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Exercício de revisão CPPII

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
EXERCÍCIO DE REVISÃO 
PROFESSOR RIZZO 
 
1) No delito de homicídio, o exame de corpo de delito 
a) é prova pericial fundamental, sem a qual não pode haver o oferecimento da denúncia. 
b) deve, em regra, ser realizado por perito oficial, portador de diploma de curso 
superior. 
c) é dispensável, no caso de confissão do crime. 
d) é dispensável, caso existam outras provas da prática delituosa. 
 
2) Quanto às perícias de local, são levados em conta os diversos vestígios encontrados. A 
análise desses elementos deverá constituir a materialidade dos fatos, provendo a Justiça 
com provas suficientes para o alcance da dinâmica dos fatos, das motivações de um crime 
porventura cometido e, preferencialmente, para o apontamento da autoria do mesmo. 
Nesse sentido, tem-se o seguinte: 
a) a prova testemunhal substitui o exame de corpo de delito mesmo quando vestígios 
forem encontrados. 
b) a análise dos vestígios é dispensável quando o culpado confessar o crime ou for pego 
em flagrante. 
c) vestígios são provas do cometimento de um crime, sobretudo se são encontrados no 
local dos fatos. 
d) corpo de delito é o conjunto de vestígios encontrados no local dos fatos ou a estes 
relacionados. 
 
3) Relativamente à emendatio libelli e à mutatio libelli, analise as assertivas abaixo. 
I - O Juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá 
atribuir-lhe definição jurídica diversa, desde que, em consequência, não tenha de aplicar 
pena mais grave. 
II - Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de 
proposta de suspensão condicional do processo, o Juiz procederá de acordo com o 
disposto na lei. 
III - Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, 
em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração 
penal não contida na acusação, o Ministério Público poderá aditar a denúncia ou queixa, 
no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em 
crime de ação pública, reduzindo - se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
IV - Havendo aditamento da denúncia, cada parte poderá arrolar até 3 (três) 
testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o Juiz, na sentença, adstrito aos 
termos do aditamento. 
Está correto o que se afirma em: 
a) II e IV, apenas. 
b) I e II, apenas. 
c) III e IV, apenas. 
d) I, II e IV, apenas. 
 
4) ASSINALE A ALTERNATIVA FALSA, A RESPE TODA MUTATIO LIBELLI: 
a) Enquanto na emendatio a definição jurídica refere-se unicamente à classificação dada 
ao fato, na mutatio libelli a nova definição será do próprio fato. Sendo assim, não se altera 
simplesmente a capitulação feita na inicial, mas a própria imputação do fato; 
b) Conforme o CPP, não procedendo o órgão do Ministério público ao aditamento, 
o assistente de acusação poderá fazê-lo, no prazo de cinco dias, desde que 
previamente habilitado nos autos; 
c) Na ordem anterior à Lei n. 11,719/08, cabia ao próprio magistrado a alteração (mutatio) 
da acusação (libelli) quando, da nova definição jurídica, surgisse crime cuja pena fosse 
igual ou inferior àquela do delito imputado inicialmente ao réu. Conforme a legislação 
atual, que corrigiu o antigo defeito, independentemente da pena, o novo delito só pode 
ser julgado se promovido o aditamento da acusação pelo órgão do Ministério Público, 
ficando o magistrado, na sentença, adstrito aos termos do aditamento; 
d) Há casos em que o elemento (ou circunstância) está contido implicitamente na peça 
acusatória. É o que ocorre, por exemplo, nas desclassificações operadas pela alteração 
feita no elemento subjetivo da conduta (dolo e culpa). Neste sentido. já se pronunciou o 
STF, quando desclassificou o peculato doloso para peculato culposo, entendendo que a 
modificação do dolo para culpa não implicaria mutatio libelli, tendo o acusado se 
defendido amplamente dos fatos a ele imputados. 
 
5) A citação 
a) por mandado pode ser dispensada se for evidente que o réu sabe que está sendo 
processado criminalmente. 
b) será pessoal sempre que o réu estiver preso. 
c) por edital suspende o processo e o prazo prescricional no momento da sua publicação 
no diário oficial. 
d) por hora certa é exclusiva do processo civil, pois inexiste citação ficta no processo 
penal brasileiro. 
 
6) Tício está residindo na França, mas em endereço desconhecido. Nesse caso, a sua 
citação far-se-á por 
a) edital. 
b) carta rogatória. 
c) carta precatória. 
d) carta com aviso de recebimento. 
 
7) O rito comum ordinário prevê que o juiz pode substituir as alegações finais orais por 
memoriais escritos? 
a) Sim, desde que o acusado não esteja preso. 
b) Sim, desde que não se trate de julgamento de crime grave. 
c) Sim, em qualquer hipótese, desde que a decisão seja fundamentada. 
d) Sim, desde que o caso seja complexo ou a depender do número de acusados. 
 
8) O procedimento ordinário expressamente previsto no Código de Processo Penal possui 
características que o diferenciam do procedimento especial previsto para os crimes 
dolosos contra a vida. Dito isso, analise as proposições e assinale a alternativa que se 
adequa ao procedimento ordinário. 
a) Não há previsão legal para o recebimento da denúncia após a citação e apresentação da 
resposta escrita. 
b) É cabível o julgamento antecipado da lide. 
c) Podem ser arroladas até cinco testemunhas pelo autor da ação para cada imputação 
formulada. 
d) O Ministério Público deve ser intimado após a apresentação da resposta escrita. 
 
9) A respeito dos ritos no Processo Penal, indique a única alternativa CORRETA: 
a) Será aplicado rito Sumaríssimo quando a pena máxima for inferior a 4 anos e superior 
a 2 anos. 
b) Será aplicado rito Sumário quando a pena máxima do delito imputado ao réu em 
abstrato for igual ou superior a 4 anos. 
c) Será aplicado rito Ordinário aos crimes que tenham pena máxima em abstrato 
igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade. 
d) Para se identificar o rito processual basta verificar a pena mínima referente a cada 
delito presente no próprio tipo penal. 
 
10) Acerca dos Processos em Espécie e de Ritos Processuais assinale a alternativa correta: 
a) Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não 
a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à 
acusação, por escrito, no prazo de 20 dias; 
b) Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não 
a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responderá 
acusação, por escrito, no prazo de 03 dias; 
c) Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, 
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para 
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias; 
d) Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não 
a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à 
acusação, por escrito, no prazo de 15 dias; 
 
DISCURSIVAS 
1) Durante instrução probatória em que se imputava a João a prática de um crime de peculato, 
foram intimados para depor, em audiência de instrução e julgamento, os policiais civis que 
participaram das investigações, a ex-esposa de João, que tinha conhecimento dos fatos, e o padre 
para o qual João contava o que considerava seus pecados, inclusive sobre os desvios de dinheiro 
público. Preocupados, todos os intimados para depoimento foram à audiência, acompanhados de 
seus advogados, demonstrando interesse em não prestardeclarações. 
Considerando apenas as informações narradas, o que poderá fazer os advogados nestes casos. 
Explique. 
 
R:Os Advogados da ex-esposa e do padre poderão requerer que estes não sejam ouvidos na 
condição de testemunhas. Poderá alegar o advogado do parque em conformidade com o que 
estatui o art. 207 CPP existem determinadas profissões que são proibidas de depor. 
 
 
 
2) José Barbosa, nascido em 11/03/1998, caminhava para casa após sair da faculdade, às 11h da 
manhã, no dia 07/03/2016, quando se deparou com Daniel, ex-namorado de sua atual 
companheira, conversando com esta. Em razão de ciúmes, retirou a faca que trazia na mochila e 
aplicou numerosas facadas no peito de Daniel, com a intenção de matá-lo. Daniel recebeu pronto 
atendimento médico, foi encaminhado para um hospital de Niterói, mas faleceu 05 dias após os 
golpes de faca. Já no dia 08/03/2016, policiais militares, informados sobre o fato ocorrido no dia 
anterior, comparecem à residência de José Barbosa, já que um dos agentes da lei era seu vizinho. 
Apesar de não ter ninguém em casa, a janela estava aberta, e os policiais puderam ver seu interior, 
verificando que havia uma faca suja de sangue escondida junto ao sofá. Diante disso, para evitar 
que José Barbosa desaparecesse com a arma utilizada, ingressaram no imóvel e apreenderam a 
arma branca, que foi devidamente apresentada pela autoridade policial. Com base na prova 
produzida a partir da apreensão da faca, o Ministério Público oferece denúncia em face de José 
Barbosa, imputando-lhe a prática do crime de homicídio consumado. 
 Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de José Barbosa, responda aos 
itens a seguir. 
 Qual argumento a ser apresentado pela defesa técnica do denunciado para combater a prova 
decorrente da apreensão da faca? Justifique. 
GABARITO: 
A defesa deveria alegar que a prova obtida a partir da apreensão da faca é ilícita, 
não podendo ser valorada no momento da sentença. Estabelece o Art. 5º, inciso XI, 
da CRFB/88 que a casa é asilo inviolável, não podendo nela ninguém ingressar sem 
consentimento do morador. A própria Constituição, todavia, traz exceções a esta regra, 
como na hipótese de flagrante delito ou mediante ordem judicial, durante o dia. Não 
havia, no caso apresentado, situação de flagrante delito, já que a simples posse de 
faca não configura crime e, em relação ao crime/ato infracional praticado no dia 
anterior, não havia situação de flagrância, pois ausentes os requisitos do Art. 302 do 
CPP. Ademais, não houve autorização do morador e nem existia ordem judicial de 
busca e apreensão, já que os policiais decidiram ingressar no imóvel porque viram 
a arma suja de sangue através da janela aberta. 
 
3) Ao oferecer denúncia em face de Benedito, o promotor de justiça narrou que o réu subtraiu 
sub-repticiamente o telefone celular da vítima Jonas, quando ambos saíam da aula no curso de 
Jornalismo da UFPR. Seguindo na narrativa fática, o promotor de justiça descreveu que o réu se 
aproveitou de um momento de distração por parte da vítima, para então subtrair a res. Em 
audiência concentrada, o magistrado abriu a instrução com a oitiva do ofendido, momento em que 
este afirmou que o celular fora entregue voluntariamente a Benedito, que havia lhe pedido para 
fazer uma ligação urgente para a sua mãe que estava internada em um hospital, e que, após a 
entrega do telefone, o réu saiu correndo, apoderando-se definitivamente do objeto, que não mais 
foi encontrado. Encerrada a instrução probatória que providência deverá adotar o magistrado? 
Explique. 
 
R:respeitar o princípio da correlação entre acusação e sentença, aguardando que o 
Ministério Público faça o aditamento da denúncia, no prazo de 5 (cinco) dias, 
reduzindo a termo o aditamento, caso feito oralmente. Após o aditamento abrirá o 
prazo de 5 (cinco) dias para a defesa se manifestar, e, uma vez admitido o aditamento, 
a requerimento das partes, designará dia e hora para a continuação da audiência, com 
inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e 
julgamento. Isto porque se está diante de hipótese de mutatio libelli. 
 
4) O juiz de direito substituto da 1.ª Vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro recebeu 
denúncia em face de Tertuliano, na qual constava que, no dia 10 de fevereiro de 2007, 
mediante grave ameaça, exercida com emprego de arma de fogo, Tertuliano subtraiu o 
carro e outros bens que estavam no interior do veículo, tudo de propriedade da vítima 
Fabrícia. Por fim, requereu o promotor signatário da denúncia a condenação de Tertuliano 
nas penas do crime de furto — art. 155, caput, do Código Penal (CP). Após regular trâmite 
processual, tendo Tertuliano confessado que praticou os fatos na forma em que foram 
mencionados na denúncia e tendo a vítima também asseverado a veracidade de tais fatos, 
juntando-se aos autos, ainda, o laudo de eficiência da arma de fogo utilizada por 
Tertuliano e apreendida pelos policiais, as partes nada requereram em diligências (fase 
prevista no art. 499 do CPP). Em alegações finais, o Ministério Público pediu a 
condenação nos termos da denúncia e a defesa requereu a absolvição do acusado por falta 
de provas. O juiz sentenciou o feito, condenando o acusado nas penas do art. 157, § 2.º, 
inciso I, do CP — roubo qualificado pelo emprego de arma. Nessa situação hipotética, 
que providencia adotou o juiz na sentença? Explique. 
R: é plenamente válida, tendo o juiz aplicado a norma processual relativa à emendatio 
libelli. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5) A Constituição Federal de 1988, no artigo 5°, inciso LVI, prevê expressamente a 
inadmissibilidade da utilização no processo de provas obtidas por meios ilícitos. De 
acordo com as teorias adotadas pelo legislador brasileiro e recente entendimento 
jurisprudencial, descarta-se a ilicitude da prova na seguinte situação. 
CASO 01 - Juca está sendo acusado de crime, porém alega que é inocente e tudo não 
passa de um plano vingativo elaborado por seu desafeto político. No intuito de 
provar sua inocência, Juca contrata investigador particular, o qual instala sistema 
de captação de imagem e som clandestinamente no escritório do seu desafeto. Por 
meio das imagens e som gravados, Juca consegue extrair conversa que prova 
indubitavelmente não ser ele autor do crime denunciado e faz a juntada nos autos 
do processo judicial. 
 
CASO 02 - Chegou ao conhecimento da autoridade policial que determinado caminhão 
estava transportando alta quantidade de drogas. Em cumprimento de mandado judicial, 
foram realizadas busca e apreensão do veículo, confirmando-se o fato. No decorrer do 
processo judicial, constatou-se que o crime havia sido descoberto no 16° dia do início de 
interceptação telefônica, deferida judicialmente pelo prazo inicial de 30 dias. Verificou-
se, ainda, que houve pedido de prorrogação após um dia do término do prazo inicial. Em 
qual dos casos está demonstrado a ilicitude da prova. Explique porque um caso é licito e 
no outro não. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme jurisprudência majoritária umas das hipóteses de exceção da 
admissibilidade das provas obtidas por meio ilícito seria quando exercidas 
exclusivamente para comprovar a inocência do réu (PRO REO). 
Para complementar, as outras exceções de admissibilidade são: 
1) admite também quando entre as provas lícitas e ilícitas em que não haja 
nexo causal entre elas, sejam produzidas a partir de uma fonte 
INDEPENDENTE; 
2) EXCEPCIONALMENTE é possível utilizar provas ilícita, desde que, através 
de um procedimento e raciocínio, possa se chegar a conclusão que se o 
agente agisse de maneira rotineirae procedimental, a prova acabaria sendo 
descoberta INEVITAVELMENTE; 
Vale salientar que a jurisprudência excepcionalmente admite que o juiz forme 
sua convicção mesmo que a prova tenha violado a CF/88 ou a lei. O STF 
validou prova obtida com violação de correspondência utilizando o princípio da 
PROPORCIONALIDADE. (HC 70.814/SP)

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