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Ligação química MEng Abelardo G. Banze Disciplina: Química geral & Inorgânica Curso: Licenciatura em ensino de Biologia Ano Lectivo: 2019 Ligação química - Introdução O conceito de configuração electrónica e o desenvolvimento da Tabela Periódica permitiu aos químicos uma base lógica para explicar a formação de moléculas e outros compostos. É o conjunto de forças que mantém os átomos unidos entre si, dando origem a moléculas. Em todos os tipos de ligação química as forças de ligação são essencialmente electrostáticas (ou de Coulomb), i.é., forças entre cargas eléctricas. O que é uma ligação química? Ligação química - Introdução Se átomos de um mesmo elemento ou de elementos diferentes não tivessem a capacidade de se combinarem uns com os outros, certamente não encontraríamos na natureza uma grande variedade de substâncias. Há diferentes maneiras pelas quais os átomos podem se combinar, como, por exemplo, mediante o ganho ou a perda de electrões, ou pelo compartilhamento de electrões dos níveis de valência. Ligação química - Introdução Em 1916, os cientistas Lewis e Kossel associaram a tendência de elementos com oito electrões na camada de valência aparecerem isoladamente, com a tendência que os elementos manifestam de perder, ganhar ou compartilhar electrões. A partir dessa associação, propuseram uma teoria para explicar as ligações químicas entre os elementos. Ligação química - Introdução Teoria do Octeto: um grande número de átomos adquire estabilidade electrónica quando apresenta oito electrões na sua camada mais externa. Embora existam muitas excepções a essa regra, ela continua sendo utilizada por se prestar muito bem como introdução ao conceito de ligação química e por explicar a formação da maioria das substâncias encontradas na natureza. Representações de Lewis Numa ligação química só intervêm os electrões de valência, ou seja, os electrões da camada mais externa do átomo. Para os representar utilizamos as representações de Lewis ou notação de Lewis. Consistem no símbolo do elemento (que representa o núcleo mais as camadas internas, ou cerne do átomo) e um ponto (por cada electrão de valência. Exemplos: metais alcalinos: Li ; Na oxigénio: O Representações de Lewis Os elementos de transição têm camadas internas incompletas e não podemos (em geral) escrever a notação de Lewis para estes elementos. Estruturas de Lewis para moléculas poliatómicas 1)Escrever o esqueleto estrutural do composto. Em geral o átomo menos electronegativo ocupa posição central. H e F ocupam sempre posições terminais; 2) Contar o número total de electrões de valência. Para aniões poliatómicos adicionar o número de cargas negativas. Para catiões subtrair; 3) Desenhar uma ligação covalente simples entre o átomo central e cada um dos átomos em redor. Completar o octeto dos átomos ligados ao átomo central; 4) Se a regra do octeto não for verificada para o átomo central experimentar ligações duplas ou triplas entre o átomo central e os átomos em redor. Exemplos Exercícios: NF3; CS2; HNO3 Excepção: Apesar de funcionar na maioria dos casos, a Regra do Octeto não é uma verdade absoluta. Para elementos do período 3 ou mais, os átomos já são grandes o suficiente para que o núcleo tenha uma atracção reduzida nos electrões de valência, permitindo maiores distorções na nuvem electrónica, além de passar a existir o subnível d disponível. Desse modo, alguns elementos conseguem comportar mais do que oito electrões na valência, alcançando a condição conhecida como Octeto Expandido, como o PCl5, o SF6, o XeF4, entre outros. Excepções à regra do octeto : Tipos de Ligação Química Ligação iónica; Ligação covalente; Ligação metálica. Ligação iónica A ligação iónica ocorre entre iões, positivos (catiões) e negativos (aniões), e é caracterizada pela existência de forças de atracção electrostática entre os iões. Na maioria das vezes, os átomos que perdem electrões são os metais das famílias IA, IIA e IIIA e os átomos que recebem electrões são os ametais das famílias VA, VIA e VIIA. Ligação Iónica: É o resultado da atração electrostática de iões com cargas opostas. Ex: NaCℓ, AgCℓ, MgO, KBr, LiH, MgCℓ2, AℓF3 , Aℓ2S3 Ligação Iónica • geralmente ocorre entre: bastante electropositivos bastante electronegativos tendem a formar catiões tendem a formar aniões METAIS + AMETAIS EXCEPÇÃO: METAIS + “H” Metais: Electropositivos Perdem electrões Tornam-se Catiões(+) Ametais: Electronegativos Ganham electrões Tornam-se Aniões(-) Aℓ Aℓ+3 + 3e- O + 2e- O-2 Generalizando Determinação das Fórmulas Iónicas Aℓ x x x Aℓ x x x Aℓ2O3 Aℓ+3 O-2 O O O Fórmula-ião Fórmula de Lewis ou Eletrónicafórmula geral de um composto iónico: A x + B y -+ → AyBX Ligação iónica Exemplo: Cloreto de sódio O átomo de sódio (Na) não é estável pela Teoria do Octeto, pois apresenta um electrão na camada de valência. Sua estabilidade eletrónica será atingida pela perda de um electrão, originando o ião Na+. Ligação iónica Exemplo: NaCl O átomo de cloro (Cl) não é estável pela Teoria do Octeto, pois apresenta sete electrões na camada de valência. Sua estabilidade electrónica será atingida pelo ganho de um electrão, originando o ião Cl– Ligação iónica Exemplo: NaCl Ligação iónica Exemplo: NaCl Ligação iónica Exemplo: NaCl Ligação iónica Os compostos assim formados são denominados compostos iónicos. Constituem estruturas eletricamente neutras. A interação entre os iões produz aglomerados com forma geométrica definida, denominados retículos cristalinos, característicos dos sólidos. * são sólidos à temperatura ambiente (sólidos cristalinos); * são duros e quebradiços; Características dos compostos iónicos * conduzem corrente eléctrica quando: fundidos ou em solução; * possuem alto ponto de fusão e de ebulição. Ligação covalente Ocorre quando os átomos envolvidos tendem a receber electrões. Há compartilha de electrões, formando pares eletrónicos. Cada par eletrónico é constituído por um electrão de cada átomo e pertence simultaneamente aos dois átomos. Como não ocorre ganho nem perda de electrões, formam-se estruturas eletricamente neutras, de grandeza limitada, denominadas moléculas. Por esse motivo, essa ligação também é denominada molecular. Ocorre geralmente entre AMETAIS e HIDROGÊNIO ou AMETAIS entre si, desde que a diferença de eletronegatividade < 1,7. Ligação covalente Ligação covalente Exemplos de Ligações Covalentes O2 ou O = O OO N2 ou N N NN O HH H2O ou H - O - H ClH HCl ou H - Cl Ligação covalente Exemplo: Ligação Cl - Cl Ligação covalente Ligação covalente Ligação covalente dativa ou coordenada É semelhante à covalente comum, e ocorre entre um átomo que já atingiu a estabilidade electrónica e outro ou outros que necessitem de dois electrões para completar sua camada de valência. Ligação covalente dativa (ou coordenada) átomos: A B (estável) (necessita de 2 electrões) Ligação covalente dativa ou coordenada Ligação Covalente O par electrónico compartilhado pertence a um dos átomos, só ocorre quando todas as ligações covalentes normais possíveis já aconteceram. Exemplo: formação do SO2. OS O+ OS O S = O + O S = O O Moléculasdo Tipo HxEOy Ácidos Oxigenados Todos os átomos de oxigênio aparecem ligados ao elemento central e cada átomo de hidrogênio ficará ligado a um átomo de oxigênio. Exemplo: ácido sulfúrico - H2SO4 OO S O O HH H - O - S - O - H O O Propriedades dos compostos covalentes Em condições ambiente, as substâncias moleculares podem ser encontradas nos três estados físicos; Apresentam temperatura de fusão (TF) e temperatura de ebulição (TE) inferiores às das substâncias iónicas; Quando puras, não conduzem corrente eléctrica. Geometria molecular É o estudo de como os átomos estão distribuídos espacialmente em uma molécula. As principais classificações são: linear, angular, trigonal plana, piramidal e tetraédrica. Para se determinar a geometria de uma molécula, é preciso conhecer a teoria da repulsão dos pares electrónicos da camada de valência. VSEPR (repulsão dos pares de electrões da camada de valência) • Baseia-se na idéia de que pares electrónicos da camada de valência de um átomo central, participando na ligação química ou não, se comportam como nuvens electrónicas que se repelem, ficando com a maior distância angular possível uns dos outros. • Uma nuvem eletrónica pode ser representada por uma ligação simples, dupla, tripla ou mesmo por um par de electrões que não estão a fazer ligação química. Polaridade das ligações O acúmulo de cargas eléctricas em determinada região é denominado polo, que pode ser de dois tipos: Polo negativo: (–) ou –δ Polo positivo: (+) ou +δ Escala de Pauling de electronegatividades Metais Ligação Polares e Apolares •Ligação covalente polar ∆ = 4,0 – 2,1 = 1,9 • δ+ δ- H ─ F *Como o fluor é mais eletronegativo, atrai para si o pólo com carga positiva. •Ligação covalente apolar ∆ = 2,1 -2,1 = 0 •H ─ H * Possuem a mesma eletronegatividade. Ligação Iônica X Ligação Covalente • Ligação iónica : Doação e recebimento de electrões. (metais com não metais), • Valores de ∆ acima de 2 indica ligação com caráter iónico. • KCl ∆ = 3,0 – 0,8 = 2,2 (Iónica) • NaCl ∆ = 3,0 – 0,9 = 2,1 (Iónica) Ligação Iónica X Ligação Covalente • Ligação Covalente: Compartilhamento de pares de electrões. (Não metais) • Valores de ∆ abaixo de 1,7 indica ligação com caráter predominantemente covalente. • Cl2 ∆ = 3,0 – 3,0 = zero (COVALENTE APOLAR) • BrCl ∆ = 3,0 – 2,8 = 0,2 (COVALENTE POLAR) • ICl ∆ = 3,0 – 2,5 = 0,5 (COVALENTE POLAR) • HCl ∆ = 3,0 – 2,1 = 0,9 (COVALENTE POLAR) Ligação Iónica X Ligação Covalente A polaridade de uma ligação é caracterizada por uma grandeza denominada momento dipolar (μ), ou dipolo eléctrico, que normalmente é representada por um vector orientado no sentido do elemento menos electronegativo para o elemento mais electronegativo. Polaridade de moléculas Experimentalmente, uma molécula é considerada polar quando se orienta na presença de um campo eléctrico externo, e apolar quando não se orienta. O pólo negativo da molécula é atraído pela placa positiva do campo elétrico externo e vice-versa, como mostrado na figura ao lado. Polaridade de moléculas Teoricamente, pode-se determinar a polaridade de uma molécula pelo vector momento dipolar resultante (μr), isto é, pela soma dos vectores de cada ligação polar da molécula. Para determinar o vector μr devem-se considerar dois factores: a) A escala de eletronegatividade, que nos permite determinar a orientação dos vectores de cada ligação polar; b) A geometria da molécula, que nos permite determinar a disposição espacial desses vectores. Polaridade de moléculas Polaridade de moléculas Outra maneira de determinar a polaridade da maioria das moléculas é estabelecer uma relação entre o número de nuvens electrónicas ao redor do átomo central e o número de átomos iguais ligados a ele. Polaridade de moléculas As forças intermoleculares e os estados físicos Quanto menos intensas forem as forças intermoleculares, mais volátil será a substância e menor será a sua temperatura de ebulição. As forças intermoleculares e os estados físicos As forças intermoleculares são genericamente denominadas forças de Van der Waals em homenagem ao físico holandês Johannes Van der Waals que, em 1873, propós a existência dessas forças. As atracções existem tanto em substâncias formadas por moléculas polares como por moléculas polares, mas nessas últimas a explicação foi dada por Fritz London apenas em 1930. Forças dipolo induzido-dipolo induzido Essas forças ocorrem em todos os tipos de moléculas, mas são as únicas que acontecem entre as moléculas apolares. Quando essas moléculas estão no estado sólido ou líquido, devido à proximidade existente entre elas, ocorre uma deformação momentânea das nuvens electrónicas, originando pólos. H2, O2, F2, Cl2, CO2, CH4, C2H6 Forças dipolo permanente-dipolo permanente ou dipolo-dipolo Esse tipo de força intermolecular é característico de moléculas polares. HCl, HBr, H2S, CO, HCCl3, SO2 Pontes de hidrogénio A ponte de hidrogénio, por ser muito mais intensa, é um exemplo extremo da interacção dipolo-dipolo e ocorre mais comumente em moléculas que apresentam átomos de hidrogénio ligados a átomos de flúor, oxigénio e nitrogénio, os quais são altamente electronegativos e, que, por isso, originam dipolos muito acentuados. Pontes de hidrogénio Forças intermoleculares e temperaturas de fusão e ebulição O tipo de força intermolecular: quanto mais intensas as atracções intermoleculares, maior a sua TE. O tamanho das moléculas: quanto maior o tamanho de uma molécula, maior será sua superfície, o que propicia um maior número de interacções com outras moléculas vizinhas, acarretando TE maior. Forças intermoleculares e temperaturas de fusão e ebulição Para comparar as temperaturas de ebulição de diferentes substâncias, devemos considerar esses dois factores da seguinte maneira: Em moléculas com tamanhos aproximadamente iguais: Quanto maior a intensidade de interacção, maior a sua TE. Forças intermoleculares e temperaturas de fusão e ebulição Em moléculas com mesmo tipo de interacção Quanto maior o tamanho da molécula, maior a sua TE. Polaridade, forças intermoleculares e solubilidade Substâncias polares tendem a se dissolver em solventes polares. Substâncias apolares tendem a se dissolver em solventes apolares. Ligação metálica Algumas propriedades apresentadas pelos metais são muito diferentes das observadas em outras substâncias. A maioria dos metais é sólido à temperatura ambiente (25 °C) e apresenta cor prateada. As exceções são o mercúrio — único metal encontrado no estado líquido, o cobre (Cu) e o ouro (Au), os quais apresentam, respectivamente, cor avermelhada e dourada. Ligação metálica Experiências com raios X levam a crer que os retículos cristalinos dos metais sólidos consistem em um agrupamento de catiões fixos, rodeados por um verdadeiro "mar" de electrões. Esses electrões são provenientes da camada de valência dos respectivos átomos e não são atraídos por nenhum núcleo em particular. Ligação metálica Condutibilidade — são excelentes condutores de corrente eléctrica e de calor; Maleabilidade — capacidade de produzir lâminas, chapas muito finas; Ductilidade — capacidade de produzir fios. Ligas metálicas Ligas metálicas: são materiais com propriedades metálicas que contêm dois ou mais elementos, sendo pelo menos um deles metal. Ligas metálicas
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