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1 PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA/FNDE COMPETÊNCIAS BÁSICAS CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE LINS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Fabiana Vita Florentino Patrícia Crema Violato Guidetti Lins, SP – 18 de Outubro de 2017. 2 PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA/FNDE COMPETÊNCIAS BÁSICAS Fabiana Vita Florentino Patrícia Crema Violato Guidetti CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE LINS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Trabalho final de conclusão do curso Competências Básicas no âmbito do Programa Formação pela Escola sob a tutoria da PCNP Maria Fabiana Adami Mandeli. Lins, SP –18 de Outubro de 2017. 3 RESUMO O presente trabalho trata do Conselho Municipal de Educação da cidade de Lins, apresentando resgate histórico e embasamento legal. O problema apresentado é a ausência de representantes dos pais neste Conselho tão importante para a educação no município. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 04 FNDE e os Conselhos: noções básicas ................................................................ 05 Conselho Municipal de Educação de Lins: Resgate Histórico ........................... 07 Conselho Municipal de Educação: Perspectiva de atuação ............................... 09 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 12 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 13 4 INTRODUÇÃO O primeiro artigo da Constituição Federal já demonstra a opção por regime político republicano regido constitucionalmente em nosso país. Portanto a democracia como base da Constituição de 1988, possibilita que esta, em seu artigo 211 determine que Federação, Estados e Municípios organizarão seus sistemas de ensino em colaboração, enquanto ao município fica a obrigação de atuar prioritariamente na Educação Infantil e Ensino Fundamental. A criação dos Conselhos é indicada pela LDBEN 9394/96, mas o primeiro Conselho em âmbito nacional foi criado em 1911. Houve construção histórica desde esta data que possibilita na atualidade, conselhos com representatividade de diversos segmentos, opinando, fiscalizando e legislando sobre a destinação de verbas e princípios educacionais. A criação do Conselho Municipal de Educação é baseada legalmente na Constituição Federal de 1998, na LDB nº 9394/96, no Plano Nacional de Educação, mas prioritariamente nos fundamentos da gestão democrática e participativa no ensino público. O Conselho Municipal de Lins foi criado pela primeira vez em 1977 em um determinado momento político e passou por diversas modificações posteriormente. A atuação deste Conselho também sofreu influências e passou por momentos de estagnação, mas foi retomado e atualmente possui um calendário estável de reuniões e quórum suficiente para as discussões que são encaminhadas a ele. A problemática enfocada aqui será a grande dificuldade em consolidar a participação efetiva dos pais, pois há diversos segmentos representados no Conselho, mas a frequência dos pais de alunos de escolas públicas ainda é um grande problema a ser enfrentado. 5 FNDE e Conselhos: noções básicas A Constituição Federal/1988, em seu art. 1o, parágrafo único: “Todo poder emana do povo, que o exerce indiretamente, por representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição”, logo, os Conselhos são parte essencial para garantir a participação, acompanhamento e a execução das ações e programas do governo. A atuação junto aos Conselhos permite a ação do controle social exercido pelo povo, que deixa de ser representado e passa a atuar diretamente na democracia do país. A criação de um Conselho Municipal de Educação respalda-se legalmente na Constituição Federal de 1998, na LDB nº 9394/96, no Plano Nacional de Educação, Lei 10.172 de 09/01/01, bem como nos princípios da gestão democrática e participativa do ensino público, com funções normativa, consultiva, deliberativa e fiscalizadora. O controle social tem existido sobre as ações do governo federal por um número cada vez maior de organizações da sociedade civil. É o resultado da implantação de políticas públicas que têm como objetivo a descentralização do poder de decisão sobre os recursos a serem utilizados na prestação de serviços sociais, principalmente no setor da educação. Fortalecendo assim a democracia na qual há possibilidade de transformação em sujeitos conscientes, que lutam pelos seus direitos legais, tentam ampliá-los, acompanham e controlam socialmente a execução de programas, projetos e ações que concretizam esses direitos. Para que o cidadão seja ativo democraticamente, deve ser capaz de agir politicamente, mas não em benefício próprio, questionar a situação atual, criticá-la buscando soluções, reivindicar melhorias e ser engajado, contribuindo para a transformação de uma ordem social injusta e excludente. Os Conselhos gestores devem pautar-se pelas seguintes características: a) Possuir formação plural, permitindo a participação de pessoas de qualquer crença religiosa, etnia, filiação partidária, convicção filosófica, contando, assim, com a representação dos vários segmentos que constituem a sociedade brasileira; b) ter representação do Estado e da sociedade civil, pois os conselhos devem ser compostos por conselheiros, representantes do Estado e da sociedade civil; c) possuir natureza deliberativa, exercendo a capacidade de decidir sobre a formulação, controle, fiscalização, supervisão e avaliação das políticas públicas, inclusive nos assuntos; 6 d) exercer natureza consultiva, devido a seu caráter de assessoramento por meio de pareceres aprovados pelos membros, deve-se responder as a consultas do governo e da sociedade; e) desempenhar função fiscalizadora, pois tem competência para fiscalizar o cumprimento das normas e a legalidade de ações; f) incentivar função mobilizadora, que situará o conselho numa ação efetiva de mediação entre o governo e a sociedade. Enfim, governo federal, por intermédio do Ministério da Educação e do FNDE, vem estimulando a organização da sociedade civil e sua participação no planejamento, acompanhamento e avaliação das políticas públicas educacionais locais. Não obstante, sociedade civil deve ocupar estes espaços e exercê-los com respeito e seriedade, pois o controle social não deverá acobertar as irregularidades que possam vir a acontecer. Por isso os Conselhos são essenciais ao desenvolvimento da educação de maneira democrática. Nesse sentido, a criação do CME representa um passo decisivo, no sentido de fortalecer o sistema municipal de ensino, na busca pela elevação da qualidade da educação pública do município. Tal é a preocupação em relação à participação da sociedade civil, que a própria formação dos Conselhos, de maneira geral, obedece à regra de garantir a representatividade de várias instituições, sindicatos, segmentos da educação (estadual, municipal, particulares e filantrópicas), bem como das diversas modalidades de ensino. Ainda assim, um dos grandes desafios de se compor um Conselho, que se paute pelo controle social e seja ativo esta em realizar umaeleição por meio de Assembleia para garantir representatividade dos diversos segmentos. 7 Conselho Municipal de Educação de Lins: Resgate Histórico O município de Lins apresenta, em seu histórico, várias tentativas de formalização da participação civil nas políticas públicas em Educação. Houve uma primeira tentativa, sob a normatização da Lei Federal nº 5692/1971, que criou o Conselho Municipal de Educação de Lins – COMEL, por meio da Lei Municipal nº 1.670/1977 com caráter consultivo e deliberativo e com objetivo de estabelecer a política educacional para o município. Ainda sob a normatização da Lei Federal nº 5.692/1971 e também da Lei Orgânica do Município criou-se, por meio da Lei Complementar nº 229/1994 o Conselho Municipal de Educação como órgão consultivo, normativo, deliberativo, fiscalizador e controlador, vinculado à Secretaria Municipal de Educação fornecendo suporte administrativo e pedagógico. Pesquisando registros de atuação destes conselhos percebe-se que tiveram inícios ativos, mas depois acabaram se dissolvendo ou não se renovando. Com a regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei Federal 9.394/1996, o município de Lins opta por criar um novo Conselho, desta vez pela Lei Complementar nº 522/1999, órgão autônomo, de caráter normativo, consultivo e deliberativo. Diferentemente da grande maioria dos municípios, que criaram primeiro o Sistema Municipal de Ensino, Lins só teve o seu Sistema organizado em 03/07/2007 pela Lei Complementar nº 4.969/2007. Foi um momento político muito decisivo, pois o governo do Estado de São Paulo vinha insistentemente forçando a municipalização do Ensino Fundamental, e com o apoio do Conselho Municipal de Educação foi dito não a tal propositura. A Constituição de 1988 faz dos municípios entes federados, com poder, e é neste processo, que o município de Lins fez valer esta premissa. Possuindo um órgão normativo, ele se torna um sistema autônomo, e deixando de ter os seus processos e todos os trâmites das escolas feitos pelo Conselho Estadual de Educação. Nesta última criação do Conselho Municipal de Educação, em 1999, foram definidos 19 (dezenove) membros para sua constituição, tendo o secretário municipal de educação como membro nato. No ano de 2004, a Lei Complementar 766/2004 altera esta composição para 15 (quinze) conselheiros e exclui o secretário municipal de educação como membro nato. 8 A cada renovação do conselho tentou-se despertar a consciência, principalmente das comunidades escolares, de que o conselho são os locais onde são debatidas as principais questões da educação, e, especialmente no âmbito dos municípios, a questão da educação infantil. Observa-se, como em muitos municípios, que a falta de estrutura para atuação do Conselho, em todos os sentidos, prejudicou a continuidade dos trabalhos, perderam-se alguns documentos e desta forma perde-se também o registro histórico de um Conselho significativo para a educação no munícipio. 9 Conselho Municipal de Educação: Perspectiva de atuação Os Conselheiros Municipais de Educação não receberam formação específica para exercer sua função, há dependência de um Conselheiro mais experiente para conduzir as discussões e tomar as providências legais e cabíveis a cada caso que surge. Os assuntos são apresentados, conforme pauta prevista enviada por ofício aos Conselheiros eleitos, previsto no Regimento atual aprovado pelo Decreto nº 10.868 de 23/06/2016. As reuniões ordinárias ocorrem mensalmente, na primeira quarta-feira, conforme a gestão atual e nelas a pauta é discutida e votada. Os assuntos normalmente estão vinculados às escolas filantrópicas credenciadas ao Sistema Municipal de Ensino, tais como renovação de autorização de funcionamento, troca de entidade mantenedora ou atualizações cadastrais. Para a renovação de autorização de funcionamento, no segmento da Educação Infantil, a Supervisora da Escola confere toda a documentação exigida conforme Deliberação nº 10/2014 do CME e realiza visitas registradas em Termos Circunstanciados, sempre acompanhada de um membro do próprio Conselho Municipal de Educação. Essa documentação é enviada ao Conselho Municipal, onde todo o material produzido é lido e se emite Parecer, enviando à Secretária Municipal de Educação. Outros assuntos tratados podem ser consultas por parte da Secretaria Municipal da Educação, como denúncias relativas a tratamento dispensado aos alunos, transporte irregular, entre outros. Mas o maior desafio para o Conselho manter-se ativo é a frequência dos membros com regularidade. A dificuldade se amplia ainda mais ao se tratar da frequência dos pais de alunos eleitos como Conselheiros. Para fins de análise, selecionamos o período de 2011 a 2016 para verificação de quantas reuniões foram realizadas pelo Conselho Municipal em cada ano e em quantas havia a presença dos pais de alunos eleitos: 10 Tabela 1- Levantamento das quantidades de reuniões realizadas no período de 2011 a 2016. Ano Quantidades de reuniões ocorridas Reuniões em que tinham pais presentes 2011 12 08 2012 15 00 2013 11 03 2014 09 00 2015 12 00 2016 10 00 Fonte: elaborada pelas autoras, a partir de documentos do CME Observa-se que no ano de 2011 há a frequência de um representante do segmento dos pais. Comprovadamente, por iniciativa própria, ou seja, essa pessoa compreendia a função do Conselho e valorizava sua atuação. Não há essa consciência coletiva de que este espaço deve ser ocupado, pois nos anos posteriores praticamente não há frequência. O Regimento em vigência prevê um mandato de dois anos, prorrogáveis por mais dois anos para aqueles membros que já o exerceram, Não há como reeleger pais que não frequentaram as reuniões e não se comprometeram como Conselheiros. E há toda a preocupação em que esta população esteja representada, haja vista que seus filhos frequentam a escola pública e convivem diariamente com as situações com as quais o Conselho deve lidar, pois seu objetivo maior é a qualidade da educação. Portanto, os principais assuntos tratados no Conselho nos anos de 2015, 2016 e 2017 foram pedidos de renovação de funcionamento das escolas de Educação Infantil, sejam filantrópicas ou particulares, estudo do próprio Regimento e análise de Deliberação para efetivação de matrículas na rede municipal de ensino. O Conselho foi presidido pelas seguintes senhoras: Tabela 2- Presidentes do Conselho Municipal de Educação de Lins no período de 1999 a 2018. Nome Mandato Arlene Magda Charântola 1999-2008 Ana Vilma Vieira Pellicano 2008-2010 Ana Lúcia Zanotti 2011-2014 Patricia Crema Violato Guidetti 2015-2016 Elaine Maria Barboza 2017-2018 Fonte: elaborada pelas autoras, a partir de documentos do CME 11 As reuniões ordinárias deveriam acontecer uma vez ao mês, ocorrendo alteração no dia da semana e horário, de acordo com o combinado entre os Conselheiros. Reuniões extraordinárias podem ser convocadas a qualquer momento, pelo presidente e são registradas em ata da mesma forma. Enfim, o Conselho Municipal de Educação é de extrema importância para o acompanhamento das escolas de Educação Infantil do Sistema Municipal de Ensino. Devendo ser consultado sempre que houver dúvida relativa às questões educacionais, caráter fiscalizador e deliberativo propicia que sua atuação seja direta e clara, assim como publicações do Conselho normatizam situações que devem sempre priorizar o bem estar do aluno e a qualidade do atendimentoprestado. 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS O funcionamento do Conselho Municipal de Educação, assim como de qualquer Conselho Gestor, depende de uma atuação ativa, sistemática e pautada na democracia. Não basta que o Conselho tenha um espaço para arquivar seus documentos, é preciso que exista continuidade, compromisso e responsabilidade para uma atuação efetiva e transparente. A maior dificuldade esta em efetivar a presença dos pais no Conselho, pois este é um segmento que há anos não se utiliza de sua posição para fiscalizar e influenciar a educação em prol dos próprios filhos. Conforme o levantamento de dados feito, essa situação continua acontecendo, apesar de sempre ocorrer indicação de nomes e eleição, sendo que na sequencia não há presença dos eleitos. A proposta para que esta situação seja superada seria um trabalho de divulgação da atuação de um Conselheiro junto às escolas, da importância da existência e continuidade das discussões do Conselho Municipal de Educação, bem como destacar que atuação civil engajada pode influenciar as políticas públicas em benefício da qualidade educacional. Esta divulgação deve ocorrer em reuniões de pais em diversas Unidades Escolares, onde os Conselheiros atuais contariam sua experiência e esta sensibilização possibilitaria que outros pais aceitassem o convite e contribuiriam para com a melhoria da educação em nossa cidade. 13 REFERÊNCIAS BRASIL. Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação. Caderno de Estudos do Curso de Competências Básicas. 4 ed. Brasília: FNDE,2013. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996. LINS, SÃO PAULO. LEI Nº 4.969.03/JUL/2007. Dispõe sobre a organização do Sistema Municipal de Ensino de Lins. Secretaria Municipal de Educação. ______.LEI Nº. 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Secretaria Municipal de Educação. ______.LEI COMPLEMENTAR Nº 522 – 18.10.1999 Dispõe sobre a criação do Conselho Municipal de Educação e dá providências correlatas. Secretaria Municipal de Educação. _______Lei º 1.670 de 29.04.1977 Cria o Conselho Municipal de Educacão de Lins – COMEL. Secretaria Municipal de Educação. ______ Lei Complementar nº 229 de 11.09.1994 Cria o Conselho Municipal de Educacão - C.M.E. Secretaria Municipal de Educação. VALLE, B; CHAVES, Maria. O papel e os problemas dos conselhos municipais de educação. Publicado 28.08.2012 Folha Dirigida. Disponível em: https://www.folhadirigida.com.br/educacao/entrevistas/o-papel-e-os-problemas-dos- conselhos-municipais-de-educacao. Acesso em: 25/Out/2017. NOVA ESCOLA. Conselho Municipal de Educação: participação e Autonomia Disponível em:https://novaescola.org.br/conteudo/2816/conselhomunicipal-de-educacao- participacao-e-autonomia. Publicado em Edição 177, 01 de Novembro 2004. Acesso em: Acesso em: 25/Out/2017.
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