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1 - Poder Legislativo

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Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
Separação dos poderes
Na verdade, seria melhor falar em
separação das funções estatais, não dos
poderes, mas essa já é a denominação
comum na doutrina.
Art. 2º São Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Nós temos 3 poderes. Os órgãos
que representam o Estado estão
obrigatoriamente contidos em um
desses poderes. 
No entanto, existem alguns órgãos
que não pertencem a nenhum dos três
poderes:
 Ministério Público→
 Tribunal de Contas→
 Defensoria Pública→
O Ministério Público era vinculado
ao Poder Executivo até 04 de outubro de
1988. Agora, com a nova Constituição, é
função autônoma. Não podemos chamar
o Ministério Público de “quarto poder”,
só existem 3 poderes.
O Tribunal de Contas auxilia o
Legislativo em sua função de
fiscalização, mas com ele não guarda
relação de subordinação.
A Defensoria Pública estava
subordinada ao Executivo. A partir de 05
de junho de 2014, com a Emenda 80, ela
passou a ter real autonomia.
Os poderes são independentes e
harmônicos. Sendo assim, um poder
não deve controlar o outro, evitando o
abuso de poder, e um poder deve
contribuir para a realização das funções
dos demais.
Funções Típicas e Atípicas
A Constituição atribui poder,
estabelecendo que o órgão faz parte de
um dos três poderes e especifica suas
funções.
Funções Típicas
O Legislativo possui duas funções
típicas, a função de legislar e a função
de fiscalização. Legislar é criar normas
legislativas primárias.
O Poder Executivo tem a função
típica de administrar, implementar as
políticas públicas.
O Judiciário tem como função
típica julgar casos concretos, aplicando
o ordenamento jurídico com a
característica de definitividade.
Funções Atípicas
A Constituição também distribui as
funções típicas de cada poder para os
outros poderes de forma atípica.
O Presidente da República possui
a função de legislar através da Medida
Provisória, que possui força de lei, e da
Lei Delegada, precisando esta de
autorização do Congresso Nacional. 
Os outros Chefes do Executivo
também podem legislar desde que
exista previsão, como na Constituição
Estadual.
Os órgãos do Poder Judiciário
exercem a função administrativa, do
Executivo, quando há a realização de
licitação para, por exemplo, construir
uma obra.
Tema de maior incidência na OAB
A maioria das questões é sobre a lei
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
Os órgãos do Poder Legislativo
exercem também função atípica. Um
exemplo é quando o Senado Federal
julga o Presidente da República pelos
crimes de responsabilidade, também
chamados de infrações político-
administrativas. 
Suas decisões não podem ser
revistas no mérito, na matéria, por
nenhum órgão do Poder Judiciário,
fazendo coisa julgada material.
Controle entre os poderes
Momentos em que um poder
controla o outro para que nenhum deles
abuse de suas atribuições, mantendo a
harmonia entre os poderes.
Esse sistema é chamado de Sistema
de Freios e Contrapesos, ou Checks and
Balances.
O primeiro exemplo é o controle de
constitucionalidade. Ele ocorre quando
um Poder – normalmente o Judiciário –
controla a atividade legislativa –
normalmente realizada pelo Legislativo.
Outro exemplo é a fiscalização
orçamentária, ou seja, a fiscalização do
uso do dinheiro público. Quem a realiza
é o Poder Legislativo, e quem utiliza
esse dinheiro é o Executivo.
Por fim, o último e maior exemplo
é a escolha de todos os membros do
Supremo Tribunal Federal (Poder
Judiciário) pelo Presidente da República
(Executivo), desde que cumpridos certos
critérios. 
Essa indicação se submete a uma
confirmação do Congresso Nacional
(Poder Legislativo), representado pelo
Senado Federal. 
O processo acima está previsto no
Artigo 101 da Constituição Federal.
Estrutura e Funcionamento
O sistema brasileiro é o bicameral
federativo, inspirado pelo sistema
inglês. 
Significa que, no âmbito da União,
o Poder Legislativo é representado pelo
Congresso Nacional, formado pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal.
A expressão “federativo” aparece
pois o Senado Federal é um órgão da
União que traz representantes dos
Estados e do Distrito Federal. Como os
entes federativos não podem fazer
distinções entre si, cada um elege três
senadores e, sendo assim, não é
proporcional à população.
Nos Estados, Municípios e Distrito
Federal o sistema é o unicameral. Nos
Estados, o Legislativo é representado
pela Assembleia Legislativa, nos
Municípios há a Câmara de Vereadores
e o Distrito Federal atua através de sua
Câmara Legislativa. 
O Distrito Federal é um ente
político sui generis, pois não é
nem Estado nem Município.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido
pelo Congresso Nacional, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal. 
Câmara dos Deputados
Art. 45. A Câmara dos Deputados
compõe-se de representantes do povo,
eleitos, pelo sistema proporcional, em
cada Estado, em cada Território e no
Distrito Federal. 
O controle de constitucionalidade é o segundo tema mais cobrado na 1ª fase
Por ser muito legislado, boa parte das questões versa sobre o texto constitucional
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A Câmara dos Deputados é
formada por representantes do povo. 
O Presidente da República e o Vice
são substituídos primeiramente pelo
Presidente da Câmara justamente por a
Câmara ser composta por
representantes do povo.
Os representantes são eleitos pelo
sistema proporcional. Esse sistema é
aquele que divide a apuração em dois
momentos. 
No primeiro momento, contam-se
os votos dados ao partido/coligação,
analisando quantas cadeiras são
destinadas a cada partido/coligação.
O voto de legenda é aquele em que
o voto é dado somente ao partido, sem
nenhum candidato em específico.
Em um segundo momento, verifica-
se os votos dados a certos candidatos.
Analisa-se, dentro do partido/coligação,
quais foram os candidatos mais votados,
ocupando as cadeiras obtidas.
§1º O número total de Deputados, bem
como a representação por Estado e
pelo Distrito Federal, será estabelecido
por lei complementar,
proporcionalmente à população,
procedendo-se aos ajustes necessários,
no ano anterior às eleições, para que
nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais
de setenta Deputados. 
O número total de Deputados
Federais é estabelecido por Lei
Complementar (nº 78/1993), que
estabelece o número de 513 Deputados
Federais.
A eleição desses membros se dá
proporcionalmente à população do
Estado, NÃO ao número de eleitores. A
distribuição será feita de acordo com o
censo feito pelo IBGE com o total da
população e sua distribuição entre os
Estados. Nenhuma unidade da federação
pode ter menos de oito (SE, DF, AC) ou
mais de setenta (SP) Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro
Deputados.
A representação do Território na
Câmara dos Deputados independe de
sua população, será fixa.
Atualmente não possuímos
nenhum Território, ele não é um
ente político, mas sim uma
descentralização da União.
A suplência se dá por partido, pois
não existe a suplência direta. Os
suplentes serão os candidatos não
eleitos pelo partido e que alcançaram o
maior número de votos. Não existe
suplente específico para cada deputado.
Senado Federal
Art. 46. O Senado Federal compõe-se
de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o
princípio majoritário. 
Composto de representantesdos
Estados e do Distrito Federal, tendo
consequência na substituição do
Presidente da República, estando o
Presidente do Senado após o da Câmara.
Os representantes são eleitos pelo
sistema eleitoral majoritário simples.
O sistema majoritário é adotado
para todos os cargos do Executivo e
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somente para os senadores dentro do
Legislativo. Sua apuração se dá em uma
única etapa.
O(s) mais votado(s) será(ão) eleitos,
independente de partido político. Seu
número será composto por 3 dígitos, os
dois primeiros representando o partido e
o último o candidato.
Ele é o sistema majoritário simples
pois não existe a possibilidade de
realização do segundo turno, mesmo
que nenhum dos candidatos alcance a
maioria absoluta dos votos. 
Nos cargos do Executivo, de
Presidente da República e Governador ou
Prefeito de Municípios com mais de 200
mil eleitores, há a realização do
segundo turno com os dois candidatos
mais votados.
§1º Cada Estado e o Distrito Federal
elegerão três Senadores, com mandato
de oito anos. 
O número é fixo pois a União não
pode fazer distinção entre os entes
federativos já que os representantes são
dos Estados, não do povo. No total são
81 senadores.
O Senador possui mandato de 8
anos, todos os outros cargos eletivos
possuem a duração de 4 anos.
A Legislatura é fixa em 4 anos, não
podendo ser modificada. Cada Senador
cumpre duas legislaturas, sendo que
isso é constitucional, já que mandato e
legislatura não são conceitos
equivalentes.
§2º A representação de cada Estado e
do Distrito Federal será renovada de
quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços. 
O Senado Federal é, por essência
conservador, e, sendo assim, não é
possível a sua renovação total, nem em
tese. 
Os términos dos mandatos não são
coincidentes e, portanto, a renovação é
sempre parcial.
§3º Cada Senador será eleito com dois
suplentes. 
Quando o Senador se candidata, já
indica quais serão seus dois suplentes,
inclusive estabelecendo a ordem de
substituição.
Havendo necessidade de
afastamento temporário ou definitivo
do Senador, já estão estabelecidos quem
serão os seus suplentes. O segundo
suplente assume caso o primeiro não
possa exercer ou continuar o exercício
da função.
Legislatura
A Legislatura é o prazo de 4 anos
do exercício da função legislativa.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido
pelo Congresso Nacional, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a
duração de quatro anos.
A legislatura é diferente do
mandato. A maior parte dos mandatos
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possuem a mesma duração da
legislatura, mas não é obrigatório.
Sessão Legislativa
A Sessão Legislativa é o prazo de 1
ano do exercício da função legislativa.
Dentro do ano legislativo, existem as
sessões diárias ordinárias, preparatórias
e extraordinárias.
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-
se-á, anualmente, na Capital Federal, de
2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de
agosto a 22 de dezembro. 
Esse é o período em que ocorrem
as sessões legislativas ordinárias,
estabelecido pela Constituição como o
período normal de atuação do
Congresso. Cada um desses períodos é
chamado de (primeiro e segundo)
período legislativo.
Inicia-se no dia 2 de fevereiro pois
o dia 1º de fevereiro é destinado às
sessões preparatórias, onde será dada
posse aos novos membros da
Assembleia Nacional (4 em 4 anos) e aos
membros da Mesa Diretora da Câmara e
do Senado (2 em 2 anos).
§1º As reuniões marcadas para essas
datas serão transferidas para o
primeiro dia útil subseqüente, quando
recaírem em sábados, domingos ou
feriados.
Os dias de início podem “atrasar”
até o 1º dia útil subsequente.
§2º A sessão legislativa não será
interrompida sem a aprovação do
projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.
A sessão do dia 22 de dezembro só
pode ser encerrada após a aprovação do
projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.
Fora desses períodos, existem os
recessos parlamentares.
§4º Cada uma das Casas reunir-se-á em
sessões preparatórias, a partir de 1º de
fevereiro, no primeiro ano da
legislatura, para a posse de seus
membros e eleição das respectivas
Mesas, para mandato de 2 (dois) anos,
vedada a recondução para o mesmo
cargo na eleição imediatamente
subseqüente.
A sessão legislativa preparatória
ocorre no dia 1º de fevereiro. Serve para
posse dos novos membros do
Congresso Nacional e eleição dos
membros da Mesa Diretora. 
§6º A convocação extraordinária do
Congresso Nacional far-se-á: 
Sessão legislativa extraordinária
é a que acontece fora dos períodos
estabelecidos pela Constituição. Ou seja,
ocorrem no recesso parlamentar, de
forma facultativa.
Para essas sessões legislativas
extraordinárias, os parlamentares não
recebem remuneração nem indenização.
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I - pelo Presidente do Senado Federal,
em caso de decretação de estado de
defesa ou de intervenção federal, de
pedido de autorização para a
decretação de estado de sítio e para o
compromisso e a posse do Presidente e
do Vice-Presidente da República; 
O Presidente do Senado Federal é
também o Presidente do Congresso
Nacional. São hipóteses de exceção
constitucional, como ao princípio
federativo.
A posse do Executivo ocorre no dia
1º janeiro a cada 4 anos.
II - pelo Presidente da República, pelos
Presidentes da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal ou a requerimento
da maioria dos membros de ambas as
Casas, em caso de urgência ou
interesse público relevante, em todas
as hipóteses deste inciso com a
aprovação da maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso Nacional. 
Nesse caso, o “requerimento da
maioria” refere-se à maioria simples.
Normalmente, as sessões ocorrem
em separado, uma do Senado e outra da
Câmara. 
As sessões conjuntas e a sessão
unicameral são situações em que todos
os membros do Congresso Nacional são
reunidos sob a presidência do Senado
Federal, deliberando sob certas
matérias.
Sessões Conjuntas
§3º Além de outros casos previstos
nesta Constituição, a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal reunir-
se-ão em sessão conjunta para:
Nas sessões conjuntas, há a
reunião dos membros do parlamento e a
votação considera de que casa é aquele
membro. A sessão é única, a votação é
separada.
I - inaugurar a sessão legislativa;
Na primeira sessão legislativa
ordinária, que ocorre no dia 2 de
fevereiro.
II - elaborar o regimento comum e
regular a criação de serviços comuns às
duas Casas;
O regimento comum é o
regimento interno do Congresso
Nacional, pois cada Casa possui o seu
próprio regimento.
III - receber o compromisso do
Presidente e do Vice-Presidente da
República;
Não há deliberação, mas apenas o
recebimento do Presidente e Vice. No
dia 1º de janeiro.
IV - conhecer do veto e sobre ele
deliberar.
Nessa sessão há deliberação e
votação. O veto presidencial, que
necessariamente é motivado, deve ser
encaminhado ao Congresso Nacional e o
Presidente do Congresso irá, em 30 dias,
convocar uma sessão conjunta. 
Poder Legislativo
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Nessa sessão, irão deliberar e votar
sobre a derrubada ou não do veto
presidencial, a derrubada ocorre pela
maioria absoluta da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
Existem outros casos previstos na
Constituição.
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao
plano plurianual,às diretrizes
orçamentárias, ao orçamento anual e
aos créditos adicionais serão
apreciados pelas duas Casas do
Congresso Nacional, na forma do
regimento comum. 
Análise da legislação e projetos
de lei orçamentária. A deliberação é
conjunta, a votação não.
Art. 68. As leis delegadas serão
elaboradas pelo Presidente da
República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
§ 2º A delegação ao Presidente da
República terá a forma de resolução do
Congresso Nacional, que especificará
seu conteúdo e os termos de seu
exercício.
A delegação deve ser solicitada ao
Congresso Nacional, que a concede sob
a forma de resolução.
Sessão unicameral
Não se analisa se o parlamentar é
deputado ou senador. A deliberação e a
votação são conjuntas. 
Art. 3º. A revisão constitucional será
realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto
da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão
unicameral. 
Essa é a única hipótese existente
de sessão unicameral, sendo que ela já
ocorreu. Está contida no Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT).
Revisão e reforma da CF pelo
poder constituinte derivado, realizando
alterações no texto da constituição pelas
Emendas Constitucionais Revisionais. Só
seria realizada uma única vez, em
sessão unicameral.
A Emenda à Constituição já estava
autorizada desde 05 de outubro de
1988, sendo esta diferente da Emenda
Revisional.
Comissões
As Comissões são os órgãos
fracionários do Congresso Nacional,
podendo ser definitivas ou temporárias.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas
Casas terão comissões permanentes e
temporárias, constituídas na forma e
com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que
resultar sua criação.
§1º Na constituição das Mesas e de
cada Comissão, é assegurada, tanto
quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos
blocos parlamentares que participam
da respectiva Casa.
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As Casas formam comissões
permanentes ou temporárias. 
Comissões permanentes
Tendem a ser chamadas de
“temáticas”, pois elas são formadas de
acordo com determinado tema, como a
de Saúde, Relações Internacionais, entre
outros. Assim, cada projeto será
analisado de acordo com o tema que ele
trata.
§2º Às comissões, em razão da matéria
de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que
dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se
houver recurso de um décimo dos
membros da Casa;
É o processo legislativo abreviado,
um aspecto dentro de qualquer processo
legislativo. É admitida quando há uma
previsão regimental no regimento
interno da casa de dispensa a
competência do Plenário. Ou seja, o
projeto de lei será aprovado mesmo com
apenas fração da Casa.
II - realizar audiências públicas com
entidades da sociedade civil;
Levar o debate dos temas que
estão em discussão no Congresso
nacional para a sociedade.
III - convocar Ministros de Estado para
prestar informações sobre assuntos
inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações,
representações ou queixas de qualquer
pessoa contra atos ou omissões das
autoridades ou entidades públicas;
Parlamento aberto ao direito de
petição previsto no texto constitucional.
V - solicitar depoimento de qualquer
autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras,
planos nacionais, regionais e setoriais
de desenvolvimento e sobre eles emitir
parecer.
Essas são as principais funções das
comissões temáticas, permanentes.
Comissões temporárias
Atuam por determinado período e
possuem função específica. Cada
comissão temporária possui um limite
único, prazos específicos, não podendo
ultrapassar o limite de uma legislatura.
Estão limitadas à legislatura em que
foram criadas.
A Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) é uma comissão
temporária comum.
§3º As comissões parlamentares de
inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas,
serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em
conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus
membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo
Comissão Parlamentar de Inquérito é um tema recorrente
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Por Julia Prado Dantas
suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público,
para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores. 
A CPI tem poderes de investigação
equivalentes aos poderes das
autoridades judiciárias, tendo somente
função investigativa, não cabendo a ela
condenar ninguém. Se for o caso, o
Ministério Público irá promover a
responsabilização civil ou criminal dos
responáveis.
Os limites de atuação da CPI não
estão na Constituição. Mas os seus
poderes de investigação estão limitados
pela cláusula de reserva de jurisdição,
que é algo que a Constituição prevê que
só pode ser realizado por um
magistrado ou tribunal. Nesse caso, a
CPI não pode realizar essa ação.
A quebra de sigilo telefônico pode
ser feito pela CPI sem recurso ao poder
judiciário, pois é o acesso aos dados
relacionados a uma determinada linha
telefônica.
A interceptação telefônica só pode
ser autorizada pelo Judiciário com
Competência Criminal. É o acesso aos
dados da linha telefônica e ao conteúdo
das conversas. A CPI não pode realizar
a interceptação.
Os requisitos constitucionais para
a atuação de uma CPI são:
 → Requerimento de 1/3 dos
membros da Casa (Câmara, Senado ou
Ambas), esse requisito para a criação de
uma CPI é uma expressão do direito das
minorias parlamentares. 
 → Apuração de fato determinado, a
CPI não pode ser criada para investigar
fatos gerais. Podem existir a ampliação
do âmbito de investigação se surgem
fatos novos no curso da investigação
conexos ao fato que originou a CPI
 Por → prazo certo, que possui
prazo regimental (preveêm prazos de 60
dias que podem ser renovados infinitas
vezes). O tempo máximo de atuação é
o tempo de uma legislatura.
Estatuto dos Congressistas
É o regime jurídico aplicável
exclusivamente aos parlamentares. É
previsto para salvaguardar o exercício
da função do parlamentar, não a pessoa
do parlamentar, já que ele deve ter certa
liberdade no exercício de suas funções.
Imunidade Material
Art. 53. Os Deputados e Senadores são
invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos. 
A imunidade material ou
inviolabilidade dos parlamentares
garante que o parlamentar deve se
pronunciar sobre vários temas. Se ele
tivesse receio de falar sobre certas
matérias, o parlamentar não poderia
exercer bem a sua função.
O parlamentar é relativamente
irresponsável por aquilo que diz desde
que seja dito no exercício da função
parlamentar. É a pertinência temática,
que é presumida de forma absoluta
quanto aos atos praticados dentro do
recinto parlamentar.
Fora do prédio parlamentar, é
necessário verificar se o que foi dito
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pelo parlamentar está relacionado ao
seu mandato.
A jurisprudência do STF admite que
a imunidade material inclui também
entrevistas jornalísticas, a transmissão,
para a imprensa, do conteúdo de
pronunciamento ou de relatórios
produzidos nas Casas Legislativas e as
declarações feitas aos meios de
comunicaçãosocial, desde que essas
manifestações estejam vinculadas ao
desempenho do mandato.
A eficácia temporal permanente
da inviolabilidade material significa que
a proteção por todas as coisas que
foram ditas no curso do mandato
perdura durante o mandato e após ele.
Se deixa de ser parlamentar e continua a
expressar-se sob aquele tema pode ser
punido.
Imunidade Formal
As imunidades formais dizem
respeito ao procedimento de
responsabilização do parlamentar nas
hipóteses cabíveis.
Elas não possuem eficácia
temporal permanente.
§1º Os Deputados e Senadores, desde a
expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal. 
O foro por prerrogativa de
função, também chamado de foro
privilegiado, é a submissão do
parlamentar a certo Tribunal nos casos
em que cabe a sua responsabilização.
Ele surge desde a expedição do diploma,
não da posse.
Findo o mandato, por qualquer
motivo, acaba esse foro, mesmo que o
processo ainda esteja em andamento.
Súmula 704 do STF: Não viola as
garantias do juiz natural, da ampla
defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do
processo do corréu ao foro por
prerrogativa de função de um dos
denunciados. 
Se dentre os vários co-réus que
estão sendo processados um deles
possui prerrogativa de função, todos
os réus respondem perante o âmbito
judiciário do que possuia a prerrogativa.
A renúncia ao mandato para fugir
do julgamento, desaparecendo o foro
por prerrogativa de função e sendo o
processo transferido para o 1º grau, não
gera o efeito de fazer desaperecer o foro
por prerrogativa de função. A renúncia
em si ocorrerá.
§2º Desde a expedição do diploma, os
membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos, salvo em flagrante
de crime inafiançável. Nesse caso, os
autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para
que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão. 
A imunidade relativa à prisão diz
que os membros do Congresso Nacional
só poderão ser presos em flagrante de
crime inafiançável. Conta-se a partir da
diplomação.
Essa imunidade refere-se às prisões
processuais, se o parlamentar é
efetivamente condenado ele poderá ser
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preso, gerando a suspensão dos direitos
políticos.
A prisão em flagrante deve ser
comunicada à Casa, que decidirá se
haverá ou não o relaxamento da prisão.
Não é preciso autorização da Casa para
a prisão em flagrante.
§3º Recebida a denúncia contra o
Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo
Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de
partido político nela representado e
pelo voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação. 
A imunidade quanto ao processo
refere-se ao fato de que a denúncia por
crime ocorrido após a diplomação deve,
ao ser recebida pelo STF, encaminha-se
a denúncia à Casa respectiva.
A seguir, a Casa delibera acerca da
continuidade ou não do processo. Em
regra, o processo continua.
§4º O pedido de sustação será
apreciado pela Casa respectiva no
prazo improrrogável de quarenta e
cinco dias do seu recebimento pela
Mesa Diretora. 
§5º A sustação do processo suspende a
prescrição, enquanto durar o mandato. 
Havendo a sustação do processo,
a prescrição também ficará suspensa.
Isso impede que o parlamentar se
aproveite da situação e escape impune.
A prescrição volta a correr com o fim do
mandato.
As imunidades acima explicadas
ocorrem também no âmbito estadual e
no âmbito municipal.
Imunidades nos Estados
Art. 27.
§1º Será de quatro anos o mandato dos
Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes
as regras desta Constituição sobre
sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas. 
Aos Deputados Estaduais aplicam-
se as regras de imunidades materiais
(“inviolabilidades”) e formais
(“imunidades”), não sendo em nada
diferentes das regras aplicadas no
âmbito federal.
Imunidades nos Municípios
Art. 29.
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por
suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na
circunscrição do Município; 
Os vereadores possuem somente a
imunidade material, a inviolabilidade.
Além disso, a sua proteção é menor,
pois a imunidade está limitada ao prédio
onde exerce suas funções e a temas com
pertinência temática ao cargo apenas no
município onde exerce suas funções.
O vereador não possui nenhuma
das imunidades formais.
Poder Legislativo
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Atribuições
O Poder Legislativo possui duas
funções típicas: Processo Legislativo e
Fiscalização Orçamentária. São funções
de mesmo nível, de mesma importância.
Fiscalização Orçamentária
Historicamente, o Poder Legislativo
surge com grande destaque para essa
função, ainda mais do que com a noção
de legislar.
A Constituição estabelece um
amplo sistema de controle dos
recursos públicos entre os artigos 70 e
75.
Art. 70. A fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades
da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada
Poder. 
Há um sistema de controle externo
e um de controle interno de cada
estrutura de Poder. 
Cada entidade administrativa
possui órgãos responsáveis por esse
controle interno.
O controle externo é realizado
pelo Congresso Nacional e toda a
sistemática adotada para os órgãos
federais também é trazida para os
Estados, Municípios e Distrito Federal.
A fiscalização orçamentária como
controle externo é realizada pelo Poder
Legislativo. O Tribunal de Contas
auxilia tecnicamente o Poder Legislativo,
em uma função de assessoramento.
Os Tribunais de Contas são
órgãos autônomos, não fazendo parte
da estrutura de nenhum dos três
poderes. Existem no âmbito da União,
Estados e Municípios.
Súmula 437 do STF: O Tribunal de
Contas, no exercício de suas
atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos
do Poder Público. 
O Tribunal de Contas realiza
controle de constitucionalidade.
Art. 71. O controle externo, a cargo do
Congresso Nacional, será exercido com
o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete:
O Tribunal de Contas funciona
como órgão auxiliar do Legislativo.
I - apreciar as contas prestadas
anualmente pelo Presidente da
República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias
a contar de seu recebimento;
Ele apenas aprecia as contas
prestadas pelo Chefe do Executivo, não
as julga. Esse parecer técnico realizado
pelo Tribunal de Contas da União será
enviado ao Congresso Nacional, que
realiza o julgamento.
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
II - julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos
da administração direta e indireta,
incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder
Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público;
Realiza o julgamento dos demais
administradores.
III - apreciar, para fins de registro, a
legalidade dos atos deadmissão de
pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta,
incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo
de provimento em comissão, bem como
a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as
melhorias posteriores que não alterem
o fundamento legal do ato concessório;
São procedimentos que se iniciam
no órgão de origem mas que precisam
do crivo do Tribunal de Contas para se
tornarem perfeitos.
Súmula Vinculante 03: Nos processos
perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder
resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma e pensão. 
Processos administrativos perante
o Tribunal de Contas asseguram o
contraditório e a ampla defesa, exceto
no ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão. Esses
procedimentos complexos ainda não
finalizados só se tornam ato jurídico
perfeito com o crivo do Tribunal de
Contas. O cidadão terá a possibilidade
de impugnar o ato depois.
A jurisprudência do STF ensina que
o interessado poderá se manifestar se
houver longo decurso de tempo entre a
percepção do direito e a análise pelo
Tribunal de Contas.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União,
integrado por nove Ministros, tem sede
no Distrito Federal, quadro próprio de
pessoal e jurisdição em todo o
território nacional, exercendo, no que
couber, as atribuições previstas no art.
96.
Mesmo se chamando “Tribunal” e
utilizando as expressões “Ministros” e
“Jurisdição”, esse não é um órgão do
Poder Judiciário.
§1º Os Ministros do Tribunal de Contas
da União serão nomeados dentre
brasileiros que satisfaçam os seguintes
requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação
ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos,
contábeis, econômicos e financeiros ou
de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de
Lembrar que a Jurisprudência do STF admite questionamento após longo decurso de 
tempo entre a percepção do direito e a análise pelo Tribunal de Contas
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
função ou de efetiva atividade
profissional que exija os
conhecimentos mencionados no inciso
anterior.
Esses são os 4 requisitos para
ingresso no Tribunal de Contas da
União. A idade se refere à idade de
ingresso, não à idade do membro, pode
ser membro até os 75 anos, que é a
idade da aposentadoria compulsória
conforme a Emenda 88.
Os conceitos do inciso II são
abertos, a serem preenchidos no caso
concreto, inclusive politicamente.
O conhecimento do inciso III não
pode ser meramente teórico, mas sim
aplicado na prática por ao menos 10
anos, conforme inciso IV.
§2º Os Ministros do Tribunal de Contas
da União serão escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da
República, com aprovação do Senado
Federal, sendo dois alternadamente
dentre auditores e membros do
Ministério Público junto ao Tribunal,
indicados em lista tríplice pelo
Tribunal, segundo os critérios de
antigüidade e merecimento;
II - dois terços pelo Congresso
Nacional.
Dos 9 membros, 3 serão
escolhidos pelo Presidente da República,
sendo que um deles necessariamente
será Auditor do Tribunal de Contas da
União e outro de membro do Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas,
ambos cargos que são alcançáveis por
concurso público. 
Por fim, o último será escolhido de
forma livre pelo presidente.
Súmula Vinculante 13: A nomeação de
cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou,
ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta
em qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola
a Constituição Federal.
Esta súmula veda o nepotismo.
Nos cargos de assessoramento
direto de Chefe do Executivo (Ministros
e Secretários) essa súmula não se aplica,
podendo ser indicado cônjuge ou
parente até o 3º grau. 
No entanto, na indicação dos
membros pelo Chefe do Executivo nos
Tribunais de Contas não podem ser
indicados o cônjuge e parentes até o
terceiro grau, aplicando-se a súmula.
Os outros membros serão
indicados pelo Congresso Nacional, não
possuindo regras específicas.
§3° Os Ministros do Tribunal de Contas
da União terão as mesmas garantias,
prerrogativas, impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Ministros
do Superior Tribunal de Justiça,
aplicando-se-lhes, quanto à
aposentadoria e pensão, as normas
constantes do art. 40.
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
A condição de Ministro do Tribunal
de Contas da União é equivalente à de
Ministro do Superior Tribunal de Justiça.
§ 4º O auditor, quando em substituição
a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no
exercício das demais atribuições da
judicatura, as de juiz de Tribunal
Regional Federal. 
Tribunais de Contas Estaduais
Cada Estado possui o seu Tribunal
de Contas, situando-se eles na Capital
de cada Estado.
Art. 75. As normas estabelecidas nesta
seção aplicam-se, no que couber, à
organização, composição e fiscalização
dos Tribunais de Contas dos Estados e
do Distrito Federal, bem como dos
Tribunais e Conselhos de Contas dos
Municípios.
Parágrafo único. As Constituições
estaduais disporão sobre os Tribunais
de Contas respectivos, que serão
integrados por sete Conselheiros.
Embora o caput mencione que a
composição do Tribunal de Contas dos
Estados seria igual à do Tribunal de
Contas da União, isso nos leva ao
problema de como haveria a indicação
de 7 conselheiros pelas regras do §2º do
artigo 73.
Súmula 653 do STF: No Tribunal de
Contas Estadual, composto por sete
conselheiros, quatro devem ser
escolhidos pela Assembléia Legislativa
e três pelo chefe do Poder Executivo
estadual, cabendo a este indicar um
dentre auditores e outro dentre
membros do Ministério Público, e um
terceiro a sua livre escolha. 
No Tribunal de Contas do Estado, o
Governador indicará 3, seguindo as
mesmas regras do Tribunal de Contas da
União.
Tribunais de Contas Municipais
Art. 31. A fiscalização do Município
será exercida pelo Poder Legislativo
Municipal, mediante controle externo, e
pelos sistemas de controle interno do
Poder Executivo Municipal, na forma da
lei.
§1º O controle externo da Câmara
Municipal será exercido com o auxílio
dos Tribunais de Contas dos Estados ou
do Município ou dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver.
Na promulgação da Constituição
Federal, os municípios de São Paulo e
Rio de Janeiro já possuíam Tribunal de
Contas Municipal. Nesse caso, eles irão
auxiliar no controle externo.
§4º É vedada a criação de Tribunais,
Conselhos ou órgãos de Contas
Municipais.
Os demais municípios não poderão
criar Tribunal de Contas Municipais. 
Alguns Estados criam, dentro da
estrutura estadual, Tribunal de Contas
dos Municípios, que é um Tribunal de
Contas que dá apoio a todos os
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
municípios, mas não é Tribunalde
Contas Municipal.
Processo Legislativo
É a segunda função típica do Poder
Legislativo. É a criação das espécies
normativas primárias, a edição de
normas que inovam a ordem jurídica.
Art. 59. O processo legislativo
compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Essas são as espécies normativas
primárias, as normas que inovam a
ordem jurídica, trazendo novos direitos
e novas obrigações.
Todas essas normas estão de
algum modo subordinadas ao texto
constitucional.
Na estrutura piramidal, as leis
estão logo abaixo da Constituição. As
emendas constitucionais passam, em
regra, a integrar o texto constitucional,
ganhando status constitucional, por isso
seu processo de criação é mais difícil,
pois ela se situa no nível constitucional.
Decretos e resoluções não tem o
seu procedimento de criação previsto na
Constituição, por isso serão analisados
de forma mais superficial.
Ambas se caracterizam por não ter
a participação do Chefe do Executivo em
sua criação, em seu procedimento. 
Nos decretos legislativos, costuma
ser tratado tema externo ao Congresso
Nacional, como se pode observar no
artigo 49.
Já nas resoluções, trata-se de tema
interno ao Congresso Nacional, não
intervindo diretamente na vida em
sociedade. Por exemplo, a delegação ao
Presidente da República para que crie lei
toma a forma de resolução.
Espécies de Processo
O processo legislativo ordinário
ou comum serve para a edição das leis
ordinárias.
O processo legislativo Sumário
ou “Dos cem dias” é válido também para
lei ordinária, mas possui sua razão de
existir específica.
Os processos legislativos
especiais são assim chamados pois, em
algum ponto, divergem do processo
legislativo ordinário. São Emendas à
Constituição, Leis Complementares, Leis
Delegadas e Medidas Provisórias.
Processo Legislativo Ordinário
Se destina à edição de leis
ordinárias e se divide em 3 fases, do
momento de apresentação do projeto de
lei até a sua transformação em lei.
1ª fase: Iniciativa
É a fase de apresentação do
projeto de lei. Preocupa-se somente se
aquele que apresentou o projeto de lei é
um dos legitimados para apresentá-lo
segundo a Constituição.
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
Art. 61. A iniciativa das leis
complementares e ordinárias cabe a
qualquer membro ou Comissão da
Câmara dos Deputados, do Senado
Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo
Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e
nos casos previstos nesta Constituição. 
Ele serve como base para os
legitimados dos demais processos
legislativos. O processo legislativo
ordinário é o que mais possui
legitimados, igualando-se a ele o de lei
complementar.
A iniciativa popular de leis é a
possibilidade de o povo apresentar
diretamente, sem interposição de
nenhuma autoridade, o projeto de lei à
Câmara dos Deputados. Só vale para as
leis (Lei Ordinária e Lei Complementar).
§2º A iniciativa popular pode ser
exercida pela apresentação à Câmara
dos Deputados de projeto de lei
subscrito por, no mínimo, um por cento
do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não
menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles. 
2ª fase: Constitutiva ou de Tramitação
É nessa fase que o projeto de lei
passa pelas várias Comissões Temáticas
do Congresso Nacional.
O projeto sempre passa primeiro
pela Comissão de Constituição e
Justiça, que analisa se ele está de
acordo com a norma vigente.
Após a análise pelas Comissões, o
projeto passa a ser analisado pelo
Congresso Nacional. É apreciado em
turno único de votação em cada uma das
Casas e, sendo aprovado pela maioria
simples ou relativa, segue para votação
na outra Casa.
O projeto de lei será votado
primeiro pelo local onde ele foi
apresentado. Se não é apresentado nem
por Senador nem por Deputado, inicia-se
na Câmara dos Deputados. Costuma
começar nesta última.
Como a Constituição não especifica
o quórum, é a maioria simples. Ou seja,
presente a maior parte dos membros de
uma Casa, a aprovação se dá pelo apoio
da maioria dos membros presentes.
Se o projeto for aprovado na
segunda Casa (Casa Revisora), mas com
emendas, será necessário que tais
alterações, e somente elas, retornem à
Casa Iniciadora. A Casa Iniciadora acaba
tendo uma prevalência, pois após a
análise das emendas o processo segue
em frente, independentemente da Casa
Revisora.
Se o projeto não for aprovado em
alguma das Casas, ele é definitivamente
arquivado e não pode ser reapresentado
na mesma Sessão Legislativa, ou seja,
ano civil. 
Pode haver a reapresentação se o
novo projeto é apresentado pela maioria
absoluta dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal. 
Já para projeto de Emendas
Constitucionais e projeto para
Conversão de Medida Provisória em
Lei NUNCA pode haver a reapresentação
Dentro de Processo Legislativo, cai mais frequentemente a 2ª fase do Processo
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
dentro da mesma sessão legislativa, não
há exceção.
A sanção ou veto é o próximo
momento dessa fase, onde o Presidente
da República se manifesta sobre o
projeto de lei. Se concorda com ele,
sanciona o projeto, se discorda ele irá
vetar.
O Presidente pode vetar o Projeto
de Lei por entendê-lo inconstitucional
(veto jurídico) ou por ausência de
interesse público ou nacional naquela lei
(veto político). 
O veto pode ser total ou parcial.
O veto presidencial deve acontecer
em um prazo de até 15 dias úteis,
previsto constitucionalmente, e deve ser
sempre expresso. 
Se silencia nesse prazo, haverá a
sanção tácita do Projeto de Lei.
As razões do veto devem ser
informadas em até 48 horas ao
Presidente do Congresso Nacional. 
Este deve reunir o Congresso em
uma sessão conjunta no prazo de até
30 dias sob pena de trancamento de
pauta, ou seja, se o veto não for
analisado nesse prazo o Congresso não
poderá votar nenhum outro projeto,
sendo que esse trancamento é absoluto.
O Congresso pode derrubar ou
manter o veto. 
A derrubada do veto sempre
ocorre por maioria absoluta, na Lei
Ordinária e na Complementar. Se é
derrubado, o Projeto de Lei segue como
aprovado pelo Congresso Nacional. Ou
seja, embora o Presidente possa
participar do Processo Legislativo, ele
não terá a última palavra.
3ª fase: Conclusiva ou de Ratificação
Ratificação é o momento em que
ocorre a mudança, em que o Projeto se
transforma em Lei. Nesse momento,
cabe ao Presidente da República realizar
a promulgação.
No Processo Legislativo Ordinário,
a promulgação é feita pelo Presidente
da República. 
Quando o Projeto é vetado pelo
Presidente e esse veto é derrubado, ele
é reenviado ao Presidente da República
para promulgação do Projeto em até 48
horas. 
Se não for promulgado no prazo,
ele será promulgado pelo Presidente do
Senado em até 48 horas, se este não o
fizer, cabe ao Vice-Presidente do Senado
essa promulgação.
Processo Legislativo Sumário
Também chamado de processo
legislativo “dos cem dias”, ele edita leis
ordinárias, devendo durar menos tempo
e há mudanças somente nos legitimados
e no procedimento de tramitação.
Art. 64. A discussão e votação dos
projetos de lei de iniciativa do
Presidente da República, do Supremo
Tribunal Federal e dos TribunaisSuperiores terão início na Câmara dos
Deputados.
§ 1º O Presidente da República poderá
solicitar urgência para apreciação de
projetos de sua iniciativa.
A iniciativa do processo legislativo
sumário cabe somente ao Presidente da
República, solicitando urgência nos
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
processos de sua iniciativa, qualquer
um, não somente os processos de sua
iniciativa privativa. 
Não pode solicitar urgência em
processo iniciado por outrem.
Começa sempre pela Câmara dos
Deputados, já que é sempre o Presidente
que inicia. 
Na fase de tramitação no processo
legislativo sumário existem prazos.
A Câmara dos Deputados tem 45
dias para apreciar esse projeto, sob
pena de trancamento relativo de pauta.
Só serão possíveis as realizações de
votações que possuam prazo no texto
constitucional.
Aprovado esse projeto, ele segue
para o Senado Federal, que possuirá um
novo prazo de 45 dias, ou seja, reinicia-
se a contagem. Descumprido o prazo,
haverá o trancamento relativo de prazo.
Havendo emendas ao projeto, elas
devem ser analisadas em até 10 dias
pela Câmara dos Deputados, que é a
casa iniciadora.
Somando todos os prazos, o
processo legislativo sumário dura até
100 dias, por isso chama-se de
“processo legislativo de cem dias”.
Projetos de Código, por buscarem
versar sobre uma matéria de forma
ampla, não se submetem ao processo
legislativo sumário.
Processos Legislativos Especiais
Parte-se sempre do processo
legislativo ordinário, trazendo as
diferenças dos processos legislativos
especiais em relação a aquele.
Emenda Constitucional
Está prevista no artigo 60. 
Na fase de iniciativa, os seus
legitimados são mais restritos do que o
do processo legislativo ordinário.
Art. 60. A Constituição poderá ser
emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos
membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias
Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros.
1/3 do Senado OU da Câmara,
não precisando da assinatura de 1/3 dos
membros de ambas as casas.
Manifestação de ao menos 14 das
Assembleias Legislativas (são 27 no
total), que se manifestem pela maioria
relativa.
Não existe a possibilidade de
iniciativa popular para proposta de
Emenda à Constituição.
Na fase de tramitação, há dois
turnos de votação, ou seja, duas
votações na casa iniciadora e duas na
casa revisora. Tornando a aprovação de
uma Emenda Constitucional mais difícil
do que a de um Projeto de Lei.
O quórum de aprovação será de
3/5 do total de membros de cada Casa,
em cada uma das votações.
Havendo emendas ao projeto,
retornam à Casa iniciadora e, se não
aprovadas, ele é arquivado. Se
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
arquivado, não pode ser reapresentada
a proposta de Emenda dentro da mesma
Sessão Legislativa.
Não existe sanção ou veto
presidencial no procedimento de
Emenda à Constituição.
Na fase de ratificação, a
promulgação é feita pelos membros da
Mesa da Câmara e da Mesa do Senado
Federal, conjuntamente, sem a
participação do Presidente da República.
Lei Complementar
O processo legislativo em si é
muito similar ao do processo legislativo
ordinário, só existindo uma diferença
no procedimento.
Na segunda fase, a lei
complementar é aprovada pela maioria
absoluta dos membros de cada uma das
Casas. Ou seja, pelo voto de mais da
metade do total de membros da Casa.
No entanto, isso não significa que
a lei complementar se sobrepõe à lei
ordinária. Elas não estão em níveis
diferentes de hierarquia. 
Na verdade, seria impossível um
real conflito entre esses tipos de lei,
pois a Constituição diz expressamente
quais são os temas que devem ser
tratados por Lei Complementar. Ou seja,
havendo uma Lei Ordinária e uma Lei
Complementar sobre o mesmo tema,
uma delas é inconstitucional.
Se uma Lei Complementar trata de
tema de Lei Ordinária, ela é válida, pois
alcançou o quórum de aprovação da Lei
Ordinária, mas vale como esta última,
não Lei Complementar.
Lei Delegada
Ela decorre da delegação do
Congresso Nacional ao Presidente da
República, que faz essa Lei.
Se o Presidente entende que ele
deve tratar dessa matéria, que ele deve
fazer integralmente esta lei, solicita a
delegação ao Congresso Nacional.
Art. 68. As leis delegadas serão
elaboradas pelo Presidente da
República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional. 
O Congresso Nacional realizará
essa delegação através de resolução.
Essa resolução pode determinar que a
Lei Delegada seja apreciada pelo
Congresso ou não.
A delegação própria acontece
quando o Congresso não solicita que o
Presidente da República envie essa Lei
para sua apreciação.
A delegação imprópria ocorre
quando o Congresso solicita que a Lei
Delegada seja enviada ao Congresso.
Nesse caso, a Lei só será publicada se
aprovada pelo Congresso Nacional.
Na delegação imprópria, o
Congresso Nacional não pode realizar
emendas à Lei. Ele só pode aprovar ou
rejeitar e Lei Delegada.
Medida Provisória
Art. 62. Em caso de relevância e
urgência, o Presidente da República
poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las
de imediato ao Congresso Nacional. 
Poder Legislativo
Por Julia Prado Dantas
Há pressupostos constitucionais
para a edição de medida provisória.
Ela é um ato normativo com força
de lei, sendo feita pelo Presidente da
República no exercício de uma
competência atípica e possuindo prazo
para vigorar, sendo essas as suas
diferenças em relação à lei.
Nas hipóteses de medida
provisória, é como se a própria
Constituição já tivesse delegado a
competência para o Presidente. 
Ou seja, ele não precisa solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
É necessária uma situação
relevante e urgente. O Presidente se
coloca no local do legislador para que
determinado assunto seja normatizado
mais rapidamente.
Aqui, analisamos a conversão da
medida provisória em lei, fazendo com
que ela passe a ter vigência indefinida. 
Não pode ser editada Medida
Provisória sobre matéria reservada a Lei
Complementar e, sendo assim, sempre
que houver a sua conversão a Medida
Provisória se tornará Lei Ordinária.
Por tornar-se Lei Ordinária, aplica-
se à Medida Provisória o mesmo
procedimento que se aplica à Lei
Ordinária, com as devidas modificações.
O prazo de vigência de uma
Medida Provisória é de 60 dias (Emenda
32/2001), que é automaticamente
renovado por igual prazo se a Medida
não é apreciada no prazo de 60 dias.
Sendo assim, a Medida Provisória pode
vigorar por até 120 dias. 
O prazo não é contado nos
períodos de recesso parlamentar, o que
frequentemente prolonga a duração da
vigência da Medida Provisória por um
prazo maior do que 120 dias.
O Congresso Nacional possui um
prazo de 45 dias para apreciar a Medida
Provisória, sob pena de trancamento de
pauta da Casa que está com a
apreciação pendente. Este prazo é
conjunto para as duas Casas do
Congresso, ou seja, é um só prazo para
que ambas a analisem.
Se o Congresso Nacional não
aprecia a medida provisória até o fim do
prazo de 120 dias, haverá a sua rejeição
tácita.
Se a Medida Provisória é aprovada,
ela irá se tornar Lei. Se não há
alterações substanciais em seu
conteúdo, ela não irá ao Presidente da
República para sanção ou veto.
Se é rejeitada pelo CongressoNacional, não poderá ser apresentada
nova Medida Provisória dentro da
mesma Sessão Legislativa. Além disso, a
sua rejeição gera efeitos retroativos. 
O vácuo jurídico deve ser
preenchido por um Decreto Legislativo
que deve ser editado em um prazo de
60 dias a partir da rejeição da Medida
Provisória pelo Congresso Nacional. 
Se não for editado o Decreto
Legislativo no prazo de 60 dias, a perda
da eficácia só terá gerado efeitos ex 
nunc, a partir do momento da rejeição.

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