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Direito Processual Penal II - Aula 8 - Professor André

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Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2019. 
 
Direito Processual Penal II 
 
Professor André Nascimento 
 
E-mail - alsnascimento@yahoo.com.br 
 
Aula 8 
 
# O Procedimento dos Crimes Praticados por 
Funcionário Público (Art. 513 a 518 do CPP). 
CAPÍTULO II 
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES 
DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo 
processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia 
será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência 
do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação 
de qualquer dessas provas. 
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida 
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para 
responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. 
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se 
achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá 
apresentar a resposta preliminar. 
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o prazo concedido 
para a resposta, os autos permanecerão em cartório, onde poderão ser 
examinados pelo acusado ou por seu defensor. 
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com documentos e 
justificações. 
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho 
fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da 
inexistência do crime ou da improcedência da ação. 
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na 
forma estabelecida no Capítulo I do Título X do Livro I. 
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do processo, observar-
se-á o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro. 
O procedimento especial dos crimes praticados por 
funcionário público, somente é observado quando o 
funcionário público não tem foro por prerrogativa de 
função e comete um dos crimes previstos nos Arts. 312 a 
327 do CP. 
TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, 
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo 
a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, 
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a 
qualidade de funcionário. 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à 
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade 
a pena imposta. 
Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício 
do cargo, recebeu por erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000) 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados 
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas 
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter 
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) ) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de 
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou 
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade 
competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da 
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o 
administrado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda 
em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da 
estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que 
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Excesso de exação 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou 
deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório 
ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 
27.12.1990) 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 
8.137, de 27.12.1990) 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que 
recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão 
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela 
Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem 
ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou 
o pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com 
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Facilitação de contrabando ou descaminho 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando 
ou descaminho (art. 334): 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei 
nº 8.137, de 27.12.1990) 
Prevaricação 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou 
sentimento pessoal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir 
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, 
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente 
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
Condescendência criminosa 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar 
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte 
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
Advocacia administrativa 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a 
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de trêsmeses a um ano, além da multa. 
Violência arbitrária 
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-
la: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente 
à violência. 
Abandono de função 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as 
exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber 
oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
Violação de sigilo funcional 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva 
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui 
crime mais grave. 
§ 1 o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de 
senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas 
de informações ou banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000) 
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
§ 2 o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a 
outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
Violação do sigilo de proposta de concorrência 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou 
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: 
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Funcionário público 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou 
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de 
serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes 
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função 
de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de 
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder 
público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) 
 
Na hipótese de coautoria ente o funcionário público e 
o particular, o procedimento especial, somente é aplicado 
para o funcionário público, conforme já decidiu o STJ por 
meio do HC 79220 da 5ª Turma. 
 
A especialidade do procedimento dos crimes 
praticados por funcionário público está prevista no Art. 
514 do CPP, ou seja, com o oferecimento da denúncia, o juiz 
antes de recebê-la notifica o acusado para apresentar 
resposta preliminar no prazo de 15 dias. 
 
Após o oferecimento dessa resposta preliminar, o juiz 
decide se é caso ou não de recebimento da denúncia e, 
recebendo a peça acusatória, observa o procedimento 
comum, verificando a possibilidade de absolvição sumária 
e, posteriormente, designando audiência de instrução e 
julgamento. 
 
Obs.: de acordo com o STJ, não há que se falar em 
oferecimento de nova defesa após o recebimento da 
denúncia, nos termos do Art. 396-A do CPP, pois não é 
viável, como também, desnecessária, a mescla dos ritos 
ordinários e dos crimes praticados por funcionário público, 
uma vez que, já foi apresentada defesa preliminar, nos 
termos do Art. 514 do CPP, conforme já ficou decidido no 
HC 334868 do STJ. 
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo 
o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar 
as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua 
intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 
112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, 
não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-
lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
Obs.: de acordo com a Súmula 330 do STJ é dispensada a 
notificação prévia quando a denúncia está apoiada em 
inquérito policial, porém para o STF, a notificação prévia 
não é dispensada quando a denúncia é apoiada em 
inquérito policial, conforme se verifica no HC 89686, 
informativo 471, 1ª Turma. 
 
1 - Súmula 330/STJ - 20/09/2006. Crime de responsabilidade. Funcionário 
público. Servidor público. Resposta preliminar. Desnecessidade. Ação penal 
instruída com inquérito policial. CPP, art. 514. 
«É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do Código de 
Processo Penal - CPP, na ação penal instruída por inquérito policial.» 
 
# Procedimentos dos Crimes Contra a Honra (Art. 519 
a 523 do CPP). 
CAPÍTULO III 
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES 
DE CALÚNIA E INJÚRIA, DE COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR 
Art. 519. No processo por crime de calúnia ou injúria, para o qual 
não haja outra forma estabelecida em lei especial, observar-se-á o 
disposto nos Capítulos I e III, Titulo I, deste Livro, com as modificações 
constantes dos artigos seguintes. 
Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes 
oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e 
ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados, não 
se lavrando termo. 
Art. 521. Se depois de ouvir o querelante e o querelado, o juiz 
achar provável a reconciliação, promoverá entendimento entre eles, na 
sua presença. 
Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo 
querelante o termo da desistência, a queixa será arquivada. 
Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da 
notoriedade do fato imputado, o querelante poderá contestar a exceção 
no prazo de dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas 
na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às 
primeiras, ou para completar o máximo legal. 
O procedimento especial dos crimes contra a honra 
ficou esvaziado após a vigência da Lei 9.099/95 e suas 
alterações legislativas, pois os crimes de calúnia (Art. 138 
do CP), difamação (Art. 139 do CP) e injúria (Art. 140 do 
CP), são crimes de menor potencial ofensivo que devem 
observar o procedimento Sumaríssimo. Portanto, somente 
no caso de o crime contra a honra ultrapassar o limite da 
pena máxima de dois anos é que se observa o procedimento 
especial do CPP. 
 
A especialidade do procedimento dos crimes contra a 
honra está prevista no Art. 520 do CPP, ou seja, após o 
oferecimento da queixa, o juiz antes de recebê-la designa 
audiência de conciliação entre querelante e querelado, e, 
não ocorrendo a conciliação, decide pelo recebimento ou 
não da queixa. 
 
Decidindo que é caso de recebimento da queixa, 
determina a citação do acusado para responder à acusação, 
nos termos do Art. 396 do CPP, observando a partir daí o 
procedimento comum. 
 
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou 
queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação 
do acusadopara responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) 
dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
Obs.: para a doutrina majoritária, a audiência de conciliação 
do Art. 520 do CPP, tem natureza jurídica de condição de 
prosseguibilidade. 
 
Na audiência de conciliação, do Art. 520 do CPP, a 
ausência injustificada do querelante e do querelado enseja 
controvérsia. A ausência injustificada do querelante, para a 
doutrina minoritária, enseja perempção e, nesse sentido, 
estará extinta a punibilidade do querelado, nos termos do 
Art. 107, IV do CP. Para a doutrina majoritária, assim como, 
para os tribunais superiores, a ausência injustificada do 
querelante não enseja perempção, uma vez que, ainda não 
houve recebimento da queixa e a ausência do querelante 
somente demonstra que não existe interesse em 
conciliação, conforme já decidiu o STJ no AgRg no Resp. 
1670607, como também, já entendeu o STF no HC 86942. 
 
A ausência injustificada do querelado, para a doutrina 
majoritária, não gera nenhuma consequência jurídica, uma 
vez que demonstra desinteresse em reconciliação, devendo 
o juiz decidir, se é caso ou não de recebimento da queixa. 
Porém, a doutrina minoritária, entende que o juiz pode 
determinar a condução coercitiva do querelado para a 
audiência de conciliação, nos termos do Art. 260 do CPP. 
 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a 
autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. (Vide ADPF 395)(Vide 
ADPF 444) 
 
Procedimento dos Crimes da Lei de Drogas (Lei 
11.343/06). 
 
Na hipótese dos crimes dos Arts. 28, 33, § 3º e 38 da 
referida Lei, observa-se o Procedimento Sumaríssimo, pois 
são infrações de menor ofensivo. 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, 
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena 
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou 
psíquica. 
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz 
atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às 
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, 
bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput 
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. 
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas 
comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, 
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se 
ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de 
usuários e dependentes de drogas. 
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere 
o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá 
o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do 
infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente 
ambulatorial, para tratamento especializado. 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de 
seu relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas 
previstas no art. 28. 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas 
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 
(cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da 
categoria profissional a que pertença o agente. 
Ocorrendo crime da Lei de Drogas e o Ministério 
Público oferecendo denúncia, o juiz notifica o acusado para 
oferecer defesa prévia, no prazo de 10 dias, conforme o Art. 
55 da referida lei. Após a apresentação da defesa prévia, o 
juiz decide se recebe ou não a denúncia e, recebendo a peça 
acusatória, designa audiência de instrução e julgamento, 
nos termos do Art. 56 da Lei de Drogas. 
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para 
oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado 
poderá arguir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer 
documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir e, até o 
número de 5 (cinco), arrolar testemunhas. 
§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 
a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo 
Penal. 
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor 
para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato de 
nomeação. 
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias. 
§ 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias, 
determinará a apresentação do preso, realização de diligências, exames e 
perícias. 
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência 
de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação 
do Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos 
periciais. 
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto nos 
arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá 
decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for 
funcionário público, comunicando ao órgão respectivo. 
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro 
dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada 
a realização de avaliação para atestar dependência de drogas, quando se 
realizará em 90 (noventa) dias. 
Na audiência de instrução e julgamento, o juiz observa 
o Art. 57 da Lei de Drogas e encerrado os debates profere a 
sentença, nos moldes do Art. 58 da referida lei. 
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do 
acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, 
ao representante do Ministério Público e ao defensor do acusado, para 
sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 
mais 10 (dez), a critério do juiz. 
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes 
se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas 
correspondentes se o entender pertinente e relevante. 
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato, ou o 
faráem 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. 
Obs.: para parte da doutrina, o Art. 55 da Lei de Drogas está 
revogado pelo Art. 394, § 4º do CPP e, nesse sentido, com o 
oferecimento da denúncia, o juiz, se não for caso de 
rejeição, recebe a peça acusatória e determina a citação do 
acusado para responder à acusação, no prazo de 10 dias. 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada 
pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos 
os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste 
Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
Obs.: para outra parte da doutrina, na hipótese de crime da 
Lei de Drogas, deve ser observado o princípio da 
especialidade devendo observar integralmente o 
procedimento previsto na referida lei. 
 
Obs.: o Art. 57 da Lei de Drogas, dispõe que, primeiro, o réu 
será interrogado e depois haverá inquirição das 
testemunhas. Porém, o STF decidiu a partir do HC 127900 
que a norma do Art. 400 do CPP, será adotada em todos os 
casos de processos em primeira instância. Nesse sentido, 
no crime de tráficos de drogas, o interrogatório é o último 
ato da instrução processual. 
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo 
máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do 
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, 
nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos 
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e 
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei 
nº 11.719, de 2008). 
§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz 
indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou 
protelatórias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento 
das partes. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

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