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Livro - Educacao e Meio Ambiente

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Francisco Carlos Pierin Mendes
Claudemira Vieira Gusmão Lopes
Jefferson de Oliveira Salles
Educacao e 
Meio Ambiente
ç~
Curitiba
2014
Francisco Carlos Pierin Mendes
Claudemira Vieira Gusmão Lopes
Jefferson de Oliveira Salles
Educacao e 
Meio Ambiente
ç~
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Fernanda Calvetti Corrêa
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/iadams
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Siderly Almeida CRB 9/1022
M538e Educação e meio ambiente / Francisco Carlos Pierin Mendes, Claudemira 
Vieira Gusmão Lopes, Jefferson de Oliveira Salles. – Curitiba: Fael, 2014.
272 p.: il.
ISBN 978-85-60531-06-6
Nota: conforme Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
1. Educação ambiental I. Lopes, Claudemira Vieira Gusmão 
II. Salles, Jefferson de Oliveira III. Título
CDD 372.357
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
Educação e Meio 
Ambiente
A sensação de pertencimento ao universo não se inicia na 
vida adulta e nem por um ato de razão. Desde a infância sen-
timo-nos ligados a algo que é muito maior do que nós. Desde 
criança nos sentimos profundamente ligados ao universo e nos 
colocamos diante dele, num misto de espanto e respeito. E, 
durante toda a vida, buscamos respostas ao que somos, de 
onde viemos, para onde vamos, enfim, qual o sentido da nossa 
existência. É uma busca incessante e que jamais termina. A 
educação pode ter um papel nesse processo se colocar questões 
filosóficas fundamentais, mas também se souber trabalhar, ao 
lado do conhecimento, essa nossa capacidade de nos encantar 
com o universo. 
Moacir Gadotti
O pensamento racional da atualidade já se deu conta de que 
nossa existência não está separada do planeta e de que não existe uma 
interdependência entre ambos. Chegamos a uma encruzilhada, em 
que precisamos escolher entre uma vida de consumo e exploração 
– 4 –
Educação e Meio Ambiente
irresponsável do local de nossa existência ou uma relação saudável e amistosa 
com o planeta. Nossa escolha é essencial; porém, nem sempre temos clareza 
de qual decisão tomar. Nesse sendido, a educação – os processos educacionais 
–, por meio de sua capacidade de carregar de intencionalidade nossos atos, 
é o caminho de orientação para nossas opções, o que definirá o futuro 
que teremos.
Partindo dessa concepção, estabelecemos a relação indissociável 
entre educação e meio ambiente, a qual aponta para a necessidade 
iminente de uma educação para uma vida sustentável. Moacir Gadotti, na 
página 63 de sua obra Educar para a sustentabilidade, publicada em 2009 
pelo Instituto Paulo Freire, afirma que “precisamos de uma Pedagogia da 
Terra, justamente porque sem essa pedagogia para a reeducação do homem/
mulher, principalmente do homem ocidental, [...] não poderemos mais 
falar da Terra como um lar”.
É nessa perspectiva que apresentamos a obra Educação e meio ambiente, 
que tem como objetivo a repercussão dos princípios de uma educação 
sustentável que, além da preocupação com a relação saudável com o meio 
ambiente, busca suscitar reflexões sobre o que fazemos com a nossa existência, 
a partir da vida cotidiana. 
O homem, na perspectiva de satisfazer suas necessidades de consumo, 
retira cada vez mais recursos do planeta de forma desordenada, em uma 
cadeia de exploração, sem perceber que está diante de um complexo sistema.
Alexandre de Gusmão Pedrini, organizador da obra Educação ambiental: 
reflexões e práticas contemporâneas, publicada pela editora Vozes, em 1997, 
afirma que essa forma arrogante e prepotente de tratar o planeta tornou o 
ser humano cego ao óbvio, à percepção de que os recursos ambientais são 
finitos, limitados e estão intimamente relacionados. Na tentativa de reverter 
a situação, ele cria normas, leis e acordos globais, a fim de discutir o modelo 
de desenvolvimento econômico e social e sua implicações. 
Por meio da primeira parte da obra, intitulada “Projetos pedagógicos em 
educação ambiental”, do autor Francisco Carlos Pierin Mendes, o leitor terá 
a possibilidade de refletir sobre os processos ambientais e repensar o trabalho 
em sala de aula. Com ações inovadoras, pode contribuir para a compreensão 
– 5 –
Educação e Meio Ambiente
do meio ambiente como elemento fundamental para a vida no planeta, em 
um complexo emaranhado de relações. 
Nesse texto, discute-se a emergência do tema, a sua inclusão na escola 
básica e os novos desafios da sociedade do conhecimento, na qual as tecnolo-
gias de comunicação e informação podem contribuir na busca de soluções e 
alternativas para os problemas enfrentados pelo planeta. 
A transversalidade na escola, proposta que rompe com a pedagogia tradi-
cional e propõe um novo trabalho, dinâmico e contextualizado, possibilitan-
do aprender na e sobre a realidade, pode promover uma compreensão mais 
abrangente acerca dos princípios da educação ambiental.
Após o resgate dos diferentes aspectos legais e de pressupostos teó ricos 
relevantes para a compreensão da importância do trabalho com educação 
ambiental, essa primeira parte da obra resgata a possibilidade do trabalho 
com projetos, em uma perspectiva interdisciplinar, de construção coletiva, 
com ampla participação dos diferentes segmentos escolares na solução dos 
complexos problemas ambientais.
Sugestões de práticas, ações e projetos são apresentadas, de forma a con-
tribuir para um trabalho inovador e interdisciplinar, que leve os alunos a 
desenvolverem uma postura crítica e comprometida com a preservação do 
ambiente em uma perpectiva de sustentabilidade.
Assim, fica o desafio de incorporar a educação ambiental ao cotidiano 
da escola, de cumprir as orientações prescritas na legislação e, principal-
mente, levar ao conhecimento de todos que o planeta Terra é frágil, que 
responde a todas as interferências do homem e precisa ser preservado para 
as gerações futuras. 
Na sequência da obra, no texto “Políticas públicas e iniciativas da sociedade 
civil em educação ambiental”, escrito pelos autores Claudemira Vieira Gusmão 
Lopes e Jefferson de Oliveira Salles, a questão ambiental tem como pano de 
fundo as políticas públicas, contemplando temas como: o desenvolvimento 
e a necessidade de legislação ambiental; tratados, conferências e acordos 
internacionais; o papel das ONGs na luta pela preservação ambiental; o 
papel da sociedade civil na construção de sociedades sustentáveis; políticas de 
fomento e educação; meio ambiente e interdisciplinaridade.
– 6 –
Educação e Meio Ambiente
Os graves problemas ambientais que afetam o planeta têm mobilizado 
governos e sociedade civil. Dessa forma, o movimento em prol do meio am-
biente tem estado presente na legislação, nos programas de governo e nas 
diversas iniciativas de grupos e associações. Por outro lado, no âmbito da 
educação, a cada dia que passa, percebe-se a necessidade de se ampliar a dis-
cussão sobre a legislação, até porque a interpretação de uma norma jurídica 
não deve ser privilégio apenas de juristas. A obra oferece essa possibilidade de 
discussão e problematização.
Além da formação de professores e profissionais da educação em geral, 
“Políticas públicas e iniciativas da sociedade civil em educação ambiental” pre-
tende contribuir, também, com a formação de outros profissionais e ativistas 
sociais que, mesmo não exercendo a função de professorou pedagogo, atuam 
no campo da educação não formal, como é o caso de biólogos, psicólogos, lide-
ranças e agentes de desenvolvimento regional, extensionistas e ambientalistas. 
O fato dessa segunda parte da obra levar em consideração a complexi-
dade inerente aos problemas ambientais, tomando por base o pensamento 
de Edgar Morin, nos dá mais uma evidência da necessidade de se mudar o 
paradigma que vem orientando as pesquisas acadêmicas nos mais diversos 
campos, incluindo a educação e a educação ambiental.
O livro Educação e meio ambiente procura romper o paradigma da repro-
dução de princípios e valores da economia insustentável na educação, buscan-
do, para tanto, difundir conceitos que auxiliem na educação dos sistemas para 
e pela sustentabilidade, visando, por meio da educação ambiental, à difusão 
da educação cidadã, rica em valores de desenvolvimento e dignidade.
Ana Cristina Gipiela Pienta1
Vívian de Camargo Bastos2 
1 Especialista em Organização do Trabalho Pedagógico pela UFPR e Mestre em Educação pela Pon-
tifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Desde 1995, trabalha como professora e pedagoga 
na Rede Municipal de Ensino de Curitiba e no ensino superior, orientando e acompanhando o estágio 
supervisionado em cursos de pedagogia. Além disso, é coordenadora do Curso de Pedagogia da 
Fael, na modalidade a distância.
2 Graduada em Processamento de Dados pela UEPG e em Formação Pedagógica pela UTFPR. É, 
também, Especialista em Educação a Distância pela Fael. Atualmente, atua como coordenadora do 
Núcleo de Educação a Distância, na Fael.
Sumário
Projetos Pedagógicos em Educação Ambiental | 7
1 Educação ambiental: definição e emergência do tema | 15
2 Desafios da educação ambiental na 
sociedade do conhecimento | 25
3 A inclusão da educação ambiental na escola básica | 35
4 A transversalidade na educação ambiental | 49
5 A superação da dicotomia teoria e prática 
na educação ambiental | 59
6 A educação ambiental e a formação de professores | 69
7 Os desafios de uma educação ambiental 
crítica nas escolas | 81
8 Elaboração e análise de projetos em educação ambiental | 93
9 Práticas e ações na educação ambiental | 105
 Referências | 12 1
 Políticas Públicas e Iniciativas da 
Sociedade Civil em Educação Ambiental | 131
1 Visão unidimensional de desenvolvimento e 
necessidade de legislação ambiental | 139
2 Tratados, conferências, convenções e 
acordos internacionais | 161
3 ONGs e a luta pela preservação ambiental | 183
4 Sociedade civil: sociedades sustentáveis 
e responsabilidade global | 201
5 Carta das Responsabilidades Humanas | 213
6 Redes de educação ambiental | 229
7 Políticas de fomento: necessidades e compromissos | 241
8 Educação, meio ambiente e interdisciplinaridade | 251
 Referências | 261
Projetos Pedagógicos 
 em Educação 
 Ambiental
Francisco Carlos Pierin Mendes
Prefácio
“Nunca um acontecimento, um fato, um feito, um 
livro têm por trás de si uma única razão de ser.” 
Paulo Freire
Recorri às palavras do mestre Paulo Freire, para iniciar a 
apresentação do texto de Francisco Carlos Pierin Mendes, com o 
objetivo de ressaltar a importância de uma obra como esta, que 
carrega inúmeros sentidos, várias razões de ser. Primeiro, por toda 
a dedicação e incansável espírito investigativo-científico do autor, 
depois, pela necessidade de referências sobre o tema, que é bastante 
atual e carente de discussões científicas e compromissadas. 
Sabemos que são muitos os desafios ambientais da atualidade, 
assunto abordado já nos primeiros capítulos, sabemos também que 
este tema é recorrente na mídia, pois a todo momento somos bom-
bardeados com notícias e informações sobre os desastres ambien-
tais, efeito estufa, aquecimento global, entre outros. Contudo, cabe 
ressaltar que conhecimento é diferente de informação. Recebemos 
– 12 –
Educação e Meio Ambiente
muitas informações da mídia, mas conhecimento requer estudo, investigação 
científica, compromisso ético, e somente um estudo sério como o texto “Pro-
jetos pedagógicos em educação ambiental” pode apresentar esses elementos. 
O texto de Francisco vem preencher uma importante lacuna, ao discu-
tir a inclusão da educação ambiental na escola básica, bem como destacar a 
necessária superação da dicotomia entre teoria e prática na educação ambien-
tal. Essa é mais uma razão de ser desta obra, que não se serve de discursos 
fatalistas ou informações mirabolantes, como vemos muitas vezes preconi-
zados pela mídia, ao destacar os temas afins, mas uma obra que propõe uma 
pedagogia ambiental em que teoria e prática se complementam num exercício 
libertador, que se conjuga com práticas socioculturais, com vínculos interati-
vos entre os conteúdos escolares e a ação na sociedade. 
Outro importante sentido deste texto, que merece destaque, é quanto a 
apresentação de alternativas, projetos, práticas e ações fundamentadas para a 
formação pedagógica, necessária para a construção do conhecimento em sala 
de aula e para a união da teoria com a prática dos educadores em contextos 
educativos, tornando a educação ambiental, de fato, um processo educativo. 
Dessa forma, só posso desejar que todos, ao lerem esta obra, tirem o 
máximo proveito dela, incorporando as aprendizagens ao seu contexto, pois 
só assim teremos condições de contruir um outro mundo possível, no que diz 
respeito às questões ambientais. 
Ana Maria Soek*
* É Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dedica-se à educação a 
distância e de pessoas adultas. Trabalha com formação de professores, é autora e editora de 
livros didático-pedagógicos.
Apresentação 
O texto “Projetos pedagógicos em educação ambiental” 
oferece ao leitor uma oportunidade de repensar o trabalho com a 
temática ambiental no ensino fundamental e na educação infantil.
Busca-se, com esse material, a superação da dicotomia teo-
ria e prática – presente em muitos materiais utilizados no trabalho 
escolar –, o que ocorrerá por meio de ações diferenciadas, em que os 
conceitos específicos articulam-se dentro de propostas de transver-
salidade e interdisciplinaridade.
A inclusão da discussão ambiental na escola básica e no seu 
entorno apresenta-se como elemento fundamental para a constru-
ção de um novo paradigma, que contemple as aspirações popula-
res de melhor qualidade de vida socioeconômica e de um mundo 
ambientalmente sadio. É necessário superar a visão arrogante e pre-
potente que torna o homem cego ao óbvio, pois os recursos são 
finitos e limitados.
– 14 –
Educação e Meio Ambiente
Esse trabalho de conscientização da necessidade de preservação e desen-
volvimento sustentável deve começar na escola básica, com o tema educação 
ambiental sendo abordado em todos os níveis de ensino.
Para que possamos atender a esses anseios, também será abordada a 
importância dos processos de formação dos professores, em que práticas 
metodológicas diferenciadas devem assegurar o conhecimento dos conteúdos 
específicos da temática. Os docentes devem ter atitude, reflexão e domínio de 
procedimentos que favoreçam a pesquisa sobre os complexos temas ambien-
tais, o que ressalta a necessidade de uma formação continuada. 
Serão apresentados elementos que permitirão a elaboração de projetos 
na educação ambiental, atendendo os educadores numa perspectiva crítica, 
na qual a conexão entre as questões culturais, políticas, econômicas, sociais, 
religiosas, estéticas, entre outras, sejam contempladas.
Esses projetos devem considerar propostas de ampliação do conheci-
mento através de ações interdisciplinares e com a participação da comuni-
dade, buscando, permanentemente, soluções para os problemas ambientais.
Espera-se que, após a reflexão de todos os assuntos abordados, seja com-
preendida a importância do trabalho com a educaçãoambiental nas escolas, 
valorizando os projetos como importantes ferramentas que podem contribuir 
para a melhoria da prática pedagógica.
O autor.*
* Francisco Carlos Pierin Mendes é Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR). Atua na rede pública de ensino e é professor do curso de Pedagogia da Fael, nas modalida-
des presencial e a distância. 
1
Educação ambiental: 
 definição e 
emergência do tema
Desde o início da civilização, o homem, nas diferentes épocas 
históricas, buscou acumular riquezas utilizando os recursos naturais 
à sua volta. Quando esses rareavam, empreendia luta na tentativa de 
encontrar mais e melhores recursos em outras regiões, assegurando 
as condições de sobrevivência de seu grupo. Assim, travou guer-
ras hegemônicas, montou grandes expedições, submetendo povos e 
seus recursos naturais à sua ganância e exploração.
A forma arrogante e prepotente com que tratava o seu meio 
tornava-o cego ao óbvio: “os recursos ambientais são finitos, limitados 
e estão dinamicamente inter-relacionados” (PEDRINI, 1997, p. 21).
– 16 –
Educação e Meio Ambiente
Na tentativa de reverter essa situação, o homem percebe a necessidade 
de discutir seu modelo de desenvolvimento econômico e social e suas impli-
cações ambientais. Cria leis, normas, acordos globais, e outros instrumentos 
que visam conscientizar a sociedade sobre a importância de se preservar o 
patrimônio natural do planeta.
Nesse contexto, apresenta-se a educação ambiental como uma dimensão 
do processo educativo voltada para a participação de seus atores, educandos 
e educadores, na construção de um novo paradigma que contemple as as-
pirações populares de melhor qualidade de vida socioeconômica e mundo 
ambientalmente sadio (GUIMARÃES, 1995).
Para compreender esse processo, é fundamental recordar o surgimento 
da educação ambiental no Brasil e no mundo.
1.1 A emergência internacional 
da temática ambiental
A educação ambiental, assim como outros assuntos referentes ao meio 
ambiente, não pode ser abordada apenas na dimensão local. O ambiente é 
compartilhado por diferentes povos e nações, por exemplo, um lençol freático 
contaminado em um bairro ou cidade pode originar um riacho em outra 
localidade, expandindo assim a contaminação, ou uma indústria que libere 
resíduos líquidos contaminados nos rios, pode contribuir para alterar as 
condições de solo, qualidade da água em regiões distantes, trazendo prejuízos 
à comunidade.
A abrangência internacional da degradação do meio ambiente, em 
determinadas regiões, vem afetando grandes massas populacionais de dife-
rentes setores da sociedade. As fronteiras não são fatores de contenção para a 
poluição atmosférica.
No século XIX, quando as questões ambientais não eram preocupação 
da população e dos governos, alguns já denunciavam a devastação e a destrui-
ção do planeta. Como exemplo clássico, podemos citar o cacique indígena 
norte-americano Seattle, que previu intuitivamente problemas ambientais 
que seriam enfrentados pela sociedade moderna, cuja causa principal seria a 
ação desordenada do homem sobre a Terra.
– 17 –
Educação ambiental: definição e emergência do tema 
Raquel Carson também denuncia a desatenção com o meio ambiente 
em sua obra Primavera silenciosa (1962), clássico da história do ambienta-
lismo mundial, em que levanta a questão da prática de alguns países de cres-
cer às custas dos recursos naturais de países subdesenvolvidos e pobres.
No século XX, percebeu-se o início de uma preocupação maior da socie-
dade com o equilíbrio ambiental, pois diferentes eventos marcaram passos 
relevantes na trajetória da EA1 contemporânea, como a Conferência das 
Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (1972), marco 
inicial de interesse pela educação ambiental. Ao mesmo tempo, o Clube de 
Roma publicava importante documento baseado no crescimento demográ-
fico e na exploração dos recursos naturais, falando sobre um possível colapso 
da humanidade (PEDRINI, 2002).
Na sequência, aconteceu o Encontro de Belgrado (ex-Iugoslávia), em 
1975, que gerou A Carta de Belgrado (1994), com a participação de 65 
países. Esse documento, dentro de uma nova ética planetária, buscou pro-
mover a erradicação da pobreza, do analfabetismo, da fome, da poluição, 
da exploração e da dominação humana. Além disso, condenou o desenvol-
vimento de uma nação às custas de outra e sugeriu a criação do Programa 
Mundial de Educação Ambiental. Assim, a Unesco criou o Programa Inter-
nacional de Educação Ambiental (PIEA), com importantes publicações em 
diversos idiomas.
A Unesco promoveu, então, uma segunda reunião, a mais marcante de 
todas, que revolucionou a EA: a Primeira Conferência Intergovernamental 
sobre Educação Ambiental, realizada em Tbilisi (Geórgia), de 14 a 26 de 
outubro de 1977. Nessa conferência, funções, princípios e recomendações 
para a educação ambiental foram apresentados (DIAS, 2000). Pedrini (2002, 
p. 28) ressalta alguns pontos fundamentais dessa conferência:
Deveria a EA basear-se na ciência e na tecnologia para a 
consciência e adequada apreensão dos problemas ambien-
tais, fomentando uma nova conduta quanto à utilização dos 
recursos ambientais. Deveria se dirigir tanto pela educação 
formal como informal a pessoas de todas as idades. E, tam-
bém despertar o indivíduo a participar ativamente na solu-
ção de problemas ambientais em seu cotidiano. Teria que ser 
1 EA: educação ambiental.
– 18 –
Educação e Meio Ambiente
permanente, global e sustentada numa base interdisciplinar, 
demonstrando a dependência entre as comunidades nacio-
nais, estimulando a solidariedade entre os povos da Terra.
Pode-se dizer que são recomendações, princípios, que primam pela 
união entre as nações, um esforço comum na busca por resolver as questões 
ambientais, tendo na EA um dos principais fatores que poderiam determinar 
um desenvolvimento igualitário entre os países.
Em 1987, ocorreu em Moscou a terceira conferência, com trezentos 
educadores de cem países, que avaliaram o desenvolvimento da EA desde a 
Conferência de Tbilisi, reforçando seus princípios já consagrados e determinando 
uma reorientação do processo educacional. Nesse encontro, foram apontadas 
metas de ação para a década de 90 do século XX, que resumidamente seriam: 
desenvolvimento de um modelo curricular; intercâmbio de informações; 
desenvolvimento de recursos instrucionais; promoção de avaliações de 
currículos; capacitação de docentes e licenciados em EA; melhora nas mensagens 
ambientais veiculadas pela mídia ao grande público, entre outras.
No Rio de Janeiro, em 1992, aconteceu a Conferência das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também denominada de 
Conferência de Cúpula da Terra, que reuniu 103 chefes de estado e 182 países. 
Essa conferência aprovou acordos internacionais oficiais, como a Declaração 
do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21 e os meios para sua 
implementação, Declaração de Florestas, Convenção-Quadro sobre Mudanças 
Climáticas e Convenção sobre Diversidade Biológica. Paralelamente, o governo 
brasileiro aprovou um documento denominado Carta Brasileira para a Educação 
Ambiental, que enfoca o estado, em particular as instâncias educacionais 
como Ministério da Educação (MEC) e Conselho de Reitores, determinando 
implementação imediata da educação ambiental em todos os níveis.
Nessa conferência, participaram ONGs e a sociedade civil – todas as 
matizes ideológicas e credos –, debatendo questões ambientais e produzindo 
documentos importantes como o Tratado de Educação Ambiental para Socie-
dades Sustentáveis e de Responsabilidade Global.
Em Cape Town, África do Sul, em 2002, dez anos após a Conferência 
Mundial de Meio Ambiente (Rio 92), a Agenda 21 buscou sua chancela e 
tomou novos rumos, consagrando-se nos espaços político-governamentais.– 19 –
Educação ambiental: definição e emergência do tema 
O mundo aguardava com grande expectativa a Conferência sobre 
Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP 15), realizada em dezembro 
de 2009, em Copenhague, que contou com a participação de delegações dos 
193 países e muitos chefes de estado. Porém, os resultados não confirmaram 
as expectativas. Acordos preliminares são assinados sem discussão e aprovação 
em plenária, determinando a implantação de metas modestas para emissão 
de gases responsáveis por prováveis mudanças climáticas no planeta. Pode-
se dizer que ocorreu um pequeno avanço, no entanto, ficou em aberto o 
espaço para discussões futuras, reafirmando a necessidade de acordos 
mais consistentes com a participação de todos os países, principalmente 
os desenvolvidos.
 Saiba mais
Nas discussões sobre a educação ambiental, um documento 
que merece uma atenção especial é a Carta da Terra, publi-
cada em março de 2000, que nasce da colaboração do Con-
selho da Terra – constituído a partir da Rio 92 – com a Cruz 
Verde Internacional, com representantes de vários países. 
Procure fazer a leitura desse documento, ele significa a ruptura 
cultural epistemológica com o antropocentrismo e alerta sobre 
a importância de todos os seres sobre a Terra (FERRERO; 
HOLLAND, 2004).
Para Pedrini (2002), as conferências são importantes fontes de 
consulta para a prática da EA, não tanto pelas suas contradições e 
pressupostos políticos, alguns claramente neoliberais, mas pelos avanços 
técnicos apresentados nos pressupostos pedagógicos arrolados. Diferentes 
publicações disseminam experiências inovadoras do Terceiro Mundo, 
relatam resultados de eventos em várias partes do planeta, contribuindo para 
o avanço nas discussões.
No Brasil, simultaneamente às conferências, discussões contribuem para 
o desenvolvimento de políticas com a perspectiva de melhorar as condições 
ambientais do País.
– 20 –
Educação e Meio Ambiente
1.2 Educação ambiental no Brasil
No Brasil, a educação ambiental se fez tardiamente, teve início na década 
de 70 do século XX, coincidindo com o período de início das conferências a 
nível mundial. Conforme a opinião de muitos pesquisadores, a EA encontra-
va-se em estágio embrionário, isto porque em um país periférico as inovações 
tendem a chegar com atraso em relação aos países centrais. O atraso no início 
da discussão ambiental também é justificado pela situação política vivenciada 
no País, pois nesse período o regime autoritário comandava as ações.
Em um breve olhar para o passado, constata-se que o debate ambiental 
se instaurou no País sob a égide do regime militar, nos anos 70 do século XX, 
muito mais pela força de pressões internacionais do que por movimentos sociais 
de cunho ambiental nacionalmente consolidados (LOUREIRO, 2004). No 
entanto, com a abertura política, algumas ações, projetos e programas passam 
a ser desenvolvidos, garantindo a inclusão do tema na Constituição de 1988.
O ambientalismo ganha caráter público e social efetivo no Brasil apenas 
no final da década de 80 do século passado, quando começam a surgir, mais 
intensamente, trabalhos acadêmicos abordando a temática, paralelos ao en-
volvimento maior da sociedade nessa questão, tendo em vista um processo de 
abertura política.
Com a Conferência para Desenvolvimento e Meio Ambiente do Rio de 
Janeiro, também conhecida como Eco 92, a EA se estabelece perante a sociedade 
brasileira como uma demanda institucional, determinando o desenvolvimento de 
muitos projetos. A expressão educação ambiental se massifica, porém, seu con-
ceito ainda não é muito claro entre os educadores e a população em geral, sendo 
muitas vezes confundido com o ensino de ecologia (GUIMARÃES, 1995).
Diferentes relatórios apontam como um dos principais problemas que 
determinaram a precariedade da educação ambiental como política pública, 
o fato de não ter sido tratada como parte da área de educação e sim como de 
meio ambiente. Essa falta de percepção da EA
como processo educativo, reflexo de um movimento histórico, pro-
duziu uma prática descontextualizada, voltada para a solução de 
problemas de ordem física do ambiente, incapaz de discutir ques-
tões sociais e categorias teóricas centrais da educação (LOUREIRO, 
2004, p. 81).
– 21 –
Educação ambiental: definição e emergência do tema 
Na década de 90 do século XX, pela mobilização social em decorrência 
da Rio 92 ou pelo alcance global das questões ambientais, o Governo Fede-
ral, por meio do Ministério da Educação e do Ministério do Meio Ambiente, 
produziu importantes documentos, como o Programa Nacional de Educa-
ção Ambiental (1994), que definiu algumas linhas de ação para a temática 
ambiental: inclusão da educação ambiental no ensino formal; educação no 
processo de gestão ambiental; realização de campanhas específicas de EA; 
busca de cooperação com os meios de comunicação e com os comunicadores 
sociais; articulação e integração das comunidades e articulação intra e inte-
rinstitucional; criação de um rede de centros de educação ambiental, entre 
outras (BRASIL, 2003, p. 9).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 
n. 9.394/96), no Artigo 36, inciso I, prevê a EA como conteúdo curricular 
da educação básica a ser ministrada de forma multidisciplinar e integrada em 
todos os níveis. Ela é o único dispositivo legal que prevê a inclusão da temática 
na área de educação, e isto pode ser considerado um avanço.
Em 1997, com base na LDBEN, são produzidos e lançados os Parâ-
metros Curriculares Nacionais. Esse documento definiu temas de relevância 
social, urgência e universalidade, tratados transversalmente e com eixos defi-
nidos nas disciplinas, além disso, constituiu avanço significativo ao determi-
nar que a temática ambiental seja inserida não como disciplina, e sim como 
elemento a ser abordado em diversas áreas do conhecimento.
Em 27 de abril de 1999, a Lei n. 9.795 (BRASIL, 1999), que dispõe 
sobre a educação ambiental, foi sancionada, instituindo a Política Nacional 
de Educação Ambiental e outras providências. Entre elas podemos destacar 
a definição de EA como componente essencial e permanente da educação 
nacional, seus princípios – com enfoque humanista, holístico, democrático 
e participativo – e os objetivos, visando o desenvolvimento de uma compre-
ensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações.
Regulamentando a lei, temos o Decreto n. 4.281, de 25 de junho 
de 2002, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e cria o 
órgão gestor da política, dirigido pelos Ministérios da Educação e do Meio 
Ambiente, com assessoramento de diferentes entidades ligadas à sociedade 
organizada (BRASIL, 2002).
– 22 –
Educação e Meio Ambiente
Para Loureiro (2004), apesar da mobilização dos educadores ambientais 
e da aprovação da lei que define sua política nacional, a educação ambiental 
ainda não se consolidou como política pública de caráter democrático, 
universal e includente. No entanto, a construção de espaços de diálogo que 
envolvem redes, universidades e os Ministérios do Meio Ambiente e da 
Educação, constituem avanços nas políticas de EA.
Esse breve relato do percurso da EA permite conhecer um pouco da sua 
história, construída, principalmente, com base nas conferências, marcadas 
pela contradição, visto os diferentes interesses econômicos e de mercado que 
permeiam a temática ambiental.
1.3 O que é a educação ambiental?
Para que possamos compreender melhor como está sendo construída a 
temática educação ambiental no contexto atual e, principalmente, no Brasil, 
recorremos a alguns autores que abordam o tema em livros e artigos acadê-
micos. Essa definição se apresenta como elemento fundamental para com-
preender a inclusão da EA na escola e nas diferentes modalidades de ensino.
Entre as muitas definições apresentadas,pode-se dizer que a de Tbilisi (1977) 
significa um marco no desenvolvimento da EA. Pois apresenta a EA como
um processo de reconhecimento de valores e clarificação de 
conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e 
modificando atitudes em relação ao meio, para entender e 
apreciar as inter-relações entre humanos, suas culturas e seus 
meios biofísicos. A educação ambiental também está relacio-
nada à prática das tomadas de decisão e a ética que condu-
zem para a melhoria na qualidade de vida (CONFERÊNCIA 
INTERGOVERNAMENTAL DE TBILISI apud SATO, 
2003, p. 23).
Esses princípios, estratégias e objetivos são definidos em Tbilisi, conforme 
consta no Programa Parâmetros em Ação Meio Ambiente na Escola:
[...] uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educa-
ção, orientada para a resolução dos problemas concretos do 
meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de 
uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da 
coletividade (BRASIL, 2001, p. 13).
– 23 –
Educação ambiental: definição e emergência do tema 
Essa conferência apresentou a educação ambiental como fator primor-
dial para que a riqueza e o desenvolvimento dos países sejam atingidos igua-
litariamente. Ainda, determinou que a EA deve ser abordada pela educação 
formal e informal, procurando atingir pessoas de todas as idades, despertando 
o indivíduo a participar ativamente da solução de problemas ambientais de 
seu cotidiano (PEDRINI, 1997).
Outra definição importante está presente na Lei n. 9.795, que dispõe so-
bre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental:
Art. 1º. Entendem-se por educação ambiental os processos 
por meio dos quais o indivíduos e a coletividade constroem 
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e com-
petências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem 
de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e 
sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).
Existem diferentes definições atribuídas à educação ambiental, porém, a sua 
inclusão na escola ainda se apresenta como um grande desafio aos educadores.
A historicidade da educação ambiental no Brasil apresentada no texto 
nos diz que, apesar de ser considerada um assunto recente no meio educativo 
e na sociedade civil, já se consolidou como campo de estudo sistematizado e 
de grande importância nas discussões ambientais no país.
 Da teoria para a prática
“Nós somos a Terra, gente, planta e animais; somos chuva e 
ocea nos. Honramos a Terra que é o lugar dos seres vivos. 
Apreciamos a beleza da Terra e sua diversidade de vida” 
(CARTA DA TERRA apud SATO, 2003, p. 57).
O professor pode conversar com seus alunos sobre as ques-
tões citadas acima, se o homem realmente vem respeitando a 
Terra. Na sequência, pode trabalhar alguns princípios da Carta 
da Terra, como: respeito e cuidado com a comunidade da 
vida e integridade ecológica. Isso pode ser feito por meio de 
dinâmicas que permitam a participação dos alunos, como dra-
matizações, teatro, entre outras.
– 24 –
Educação e Meio Ambiente
Síntese
Neste capítulo refletimos sobre a degradação ambiental que ocorre em 
todos os continentes, sobre como os problemas ambientais criados por um 
país distante interferem diretamente em regiões próximas, determinando o 
caráter global das questões ambientais.
Conhecemos aspectos que determinaram a emergência internacional do 
estudo da EA e também o surgimento da temática no Brasil, a partir da aber-
tura democrática e da participação do país em importantes conferências sobre 
o tema, culminando com a organização da Rio 92.
As conferências criadas pela comunidade internacional se apresentam 
como espaços importantes para a discussão dos problemas ambientais e para a 
tomada de decisões coletivas, visto a abrangência do assunto.
Por meio dessas reflexões, procurou-se definir a educação ambiental no 
contexto brasileiro, como processos coletivos e individuais, ações, habilida-
des, atitudes e conhecimentos voltados à conservação do meio ambiente e à 
melhoria nas condições de vida da população.
Podemos dizer, ainda, que a educação ambiental se apresenta como um 
campo de estudo que jamais estará pronto, quanto à sua forma ou seu conte-
údo. No entanto, pesquisadores estarão à procura de caminhos para atender 
às reais necessidades da temática, de forma a torná-la mais eficiente na sua 
missão de contribuir para a melhoria das questões ambientais do planeta.
Glossário
 2 Antropocentrismo: Relativo a antropocêntrico, concepção que 
considera que a humanidade deve permanecer no centro do enten-
dimento dos humanos, isto é, o universo deve ser avaliado de 
acordo com a sua relação com o homem. É normal se pensar na 
ideia de “o homem no centro das atenções”.
 2 Epistemológica: Relativo à epistemologia, que estuda a origem, a 
estrutura, os métodos e a validade do conhecimento. 
2
Desafios da educação 
ambiental na sociedade 
do conhecimento
Neste capítulo tem-se a intenção de discutir a educação 
ambiental no mundo contemporâneo, os seus desafios e a necessi-
dade de respeitar às diversidades cultural, social e biológica.
Tristão (2002) apresenta alguns desafios que podem con-
tribuir para que a educação ambiental realmente tenha significado 
nessa sociedade que valoriza o conhecimento, as informações e as 
novas tecnologias.
Aliado a isso, discutiremos a contribuição das novas tecnolo-
gias e seus efeitos sobre a complexa estrutura ambiental do planeta.
– 26 –
Educação e Meio Ambiente
2.1 O desafio
A educação ambiental, entendida como uma prática transformadora, 
comprometida com a formação de cidadãos críticos e corresponsáveis por 
um desenvolvimento que respeite o ambiente e as diferentes formas de vida, 
enfrenta muitos desafios neste início de século (TRISTÃO, 2002).
O momento pede uma articulação de princípios teóricos que funda-
mentam a educação ambiental com o pensamento contemporâneo. “O res-
peito às diversidades cultural, social e biológica é o fio condutor das rela-
ções estabelecidas com o contexto contemporâneo.” (TRISTÃO, 2002, p. 
169). Vivenciamos uma nova fase, outra realidade, que o autor denomina 
de pós-modernidade ou modernidade tardia, em que uma ruptura com a 
racionalidade instrumental – levando a um saber pertinente e significativo, 
ou melhor, capaz de contextualizar a informação incluindo-a no contexto 
global – se faz necessária.
Nesse contexto, vemos a possibilidade de articulação entre diferentes 
dimensões. Religar o que parece disjunto é o grande desafio da educação 
ambiental, sendo viável apenas com a desconstrução da lógica de uma única 
dimensão, não sendo possível uma única base conceitual para lidar com as 
diferenças e antagonismos.
A complexidade ambiental vem ao encontro do que está sendo discu-
tido, o seu entendimento só ocorre a partir do conceito de diversas discipli-
nas, é tecido a partir da convivência, do diálogo inter, trans e pluridisciplinar 
(ARDOINO apud TRISTÃO, 2002).
Percebe-se que os conceitos que contribuem para discutir os desafios 
da educação ambiental extrapolam o limite das disciplinas, são transversais, 
multirreferenciais.
Com o objetivo de desvendar os desafios da educação ambiental na 
sociedade contemporânea, Tristão (2002) pontua brevemente alguns deles.
2.1.1 Enfrentar a multiplicidade de visões
A educação é uma área de interseção de múltiplos saberes, sendo impos-
sível pensar a educação ambiental através da metáfora da árvore do conheci-
– 27 –
Desafios da educação ambiental na sociedade do conhecimento
mento, em que temos um tronco comum irradiando os galhos das diferentes 
“especializações” (GALLO, 1999).
O pensamento e o conhecimento não podem ser pensados de maneira 
linear e hierarquizada como a metáfora propõe. Apesar da origem comum, 
vários campos devem se integrar visando à articulaçãodos saberes, a multi-
plicidade de visões.
Outra metáfora, chamada de rizoma, é apresentada pelo autor com base 
nos trabalhos de Deleuze e Guattari (1996), em que a dimensão ambiental 
está associada a todas as dimensões humanas, cujos conceitos estão entre-
laçados, interligados, articulados, permitindo possíveis trânsitos de múlti- 
plos saberes.
Assim, o professor deve estar preparado para trabalhar com a diversidade 
de visões, saber fazer a conexão entre as culturas. É importante que a educa-
ção ambiental respeite a diversidade social, cultural e biológica e, através da 
escola, procure passar da simples transmissão do conhecimento para o estabe-
lecimento de uma comunicação crítica, criadora de um sistema imaginativo e 
transformador da cultura e do ser humano.
2.1.2 Superar a visão do especialista
A especialização contribuiu muito para o desenvolvimento das ciên-
cias, inúmeros foram os benefícios com a fragmentação, o aprofunda-
mento, a exploração e a experimentação do conhecimento. Como con-
sequência, essa lógica se estendeu para a sociedade e para as relações 
humanas, determinando uma dificuldade em adotar uma abordagem 
multidisciplinar.
Essa concepção que fraciona, separa os problemas em uma única dimen-
são, impossibilita a reflexão multidimensional e a capacidade de compreensão a 
longo prazo, pois o especialista pensa apenas no imediato.
Ao contrário dessa postura, professores que irão trabalhar com a edu-
cação ambiental devem ousar e buscar romper as barreiras conceituais que 
existem entre as disciplinas, “visando a constituição de um conhecimento 
que compreenda a interação entre diferentes fenômenos da realidade, além 
– 28 –
Educação e Meio Ambiente
de buscar os exercícios de práticas coletivas mais flexíveis e vivenciais” (TRIS-
TÃO, 2002, p. 175).
Essa visão de especialista poderá ser superada também com uma abordagem 
interdisciplinar, muito falada na educação ambiental, com coo peração, interação 
e inter-relacionamento explícito entre as disciplinas.
Porém, é difícil falar da interdisciplinaridade como proposta para supe-
ração da visão do especialista, se considerarmos que a estrutura de currículo 
presente na maioria das escolas não apresenta articulação entre as discipli-
nas. Ações ditas interdisciplinares não passam de projetos multidisciplinares 
(TRISTÃO, 2002).
Disciplinas como as ciências naturais e a geografia têm afinidade de con-
teúdos, pois abordam questões ambientais. No entanto, a inserção dos conte-
údos ocorre por meio de exercícios multidisciplinares, acontecendo, às vezes, 
uma certa cooperação entre as disciplinas.
Desmontar tudo que foi construído pelas disciplinas e acabar 
com todas as barreiras pressupõe uma mudança radical, que 
não acontece rapidamente. [...] a interdisciplinaridade pode 
propiciar uma organicidade, encarando as disciplinas como 
abertas ou fechadas, ao mesmo tempo rompendo aos poucos 
a concepção parcelada de conhecimento (TRISTÃO, 2002, 
p. 175).
Destruir essas barreiras contribui para que a educação ambiental passe a 
ser abordada de forma interdisciplinar, superando assim a visão fragmentada 
e descontextualizada do especialista.
2.1.3 Superar a pedagogia das certezas
A pedagogia foi marcada por um ideal de ciência objetivista, pelo estudo de 
um mundo-objeto, distante, externo do sujeito cognoscente1, que imprimiu 
à educação uma tecnificação sustentada por uma pseudoneutralidade 
da ciência, da certeza, que afasta os envolvidos da atitude reflexiva 
(TRISTÃO, 2002).
Diante disso, a importância da educação ambiental,
1 Cognoscente: sujeito capaz de adquirir conhecimento.
– 29 –
Desafios da educação ambiental na sociedade do conhecimento
que não se propõe apenas a ampliar o conteúdo do processo edu-
cativo inserindo mais um objeto denominado meio ambiente, mas 
implica rever os pressupostos epistemológicos da pedagogia moder-
na sustentada em uma razão instrumental, acrescentando a essa pe-
dagogia a compreensão de uma sociedade diferente, múltipla, hete-
rogênea, diversa e cheia de contradições (TRISTÃO, 2002, p. 177).
Para o autor, assimilar as incertezas traz grandes contribuições para uma 
nova prática no trabalho com a educação ambiental, já que esta, muitas vezes, 
está dominada por “verdades ecológicas”, ou mesmo por concepções de que a 
natureza é harmônica, como encontramos em documentos oficiais.
2.1.4 Superar a lógica da exclusão
A complexidade da sociedade moderna, aliada ao caráter integrador do 
tema meio ambiente, que permite por meio da teoria e da prática estudar as 
diferentes dimensões da sociedade, apresenta-se como grande desafio em um 
contexto muito mais amplo, a luta para superar a lógica da exclusão.
Em uma abordagem que valorize a sustentabilidade, propõe-se superar a 
lógica da exclusão através da eliminação das desigualdades entre classes, po-
vos e nações, abolindo a pobreza e procurando garantir um desenvolvimento 
satisfatório para todos.
Tristão (2002) faz referência às consequências provocadas pela 
globalização – apoiada em tecnologias da informação, sistemas de pesquisa e 
de desenvolvimento – como responsáveis pela reprodução de desigualdades 
sociais no Brasil e em outros países periféricos. A valorização da concepção 
econômica em detrimento da socioambiental é determinante para o aumento 
dessas desigualdades.
A sustentabilidade, enquanto concepção, deve superar a globalização, 
pois as necessidades de saúde, água de qualidade, ar puro e beleza natural são 
fundamentais para o bem-estar humano.
Aqui entra a questão da ética socioambiental como um conjunto 
de comportamentos significativos, envolvendo a sociedade como 
um todo. Ao contrário dessa postura, a globalização promove uma 
polarização entre países pobres e ricos. [...] essa falta de solidarie-
dade global exigida por este contexto exclui a maioria (TRISTÃO, 
2002, p. 181).
– 30 –
Educação e Meio Ambiente
Esse contexto global determina uma falta de solidariedade. Por um lado, 
ocorre uma pressão por uma padronização da economia, e por outro, a afir-
mação de uma cultura homogenizadora dos padrões de consumo, ocasionan-
do grandes problemas sociais, principalmente nos países mais pobres.
Assim, nos países centrais, ricos, o risco maior está na deteriorização dos 
recursos naturais pelo consumismo exagerado, enquanto que os pobres enfren-
tam outros tipos de riscos, como a exclusão dos serviços básicos de saúde, edu-
cação, saneamento e pobreza, fatores esses que determinam um aumento da 
pressão sobre a natureza (TRISTÃO, 2002).
A superação desse impasse não ocorrerá enquanto não sobrepujarmos 
essa visão dual de mundo e da vida, que sustenta todo o pensamento moder-
no (ASSMANN, 1998). A lógica racional exclui alguns sentimentos impor-
tantes, como a emoção e a intuição, fundamentais para estreitar os laços com 
a natureza e para se viver em solidariedade, determinando, assim, o compar-
tilhamento da insensibilidade em relação à lógica excludente.
Desse modo, faz-se necessária uma compreensão da correlação entre a pro-
blemática ambiental e social. Os problemas ambientais surgiram na ecologia, 
com base disciplinar na biologia, portanto, somente as ciências naturais se in-
teressaram pelo seu estudo, o que determina uma redução da sua abordagem.
Com o aumento da complexidade dos problemas ambientais, percebeu-
-se a necessidade de entrelaçar, de estabelecer uma relação de interdepen-
dência entre vários fenômenos, relacionando os estudos da natureza com a 
sociedade (TRISTÃO, 2002).
O trabalho dos educadores – buscando um ensino que inclua temas de 
significação social, como de uma educação ambiental que seja comprometida 
com a sustentabilidade socioambiental – é fundamental para superar a lógica 
da exclusão presente na sociedade moderna.
2.2 As novas tecnologias e a 
educação ambiental
A humanidade é a responsávelpor muitos dos avanços científicos ocorri-
dos nos últimos cinquenta anos. Nunca houve tantas alterações, modificações 
– 31 –
Desafios da educação ambiental na sociedade do conhecimento
e destruições na complexa estrutura ambiental do planeta, cujos reflexos po-
dem ser percebidos em qualquer parte do globo.
Para Leff (2002, p. 194), as transformações que determinaram a chamada 
crise ambiental foram produzidas pelo “desconhecimento do conhecimento”, 
quando produzem a falsa certeza de que todas as modificações e consequências 
desse processo sobre o ambiente podem ser resolvidas com a ajuda da tecnologia.
 Saiba mais
Considerado o pai da filosofia moderna, Descartes (1999) 
desenvolveu o método dedutivo, com inúmeras contribuições 
para a matemática. Esse método pode ser dividido em quatro 
fases: evidência, análise, síntese e remuneração.
Descartes tornou possível, assim, avanços significativos 
na ciência, porque possibilitou que os problemas fossem 
abordados a partir de suas partes.
Nesse contexto, faz-se necessária uma reapropriação do conhecimento, 
ou a aprendizagem de uma nova forma de viver, superando as concepções do 
paradigma cartesiano e buscando a construção de novo saber ambiental que 
“perpassa pela compreensão de que mais do que aprender informações sobre o 
ambiente precisa-se aprender/compreender como o conhecimento atua sobre o 
mesmo” (GOUVÊA, 2006, p. 4).
Assim, esse aprendizado, compreendendo como o conhecimento pode 
atuar sobre o ambiente, pode ser facilitado pelo uso de diferentes tecnologias 
da comunicação e da informação. Para Gouvêa (2006), a conscientização 
dos problemas ambientais ocorre pela divulgação das informações, e pela 
capacidade do indivíduo de transformar essas informações sobre as diferentes 
questões ambientais em conhecimentos.
Segundo Gadotti,
O desenvolvimento espetacular da informação, quer no que diz 
respeito às fontes, quer à capacidade de difusão, está gerando uma 
verdadeira revolução, que afeta não apenas a produção e o trabalho, 
mas principalmente a educação e a formação (2000, p. 33). 
– 32 –
Educação e Meio Ambiente
Essas novas tecnologias, que estão sendo incorporadas aos pro cessos edu-
cativos, permitem uma formação continuada, trocas de experiências bem-su-
cedidas e também uma reflexão sobre o conhecimento no mundo real.
 Saiba mais
Um texto importante para ampliar seu conhecimento em rela-
ção às tecnologias e sua importância na sociedade do conhe-
cimento é: “As novas tecnologias na educação ambiental: ins-
trumentos para mudar o jeito de ensinar e aprender na escola”, 
de Paulo Blikstein (2007). Disponível no link: <http://portal.
mec.gov.br/secad/CNIJMA/arquivos/educacao_ambiental/
novas_tecnologias.pdf>.
Além da informação, a comunicação ganha espaço nesse novo cenário, as 
diferentes linguagens facilitam a discussão. O conhecimento, que antes ficava 
restrito ao meio acadêmico, técnico, agora é veiculado pela mídia. Como 
resultado dessa democratização, temos uma reflexão maior, principalmente 
em relação aos problemas ambientais (GOUVÊA, 2006).
A internet se populariza, constituindo-se no grande canal de divulgação 
de informações textuais, músicas, filmes, mapas e outras informações varia-
das. O seu uso acarretou uma verdadeira revolução no tratamento de diferentes 
informações, permitindo interatividade e, principalmente, facilitando o acesso 
a diferentes informações em tempo real.
Assim, tratando-se da educação ambiental “o professor deve conseguir pro-
blematizar o saber ambiental apresentado no suporte digital, colocando-o em 
uma perspectiva onde os alunos possam se apropriar e utilizá-lo para a construção 
de atitudes ecológicas” (GOUVÊA, 2006, p. 64).
A tecnologia na escola não é só uma ferramenta. Alguns itens tecnológi-
cos deixam de ser complementos e se tornam parte integrante da nossa vida, 
como o computador, que dá sustentação a todas as nossas atividades, na sala 
ou fora dela. O grande impacto da tecnologia não é permitir apenas a pro-
cura de informações na internet ou a conversa com amigos pelas diferentes 
ferramentas de comunicação, mas, sim, usá-las para expressar seus interes-
– 33 –
Desafios da educação ambiental na sociedade do conhecimento
ses intelectuais e científicos, sua indignação com os problemas do mundo, 
como o meio ambiente, criando alternativas e artefatos para contribuir com a 
mudança desta realidade (BLIKSTEIN, 2007).
Pode-se dizer que o uso das novas tecnologias de comunicação com 
ênfase na educação ambiental representa um avanço, visto que, com a inte-
gração da informática e de outros meios, pode haver uma sensibilização e 
conhecimento dos ambientes e de seus problemas. Esse mundo virtual pode 
contribuir para a incorporação de conhecimentos ambientais que irão emba-
sar a discussão sobre o desenvolvimento de uma sociedade sustentável, respei-
tando o ambiente (RODRIGUES; COLESANTI, 2008).
Essas novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs) desem-
penham papel fundamental na construção de novas redes sociais e de ambien-
tes educacionais interativos, armazenando e disponibilizando informações 
em tempo real.
Nesse contexto, “o educador não pode estar à margem de todas as 
mudanças, uma vez que estas estão refletindo diretamente na escola” (GOU-
VÊA, 2006, p. 4). Deve inserir e discutir diferentes instrumentos que possi-
bilitem novas formas de trabalho, principalmente com a educação ambiental, 
dentro de princípios éticos, que contribuam para a solução de diferentes pro-
blemas ambientais.
Para Gouvêa (2006), essas tecnologias poderão contribuir para uma nova 
visão do mundo, respeitando as relações homem-natureza, suas interações, e 
visando a não destruição dos recursos naturais do planeta.
Finalmente, a introdução das tecnologias pode contribuir interligando 
novos saberes na busca por uma compreensão maior desta complexa rela-
ção entre homem-natureza-sociedade, dentro de um processo de autonomia, 
liberdade e respeito ao ambiente.
 Da teoria para a prática
O professor deve pensar em ações que possam ser desenvolvidas 
junto aos alunos, na perspectiva de diminuir os efeitos da tecnologia 
sobre o ambiente. Como exemplo, podemos citar a importância
– 34 –
Educação e Meio Ambiente
de reciclar as pilhas de celular, aparelhos eletrônicos que foram 
descartados, CDs, DVDs e outros materiais, diminuindo assim a 
contaminação do ambiente com perigosos resíduos.
Síntese
Neste capítulo, foi possível perceber alguns desafios enfrentados pela 
educação ambiental na busca por uma prática transformadora e comprome-
tida com a formação de cidadãos críticos, responsáveis e que busquem um 
desenvolvimento que respeite o ambiente e as diferentes formas de vida.
Como desafios a serem superados para que essa prática possa ser imple-
mentada, temos: o enfrentamento da multiplicidade de visões, a superação da 
visão do especialista, da pedagogia das certezas e da lógica da exclusão, o que 
pode ocorrer por meio da eliminação das desigualdades.
Observamos, também, a importância das novas tecnologias da informação 
e da comunicação como forma de conscientização acerca da busca de alternati-
vas para os problemas ambientais enfrentados pelo planeta
3
A inclusão da 
educação ambiental 
na escola básica
É consenso entre educadores que a temática meio ambiente 
deve estar presente na escola. Isso devido à gravidade da situação 
ambiental em todo o mundo e à necessidade de ações educacionais, 
que instrumentalizem as gerações futuras sobre o uso adequado dos 
recursos e sobre a preservação da natureza.
Assim, neste capítulo, após a justificativa da inclusão da 
educação ambiental nas escolas, faremos uma explanação dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais, volume específico sobre o meio 
ambiente, seus encaminhamentos e orientações quanto ao trabalho 
com a questãoambiental, além de uma reflexão sobre a Lei n. 9.795, 
que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental.
– 36 –
Educação e Meio Ambiente
3.1 O porquê da educação ambiental na escola
Desde o início do processo de concepção da educação ambiental, o 
debate estava centrado na sua caracterização como disciplina no ensino for-
mal. Porém, com o avanço nas discussões, a orientação é que ela faça parte 
de todas as outras disciplinas, como uma prática integrada. Essa questão é 
corroborada pela Lei n. 9.795 (BRASIL, 1999), que diz:
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma 
prática educativa integrada, contínua e permanente em todos 
os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1º. A educação ambiental não deve ser implantada como 
disciplina específica no currículo de ensino.
As escolas, em geral, restringem sua prática ambiental a projetos temáticos, 
que são desarticulados do currículo e que não permitem o diálogo entre as áreas 
de conhecimento. Frequentemente, são ações ou campanhas isoladas e próximas 
a datas comemorativas (BRASIL, 2001, p. 17).
As condições em que a prática em educação ambiental está sendo 
introduzida nas escolas podem ser resumidas em alguns itens (BRASIL, 
2001, p. 18):
 2 Não está institucionalizada nas secretarias de educação, percebe-se 
a ausência de articulação com as demais políticas educacionais.
 2 O profissional que irá trabalhar a temática possui formação ini-
cial deficitária, tradicional e fragmentada. Alimenta uma prática 
de ensino descontextualizada da realidade em que irá atuar e não 
contempla a educação ambiental.
 2 Os projetos não estão articulados ao projeto político-pedagógico 
da escola.
 2 Como área complexa que não se apresenta como disciplina espe-
cífica, depende de discussão e acesso a informações atualizadas, 
visando à apropriação do repertório de conceitos específicos 
da temática.
Podemos dizer que as lacunas apontadas necessitam ser preenchidas. 
Porém, é notório o crescente interesse pelas questões ambientais nas escolas 
– 37 –
A inclusão da educação ambiental na escola básica
brasileiras, mobilizando, muitas vezes, a comunidade escolar, que é um dos 
elementos que pode garantir o sucesso nas ações sobre o meio ambiente.
As tendências percebidas na educação refletem o pensamento da socie-
dade. Assim, podemos dizer que as transformações nos currículos e no sis-
tema educacional, de uma forma geral, refletem a preocupação social com a 
natureza e com o meio ambiente (BRASIL, 2001).
Referenciais empíricos abordam com muita propriedade a crise 
ambiental planetária da atualidade, seus sintomas figuram frequente-
mente em jornais, periódicos especializados e na mídia de uma forma geral 
(SOFFIATI, 2002). Um exemplo claro dessa situação é a questão das altera-
ções de ordem climática, que geram uma demanda de conhecimento sobre 
os efeitos que determinados gases emitidos em maior quantidade podem 
provocar sobre o planeta.
Pela gravidade da situação ambiental em todo o mundo, 
assim como no Brasil, já se tornou categórica a necessidade de 
implementar a EA para as novas gerações em idade de forma-
ção de valores e atitudes, como também para a população em 
geral, pela emergência da situação em que nos encontramos 
(GUIMARÃES, 1995, p. 15).
Em função dessa necessidade, é importante o papel da educação ambien-
tal alimentando a necessária integração do ser humano com o meio ambiente 
e possibilitando, por meio da aquisição de novos conhecimentos, atuarmos 
como cidadãos conscientes do processo de transformação ambiental que 
nosso planeta sofre, e as inúmeras consequências que isso acarreta.
Vivemos um momento muito favorável à institucionalização da educação 
ambiental nas escolas, que pode favorecer também a conquista de um espaço 
maior no currículo da educação básica. Não esquecendo que há muito a fazer 
para consolidar o trabalho com a temática ambiental, no sentido de formar 
alunos capazes de compreender as diferentes relações com o meio ambiente.
3.2 Educação ambiental na escola
Apesar de a temática ambiental ser amplamente divulgada e estar pre-
sente em um grande número de escolas, em que são desenvolvidos diferentes 
– 38 –
Educação e Meio Ambiente
projetos visando à conscientização da necessidade de preservação dos recursos 
naturais, podemos dizer que essa inclusão foi recente.
Esse processo teve início com o Decreto Federal n. 73.030 (BRASIL, 
1973), que criou a Secretaria Especial de Meio Ambiente. Essa secretaria, entre 
outras orientações, explicitava a necessidade de educação do povo brasileiro 
visando ao uso adequado dos recursos naturais, contribuindo, assim, para a 
conservação do meio ambiente.
A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei n. 6.938, de 
31 de agosto de 1981, em seu Artigo 2º, inciso X, determinava a necessidade 
de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino, procurando, 
também, incluir a comunidade neste processo, tendo como objetivo capacitá- 
la para participar ativamente na defesa do meio ambiente (BRASIL, 1981).
Percebe-se uma superficialidade no trato com a educação ambiental 
pela legislação brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDBEN n. 9.394/96), que organiza e orienta toda a questão educacional 
no país, faz poucas menções à questão ambiental. Apenas em seu Artigo 32, 
inciso II, diz que:
Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito 
anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por obje-
tivo a formação básica do cidadão, mediante:
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema 
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fun-
damenta a sociedade (BRASIL, 1996).
No artigo 26, parágrafo 1º, a Lei n. 9.394 fala que
[...] tanto no ensino fundamental como médio os currículos 
devem abranger os conhecimentos do mundo físico e natural, 
da realidade social e política do Brasil, faltando uma orienta-
ção específica para a abordagem ambiental (BRASIL, 1996).
Na tentativa de orientar o desenvolvimento do trabalho relacionado à 
educação ambiental, o MEC apresentou, em 1997, os Parâmetros Curriculares 
Nacionais. Esse documento orienta o trabalho pedagógico e aponta metas de 
qualidade que deveriam ajudar o aluno a enfrentar o mundo atual como cida-
dão participativo, reflexivo e autônomo. O volume 9 aborda especificamente 
as questões do meio ambiente.
– 39 –
A inclusão da educação ambiental na escola básica
3.3 Os Parâmetros Curriculares 
Nacionais e o meio ambiente
No volume dos PCN em que são discutidas, as questões ambientais são 
consideradas urgentes e fundamentais para o futuro da humanidade, futuro 
esse que depende das relações do homem com a natureza e com os recursos 
naturais disponíveis. A intenção do documento é discutir questões relativas 
ao meio em que vivemos, considerando os elementos físicos e biológicos e os 
diferentes modos de interação.
A primeira parte dos PCN aborda a questão ambiental a partir de 
um histórico dos modelos de desenvolvimento econômico e social em 
curso nas sociedades modernas. Também discorre sobre a importância da 
educação ambiental e apresenta os objetivos para o ensino fundamental.
Além disso, discute o desenvolvimento das sociedades, em que o 
homem, pelo avanço tecnológico, aumenta sua capacidade de intervir na 
natureza, buscando cada vez mais satisfazer seus desejos e necessidades cres-
centes, o que gera tensões e conflitos quanto ao uso dos recursos naturais.
Nesse contexto, o processo de industrialização dos últimos séculos, por 
meio do seu modo de produção e organização do trabalho, mecanização 
da agricultura – incluindo o uso intenso de agrotóxicos –, urbanização e 
processo de concentração populacional nas cidades, trouxe consequências 
indesejáveis ao ambiente, que se agravam com igual velocidade ao desen-volvimento tecnológico.
Para alguns, os problemas decorrentes do desenvolvimento tecnológico, 
econômico e social podem ser resolvidos pela comunidade científica, pois 
confiam “na capacidade da humanidade produzir novas soluções tecnológicas 
e econômicas a cada etapa, em resposta a cada problema que surge, perma-
necendo basicamente no mesmo paradigma civilizatório dos últimos séculos” 
(BRASIL, 1997b, p. 20).
Já para outros, a questão ambiental é como uma síntese dos impasses que 
o atual modelo de civilização acarreta, considerada como uma crise ambiental 
e não apenas como uma crise civilizatória, cuja superação exigirá mudanças 
profundas em concepções de mundo, de natureza, de poder e de bem-estar, 
determinando novos valores individuais e sociais, em que o homem não é 
mais o centro da natureza (BRASIL, 1997b).
– 40 –
Educação e Meio Ambiente
Há, ainda, os que pensam que o homem deveria perceber-se como parte 
integrante da natureza, resgatando a noção de sacralidade desta, presente em 
muitas culturas tradicionais, antigas e contemporâneas.
Percebe-se que tanto uns quanto outros reconhecem que a divisão, a 
fragmentação instituída pela ciência clássica ocidental para estudar essa reali-
dade ambiental, não é suficiente para a compreensão dos diferentes fenôme-
nos da natureza.
Essa complexidade da natureza exige uma abordagem diferenciada, em 
que os diferentes componentes devem ser vistos como parte de um todo, de 
um sistema maior, com correlações e interações com os demais componentes 
em seus diferentes aspectos.
Assim, a questão ambiental não deve ser vista apenas como um 
conjunto de temáticas relativas à proteção a vida, mas tam-
bém como ações que busquem além da melhoria do meio 
ambiente, um aumento da qualidade de vida das comunida-
des, se constituindo em tema de relevância mundial (BRA-
SIL, 1997b, p. 22).
No texto do documento, transparece a preocupação com os recursos na-
turais e culturais brasileiros. A forma como esses recursos vêm sendo tratados 
pela sociedade reforça a ideia da educação como elemento indispensável para 
a transformação da consciência ambiental.
Por meio da educação, segundo a orientação dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais, o tema meio ambiente deverá contribuir para a
formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atu-
arem na sociedade socioambiental de um modo comprome-
tido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade, 
local e global [...]. Devendo a escola trabalhar com atitudes, 
com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de 
habilidades e procedimentos (BRASIL, 1997b, p. 25).
Temas como proteção, preservação, conservação, recuperação e degrada-
ção devem se discutidos levando-se em consideração os diferentes contextos 
econômicos, sociais e culturais envolvidos.
Por outro lado, fatores físicos também devem ser valorizados, como as 
relações de trocas de energia, do uso dos recursos minerais e diversidade ani-
mal e vegetal.
– 41 –
A inclusão da educação ambiental na escola básica
Uma preocupação presente nas discussões sobre a educação ambiental 
diz respeito a alguns preconceitos e falsos dilemas, que visam desmobilizar e 
prejudicar propositalmente o trabalho com a temática. Muitas pessoas têm a 
visão de que a questão ambiental deve se restringir a discutir a preservação 
de ambientes intocados, o combate à poluição, entre outros exemplos, esque-
cendo as questões que envolvem saúde, cultura, energia.
Algumas pessoas pensam que os indivíduos que defendem o 
meio ambiente 
são pessoas radicais, privilegiadas que não necessitam trabalhar, po-
dendo ocupar-se apenas da defesa de animais em extinção ou são 
românticos, ingênuos, que acreditam na natureza boa, não per-
cebendo a dura realidade das necessidades econômicas (BRASIL, 
1997b, p. 36).
Essas posturas devem ser superadas pelo trabalho com o tema meio am-
biente, buscando construir no aluno uma consciência global das questões 
relativas ao ambiente, compreender os problemas que afetam a sua comuni-
dade e exercer sua participação nas diferentes instâncias que discutem o tema.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997b, p. 39) apresentam 
alguns objetivos para o trabalho com o tema meio ambiente no ensino 
fundamental:
• conhecer e compreender, de modo integrado e sistêmico, as 
noções básicas relacionadas ao meio ambiente;
• adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem 
a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis;
• observar e analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, 
de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades 
de atuar de modo reativo e propositivo para garantir um meio 
ambiente saudável e a boa qualidade de vida;
• perceber, em diversos fenômenos naturais, encadeamentos e relações 
de causa-efeito que condicionam a vida no espaço (geográfico) e no 
tempo (histórico), utilizando essa percepção para posicionar-se cri-
ticamente diante das condições ambientais de seu meio;
– 42 –
Educação e Meio Ambiente
• compreender a necessidade e dominar alguns procedimentos 
de conservação e manejo dos recursos naturais com os quais 
interagem, aplicando-os no dia a dia;
• perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural, 
adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do 
patrimônio natural, étnico e cultural;
• identificar-se como parte integrante da natureza, percebendo os 
processos pessoais como elementos fundamentais para uma atuação 
criativa, responsável e respeitosa em relação ao meio ambiente.
A segunda parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais é dirigida para os 
anos iniciais do ensino fundamental, com conteúdos, critérios de avaliação e 
orientações didáticas gerais.
A questão ambiental nos anos iniciais do ensino fundamental deve enfa-
tizar o desenvolvimento de valores, atitudes, posturas éticas e domínio de 
procedimentos, deixando os conceitos para as áreas disciplinares. O tema 
meio ambiente deve oferecer aos alunos instrumentos que lhes possibilitem 
posicionar-se em relação às questões ambientais.
Assim, a seleção de conteúdos deve seguir os seguintes critérios (BRA-
SIL, 1997b, p. 43):
 2 Importância dos conteúdos para uma visão integrada da realidade, 
especialmente sob o ponto de vista socioambiental.
 2 Capacidade de apreensão e necessidade de introdução de hábitos e 
atitudes, já no estágio de desenvolvimento em que se encontram.
 2 Possibilidade de desenvolvimento de procedimentos e valores bási-
cos para o exercício pleno da cidadania.
Os conteúdos foram reunidos em blocos, cuja função é permitir que o 
aluno compreenda que os diferentes processos da natureza não são estanques, 
possuem um fluxo que permite movimentos e transformações dentro de uma 
rede de interdependência. Blocos de conteúdos:
– 43 –
A inclusão da educação ambiental na escola básica
 2 os ciclos da natureza;
 2 sociedade e meio ambiente;
 2 manejo e conservação ambiental.
Os conteúdos destacados referem-se aos dois primeiros ciclos do ensino 
fundamental, já contemplados em outras áreas, porém, são relacionados 
novamente com o objetivo de favorecer a reflexão e o planejamento do trabalho 
com as questões ambientais e garantir a compreensão do tema de forma integral.
O processo avaliativo em educação ambiental deve respeitar as diferenças, 
contribuindo para o desenvolvimento da capacidade de observação, 
fundamental na compreensão dos problemas ambientais. O documento 
apresenta alguns critérios de avaliação (BRASIL, 1997b):
 2 Observar as características do meio ambiente e identificar a existên-
cia de ciclos e fluxos na natureza.
 2 Identificar as intervenções com as quais a sociedade local vem rea-
lizando transformações no ambiente, na paisagem, nos espaços em 
que habita ou cultiva.
 2 Contribuir para a conservaçãoe a manutenção do ambiente mais 
imediato em que vive.
 2 Identificar as substâncias de que são feitos os objetos ou materiais 
utilizados pelos alunos, bem como alguns dos processos de trans-
formação por que passaram.
 2 Participar, pessoal e coletivamente, de atividades que envolvam toma-
das de posição diante de situações relacionadas ao meio ambiente.
 2 Reconhecer alguns processos de construção de um ambiente, tanto 
urbano quanto rural, com a respectiva intervenção na paisagem, 
bem como sua importância para o homem.
 2 Perceber a relação entre a qualidade de vida e um ambiente saudável.
 2 Valorizar o uso adequado dos recursos disponíveis.
Na questão pedagógica, o tema meio ambiente deve ser desenvolvido 
visando proporcionar aos alunos uma grande diversidade de experiências e 
– 44 –
Educação e Meio Ambiente
ensinar-lhes formas de participação, para que “possam ampliar a consciên-
cia sobre as questões relativas ao meio ambiente e assumir de forma inde-
pendente e autônoma atitudes e valores voltados à sua proteção e melhoria” 
(BRASIL, 1997b, p. 51).
Os conteúdos relacionados ao meio ambiente serão integrados ao currí-
culo através da transversalidade, pois serão tratados nas diversas áreas do conhe-
cimento, impregnando toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, criando 
uma visão global e abrangente da questão ambiental. A questão da transversali-
dade será abordada no próximo capítulo.
Uma pergunta a ser feita: como fazer?
Os parâmetros nos mostram quais realidades diferentes, com suas 
especificidades, devem ser respeitadas em cada escola, comunidade, cidade, 
estado. O professor deve selecionar os conteúdos e a melhor forma de traba-
lhar a questão ambiental de forma permanente e constante, com a participa-
ção efetiva da comunidade escolar.
Após relacionar os principais pontos dos Parâmetros Curriculares Nacio-
nais – meio ambiente, não podemos deixar de questionar algumas orientações 
contidas no documento.
Algumas dúvidas são geradas, por exemplo, no contexto do primeiro 
ciclo do ensino fundamental. O documento deveria esclarecer se eles são 
apenas uma referência de conteúdos ou se devem ser adotados obrigatoria-
mente pelas escolas. Para Castro, Spazziani e Santos (2008), o que se tem 
visto são poucas mudanças de prática em sala de aula, e sim uma adequa-
ção de planos e programas curriculares pelos professores, procurando aten-
der ao que está disposto nos parâmetros curriculares, não determinando 
mudanças significativas.
O processo de construção do documento é apontado por Castro, Spa-
zziani e Santos (2008) como baseado na centralização, sem a participação de 
órgãos e entidades representativas da área educacional, o que pode ser consi-
derado um fator determinante na dificuldade de trabalho com o direciona-
mento oferecido pelos PCN.
Apesar das dúvidas geradas quanto à forma de encaminhamento, os Pa-
râmetros Curriculares Nacionais representam um avanço quando colocam a 
questão ambiental como relevante para o trabalho escolar.
– 45 –
A inclusão da educação ambiental na escola básica
3.4 Política Nacional de Educação Ambiental: 
o que diz a lei
Com a Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, e através do Decreto n. 
4.281, de 26 de junho de 2002, que estabelece a Política Nacional de Edu-
cação Ambiental (PNEA), professores, ambientalistas e demais educadores 
ficaram esperançosos com as possibilidades de avanços que estes documentos 
poderiam permitir.
Percebeu-se, a partir desse momento, a necessidade de universalização da 
prática educativa por toda a sociedade, ampliando a necessidade do desenvolvi-
mento da educação ambiental junto às comunidades, acreditando que somente 
com a participação ativa de todos os sujeitos teríamos avanços na solução de 
problemas ambientais.
A PNEA reforça a questão da educação ambiental como um direito de 
todos, como um componente essencial e permanente da educação nacional. 
Assim, pode-se dizer que a Lei n. 9.795/99 veio “qualificar a educação ambien-
tal indicando seus princípios e objetivos, os atores responsáveis por sua imple-
mentação, seus âmbitos de atuação e suas principais linhas de ação” (LAYRAR-
GUES; LIPAI; PEDRO, 2007, p. 25).
 Saiba mais
A PNEA e a educação formal e não formal - A Lei n. 9.795/99 
reforça a necessidade da presença da educação ambiental nos 
diferentes níveis e modalidades da educação formal, devendo 
ser aplicada na educação de jovens e adultos, na educação a dis-
tância, na educação especial e na educação indígena. Enfatiza o 
caráter interdisciplinar da educação ambiental, reforçando a ideia 
de que não deve ser implantada como disciplina específica. 
Na Lei n. 9.795, princípios e objetivos são apresentados como referência 
para a prática pedagógica em educação ambiental, como:
Art. 4o. São princípios básicos da educação ambiental:
I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
– 46 –
Educação e Meio Ambiente
II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, con-
siderando a interdependência entre o meio natural, o socio-
econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III – o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na 
perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as 
práticas sociais;
V – a garantia de continuidade e permanência do proces- 
so educativo;
VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, 
regionais, nacionais e globais;
VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diver-
sidade individual e cultural.
Art. 5o. São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do 
meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, 
envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políti-
cos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II – a garantia de democratização das informações ambientais;
III – o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica 
sobre a problemática ambiental e social;
IV – o incentivo à participação individual e coletiva, perma-
nente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio 
ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental 
como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V – o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, 
em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção 
de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos 
princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democra-
cia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciên-
cia e a tecnologia;
VII – o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos 
povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da 
humanidade (BRASIL, 1999).
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A inclusão da educação ambiental na escola básica
Constata-se, por meio dos objetivos e princípios que, no trabalho escolar, 
a educação ambiental deve desenvolver atitudes e posturas éticas em relação 
à questão ambiental, despertando a necessidade de participação, corresponsa-
bilidade, solidariedade e negociação na busca de um consenso em relação ao 
uso, ocupação e exploração da natureza, com respeito ao bem-estar de todos 
(BRASIL, 2001).
Essa proposta se posiciona contra o modelo formal de ensino, encon-
trado em muitas escolas, que se fundamenta na transmissão de conteúdos 
sem articulação, fragmentados, e que não valoriza as diferentes vivências dos 
alunos. Valoriza, sim, a participação social e política do cidadão, posicio-
nando-se sempre de maneira crítica, responsável e construtiva na busca por 
soluções dos diferentes problemas ambientais.
 Reflita
A educação a distância no Brasil tem atingido altos níveis de desen-
volvimento nos últimos anos. Pensando

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