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1 ANAIS DA SEMANA DE BIOLOGIA - UESB 2018 JEQUIÉ 2018 SEMANA DE BIOLOGIA – UESB ANAIS DA SEMANA DE BIOLOGIA – UESB 2018 JEQUIÉ 27 a 30 de Agosto de 2018 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié. Jequié-BA, Brasil. Leandra Eugênia Gomes de Oliveira - Coordenadora Carla Patrícia Novais Luz- Coordenadora Camila Santos Rodrigues Cláudio Paixão de Souza Ednilson Ferreira Lemos Érlania Oliveira Rocha Érica Oliveira Meira Iracema Santos Silva Iran Santos Silva Juliana Brito Santos Silva Lizandra das Neves Quaresma Marcos Cleiton Oliveira Andrade Márcia Martins Ornelas Nathalia Silva Santos Rafael de Jesus Santos Rebeca Aluisi Santos Quinto Vanessa da Silva Veira Ana Cristina Santos Duarte Juvenal Cordeiro Silva Júnior André Teixeira da Silva Leandra Eugênia Gomes de Oliveira Carla Patrícia Novais Luz Milene Maria da Silva Castro Cláudio Lúcio Fernandes Amaral Ricardo Jucá Chagas Dellane Martins Tigre Viviane Guzzo de Carli Poelking Comissão Organizadora Comissão Científica 3 APOIO Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários Departamento de Ciências Biológicas Colegiado de Ciências Biológicas COLABORAÇÃO Sidney Vitorino Fotografia Frutyba Multiarte Supera Mirian de Souza Sena Saltitantes Pardal Design 4 RESUMOS EXPANDIDOS E RELATOS DE EXPERIÊNCIA HISTOLOGIA DA VIDA: UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE CONTEXTUALIZADA PARA O ENSINO. Luciano Cardoso Santos; Cristina Luísa Conceição de Oliveira.................................. 6 a 11 POR TRÁS DO ESPELHO: O CONHECIMENTO DE UM GRUPO ACADÊMICO SOBRE O USO DE ANIMAIS EM TESTES DE COSMÉTICOS. Mauricio de Oliveira Silva; Ananda Santos Oliveira; Edineide Sandes de Moura; Rodrigo Macedo Coelho Prates; Dayane Ribeiro Souza........................................................................................ 12 a 15 CONCEPÇÕES DOS ALUNOS DO 6º ANO ACERCA DE UMA AULA DE CAMPO SOBRE RELAÇÕES TRÓFICAS NO ECOSSISTEMA MARINHO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Patrícia Santos de Carvalho; Thais Barbosa dos Santos Moura............................................. 16 a 20 APRENDENDO ECOLOGIA A PARTIR DE MATERIAIS DIDÁTICOS ADAPTADOS: UMA POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO – APRESENTAÇÃO ORAL Francisnaide dos Santos Souza; Luciano Cardoso Santos; Amanda Bastos Santana; Tamires Ferreira Dantas; Christiana Andrea Vianna Prudencio........................................................ 21 a 26 A CONSERVAÇÃO EX-SITU EM VITÓRIA DA CONQUISTA, BA: VOCÊ CONHECE? – APRESENTAÇÃO ORAL Ananda Santos Oliveira ; Mauricio de Oliveira Silva............................................................. 27 a 32 A CIÊNCIA É UM SHOW: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO. Jeane Pereira da Silva; Iasmim Santana Andrade; Joelia Martins Barros........................ 33 a 37 ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS UTILIZANDO A METODOLOGIA EXPERIMENTAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE BOLSISTAS DO PIBID/BIOLOGIA DA UESC. Damião Wellington da Cruz Santos; Francisnaide dos Santos Souza; Célia Carvalho Almeida; Aparecida Zerbo Tremacoldi.................................................................................................... 38 a 43 “CONTEXTUALIZANDO” E APRENDENDO: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Elane Oliveira Rocha; Fábio Duarte Andrade; Silvano da Conceição................................. 44 a 48 AULA DE CAMPO COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA NO CURSO DE LINCENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: ARTICULAÇÃO DE SABERES TEÓRICOS E PRÁTICOS NA FORMAÇÃO DOCENTE – APRESENTAÇÃO ORAL. Crislane Nascimento Machado; Francisco Alexandre Costa Sampaio; Gilda Alves Santos; Janubia Jesus dos Santos Souza; Thaís Fernanda Andrade da Silva................................................. 49 a 53 5 RESUMOS EXPANDIDOS E RELATOS DE EXPERIÊNCIA 6 HISTOLOGIA DA VIDA: UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE CONTEXTUALIZADA PARA O ENSINO Luciano Cardoso Santos1; Cristina Luísa Conceição de Oliveira2 1Discente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), e-mail: luciano.cardoso23@hotmail.com , Rodovia Jorge Amado, km16, CEP 45662-900, Ilhéus, BA 2Docente do Departamento de Ciências Biológicas/UESC e coordenadora do Projeto de Iniciação à Docência, e-mail: crisbio2@gmail.com RESUMO A Histologia tem por finalidade o estudo dos tecidos, que inclui as células e a matriz extracelular. Seu ensino se torna um desafio para o professor, sobretudo da Educação Básica, por limitações de tempo, materiais didáticos e falta de laboratórios, o que gera uma participação passiva dos alunos durante as aulas. Nesse sentido, uma abordagem contextualizada, que é orientada nos documentos normativo-legais, constitui-se uma das alternativas para participação mais ativa do estudante durante as aulas por incorporar suas vivências e experiências pessoais e seu contexto sociocultural. Assim, esse trabalho busca relatar uma experiência de uma atividade contextualizada no ensino de Histologia, intitulada “Histologia da vida” para licenciandos em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz. Essa atividade proporcionou um momento interativo, contribuindo para o entendimento conteúdos de forma contextualizada. Palavras-chave: Ensino. Educação Básica. Contextualização. Histologia INTRODUÇÃO A finalidade do ensino da Histologia é o estudo dos tecidos, que inclui dois componentes fundamentais: as células e a matriz extracelular (OLIVEIRA, et al, 2016). Na graduação, geralmente, o estudo inclui o aprofundamento teórico e prático dos tecidos fundamentais, bem como o estudo histológico em nível de sistemas do corpo.Na Educação Básica, muitas vezes por falta de tempo suficiente para a quantidade de conteúdos, há uma caracterização superficial da histologia dos tecidos fundamentais que, segundo Buttow e Cancino (2007), leva os estudantes a participarem de forma passiva na relação ensino-aprendizagem. Ainda por falta de tempo suficiente, por vezes os conteúdos de histologia não são ministrados. 7 Nesse sentido, a falta de tempo, materiais didáticos e laboratórios de ciências, fazem do ensino de Histologia um desafio para o professor da Educação Básica. Porém, mesmo em meio a essas dificuldades, o professor deve se preocupar em trazer o conteúdo para mais próximo da realidade do estudante, ou seja, ensinar de forma contextualizada, sendo essa uma das orientações contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). A contextualização é fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Quando se fala em trabalhar de maneira contextualizada, é relacionar o conhecimento acadêmico com as experiências e vivências pessoais do aluno assim como seu contexto sociocultural. Hoje é presente a defesa de uma escola, um ensino e uma aprendizagem que são centrados nos saberes contextualizados que, segundo Festas (2015, p. 715) são “alternativos aos conhecimentos acadêmicos que se apresentavam como os principais objetivos da escola tradicional”. Para além, o ensino contextualizado e interdisciplinar é também importante para a Educação Superior, sendo base para a formação inicial de professores. Assim, o intuito desse trabalho é relatar uma experiência de ensino contextualizado nas aulas de Histologia para uma turma de graduação em Ciências Biológicas. Buscou-se com essa atividade correlacionar conhecimentos e aspectos do dia a dia com os conteúdos da disciplina estudados ao longo do semestre. CARACTERIZAÇÃO A atividade foi desenvolvida durante uma aula de Histologia para uma turma de licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Tratou-se de uma atividade avaliativa da disciplina com o objetivo de relacionar os conteúdos com curiosidades do corpo humano. A turma foi dividida em duplas e o assunto, bem como a forma de apresentação, era de livre escolha. Cada dupla teve de 5 a 10 minutos para apresentar o assunto e relacionar com a disciplina. A avaliação foi feita em dois critérios: apresentação (clareza, objetividade, desenvoltura individual), e relação com a Histologia (exploração dos conteúdos de Histologia nos assuntos apresentados). RESULTADOS E DISCUSSÃO Notícias e assuntos do dia a dia foram apresentados e correlacionados com a Histologia. A tabela 1 mostra os temas das apresentações de cada dupla, bem como, as correlações feitas com os conteúdos estudados na disciplina. 8 Tabela 1 – Tema das apresentações e conteúdos de Histologia explorados. Tema Conteúdo de Histologia explorado Revestimento do estômago Tecido epitelial Nossas estrias de cada dia Tecido conjuntivo Queloide Tecido conjuntivo Células-tronco do dente de leite Tecido conjuntivo embrionário Cranioestenose Tecido ósseo Osteogênese imperfeita Tecido ósseo Anestesia Tecido nervoso Interstício, o 'novo órgão' do corpo humano Espaço intersticial Autotomia e regeneração da cauda da lagartixa Vários tecidos (cartilaginoso, nervoso e ósseo) Câncer de estômago (morte de youtuber) Vários tecidos (epitelial, conjuntivo e muscular) Esclerose múltipla Vários tecidos (nervoso, sanguíneo) e sistema imunológico Cultivo de órgãos em laboratório Vários tecidos Fonte: desenvolvida pelos autores, 2018. As apresentações foram, de forma geral, divididas em dois momentos: um com explanação sobre o tema e outro relacionando com aspectos da Histologia. Todos os tecidos fundamentais e características inerentes a cada um foram abordados, sendo os tecidos ósseo e conjuntivo mais presentes (Figura 1). Em relação ao tipo de correlação, observou-se que, apesar de alguns trabalhos tratarem superficialmente o conteúdo de Histologia, a maioria soube explorar o tema. As apresentações que foram correlacionadas com tecido ósseo, por exemplo, abordaram aspectos de células e suas funções no crescimento do osso, assim como foi correlacionado funções de algumas células do tecido nervoso no funcionamento de anestésicos e no aparecimento de doenças, como a esclerose múltipla. 0 1 2 3 4 5 Tecido muscular Tecido sanguíneo Tecido epitelial Tecido nervoso Tecido ósseo Outros Tecido conjuntivo Nº de correlações Figura 1- Número de correlações por tecido corporal 9 Como complemento para a formação, a atividade incentivou os alunos a buscarem na literatura e em sites da internet os assuntos que consideraram importantes para a contextualização. A procura por assuntos oportunizou a leitura de outros artigos/curiosidades até a escolha definitiva. Nesse sentido, é um meio possível para o professor estimular o uso de diversas fontes para pesquisa bibliográfica, com informações confiáveis, além de servir como treinamento, já que a própria graduação exige constante atualização. Campos et al (2009) apontam que, muitas vezes, a investigação e a produção do conhecimento é dificultada pela falta de estímulo no sistema educacional. Além disso, a Histologia foi abordada em curiosidades do dia a dia, como o aparecimento de queloides e estrias e houve, após cada apresentação, alguns minutos de comentários, discussão e relatos de experiências dos alunos sobre o conteúdo abordado. A aula proporcionou um momento interativo em que os estudantes puderam perceber que a Histologia faz parte do contexto de suas vidas e pode ser trabalhada de forma interdisciplinar e contextualizada. Conforme orientam os PCNs, esse tratamento contextualizado do conhecimento pode ser uma alternativa para a escola retirar o aluno da condição de espectador passivo (BRASIL, 2000). Como parte da formação docente, a contextualização se faz importante já que é uma base para o professor em formação compreender que os conteúdos de Histologia podem ser muito abstratos para o público da Educação Básica. Além disso, como parte também da formação de professores, muito se discute sobre a necessidade de alfabetização científica e, conforme mostra Wartha (2011), a contextualização dos conceitos científicos pode ser um caminho para se atingir esse objetivo. CONCLUSÃO Através desta atividade foi possível perceber o envolvimento dos alunos na escolha dos assuntos, durante a apresentação e nos relatos de experiências dos colegas ouvintes. A atividade mostrou a importância da contextualização dos conteúdos e que esta, pode ser aplicada em qualquer nível de ensino, seja na educação básica ou no ensino superior. 10 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2000. BUTTOW, N. C.; CANCINO, M. E. C. Técnica Histológica para a visualização do tecido conjuntivo voltado para os ensinos fundamental e médio.Arq Mudi. Maringá, vol. 11, n. 2, p. 36-40, 2007. CAMPOS, F. G. G.; SANTOS, R. F.; PINTO E SANTOS, F. C. A importância da pesquisa científica na formação profissional dos alunos do curso de educação física do UNILESTEMG. MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física. Ipatinga: Unileste-MG, vol. 4, n. 2, Ago./Dez, 2009. Disponível em: <https://www.unilestemg.br/movimentum/Artigos_V4N2_em_pdf/Campos_Santos_San tos_Movimentum_v4_n.2_2_2009.pdf>. Acessado em 26 jun. 2018. FESTAS, M. I. F. A aprendizagem contextualizada: análise dos seus fundamentos e práticas pedagógicas. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. 3, p. 713-728, jul./set. 2015. OLIVEIRA, M. I. B. et al. Uma proposta didática para iniciar o ensino de Histologia na educação básica. Rev. Ciênc. Ext. v.12, n.4, p.71-82, 2016. WARTHA, E.J. Alfabetização científica. In: FALCO, J.R.P.; RODRIGUES, M.A. História e metodologia da Ciência. Maringá: Eduem, 2011. p. 13-30. 11 POR TRÁS DO ESPELHO: O CONHECIMENTO DE UM GRUPO ACADÊMICO SOBRE O USO DE ANIMAIS EM TESTES DE COSMÉTICOS Mauricio de Oliveira Silva¹; Ananda Santos Oliveira²; Edineide Sandes de Moura³; Rodrigo Macedo Coelho Prates4 ; Dayane Ribeiro Souza5 ¹ Mestrando em Ciências Ambientais pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. ² Bióloga formada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, 3,4,5 Graduandos em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB. m.osilva@hotmail.com RESUMO: Este trabalho nasceu de inquietações sobre o uso de animais em testes de cosméticos a partir de uma reflexão sobre um documentário intitulado "Não matarás". Sabe-se que o uso de cosméticos pelo ser humano vem desde a antiguidade. Porém, com o passar dos séculos, o homem começou a criar produtos à base de compostos inorgânicos o que necessitou o uso de testes de segurança para garantir a sua saúde, para isso começou-se a utilizar cobaias animais. O objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de conhecimento de um grupo de estudantes da comunidade acadêmica da UESB campus Vitória da Conquista sobre o uso de animais nesses testes. Utilizou-se de questionários semiestruturados para a avaliação e por fim, percebeu-se que se têm um alto conhecimento do assunto pelos estudantes do campus, porém a maioria é a favor dos testes em animais, não está disposto a deixar de usar um produto mesmo sabendo que a marca testa em animais e que falta informação acerca de métodos alternativos. Palavras-Chave: Cosméticos. Testes em animais. Segurança. INTRODUÇÃO O presente trabalho nasceu de uma inquietação de estudantes sobre o uso de animais em testes de cosméticos, após assistir um documentário chamado "Não Matarás: os animais e os homens nos bastidores da ciência" (2006) que elenca maus tratos aos animais e que muitos destes poderiam ser modificados por procedimentos menos destrutivos e perversos, a partir das informações do documentário e ao analisar casos de abuso e atitudes desumanas com os animais surgiu a necessidade de levantar dados sobre o uso de animais em testes de cosméticos em um grupo de diferentes estudantes acadêmicos, para isto, estruturou-se breves questionários que foram aplicados na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus Vitória da Conquista, que possui 21 cursos de graduação disponíveis, destes foram sorteados 4 cursos e aplicados 50 questionários em cada um a fim de fazer uma pequena análise sobre o conhecimento do tema no campus. O uso de cosméticos pelo ser humano vem de tempos remotos, perfumes, óleos, cremes e outros compostos sempre foram usados por povos e civilizações antigas. A princípio, a fonte de seus ingredientes eram essencialmente plantas, animais e minerais. Porém, o avanço da tecnologia resultou no desenvolvimento de novas substâncias para serem incluídas na formulação de tais produtos (CHORILLI et al., 2009, p.1). A partir da utilização de compostos inorgânicos nos cosméticos, infere-se que ao utilizar quaisquer destes produtos o usuário estaria exposto a muitas substâncias químicas sobre seu corpo. Por este motivo, o usuário teria um uso prolongado destes químicos e pode-se afirmar que é possível ficar exposto num só dia a uma série de substâncias químicas de natureza e comportamento específicos (SANTOS, 2008). Também, sabendo que os produtos cosméticos são de livre acesso ao consumidor e, partindo do pressuposto de que estes produtos podem ser usados amplamente durante um longo período da vida, é extremamente necessário garantir a segurança dos mesmos (CRUZ, ANGELIS, 2012). As formas mais difundidas de averiguação de segurança são referentes aos testes em animais. É relatado que o uso de animais remonta há muitos séculos, quando surgiram os estudos nas áreas de anatomia e fisiologia. Os animais são tratados como cobaias, 12 máquinas ou objetos, exceto os animais de estimação que podem ser considerados membros da família para muitos (RECH, 2013). “A utilização de animais vivos em experimentos, seja no campo científico ou acadêmico, é considerada na visão de muitos uma prática natural e, para alguns, indispensável” (ABREU, 2017). Porém, esta prática está cada vez mais sendo questionada, desde a comunidade acadêmica até os defensores de animais ambientalistas, também se nota uma preocupação crescente da sociedade em geral acerca da questão. No Brasil, um Projeto de Lei 70 (2014) tramita a fim de "estabelecer procedimentos para o uso científico de animais – com a finalidade de vedar a utilização de animais de qualquer espécie em atividades de ensino, pesquisa e testes laboratoriais que visem à produção e ao desenvolvimento de produtos cosméticos e de higiene pessoal e perfumes". Reconhece-se o direito de segurança ao consumidor, porém, até onde pode- se utilizar uma vida para testes de cosméticos? Este trabalho busca levantar dados sobre o conhecimento do uso de animas em testes de cosméticos por universitários na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia campus Vitória da Conquista. O trabalho justifica-se pela busca em conhecer o nível de informação sobre os testes de cosméticos em animais em um ambiente acadêmico e como esta informação pode contribuir na escolha e compra de um produto de beleza. CARACTERIZAÇÃO O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia campus Vitória da Conquista, através da amostragem aleatória simples sorteou-se 4 cursos de graduação que funcionam no campus, sendo os sorteados: Agronomia (A), Biologia (B), Direito (D) e Engenharia Florestal (EF). Para coleta de dados foram utilizados 200 questionários semiestruturados com 3 questões: sendo elas: você utiliza algum tipo de cosmético (desodorante, perfume, sabonete, creme de pele etc.)? Você sabia que vários cosméticos são testados em animais? E você deixaria de comprar um cosmético por saber que a marca fabricante utiliza animais em seus testes de segurança? Os questionários foram aplicados pela manhã, feita em três dias com visitas as salas dos respectivos cursos, sendo que cada curso contou com 50 questionários. As informações foram analisadas no Microsoft Excel e estipulou-se índices de porcentagem. A última questão semiestruturada foi analisada por categorias dentro da análise qualitativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 200 questionáriosaplicados, verificou-se que a maioria dos entrevistados foram do sexo feminino com 112 pessoas, representando 56%. Que o curso com a menor faixa etária de entrevistados foi Agronomia, variando de 18 a 29 anos de idade. Para a primeira questão:Você utiliza algum tipo de cosmético (Desodorante, perfume, sabonete, creme de pele etc.)? A resposta foi de 100% para o uso de cosméticos, sejam eles testados ou não em animais. Isso reflete uma tendência, de acordo com o portal UOL (2012) “O consumidor brasileiro gasta, em média, R$ 112 por mês com produtos de beleza e higiene” e com o G1 (2015) o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de produtos ligados à beleza nem mesmo a alta do dólar desanima os empresários do segmento. De acordo com estes portais de notícias e economistas, os cosméticos movimentam bilhões de reais todos os anos no Brasil, devido a vaidade dos brasileiros. A segunda questão perguntava: Você sabia que vários cosméticos são testados em animais? Para esta questão tivemos que em Agronomia, 66% afirma que sabiam, 13 enquanto que 34% afirmaram não saber do fato. Já Biologia, 94% afirma saber que os testes de segurança são realizados em animais, enquanto apenas somente 6% desconhecia o fato. Para o curso de Direito, 92% responderam sim e 8% não; em Engenharia Florestal, tivemos os valores de sim e não em 64% e 36%, respectivamente. Ao analisar o caso geral, o resultado ficaria que 79% sabem que os testes de segurança de cosméticos são realizados em animais, enquanto que 21% não tinha essa informação. A terceira e última questão perguntava, se caso a pessoa soubesse que uma marca utilizava animais em seus testes de cosméticos ela deixaria de comprar o produto. Sobre esta pergunta, dos estudantes do curso de Agronomia, 32% afirmaram que sim, deixaria de utilizar o produto, enquanto que 68% afirmaram não deixar de utilizar. Em Biologia, 56% afirmaram que sim e 44% não deixariam, para o curso de Direito, 44% responderam que deixariam de utilizar, enquanto que 56% não e por fim, em Engenharia Florestal, 54% disseram que sim e 46% não. Temos que o curso que tem mais pessoas que deixariam de utilizar o produto por usar animais em testes é Biologia com 56% e o curso que menos daria importância a esse fato, neste caso, seria Agronomia com 68% afirmando não deixar de utilizar os cosméticos mesmo sabendo que são testados em animais. Em uma pesquisa realizada pelo Data Folha, publicado no G1 (2014) apontava que 41% dos brasileiros são contra o uso de animais em teste de cosméticos, sendo estes em sua maioria jovens com menos de 30 anos. Porém ao comparar com a presente pesquisa, os mais jovens foram os estudantes de Agronomia e os que demonstraram mais apoio ao uso de animais em testes de cosméticos. Na análise geral, tivemos que dos estudantes entrevistados para os 4 cursos, a rejeição da marca seria por 46%, enquanto que 54% afirma que não deixaria de comprar o produto mesmo sabendo que o produto foi testado em animais. A última questão também perguntava sobre o porquê a pessoa deixaria de usar ou não o produto. Para os 46% que disseram deixar de comprar o produto por testes em animais, apontam questões éticas, de reconhecerem como maus tratos, crueldade e de respeitarem toda forma de vida, além de sugerirem métodos alternativos. Podemos exemplificar pelas justificativas: as respostas seguem os dados (curso, idade, sexo). “Porque estes testes podem causar complicações e morte aos animais". (B2, 19, F). “Sim, já deixei de usar marcas que vi notícias falando que era testado em animais. Porque isso é uma violência e grande falta de respeito com os animais”. (D3, 26, M). “Visto que há outros métodos para se testar tais produtos” (B10, 23, F). Já para os 54% que afirmaram não deixar de comprar um produto mesmo sabendo que a marca testa em animais, apontaram que é um teste necessário para a segurança humana, que os animais são criados para isso, que além de cosméticos, alimentos e remédios também são testados e ninguém cobra mudanças e que apenas boicotar a marca não surtirá efeito. Alguns dos depoimentos seguem abaixo: “Os animais servem de cobaias para a nossa segurança, não só no ramo de cosméticos, mas também no da alimentação e medicamentos. O que seria dos seres humanos sem esses testes. Talvez tivéssemos doenças incuráveis”. (A1, 23, M). “Porque infelizmente é necessário, pois deve haver esses testes e não pode ser feito em humanos, portanto deve-se desenvolver outros meios para que possa mudar essa situação” (A24, 21, M). “Porque esses animais são criados em laboratório em condições especiais para testes” (B35, 27, M). Entre os métodos alternativos temos aqueles métodos ou procedimentos que buscam substituir, reduzir ou refinar a metodologia em busca de diminuir a dor ou 14 desconforto pelos animais utilizados. Presgrave (2002) aponta como meios alternativos ao uso de animais as seguintes formas: a) o uso de informações obtidas no passado, desta forma não é necessário repetir o experimento pois já existem dados, b) o uso de técnicas físico-químicas, que são métodos sofisticados de ensaios que substituem o uso de animais, e. g. ensaio de potência de insulina antes feita em camundongos ou coelhos, c) o uso de modelos matemáticos ou computação, utiliza-se um banco de dados do passado para predizer ações de substâncias no organismo, d) o uso de animais inferiores não classificados como animais protegidos, sobre o prisma ético ainda gera discussão, porém o uso de larvas de camarão (Artemia salina) e de pulga d´água (Daphnia pulgans) são invertebrados que podem substituir coelhos em experimentos, e) o uso de estágios iniciais de desenvolvimento de animais protegidas, utiliza-se um ovulo embrionado em fase inicial onde não tem seus sistema nervoso desenvolvido (e.g o teste HET-CAM com membrana cório-alantóide de ovo de galinha embrionado), f) o uso de sistema in vitro, g) o uso voluntários de humanos, caso que deve ser tratado com cuidado, não podendo ser usado como teste de toxicidade, espera-se que o produto a ser testado já tenha passado por outros testes antes e este último seja apenas para confirmar a ausência de toxicidade pré-estabelecida. Mudanças no público devem ser incentivadas através da cobrança às empresas sobre a redução ou não utilização de testes em animais para que os métodos alternativos sejam mais viáveis e acessíveis ao mercado, assim como aponta o documentário "Não matarás" (2006) muitos dos métodos inovadores não são seguidos devido ao alto custo e por existir empresas com pensamentos retrógrados acerca do tema, impedindo avanços nesta área. CONCLUSÃO A partir de todo o exposto é possível notar que o grupo acadêmico tem conhecimento relativamente alto sobre o uso de animais em testes de cosméticos. Que a maioria é a favor do uso de animais para estes fins e que poucos se dispunham em deixar de comprar produtos que utilizam animais em seus testes. Pela análise dos questionários também é possível notar que a maioria desconhece os meios alternativos ao uso de animais em testes o que pode demonstrar pouca informação e conhecimento do tema, podendo ser uma temática mais trabalhado dentro da própria universidade e em espaços de educação formal e informal. Ademais, a busca na redução do uso de animais para a segurança de cosméticos é uma ação a longo prazo, necessitando uma uniãode forças da população, governos e economia em busca de uma produção mais ecoeficiente. REFERÊNCIAS CHORILLI, M.; TAMASCIA, P.; ROSSIM, C; SALGADO , H.R.N. Ensaios Biológicos para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, Araraquara, SP, v.30, n.1, p.19-30, 2009. Disponível em: < http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index. php/Cien_Farm/article/viewFile/869/768 >. Acesso em: 28 Ago. 2010. CRUZ, S. M.; ANGELIS, L. H. Alternativas aos testes de segurança de cosméticos em animais. Pós Em Revista Do Centro Universitário Newton Paiva - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785. 2012. 15 G1. Setor de perfumaria e cosméticos faturou 1 Bi em 2014. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/globo-news/contacorrente/noticia/2015/03/setor-de-higiene- perfumaria-e-cosmeticos-faturou-r-101-bi-em-2014.html> Acesso em 07 jun. 2017. __.No Brasil, 41% da população é contra testes com animais, revela pesquisa. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/12/no-brasil-41-da- populacao-e-contra-testes-com-animais-revela-pesquisa.html> Acesso em 07 de jun. 2017. INSTITUTO NINA ROSA. Não Matarás: os animais e os homens nos bastidores da ciência. 2006. Disponível em: <http://www.institutoninarosa.org.br/experimentacao- animal/nao-mataras/> Acesso em 25 maio 2018. PRESGRAVE, O. A. F. Alternativas para animais de laboratório: do animal ao computador. In: ANDRADE, A.; PINTO, S. C.; OLIVEIRA, R. S. (Orgs.) Animais de laboratório: criação e experimentação. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2002. p. 361-367. RECH, M. P. Experimentação animal: uma abordagem acerca do sofrimento e crueldade. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 2013. SANTOS, H. Toxicologia: A Garantia de Cosméticos Seguros. Cosmeticsand Toiletries Brasil, São Paulo, SP, v. 20-Mar/Abr, p.20-24, 2008. UOL. Brasileiro gasta em média R$ 112 por mês com cosméticos. 2012. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/09/03/brasileiro-gasta-em- media-r-112-por-mes-com-cosmeticos.htm> Acesso em 07 jun. 2017. 16 CONCEPÇÕES DOS ALUNOS DO 6º ANO ACERCA DE UMA AULA DE CAMPO SOBRE RELAÇÕES TRÓFICAS NO ECOSSISTEMA MARINHO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Patrícia Santos de Carvalho; Thais Barbosa dos Santos Moura Universidade Estadual de Santa Cruz, e-mail: pattycarvalho19@yahoo.com.br1; thaismoura@hotmail.com 2 RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido baseado nas experiências vivenciadas numa aula de campo da disciplina de Ciências em uma turma 6 º ano de um Colégio Municipal localizado no povoado de Barra Grande, Marau, BA no ano de 2017. Busca-se retratar as concepções de uma turma de alunos a respeito da aula de campo sobre relações tróficas no ecossistema marinho. O trabalho traz descrições das ações realizadas na escola, além de reflexões sobre a aula de campo. Conclui-se, a partir desse estudo que os alunos obtiveram aprendizado significativo com esta metodologia. Palavras-chave: Aula de campo. Ecologia. Relações Tróficas. INTRODUÇÃO O presente relato de experiência traz as concepções dos alunos de uma turma do 6º ano, composta por 27 alunos, de ambos os sexos, de idade 11 e 12 anos do ensino fundamental anos finais, sobre a percepção destes alunos acerca da aula de campo, abordando as relações tróficas no ecossistema marinho. Os estudantes são nativos de Barra Grande e também de comunidades circunvizinhas como: Taipus, Sapinho, Campinho. Foram desenvolvidas atividades individuais e em grupos, saída de campo ao ecossistema marinho, os ecossistemas costeiros e oceânicos abrigam uma das maiores biodiversidades do planeta. Esta biodiversidade, em vista de ser um conjunto de recursos biológicos e genéticos extraídos do meio e utilizados pelo homem na alimentação, na indústria, na medicina e no lazer (LÉVÊQUE, 1999). Para que a biodiversidade continue sendo uma das maiores do planeta é preciso evitar a degradação ambiental. Portanto, de acordo com os Parâmetros curriculares nacionais (BRASIL, 1997), a questão ambiental é imprescindível para a sociedade no que se refere a sua preservação, já que o futuro da humanidade depende da relação 17 estabelecida entre a natureza, o uso dos recursos e elementos naturais disponíveis pelo homem. Contudo, neste trabalho focaremos na saída a campo, a mesma objetivando que os alunos expusessem as suas próprias conclusões, ao invés de se limitar às respostas prontas. De acordo com MINAYO (2007), o professor, ao optar em utilizar aula de campo como metodologia de ensino, estimula seus alunos a direcionar seu olhar para as questões espaciais que os envolvem, dando-lhes a possibilidade de analise e interação direta com o principal objeto de estudo. Assim, esta aula teve por objetivo complementar de forma contextualizada o ensino de ecologia já iniciado com as aulas teóricas em sala, permitindo aos alunos, um contato com aspectos mais amplos referentes aos temas cadeia alimentar, teia alimentar, decompositores e ecologia. Nesta perspectiva, este relato tem como objetivo principal: analisar as concepções de uma turma do 6º ano do Ensino fundamental anos finais acerca da aula de campo sobre relações tróficas no ecossistema marinho. A SEQUENCIA DIDÁTICA Como primeiro momento da prática, os alunos em grupos leram e discutiram o texto informativo: “Darwin e as Cadeias Alimentares” (VARELLA, 2000) que traz reflexões sobre os conceitos ecológicos. Num segundo momento, utilizamos um filme sobre cadeias alimentares com o objetivo de introduzir o assunto, posteriormente, foi feito uma discussão sobre a importância do tema, destacando os conceitos como população, comunidade, ecossistema e a importância da preservação ambiental. No terceiro momento saímos a campo para observação do ambiente e dos materiais biológicos contidos na praia de Barra Grande. Saliento que foi apenas uma visita de observação e identificação dos animais encontrados na areia, após, retornamos a escola 18 e conversamos com os alunos sobre as preferências alimentares dos organismos encontrados. PERCEPÇÕES DOS ALUNOS ACERCA DA AULA DE CAMPO Durante a prática na praia de Barra grande, percebemos que a partir da observação direta com os diferentes tipos de animais marinhos os alunos demonstraram uma certa excitação, um comportamento de curiosidade, atenção, entusiasmo e admiração pelos animais encontrados. Muitos deles não se conformavam em ver alguns animais mortos na praia, dentre eles estavam peixes, siris, estrelas do mar e ouriços. Observamos na análise dos dois ambientes de aprendizagem que, em sala de aula os alunos de forma geral, estão acostumados a aulas tradicionais, onde o professor passa as informações e eles tentam correlacionar ao seu cotidiano, porém, com esta aula de campo pudemos averiguar a curiosidade nas perguntas: “Estes animais mortos são devido a poluição?” Outrosquestionamentos foram: “Qual importância do ecossistema marinho?” e “Quais as consequências que a poluição desse meio pode causar?” Neste âmbito, é imprescindível perceber que uma atividade de campo compreende não só a saída propriamente dita, mas requerer fases de planejamento, execução, exploração dos resultados e avaliação. Assim, ao falarmos de atividade de campo: [...] são fundamentais à compreensão das questões ambientais em sua complexidade, propiciando uma visão articulada das diferentes esferas de repercussão de um problema ambiental em estudo. Isto favorece a compreensão dos problemas socioambientais na escola, bem como contribui para a formação de cidadãos críticos e participativos em busca da melhoria da qualidade de vida (SANTOS; COMPIANI, 2005, p.2). O trabalho de campo nos possibilita não só uma aproximação com o que desejamos conhecer e estudar, mas também criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo, como docentes devemos possibilitar ao aluno uma maior aproximação com o meio ambiente,lhes permitindo sistematizar conhecimento a partir da investigação 19 de um espaço, possibilitando uma consciência de valorização e preservação deste ambiente. Nesta ocasião esclarecemos como a poluição os atinge e como funciona os níveis tróficos no ecossistema marinho. Logo em seguida, houveram investigações entre os alunos com conversas, correlacionada ao assunto, trocando experiências, inclusive vividas em sua família, acontecendo diálogos como: “meu pai que é pescador disse que a quantidade de peixe está bem menor por que da poluição”, “Estas algas que estão na areia são produtores na cadeia alimentar marinha?”,“O peixe é um consumidor secundário?” Este momento foi bem significativo, houve muita animação por parte dos alunos em conhecer como cada organismo encontrado ocupa uma posição numa cadeia trófica no ecossistema marinho. Percebemos como sua vivência pode ser revelada nas aulas de ciências, onde o cotidiano de cada um pode contribuir de forma expressiva na aprendizagem. Permitindo-nos pensar e conversar em como podemos agir para que esse ecossistema possa ser restaurado e preservado. Como processo avaliativo, foi feito uma produção de texto, desenhos e apresentação oral da sua experiência em sala para os colegas, com o intuito de verificar se houve a assimilação das relações tróficas no ecossistema marinho. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pudemos concluir que a aula de campo como metodologia de ensino é um instrumento que pode dinamizar o ensino de Ciências na escola para que o mesmo não seja desenvolvido apenas de forma tradicional. Desta forma, com a realização deste trabalho, espero futuramente poder colaborar para uma melhor formação dos alunos e para que se tornem pessoas capazes de preservar a natureza garantindo uma melhor qualidade de vida para si e para as gerações futuras. Assim, concluímos que as aulas de campo podem proporcionar uma aprendizagem de foram mais concreta, pois deste modo eles puderam vivenciar o que havia escutado teoricamente em sala, unindo assim teoria e prática. 20 Fica evidenciado então, a importância na prática pedagógica da pesquisa de campo envolvendo questões ambientais e de como é imprescindível esta didática estar próxima da realidade destes alunos. REFERÊNCIAS BASTOS, F. História da ciência e ensino de Biologia: a pesquisa médica sobre a febre amarela (1881-1903). São Paulo, 1998. 212p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997. FERNANDES, J. A. B. Você vê essa adaptação? A aula de campo em ciências entre o retórico e o empírico. São Paulo, 2007. 326p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. LÉVÊQUE, C. A biodiversidade. Editora Edusc- Universidade do sagrado coração, São Paulo, SP. 1999. 245p. ODUM, E.P. Ecologia. Rio de Janeiro: Discos CBS, 1985. SANTOS, V. M. N.; COMPIANI, M. Formação de professores: desenvolvimento de projetos escolares de educação ambiental com o uso integrado de recursos de sensoriamento remoto e trabalhos de campo para o estudo do meio ambiente e exercício da cidadania. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 5., 2005, Bauru. Anais... Bauru: ABRAPEC, 2005. VARELLA, Drauzio. Darwin e as Cadeias Alimentares. Folha de são Paulo, 21/10/2000. 21 APRENDENDO ECOLOGIA A PARTIR DE MATERIAIS DIDÁTICOS ADAPTADOS: UMA POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO Francisnaide dos Santos Souza1; Luciano Cardoso Santos2; Amanda Bastos Santana3; Tamires Ferreira Dantas4; Christiana Andrea Vianna Prudencio5 Discentes do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) 1, 2, 3, 4. E- mail: francisnaidesouza@gmail.com 1; luciano.cardoso23@hotmail.com 2; amandabastosuesc@gmail.com 3; tamires-dantas_@hotmail.com 4 Professora adjunta da área de Ensino de Biologia na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) 5. E- mail: cavprudencio@uesc.br Resumo O objetivo desse trabalho é apresentar uma atividade de intervenção com uso de modelos tridimensionais adaptados para deficientes visuais realizada em um colégio no município de Ilhéus – BA, junto a uma turma de 3º ano do Ensino Médio. O projeto é fruto de atividades desenvolvidas no âmbito da Práticas como Componente Curricular do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz. Desenvolvemos uma aula sobre “Ciclos biogeoquímicos” para a qual apresentamos modelos tridimensionais adaptados para os principais ciclos: Água, Carbono, Oxigênio e Nitrogênio. As observações da aplicação desse projeto permitiram demonstrar a importância do uso de materiais construídos para deficientes visuais no ensino de Ciências como contribuição para melhoria na qualidade das aulas e inclusão desses estudantes em classes regulares de ensino. Palavras – chave: Modelos adaptados. Ciclos biogeoquímicos. Inclusão. Deficientes visuais. Introdução Ensinar ciências pode, muitas vezes, parecer fácil. Ao analisar o histórico do ensino de ciências no Brasil, percebe-se que ele sempre esteve voltado para a racionalidade técnica (SETÚVAL; BEJARANO, 2009), sendo a principal finalidade a resolução de problemas por meio da aplicação intensa de teorias e técnicas científicas (CARVALHO, 2002). Esse modelo, considerado como Tradicional de Ensino, alberga um entrave no ensino de ciências representado pela falta de relação de conhecimentos entre professores e estudantes, e entre estudantes, tendo como única fonte de conhecimentos válidos os livros didáticos (SETÚVAL; BEJARANO, 2009). Uma das estratégias que têm sido bastante utilizada atualmente para melhorar a interação entre conhecimentos, alunos e professores é o modelo tridimensional. Para Paz et al. (2006) os modelos podem ser classificados em representacionais, quando abordam uma representação física tridimensional; imaginários quando representam e descrevem como um objeto ou sistema seria e; teóricos, quando explicita um objeto ou sistema.O uso de modelos didáticos possibilita condições para melhor compreensão de conteúdos, conceitos e o desenvolvimento de habilidades a partir da experimentação e relação da teoria com a prática (CAVALCANTE; SILVA, 2008). Esses modelos podem ser construídos pelos professores ou pelos próprios alunos, o que contribui, neste último 22 caso, para o entendimento de todo o processo. Sua construção é importante também tanto para escolas que não possuem laboratório de ciências quanto para aquelas cujos laboratórios estejam com déficit de equipamentos. A necessidade de investimento em materiais diversos para as aulas de Ciências e Biologia vem aumentando como forma de auxiliar na construção de aulas mais interativas e que fujam da tradicional aula expositiva. Dentre esses materiais estão os modelos didáticos, que constituem um recurso diversificado no processo de ensino e aprendizagem. No entanto, materiais para inclusão, principalmente de pessoas com deficiências visuais, ainda são pouco vistos nas escolas, o que se configura a preocupação desse trabalho. Caracterização Esse trabalho é fruto de atividades desenvolvidas no âmbito da Prática como Componente Curricular, organizada curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz em oito “disciplinas de Módulos Interdisciplinares para o Ensino de Biologia”. Esse trabalho foi desenvolvido nos Módulos V e VI, em dois semestres. A atividade foi desenvolvida em um colégio do município de Ilhéus - BA, com duração de 4 horas, para uma turma de 3º ano do Ensino Médio, que contava com uma aluna deficiente visual. O processo de intervenção foi dividido em duas etapas, uma em cada semestre: no primeiro foi realizado um diagnóstico do ambiente escolar para identificação de potencialidades e pontos possíveis de intervenção e, no segundo o desenvolvimento e posterior aplicação do projeto. Durante o levantamento de informações, no Módulo V, foram feitas algumas visitas e observações ao Colégio escolhido. Essas informações foram extraídas de conversas com professores de Ciências e Biologia, a diretora, a coordenadora pedagógica, um representante estudantil e diversos moradores da comunidade. Como produto dessa observação foi gerado um documentário em vídeo e a partir dele identificado o ponto em que o grupo faria a intervenção: a inclusão de estudantes com deficiência visual, especificamente no ensino de Biologia, nossa área de atuação. Nesse sentido, o próximo passo foi pensar numa atividade que contemplasse a proposta inicial e que também fizesse uma abordagem interdisciplinar do conteúdo, que é o foco principal das atividades pensadas para os Módulos no curso de licenciatura em Biologia. No semestre seguinte, Módulo VI, foi estruturado o projeto de intervenção que buscou desenvolver materiais didáticos voltados para a inclusão de pessoas com 23 Figura 2 – Modelos didáticos adaptados para inclusão de deficientes visuais produzidos para o projeto de intervenção. A: Modelo do Ciclo do carbono. B: Modelo do Ciclo da água. C: Modelo do Ciclo do oxigênio. deficiência visual. A ideia principal foi construir modelos didáticos adaptados para inclusão (Figura 1) que pudessem ser doados para o laboratório de ciências e utilizados nas aulas de Biologia. O conteúdo trabalhado foi “ciclos biogeoquímicos”, sugerido pela professora de Biologia para integrar com os conteúdos de ecologia que estavam sendo desenvolvidos no momento, já que a atividade foi aplicada em aulas cedidas pela professora em questão. C A B 24 A construção do modelo se deu antes da aplicação do projeto, ou seja, os modelos foram levados prontos para a sala. Foram utilizados materiais como biscuit, tinta de papel, cartolina colorida, algodão, caixa de sapato e cola. A adaptação para a inclusão foi realizada utilizando diferentes texturas e a escrita braile para indicar os nomes dos componentes do modelo didático. O braile foi confeccionado pelo grupo com pequenas bolinhas de biscuit, baseando-se no alfabeto braile. A aplicação se deu em dois dias, abordando os quatro principais ciclos biogeoquímicos: Água, Oxigênio, Carbono e Nitrogênio. Inicialmente se fez uma rápida introdução trazendo a justificativa do projeto, bem como a preocupação crescente com questões voltadas para a inclusão e as contribuições que o investimento nessas questões trazem para o ensino de Biologia. Os ciclos abordados foram explicados e descritos na lousa, utilizando setas e desenhos para que os alunos compreendessem o movimento dos elementos na biosfera. Ao final da explicação, cada modelo foi apresentado para a turma assim como para a aluna deficiente visual para que ela pudesse tocar e acompanhar os processos que ocorrem em cada ciclo. Resultados e Discussão Nas observações feitas pelo grupo durante as aulas, percebemos que o recurso didático adaptado para deficientes visuais contribuiu para inclusão da aluna durante as aulas, sobretudo quando há ausência de intérpretes. Observamos também, aceitação da turma em aprender tópicos de ecologia, muitas vezes complexos, a partir desse recurso. Porém, um ponto que julgamos de muita relevância foi a percepção da turma sobre a importância de materiais adaptados para a inclusão, já que na sala de aula em questão havia uma aluna cega que, segundo relatos da turma, nunca participava das demais atividades. Nesse sentido, concordamos que: O uso de recursos didáticos é fundamental na apropriação de conceitos, sendo que, ao se tratar de alunos com deficiência visual, estes recursos precisam estar adaptados às suas necessidades perceptuais. Desta forma, o professor, com o uso de recursos específicos, precisa elaborar estratégias pedagógicas para favorecer o desenvolvimento da criança com deficiência visual e que, assim como crianças de visão normalmente, ela possa obter sucesso escolar, sendo este um dos desafios da inclusão (VAZ et al. 2012, p. 89). Por parte da aluna com deficiência visual, notamos uma participação mais ativa durante as aulas demonstrando compreensão dos processos do ciclo por conta das texturas diferentes e setas em relevo que explicavam cada etapa nos modelos didáticos. Essa 25 compreensão foi evidenciada quando a aluna pode explicar para a sala o Ciclo X. Isso demonstra que o uso de materiais dessa natureza promove tanto a qualidade do ensino às pessoas com deficiência visual, quanto uma real inclusão no processo de ensino e aprendizagem (CROZ et al., 2006). Conclusão A produção dos modelos didáticos adaptados para os ciclos biogeoquímicos permitiu a inclusão de uma aluna deficiente visual e a participação de todos alunos na aula de ecologia. Para nós, esses recursos adaptados foram de suma importância para duas questões diferentes, mas igualmente importantes: a compreensão do conteúdo e participação ativa na aula por parte da aluna cega e, possibilidade de discussão sobre inclusãopor parte dos demais alunos da sala. Assim, a busca pela elaboração desses materiais inclusivos é essencial para o aumento da qualidade das aulas e inserção dos alunos com deficiência em salas regulares, o que contribui diretamente para a qualidade da inclusão no processo de escolarização. Referências CARVALHO, A. M. P. de. A pesquisa no ensino, sobre o ensino e sobre a reflexão dos professores sobre seus ensinos. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, p. 57- 67, 2002. CAVALCANTE, D. D.; SILVA, A. F. A. Modelos didáticos e professores: concepções de ensino-aprendizagem e experimentações. In: XIV Encontro Nacional de Ensino de Química, Curitiba, UFPR, Julho de 2008. Disponível em: <http://www.quimica.ufpr.br/eduquim/eneq2008/resumos/R0519-1.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2017. CROS, C. X. et al. Classificações da deficiência visual: compreendendo conceitos esportivos, educacionais, médicos e legais. Lecturas: Educación Física y Deportes. Buenos Aires, n. 93, 2006. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd93/defic.htm>. Acesso em: 15 jul. 2018. KAPRAS, S. et al. Modelos: uma análise de sentidos na literatura de pesquisa em ensino de ciências. Investigações em Ensino de Ciências. Rio Grande do Sul, v. 2, n. 3, 1997. SETÚVAL, F. A. R.; BEJARANO, N. R. R. Os modelos didáticos com conteúdos de genética e a sua importância na formação inicial de professores para o ensino de ciências e biologia. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, Florianópolis, 2009. 26 AMARAL, M. B. et al. Breve histórico da educação inclusiva e algumas políticas de inclusão: um olhar para as escolas em Juz de Fora. Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery. Disponível em: <http://re.granbery.edu.br> . Acessado em: 06 maio 2018. VAZ, J. M. C. et al. Material didático para ensino de Biologia: possibilidades de inclusão. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 1-24, 2012. 27 A CONSERVAÇÃO EX-SITU EM VITÓRIA DA CONQUISTA, BA: VOCÊ CONHECE? Ananda Santos Oliveira1; Mauricio de Oliveira Silva ² RESUMO: Este trabalho é um relato acerca de uma atividade referente à disciplina Biologia da Conservação. Entende-se como conservação ex-situ aquela realizada para preservação da espécie fora do seu habitat natural, sendo importante para a preservação e recuperação de espécies vegetais e animais; envolve populações não-naturais, como plantas cultivadas em estufas e sementeiras e animais criados em cativeiro ou aquário. O objetivo desta pesquisa foi conhecer as entidades de conservação ex-situ em Vitória da Conquista, divulgar por meio de redes sociais informações sobre estas unidades a fim de incentivar o reconhecimento da necessidade de conservação ao público acadêmico e não acadêmico. Para obtenção de dados utilizou-se a plataforma Google Forms para formular um questionário online semiestruturado e a posteriori analisou-se quali-quantitativamente os resultados levantados. O trabalho aponta que a população ainda tem pouco conhecimento sobre as conservações ex-situ do município, até mesmo os indivíduos com vivência acadêmica, além disso, existe uma necessidade de investimento não só estrutural, mas também em divulgação destes órgãos e aplicações de aulas com o tema transversal Educação para Sustentabilidade é fundamental na educação, principalmente nas anos iniciais pelo fato das nossas crianças e adolescentes serem multiplicadores de conhecimento. Por fim, a proposta alcançou um fragmento da população a partir da criação de uma página na rede social (Facebook), que teve como resultado divulgações, postagens de curiosidades e ploblematização sobre o Horto Florestal Vilma Dias (HFVD) e Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), além da criação do verbete com descrição do CETAS e do HFVD na página de Vitória da Conquista na Wikipédia. PALAVRAS-CHAVE: CETAS, Conservação ex-situ, Horto Florestal, Vitória da Conquista. INTRODUÇÃO Este relato é referente a uma pesquisa de opinião sobre a conservação ex-situ em Vitória da Conquista, proposta como uma atividade de promoção e reflexão ambiental pela disciplina Biologia da Conservação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e nasceu a partir de preocupações com o meio ambiente urbano e natural e as formas que poderiam ajudar a conservar a biodiversidade. Existem duas principais formas de conservação a in situ e a ex-situ. Conservação in situ são estratégias de conservação de ecossistemas e habitats naturais e de manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características (BRASIL, s.d.). Já a Conservação ex-situ é uma estratégia de preservação e recuperação de espécies vegetais e animais; envolve populações não- naturais, como plantas cultivadas em estufas e sementeiras, e animais criados em cativeiro ou aquário (BRASIL, s.d.). O sítio do Ministério do Meio Ambiente (Brasil, s.d.) aponta que a conservação ex-situ 1 Graduada em Ciências Biológicas – UESB ² Mestrando em Ciências Ambientais - UESB 28 É a manutenção das espécies fora de seu habitat natural tem como principal característica: (i) preservar genes por séculos; (ii) permitir que em apenas um local seja reunido material genético de muitas procedências, facilitando o trabalho do melhoramento genético; (iii) garantir melhor proteção à diversidade intraespecífica, especialmente de espécies de ampla distribuição geográfica (BRASIL, s.d., p. 1). Este método implica, entretanto, na paralisação dos processos evolutivos, além de depender de ações permanentes do homem, visto concentrar grandes quantidades de material genético em um mesmo local, o que torna a coleção bastante vulnerável. A cidade de Vitória da Conquista ocupa a 3ª posição em densidade demográfica no estado da Bahia, possui uma Unidade de Conservação oficialmente instituída, o Parque Municipal da Serra do Periperi pelo Decreto nº 9.480/99 que compreende também a Reserva do Poço Escuro e Reserva Ambiental do endêmico Melocactus conoideus (Cactaceae), a reserva ainda abriga uma outra planta endêmica, a Diplotropis ferruginea (Fabaceae) (VITORIA DA CONQUISTA, s.d.; SILVA, SANTOS, 2007), além de abrigar duas áreas de conservação instituídas pela Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista - PMVC, o Parque da Lagoa das Bateias e a Lagoa da Jurema. O Parque Municipal da Serra do Periperi foi criado com a função primordial de atender à necessidade e urgência em adotar medidas de preservação da Serra do Periperi, de forma a impedir a ocupação desordenada, o desmatamento e a degradação ambiental, decorrentes, principalmente, das atividades de mineração (ALMEIDA, 2005). Além destas reservas, o município conta com duas entidades de conservação ex- situ, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e Horto Florestal Vilma Dias (HFVD). A conservação ex-situ envolve a manutenção,fora do habitat natural, de uma representatividade da biodiversidade, de importância científica ou econômico-social, inclusive para o desenvolvimento de programas de pesquisa, particularmente aqueles relacionados ao melhoramento genético (BRASIL, s.d.). De acordo a PMVC (s.d.), o CETAS Implantado em 2000 e mantido pelo município, é uma unidade de referência, tanto no estado, quanto fora dele, em razão da qualidade dos trabalhos prestados para a preservação da biodiversidade. Com sede no Parque Municipal da Serra do Periperi, o CETAS tem por objetivo recepcionar e recuperar animais silvestres apreendidos pela fiscalização ambiental e destiná-los ao seu habitat. O HFVD surgiu como uma das mais belas áreas verdes aberta ao público, onde funcionam os setores de Paisagismo e Arborização Pública. No local, são produzidas mudas ornamentais e frutíferas, fornecendo estas mudas para serem plantadas em calçadas, áreas verdes, praças, avenidas, e nos jardins da cidade (VITÓRIA DA CONQUISTA, s. d.). Atualmente conta com uma área de mais de 1 ha e tem como as espécies mais reproduzidas: sibipiruna (Caesalpinia pluviosa), jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosifolia), pata-de-vaca (Bauhinia forficata), ipê-de-jardim (Tecoma stans), mamorana (Pachira glabra), flamboyant (Delonix regia) e jamelão (Syzygium jambolanum) (SOUZA et. al., 2015). O objetivo desta pesquisa foi conhecer a opinião dos questionados sobre as entidades de conservação ex-situ em Vitória da Conquista e divulgar informações por meio de redes sociais sobre estas unidades a fim de incentivar o reconhecimento da necessidade de conservação ao público acadêmico e não acadêmico. CARACTERIZAÇÃO 29 Após aulas de Biologia da Conservação na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB surgiram reflexões sobre a necessidade de aplicar estudos de conservação em Vitória da Conquista. Para divulgação e compartilhamento de informações sobre a temática foi utilizado a rede social Facebook, além da enciclopédia livre Wikipédia com a criação dos verbetes CETAS e HFVD na página de Vitória da Conquista3. A partir destas plataformas criou-se uma página intitulada Conservação ex-situ Vitória da Conquista4, onde foram publicadas informações sobre o HFVD e o CETAS localizados em Vitória da Conquista. Para obtenção de dados utilizou-se a plataforma Google Forms para formular um questionário online semiestruturado e a posteriori analisou-se quali-quantitativamente os resultados levantados. RESULTADO E DISCUSSÃO O município Vitória da Conquista vem crescendo muito nos últimos anos, principalmente nas áreas urbanas, onde concentra mais de 80% da população, deste modo as respostas do questionário dão pistas se junto com expansão da cidade vem o conhecimento da sociedade sobre a conservação ex-situ existente em Vitória da Conquista. Após a aplicação do questionário obteve-se em primeiro momento o perfil do entrevistado, com um n total de 51 questionados, a faixa etária alcançada foi de 18 à 48 anos e em sua maioria 23 à 28 anos, sendo que 61,2% foram mulheres, 98% vivem na zona urbana e apenas 2% é da zona rural e por fim a grande maioria possuía o Ensino Superior Incompleto com 55, 1% e a minoria Ensino Fundamental Incompleto com 4,1%. Logo após traçar o perfil, foi pedido que marcassem as opções que consideravam formas de conservação ex-situ, sendo as opções a) zoológico, b) área de proteção permanente c) floresta nativa, d) horto florestal, e) herbário, f) praça, g) lagoa, h) CETAS. Pelo resultado foi possível relacionar esses dados com os seguintes resultados, cerca de 74,5% dos indivíduos não sabem o que é uma conservação ex-situ, entretanto seguem uma linha compatível ao considerar a) zoológico, d) horto florestal e h) CETAS como meios de conservação ex-situ, como segue o gráfico 1. Mas observa-se também que os indivíduos confundem muito a conservação ex-situ com b) áreas de preservação permanente (APP) e c) florestas nativas, sendo estas importantes formas de conservação in situ. 3 Página sobre Vitória da Conquista na Wikipédia com as informações sobre o CETAS e o HFVD. link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_da_Conquista, subtítulo 2.4, 2.4.1 e 2.4.2 4 Página sobre a Conservação ex-situ em Vitória da Conquista no Facebook, disponível em: https://www.facebook.com/conservacaoexsitu/ 30 Esse dado pode ser relacionado com a informação que a maioria possuía o Ens. Superior Incompleto, portanto os indivíduos agregaram conhecimento a partir das vivências e experiências no meio acadêmico. Este ponto ainda confirma o fato de que 57,1% sabem o que é um Horto Florestal, porém 71,4% não conhecem o Horto Florestal Vilma Dias e 100% dos entrevistados não frequentam, sendo que 46,9% sabem que o HFVD distribui mudas. Essa falta de conhecimento da sociedade são sinais claros de uma falta de divulgação e investimento da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (PMVC) nessa área. Gráfico 1. Este gráfico representa as opiniões dos entrevistados acerca de quais destas opções são conservação ex-situ. Fonte: Googles Forms, 2017. A partir disso, foi perguntado a preferência dos indivíduos em relação a quais mudas os mesmo plantariam em suas residências para ornamentação e paisagismo, ou mesmo para produção de frutos em casa, existem estudos que debatem os efeitos das cores nas pessoas, sendo o verde considerado uma cor tranquilizadora e que a sua deficiência (o verde da arborização) pode provocar distúrbios psicológicos (TISI-FRANCKWIAK, 1991) e o estímulo ao plantio de árvores é sempre bem-vindo. observou-se um equilíbrio de respostas entre plantas nativas e exóticas, sendo consideradas como nativas as espécies a) ipê-amarelo, c) pata-de-vaca, d) umbu, e) sibipiruna, i) pau-brasil, k) quaresmeira e l) bougainvillea. Os resultados podem ser vistos no gráfico 2: Gráfico 2: Preferência dos entrevistados sobre as plantas nativas ou exóticas. Fonte: Google Forms, 2017. 31 Por fim, foi analisado o CETAS, que segue os mesmos pontos de pouca divulgação, tendo como consequência 55,1% dos entrevistados não conhecem o CETAS de Vitória da Conquista, 42,9% não sabem qual o papel do mesmo e 57,1% sabem o principal foco de trabalho do CETAS. Contudo, mesmo com esse índice a maioria (81,6%) acredita que esse órgão ajuda na preservação e conservação dos animais. A partir deste ponto foi questionado sobre o fornecimento de animais que não podem ser soltos na natureza pelo CETAS para a construção de um zoológico no município e se o indivíduo estaria disposto a pagar para visitá-lo. A maioria respondeu aceitar a construção do zoo (80,4%) e a cobrança de uma taxa para visitá-lo, porém 55,1% não pagaria mais que R$10,00. Como um dado adicional, tivemos que 96,1% dos entrevistados acreditam que todos os animais que sofrem contrabando devem ser resgatados, independente de serem exóticos ou nativos. Por fim, observou-se que 100% acredita que o Horto e CETAS são órgãos de conservação e preservação. Com isso, pode-se inferir que a população acredita que estes órgãos são importantes na conservação de espécies, porém tem pouco conhecimento de como a metodologiaex-situ do município funciona e não participa efetivamente neste quesito, mesmo os indivíduos com vivência acadêmica. Nota-se a falta de pertencimento com os órgãos pela falta de visitação e participação e também a necessidade urgente de investimento não só estrutural, mas também em divulgação, além disso, aplicações de aulas com o tema transversal Educação para Sustentabilidade é fundamental na educação, principalmente nos anos iniciais pelo fato das nossas crianças e adolescentes serem multiplicadores destes conhecimentos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O maior problema enfrentado pelas áreas de conservação ex-situ do município de Vitória da Conquista, além da falta de investimento, é a falta de conhecimento e participação da população nessas áreas. A pesquisa aponta que há credibilidade no trabalho dos órgãos, porém não existe sentimento de pertencimento e participação da população conquistense nas ações conservacionistas. Órgãos como o CETAS desenvolve trabalho importante na conservação, recuperação e tratamento de animais em situação de maus-tratos e contrabando, sendo indispensáveis nas ações de conscientização das pessoas sobre estas questões. O Horto Florestal Vilma Dias promove espaço de lazer que deve ser aproveitado pela população a fim de levar qualidade de vida, beleza e serviços ambientais naturais pela distribuição de mudas, já que cidades arborizadas tendem a serem mais refrescadas, terem solo mais permeável, manterem fluxo genéticos, além de favorecer melhorias na saúde e qualidade de vida dos seus moradores. Ademais, a proposta deste trabalho alcançou um fragmento da população a partir da criação de uma página na rede social (Facebook), que teve como resultado divulgações, postagens de curiosidades e ploblematização sobre o HFVD e CETAS, além da criação dos verbetes com descrição dos mesmos na enciclopédia livre Wikipédia. REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. S. Do Imaginário Ao Real: Potencial Pedagógico Da Imagem De Satélite Em Ações De Educação Ambiental Ligadas Ao Parque Municipal Da Serra Do Periperi, Vitória Da Conquista – BA. Tese de Mestrado. Universidade Estadual de Feira De Santana - UESF. Feira De Santana – Bahia, 2012. 32 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conservação in situ, ex situ e on farm. s.d. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biodiversidade/conservacao-e-promocao-do- uso-da-diversidade-genetica/agrobiodiversidade/conserva%C3%A7%C3%A3o-in-situ,- ex-situ-e-on-farm> Acesso em 22 nov. 2017. SILVA, C. B. M. C.; SANTOS, D. L. Fenologia Reprodutiva de Melocactus conoideus Buin. & Bred.: Espécie Endêmica do Município de Vitória da Conquista, Bahia – Brasil. Nota Científica. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 1095- 1097, jul. 2007. SOUZA, C. F.; JESUS, E. Q.; BRITO, O. S.; FIGUEIREDO-FILHO, U. C. Horto municipal de Vitória da Conquista: um exemplo em revitalização de áreas urbanas, com o paisagismo sustentável. Anais VI Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental Porto Alegre/RS. 2015. Disponível em: <http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2015/VI-021.pdf> Acesso em 22 nov. 2017. TISI-FRANCKWIAK, I. Homem, comunicação e cor, São Paulo, Ícone, 1991. VITÓRIA DA CONQUISTA. Parque da Serra do Periperi. s.d. Disponível em: <http://www.pmvc.ba.gov.br/parque-da-serra-do-periperi/> Acesso em 22 nov. 2017. _______________________. Horto Florestal Vilma Dias. s.d. Disponível em: <http://www.pmvc.ba.gov.br/horto-florestal-vilma-dias/> Acesso em 22 nov. 2017. __________________________.Centro de Triagem de Animais Silvestres. s.d. Disponível em: < http://www.pmvc.ba.gov.br/centro-de-triagem-e-animais-silvestres/> Acesso em 22 nov. 2017. 33 A CIÊNCIA É UM SHOW: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO Jeane Pereira da Silva1; Iasmim Santana Andrade1; Joelia Martins Barros2 1 Graduanda em Ciências Biológicas, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié, Bolsista de Extensão -UESB, jeane.pereira031@gmail.com 1 Graduanda em Ciências Biológicas, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié, Bolsista de Extensão -UESB, yasmim_andrade.13@hotmail.com 2 Docente do Departamento de Ciências e Tecnologias, Orientadora, UESB, Campus de Jequié, joelia18@uesb.edu.br RESUMO Trata-se de um relato de experiência vivenciado por alunas do curso de Ciências Biológicas enquanto bolsistas de extensão, do projeto a ciência é um show, que foi realizado em escolas públicas na cidade de Jequié-Bahia. O projeto tem como objetivo principal, popularizar a ciência de modo a despertar o interesse da comunidade. Apresentando a ciência através de materiais comuns ao cotidiano dos alunos e de maneira lúdica. Palavras-chave: Atividades lúdicas, experimentos, ciências. INTRODUÇÃO O Projeto de Extensão “A Ciência é um Show”, sob a coordenação da professora Joelia Martins Barros tem como objetivo apresentar a ciência de maneira lúdica, a fim de estimular o interesse dos alunos pela ciência. Os principais problemas que os professores comentam quando se fala em ensino de ciências é a dificuldade e a falta de interesse que os alunos demostram. No começo do projeto nós aplicamos um questionário de sondagem, cujo objetivo era verificar a quantidade de alunos que gostavam dos conteúdos de ciências e também saber as dificuldades que eles encontravam, e o resultado é que a maioria declarou não gostar dos conteúdos de ciência, afirmavam que os conteúdos eram muito complexos e que tinham muita dificuldade em entender. Isto não foi uma novidade. Porém nos levou a uma série de questionamentos, será que não há como mudar este quadro? O que pode ser feito? Enfim. O projeto a Ciência é um Show aplicou uma metodologia que mostrou resultados animadores. Com o uso de experimentos investigativos, as aulas podem tornar-se diferenciadas e atraentes, dando a elas um processo mais dinâmico e prazeroso. A utilização de experimentos e a observação direta de objetos e fenômenos naturais são indispensáveis 34 para a formação científica em todos os níveis de ensino (SOUZA, 2013). Esta prática traz a motivação que é sem dúvida, uma contribuição muito importante, capaz de despertar a atenção de alunos mais dispersos na aula, envolvendo-os com uma atividade que os estimulem a querer compreender os conteúdos da disciplina (OLIVEIRA, 2010). O projeto atuou nas escolas nesta perspectiva de trabalhar a ciência e ao mesmo tempo oferecer um momento lúdico para as turmas através da experimentação. Além de tudo o projeto é uma via de mão dupla, uma vez que os bolsistas também adquirem experiências que só podem ser vivenciadas no ambiente escolar. Manchur et al.(2013) destacam algumas das contribuições dos projetos de extensão para a formação docente. A extensão universitária é um dos caminhos para desenvolver uma formação acadêmica completa, que integra teoria e prática numa comunicação com a sociedade e possibilita uma troca de saberes entre ambos. [...] Para os cursos de licenciatura, a extensão favorece o contato direto para o desenvolvimento da prática docente, que possibilita o
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