamento único, americano e Price ........................................................................... 72 Tema 6: Sistemas de amortização SAC e SAM ........................... 92 Tema 7: Analisando o retorno de investimentos: VPL e TIR .... 111 Tema 8: Analisando o prazo de investimentos: Payback ......... 131 Nesta disciplina, caro(a) aluno(a), você irá se familiarizar com os conceitos e as ferramentas fundamentais para a prática da gestão financeira. Como o nome sugere, o principal objetivo da gestão financeira é a valoração de fluxos financeiros no tempo, ou seja, calcular quanto valerá uma quantia monetária no futuro, comparada com uma quantia monetária no presente. Nesse sentido, você poderá compreender a essência e os determinantes da taxa de juros, o preço do dinheiro no tempo, o que torna fluxos de caixa futuros mais ou menos valiosos. Isso porque, quando a taxa de juros é cobrada múltiplas vezes durante uma operação, a forma com que esses juros são cobrados é importante. Nessa perspectiva, consideramos impor- tante explicar o funcionamento e a lógica dos regimes de capitalização simples (linear) e composto (exponencial). Ademais, apresentaremos as características dos principais sistemas de amortização de empréstimos e financiamentos empregados no sistema financeiro brasileiro, citando alguns esquemas de quitação de financiamento usualmente utilizados no mercado financeiro brasileiro, como: sistemas de amortização de pagamento único, parcela constante, sistema americano, amortizações constantes e sistema misto. Depois que você compreender os conteúdos fundamentais da mate- mática financeira, aprofundaremos as principais ferramentas relacio- nadas à avaliação da rentabilidade de projetos de investimentos (valor -presente líquido, taxa interna de retorno, índice de rentabilidade e tempo de Payback). APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 1 A base do cálculo 6 Objetivos Específicos • compreender o domínio da gestão financeira; • familiarizar-se com o conceito de taxa de juros e seus principais determinantes; • entender a relação entre a taxa de inflação, o risco de crédito e a taxa de juros; • aprender a valorar um título de desconto simples. Introdução Nesta disciplina caro(a) aluno(a), você irá aprender conceitos básicos da matemática financeira e da avaliação de investimentos. No fim desta leitura, você será dominará as ferramentas necessárias para responder a perguntas como: • Na venda de um eletrodoméstico, um vendedor oferece 5% de desconto, em pagamentos à vista, nenhum juro para o pagamento em duas parcelas mensais e 2% de juros ao mês para o pagamento em cinco meses. Se, no banco, o dinheiro rende 1% ao mês, qual é a forma de pagamento mais vantajosa para o consumidor? • Um empresário precisa escolher entre duas máquinas que exercem funções iguais. A máquina “A” tem custo de aquisição de R$ 850,00, custo operacional anual de R$ 250,00 e vida útil esperada de cinco anos. A máquina “B” custa R$ 1.200,00, tem custo operacional anual de R$ 200,00 e vida útil esperada de sete anos. Qual é a máquina mais vantajosa para o empresário? • Considere que um título de dívida paga juros semestrais de R$ 50,00 por ano, durante dez anos. Se o custo de oportunidade do dinheiro é 15% ao ano, quanto vale esse título hoje? Perceba que essas três perguntas estão relacionadas ao valor de fluxos monetários (fluxos de caixa) no tempo. Os valores desses fluxos monetários futuros são maiores ou menores, quando comparados com o valor atual, dependendo da taxa de juros utilizada na avaliação. Essa taxa, por sua vez, é o preço do dinheiro no tempo, ou seja, é uma “tarifa” paga pelo tomador de um empréstimo, que remunera o credor pela possibilidade de usufruir de um montante monetário por um período predeterminado. 7 Pode não ser aparente no início, mas essas perguntas motivadoras podem ser interpretadas da seguinte forma: o dinheiro é emprestado, ou investido, tendo em mente o retorno futuro. Por exem- plo, quando um varejista vende uma geladeira a prazo, o comprador usa a geladeira para conservar sua comida sem ter pago todo o preço do eletrodoméstico, ou seja, o varejista empresta ao consumi- dor o valor monetário equivalente ao da geladeira. Quando um empresário investe em uma máquina para sua fábrica, podemos considerar que ele está “emprestando o dinheiro para a máquina”, pois espera que o investimento inicial seja coberto pelo lucro que ela vai gerar. 1. Diagrama de fluxo de caixa Uma maneira bastante adequada de se visualizar problemas de fluxo de caixa é por meio de um diagrama, conforme mostra a Figura 1. FIGURA 1 – EXEMPLO DE DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA FONTE: o autor. 8 Observe que o tempo é representado pelo eixo horizontal (t = 0; t = 1; t = 2; etc.) e que os fluxos de caixa (CF (t)) são representados pelas setas verticais. As setas para cima representam fluxos posi- tivos, enquanto as setas para baixo representam fluxos negativos. Ademais, a magnitude dos fluxos pode ser representada pelo tamanho das setas. Nesta disciplina, diagramas desse tipo serão utilizados diversas vezes. Como os primeiros pro- blemas apresentados são bastante simples, desenhar o diagrama pode parecer desnecessário, mas, quando houver problemas que envolvem múltiplos fluxos de caixa, em vários períodos diferentes, o diagrama é uma ótima forma de organizar o pensamento. 2. Títulos de desconto Um exemplo clássico e bastante relevante, caro(a) aluno(a) são os títulos de desconto.Os prin- cipais instrumentos de dívida emitidos pelo tesouro americano são as T-Bills (Treasury Bills), a qual é um título de desconto zero-cupom, ou seja, todo o pagamento é feito de uma só vez. Em outras palavras, fixa-se um valor, que será pago ao detentor do título em uma data futura combinada (a maturidade), e negocia-se um preço para esse título, para essa promessa, hoje. A taxa de juros (que no contexto das T-Bills é, às vezes, chamada de yield ou “rendimento”) é determinada pela razão entre o valor pago no vencimento e o preço do título hoje. Considere uma T-Bill que promete um pagamento de R$ 1.000,00 daqui a um ano (ou seja, a maturidade do título é um ano). Hoje, esse título é negociado por R$ 850,00. Qual é a taxa de juros anual implícita no título? Antes de responder a essa pergunta, atente-se ao conceito de notação. Vamos chamar o valor pago no vencimento de valor futuro (FV, future value) ou de valor de face (o valor prometido no contrato do título). O preço do título hoje denomina-se valor presente (PV, present value) ou preço unitário, a maturidade do título é T e a taxa de juros é r (valor de face e preço unitário são termos usados no contexto de títulos de renda fixa). Assim, o valor futuro é o valor presente mul- tiplicado pelo fator de capitalização (um mais a taxa de juros, r) e por uma quantidade de períodos, T. Na Figura 2, esquematizamos a T-Bill, usando o diagrama de fluxo de caixa apresentado anterior- mente. Hoje, quando um título é comprado por seu preço unitário, ocorre um fluxo de caixa negativo 9 de magnitude PV, indicado pela seta para baixo, no período t = 0. Nesse caso, o título paga um valor fixo, FV, na maturidade, e apenas um fluxo de caixa positivo no vencimento, como demonstra a seta para cima em t = 1. FIGURA 2 – DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA DE UM TÍTULO DE DESCONTO FONTE: o autor. Nesse caso, qual é a taxa de juros implícita no título? Quanto o emissor do título paga por usu- fruir do preço unitário até o vencimento? Uma maneira de entender a taxa de juros é com a res- posta para a seguinte pergunta: quanto do valor presente precisamos adicionar ao próprio valor 10 presente, a fim de obter o valor futuro? Utilizando os números do exemplo anterior, fazemos a seguinte demonstração: Portanto, a taxa de juros implícita é de, aproximadamente, 17,64% ao ano. É interessante notar que, quando dividimos duas grandezas monetárias, há o cancelamento de suas dimensões e o resul- tado é uma taxa. Ademais, se tivermos o valor presente de um título atual e a taxa de juros a ser capitalizada durante uma dada maturidade, é possível calcular o valor futuro do título no venci- mento. Por exemplo, se o preço unitário, PV, é R$ 900,00, a taxa de juros é de 10% ao ano e a matu- ridade do título é um ano, então, o valor futuro, FV, do título, em um ano, será: Por exemplo, considere que alguém toma um empréstimo de R$ 5.000,00 com duração de um ano e com uma taxa de juros de 15% ao ano. Quanto o tomador do empréstimo deve devolver no fim do ano? Desse modo, o tomador deve devolver R$ 5.750,00 no fim do ano. Analogamente, tendo o valor de face e a taxa de juros, podemos recuperar o preço unitário. Por exemplo, se o valor de face, FV, é R$ 4.500,00 e a taxa de juros é de 20% ao ano, então, o preço unitário hoje é: 11 Iniciar este material, calculando o preço e os juros de títulos da dívida americana pode parecer estranho e desconexo em relação ao dia a dia da gestão financeira, mas essa desconexão é apenas aparente. Isso porque várias modalidades de crédito, usadas cotidianamente por indivíduos e empresas, são análogas a títulos de desconto. 3. Determinantes da taxa de juros O equivalente brasileiro às T-Bills são as LTNs (Letras do Tesouro Nacional), que funcionam exa- tamente como as T-Bills. Por exemplo, o tesouro brasileiro se compromete a pagar R$ 1.000,00 em uma data futura e vende essa promessa hoje a um valor menor. A taxa de juros é determinada, uni- camente, pela diferença entre o valor futuro e o valor presente. No dia 23/01/2018, a taxa de juros implícita na T-Bill com maturidade de um ano, 52 semanas, era de 1,73% ao ano (FEDERAL RESERVE BANK OF ST. LOUIS, 2018). No mesmo dia, a LTN com vencimento em 2020 era negociada com taxa de juros implícita de 8,01% ao ano (TESOURO DIRETO, 2018). Por que os títulos brasileiros pagam taxas de juros tão mais altas do que os títulos equivalentes americanos? A resposta para essa pergunta é relacionada com a natureza da taxa de juros, que é, essencial- mente, o preço do dinheiro no tempo. Salientamos que os títulos aos quais nos referimos são pro- messas de um único pagamento, em uma data futura. Quando você compra uma LTN, está, basica- mente, emprestando dinheiro ao governo brasileiro e, quando compra uma T-Bill, está emprestando ao governo americano. Para saber mais Uma das modalidades de crédito mais populares entre pequenas e médias empresas é o desconto de duplicatas, que funciona da seguinte maneira: a empresa tem alguma receita a receber no futuro (talvez, devido a uma venda a prazo), mas precisa de capital de giro hoje. Então, promete ao banco que vai entregar aquela receita quando receber, en- quanto o banco adianta uma quantia menor hoje. Exatamente como uma T-Bill, concorda? 12 A primeira razão para o diferencial de juros é o fato de que as T-Bills são definidas em dólares, enquanto as LTNs, em reais. Ademais, o dinheiro perde poder de compra, quando aumenta o preço dos bens e dos serviços transacionados na economia. A variação positiva dos preços é chamada de inflação e a negativa é denominada deflação. Agora, considere a seguinte situação: esperamos que o preço dos bens e dos serviços nos EUA suba cerca de 1,5%, em 2018, contra uma expectativa de inflação de, aproximadamente, 4% no Brasil, também nesse ano, segundo o boletim Focus (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018). Para com- parar uma promessa de mil dólares, daqui a um ano, com uma promessa de mil reais, também daqui a um ano, precisamos considerar o quanto esperamos que o dinheiro pode perder de poder de com- pra em cada país. Como exposto, esperamos que a inflação brasileira seja de cerca de 4% em 2018. Como você já sabe, a inflação é o aumento dos preços de bens e serviços, mas isso não significa que todos os pre- ços, na economia brasileira, vão subir 4% nesse ano. Provavelmente, mensalidades escolares vão subir mais de 4%, enquanto planos de telefonia e internet podem ficar mais baratos. Ademais, 4% é decorrente da variação de uma cesta de bens, a qual representa o consumo de algum agente econômico de interesse. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), por exemplo, mede o custo de vida de brasileiros residentes em regiões metropolitanas, que ganham entre um e 40 salários mínimos. Portanto, caro(a) aluno(a), quando escu- tamos a expressão taxa de inflação, geral- mente, a mídia está se referindo à variação de uma cesta de bens, a qual mede a composi- ção média do consumo de algum agente eco- nômico de interesse. A variação do preço de bens e serviços individuais pode ser muito diferente do índice agregado. Para saber mais Como costumamos gastar maior parte da ren- da com alimentação, do que com tratamentos de saúde, o peso da alimentação no IPCA é maior do que o desses tratamentos. Isso quer dizer que a variação dos preços dos alimentos afeta mais o índice do que a variação dos preços de planos de saúde. Pesquise a composição do IPCA, para saber mais acerca desse assunto (IBGE, 2018). 13 As taxas esperadas de inflação, no entanto, não explicam todo o diferencial de juros entre Brasil e EUA. Se, simplesmente, subtrairmos a taxa esperada de inflação da taxa de juros (por “capitalizaçãosimples”, assunto da próxima leitura fundamentada), a taxa de juros real, ou seja, geralmente, já descontada a inflação esperada, dos EUA é de 0,30% a.a. (ao ano), enquanto a taxa de juros real brasileira é de cerca de 4,0% a.a. Taxa de juros Real - Taxa de Juros - Taxa de Inflação Esperada O restante do diferencial de juros se dá pelo risco de crédito (risco de calote) asso- ciado a cada um dos títulos. Os participantes do mercado acreditam que existe uma pro- babilidade maior de que o Brasil não honre suas obrigações, se comparado aos EUA, por isso, cobram uma taxa de juros maior para emprestar dinheiro ao Brasil. Mudando ligeiramente o contexto, considere o problema de um banco brasileiro que cogita emprestar uma quantia monetária igual para duas pessoas diferentes. Essas pessoas são rigorosa- mente idênticas em ocupação, renda, patrimônio e histórico de crédito, mas uma delas é empregada do setor público e a outra trabalha no setor privado. Tendo em vista que, no Brasil, um emprego público oferece maior estabilidade (no sentido de “não ser demitido”) do que um emprego no setor privado, há maior probabilidade de o trabalhador do setor privado não conseguir honrar as obrigações contraídas no empréstimo. Então, faz sentido que o banco cobre uma taxa de juros menor do funcionário público para emprestar a mesma quan- tia, pelo mesmo tempo. Link O boletim Focus, mencionado no texto, é uma pesquisa realizada mensalmente pelo Banco Cen- tral do Brasil, na qual participantes do mercado fi- nanceiro apresentam suas previsões para variáveis macroeconômicas. A mediana das previsões do Focus é um indicador de previsão importante para diferentes taxas de inflação e costuma ser uma boa previsão para períodos de até um ano. Você pode consultar os destaques do boletim Focus, que es- tão disponíveis em: <https://www.bcb.gov.br/pec/ GCI/PORT/readout/readout.asp>. Acesso em: 23 mar. 2018. 14 Questão para reflexão Até agora, apresentamos o cálculo da taxa de juros total de uma operação financeira, como se os juros fossem cobrados de uma vez só, no vencimento. O que aconteceria se a taxa de juros fosse a metade, mas cobrada duas vezes no período de empréstimo? O montante total de juros seria o dobro? Considerações finais O objeto de estudo da gestão financeira é o valor de fluxos de caixa, em diferentes períodos, no tempo. • A taxa de juros é o preço do dinheiro no tempo. É uma “tarifa” paga pelo tomador de um empréstimo pelo privilégio de utilizar uma quantidade monetária por um período de tempo predeterminado. • A taxa de inflação (deflação) é a variação positiva (negativa) do preço dos bens e serviços, transacionado em uma economia em um determinado espaço de tempo. • Os principais determinantes da taxa de juros são a taxa de inflação e o risco de crédito asso- ciado à operação. Reconhecimento de um título de desconto zero-cupom. A equação FV - PV . (1+r) relaciona o valor presente, o valor futuro e a taxa de juros da operação. Glossário Taxa de Juros, r: preço do dinheiro no tempo. Valor presente, PV: valor de um fluxo monetário hoje corresponde ao valor futuro, descontado pela taxa de juros. No contexto de títulos de renda fixa, às vezes, o valor presente é chamado de preço unitário. Valor futuro, FV: valor de um fluxo monetário no futuro corresponde ao valor presente, capitalizado pela taxa de juros. No contexto de títulos de renda fixa, às vezes, o valor futuro é chamado de valor de face. 15 Título de desconto: instrumento financeiro que promete um pagamento no futuro, o valor de face, e é negociado hoje por um valor menor (o preço unitário). Taxa de inflação: variação positiva do preço de uma cesta de bens e serviços. Maturidade: duração total da operação financeira, medida em anos, meses ou dias. Verificação de leitura QUESTÃO 1- Se um título de desconto zero-cupom, com maturidade de um ano, tem preço unitário de R$ 550,00 e taxa de juros anual de 20%, então o valor de face do título é de: a) R$ 750,00. b) R$ 770,00. c) R$ 1.000,00. d) R$ 600,00. e) R$ 660,00. QUESTÃO 2- O valor de face de um título de desconto é R$ 4.000,00 e o preço unitário é R$ 3.750,00. Portanto, a taxa de juros implícita é de, aproximadamente, a) 66%. b) 6%. c) 33%. d) 3%. e) 12%. QUESTÃO 3- A ______________ é a remuneração paga pelo tomador de um empréstimo ao credor, por utilizar o valor monetário do empréstimo até o vencimento. A remuneração requerida pelo credor de um empréstimo é tão maior quanto for a __________ até a ma- turidade e o _______________ associado ao tomador. 16 a) taxa de inflação; taxa de juros; risco de crédito. b) taxa de juros; taxa de inflação esperada; risco comercial. c) taxa de deflação; taxa de juros esperada; patrimônio líquido. d) taxa de juros; taxa de inflação esperada; risco de crédito. e) taxa de juros; taxa de deflação; risco comercial. Referências Bibliográficas IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Composição do IPCA. Disponível em: <https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=ip- ca-indice-geral-grupos-produtos-servicos&vcodigo=IA60>. Acesso em: 23 jan. 2018. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/ inpc_ipca/defaultinpc.shtm>. Acesso em: 23 jan. 2018. FOCUS relatório de mercado. Banco Central do Brasil. 19 jan. 2018. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20180119.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2018. TESOURO DIRETO. Rentabilidade dos títulos públicos. 2018. Disponível em: <http:// www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-precos-e-taxas-dos-titulos>. Acesso em: 23 jan. 2018. 1-YEAR Treasury Bill: Secondary Market Rate. Federal Reserve Bank of St. Louis. 2018. Disponível em: <https://fred.stlouisfed.org/series/DTB1YR>. Acesso em: 23 jan. 2018. 17 Gabarito QUESTÃO 1-Alternativa e. Lembrando que PV - $ 550e r - 20%. Então, FV=PV.(1+r) FV=$550(1+20%) FV=$660 QUESTÃO 2- Alternativa b. Lembrando que PV - $ 3750 e FV - $ 1000. Então, FV=PV.(1+r) r FV PV � �1 r � �$ $ 4000 3750 1 r=6.66% QUESTÃO 3- Alternativa d. A taxa de juros é a remuneração paga pelo tomador de um empréstimo ao credor, por utilizar o valor monetário do empréstimo até o vencimento. A remuneração requerida pelo credor de um empréstimo é tão grande quanto a taxa de in- flação esperada até a maturidade e o risco de crédito associado ao tomador. 2 Capitalização simples e composta 19 Objetivos específicos • dominar a lógica e o cálculo do regime de capitalização de juros simples e compostos; • entender o conceito da taxa de juros efetiva; • conhecer algumas taxas de juros importantes na economia brasileira. Introdução Na Unidade I, você compreendeu que juro é o nome dado à quantia paga pelo tomador de um empréstimo, como compensação pelo privilégio de utilizar a quantia emprestada por um período de tempo preestabelecido. Você também aprendeu a calcular a taxa de juros implícita em um título de desconto, mas sempre em relação ao juro equivalente a toda a duração da operação. Quando a taxa de juros é capitalizada ou incide, várias vezes, sobre o principal do empréstimo PV ou o capital inicial PV do investimento, o valor futuro, FV, depende do regime de capitalização acordado. Nesse sentido, os dois regimes de capitalização mais usados são o simples e o composto. No regime de capitalização simples, a taxa de juros sempre incide apenas sobre o capital inicial. Devido a essa característica, o valor futuro de um principal capitalizado pelo regime de capitalização simples cresce de maneira linear. Noregime de capitalização composta, os juros do período anterior são adicionados ao capital a ser valorizado no próximo período. Por isso, o valor futuro, no regime composto, cresce exponencialmente. Assunto que será mais bem desenvolvido neste material. 1. Capitalização simples O regime de capitalização simples refere-se ao fato de os juros, a cada período, serem cobrados apenas sobre o capital inicial. Considere que alguém faça um empréstimo hoje de R$ 5.000,00 (às vezes, a quantia emprestada é chamada de principal ou capital inicial), por um período de quatro anos, a uma taxa de juros de 10% ao ano. Qual é o montante (principal mais juros) a ser pago no final dos quatro anos? Considere que 20 os juros são pagos ano a ano, ou seja, que o tomador tem um fluxo de caixa negativo a cada ano igual ao valor dos juros. Assim, no primeiro ano, há: O tomador paga os juros associados ao primeiro período, equivalente a R$ 500,00. Então: E assim sucessivamente: o tomador do empréstimo devolve o montante total, formado por R$ 2.000,00 de juros, mais o principal, R$ 5.000,00, exemplo de capitalização simples. Agora, de maneira geral, qual é o valor futuro, FV, de um capital inicial, PV, remunerado por uma taxa de juros simples, i, a cada período, T períodos no futuro? Lembre-se de que o valor futuro FV, ou montante, é o valor presente PV, ou principal, mais os juros, J: FV=PV+j Como exposto, no regime simples, a taxa de juros, i, é capitalizada a cada período sobre o prin- cipal, PV. Em outras palavras, a quantia total de juros a ser paga, até o período T, é J = T . i. PV. Portanto, no período T, o valor futuro é Essa é a fórmula de capitalização por regime simples. Nessa perspectiva, quanto o valor futuro FV cresce a cada período? Sabemos que o valor futuro de um principal aplicado por T períodos, a uma taxa simples, r, é FV(T,i)=PV(1+Ti). Trata-se da equação de uma reta. A Figura 1 demonstra que o valor futuro sob capitalização simples cresce, de maneira linear, com o passar do tempo. 21 FIGURA 1 – CAPITALIZAÇÃO SIMPLES FONTE: o autor. 2. Capitalização composta No regime de capitalização composta, os juros do período anterior são adicionados ao capital a ser valorizado no próximo período. Para entender melhor esse conceito, considere, novamente, um empréstimo de R$ 5.000,00, com taxa de juros de 10% ao ano e duração de quatro anos. Definimos a taxa de juros por ano, mas o período total do empréstimo são quatro anos. A taxa de juros de 10% é capitalizada quatro vezes do início até o fim da operação. Assim, podemos entender o problema como quatro operações financeiras distintas. 22 Temos os dados: i = 10%, no primeiro ano, PV1=$5000. Então, • Agora considere que os juros sejam pagos somente no vencimento, de modo que o valor futuro (o montante) do primeiro período torna-se o valor presente (principal) do segundo período. Assim, Nos terceiro e quarto períodos, há: O montante final é $7320,50. O juro total pago é J = FV - PV = $7320,20 - $5000 = $2320,20. Esse foi um exemplo de capitalização composta. O ponto importante é que os juros são incorporados ao valor capitalizado em cada período. Agora, apresentaremos uma fórmula geral para o valor futuro na capitalização composta, como fizemos para o regime simples. Considere um capital inicial PV, aplicado a uma taxa de juros i, por T períodos, sob capitalização composta. Qual é o valor futuro FV ao final dos T períodos? Para respon- der a essa pergunta, é necessário dividir a operação de T períodos em T operações. Os subscritos denotam o período 1, 2, … T, ao qual a variável se refere. • No período 1: 23 • No período 2: • No período 3: Conseguiu entender o padrão? • No período T: O valor futuro FVT de um principal PV1, aplicado de maneira composta por T períodos, é deter- minado pelo capital inicial PV1, multiplicado pelo fator de capitalização (1 + l ), elevado à T-ésima potência. Veja, na Figura 2, que o valor futuro, no regime composto, cresce exponencialmente com o passar do tempo. O eixo horizontal representa o tempo decorrido desde o início da operação e o eixo vertical representa o valor futuro do investimento em cada período. Note como o valor futuro cresce cada vez mais rápido. 24 FIGURA 2 – CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA FONTE: o autor. Na capitalização simples, os juros incidem apenas sobre o capital inicial PV. A fórmula que retorna o valor futuro FV, capitalizado sob regime simples, por T períodos, com taxa de juros r, é: Sob capitalização composta, os juros do período anterior são incorporados ao capital a ser valo- rizado no próximo período. A fórmula que retorna o valor futuro FV, capitalizado sob regime com- posto, por T períodos, com taxa de juros r, é: 25 3. Comparação entre capitalização simples e composta No regime composto, os juros do período anterior são incorporados ao principal do empréstimo no próximo período, de modo que o montante (principal mais juros, o valor futuro) cresce exponen- cialmente. No regime simples, a taxa de juros incide apenas sobre o capital inicial, talvez porque os juros são pagos período a período, e o montante cresce linearmente. Nesse sentido, considere um capital inicial de R$ 1.000,00, que rende uma taxa de juros de 8% por período. A Figura 3 apresenta o efeito da capitalização de juros sobre juros. Nesse caso, a linha pontilhada azul representa o valor do investimento inicial sob capitalização composta e a linha pon- tilhada preta representa o valor do investimento inicial sob capitalização simples. Como na capitalização composta os juros são incorporados ao capital no período seguinte, o valor futuro cresce cada vez mais rápido. Na capitalização simples, como os juros incidem apenas sobre o capital do primeiro período, o valor futuro cresce sempre na mesma proporção. A Figura 3 demonstra a evolução do capital inicial de R$ 1.000,00, capitalizado por uma taxa de juros de 8% ao período, no regime simples e no regime composto. A linha preta pontilhada representa a capitalização simples e cresce linearmente, sempre na mesma velocidade. A linha azul pontilhada, por sua vez, representa a capitalização composta e cresce exponencialmente, cada vez mais rápido. As barras azuis mostram a diferença entre o valor futuro composto e o valor futuro simples a cada período, que crescem cada vez mais. 26 FIGURA 3 – COMPARAÇÃO ENTRE OS REGIMES SIMPLES E COMPOSTO DE CAPITALIZAÇÃO FONTE: o autor. 4. Taxa de juros efetiva e nominal Considere que a taxa de juros nominal seja de 15% ao ano. Utilizamos o adjetivo nominal para enfatizar que essa é a taxa apresentada como referência. Agora, pense: quanto é a taxa de juros acumulada, ou efetiva, equivalente, após dois anos e quatro meses? Note, caro(a) aluno(a), que não importa o capital inicial. A taxa acumulada deve ser calculada no regime simples e no composto. No regime simples, 27 A taxa de juros é medida por ano, ou seja, a cada 12 meses. Portanto, Isso significa que, cada período é representado por , “meses por ano”. Assim, o período de dois anos e quatro meses é “meses por ano”. O fator de capitalização, um mais a taxa de juros, acumulado em dois anos e quatro meses é: A taxa de juros acumulada, após dois anos e quatro meses, é de 35%. Uma taxa de juros simples, de 15% por ano, é equivalente a uma taxa simples de 35%, a cada dois anos e quatro meses. No regime composto, Reiteramos que, como a taxa de juros é medida em anos e o período de interesse é de dois anos e quatro meses, . Então: O fator de capitalização composto, acumulado em dois anos e quatro meses, é: Portanto, a taxa de juros composta efetiva ou equivalente, em dois anos e quatro meses, é de 38,55%. Usando essalógica, é fácil calcular a taxa de juros efetiva durante qualquer período de tempo. Os pontos importantes são: • reconhecer a frequência da taxa de juros de referência, 15% ao ano, no exemplo anterior; • aprender a escrever o período de interesse, em termos dessa frequência. No exemplo, dois anos 28 e quatro meses foi representado por anos. Para reforçar seu entendimento acerca desse conceito, caro(a) aluno(a), considere que a taxa de juros base é de 10% ao mês. Estamos interessados, todavia, na taxa efetiva, após três meses e oito dias. Para simplificar, considere que um mês tem 30 dias. Então, três meses e oito dias podem ser definidos como dias. Nesse sentido, calcular a taxa efetiva é só uma aplicação da fórmula: Por exemplo, se for feito um empréstimo de R$ 5.000,00, com taxa de juros composta de 10% ao ano, qual será o valor desse empréstimo após um ano e meio? Para responder a essa pergunta, primeiro, é preciso calcular a taxa de juros efetiva. A taxa de referência, taxa nominal, é descrita ao ano, então, para transformá-la na taxa acumulada em um ano e meio, escrevemos o expoente da fórmula de capi- talização composta como “doze mais seis meses sobre doze meses” (um ano e meio expresso em meses). Agora, fica mais fácil calcular o valor futuro, após um ano e meio: 5. Principais taxas de juros brasileiras Para saber mais Com o passar do tempo, o valor futuro de um cap- ital aplicado sobre juros compostos cresce mais rápido do que se fosse aplicado sobre juros simples. No entanto, quando o período percorrido é menor do que a frequência de incidência da taxa de juros nominal, essa relação se inverte. 29 Neste momento, caro(a) aluno(a), você vai conhecer algumas das taxas de juros mais impor- tantes da economia brasileira. São elas: Selic (Sistema especial de liquidação e de custódia), CDI (Certificado de depósito interbancário) e TR (taxa referencial). A Selic é uma taxa de juros calculada para títulos federais. Trata-se da “meta” estabelecida pelo Banco Central (BC), que baliza as demais taxas de juros da economia. Ela é uma meta, porque o BC não pode simplesmente decretar que uma certa taxa de juros é praticada. O BC deve vender ou comprar títulos da dívida pública, para que as forças de oferta e demanda se equilibrem na taxa desejada. Nesse sentido, o BC vende títulos públicos, que mantém em sua carteira, ou novos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. CDI é a taxa de juros que os bancos comerciais cobram para emprestar dinheiro, no curtíssimo prazo de um dia, uns aos outros. Em geral, a taxa CDI fica, ligeira- mente, abaixo da taxa Selic. Apesar de o cidadão comum não negociar, de modo direto, com operações desse tipo, a taxa CDI é importante, porque muitos investimentos de renda física são cotados com base na CDI, em especial o CDB (Certificado de depósito bancário) e as LCI e LCA (Letras de crédito imobiliário/agrícola). Por fim, a TR é uma taxa de juros de res- ponsabilidade do Banco Central, introduzida no início da década de 1990, como ferra- menta de controle da inflação. O valor da taxa referencial é positivo ou zero e costuma Link Você pode encontrar mais informações acerca da transição de TJLP para TLP em: <http://www.fa- zenda.gov.br/noticias/2017/julho/sancionada-lei- que-cria-taxa-de-longo-prazo-tlp-em-substitui- cao-a-tjlp>. Acesso em: 23 fev. 2018. Para saber mais O mercado financeiro tem algumas convenções relacionadas à definição dos diversos períodos de tempo em que são definidas as taxas de juros. Geralmente, são considerados dias corridos (dc), definidos em um ano, ou seja, 12 meses de 30 dias, aproximadamente, 360 dias. Assim, ( ( .( ) )PV i FV dc 1 360� � ) Ou são considerados dias úteis (du), definidos em um ano de 252 dias, com 12 meses de 30 dias cor- ridos, com 21 dias úteis. Desse modo, ( ( .( ) )PV i FV du 1 252� � ) 30 ser inversamente relacionado ao nível da taxa Selic. A TR é importante, porque influencia os rendi- mentos da caderneta de poupança, o FGTS e alguns títulos públicos. 5.1 A taxa de juros de longo prazo Uma taxa de juros bastante relevante, e polêmica, presente na economia brasileira é a TJLP (Taxa de juros de longo prazo). Criada em 1994, a TJLP é definida trimestralmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com base na meta de inflação e em um prêmio de risco. Na prática, a definição da TJLP está sujeita às decisões políticas, de modo que a remuneração de TJLP é inferior ao custo de captação de recursos do tesouro, como medido pela Selic, por exemplo. A TJLP, até o início de 2018, era a taxa de juros que incidia sobre operações de empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), fazendo o governo “pagar” para fazer esses empréstimos. A partir de 1º de janeiro de 2018, a TJLP foi substituída pela TLP (Taxa de Longo Prazo) e, gradualmente, deixará de existir, conforme os empréstimos ativos maturarem. Desse modo, a TLP não terá o componente de “prêmio de risco”, definido de maneira discricioná- ria, como na TJLP, pois a remuneração será igual a taxa de juros real nas NTN-B de cinco anos (Notas do Tesouro Nacional série B), mais o IPCA do período (Índice de preços ao consumidor amplo). Muitos consideram essa mudança um avanço institucional. Questão para reflexão Considere que R$ 100,00 são aplicados a uma taxa de juros de 100% ao ano. O valor do inves- timento, no fim do ano, é de R$ 200,00. Agora, considere que a taxa de juros seja a metade, 50%, mas capitalizada duas vezes no ano. No primeiro semestre, 50% é adicionado aos R$ 100,00, resul- tando em R$ 150,00. No segundo semestre, 50% incide sobre R$ 150,00, de modo que o valor do investimento, no fim do ano, é de R$ 225,00. Se 25% de juros fossem cobrados trimestralmente, o valor futuro do investimento seria de cerca de R$ 244,00. Observe: 31 Desse modo, caro(a) aluno(a), quanto maior for a “frequência de cobrança” dos juros, maior será o capital inicial no vencimento. Esse é o efeito dos “juros sobre juros” da capitalização composta. O que aconteceria se 1% de juros fossem cobrados 100 vezes no ano? Se 0,1% fosse cobrado 1000 vezes? Se os juros fossem cobrados a todo momento, continuamente? O valor futuro cresceria de maneira indefinida? Tente usar uma calculadora ou um programa como o Excel para descobrir, para testar valores grandes, 0.1% de juros capitalizado 1000 vezes, por exemplo. Considerações finais Apresentamos como calcular o valor futuro de uma quantidade monetária capitalizada pelo regime simples, dada pela fórmula Explicamos como calcular o valor futuro de uma quantidade monetária capitalizada pelo regime composto, dada pela fórmula . A taxa de juros efetiva é a taxa de juros acumulada até um período de interesse, que pode ser menor ou maior que a frequência de capitalização da taxa de juros nominal. Apresentamos algumas taxas de juros relevantes para a economia brasileira: Selic, CDI, TR e TJLP/TLP. Glossário 32 Principal/capital inicial: esses termos se referem à quantia inicialmente emprestada/investida, PV, o valor presente da operação. Capital: capital de segundo período, por exemplo, não capital inicial, é a quantia sobre a qual incide a taxa de juros no segundo período, ou seja, é o capital a ser valorizado no segundo período. No regime composto de capitalização, a cada período, os juros são adicionados ao capital. No regime simples, o capital a ser valorizado é sempre o capital inicial ou o principal. Fator de capitalização: o termo “fator”, em matemática financeira, refere-se a uma quantidade igual a um mais a taxa de juros, ou seja, ( 1+ l ). Taxa de juros nominal:é a taxa de juros de referência, isto é, a que consta no contrato da ope- ração financeira. Taxa efetiva: é a taxa de juros acumulada, ou equivalente, durante um período, potencialmente diferente da frequência em que a taxa de juros de referência é definida. Verificação de leitura 33 QUESTÃO 1- Considere um empréstimo de R$ 1.500,00, com duração de cinco anos. A taxa de juros anual é de 8%, e o tomador paga juros anuais. Portanto, o tomador paga remessas anuais de ________ e, no fim do período de empréstimo, deve pagar __________ ao credor. a) R$ 120,00; R$ 2.204,00. b) R$ 120,00; R$ 1.500,00. c) R$ 240,00; R$ 2.204,00. d) R$ 60,00; R$ 1.500,00. e) R$ 60,00; R$ 2.204,00. QUESTÃO 2- Qual é o valor futuro de um capital inicial de R$ 2.500,00, capitalizado sob regime composto, a uma taxa de juros de 6% ao ano, após oito anos? a) R$ 3.250,00. b) R$ 3.100,00. c) R$ 3.156,19. d) R$ 3.984,62. e) R$ 3.457,57. QUESTÃO 3- Considere uma taxa de juros de referência de 15% ao mês. Qual é a taxa de ju- ros efetiva para o período de dois meses e nove dias, considerando que o mês tem 30 dias? a) 37,91%. b) 40,00%. c) 32,25%. d) 34,50%. e) 35,00%. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Fazenda. Sancionada lei que cria Taxa de Longo Prazo (TLP) 34 em substituição à TJLP. 22 set. 2017. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/noti- cias/2017/julho/sancionada-lei-que-cria-taxa-de-longo-prazo-tlp-em-substituicao-a- tjlp>. Acesso em: 23 fev. 2018. Leitura complementar ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016. PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017. Gabarito QUESTÃO 1- Alternativa b. Como o tomador paga remessas de juros anuais, essa quanti- dade não é incorporada ao capital valorizado a cada período. Então, a lógica é de capitali- zação simples. O tomador paga, anualmente, remessas de juros de r.PV=8%.$1500=$120. No fim do empréstimo, retorna o principal de $1500. QUESTÃO 2- Alternativa d. Aplicação direta da fórmula da capitalização composta. PV(1+r)T=FV→$2500(1+6%)=$3984,62 QUESTÃO 3- Alternativa a. A taxa básica é definida ao mês. Podemos escrever um mês como “mês”, assim, dois meses e nove dias são “meses”. Desse modo, a taxa efetiva deve ser calculada como: ( ) %) , , %1 1 91 15 1 1 3791 1 37 91 69 30� � � � � � � �r T 3 Desconto simples e composto 36 Objetivos Específicos • dominar a lógica e o funcionamento das operações de desconto simples e composto; • entender como a inflação diminui o poder de compra do dinheiro e como ela se relaciona com a taxa nominal de juros; • aprender como realizar operações de capitalização e desconto, quando a taxa de juros varia período a período; • iniciar a familiarização com a calculadora financeira HP12c. Introdução O principal objetivo desta unidade é olhar o problema da acumulação dos juros no tempo, pela ótica inversa. Ao invés de calcular o quanto um capital inicial se valoriza até uma data futura, você pode se perguntar, caro(a) aluno(a), qual é o valor hoje de uma quantidade monetária no futuro? Trata-se da operação de desconto, inversa à capitalização. Nesse sentido, você entenderá como a inflação diminui o poder de compra do dinheiro e como calcular a rentabilidade de uma operação financeira em termos reais, de bens e serviços, não de dólares ou reais. Você também compreenderá como é possível realizar operações de capitalização e desconto, quando a taxa de juros varia período a período. Para resolver esse tipo de problema é preciso “quebrar” a operação em várias operações diferentes ou calcular a taxa de juros efetiva para todos os períodos. Finalmente, você começará a se familiarizar com a calculadora financeira HP12c, visto que essa ferramenta auxilia muito o trabalho no dia a dia. As funções pré-programadas da HP12c possibilitam a realização de cálculos financeiros muito complexos para serem realizados em calculadoras comuns. Isso vai ficar bem claro, caro(a) aluno(a), quando apresentamos os conceitos relacionados às séries de pagamento e às amortizações em lições futuras. 37 1. A operação de desconto Na Unidade 2, caro(a) aluno(a), você aprendeu a capitalizar uma quantia monetária nos regimes simples e composto. O valor futuro FV de um capital inicial PV, aplicado a uma taxa de juros i por período, depois de T períodos, é: • no regime simples: PV(1+Ti)=FV; • no regime composto: PV(1+i)T =FV. O que chamamos de desconto é a operação inversa da capitalização. Você conhece o valor futuro FV, a taxa de juros i, o número de períodos T, então, pergunta: qual é o valor hoje, o valor presente PV, da quantia monetária FV, que só será recebida (ou paga) no futuro T? Lembre-se de que essa operação não é desconhecida, caro(a) aluno(a), pois apresentamos exercícios parecidos, com T = 1, na Unidade 1. É fácil manipular as fórmulas de capitalização simples e composta para isolar o valor presente PV. De acordo com Assaf Neto (2016), só precisamos dividir os dois lados da fórmula do regime simples por (1+T.i), e da fórmula do regime composto por (1+i)T, para que sejam obtidas fórmulas de: • desconto simples: PV=FV/(1+T.i); • desconto composto: PV=FV/(1+i)T. Salientamos que as operações de desconto não são elementos separados das operações de capi- talização. Afinal, trata-se de problema igual, quando olhado de forma contrária. Nesse sentido, o que denominamos “fórmulas de desconto” é uma manipulação das fórmulas de capitalização. Portanto, os conceitos de frequência de incidência da taxa de juros e das taxas efetivas ou equivalentes se aplicam da mesma forma no contexto de desconto. Por exemplo, considere um título de desconto zero-cupom, com valor de face R$ 1.000,00, maturidade de sete anos e taxa de juros de 9% ao ano. Qual é o preço unitário do título hoje? 38 Quando nada mais é informado, costumamos assumir o regime composto. Então, com base na aplicação direta da fórmula de desconto composto há: PV FV i T � � � � � ( ) $ ( %) $ , 1 1000 1 9 547 03 7 Caso seja preciso descontar o título pelo regime simples, é preciso aplicar a fórmula de des- conto simples: PV FV Ti � � � � � 1 1000 1 7 9 613 50 $ . % $ , 2. Comparação entre desconto simples e composto Para facilitar a sua compreensão, caro(a) aluno(a), esta explicação inicia-se com a resolução de um exemplo. Desse modo, considere um título de desconto que paga R$ 1.000,00 no vencimento, tem taxa de juros 8% ao ano e maturidade de 12 anos. Qual o preço unitário do título hoje? No regime simples: PV FV iT x � � ��� � � 1 1000 1 12 8 510 20 $ % $ , . No regime composto: PV FV i T � � ��� � � ( ) $ ( %) $ , 1 1000 1 8 397 11 12 . A Figura 1 mostra o valor presente do título em cada um dos anos, sendo que o intercepto é o resultado dos cálculos do exemplo. A linha pontilhada preta representa o valor presente por desconto simples, enquanto a linha pontilhada azul representa o valor presente por desconto composto. O eixo horizontal representa o tempo transcorrido desde o início do investimento. Nesse exemplo, com maturidade de 12 anos, FV/(1+1 x i) é o valor presente (simples), faltando um ano para o vencimento (em t - 11, na Figura 1), FV/(1+2 x i) é o valor presente (simples), faltando dois anos para o venci- mento (em t - 10, na Figura 1). 39 FIGURA 1 – COMPARAÇÃO ENTRE REGIMES DE DESCONTO SIMPLES E COMPOSTO FONTE: o autor. Com base na Figura 1, podemos afirmar que, em umamesma taxa de juros, o valor presente por desconto composto é menor do que o valor presente com desconto simples, conforme o número de períodos descontados aumenta. Trata-se do fenômeno dos juros compostos “ao contrário”. Da mesma forma que na capitalização, se o período de interesse é inferior a um, o contrário também é verdade, isto é, se T< 1, então, (1+Ti) > (1+i)T e o valor presente por desconto simples é menor do que o valor presente por desconto composto. Você pode visualizar esse efeito na Figura 2. Para que a diferença seja visualmente perceptí- vel, usamos uma taxa de juros bastante alta, 90% ao período. O painel (a) mostra a operação de 40 capitalização, sendo que a linha sólida azul representa o valor futuro composto e a linha sólida laranja representa o valor futuro simples. As linhas se interceptam em t -1. O painel (b), por sua vez, mostra a operação de desconto, sendo que a linha sólida azul representa o valor presente composto e a linha sólida laranja representa o valor presente simples. Também em t -1 as linhas se cruzam. FIGURA 2 –EQUIVALÊNCIA ENTRE OS REGIMES SIMPLES E COMPOSTO DE CAPITALIZAÇÃO/DESCONTO FONTE : o autor. 41 3. Inflação, poder de compra e a taxa de juros Como você já sabe, caro(a) aluno(a), a taxa de juros (nominal) é composta, fundamentalmente, pela taxa esperada de inflação, isto é, o quanto se espera que os bens e serviços na economia fiquem mais caros, somada à taxa de juros real (compensação pelo risco da operação). Desse modo, Taxa de juros Nominal = Taxa Esperada de Inflação / Taxa de juros Real Essa equação ilustra bem o conceito, mas, depois de estudar os regimes simples e composto de capitalização/desconto, você consegue entender a equação subentende a soma das taxas conforme o regime simples. A maneira correta de somar (subtrair) a taxa de inflação é utilizando o regime com- posto de capitalização (desconto). Talvez, caro(a) aluno(a), a melhor forma de entender a razão seja por meio de um exemplo simples. Considere que você gerencia uma plantação e precisa comprar fertilizantes, a fim de se preparar para a colheita do próximo ano. Hoje, você tem R$ 1.000,00 separados para comprar fertilizantes, que custam R$ 10,00 por litro. Como o dinheiro só será gasto no ano seguinte, faz sentido investi-lo, por exemplo, em um fundo de renda fixa, que remunera 10% ao ano, mas considere que, passado Para saber mais Para saber mais: Há equivalência entre os regimes simples e composto, porque, quando o período de interesse, de capitalização ou desconto, é igual a um, temos: no regime simples: FVsimples=PV.(1+T.i)=PV(1+1.i)=PV.(1+i) no regime composto: FVcomposto=PV.(1+i)T=PV(1+i)1=PV.(1+i) Assim, FVsimples= FVcomposto 42 um ano, o preço do fertilizante teve um aumento de 5%, ou seja, agora custa R$ 10,50 por litro. Quantos litros de fertilizantes você poderá comprar com o dinheiro que separou? O valor futuro dos R$ 1.000,00 de capital inicial, aplicados a uma taxa de 10% ao ano, é de R$ 1.100,00. Cada litro de fertilizante custa R$ 10,50. Portanto, você poderá comprar $ 1100/$10.5 - 104,76 litros de fertilizante. Em outras palavras, os R$ 1.000,00 que compravam 100 litros de ferti- lizante no ano passado, agora compram 104,76 litros. A rentabilidade da operação financeira em termos reais, em termos do produto que será comprado, é (1+10%) / (1+5%) - 1=4,76%. A taxa de juros nominal é i, a taxa de inflação é t e a taxa de juros real é π. Podemos reescrever a relação entre juros e inflação no regime composto como: Como você já sabe, é preciso subtrair 1 do fator, para obter a taxa: 4. Taxas de juros irregulares Nos exercícios expostos até agora, a taxa de juros era constante durante toda a operação, mas o que acontece se a taxa de juros variar? Se, por exemplo, um capital inicial de R$ 1.000,00 fosse capitalizado, em regime composto, por dois períodos, a uma taxa de 12%, no primeiro período, e de 15%, no segundo período, qual seria o valor futuro? 43 Para resolver esse problema, há duas possíveis opções. É possível separar a operação em duas operações diferentes, uma que rende 12% ao ano, por um ano, e mais uma que rende 15% ao ano, por outro ano. Assim, FV1=PV1.(1+i1) FV1=$1000.(1+12%)=$1120 PV2=FV1 FV2 = PV2.(1+i2) FV2=$1120.(1+15%)=$1288 Observe, caro(a) aluno(a), que houve uma pequena modificação em relação ao esquema que utilizamos para calcular a fórmula geral de capitalização composta, com taxa de juros constante. O inconveniente é que, nessa forma, fica complicado expressar o valor futuro FV2 final em função do capital inicial PV1. Talvez, seja mais simples calcular a taxa efetiva para o período de dois anos, considerando a irre- gularidade da taxa de juros, e capitalizar o capital inicial apenas uma vez. Assim, i* é a taxa efetiva no período de interesse de dois anos. Logo, (1+i*) = (1+i1) . (1+i2) (1+i*) = (1+12%) . (1+15%) (1+i*) =(1+28,8%) Ao calcular a taxa efetiva, sempre é importante confirmar se a frequência de incidência das taxas são iguais, nesse caso, ambas são uma vez ao ano. Então, fica fácil calcular o valor futuro como FV = PV (1+i*) FV = $1000 . (1+28,8%) FV = $1288 Para descontar um valor futuro com taxas de juros irregulares, você só precisa inverter essa relação. 44 5. Conhecendo a calculadora financeira HP12c Uma ferramenta bastante útil no cálculo financeiro é a calculadora HP12c, a qual é, basicamente, um computador muito simples, com funções pré-programadas, que realizam operações matemáti- cas. Apesar de comuns no dia a dia, essas operações são complicadas demais para serem realizadas “à mão” ou com calculadoras comuns, o que vai ficar bem evidente, quando apresentarmos as séries de pagamento e a amortização de financiamentos, nas próximas lições. No passado, muito do trabalho da gestão financeira era dominar completamente a HP12c, apre- sentada na Figura 3, para fazer cálculos rápidos e precisos. Hoje, com a evolução dos computadores, ferramentas como o Microsoft Excel e diversas linguagens de programação diminuíram a hegemonia da HP12c. Mesmo assim, ainda é importante ter alguma familiaridade com essa calculadora, mesmo que seja para conseguir consultar manuais no futuro. 45 FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO DA CALCULADORA HP12C FONTE: Eugenio, 123RF. 5.1. Calculando com a HP12c Para realizar a operação “12 x 4” (doze vezes quatro) em uma calculadora comum, você pressio- naria as teclas [1],[2],[x],[4],[=] (estamos utilizando os colchetes, para representar a tecla da cal- culadora), como aprendemos álgebra na escola. A HP12c é diferente, e talvez um pouco confusa no início, mas é mais cômoda para operações financeiras complexas. Para calcular “12 x 4” você pres- sionaria as teclas [1],[2],[enter],[4],[x] . A calculadora não tem a tecla [-]. A lógica é que, primeiro, você informa o número, depois, a operação. 46 Muitas teclas na HP12c têm sobrescri- tos em dourado e subscritos em azul, que se relacionam com a tecla dourada [ƒ] e a tecla azul [g]. Para acessar as funções em azul, primeiro, você deve apertar [g], o que muda a função da tecla do padrão, ou seja, o que está em branco no meio da tecla, para a função em azul, descrita embaixo. Assim, a tecla dourada [ƒ] funciona analogamente. Neste momento, vamos utilizar as funções [PV],[FV],[I] e [n], localizadas no canto superior esquerdo, para realizar operações de capitalização e desconto com apenas um pagamento, cuja formulação matemática você já domina. Nesse sentido, pense: qual é o valor futuro ([FV]) de um capital inicial ([PV]) de R$ 500,00, aplicado a uma taxa composta de 5% por período, durante oito períodos? Antes de realizar qualquer novo cálculo, você precisalimpar a memória da calculadora. Para isso, aperte a tecla dourada [ƒ], depois, a tecla [CLX], a qual limpa somente a última entrada. Quando a tecla [ƒ] é acionada primeiro, aciona-se também a função [REG], que limpa tudo na memória da calculadora. Na segunda etapa, você deve colocar o valor do capital inicial:[5],[0],[0],[CHS],[PV]. Quando você digita o número 500 e aperta [PV], está informando para a calculadora que o capital inicial, ou valor presente, é 500. Em seguida, deve ser apertada a tecla [CHS], que muda o sinal do número que está na memória (500 torna-se – 500), porque, de acordo com o padrão, a calculadora espera um fluxo de caixa positivo e outro fluxo de caixa negativo. Se a tecla [CHS] não for acionada nesse caso, o valor futuro [FV] vai aparecer com sinal negativo. O terceiro passo é informar a taxa de juros, que é de 5% ao período. Então, aperte [5],[i]. Devemos salientar, caro(a) aluno(a), que a HP12c já divide por 100 o valor da taxa de juros, ou seja, não é necessário digitar “0.05”, mas o número inteiro “5”. Em seguida, é preciso digitar os oito períodos: [8],[n]. Para saber mais Calculadoras científicas comuns aplicam a notação tradicional que conhecemos, chamada de “infixa”. A notação ao contrário, que usamos na HP12c, é denominada “pós-fixa” ou “polonesa inversa”. A notação polonesa tem várias vantagens computa- cionais, quando comparada com a infixa. 47 Pronto, agora é só apertar [FV] e o resultado “738.73” deve aparecer no visor. Observe que essa calculadora tem como padrão dividir os dígitos decimais com um ponto, não com uma vírgula, como é usual no Brasil. Para reforçar, pense: qual é o valor futuro (FV) de um capital inicial (PV) de R$ 500,00, aplicado a uma taxa composta de 5% por período, durante oito períodos? FV=PV(1+i)n. • Preliminares: [ƒ], [CLX] limpa a memória. • Valor presente: [500],[CSH],[PV], que introduz R$ 500 como PV. • Taxa de juros: [5],[i], que introduz 5% como taxa de juros i ao período. • Número de períodos: [8],[n], que introduz o número 8 como a quantidade de períodos de capitalização. • Valor futuro: [FV]. Obtém-se o valor futuro, pois deve aparecer no visor o número 738.73 ou – 738.73, se você não apertou [CSH] na etapa de valor presente. A ordem das etapas não importa totalmente, desde que você limpe a memória no início e intro- duza todas as “peças”, PV,n,i, a calculadora vai resolver corretamente o problema e apresentar o FV correto. Agora, vamos fazer a operação contrária: qual é o valor presente PVde um montante FV de R$ 738,73, capitalizado a uma taxa composta de 5% ao período, daqui a oito períodos? PV=FV/(1+I)n. • Preliminares: [ƒ], [CLX]. • Valor futuro: [7],[3],[8],[.],[7],[3],[Fv];. • Taxa de juros: [5],[i]. • Número de períodos: [8],[n]. • Valor presente: [PV]. Deve aparecer no visor o número – 500.00, porque não mudamos o sinal do valor futuro. Nas próximas lições, aprofundaremos as funcionalidades da HP12c, visto que se trata de uma ferramenta útil no desconto de múltiplos fluxos de caixa futuros, na amortização de empréstimos e no cálculo de índices de rentabilidade de investimentos. 48 Questão para reflexão Até agora, caro(a) aluno(a), apresenta- mos, principalmente, operações financeiras com um fluxo de caixa positivo e um fluxo de caixa negativo. Como seria possível adaptar as fórmulas de capitalização/desconto sim- ples e composto, a fim de valorar múltiplos fluxos de caixa no tempo? Considerações finais • Explicamos a operação de desconto, que transforma um valor monetário no futuro em seu equivalente no presente, descontado por alguma taxa de juros. • Evidenciamos como a inflação afeta o poder de compra de um valor monetário no futuro. A maneira conceitualmente correta de descontar a taxa de inflação da taxa de juros nominal é pelo regime composto. • Ensinamos como capitalizar um capital inicial ou descontar um valor futuro com taxas de juros irregulares. Uma forma simples de realizar esse tipo de cálculo é obtendo a taxa efetiva para o período total. • Apresentamos o funcionamento básico da calculadora financeira HP12c e a realização de cál- culos de valor presente e de valor futuro, com apenas um pagamento pela calculadora. Glossário Desconto: Operação inversa da capitalização, quando transformamos um valor futuro em valor presente. Link Há um manual oficial da calculadora HP12c em português, no qual são explicadas todas as fun- cionalidades, com exemplos bastante ilustrativos. Esse guia do usuário está disponível em: <http:// h10032.www1.hp.com/ctg/Manual/bpia5239.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2018. 49 Verificação de leitura QUESTÃO 1- Qual é o valor presente de um montante de R$ 3.500,00, dois anos e quatro meses no futuro, descontado por uma taxa de juros simples de 15% ao ano? a) R$ 2.545,39. b) R$ 2.592,59. c) R$ 2.526,04. d) R$ 2.646,50. e) R$ 2.692.31. QUESTÃO 2- Qual é o valor presente de um montante de R$ 5.000,00, remunerado a uma taxa composta de 15% ao ano, descontado por sete anos? a) R$ 4.608,53. b) R$ 4.597,70. c) R$ 2.439,02. d) R$ 1.879,68. e) R$ 2.934,53. QUESTÃO 3- Se a taxa de juros nominal de um certo título é de 8% ao ano e a taxa de in- flação acumulada no ano foi de 5%, qual é a rentabilidade do título em termos reais? a) 2,85%. b) 3,50%. c) 3,00%. d) 2,69%. e) 4,50%. 50 Referências Bibliograficas ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2016. EUGENIO, M. Financial tools. 123RF. Disponível em: <https://br.123rf.com/stock-photo/ calculadora_hp.html?imgtype=0&sti=m9dxwfprtmmkqalnsx|&mediapopup=1517762>. Acesso em: 09 maio 2018. HEWLETT–PACKARD COMPANY. Hp 12c calculadora financeira. 2005. Disponível em: <http://h10032.www1.hp.com/ctg/Manual/bpia5239.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2018. Leitura complementar PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017. 51 Gabarito QUESTÃO 1- Alternativa b. Aplicação da fórmula de desconto simples, com a taxa de juros transformada para o prazo de interesse: PV=FV/(1+Ti). Como a taxa base é expressa em anos, transformamos o prazo para dois anos e quatro meses. Assim: T � � �2 12 4 12 28 12 . Portanto, PV � � � $ % $ , 3500 1 28 12 15 2592 59 Questão 2 – Alternativa d. Aplicação direta da fórmula de desconto composto: PV FV i T � � � � � ( ) $ ( %) $ , 1 5000 1 15 1879 68 7 Questão 3 – Alternativa a. A taxa de juros nominal é i, a taxa de inflação é π e a taxa de juros real, rentabilidade real, é r. As três se relacionam na capitalização composta, pois (1+i) = (1=π).(1+r). Assim, o fator de rentabilidade real do título é: ( ) % % ,1 1 1 1 8 1 5 1 0285� � � � � � � �r i � E a taxa de juros real é de 2,85%. 4 Séries de pagamento 53 Objetivos Específicos • categorizar séries de pagamento, ou fluxos de caixa, de acordo com o valor das parcelas, a periodicidade dos pagamentos, a duração da operação e o período de ocorrência do pagamento; • entender as fórmulas de valor presente e valor futuro de séries de pagamento com diferentes características; • introduzir o conceito de equivalência entre fluxos de caixa. Introdução Nesta lição, caro(a) aluno(a), você irá aprender a valorar sequências de vários pagamentos espa- çados no tempo, séries de pagamento ou de fluxos de caixa. Como cada pagamento é definido por um instante de tempo diferente, a taxa de juros (aqui, considerada constante) incide mais vezes sobrepagamentos mais distantes no futuro. Para calcular o valor presente, ou o valor futuro, de uma série de pagamentos, somamos os fluxos de caixa, cada um descontado, ou capitalizado, pela taxa de juros apropriada. Nesse sentido, uma série de pagamentos é definida segundo as seguintes características: valor das parcelas, que pode ser sempre igual ou variar período a período; espaçamento das parcelas, que pode seguir uma regra bem definida ou não; duração da série, limitada ou ilimitada; período de ocorrência do pagamento. Dependendo das características dos fluxos de caixa, pode ser possível expressar o valor futuro ou o valor presente da série como uma fórmula concisa. Ademais, iremos introduzir o importante conceito de equivalência entre fluxos de caixa. Desse modo, afirmamos que duas séries de pagamento são equivalentes se ambas tiverem valor presente iguais. A ideia é que, se as taxas de juros usada para descontar os fluxos de caixa forem diferentes, então, séries com pagamentos de magnitude diferentes podem ter valor presente igual. 54 1. Características das séries de pagamento As séries de pagamento, ou séries de fluxo de caixa ou apenas fluxos de caixa, são sequências de pagamentos monetários localizados no tempo. De acordo com Assaf Neto (2016), há quatro carac- terísticas que definem uma série de pagamento: • valor das parcelas, que se refere ao valor de cada um dos pagamentos da série e pode regular (constante) ou irregular (variável); • periodicidade das parcelas, referente ao espaçamento no tempo entre pagamentos. Se o intervalo entre pagamentos é constante ou segue uma regra bem definida, os fluxos de caixa são periódicos. Caso contrário, são aperiódicos. • duração da operação, a qual pode ser limitada, se sabemos o número de pagamentos a priori, ou indeterminada, se não conhecemos, previamente, a quantidade de pagamentos; • período de ocorrência do pagamento, que diz respeito ao período de referência no qual é realizado o pagamento. Se os fluxos de caixa ocorrem no fim do período, os pagamentos são postecipados. Se ocorrem no início do período, são antecipados. Se existe algum período de carência, a série é diferida. Essa característica é relevante, porque, se os pagamentos ocor- rem no fim do período de referência (postecipado), os juros do período incidem sobre o fluxo de caixa. Caso ocorram no início do período de referência (antecipados), não é necessário des- contar/capitalizar os juros daquele período. Se nada for informado, deve ser tratada como uma série postecipada. Nesse sentido, caro(a) aluno(a), você entenderá como calcular o valor presente (PV) e o valor futuro (FV) de séries de pagamento com diferentes características. Assim, focalizaremos as séries com taxa de juros constantes. 55 1.1 Método geral de cálculo O valor presente (PV) de uma série de fluxos de caixa limitada, postecipada e com taxa de juros constante i pode ser escrito da seguinte forma: PV PMT i PMT i PMT i PMT i PMTn n n� � � � � � � � � ��� 1 2 2 3 3 1 1 1 1 1 1 1( ) ( ) ... ( ) ( �� i n) PV PMTj ij n j� � �� 1 1( ) * Nesse caso, PMTj denota o pagamento na data j, que pode ser positivo, negativo, ou zero, e n representa a quantidade de períodos. Por sua vez, o valor futuro (FV) de uma série limitada, poste- cipada e com taxa de juros constante pode ser escrito assim: FV=PMT1.(1+i)0+PMT2.(1+i)1+...+PMTn-1.(PMTn)n-2+PMTn(1+i)n-1 FV PMT ij j j n � � � � � � .( )1 1 0 1 2. Séries de pagamentos regulares, periódicas e limitadas Inicialmente, caro(a) aluno(a), considere o caso mais simples: uma série de pagamentos regular, periódica e limitada, como ilustra a Figura 1. FIGURA 1 – EXEMPLO DE SÉRIE DE PAGAMENTO REGULAR, PERIÓDICA E LIMITADA 56 FONTE: o autor. Em outras palavras, o valor dos fluxos de caixa é sempre igual (regu- lar), os pagamentos são espaçados no tempo por um intervalo constante (periódico) e o número de períodos é pre- viamente estabelecido (limitado). A seguir, vamos explorar essas propriedades de regu- laridade desse tipo de série de pagamentos, para obter uma fórmula conveniente para o valor presente. Caso você considere uma taxa de juros Link Veja que um importante título da dívida brasileira o NTN-B (Notas do Tesouro Nacional série B) segue a es- trutura de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada. Para obter mais informações acerca desse assunto, acesse o link disponível em: <http://www. tesouro.gov.br/tesouro-direto-entenda-cada-titu- lo-no-detalhe>. Acesso em: 23 fev. 2018. 57 constante, o valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada pode ser escrito da seguinte forma: Devido ao fato de os pagamentos serem regulares, podemos colocar PMT em evidência e escre- ver PV como: Assaf Neto (2016) denomina a expressão entre colchetes como fator de valor presente: Observe que FPV(i,n) é a soma de uma progressão geométrica com razão q.(1+i)-1, número de parcelas n, cujo primeiro termo a1 é (1+i)-1 e o n-ésimo termo an é (1+i)-n. A soma de uma progressão geométrica finita é determinada pela fórmula Fazendo a substituição na fórmula da soma de uma progressão geométrica finita, há: 58 Multiplicando ambos, numerador e denominador, por (1+i), podemos escrever o fator de valor presente como: Portanto, o valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada pode ser escrito da seguinte forma: No exemplo da Figura 1,PMT - $50,00, n-12. Considere uma taxa de juros de 8% ao período. Portanto, o valor presente dessa série de pagamentos é determinado por Esse é o cálculo do valor presente, ou seja, o valor descontado, hoje, de uma série de pagamen- tos regular, periódica e limitada. A faceta contrária do valor presente é o valor futuro (montante), a soma dos pagamentos e dos juros acumulados. Assim, apresentaremos a fórmula conveniente para o valor futuro de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada. Como os pagamentos e a taxa de juros são constantes, escrevemos o valor futuro como: Colocando PMT em evidência, temos: A expressão entre colchetes é, analogamente, chamada de fator de valor futuro: 59 Observe que FFV (i,n) é uma soma de progressão geométrica, com primeira parcela a1=1, n-é- sima parcela an = (1+i)n-1 , razão (1+i). Da fórmula de Sn, há: Assim, o valor futuro FV é determinado por: Ainda com base na Figura 1, PMT = $50,00, n=12, i=8%. Portanto, Assaf Neto (2016) chama as séries de pagamento regulares, periódicas e limitadas, para as quais podemos escrever o valor futuro ou valor presente, como função dos pagamentos periódicos (da taxa de juros e do número de períodos) de fluxos de caixa padrões ou convencionais. 60 3. Séries de pagamento regulares, periódicas, mas ilimitadas Quando o fluxo de caixa é regular, perió- dico, mas ilimitado, também é possível determinar o valor presente (não o valor futuro) como fun- ção dos pagamentos e da taxa de juros. Nesse sentido, esse tipo de fluxo de caixa também é padrão ou convencional. Como você já sabe, caro(a) aluno(a), a fórmula geral do valor presente de uma série de pagamentos pode ser escrita da seguinte forma: Usaremos o símbolo do infinito subscrito para denotar que a soma é infinita. Ademais, você pode observar que, nesse caso, o fator de valor presente é a soma de uma progressão geométrica infinita, com primeiro termo (1+i)-1 e razão igual a (1+i)-1. A fórmula de uma progressão geométrica infinita, com primeiro termo a1 e razão q<1, é determinada por: Fazendo a substituição na fórmula da soma de uma progressão geométrica infinita, há: Para saber maisUm ativo financeiro que gera fluxos de caixa “para sempre”, ou por uma quantidade ilimitada de períodos, pode parecer algo fora da realidade, mas qualquer ação negociada em bolsa de valores, que paga dividendos periódicos, enquadra-se nessa categoria de ativo. 61 Multiplicando o numerador e o denominador por (1+i), é possível obter a simples fórmula para o fator de valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e ilimitada: Portanto o valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e ilimitada é O argumento que utilizado para calcular o valor presente de uma série ilimitada de fluxos de caixa não vale para o valor futuro. Vamos explicar a razão disso. Se escrevermos esse valor futuro, de maneira análoga, como: Pode parecer conveniente aplicar a fórmula S∞ =a1/(1-q) para escrever: FFV i� � � � 1 1 1( ) FFV� � � 1 1 * Observe, porém, que é um número negativo. Claro que a soma dos números que estão dentro dos colchetes, na expressão FV∞(PMT,i), é um número positivo. Desse modo, a fórmula S∞ é definida apenas para razões menores do que um, apenas para séries que diminuem com cada novo valor. Portanto, podemos afirmar que FV∞(PMT,i) é indefinido. 62 4. Séries de pagamento não convencionais A partir de agora, trataremos das séries irregulares e/ou aperiódicas, nas quais a frequência dos fluxos de caixa não segue uma regra preestabelecida ou a magnitude dos fluxos de caixa é variável no tempo. Nesse sentido, a Figura 2 mostra um fluxo de caixa regular, limitado, mas aperiódico. Os pagamentos são sempre de R$ 50,00, mas ocorrem em intervalos de tempo irregulares. FIGURA 2 – SÉRIE DE PAGAMENTO REGULAR, APERIÓDICA, LIMITADA FONTE: o autor. 63 Diferentemente do caso em que a série é regular e periódica, não é possível simplificar as fórmu- las de valor presente e de valor futuro de uma série de pagamentos aperiódica e/ou irregular para expressões concisas. Desse modo, para calcular esses valores de séries aperiódicas, é preciso des- contar/capitalizar os fluxos de caixa não nulos, pela taxa de juros associada ao período que ocorre o pagamento. Depois, a soma é feita da maneira usual: é necessário aplicar a fórmula geral do valor presente e do valor futuro de uma série de pagamentos. Por exemplo, a fórmula geral do valor presente de uma série de pagamentos é a soma de cada parcela PMT, descontadas pelo fator de juros composto por j períodos: PV PMT i j j j n � �� � ( )11 A fórmula geral do valor futuro de uma série de pagamentos e a soma de cada parcela PMT, capi- talizadas pelo fator de juros composto por j-1 períodos é: FV PMT ij j j n � � � � � .( )1 0 1 Vamos tentar calcular o valor presente do fluxo de caixa, descrito na Figura 2, supondo uma taxa de juros de 15% ao período. Como exposto, os pagamentos são regulares, sempre de R$ 50,00, mas não ocorrem com uma frequência bem estabelecida. Para aplicar a fórmula geral do valor presente, precisamos transformar esse fluxo de caixa regular em um fluxo de caixa irregular que, às vezes, é R$ 50,00, às vezes, é R$ 0. Assim: 64 PV � � � � � � � � � � $ ( %) $ ( %) $ ( %) $ ( %) $ ( %) 50 1 15 0 1 15 0 1 15 0 1 15 0 1 15 1 2 3 4 5 �� � � � � � � � � � � $ ( %) $ ( %) $ ( %) $ ( %) $ ( %) 0 1 15 0 1 15 0 1 15 0 1 15 0 1 15 6 7 8 9 10 $$ ( %) $ ( %) $ , 0 1 15 0 1 15 151 63 11 12� � � � A Figura 3 representa uma série de pagamentos, cujas parcelas variam de período a período, e não ocorrem em intervalos regulares. O procedimento de valoração para uma série de pagamentos irregular é igual ao das séries aperiódicas. FIGURA 3 – SÉRIE DE PAGAMENTOS IRREGULAR, APERIÓDICA E LIMITADA FONTE: o autor. 65 Por exemplo, considere a série de pagamentos irregular e os fluxos de caixa espaçados, aperio- dicamente, em 12 períodos: CF=$25,$0,$0,-$30,$25,$0,-$25,$0,$15,$40,$0-$40. Qual é o valor futuro desse fluxo de caixa, considerando uma taxa de juros de 5% ao período? Para responder a essa pergunta, só é preciso aplicar a fórmula geral do valor futuro de um fluxo de caixa: FV=$25.(1+5%)0+$0.(1+5%)1+$0.(1.5%)2-$30.(1+5%)3+$25.(1+5%)4 +$0.(1+5%)5-$25.(1+5%)6+$0.(1+5%)7 +$15.(1+5%)8+$40.(1+5%)9+$0.(1+5%)10-$40.(1+5%)11, FV=$3,10 5. Equivalência financeira Um conceito muito importante em matemática financeira é o de equivalência financeira. Lembre-se de que um fluxo de caixa é definido pela série de pagamentos e pela taxa de juros usada para descontar/capitalizar as parcelas. Assim, podemos afirmar que dois fluxos de caixa, CFA(PMTjA) e CFB(PMTjB,iB), são equivalentes, se eles têm o mesmo valor presente. Se a soma dos pagamentos PMTjA, descontados pela taxa de juros iA, tem valor monetário igual à soma dos pagamentos PMTjB, descontado pela taxa de juros iB, seríamos indiferentes entre um ou outro, se fosse necessária a escolha entre CFA e CFB mentos regulares, periódicas e limitadas: CFA:$50;$50;$50;$50;$50. CFB:$100;$100;$100;$100;$100. Se for considerada uma taxa de juros de 15%, os valores presentes dos fluxos de caixa A e B serão definidos por: PV PMT PMT FPVA A A( , %, ) . ( %, ) $ . ( %) % $ ,15 5 15 5 50 1 1 15 15 167 60 5 � � � � � � PV PMT PMT FPVB B B( , %, ) . ( %, ) $ . ( %) % $ ,15 5 15 5 100 1 1 15 15 335 2 5 � � � � � � 11 É claro que o valor presente do fluxo A é maior do que o valor presente do fluxo B, quando des- contado pela mesma taxa de juros, 15%, cada PMTB é o dobro de PMTA. Caso seja utilizada uma 66 taxa de juros maior, para descontar a série de pagamentos B, seu valor presente vai diminuir, pos- sivelmente para um valor igual, ou até menor, do que PVA, descontado com taxa de juros de 15%. Quando utilizamos uma taxa de juros de 52,41% ao período, o valor presente do fluxo de caixa B é: PV PMT PMT FPVB B B( , , %, ) . ( , %, ) $ . ( , %)52 41 5 52 41 5 100 1 1 52 41 5 5 � � � � � 22 41 100 1 6760 167 60 , % $ . , $ ,� � Observe o mesmo valor monetário do valor presente do fluxo de caixa 15%, descontado com 15% de juros ao período. Assim, CFB(i=52,41%) é equivalente ao CFA(i=15%) porque os dois têm o mesmo valor presente. Questão para reflexão O conceito de equivalência de fluxos de caixa é central na análise financeira de pro- jetos. Como essa ferramenta pode ser utili- zada para se escolher o investimento mais lucrativo? Considerações finais • O valor presente de uma série de pagamentos é determinado pela soma das parcelas, cada uma descontada pela taxa de juros apropriada: Pv PMT it n t t � ��� 1 1( ) • O valor futuro de uma série de pagamentos é definido pela soma das parcelas, cada uma capi- talizada pela taxa de juros apropriada. Para saber mais Como é possível encontrar a taxa de juros de 52,41% que equivale ao CFA e ao CFB? Calcule essa taxa na HP12c. Você já sabe que PV(CFA) = $167,60 e precisa encontrar a taxa de juros para PV(CFA) = PV(CFB). Pressione [167.60],[g][CF0], para lançar o valor presente, [100],[g][CFj],[5],[n], para lançar as cinco parcelas de 100, e, então,[ƒ][IRR]. A taxa de juros 54,41% deve aparecer no visor. Ademais, devemos salientar que IRR é a sigla em inglês para Internal return rate, Taxa interna de retorno (TIR), assunto de outras lições. 67 FV PMT it n t t� �� �� 11 1.( ) • O valor presente de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada é PV PMT i i n � � � � . ( )1 1 • O valor futuro de uma série de pagamentos regular, periódica e limitada
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