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Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas Separação dos poderes Na verdade, seria melhor falar em separação das funções estatais, não dos poderes, mas essa já é a denominação comum na doutrina. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Nós temos 3 poderes. Os órgãos que representam o Estado estão obrigatoriamente contidos em um desses poderes. No entanto, existem alguns órgãos que não pertencem a nenhum dos três poderes: Ministério Público→ Tribunal de Contas→ Defensoria Pública→ O Ministério Público era vinculado ao Poder Executivo até 04 de outubro de 1988. Agora, com a nova Constituição, é função autônoma. Não podemos chamar o Ministério Público de “quarto poder”, só existem 3 poderes. O Tribunal de Contas auxilia o Legislativo em sua função de fiscalização, mas com ele não guarda relação de subordinação. A Defensoria Pública estava subordinada ao Executivo. A partir de 05 de junho de 2014, com a Emenda 80, ela passou a ter real autonomia. Os poderes são independentes e harmônicos. Sendo assim, um poder não deve controlar o outro, evitando o abuso de poder, e um poder deve contribuir para a realização das funções dos demais. Funções Típicas e Atípicas A Constituição atribui poder, estabelecendo que o órgão faz parte de um dos três poderes e especifica suas funções. Funções Típicas O Legislativo possui duas funções típicas, a função de legislar e a função de fiscalização. Legislar é criar normas legislativas primárias. O Poder Executivo tem a função típica de administrar, implementar as políticas públicas. O Judiciário tem como função típica julgar casos concretos, aplicando o ordenamento jurídico com a característica de definitividade. Funções Atípicas A Constituição também distribui as funções típicas de cada poder para os outros poderes de forma atípica. O Presidente da República possui a função de legislar através da Medida Provisória, que possui força de lei, e da Lei Delegada, precisando esta de autorização do Congresso Nacional. Os outros Chefes do Executivo também podem legislar desde que exista previsão, como na Constituição Estadual. Os órgãos do Poder Judiciário exercem a função administrativa, do Executivo, quando há a realização de licitação para, por exemplo, construir uma obra. Tema de maior incidência na OAB A maioria das questões é sobre a lei Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas Os órgãos do Poder Legislativo exercem também função atípica. Um exemplo é quando o Senado Federal julga o Presidente da República pelos crimes de responsabilidade, também chamados de infrações político- administrativas. Suas decisões não podem ser revistas no mérito, na matéria, por nenhum órgão do Poder Judiciário, fazendo coisa julgada material. Controle entre os poderes Momentos em que um poder controla o outro para que nenhum deles abuse de suas atribuições, mantendo a harmonia entre os poderes. Esse sistema é chamado de Sistema de Freios e Contrapesos, ou Checks and Balances. O primeiro exemplo é o controle de constitucionalidade. Ele ocorre quando um Poder – normalmente o Judiciário – controla a atividade legislativa – normalmente realizada pelo Legislativo. Outro exemplo é a fiscalização orçamentária, ou seja, a fiscalização do uso do dinheiro público. Quem a realiza é o Poder Legislativo, e quem utiliza esse dinheiro é o Executivo. Por fim, o último e maior exemplo é a escolha de todos os membros do Supremo Tribunal Federal (Poder Judiciário) pelo Presidente da República (Executivo), desde que cumpridos certos critérios. Essa indicação se submete a uma confirmação do Congresso Nacional (Poder Legislativo), representado pelo Senado Federal. O processo acima está previsto no Artigo 101 da Constituição Federal. Estrutura e Funcionamento O sistema brasileiro é o bicameral federativo, inspirado pelo sistema inglês. Significa que, no âmbito da União, o Poder Legislativo é representado pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. A expressão “federativo” aparece pois o Senado Federal é um órgão da União que traz representantes dos Estados e do Distrito Federal. Como os entes federativos não podem fazer distinções entre si, cada um elege três senadores e, sendo assim, não é proporcional à população. Nos Estados, Municípios e Distrito Federal o sistema é o unicameral. Nos Estados, o Legislativo é representado pela Assembleia Legislativa, nos Municípios há a Câmara de Vereadores e o Distrito Federal atua através de sua Câmara Legislativa. O Distrito Federal é um ente político sui generis, pois não é nem Estado nem Município. Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Câmara dos Deputados Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. O controle de constitucionalidade é o segundo tema mais cobrado na 1ª fase Por ser muito legislado, boa parte das questões versa sobre o texto constitucional Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas A Câmara dos Deputados é formada por representantes do povo. O Presidente da República e o Vice são substituídos primeiramente pelo Presidente da Câmara justamente por a Câmara ser composta por representantes do povo. Os representantes são eleitos pelo sistema proporcional. Esse sistema é aquele que divide a apuração em dois momentos. No primeiro momento, contam-se os votos dados ao partido/coligação, analisando quantas cadeiras são destinadas a cada partido/coligação. O voto de legenda é aquele em que o voto é dado somente ao partido, sem nenhum candidato em específico. Em um segundo momento, verifica- se os votos dados a certos candidatos. Analisa-se, dentro do partido/coligação, quais foram os candidatos mais votados, ocupando as cadeiras obtidas. §1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. O número total de Deputados Federais é estabelecido por Lei Complementar (nº 78/1993), que estabelece o número de 513 Deputados Federais. A eleição desses membros se dá proporcionalmente à população do Estado, NÃO ao número de eleitores. A distribuição será feita de acordo com o censo feito pelo IBGE com o total da população e sua distribuição entre os Estados. Nenhuma unidade da federação pode ter menos de oito (SE, DF, AC) ou mais de setenta (SP) Deputados. § 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. A representação do Território na Câmara dos Deputados independe de sua população, será fixa. Atualmente não possuímos nenhum Território, ele não é um ente político, mas sim uma descentralização da União. A suplência se dá por partido, pois não existe a suplência direta. Os suplentes serão os candidatos não eleitos pelo partido e que alcançaram o maior número de votos. Não existe suplente específico para cada deputado. Senado Federal Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. Composto de representantesdos Estados e do Distrito Federal, tendo consequência na substituição do Presidente da República, estando o Presidente do Senado após o da Câmara. Os representantes são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário simples. O sistema majoritário é adotado para todos os cargos do Executivo e Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas somente para os senadores dentro do Legislativo. Sua apuração se dá em uma única etapa. O(s) mais votado(s) será(ão) eleitos, independente de partido político. Seu número será composto por 3 dígitos, os dois primeiros representando o partido e o último o candidato. Ele é o sistema majoritário simples pois não existe a possibilidade de realização do segundo turno, mesmo que nenhum dos candidatos alcance a maioria absoluta dos votos. Nos cargos do Executivo, de Presidente da República e Governador ou Prefeito de Municípios com mais de 200 mil eleitores, há a realização do segundo turno com os dois candidatos mais votados. §1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. O número é fixo pois a União não pode fazer distinção entre os entes federativos já que os representantes são dos Estados, não do povo. No total são 81 senadores. O Senador possui mandato de 8 anos, todos os outros cargos eletivos possuem a duração de 4 anos. A Legislatura é fixa em 4 anos, não podendo ser modificada. Cada Senador cumpre duas legislaturas, sendo que isso é constitucional, já que mandato e legislatura não são conceitos equivalentes. §2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. O Senado Federal é, por essência conservador, e, sendo assim, não é possível a sua renovação total, nem em tese. Os términos dos mandatos não são coincidentes e, portanto, a renovação é sempre parcial. §3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. Quando o Senador se candidata, já indica quais serão seus dois suplentes, inclusive estabelecendo a ordem de substituição. Havendo necessidade de afastamento temporário ou definitivo do Senador, já estão estabelecidos quem serão os seus suplentes. O segundo suplente assume caso o primeiro não possa exercer ou continuar o exercício da função. Legislatura A Legislatura é o prazo de 4 anos do exercício da função legislativa. Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. A legislatura é diferente do mandato. A maior parte dos mandatos Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas possuem a mesma duração da legislatura, mas não é obrigatório. Sessão Legislativa A Sessão Legislativa é o prazo de 1 ano do exercício da função legislativa. Dentro do ano legislativo, existem as sessões diárias ordinárias, preparatórias e extraordinárias. Art. 57. O Congresso Nacional reunir- se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Esse é o período em que ocorrem as sessões legislativas ordinárias, estabelecido pela Constituição como o período normal de atuação do Congresso. Cada um desses períodos é chamado de (primeiro e segundo) período legislativo. Inicia-se no dia 2 de fevereiro pois o dia 1º de fevereiro é destinado às sessões preparatórias, onde será dada posse aos novos membros da Assembleia Nacional (4 em 4 anos) e aos membros da Mesa Diretora da Câmara e do Senado (2 em 2 anos). §1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados. Os dias de início podem “atrasar” até o 1º dia útil subsequente. §2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. A sessão do dia 22 de dezembro só pode ser encerrada após a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. Fora desses períodos, existem os recessos parlamentares. §4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. A sessão legislativa preparatória ocorre no dia 1º de fevereiro. Serve para posse dos novos membros do Congresso Nacional e eleição dos membros da Mesa Diretora. §6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: Sessão legislativa extraordinária é a que acontece fora dos períodos estabelecidos pela Constituição. Ou seja, ocorrem no recesso parlamentar, de forma facultativa. Para essas sessões legislativas extraordinárias, os parlamentares não recebem remuneração nem indenização. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República; O Presidente do Senado Federal é também o Presidente do Congresso Nacional. São hipóteses de exceção constitucional, como ao princípio federativo. A posse do Executivo ocorre no dia 1º janeiro a cada 4 anos. II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Nesse caso, o “requerimento da maioria” refere-se à maioria simples. Normalmente, as sessões ocorrem em separado, uma do Senado e outra da Câmara. As sessões conjuntas e a sessão unicameral são situações em que todos os membros do Congresso Nacional são reunidos sob a presidência do Senado Federal, deliberando sob certas matérias. Sessões Conjuntas §3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir- se-ão em sessão conjunta para: Nas sessões conjuntas, há a reunião dos membros do parlamento e a votação considera de que casa é aquele membro. A sessão é única, a votação é separada. I - inaugurar a sessão legislativa; Na primeira sessão legislativa ordinária, que ocorre no dia 2 de fevereiro. II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; O regimento comum é o regimento interno do Congresso Nacional, pois cada Casa possui o seu próprio regimento. III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; Não há deliberação, mas apenas o recebimento do Presidente e Vice. No dia 1º de janeiro. IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. Nessa sessão há deliberação e votação. O veto presidencial, que necessariamente é motivado, deve ser encaminhado ao Congresso Nacional e o Presidente do Congresso irá, em 30 dias, convocar uma sessão conjunta. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas Nessa sessão, irão deliberar e votar sobre a derrubada ou não do veto presidencial, a derrubada ocorre pela maioria absoluta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Existem outros casos previstos na Constituição. Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual,às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. Análise da legislação e projetos de lei orçamentária. A deliberação é conjunta, a votação não. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. A delegação deve ser solicitada ao Congresso Nacional, que a concede sob a forma de resolução. Sessão unicameral Não se analisa se o parlamentar é deputado ou senador. A deliberação e a votação são conjuntas. Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. Essa é a única hipótese existente de sessão unicameral, sendo que ela já ocorreu. Está contida no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Revisão e reforma da CF pelo poder constituinte derivado, realizando alterações no texto da constituição pelas Emendas Constitucionais Revisionais. Só seria realizada uma única vez, em sessão unicameral. A Emenda à Constituição já estava autorizada desde 05 de outubro de 1988, sendo esta diferente da Emenda Revisional. Comissões As Comissões são os órgãos fracionários do Congresso Nacional, podendo ser definitivas ou temporárias. Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. §1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas As Casas formam comissões permanentes ou temporárias. Comissões permanentes Tendem a ser chamadas de “temáticas”, pois elas são formadas de acordo com determinado tema, como a de Saúde, Relações Internacionais, entre outros. Assim, cada projeto será analisado de acordo com o tema que ele trata. §2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; É o processo legislativo abreviado, um aspecto dentro de qualquer processo legislativo. É admitida quando há uma previsão regimental no regimento interno da casa de dispensa a competência do Plenário. Ou seja, o projeto de lei será aprovado mesmo com apenas fração da Casa. II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; Levar o debate dos temas que estão em discussão no Congresso nacional para a sociedade. III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; Parlamento aberto ao direito de petição previsto no texto constitucional. V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Essas são as principais funções das comissões temáticas, permanentes. Comissões temporárias Atuam por determinado período e possuem função específica. Cada comissão temporária possui um limite único, prazos específicos, não podendo ultrapassar o limite de uma legislatura. Estão limitadas à legislatura em que foram criadas. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é uma comissão temporária comum. §3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo Comissão Parlamentar de Inquérito é um tema recorrente Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. A CPI tem poderes de investigação equivalentes aos poderes das autoridades judiciárias, tendo somente função investigativa, não cabendo a ela condenar ninguém. Se for o caso, o Ministério Público irá promover a responsabilização civil ou criminal dos responáveis. Os limites de atuação da CPI não estão na Constituição. Mas os seus poderes de investigação estão limitados pela cláusula de reserva de jurisdição, que é algo que a Constituição prevê que só pode ser realizado por um magistrado ou tribunal. Nesse caso, a CPI não pode realizar essa ação. A quebra de sigilo telefônico pode ser feito pela CPI sem recurso ao poder judiciário, pois é o acesso aos dados relacionados a uma determinada linha telefônica. A interceptação telefônica só pode ser autorizada pelo Judiciário com Competência Criminal. É o acesso aos dados da linha telefônica e ao conteúdo das conversas. A CPI não pode realizar a interceptação. Os requisitos constitucionais para a atuação de uma CPI são: → Requerimento de 1/3 dos membros da Casa (Câmara, Senado ou Ambas), esse requisito para a criação de uma CPI é uma expressão do direito das minorias parlamentares. → Apuração de fato determinado, a CPI não pode ser criada para investigar fatos gerais. Podem existir a ampliação do âmbito de investigação se surgem fatos novos no curso da investigação conexos ao fato que originou a CPI Por → prazo certo, que possui prazo regimental (preveêm prazos de 60 dias que podem ser renovados infinitas vezes). O tempo máximo de atuação é o tempo de uma legislatura. Estatuto dos Congressistas É o regime jurídico aplicável exclusivamente aos parlamentares. É previsto para salvaguardar o exercício da função do parlamentar, não a pessoa do parlamentar, já que ele deve ter certa liberdade no exercício de suas funções. Imunidade Material Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. A imunidade material ou inviolabilidade dos parlamentares garante que o parlamentar deve se pronunciar sobre vários temas. Se ele tivesse receio de falar sobre certas matérias, o parlamentar não poderia exercer bem a sua função. O parlamentar é relativamente irresponsável por aquilo que diz desde que seja dito no exercício da função parlamentar. É a pertinência temática, que é presumida de forma absoluta quanto aos atos praticados dentro do recinto parlamentar. Fora do prédio parlamentar, é necessário verificar se o que foi dito Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas pelo parlamentar está relacionado ao seu mandato. A jurisprudência do STF admite que a imunidade material inclui também entrevistas jornalísticas, a transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamento ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas e as declarações feitas aos meios de comunicaçãosocial, desde que essas manifestações estejam vinculadas ao desempenho do mandato. A eficácia temporal permanente da inviolabilidade material significa que a proteção por todas as coisas que foram ditas no curso do mandato perdura durante o mandato e após ele. Se deixa de ser parlamentar e continua a expressar-se sob aquele tema pode ser punido. Imunidade Formal As imunidades formais dizem respeito ao procedimento de responsabilização do parlamentar nas hipóteses cabíveis. Elas não possuem eficácia temporal permanente. §1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. O foro por prerrogativa de função, também chamado de foro privilegiado, é a submissão do parlamentar a certo Tribunal nos casos em que cabe a sua responsabilização. Ele surge desde a expedição do diploma, não da posse. Findo o mandato, por qualquer motivo, acaba esse foro, mesmo que o processo ainda esteja em andamento. Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. Se dentre os vários co-réus que estão sendo processados um deles possui prerrogativa de função, todos os réus respondem perante o âmbito judiciário do que possuia a prerrogativa. A renúncia ao mandato para fugir do julgamento, desaparecendo o foro por prerrogativa de função e sendo o processo transferido para o 1º grau, não gera o efeito de fazer desaperecer o foro por prerrogativa de função. A renúncia em si ocorrerá. §2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. A imunidade relativa à prisão diz que os membros do Congresso Nacional só poderão ser presos em flagrante de crime inafiançável. Conta-se a partir da diplomação. Essa imunidade refere-se às prisões processuais, se o parlamentar é efetivamente condenado ele poderá ser Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas preso, gerando a suspensão dos direitos políticos. A prisão em flagrante deve ser comunicada à Casa, que decidirá se haverá ou não o relaxamento da prisão. Não é preciso autorização da Casa para a prisão em flagrante. §3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. A imunidade quanto ao processo refere-se ao fato de que a denúncia por crime ocorrido após a diplomação deve, ao ser recebida pelo STF, encaminha-se a denúncia à Casa respectiva. A seguir, a Casa delibera acerca da continuidade ou não do processo. Em regra, o processo continua. §4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. §5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Havendo a sustação do processo, a prescrição também ficará suspensa. Isso impede que o parlamentar se aproveite da situação e escape impune. A prescrição volta a correr com o fim do mandato. As imunidades acima explicadas ocorrem também no âmbito estadual e no âmbito municipal. Imunidades nos Estados Art. 27. §1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. Aos Deputados Estaduais aplicam- se as regras de imunidades materiais (“inviolabilidades”) e formais (“imunidades”), não sendo em nada diferentes das regras aplicadas no âmbito federal. Imunidades nos Municípios Art. 29. VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; Os vereadores possuem somente a imunidade material, a inviolabilidade. Além disso, a sua proteção é menor, pois a imunidade está limitada ao prédio onde exerce suas funções e a temas com pertinência temática ao cargo apenas no município onde exerce suas funções. O vereador não possui nenhuma das imunidades formais. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas Atribuições O Poder Legislativo possui duas funções típicas: Processo Legislativo e Fiscalização Orçamentária. São funções de mesmo nível, de mesma importância. Fiscalização Orçamentária Historicamente, o Poder Legislativo surge com grande destaque para essa função, ainda mais do que com a noção de legislar. A Constituição estabelece um amplo sistema de controle dos recursos públicos entre os artigos 70 e 75. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Há um sistema de controle externo e um de controle interno de cada estrutura de Poder. Cada entidade administrativa possui órgãos responsáveis por esse controle interno. O controle externo é realizado pelo Congresso Nacional e toda a sistemática adotada para os órgãos federais também é trazida para os Estados, Municípios e Distrito Federal. A fiscalização orçamentária como controle externo é realizada pelo Poder Legislativo. O Tribunal de Contas auxilia tecnicamente o Poder Legislativo, em uma função de assessoramento. Os Tribunais de Contas são órgãos autônomos, não fazendo parte da estrutura de nenhum dos três poderes. Existem no âmbito da União, Estados e Municípios. Súmula 437 do STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público. O Tribunal de Contas realiza controle de constitucionalidade. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: O Tribunal de Contas funciona como órgão auxiliar do Legislativo. I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; Ele apenas aprecia as contas prestadas pelo Chefe do Executivo, não as julga. Esse parecer técnico realizado pelo Tribunal de Contas da União será enviado ao Congresso Nacional, que realiza o julgamento. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; Realiza o julgamento dos demais administradores. III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos deadmissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; São procedimentos que se iniciam no órgão de origem mas que precisam do crivo do Tribunal de Contas para se tornarem perfeitos. Súmula Vinculante 03: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Processos administrativos perante o Tribunal de Contas asseguram o contraditório e a ampla defesa, exceto no ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Esses procedimentos complexos ainda não finalizados só se tornam ato jurídico perfeito com o crivo do Tribunal de Contas. O cidadão terá a possibilidade de impugnar o ato depois. A jurisprudência do STF ensina que o interessado poderá se manifestar se houver longo decurso de tempo entre a percepção do direito e a análise pelo Tribunal de Contas. Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. Mesmo se chamando “Tribunal” e utilizando as expressões “Ministros” e “Jurisdição”, esse não é um órgão do Poder Judiciário. §1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de Lembrar que a Jurisprudência do STF admite questionamento após longo decurso de tempo entre a percepção do direito e a análise pelo Tribunal de Contas Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. Esses são os 4 requisitos para ingresso no Tribunal de Contas da União. A idade se refere à idade de ingresso, não à idade do membro, pode ser membro até os 75 anos, que é a idade da aposentadoria compulsória conforme a Emenda 88. Os conceitos do inciso II são abertos, a serem preenchidos no caso concreto, inclusive politicamente. O conhecimento do inciso III não pode ser meramente teórico, mas sim aplicado na prática por ao menos 10 anos, conforme inciso IV. §2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional. Dos 9 membros, 3 serão escolhidos pelo Presidente da República, sendo que um deles necessariamente será Auditor do Tribunal de Contas da União e outro de membro do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ambos cargos que são alcançáveis por concurso público. Por fim, o último será escolhido de forma livre pelo presidente. Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. Esta súmula veda o nepotismo. Nos cargos de assessoramento direto de Chefe do Executivo (Ministros e Secretários) essa súmula não se aplica, podendo ser indicado cônjuge ou parente até o 3º grau. No entanto, na indicação dos membros pelo Chefe do Executivo nos Tribunais de Contas não podem ser indicados o cônjuge e parentes até o terceiro grau, aplicando-se a súmula. Os outros membros serão indicados pelo Congresso Nacional, não possuindo regras específicas. §3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas A condição de Ministro do Tribunal de Contas da União é equivalente à de Ministro do Superior Tribunal de Justiça. § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. Tribunais de Contas Estaduais Cada Estado possui o seu Tribunal de Contas, situando-se eles na Capital de cada Estado. Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros. Embora o caput mencione que a composição do Tribunal de Contas dos Estados seria igual à do Tribunal de Contas da União, isso nos leva ao problema de como haveria a indicação de 7 conselheiros pelas regras do §2º do artigo 73. Súmula 653 do STF: No Tribunal de Contas Estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembléia Legislativa e três pelo chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro a sua livre escolha. No Tribunal de Contas do Estado, o Governador indicará 3, seguindo as mesmas regras do Tribunal de Contas da União. Tribunais de Contas Municipais Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. §1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. Na promulgação da Constituição Federal, os municípios de São Paulo e Rio de Janeiro já possuíam Tribunal de Contas Municipal. Nesse caso, eles irão auxiliar no controle externo. §4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais. Os demais municípios não poderão criar Tribunal de Contas Municipais. Alguns Estados criam, dentro da estrutura estadual, Tribunal de Contas dos Municípios, que é um Tribunal de Contas que dá apoio a todos os Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas municípios, mas não é Tribunalde Contas Municipal. Processo Legislativo É a segunda função típica do Poder Legislativo. É a criação das espécies normativas primárias, a edição de normas que inovam a ordem jurídica. Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Essas são as espécies normativas primárias, as normas que inovam a ordem jurídica, trazendo novos direitos e novas obrigações. Todas essas normas estão de algum modo subordinadas ao texto constitucional. Na estrutura piramidal, as leis estão logo abaixo da Constituição. As emendas constitucionais passam, em regra, a integrar o texto constitucional, ganhando status constitucional, por isso seu processo de criação é mais difícil, pois ela se situa no nível constitucional. Decretos e resoluções não tem o seu procedimento de criação previsto na Constituição, por isso serão analisados de forma mais superficial. Ambas se caracterizam por não ter a participação do Chefe do Executivo em sua criação, em seu procedimento. Nos decretos legislativos, costuma ser tratado tema externo ao Congresso Nacional, como se pode observar no artigo 49. Já nas resoluções, trata-se de tema interno ao Congresso Nacional, não intervindo diretamente na vida em sociedade. Por exemplo, a delegação ao Presidente da República para que crie lei toma a forma de resolução. Espécies de Processo O processo legislativo ordinário ou comum serve para a edição das leis ordinárias. O processo legislativo Sumário ou “Dos cem dias” é válido também para lei ordinária, mas possui sua razão de existir específica. Os processos legislativos especiais são assim chamados pois, em algum ponto, divergem do processo legislativo ordinário. São Emendas à Constituição, Leis Complementares, Leis Delegadas e Medidas Provisórias. Processo Legislativo Ordinário Se destina à edição de leis ordinárias e se divide em 3 fases, do momento de apresentação do projeto de lei até a sua transformação em lei. 1ª fase: Iniciativa É a fase de apresentação do projeto de lei. Preocupa-se somente se aquele que apresentou o projeto de lei é um dos legitimados para apresentá-lo segundo a Constituição. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. Ele serve como base para os legitimados dos demais processos legislativos. O processo legislativo ordinário é o que mais possui legitimados, igualando-se a ele o de lei complementar. A iniciativa popular de leis é a possibilidade de o povo apresentar diretamente, sem interposição de nenhuma autoridade, o projeto de lei à Câmara dos Deputados. Só vale para as leis (Lei Ordinária e Lei Complementar). §2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 2ª fase: Constitutiva ou de Tramitação É nessa fase que o projeto de lei passa pelas várias Comissões Temáticas do Congresso Nacional. O projeto sempre passa primeiro pela Comissão de Constituição e Justiça, que analisa se ele está de acordo com a norma vigente. Após a análise pelas Comissões, o projeto passa a ser analisado pelo Congresso Nacional. É apreciado em turno único de votação em cada uma das Casas e, sendo aprovado pela maioria simples ou relativa, segue para votação na outra Casa. O projeto de lei será votado primeiro pelo local onde ele foi apresentado. Se não é apresentado nem por Senador nem por Deputado, inicia-se na Câmara dos Deputados. Costuma começar nesta última. Como a Constituição não especifica o quórum, é a maioria simples. Ou seja, presente a maior parte dos membros de uma Casa, a aprovação se dá pelo apoio da maioria dos membros presentes. Se o projeto for aprovado na segunda Casa (Casa Revisora), mas com emendas, será necessário que tais alterações, e somente elas, retornem à Casa Iniciadora. A Casa Iniciadora acaba tendo uma prevalência, pois após a análise das emendas o processo segue em frente, independentemente da Casa Revisora. Se o projeto não for aprovado em alguma das Casas, ele é definitivamente arquivado e não pode ser reapresentado na mesma Sessão Legislativa, ou seja, ano civil. Pode haver a reapresentação se o novo projeto é apresentado pela maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. Já para projeto de Emendas Constitucionais e projeto para Conversão de Medida Provisória em Lei NUNCA pode haver a reapresentação Dentro de Processo Legislativo, cai mais frequentemente a 2ª fase do Processo Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas dentro da mesma sessão legislativa, não há exceção. A sanção ou veto é o próximo momento dessa fase, onde o Presidente da República se manifesta sobre o projeto de lei. Se concorda com ele, sanciona o projeto, se discorda ele irá vetar. O Presidente pode vetar o Projeto de Lei por entendê-lo inconstitucional (veto jurídico) ou por ausência de interesse público ou nacional naquela lei (veto político). O veto pode ser total ou parcial. O veto presidencial deve acontecer em um prazo de até 15 dias úteis, previsto constitucionalmente, e deve ser sempre expresso. Se silencia nesse prazo, haverá a sanção tácita do Projeto de Lei. As razões do veto devem ser informadas em até 48 horas ao Presidente do Congresso Nacional. Este deve reunir o Congresso em uma sessão conjunta no prazo de até 30 dias sob pena de trancamento de pauta, ou seja, se o veto não for analisado nesse prazo o Congresso não poderá votar nenhum outro projeto, sendo que esse trancamento é absoluto. O Congresso pode derrubar ou manter o veto. A derrubada do veto sempre ocorre por maioria absoluta, na Lei Ordinária e na Complementar. Se é derrubado, o Projeto de Lei segue como aprovado pelo Congresso Nacional. Ou seja, embora o Presidente possa participar do Processo Legislativo, ele não terá a última palavra. 3ª fase: Conclusiva ou de Ratificação Ratificação é o momento em que ocorre a mudança, em que o Projeto se transforma em Lei. Nesse momento, cabe ao Presidente da República realizar a promulgação. No Processo Legislativo Ordinário, a promulgação é feita pelo Presidente da República. Quando o Projeto é vetado pelo Presidente e esse veto é derrubado, ele é reenviado ao Presidente da República para promulgação do Projeto em até 48 horas. Se não for promulgado no prazo, ele será promulgado pelo Presidente do Senado em até 48 horas, se este não o fizer, cabe ao Vice-Presidente do Senado essa promulgação. Processo Legislativo Sumário Também chamado de processo legislativo “dos cem dias”, ele edita leis ordinárias, devendo durar menos tempo e há mudanças somente nos legitimados e no procedimento de tramitação. Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos TribunaisSuperiores terão início na Câmara dos Deputados. § 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. A iniciativa do processo legislativo sumário cabe somente ao Presidente da República, solicitando urgência nos Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas processos de sua iniciativa, qualquer um, não somente os processos de sua iniciativa privativa. Não pode solicitar urgência em processo iniciado por outrem. Começa sempre pela Câmara dos Deputados, já que é sempre o Presidente que inicia. Na fase de tramitação no processo legislativo sumário existem prazos. A Câmara dos Deputados tem 45 dias para apreciar esse projeto, sob pena de trancamento relativo de pauta. Só serão possíveis as realizações de votações que possuam prazo no texto constitucional. Aprovado esse projeto, ele segue para o Senado Federal, que possuirá um novo prazo de 45 dias, ou seja, reinicia- se a contagem. Descumprido o prazo, haverá o trancamento relativo de prazo. Havendo emendas ao projeto, elas devem ser analisadas em até 10 dias pela Câmara dos Deputados, que é a casa iniciadora. Somando todos os prazos, o processo legislativo sumário dura até 100 dias, por isso chama-se de “processo legislativo de cem dias”. Projetos de Código, por buscarem versar sobre uma matéria de forma ampla, não se submetem ao processo legislativo sumário. Processos Legislativos Especiais Parte-se sempre do processo legislativo ordinário, trazendo as diferenças dos processos legislativos especiais em relação a aquele. Emenda Constitucional Está prevista no artigo 60. Na fase de iniciativa, os seus legitimados são mais restritos do que o do processo legislativo ordinário. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 1/3 do Senado OU da Câmara, não precisando da assinatura de 1/3 dos membros de ambas as casas. Manifestação de ao menos 14 das Assembleias Legislativas (são 27 no total), que se manifestem pela maioria relativa. Não existe a possibilidade de iniciativa popular para proposta de Emenda à Constituição. Na fase de tramitação, há dois turnos de votação, ou seja, duas votações na casa iniciadora e duas na casa revisora. Tornando a aprovação de uma Emenda Constitucional mais difícil do que a de um Projeto de Lei. O quórum de aprovação será de 3/5 do total de membros de cada Casa, em cada uma das votações. Havendo emendas ao projeto, retornam à Casa iniciadora e, se não aprovadas, ele é arquivado. Se Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas arquivado, não pode ser reapresentada a proposta de Emenda dentro da mesma Sessão Legislativa. Não existe sanção ou veto presidencial no procedimento de Emenda à Constituição. Na fase de ratificação, a promulgação é feita pelos membros da Mesa da Câmara e da Mesa do Senado Federal, conjuntamente, sem a participação do Presidente da República. Lei Complementar O processo legislativo em si é muito similar ao do processo legislativo ordinário, só existindo uma diferença no procedimento. Na segunda fase, a lei complementar é aprovada pela maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas. Ou seja, pelo voto de mais da metade do total de membros da Casa. No entanto, isso não significa que a lei complementar se sobrepõe à lei ordinária. Elas não estão em níveis diferentes de hierarquia. Na verdade, seria impossível um real conflito entre esses tipos de lei, pois a Constituição diz expressamente quais são os temas que devem ser tratados por Lei Complementar. Ou seja, havendo uma Lei Ordinária e uma Lei Complementar sobre o mesmo tema, uma delas é inconstitucional. Se uma Lei Complementar trata de tema de Lei Ordinária, ela é válida, pois alcançou o quórum de aprovação da Lei Ordinária, mas vale como esta última, não Lei Complementar. Lei Delegada Ela decorre da delegação do Congresso Nacional ao Presidente da República, que faz essa Lei. Se o Presidente entende que ele deve tratar dessa matéria, que ele deve fazer integralmente esta lei, solicita a delegação ao Congresso Nacional. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. O Congresso Nacional realizará essa delegação através de resolução. Essa resolução pode determinar que a Lei Delegada seja apreciada pelo Congresso ou não. A delegação própria acontece quando o Congresso não solicita que o Presidente da República envie essa Lei para sua apreciação. A delegação imprópria ocorre quando o Congresso solicita que a Lei Delegada seja enviada ao Congresso. Nesse caso, a Lei só será publicada se aprovada pelo Congresso Nacional. Na delegação imprópria, o Congresso Nacional não pode realizar emendas à Lei. Ele só pode aprovar ou rejeitar e Lei Delegada. Medida Provisória Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. Poder Legislativo Por Julia Prado Dantas Há pressupostos constitucionais para a edição de medida provisória. Ela é um ato normativo com força de lei, sendo feita pelo Presidente da República no exercício de uma competência atípica e possuindo prazo para vigorar, sendo essas as suas diferenças em relação à lei. Nas hipóteses de medida provisória, é como se a própria Constituição já tivesse delegado a competência para o Presidente. Ou seja, ele não precisa solicitar a delegação ao Congresso Nacional. É necessária uma situação relevante e urgente. O Presidente se coloca no local do legislador para que determinado assunto seja normatizado mais rapidamente. Aqui, analisamos a conversão da medida provisória em lei, fazendo com que ela passe a ter vigência indefinida. Não pode ser editada Medida Provisória sobre matéria reservada a Lei Complementar e, sendo assim, sempre que houver a sua conversão a Medida Provisória se tornará Lei Ordinária. Por tornar-se Lei Ordinária, aplica- se à Medida Provisória o mesmo procedimento que se aplica à Lei Ordinária, com as devidas modificações. O prazo de vigência de uma Medida Provisória é de 60 dias (Emenda 32/2001), que é automaticamente renovado por igual prazo se a Medida não é apreciada no prazo de 60 dias. Sendo assim, a Medida Provisória pode vigorar por até 120 dias. O prazo não é contado nos períodos de recesso parlamentar, o que frequentemente prolonga a duração da vigência da Medida Provisória por um prazo maior do que 120 dias. O Congresso Nacional possui um prazo de 45 dias para apreciar a Medida Provisória, sob pena de trancamento de pauta da Casa que está com a apreciação pendente. Este prazo é conjunto para as duas Casas do Congresso, ou seja, é um só prazo para que ambas a analisem. Se o Congresso Nacional não aprecia a medida provisória até o fim do prazo de 120 dias, haverá a sua rejeição tácita. Se a Medida Provisória é aprovada, ela irá se tornar Lei. Se não há alterações substanciais em seu conteúdo, ela não irá ao Presidente da República para sanção ou veto. Se é rejeitada pelo CongressoNacional, não poderá ser apresentada nova Medida Provisória dentro da mesma Sessão Legislativa. Além disso, a sua rejeição gera efeitos retroativos. O vácuo jurídico deve ser preenchido por um Decreto Legislativo que deve ser editado em um prazo de 60 dias a partir da rejeição da Medida Provisória pelo Congresso Nacional. Se não for editado o Decreto Legislativo no prazo de 60 dias, a perda da eficácia só terá gerado efeitos ex nunc, a partir do momento da rejeição.
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