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FOTOCÓPIAS DE DOCUMENTOS PARA EXAME PERICIAL DOCUMENTOSCÓPICO _ Jonas Silvestre Cornely

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22/10/2019 FOTOCÓPIAS DE DOCUMENTOS PARA EXAME PERICIAL DOCUMENTOSCÓPICO | Jonas Silvestre Cornely
https://jonassilvestrecornely.wordpress.com/2015/06/09/fotocopias-de-documentos-para-exame-pericial-documentoscopico/ 1/5
FOTOCÓPIAS DE DOCUMENTOS PARA EXAME PERICIAL
DOCUMENTOSCÓPICO
JONAS SILVESTRE CORNELY
Perito Criminalístico do IC-RS
Versa o presente artigo sobre o uso das cópias fotostáticas em perícias
documentoscópicas. Por que não devem ser aceitas para uma conclusão pericial
taxativa acerca da autenticidade e autoria gráfica. Opiniões de alguns renomados
tratadistas estrangeiros e pátrios. A legislação penal adjetiva acerca do temário.
O documento a ser submetido a exame pericial, quer questionado, quer padrão,
deverá sempre consistir no original. Isto porque as cópias fotostáticas – fotocópia,
fotografia, termo fax, xerox etc. – apresentam uma elevada gama de
inconvenientes para um cotejo válido e seguro, dentro do que recomenda a boa
técnica documentoscópica. Resumidamente, apresentamos várias razões que
desaconselham e tornam mesmo rejeitáveis as cópias fotostáticas de documentos
para exame pericial:
a) não são vistas rasuras, raspagens e vestígios de lavagens químicas que
facilmente seriam reconhecidas no documento original. Ademais, o documento
original possibilita a microscopia do arranjo das fibras do papel, bem como
exames ulteriores – microscopia estereoscópica, fluorescência etc. – impraticáveis
na fototecnia em geral;
b) não podem ser constatadas emendas e acréscimos produzidos no espécime
original, onde, de imediato, seriam observados;
c) não se pode determinar se houve, ou não, cruzamento de traços, o que, no
original, em tese, seria praticável, permitindo estabelecer-se a cronologia ou
ordem de sucessão de lançamentos (mecanografados com manuscritos,
manuscritos com manuscritos);
d) não se pode constatar a existência de decalque havido no original para
alteração de um texto ou de uma assinatura;
e) não se distinguem escritos produzidos a lápis, com caneta esferográfica ou
caneta-tinteiro abastecida de tinta líquida comum ou lavável, ou outro instrumento
inscritor manipulado pelo escritor;
f) não são reproduzidas determinadas manchas existentes no documento original
as quais podem, ou não, significar que o mesmo foi alvo de alteração fraudulenta
ou envelhecimento artificial precoce, não se podendo, via de conseqüência,
outrossim, proceder a um estudo da idade do documento;
g) não é possível estudar-se a construção de letras ou de cifras;
h) podem passar despercebidas religações ou retoques discretos de traços;
podem, ainda, não ser aferidos, pelos olhos atentos do expert, determinados
aspectos particulares do punho escrevente ou dos datilotipos de uma máquina de
escrever;
i) determinadas dobras em cima de traços ou escritos no original podem provocar,
na fototecnia, sombreamentos e ocultar defeitos característicos de uma máquina
de escrever ou esconder vícios de punho escrevente ou do datilógrafo;
j) não se pode determinar as variantes de intensidade de pressão do pinho
escrevente ou aferir o peso da impressão do datilotipo, em caso de emprego de
instrumento mecanográfico;
k) há determinados truques maliciosos em montagens fotográficas etc., que
podem ser cometidos com os espécimes originais e que ficam invisíveis ou
imperceptíveis nas cópias fotostáticas de qualquer ordem, porquanto – sabe-se –
existem fotocópias de fotocópias e, assim, certos detalhes do documento ou da
escrita originais desaparecem completamente.
Invalidez técnica das fotocópias
A lei está certa ao vincular o valor da fotocópia de documento particular ao prévio
registro do original em Cartório. Quer, com isso, reduzir ou afastar muitas fraudes
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Jonas Silvestre Cornely
Perito criminalístico aposentado. Realiza perícias para a justiça cível e trabalhista. Trabalha com
autenticidade de assinaturas, textos manuscritos e mecanografados e adulterações de documentos.
22/10/2019 FOTOCÓPIAS DE DOCUMENTOS PARA EXAME PERICIAL DOCUMENTOSCÓPICO | Jonas Silvestre Cornely
https://jonassilvestrecornely.wordpress.com/2015/06/09/fotocopias-de-documentos-para-exame-pericial-documentoscopico/ 2/5
que a fotocópia pode encobrir ou ensejar.
Ouçamos ALBERT S. OSBORN e ALBERT D. OSBORN, famosos peritos
grafotécnicos norte-americanos, a respeito (tradução nossa):
“Reproduções fotostáticas de documentos pretensamente extraviados são
apresentadas e deverão ser aceitas com grande cautela, sobretudo, e, jamais, um
veredicto deverá alicerçar-se nelas. Pode ser facilmente demonstrado em
qualquer tentativa experimental como num documento deste tipo pode ser feita,
com paciência, a reprodução de uma infalível assinatura genuína.
Um dos enganos mais comuns no início do exame de um documento suspeito é a
preocupação de fazer, em branco e preto, a reprodução fotostática para a cópia do
documento. O erro baseia-se na incorreta ideia de que a reprodução fotostática é
exatamente tão desejável como uma fotografia corretamente feita. Para um estudo
satisfatório do documento, a fotocópia é irrecusável, mas se há dúvidas acerca de
sua genuinidade, o mesmo jamais deverá depender dela. O processo visa obter
toda carga legível e distinta e seu excessivo contraste muitas vezes encobre
evidência de contrafação.”
EDMOND LOCARD, a figura máxima da grafotécnica francesa, o maior
especialista latino no assunto, estende a condenação até as fotografias dos
documentos (tradução nossa):
“As partes propõem às vezes ao perito que se remeta, ao invés dos originais, às
provas fotográficas. Isto é pouco aceitável. As fotografias que ele mesmo não as
tenha feito, não fornecem nenhum proveito às alterações do documento. Por outro
lado, elas devem ser estritamente do tamanho natural: podem, então, dar
indicações falsas sobre calibres, espaçamentos etc. No momento em que as
circunstâncias impedem absolutamente que o documento seja exibido ao perito,
este terá todo o direito de as recusar. Se, entretanto, ele estiver limitado a operar
com as fotografias, deverá fazer todas as ressalvas, indicar, em seu Laudo, ou em
sua Consulta, que não viu os originais e, em qualquer caso, remeter-se não às
provas positivas, mas às negativas, o que possibilitará apontar evidentes
constatações, impossíveis nas tiragens, notadamente no que concerne à
possibilidade de falsificação.” (Manuel de Technique Policière, Paris, 1934, p. 150)
ALBERT S. OSBORN, em obra de 1910, também já condenava enfaticamente a
fotografia (tradução nossa):
“Objeções ao uso de fotografias na Corte são baseadas na teoria de que podem
ser distorcidas e não serem representações verdadeiras do original, e é também
defendido que o original fornece a melhor maneira para estudo e comparação e
que nenhuma reprodução dele é necessária.
Fotografias podem ser distorcidas e ser desonestas, e, se não podem ser
propriamente provadas ou verificadas por comparação com os originais, deverão
ser excluídas.” (Questioned Documents, Rochester, N.Y., 1910, p. 51)
Por aí se vê que a admissão de fotocópias – pior, ainda – de fotocópias de
fotocópias – desatende à advertência dos mais renomados técnicos que veem na
fotocópia e até mesmo na fotografia grave perigo de forgery ou truquage.
Art. 232 do C.P.P.
Essa conclusão não se altera pelo fato de o Art. 232, § único, do CPP dispor que
“à fotografia do documento devidamente autenticada se dará o mesmo valor do
original”.
Fotografia é uma coisa, fotocópia é outra, pois aquela se obtém por intermédio de
filme ou chapa, e esta por contato direto do documento com papel sensível, como
é atédo conhecimento popular.
Em rigor, a apresentação do documento original é indispensável para ensejar
perfeito exame documentoscópico. A fotocópia e a fotografia restringem-no aos
aspectos meramente aparentes ou formais da escrita, que são os menos
importantes, porque exatamente os mais fáceis de imitação. A fotocópia e a
fotografia subtraem a esse exame, precisamente, a infraestrutura da escrita, em
que sobressai a pressão da mão que escreve.
22/10/2019 FOTOCÓPIAS DE DOCUMENTOS PARA EXAME PERICIAL DOCUMENTOSCÓPICO | Jonas Silvestre Cornely
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Os técnicos estão de acordo quanto à decisiva importância desse elemento,
quando se trata de afirmar a autenticidade ou a falsidade dos escritos.
WILLIAM E. HAGAN assim se expressa (tradução nossa):
“Este aspecto da habitual pressão da pena é, dos maiores obstáculos no caminho
do sucesso da falsificação e na maioria dos casos foi experimentado; uma
segunda tentativa tem que ser feita baseando-se sobre a escrita ainda para
concluir a simulação com aproximada semelhança.” (Disputed Handwriting, 1984,
p. 70)
Ampliando, ainda mais, o ataque à fotografia, escreve, em belo estilo, o professor
italiano ORLANDO SIVIERI (tradução nossa):
“Tal conforto, contudo, não foi efetuado sobre documentos originais. Existem,
efetivamente, somente fotocópias de fotocópias dos documentos mesmos. Mas as
fotocópias não são os originais. Nada pode substituir a realidade gráfica a partir do
documento original. Nesse são perceptíveis as gradações da tinta líquida, as
cópias, os eventuais retoques, as manchas, os espalhamentos de tinta e,
sobretudo, a nitidez dos sinais: elementos todos que dão a precisa noção do
procedimento da mão escritora. Na fotocópia, e especialmente na fotocópia da
fotocópia, o sinal parece borrado e incerto; seguindo no retorno do perfil
ascendente sobre o traço descendente, as linhas se fundem em um sinal
engrossado e indistinto; o entintamento é, em alguns pontos, excessivo e confuso
pela imprecisão sobreposta e junto resulta portanto impreciso, eis que a leitura e a
interpretação tornam-se difíceis.”
Nenhuma acusação, pois, pode basear-se em escrito que aparece sob a forma de
fotocópia. A vinda do original para os autos é fundamental, sob pena de
cerceamento de defesa, para que se possa realizar complexo exame.
Di-lo, com acerto, EDUARDO ESPÍNOLA FILHO, ao comentar o art. 232 do CPP:
“Qualquer contestação poderá ser resolvida pericialmente, com o confronto do
original e da fotografia. De vez que, pelo dispositivo legal expresso, é igual ao do
original, o valor da fotografia, nesta podem efetuar-se os exames periciais, para
averiguar a substância do próprio documento, o que nele está inserto. Se o exame
pericial for a ponto de abranger a análise do próprio papel ou da tinta – n.º 382, 2.º
vol. –, a fotografia não o permitirá levar a efeito, devendo realizar-se a perícia no
original (vol. 3, p. 118-119).”
Doutrinam, nesse mesmo sentido, três outros eminentes autores: ALBERT S. OSB
ᄂRN (The problem of Proof, 1922, p. 126); ROBERT SAUDEK (Experiments with
Handwriting, London, p. 240); WILLIAM E. HAGAN (Disputed Handwriting, p. 96).
BIBLIOGRAFIA: 
O LAUDO. Porto Alegre: Associação de Criminalística do Rio Grande do Sul, 1981
– semestral. Vol. 3 (set. 81/mar.82)
22/10/2019 FOTOCÓPIAS DE DOCUMENTOS PARA EXAME PERICIAL DOCUMENTOSCÓPICO | Jonas Silvestre Cornely
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By jonassilvestrecornely, on 09/06/2015 at 13:33, under Artigos. Tags:Documento,
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