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A Revolução Industrial (A Era das Revoluções, 1789-1848. Eric Hobsbawm)

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HISTÓRIA MUNDIAL - 15/10/19
Livro: A Era das Revoluções,1789-1848. Eric Hobsawm
Resumo:  A Revolução Industrial 
1
A Revolução Industrial é apontada como o principal acontecimento do mundo desde o começo da agricultura. Inicia-se na Inglaterra em 1780, conforme apontam os historiadores como Hobsbawm, entretanto, é um acontecimento que não tem um início ou um fim definido, até porque ela ainda se mantém. Sua primeira fase termina em 1840 com a construção das primeiras ferrovias e indústria pesada.
Neste primeiro momento, o avanço realizado não exigiu muita superioridade tecnológica ou intelectual dos ingleses. As invenções técnicas eram bem modestas. Mas ainda assim, a Inglaterra possuía as melhores condições para prosperar a Revolução. Sua política liberal aceitava o lucro e o desenvolvimento econômico como valores fundamentais para o progresso. O dinheiro governava, bastando ser rico para ter influência. Sua agricultura vinha sendo dirigida para o mercado: aumento da produção para alimentar a população crescente; fornecimento de mão de obra, retirada do campo para as indústrias nas cidades; fornecimento de mecanismo de acúmulo de capital para investimento. Além disso, um crescente capital vinha sendo investido com a construção e melhorias de estradas, a construção de uma frota mercante e facilidades portuárias. 
Por quase todo o século XVIII, houve grande expansão econômica e acúmulo de capital no cenário europeu. O pensamento até então, advindo do mercantilismo era “comprar no mercado mais barato e vender no mais caro”. Como ultrapassar esse mandamento? As bases para uma sociedade industrial já existiam na Inglaterra, mas eram necessárias: uma indústria que desse rendimentos exorbitantes para o fabricante para que assim pudesse expandir seu negócio de forma mais barata possível e um mercado mundial monopolizado por um único país.
Uma vez que se deu início a industrialização na Inglaterra e seu sucesso provado, os demais países começaram a importar seus maquinários e especialistas.
2
A indústria algodoeira inglesa desenvolveu-se a partir do comércio colonial que continuava a expandi-la. Houve proibições de importação de tecidos de algodão indianos para fortalecimento da indústria local. E pela primeira vez na história, a Europa passou a exportar mais para o Oriente do que importar. Os únicos que se mantiveram fechados e autossuficientes por muitos anos foram os chineses, que só abriram o comércio quando os ingleses começaram a negociar ópio.
O progresso da Revolução Industrial fez com que houvesse a vitória entre mercador exportador sobre o doméstico. A América Latina dependeu das importações britânicas nas guerras do período napoleônico e logo tornou-se completamente dependente após a separação de Portugal e Espanha.
3
De toda forma é correto afirmar que a indústria do algodão na Inglaterra foi seu destaque inicial do período. Ainda que outros produtos também se desenvolviam, estas indústrias empregavam menos e tinham um impacto menor sobre a economia como um todo.
A verdade é que se o algodão prosperava, a economia também o fazia, assim como o inverso. Seu progresso não foi em absoluto tranquilo. Entre 1830 e 1840, ocorreram problemas em seu crescimento e agitações revolucionaram permearam o período. Esta primeira crise geral do capitalismo não se limitou apenas ao cenário inglês.
Vários foram os resultados sociais, entre eles estão a miséria e o descontentamento criados pela transição da economia, levando os trabalhadores e a população pobre às revoluções sociais de 1848, ao movimento cartista na Inglaterra e ao ludismo que consistia na destruição de máquinas como responsáveis pela falta de emprego. Também estavam insatisfeitos os pequenos comerciantes, fazendeiros e mesmo homens de negócios que não faziam parte da fechada comunidade de capitalistas que embolsavam seus impostos, mantinham lucros estratosféricos, enquanto pagavam salários de subsistência e ainda podiam levantar créditos de forma fácil, enquanto os demais quase não tinham chance. Não por menos entre 1815 a 1848, surgiram os movimentos do “radicalismo” com os radicais britânicos, da “democracia” com os democratas jacksonianos americanos e da “república” com os republicanos franceses.
O fato é que para os capitalistas, esses problemas só eram importantes do ponto de vista econômico, se de alguma forma a ordem social pudesse derrubada. E claro suas preocupações giravam em torno do lucro. 
As crises periódicas da economia eram comuns e levavam a alta das taxas de desemprego, queda na produção, entre outros. Em geral, refletiam alguma catástrofe agrária. Ainda que a partir de 1830, fossem reconhecidas como fenômenos periódicos regulares, “não se acreditava que elas refletissem dificuldades fundamentais do sistema”, ou eram enganos particulares, ou interferência externa.
A indústria algodoeira também passou por instabilidades. Se no início, eram claras as vantagens em empreender neste setor garantido altas taxas de lucro, como o aumento da produtividade com a mecanização que também reduziu custos e a mão de obra barata formada por crianças e mulheres em sua maioria, em 1815 as desvantagens começaram a crescer. A revolução industrial e a competição diminuíram drasticamente os preços das mercadorias, porém não seu custo de produção inicial. Os lucros passaram a sofrer deflação, ou seja, queda de preço e alto estoque de mercadoria. Ainda assim, era um negócio de sucesso, pois as vendas ainda eram crescentes, mesmo com taxas de lucro decrescentes. Mas para um sistema capitalista manter-se em expansão, era necessário cortar os custos. E os salários eram os custos que podiam sofrer mais abate. E de fato sofreu, despencaram no período pós-napoleônico. Mais de 500 mil pessoas morreram de fome. Para contornar essa situação, era necessário baixar o custo de vida. Os industriais acreditavam que o alto custo provinha do monopólio da propriedade fundiária, aprofundadas pelas tarifas protecionistas das Leis do Trigo. Assim se opuseram aos proprietários de terra, até conseguirem a extinção das leis em 1846. Sua abolição não diminuiu de imediato o custo de vida. Sendo questionável se não foi o período das ferrovias e navios a vapor que o tivessem feito abaixar.
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Segundo o autor, nenhuma economia pode se desenvolver sem possuir adequada capacidade bens de capital (os que servem para a produção de outros). Porém o ferro e o aço, por exemplo, tinham investimento iniciais muito altos, e não possuíam mercados de massa, como o têxtil, até então.
Mas o carvão, possuía essas desvantagens em menor grau. O carvão além de ser a principal fonte de energia para a indústria do século XIX, era também usado como combustível doméstico, até devido à escassez das florestas na Inglaterra. O crescimento urbano, principalmente em Londres, expandia constantemente essa indústria que se tornou grandiosa. E foi esse setor que estimulou a invenção das ferrovias.
As ferrovias permitiram unir países antes isolados, expandindo mercados. Aumentou a celeridade da comunicação e locomoção e expandiu o transporte em grandes quantidades de mercadorias e pessoas. As primeiras décadas das ferrovias (1830-1850) propiciaram maior demanda por bens de capitais, as produções de ferro e carvão aumentara vertiginosamente.
As explosões de construções ferroviárias (1835-37; 1844-47) foram construídas com capital, maquinário, especialistas e tecnologia inglesa. Apesar de oferecerem pouco lucro aos investidores, a expansão da rede manteve-se por um bom tempo. As classes ricas da Grã-Bretanha acumularam tanto capital durante as primeiras gerações da revolução industrial que tinha disponibilidade para altos investimentos e foram responsáveis por grande parte da expansão ferroviária em diversos países neste período.
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Desde o período pré-revolução industrial, a agricultura inglesa já havia estimulado algumas melhorias em seus métodos agrícolas que produziram enormes resultados. Até a década de 1840, quando se pode dizer que houve maturação tecnológica dos processosagrícolas, poucas e modestas mudanças haviam sido realizadas. Mesmo assim, na década de 1830, a adoção da racionalização e expansão da área cultivada permitiu o aumento exponencial da produção.
Essas mudanças não vinham da tecnologia, mas sim da esfera social. Houve a abolição do cultivo comunal da Idade Média por meio do “Movimento das Cercas” (Enclosure Acts), fim da cultura de subsistência e de velhas atitudes não comerciais em relação à terra.
Considerando o cenário econômico a transformação foi um sucesso, porém o cenário social foi puro sofrimento humano: “Uma tragédia aprofundada pela depressão agrícola depois de 1815, que reduziu os camponeses pobres a uma massa destituída e desmoralizada”.
Os homens do campo precisavam ser atraídos para os novos cargos na cidade, mais certamente forçados a isso, abandonando seu modo de vida tradicional. Os problemas econômicos e sociais eram “uma arma” eficiente para o processo de mudança, além dos salários mais altos e da maior liberdade no estilo de vida urbano. Até o século XIX, no contexto europeu, o ímpeto de deixar o campo não era um processo natural. Foi necessário ocorrer uma catástrofe, como a irlandesa, a qual morreram mais de um milhão de pessoas de fome, para que o fluxo fosse aberto. A Inglaterra conseguiu mais prontamente está mudança, que foi um dos fatores que a levaram a pioneirismo industrial. 
Além de conseguir o número suficientes de trabalhadores, também era necessário obter qualidade desta mão de obra. E o operário tinha que aprender as habilidades necessárias por meio da experiência em um trabalho excessivo e árduo, na maior parte das vezes disciplinada por patrões de forma draconiana. A prática era se pagar o mínimo possível, para que o trabalhador tivesse que continuamente trabalhar para conseguir um melhor rendimento. Empregava-se mulheres crianças, pagando menores salários.
Ao considerar os problemas sofridos pela mão de obra, os de investimento de capital eram mínimos. Conseguir investidores, neste primeiro momento, não era fácil, os ricos ainda relutavam em investir na indústria. Grande parte iniciava seus negócios com suas economias e empréstimos. As dificuldades de acesso ao capital fizeram com que os primeiros industriais (self-made men), fossem mais duros e ávidos, e consequentemente seus trabalhadores mais explorados.

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