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1 WOUND REPAIR 1 Chapter 2015 Guia de Bolso do Profissional Clínico para o Tratamento de Feridas Avançadas 2 3 Colaboradores Este Guia de Bolso do Profissional Clínico para o Tratamento de Feridas Avançadas foi preparado com a colaboração de: Susie Seaman, NP, MSN, CWOCN, Enfermeira Licenciada/ Enfermeira Especialista Certificada em Feridas, Ostomia e Continência, Clínica de Feridas Sharp Rees-Stealy, San Diego, CA Karen Kennedy, RN, FNP, APRN-BC, Presidente da KL Kennedy LLC Keith Harding, MB ChB, MRCGP, FRCS, FRCP, Professor, Diretor do Instituto de Tradução, Inovação, Metodologia e Engajamento (TIME), Chefe da Unidade de Pesquisa de Cicatrização de Feridas, Universidade de Cardiff Dr. Marco Romanelli, PhD, Dermatologista Consultor do Departamento de Dermatologia, Universidade de Pisa, Itália Gregory Schultz, PhD, Professor de Obstetrícia/ Ginecologia, Universidade da Flórida, FL Gerit Mulder, DPM, PhD, MS FRCST, MAPWCA, Professor de Cirurgia e Ortopedia, Universidade de San Diego, CA. As informações contidas neste guia são apenas para fins educacionais e são o resultado do conhecimento individual e coletivo dos autores, derivado da pesquisa e da experiência clínica e expertise dos mesmos. 4 Introdução A Sociedade de Cicatrização de Feridas nos Estados Unidos define uma ferida crônica como uma ferida que “não progride através de uma sequência normal, ordenada e oportuna de reparação, ou feridas que passam pelo processo de reparação sem restabelecer os resultados anatômicos e funcionais”. Embora existam variações desta definição em diferentes partes do mundo, é geralmente aceito que quando uma ferida não apresenta qualquer progresso visível ou significativo em relação ao fechamento, em duas semanas após a lesão ou após o início do tratamento adequado, com bom controle dos fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a cicatrização, a ferida é crônica. A mesma consideração pode ser aplicada à seleção de um tratamento adequado. Se a ferida não responde à modalidade de tratamento selecionada dentro de um período de duas semanas, o paciente e a ferida devem ser examinados novamente a fim de determinar se qualquer fator que afeta a cicatrização foi omitido, a etiologia da ferida deve ser reconsiderada e o tratamento deve ser alterado. A pressão e as úlceras venosas e diabéticas são as etiologias mais comuns das feridas crônicas, apesar das feridas arteriais, vasculíticas e outros tipos de feridas não serem incomuns. As feridas podem representar um problema dispendioso e complexo para os pacientes e médicos enquanto impõem um ônus financeiro significativo sobre a sociedade. O Guia de Bolso A proposta do Guia de Bolso é fornecer uma referência rápida para o tratamento de feridas crônicas e problemáticas para todos os profissionais clínicos, 5 incluindo, entre outros, médicos, enfermeiros, podólogos, especialistas em reabilitação e todos aqueles envolvidos no tratamento de feridas que não cicatrizam. O Guia de Bolso é destinado à avaliação e tratamento iniciais da ferida, com a intenção de otimizar tratamentos seguros, dispendiosos e sustentáveis. O leitor é remetido a textos mais detalhados e complexos para informações mais aprofundadas. O material contido neste livreto é atual e projetado para atualização a cada dois anos. O Guia de Bolso foi integrado para ser útil na orientação de profissionais clínicos internacionalmente reconhecidos, de forma a fornecer uma colaboração multidisciplinar concisa através de informações que esperamos auxiliar com uma cicatrização da ferida mais rápida e desejada. Por fim, esta publicação não é destinada a representar uma fonte final ou definitiva de informações. Todos os autores esperam que você aprecie esta referência e forneça feedback para publicações futuras. Aviso Legal Este Guia de Bolso do Profissional Clínico para o Tratamento de Feridas Avançadas é fornecido apenas para fins informativos e educacionais. A Smith & Nephew não fornece orientação médica e este Guia de Bolso não é destinado a servir como orientação médica. As informações contidas aqui são o produto dos autores listados na página 3 e estão baseadas em seu estudo profissional e sua experiência e expertise clínica dos mesmos. Fundamentalmente, é responsabilidade dos médicos, profissionais clínicos e outros profissionais de saúde determinar e utilizar os tratamentos, produtos e técnicas adequadas, de acordo com suas próprias formações médicas e avaliações clínicas, para cada um de seus pacientes. 6 Capítulo 1 Reparação da Ferida 9 Capítulo 2 Avaliação e Documentação 15 Capítulo 3 Infecção 33 Capítulo 4 Nutrição 43 Capítulo 5 Úlceras por Pressão 49 Capítulo 6 Úlcera Terminal de Kennedy 67 Capítulo 7 Fisiopatologia 75 Capítulo 8 Úlceras Venosas 81 Capítulo 9 Úlceras Diabéticas 113 Capítulo 10 Feridas Malignas e Vegetantes 129 Capítulo 11 Modalidades de Tratamento Auxiliar e Avançado 135 Capítulo 12 Terapia de Ferida por Pressão Negativa 145 Capítulo 13 Diversas Feridas 153 Capítulo 14 Deiscência da Ferida 161 Capítulo 15 Produtos de Tratamento para a Ferida 169 Capítulo 16 Referências 179 Contenido 8 9 Capítulo 1Reparação da Ferida Minutos Células Dias Inflamação Semanas Proliferação Ano + Remodelagem Granulócitos; linfócitos; macrófagos Fibroblastos; células endoteliais; queratinócitos Fibroblastos; células endoteliais; queratinócitos Hemostase Plaquetas Feridas Crônicas vs. Agudas As feridas iniciam-se através do dano tecidual, que pode resultar em lesão abaixo da superfície da pele (como a lesão de tecidos profundos), uma ruptura na pele ou uma combinação de ambos. A cicatrização normal ou ininterrupta da ferida inicia-se no momento em que o tecido é lesionado, resultando em fases definidas e previsíveis, conforme ilustrado no diagrama a seguir. Cicatrização Normal da Ferida 10 Capítulo 1 | REPARAÇÃO DA FERIDA Diferentes células, citocinas, mediadores químicos, fatores de crescimento e moléculas de sinalização são ativados durante cada uma das fases da reparação de feridas. Espera-se que o processo de reparação normal ocorra em indivíduos hígidos, quer em casos de lesão tecidual aguda ou trauma. O tempo até a obtenção do fechamento da ferida pode variar dependendo da idade da pessoa e status nutricional e clínico geral. Durante as duas primeiras semanas do processo de reparação, uma ferida aguda pode recuperar-se até a metade da força original da pele e até 80% da resistência à tração até o terceiro mês. Após o fechamento da ferida, a remodelagem da ferida pode continuar por um ano ou mais. No entanto, a resistência à tração máxima de 80% salienta a necessidade de proteger as áreas contra ruptura posterior, especialmente durante os primeiros 3 meses após o fechamento. A manutenção da integridade da pele é importante, pois a pele protege contra o ambiente externo, retém fluido e eletrólitos, regula a temperatura, e apresenta inúmeras outras funções. Os requisitos para a cicatrização normal da ferida incluem: • Células hígidas; • Receptores nas células para comunicação com outras células; • Atividade enzimática normal (atividade das metaloproteinases de matriz - MMP); • Liberação de fatores de sinalização. Um leito limpo e viável da ferida com atividade celular 11 Capítulo 1 | REPARAÇÃO DA FERIDA normal é necessário para que a ferida prossiga ao fechamento na sequência ou maneira esperada. A limpeza daferida, debridamento, seleção do curativo adequado, nutrição e controle de doenças clínicas são todos necessários para a cicatrização saudável. As feridas crônicas são aquelas que não conseguem seguir a sequência esperada de reparação de uma maneira ordenada e oportuna para restabelecer a integridade da pele normal. Feridas crônicas também podem não conseguir fechar em decorrência de fatores intrínsecos e extrínsecos. É importante eliminar os fatores que contribuem para a cronicidade da ferida, tratar as condições clínicas do paciente e controlar a nutrição a fim de otimizar a reparação da ferida. A seguir estão quatro categorias principais de feridas e fatores que afetam o fechamento: • Úlceras diabéticas: controle o diabetes, remova a pressão e o trauma de repetição do local da ferida (pé com redução de pressão), cubra e proteja a ferida; • Úlceras venosas: trate o retorno venoso através de compressão adequada, selecione o curativo ideal; • Pressão: remova a fonte de pressão, trate o status clínico geral; • Ferida arterial: forneça suprimento sanguíneo adequado, geralmente através de procedimentos de revascularização. Em todos os casos, o leito da ferida precisa estar o mais 12 Capítulo 1 | REPARAÇÃO DA FERIDA livre possível de detritos, uma vez que o tecido inviável pode impedir a atividade celular e fisiológica normal, é uma fonte de proliferação bacteriana, e pode contribuir para a inflamação em andamento (consulte a seção de informações abaixo). O quadro a seguir ilustra a diferença entre feridas em cicatrização e crônicas, e salienta a importância da conversão de uma ferida crônica para aguda por um profissional clínico. Reparação da Ferida Feridas em Cicatrização Feridas Crônicas • Mitose celular • iAtividade mitogênica • i Citocinas pró- inflamatórias • h Citocinas pró- inflamatórias, por exemplo, IL-6, NFa (autoestímulo e inflamação) • i MMPs • h MMPs • h Fatores de crescimento • ih Fatores de crescimento • Células capazes de resposta rápida • Tecido necrótico (esfacelo) • Tecido não funcional (células senescentes) Schultz GS y Mast BA (1998) Assim que o leito da ferida estiver preparado para a cicatrização, ele deve ser protegido por uma seleção 13 Capítulo 1 | REPARAÇÃO DA FERIDA adequada de curativos (consulte o capítulo sobre seleção de curativos). Inflamação A inflamação pode ser o resultado de uma resposta vascular ou celular. A determinação da causa da inflamação é importante para a escolha da abordagem correta para o tratamento da ferida. O processo de inflamação é uma resposta protetora fundamental e pode ser uma reação complexa a agentes lesivos. A inflamação também está estreitamente ligada ao processo de reparação. Ela pode ser prolongada pela presença de altos níveis de bactérias, trauma de repetição e lesão ou materiais estranhos na ferida. Ela também pode ser uma resposta autoimune como na vasculite. A inflamação prolongada pode levar à destruição do tecido contínuo. A tabela a seguir resume as diferenças entre a inflamação aguda e crônica. Inflamação Aguda vs. Crônica AGUDA CRÔNICA ALTERAÇÕES VASCULARES Vasodilatação h Permeabilidade Mínima INFILTRADOS CELULARES Principalmente neutrofilia Monócitos Macrófagos Linfócitos ALTERAÇÕES ESTROMAIS Edema mínimo e separação das camadas teciduais Proliferação celular Angiogênese Caráter fibroso Formação de cicatrizes Otimize a Cicatrização da Ferida • Faça o debridamento de todo o tecido inviável (verifique o status vascular antes do debridamento - consulte o capítulo 2) e crie um leito limpo e viável da ferida; • Controle a inflamação; • Escolha adequadamente curativos para feridas e modalidades de tratamento; • Considere modalidades adjuvantes para feridas recalcitrantes; • Tente criar uma ferida aguda a partir de uma ferida crônica. Capítulo 1 | REPARAÇÃO DA FERIDA 14 15 AVALIAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO Capítulo 2 Avaliação e Documentação A avaliação do paciente e da ferida, que inclui um histórico detalhado e exame físico, resulta em um diagnóstico preciso que orienta o plano de tratamento. Achados e planos de tratamento podem ser documentados de forma concisa que utiliza um método sistemático desenhado para garantir que nenhuma questão clínica pertinente seja omitida. Este capítulo apresentará como avaliar a ferida do paciente em um formato de documentação que começa com a queixa principal e termina com o plano de tratamento. Queixa Principal Por que o paciente apresentou-se para tratamento, por exemplo, “não cicatrização de úlcera nas pernas”. Histórico da Doença Atual Este é um relato cronológico do problema apresentado, que inclui o aparecimento da ferida, tratamentos atuais e anteriores, e sintomas. Quando a ferida foi observada pela primeira vez? A ferida se desenvolveu repentinamente como resultado de uma lesão traumática, ou se desenvolveu ao longo do tempo, por exemplo, como uma erupção cutânea, calos ou contusão (púrpura)? A ferida é resultado de cirurgia, e se assim for, há a possibilidade de infecção da malha ou do dispositivo? Pergunte ao paciente como a ferida é limpa, quais 16 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação curativos estão sendo utilizados, e se dispositivos de compressão, sapatos feitos sob medida e dispositivos de redução de pressão estão sendo utilizados. E quanto às modalidades adjuvantes (TFPN, OHB, bombas arteriais ou venosas, fatores de crescimento, tecidos de bioengenharia, etc.)? Houve cirurgias relacionadas com esta ferida (enxertos de pele, retalhos, revascularização, amputação, debridamento, ablação venosa)? Observe o sucesso ou insucesso de quaisquer tratamentos e a percepção do paciente em relação a isto. Existe dor relacionada com a ferida ou tecido circundante? Observe a qualidade, gravidade (escala 0-10), duração, tempo e quaisquer fatores modificadores (o que a torna melhor ou pior). Histórico Médico Anterior Preste especial atenção a quaisquer distúrbios que possam causar feridas ou levar a não cicatrização de qualquer ferida sustentada. Doenças • Diabetes mellitus; • Doença arterial periférica (DAP); • Doença cerebrovascular ou cardiovascular e fatores de risco - aumenta o risco de DAP; • Insuficiência venosa crônica (IVC); • Distúrbios de hipercoagulabilidade/trombofilias (síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, mutação do Fator V de Leiden, etc.); • Distúrbios hematológicos (anemia falciforme, policitemia vera, crioglobulinemia); 17 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação • Distúrbios autoimunes; • Distúrbios vasoespásticos (doença de Raynaud); • Malignidades e tratamentos associados; • Insuficiência renal; • Hepatopatia (hepatite C associada com crioglobulinemia); • Distúrbios GI (doença inflamatória intestinal, má absorção, náuseas); • Infecções (hepatite viral, HIV, tuberculose) - pode levar à formação do complexo imune e vasculite; • Distúrbios neurológicos (neuropatia, paresia, paralisia); • Distúrbios musculoesqueléticos; • Feridas anteriores (e como foram tratadas). Cirurgias (sem relação com a ferida atual) • Reconstrutiva (retalhos, enxertos); • Revascularização (ponte, angioplastia, implante de stent); • Fleboextração/ligação/ablação; • Amputação; • Ressecção articular (pé). Acidentes/Lesões das Extremidades Inferiores (Podem levar a danos das veias e/ou função anormal da bomba muscular da panturrilha e IVC) • Paralisia; • Marcha anormal; 18 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação • Retenção de dispositivo; • Osteomielitenão resolvida. Status Atual de Saúde • Medicações que podem prejudicar a cicatrização da ferida (corticosteroides, quimioterapia); • Alergias; • Hábitos (tabagismo, consumo de álcool e drogas ilícitas); • Dieta (apetite/ingestão diária, necessidades especiais). Histórico Familiar • Idade e saúde geral de parentes vivos; • Idade no momento da morte e causa da morte na família imediata. Histórico Social • Estado civil e/ou condições de habitação; • Disponibilidade do cuidador para fornecer o tratamento para a ferida, se necessário; • Atividades profissionais e de lazer - como a ferida as afeta? Revisão dos Sistemas Um inventário dos sistemas corpóreos para identificar 19 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação sinais/sintomas que o paciente está apresentando ou apresentou no passado que podem ter sido omitidos no histórico da doença atual. Os exemplos incluem febre, alterações de peso, edema, etc. Isto pode ser concluído pelo paciente em uma lista de verificação em um formulário do histórico. Exame Físico Este pode ser um exame completo ou um exame focado, pertinente à cicatrização da ferida, que inclui a avaliação constitucional, cardiovascular, linfática, musculoesquelética, neurológica e da pele/ferida. Constitucional Sinais vitais, altura, peso e aparência geral (aparência, nutrição, afeto, etc.). Cardiovascular Concentre-se no fluxo arterial e venoso da extremidade inferior. • Circulação arterial das extremidades inferiores; - Ausculte a aorta abdominal, as ilíacas e as femorais; observe a presença de sopro, que indica fluxo sanguíneo turbulento, frequentemente secundário à estenose; - Palpe os pulsos femoral, poplíteo, dorsalis pedis, e tibial posterior: 4+ limiar 20 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação 3+ limiar 2 + normal 1+ diminuído 0 ausente - Ausculte os pulsos com Doppler com sonda de 8-10 MHz. Pulsos normais são trifásicos (3 sons), com fluxo a frente durante a sístole (a, na figura 1), fluxo reverso durante a diástole (b), fluxo a frente durante a diástole tardia (c). Os sons do pulso tornam-se bifásicos (2 sons) e, em seguida, monofásicos (1 som) conforme o fluxo arterial diminui. Os sons arteriais correspondem à frequência cardíaca enquanto os sons venosos variam de acordo com a respiração, e o som assemelha- se ao sopro do vento. Apertar o membro distal aumenta os sons venosos, enquanto os sons arteriais não são afetados por esta manobra. - Alterações cutâneas - a temperatura pode estar mais fria, o tecido pode estar atrófico, e pode haver rubor dependente na presença de arteriopatia. Úlceras arteriais tendem a ocorrer Figura 1 21 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação nas extremidades distais e são profundas, de espessura total, perfuradas sem o tecido de granulação, com tecido pálido e/ou necrótico. • Circulação venosa das extremidades inferiores: avaliada através do sistema de classificação CEAP; Sinais clínicos de doença venosa : Classe 0 Não há sinais visíveis ou palpáveis de doença venosa. Classe 1 Telangiectasias (veias dérmicas vermelhas com diâmetro < 1 mm), veias reticulares dilatadas (veias dérmicas azuis com diâmetro de 1-3 mm), presença de alargamento maleolar (telangiectasias e veias reticulares inferiores dilatadas aos maléolos, comumente no lado medial). Classe 2 Varizes (veias subcutâneas palpáveis com diâmetro =< 4 mm). Classe 3 Edema sem alterações cutâneas. Classe 4 Alterações cutâneas - hiperpigmentação, dermatite, atrofia de Blanche (cicatrizes estreladas de cor marfim), lipodermatoesclerose (endurecimento de gordura e pele). Classe 5 Alterações cutâneas com úlcera venosa cicatrizada. Classe 6 Alterações cutâneas com úlcera venosa ativa. Úlceras venosas são superficiais sem exposição de estrutura profunda, de formato irregular, com tecido de granulação avermelhado, sem tecido necrótico sem 22 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação arteriopatia ou trauma coexistente, e possuem uma elevada exsudação, especialmente quando o edema não está controlado. Etiologia: congênita ou adquirida (histórico e achados ultrassonográficos) Distribuição anatômica: superficial, veias perfurantes e/ ou profundas (achados ultrassonográficos) Condição fisiopatológica: refluxo e/ou obstrução (achados ultrassonográficos) Linfática Apalpe os nódulos linfáticos na área da ferida (por exemplo, nódulos inguinais no caso de úlceras nas pernas) e observe o aumento e/ou a sensibilidade. O linfedema ocorre quando o corpo é incapaz de drenar o fluido linfático dos tecidos. É mais comumente observado em uma das extremidades, mas pode ser edema simétrico das extremidades inferiores quando o sistema linfático pélvico está envolvido. O linfedema ocorre normalmente após remoção cirúrgica, danos por radiação, infecção, trauma ou malformações congênitas dos nódulos linfáticos ou vasos linfáticos. Também pode ocorrer devido ao bloqueio do sistema linfático (tal como ocorre com a infecção parasitária filariose ou tumor/malignidade). Além disso, o linfedema pode ocorrer como resultado de insuficiência venosa crônica, o que complica o edema já presente em decorrência da insuficiência venosa. Se não for tratado adequadamente, o edema continuará a progredir e 23 pode resultar em desfiguração significativa e limitações funcionais. O profissional clínico deve estar ciente das ferramentas diagnósticas e de triagem para edemas observados nas extremidades superiores e inferiores. O sinal de Stemmer é uma ferramenta de triagem rápida conduzida através da tentativa de comprimir uma dobra de pele na base do 2º dedo ou do 2º dedo do pé. A impossibilidade de compressão de uma dobra de pele (caso a pele seja inflexível) é positiva para linfedema. Outras ferramentas diagnósticas incluem linfocintigrafia e ultrassonografia colorida Doppler. Os diagnósticos diferenciais de edema unilateral das extremidades inferiores incluem trombose venosa profunda (TVP) aguda, síndrome pós-trombótica, presença ou reincidência de tumores, artrite e cisto de Baker. Outros diferenciais de edema simétrico incluem disfunção hepática, disfunção renal, insuficiência cardíaca, edema de estase, hipotireoidismo/mixedema e lipedema. Quando há suspeita de linfedema, o encaminhamento imediato a um terapeuta de linfedema certificado é recomendado, uma vez que o tratamento precoce pode ser capaz de evitar muitas complicações. Musculoesquelética • Marcha e estação: Ambulatório? Utilização de dispositivos de assistência? A bomba muscular da panturrilha está ativa durante a deambulação? É capaz de se transferir à mesa de exames e se autorreposicionar conforme necessário? Se em uma cadeira de rodas, avalie o posicionamento na Capítulo 2 | Avaliação e Documentação 24 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação cadeira e a adequação da almofada sanitária para reduzir a pressão; • Articulações, ossos e músculos das extremidades; - Deformidades, defeitos, sensibilidade; - Amplitude de movimento - mobilidade articular limitada do tornozelo, bomba muscular da panturrilha prejudicada, também comum em diabéticos - contribui para uma maior pressão no antepé durante a caminhada; - Força e tônus muscular. Neurológica • Reflexos de tendões profundos; • Teste de monofilamento de Semmes-Weinstein - um fio de nylon que se dobra quando uma pressão de 10 gramas é exercida sobre ele, ao se pressionar contra várias áreas do pé. Diga ao paciente para dizer “sim” sempre que sentir o toque do monofilamento em seus pés. A incapacidadede sentir 4/10 locais no pé indica perda da sensação de proteção; • Sensação vibratória - utilize um garfo oscilante de 128 Hz para verificar se o paciente pode identificar a vibração quando este é colocado no pé; • Propriocepção - com os olhos do paciente fechados, mova o dedão do pé para cima ou para baixo e pergunte ao paciente onde o dedão do pé está. 25 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação Pele Observe a localização da(s) ferida(s), tamanho, profundidade, grau de descolamento, e descreva o tecido na ferida. • Descolamento: borda de pele com espaço morto embaixo; • Tecido de granulação: tecido vermelho robusto composto de matriz extracelular, vasos sanguíneos novos e muitas células. Geralmente tem a conotação de tecido em cicatrização, embora a granulação friável e/ou exuberante (crescendo sobre o nível da pele) pode indicar falta de controle bacteriano e/ou da umidade ou malignidade; • Escara: necrose da espessura total do tecido, se apresenta como tecido liso, seco, preto ou marrom; • Esfacelo: tecido necrótico aderente de liquefação, geralmente amarelo a cinza, deve ser removido; • Fibrina: Exsudatos gelatinosos em todo leito da ferida, pode ser curetado; • Estruturas expostas: observe a exposição dos tendões, ossos e articulações; • Exsudato: observe cor e quantidade. Quando o tecido necrótico está presente, a pergunta que deve ser feita é “por que o tecido morreu?”. Se isto não for determinado, a causa de base da morte tecidual pode ser omitida e tratada inadequadamente. As causas 26 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação mais comuns de morte tecidual são DAP, pressão, trauma (acidental ou cirúrgico), ou infecção necrosante. As causas menos comuns incluem oclusão dérmica em decorrência de vasculite, vasculopatia secundária aos estados de hipercoagulabilidade, ou microembolias. Existem sistemas de classificação para documentar a profundidade/extensão do dano tecidual para úlceras de pressão e úlceras dos pés diabéticos. Classificação de Wagner da Úlcera do Pé Diabético Grau 0: Sem úlcera; pode apresentar deformidade. Grau 1: Úlcera superficial da pele ou tecido subcutâneo. Grau 2: Úlcera se estende ao tendão, ossos ou cápsula. Grau 3: Úlcera profunda com osteomielite ou abscesso. Grau 4: Gangrena localizada. Grau 5: Gangrena extensa envolvendo o pé inteiro. 27 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação Sistema de Classificação da Ferida Diabética da Universidade do Texas (UT) Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3 Estágio A Lesão pré ou pós-ulcerativa epitelizada por completo Ferida superficial, sem envolver o tendão, cápsula ou osso Ferida penetrante de tendão ou cápsula Ferida penetrante de osso ou articulação Estágio B Infecção Infecção Infecção Infecção Estágio C Isquemia Isquemia Isquemia Isquemia Estágio D Infecção e Isquemia Infecção e Isquemia Infecção e Isquemia Infecção e Isquemia Sistema de Estadiamento de Úlcera por pressão do Painel Assessor Nacional de Úlcera por pressão (NPUAP) • Categoria/Estágio I: Eritema não branqueável de pele intacta em uma área localizada, normalmente sobre uma proeminência óssea. Pele com pigmentação mais escura pode não possuir branqueamento visível; sua cor pode diferir da área circundante. A área pode ser dolorosa, firme, suave, mais quente ou mais fria comparada ao tecido adjacente. A categoria I pode ser difícil de identificar em indivíduos com tons escuros de pele. Pode indicar pessoas “em risco”. • Categoria/Estágio II: Perda de espessura parcial da derme apresentada como uma úlcera aberta rasa com um leito da ferida rosa avermelhado, Capítulo 2 | Avaliação e Documentação 28 sem esfacelo. Também pode apresentar-se como uma bolha intacta ou aberta/rompida, cheia ou serosanguinolenta. Apresenta-se como úlcera superficial brilhante ou seca sem esfacelo ou hematomas. Esta categoria não deve ser utilizada para descrever as lesões por • Fricção, queimaduras, incontinência associada à dermatite, maceração ou escoriação. • Categoria/Estágio III: Perda de tecido de espessura completa. A gordura subcutânea pode estar visível, mas o osso, tendão ou músculo não estão expostos. O esfacelo pode estar presente, mas não obscurece a profundidade da perda tecidual. Pode incluir descolamento e solução de continuidade. A profundidade de uma úlcera por pressão de Categoria/Estágio III varia conforme a localização anatômica. • Categoria/Estágio IV: Perda de tecido de espessura completa com exposição óssea, do tendão ou do músculo. Esfacelo ou escara podem estar presentes. Muitas vezes inclui descolamento e solução de continuidade. Osteomielite ou osteíte são prováveis de ocorrer. A profundidade de uma úlcera por pressão de Categoria/Estágio IV varia conforme a localização anatômica. • Úlceras que não podem ser classificadas: Perda de tecido ou pele de espessura total - profundidade desconhecida. Perda de tecido de espessura total em que a profundidade real da úlcera é completamente obscurecida por esfacelo 29 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação (amarelo, castanho, cinza, verde ou marrom) e/ ou escara (castanho, marrom ou preto) no leito da ferida. Até esfacelo e/ou escara suficiente serem removidos para expor a base da ferida, a verdadeira profundidade não pode ser determinada; mas será uma Categoria/Estágio III ou IV • Suspeita de Lesão Profunda do Tecido - profundidade desconhecida. Área roxa ou marrom localizada de pele intacta descolorada ou bolha sanguinolenta em decorrência de dano do tecido mole de base de pressão e/ou cisalhamento. A área pode ser precedida por tecido dolorido, firme, mole, úmido, mais quente ou mais frio comparado ao tecido adjacente. A lesão profunda do tecido pode ser difícil de identificar em indivíduos com tons escuros de pele. A evolução pode incluir uma bolha fina sobre um leito escuro da ferida. A ferida pode continuar a progredir e tornar-se coberta por escara fina. A evolução pode ser rápida, expondo camadas adicionais de tecido mesmo com tratamento ideal. As feridas também podem ser simplesmente classificadas como de espessura parcial (dano envolvendo a epiderme e possivelmente parte da derme), ou de espessura completa (o dano se estende ao tecido subcutâneo e possivelmente mais profundamente). Após a avaliação da ferida, observe a condição da pele circundante: Eritema: vermelhidão da pele circundante. Indica inflamação. Endurecimento: dureza do tecido. Endurecimento e eritema são sinais de celulite, uma infecção da pele. Erupção cutânea: observe a qualidade, macular ou popular, e sua associação com o produto utilizado. Erupções cutâneas são branqueáveis como é qualquer eritema dos vasos dilatados. Calos: pode indicar pressão repetitiva contínua quando observado ao redor da úlcera do pé diabético. Púrpura: sangramento no tecido, não branqueável uma vez que o sangue está fora dos vasos. Indica dano tecidual e pode progredir para necrose tecidual. Maceração: pele super-hidratada - aparência branca e enrugada. Pele macerada é mais propensa à lesão por fricção. Livedo reticular: uma descoloração do tipo rede da pele. Pode ser um achado normal, mas em associação com úlceras necróticas nas pernas, pode indicar a interrupção do fluxo sanguíneo dérmico. 30 Capítulo 2 | Avaliação e Documentação 31 Uma vez que o exame físico é concluído, o profissional clínico deve requisitarquaisquer estudos de investigação para identificação adicional da patologia de base. Isto pode incluir estudos venosos e arteriais não invasivos, estudos radiológicos e exames laboratoriais. A biópsia de tecido é fundamental para identificar as feridas atípicas, tais como vasculite, vasculopatia, microembolias, distúrbios bolhosos, infecções incomuns e malignidades. Ao excluir vasculite ou vasculopatia, realize a biópsia de lesões purpúricas mais novas, e não da ferida necrótica. Outras documentações incluem avaliação/diagnóstico e planejamento. Consulte outros capítulos para estas informações. Capítulo 2 | Avaliação e Documentação 32 33 Capítulo 3INFECÇÃO Infecção da Ferida A infecção da ferida é, talvez, a complicação mais comum da presença desta, e se não for tratada de forma rápida e correta, pode levar a consequências devastadoras para o paciente e para o prestador de serviços. O desenvolvimento de infecção da ferida pode, em extremos casos, levar à perda da vida ou de um membro, porém mais rotineiramente causa dor e aumento de sintomas como exsudato e mau cheiro. Para o prestador de serviços, os custos são elevados para agentes antimicrobianos (curativos tópicos ou antibióticos sistêmicos), o tempo de permanência é maior ou a alta hospitalar é adiada, e são utilizados analgésicos adicionais. A infecção da ferida é, portanto, uma situação a ser evitada, e é necessário entender quais os fatores que predispõem à infecção e como a infecção pode ser diagnosticada dentro de uma ferida. No caso de uma infecção ocorrer, o tratamento adequado deve ser iniciado o mais rápido possível. Definição de Infecção Todas as feridas contêm patógenos. No entanto, é o número e a virulência dos patógenos que são relevantes. 34 Capítulo 3 | Infecção Muitos autores tentaram descrever a continuidade pela qual uma ferida progride de uma condição na qual possui patógenos, porém é saudável e está cicatrizando, a um estado de infecção. Mais recentemente, isto foi descrito por Gottrup et al 2013. Contaminação Quando as condições dentro de uma ferida não favorecem a multiplicação de quaisquer dos microrganismos contaminantes presentes, a persistência destes é de curto prazo e a cicatrização da ferida não pode ser afetada. Colonização Ocorre quando um equilíbrio estável é obtido por microrganismos que escapam com sucesso das defesas do hospedeiro e crescem sem desencadear respostas imunes sistêmicas ou sintomas clínicos evidentes. Infecção Quando um desequilíbrio surge em decorrência do comprometimento da competência imunológica do hospedeiro e/ou quando os microrganismos manifestam fatores de virulência, os resultados evidentes da infecção da ferida e a invasão microbiana em tecidos do hospedeiro levam a danos celulares, respostas imunológicas e o desenvolvimento de sinais e sintomas clínicos. 35 Capítulo 3 | Infecção Outros autores acrescentam categorias adicionais, tais como a colonização crítica, e dividem a infecção real em categorias discretas: infecção local (que pode incluir a colonização crítica), infecção disseminada e infecção sistêmica (International Consensus 2012). A Continuidade da Infecção Contaminação Colonização Infecção localizada* Infecção disseminada Infecção sistêmica Vigilância necessária Intervenção necessária * A infecção localizada pode ou não ser acompanhada por sinais e sintomas clássicos de inflamação. Quando não é, vários termos foram utilizados, por exemplo, colonização crítica (consulte o texto principal). WUWHS (2008) Principles of best practice: Wound infection in clinical practice. An international consensus. London, MEP Ltd Identificação da Infecção Certas características podem aumentar o risco de desenvolvimento de uma infecção da ferida. Feridas agudas • Cirurgia contaminada • Procedimento operatório longo • Trauma com tratamento tardio • Tecido necrótico ou corpo estranho * * Particularmente, na presença de hipóxia. Feridas crônicas • Tecido necrótico ou corpo estranho * • Duração prolongada • Tamanho e/ou profundidade grandes • Anatomicamente situada perto de um local de contaminação potencial, por exemplo, área anal Aumento das complicações 36 Capítulo 3 | Infecção WUWHS (2008) Principles of best practice: Wound infection in clinical practice. An international consensus. London, MEP Ltd Qualquer paciente pode desenvolver uma infecção. É importante reconhecer os sinais e sintomas da infecção, mais comumente descritos como calor, vermelhidão, dor, inchaço e perda de função. No entanto, diferentes sinais e sintomas mais específicos podem ser observados em diferentes etiologias de feridas e algumas feridas, especialmente aquelas em pacientes imunossuprimidos, podem apresentar pouco ou nenhum sinal. Sinais e Sintomas de Infecção da Ferida WUWHS (2008) Principles of best practice: Wound infection in clinical practice. An international consensus. London, MEP Ltd FERIDAS AGUDAS Por exemplo, feridas cirúrgicas ou traumáticas ou queimaduras. Infecção localizada Infecção disseminada • Sinais e sintomas clássicos: - dor nova ou aumentada - eritema - calor localizado - inchaço - secreção purulenta • Pirexia - em feridas cirúrgicas, normalmente cinco a sete dias pós- cirurgia • Cicatrização tardia (ou estacionada) • Abscesso • Mau cheiro Quanto à infecção localizada, MAIS: • Extensão adicional do eritema • Linfangite • Crepitação em tecidos moles • Ruptura/deiscência da ferida Observações: � Gk[_cWZkhWi�#�jWcXc�h[`[_e�Z[�[dn[hjei�Z[�f[b[1�W�Zeh�d[c�i[cfh[��kcW�YWhWYj[hij_YW�Z[� infecção em queimaduras de espessura total. � <[h_ZWi�fhe\kdZWi�#�[nj[die�Ze�[dZkh[Y_c[dje�ZW�\[h_ZW"�_d[nfb_Y|l[b�Wkc[dje�ZW�YedjW][c�Z[� b[kYY_jei�ek�i_dW_i�Z[�i[fi[�feZ[c�i[h�i_dW_i�Z[�_d\[Ye�fhe\kdZW�ZW�\[h_ZW��ek�i[`W"�ikX\WiY_Wb�$ � FWY_[dj[i�_ckdeYecfhec[j_Zei�#�i_dW_i�[�i_djecWi�feZ[c�i[h�ceZ_ÓYWZei�[�c[dei�Xl_ei$ 37 Capítulo 3 | Infecção IN FE CÇ ÃO S IS TÊ M IC A Sepse - infecção documentada com pirexia ou hipotermia, taquicardia, taquipneia, contagem aumentada ou reduzida de leucócitos i Sepse grave - sepse e disfunção múltipla de órgãos i Choque séptico - sepse e hipotensão apesar de reposição volêmica adequada i Morte Obs.: Outros locais de infecção deverão ser excluídos antes de assumir que a infecção sistêmica está relacionada à infecção da ferida. FERIDAS CRÔNICAS Por exemplo, úlceras do pé diabético, úlceras venosas nas pernas, úlceras arteriais nas pernas/pés ou úlceras de pressão. Infecção localizada Infecção disseminada • Dor nova, aumentada ou alterada * • Cicatrização tardia (ou estacionada) * • Edema periferida • Sangramento ou tecido de granulação friável (facilmente danificado) • Mau cheiro distintivo ou mudança no odor • Descoloração do leito da ferida • Exsudato aumentado ou alterado/ purulento • Endurecimento • Encapsulamento • Ponte Como para infecção localizada, MAIS: • Ruptura da ferida * • Eritema que se estende da borda da ferida • Crepitação, calor, endurecimento ou descoloração disseminada na área da periferida • Linfangite • Mal-estar ou outro tipo de deterioração não específica na condição geral dos pacientes Observações: � ;c�fWY_[dj[i�_ckdeYecfhec[j_Zei�[%ek�gk[�Wfh[i[djWc�d[khefWj_Wi�cejehWi�ek�i[dieh_W_i"�ei� i_djecWi�feZ[c�i[h�ceZ_ÓYWZei�[�c[dei�[l_Z[dj[i$�Feh�[n[cfbe"�[c�kc�fWY_[dj[�Z_WXj_Ye�Yec� bY[hW�Z[�f�_d\[YjWZW�[�d[khefWj_W�f[h_\h_YW"�W�Zeh�feZ[�de�i[h�kcW�YWhWYj[hij_YW�fhe[c_d[dj[$ � çbY[hWi�Whj[h_W_i�#�bY[hWi�Wdj[h_ehc[dj[�i[YWi�feZ[c�jehdWh#i[�c_ZWi�gkWdZe�_d\[YjWZWi$� Ei�fheÓii_edW_i�Ybd_Yei�Z[l[c�jWcXc�[ijWh�Y_[dj[i�Z[�gk[�de�f�Z_WXj_Ye"�W�_dÔWcWe�de� �d[Y[iiWh_Wc[dj[�_dZ_YWj_lW�Z[�_d\[Ye$�Feh�[n[cfbe"�W�_dÔWcWe�feZ[�[ijWh�WiieY_WZW�Yec� artropatia de Charcot. * Individualmente, altamente indicativas de infecção. A infecção é também altamente provável na presença de dois ou mais dos outros sinais listados. Poucos profissionais clínicos, se houver, agora utilizam resultados de esfregaço clínico para diagnosticar a presença de infecção, embora estes possam ser utilizados para orientar o tratamento, sugerindo o organismo causador. Biofilmes Um biofilme é uma comunidade polimicrobiana complexa na qual os microrganismos sintetizam e secretam uma 38 Capítulo 3 | Infecção matriz protetora que se liga firmemente a uma superfície. Esta matriz também protege o biofilme, fazendo com que os microrganismos sejam altamente tolerantes aos anticorpos do hospedeiro, antibióticos de células inflamatórias e muitos antissépticos (Schultz and Dowd 2013), o que significa que um biofilme é muito difícil de tratar. A presença de biofilme em feridas é um conceito relativamente novo; no entanto, é hoje amplamente aceito que eles estão presentes em um número significativo de feridas crônicas e contribuem consideravelmente para a cicatrização tardia (Philips et al 2010). Não é possível observar o biofilme a olho nu, mas alguns profissionais clínicos descrevem uma superfície brilhante sobre a ferida, e feridas que não cicatrizam sem outros sinais de infecção; estas feridas podem ser descritas como criticamente colonizadas. Como os biofilmes não são suscetíveis aos agentes antimicrobianos, é importante desfazê-los por debridamento de manutenção regular. Tratamento da Infecção Uma vez que a infecção é identificada, um regime antimicrobiano adequado deve ser iniciado. Se a infecção é sistêmica, este deve consistir de antibióticos sistêmicos a não ser que contraindicado. O tratamento de uma ferida infectada deve seguir um plano decisivo claro; o tratamento eficaz imediato da infecção da ferida pode reduzir o tempo de cicatrização e prevenir uma série de complicações. A infecção localizada da ferida pode ser tratada em muitos casos com a utilização de antissépticos tópicos. A utilização de antibióticos tópicos é recomendada raramente ou nunca. Além da utilização de agentes antimicrobianos, também é importante 39 otimizar a resposta do hospedeiro, garantindo que a saúde do paciente é ideal; por exemplo, mantenha um bom controle glicêmico, e também se certifique de que sejam removidos todos os fatores que podem desencadear ou prolongar uma infecção, tais como a presença de tecido necrótico. É importante compreender as diferentes definições: Antimicrobiano: um método de redução ou remoção de microrganismos que inclui a utilização de antibióticos e antissépticos. Antibiótico: uma substância que mata ou inibe o crescimento ou replicação bacteriana. Geralmente específico para determinada espécie ou cepa de bactéria, embora alguns possuem um espectro mais amplo de atividade. Existe uma preocupação com o aumento da resistência aos antibióticos. Antissépticos: são utilizados para eliminar ou reduzir o número de bactérias dentro ou em torno da ferida, possuem um espectro amplo de atividade contra bactérias, protozoários, fungos e vírus. A base do tratamento da maioria das infecções de feridas é a utilização de curativos antimicrobianos com uma variedade de ingredientes ativos, incluindo aqueles com: • Prata; • Iodo; • PHMB (Polihexametilenobiguanida); • Octenidina; • Mel. Capítulo 3 | Infecção 40 Não existe pesquisa para indicar a superioridade de um produto qualquer em relação a outro atualmente, e a maioria deles, se utilizados corretamente, exibem um efeito antimicrobiano (International Consensus 2012, Gottrup et al 2013). Na realidade, muitos curativos antimicrobianos são selecionados para outras propriedades relacionadas com o produto transportador, por exemplo, a capacidade de absorção ou de aderência. Vowden et al (2011) recomendam que os curativos antimicrobianos sejam utilizados para: • Prevenção de infecção em pacientes com risco elevado de infecção da ferida; • Tratamento da infecção localizada da ferida; • Tratamento local da infecção da ferida em casos de infecção disseminada ou sistêmica da ferida em conjunto com antibióticos sistêmicos. Qualquer antimicrobiano deve ser utilizado por um período fixo de tempo (geralmente não mais do que 2 semanas) e seu efeito sobre a ferida deve ser cuidadosamente avaliado; mais 2 semanas podem ser necessárias às vezes, mas seria incomum considerar o tratamento por mais tempo. Experiências recentes com biofilmes destacaram a importância do debridamento e da limpeza (algumas soluções antissépticas contêm um surfactante para facilitar a limpeza) para permitir a penetração do agente ativo no leito da ferida, e pode ser benéfica a utilização de um agente antimicrobiano diferente para um segundo ciclo do tratamento (Leaper et al 2012, Schultz and Dowd 2013). Capítulo 3 | Infecção 41 Conclusão A infecção da ferida é dispendiosa tanto para o paciente quanto para o serviço de saúde. Sempre que possível, deverão ser tomadas medidas para evitar a sua ocorrência. Quando a infecção da ferida é diagnosticada, deve ser tratada com rapidez e de forma decisiva e o tratamento deve ser avaliado regularmente. O controle da dor também deve ser considerado, assim como outros sintomas associados, tais como o aumento do exsudado e do odor quando na seleção de um curativo de ferida. Nut Capítulo 3 | Infecção 42 43 NUTRIÇÃO Nutrição Uma breve avaliação nutricional é importante para a cicatrização ideal da ferida. Muitos pacientes com feridas que não cicatrizam, principalmente diabéticos, podem sofrer de algum tipo de deficiência nutricional. Sempre que houver suspeita de anormalidade nutricional, o paciente deverá ser encaminhado a um especialista. O reconhecimento dos sinais de má nutrição é importante. Pacientes de alto risco em ambulatórios incluem: • Pacientes em hemodiálise; • Pacientes obesos mórbidos; • Pacientes com peso inferior a 80% do peso corporal ideal; • Pacientes com mais de 10% de perda de peso corporal nos últimos 6 meses (a não ser que os pacientes tenham realizado um regime específico de dieta); • Pacientes idosos; • Pacientes alcoolistas; • Pacientes com síndrome de má absorção. Os pacientes obesos necessitam de avaliação nutricional uma vez que a obesidade por si só não é um indicador Capítulo 4 44 de uma boa nutrição. A dieta do paciente deve ser questionada e o aconselhamento deve ser iniciado. Uma tabela de referência de peso-altura para adultos pode ser consultada, com base nos valores estabelecidos em diferentes países. Uma triagem nutricional breve pode ser iniciada no ambulatório de feridas. Esta triagem inclui: • Revisão da perda de peso recente maior do que 10% do peso corporal; • Revisão do histórico dos pacientes que pesam menos que 85% do peso corporal ideal; • Edema inexplicável; • Perda inexplicável de cabelo; • Baixo nível de albumina sérica (baseado em valores do laboratório local). O edema da ferida pode ser causado por várias etiologias, incluindo cardiopatia congestiva, venopatia, linfedema, bem como má nutrição. Em pacientes com desnutrição calórica proteica, é decorrente da pressão osmótica coloidal sérica baixa, que resulta no acúmulo de líquido intersticial. O edema pode contribuir para a cicatrização tardia, elevando a pressão hidrostática na extremidade inferior, diminuindo a liberação de nutrientes e inibindo a atividadecelular normal. Os níveis de proteína sérica podem ser um indicador da disponibilidade proteica. A albumina sérica é frequentemente utilizada na avaliação dos níveis Capítulo 4 | Nutrição 45 proteicos imediatos. Quando há suspeita de hipoalbuminemia, o paciente deve ser encaminhado a um nutricionista. Níveis baixos de proteínas podem estar presentes em pacientes idosos com dieta limitada, bem como em pacientes com feridas crônicas de drenagem alta. As recomendações para uma dieta melhorada podem ser sugeridas por um profissional clínico; no entanto, o controle da dieta deve ser de responsabilidade de um nutricionista. Algumas informações gerais relevantes para Apoio Nutricional incluem: • 30-35 calorias/kg/dia; • 1,25-1,5 gramas de proteína por kg por dia; • Suplemento vitamínico e mineral conforme necessário. Os nutrientes podem desempenhar um papel crítico na cicatrização da ferida. Capítulo 4 | Nutrição 46 Nutriente Função da Ferida em Cicatrização Resultado da Deficiência Proteínas Reparação da ferida Remodelagem da ferida Proliferação celular Síntese de colágeno Atividade celular Produção e migração de leucócitos Morte bacteriana mediada por células Cicatrização deficiente da ferida Hipoalbuminemia Edema Imunidade celular comprometida Linfopenia Gorduras Energia celular Fornecimento de ácidos graxos essenciais Produção de prostaglandinas Desenvolvimento da membrana celular Cicatrização deficiente da ferida Carboidratos Energia celular Proteínas de reserva em caso de necessidade calórica Fragilidade capilar Cicatrização deficiente da ferida escorbuto Vitamina C Integridade das membranas Cicatrização deficiente da ferida Zinco Cofator para enzimas Proliferação celular Cicatrização lenta da ferida Anorexia Capítulo 4 | Nutrição 47 O papel exato da suplementação vitamínica e mineral, excluindo pacientes que possuem uma deficiência, não foi bem definido. Pacientes idosos e aqueles com dietas não confiáveis com frequência recebem suplemento vitamínico diário, apesar da adição de vitaminas e minerais específicos ser geralmente baseada em ensaios de vitaminas e minerais. A prescrição excessiva e a adição de terapia vitamínica empírica podem ser dispendiosas e causar efeitos adversos, incluindo toxicidade vitamínica ou mínima, náuseas e indisposição gástrica. Sempre realize uma avaliação nutricional geral do paciente e determine suas necessidades a fim de encaminhá-lo a um especialista em nutrição. Capítulo 4 | Nutrição 48 49 Capítulo 5ÚLCERAS POR PRESSÃO Fisiopatologia A fisiopatologia das úlceras por pressão, chamadas de maneira inadequada de “escaras” e “úlceras de decúbito”, está implícita na palavra “pressão”. Existem, no entanto, numerosas etiologias que contribuem em adição à pressão, incluindo atrito e cisalhamento. Cada um destes fatores contribui para a necrose tecidual através da oclusão direta de vasos (pressão) e/ou por ruptura/ torção de vasos (cisalhamento). Neuropatia, arteriopatia, perfusão tecidual local diminuída, nutrição, incontinência fecal e urinária, imobilidade, inatividade e estado mental do paciente, tudo contribui para os danos causados pela pressão. Avaliação do Risco O principal objetivo deste manual é fornecer orientações para o tratamento de feridas, incluindo úlceras por pressão. No entanto, pacientes com e sem úlceras por pressão deverão sempre ser avaliados quanto ao risco. A escala mais comum utilizada para isto é a Escala de Braden. Profilaxia Medidas para prevenir a ocorrência por úlcera por pressão, bem como a reincidência, devem ser consideradas mesmo quando do tratamento de uma 50 Capítulo 5 | Úlceras por Pressão lesão aberta. Dispositivos e produtos de redução da pressão estão descritos na seção de produtos para o tratamento de feridas. O posicionamento do paciente é importante com todas as superfícies. O seguinte deve ser considerado no tratamento de pacientes que estejam imobilizados por períodos prolongados de tempo: • Previna atelectasia e pneumonia, virando todos os pacientes. • A cabeceira da cama não deve ser posicionada em um ângulo superior a 30 graus por períodos prolongados de tempo, se compatível com as metas de tratamento do paciente. Um ângulo excessivo produzirá forças de cisalhamento nas áreas sacral e isquiática, o que pode contribuir para a formação de úlceras. • Os pacientes que utilizam cadeiras de rodas devem ser encorajados a mudar de posição o mais frequentemente possível, com um mínimo de cada 15 minutos. Se eles não são capazes de deslocar o seu próprio peso, não devem ficar sentados durante mais de uma hora de uma vez. • Os pacientes acamados devem ser reposicionados a cada duas horas no mínimo. Os pacientes de alto risco precisam ser reposicionados com mais frequência. Mantenha em mente que a maioria dos testes iniciais sobre pressão e ulcerações resultantes foi realizada em voluntários jovens e hígidos. Pacientes gravemente debilitados podem 51 Capítulo 5 | Úlceras por Pressão desenvolver feridas em prazos mais curtos do que o esperado e podem necessitar de reposicionamento com mais frequência. • Os pacientes não devem ser posicionados diretamente sobre uma úlcera. • Os pacientes não devem ser “rolados” de lado a lado; ao invés disso, precisam ser posicionados deitados de lado a 30 graus. Medidas de Tratamento Auxiliares • Proporcione a redução adequada da pressão; • Avalie e melhore o status nutricional do paciente; • Proteja as áreas expostas à urina e fezes; • Proteja as áreas de tecido frágil e friável. Guia de Tratamento • Avaliação do paciente e da úlcera; • Tratamento da carga tecidual; • Tratamento da úlcera; • Tratamento da carga bacteriana e da infecção; • Reparação cirúrgica; • Educação e qualidade. 52 Capítulo 5 | Úlceras por Pressão Pontos de Pressão OBSERVAÇÕES CLÍNICAS: As úlceras por pressão não cicatrizarão, apesar do melhor tratamento, a menos que a redução da pressão seja tratada. Tratamento Categoria I Uma alteração observável relacionada à pressão da pele intacta, cujos indicadores em relação a uma área adjacente ou oposta do corpo podem incluir alterações em um ou mais dos seguintes: temperatura da pele, consistência tecidual e/ou sensação. A úlcera aparece como uma área definida de vermelhidão persistente na pele levemente pigmentada, enquanto que em peles mais escuras, a úlcera pode aparecer com tons persistentes de vermelho, azul ou roxo. 53 Capítulo 5 | Úlceras por Pressão EX`[j_le Proteger a área, reduzir a pressão, cobrir com curativo adequado, conforme necessário. Produtos • Cremes, hidratantes - precisam ser aplicados duas a três vezes por dia. Não massageie, aplique delicadamente; • Utilize pomadas ou pastas de barreira para proteger a pele de pacientes incontinentes; • Filmes transparentes, conforme necessário. Estes curativos reduzirão o atrito, permitindo a observação direta da pele. OBSERVAÇÕES CLÍNICAS: Evite hidrocoloides, uma vez que ocultam a área de observação. Curativos que são incapazes de permanecer no local por até 48 horas deverão ser substituídos por um tratamento eficaz de melhor relação custo-benefício. Utilizado com permissão de NPUAP. 54 Capítulo 5 | Úlceras por Pressão Tratamentos especiais devem ser tomados para não “criar tendas” na área de dobra glútea, pois isto deixa um túnel para a penetração de contaminantes e materiais fecais, enquantodiminui a eficácia do curativo. Recomenda-se que o curativo seja aplicado em primeiro lugar no centro da área de dobra, e em seguida empurrado suavemente para baixo em ambos os lados. Procedimentos • Posicione devidamente o paciente; • Limpe a pele delicadamente com solução de limpeza; • Aplique selante/barreira de pele na pele intacta a ser coberta com curativo e deixe secar; • Selecione o curativo que permite uma margem de 3-5 cm além da área da ferida; • Aplique o curativo; evite enrugar o curativo; • Anote os dados de dia e horário da aplicação. Categoria II Estas são as feridas de espessura parcial com perda de pele envolvendo a epiderme e/ou derme, mas não incluindo o tecido mais profundo. Podem apresentar-se como uma abrasão, bolha ou ferida superficial. 55 Capítulo 5 | Úlceras por Pressão EX`[j_le Prevenir trauma tecidual via redução de pressão e posicionamento adequado, proporcionar um ambiente melhor para o fechamento da ferida e prevenir a maceração excessiva em feridas altamente exsudativas. Utilizado com permissão de NPUAP. 56 Capítulo 5 | Úlceras por Pressão Produtos • Filmes transparentes: escolhas mais adequadas para escoriações de baixa exsudação e feridas superficiais. Devem ser capazes de permanecer no local por pelo menos três dias. • Espumas: recomendadas para feridas superficiais exsudativas. Com feridas de Categoria II, podem permanecer no local por três a sete dias. • Hidrocoloides: bons na maioria das feridas de Categoria II. Devem permanecer no local por três a sete dias. • Hidrogéis (folhas): também bons na maioria das feridas de Categoria II de baixa exsudação. Podem permanecer no local por três a sete dias. Os hidrogéis amorfos não possuem bom desempenho em feridas rasas com profundidade < 0,5 cm, pois a camada fina tende a secar. • Alginatos: podem ser utilizados em feridas mais altamente exsudativas; não é uma escolha primária em lesões de Categoria II. Procedimento • Posicione adequadamente o paciente; • Limpe a pele delicadamente com solução de limpeza; • Aplique selante/barreira de pele na pele intacta a ser coberta com curativo. Deixe secar; 57 • Selecione o curativo que permite uma margem de 3-5 cm além da área da ferida (alguns curativos, tais como os alginatos, são cortados no tamanho da ferida); • Aplique o curativo; evite enrugar o curativo; • Anote os dados de dia e horário de aplicação. OBSERVAÇÕES CLÍNICAS: Os curativos devem ser trocados antes de ocorrer vazamento. Quando os curativos hidrocoloides são removidos, cuidados de tratamento deverão ser tomados para retirar os resíduos do curativo antes de aplicar um curativo subsequente. Os fluidos da ferida podem aparecer turvos e podem ser malcheirosos quando os curativos hidrocoloides são removidos. Todo resíduo de curativo deverá ser lavado com solução fisiológica ou água estéril antes da avaliação do odor ou aparência da ferida. Categoria III Estas são feridas de espessura total estendendo-se até o nível do tecido subcutâneo, mas não através da fáscia de base. Estas feridas podem se apresentar com ou sem descolamento. Utilizado com permissão de NPUAP. Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 58 EX`[j_lei • Reduzir a pressão; • Posicionar adequadamente; • Proteger a ferida; • Prevenir a dessecação da ferida; • Prevenir a maceração excessiva; • Limpar as feridas; • Promover/Aumentar a granulação e a reepitelização. Produtos • >_ZheYebe_Z[i�# podem ser utilizados em feridas de exsudato baixo a moderado, com ou sem tecido necrótico. Não são a melhor escolha para feridas profundas ou de cratera, feridas com descolamento e solução de continuidade, ou aquelas com altas quantidades de exsudatos. Não são plenamente eficazes na promoção do debridamento autolítico Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 59 em feridas com grandes quantidades de escara, apesar de serem ideais para a promoção de debridamento autolítico de esfacelo amarelo. Lembre-se de ensinar a família que feridas com escaras ou detritos podem parecer maiores após os primeiros sete a dez dias de utilização do hidrocoloide como resultado de debridamento autolítico. •� >_Zhe]_i�Wceh\ei�#�podem ser úteis no preenchimento de defeito com profundidade superior a 0,5 cm enquanto promovem o debridamento autolítico. Não são eficazes em feridas altamente exsudativas. O gel é aplicado com frequência suficiente para manter a ferida úmida, porém sem líquido. Uma pequena quantidade de hidrogel amorfo aplicada sob um filme transparente é ideal para o amaciamento da escara. •� >_Zhe][b�Wceh\e�#�são eficazes em feridas de Categoria III-IV de baixa drenagem que não possuem cavidades, ou seja, úlceras nas pernas que podem ter exposição de tendão ou de músculo, mas não tão profundas quanto às lesões sacrais e isquiáticas de Categoria III-IV. •� ;ifkcWi�#�são muito úteis para este tipo de ferida. As espumas são alteradas conforme as instruções da embalagem. O desgaste usual é de 2-7 dias. Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 60 � =Wp[�c_ZW�#�pode ser utilizada. Cuidados deverão ser tomados para não deixar a gaze secar e aderir ao tecido, a menos que alguém esteja tentando o debridamento agressivo de úmido para seco. � 9khWj_lei�Z[�Wb]_dWje%Yeb|][de%YkhWj_lei�Z[� ÓXhW%[dY^_c[djei�Z[�\[h_ZW�#�utilizados para absorver o excesso de exsudato. Requerem curativo secundário. Observações: Terapia de ferida de pressão negativa pode ser utilizada para auxiliar com a granulação e fechamento da ferida em feridas profundas. Categoria IV Estas são feridas de espessura total que se estendem para baixo incluindo fáscia, músculo, tendão e/ou osso. EX`[j_lei • Proteger; • Reduzir a pressão; Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 61 • Posicionar adequadamente; • Evitar a dessecação do tecido; • Isolar; • Absorver o excesso de líquido; • Remover todos os tecidos necróticos; • Preencher o espaço morto; • Promover a granulação. Produtos • Igual ao Categoria III. Procedimentos • Posicione devidamente o paciente; • Limpe a pele delicadamente com solução de limpeza; • Aplique selante/barreira de pele na pele intacta a ser coberta com curativo. Deixe secar; • Selecione o curativo que permite uma margem de 3-5 cm além da área da ferida; • Aplique o curativo; evite enrugar a pele ou o curativo; • Anote os dados de dia e horário de aplicação. Capítulo 5 | Úlceras por Pressão Suspeita de Lesão Tissular Profunda Suspeita de Lesão Tissular Profunda - profundidade desconhecida. Área localizada roxa ou marrom de pele intacta descolorada ou bolha sanguinolenta em decorrência de danos de tecidos moles de base decorrentes de pressão e/ou cisalhamento. A área pode ser precedida por um tecido dolorido, firme, mole, úmido, mais quente ou mais frio em comparação ao tecido adjacente. A lesão profunda do tecido pode ser difícil de identificar em indivíduos com tons escuros de pele. A evolução pode incluir uma bolha fina sobre um leito escuro da ferida. A ferida pode continuar a progredir e tornar-se coberta por uma escara fina. A evolução pode ser rápida expondo camadas adicionais de tecido, mesmo com tratamento ideal. Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 62 63 Úlceras que não podem ser classificadas Perda de tecido ou pele de espessura total - profundidade desconhecida. Perda de tecido de espessura total em que a profundidade real da úlcera é completamente obscurecida por esfacelo (amarelo, castanho, cinza, verde ou marrom) e/ou escara (castanho, marrom ou preto) no leito da ferida. Até esfacelo e/ou escara suficienteserem removidos para expor a base da ferida, a verdadeira profundidade não pode ser determinada; mas será uma Categoria III ou IV. Escara estável (seco, aderente, intacto, sem eritema ou flutuação) no calcanhar serve como “proteção natural (biológica) do corpo” e não deve ser removida. Esta é uma úlcera completamente coberta com escaras, o que torna difícil determinar a profundidade do dano tecidual de base. Úlcera Terminal de Kennedy Uma Úlcera Terminal de Kennedy é uma úlcera por pressão que as pessoas adquirem quando estão morrendo. Estas úlceras se desenvolvem no final da vida em decorrência de insuficiência cutânea. Como a expectativa de vida do paciente pode ser inferior a 6 meses, o objetivo do tratamento é fornecer conforto e melhor qualidade de vida para o paciente, ao invés de esperar a cicatrização da úlcera. Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 64 Outras Considerações no Tratamento de Úlcera por Pressão • Quando fita é utilizada para moldura de um curativo, particularmente na área do sacro, calcanhar ou cotovelo, um selante de pele deve ser utilizado na pele que será coberta com fita. Isto auxiliará na proteção da pele. • As feridas devem ser exaustivamente lavadas utilizando uma agulha de 19 g com uma seringa de 35 ml. Cuidados devem ser tomados para não deixar a agulha/seringa tocar a superfície da ferida. • Úlceras de Categoria IV são frequentemente associadas com osteomielite de base. Radiografias devem ser consideradas para todos os pacientes com estas lesões. • Úlceras de Categoria IV exigem a remoção de todos os possíveis tecidos necróticos e detritos da ferida. A ferida deve ser mantida úmida e limpa para promover o fechamento. Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 65 • O trato sinusal e as cavidades devem ser explorados quanto a fístulas, bem como abscessos de espaço profundo e necrose. • Consulta cirúrgica e intervenção são frequentemente necessárias em pacientes com úlceras de pressão de Categoria IV. CeZWb_ZWZ[i�7Z`klWdj[i Considere um encaminhamento à fisioterapia para pacientes com úlceras por pressão para auxiliar na mobilização e para a avaliação das necessidades de almofadas sanitárias. Os fisioterapeutas também utilizam estimulação elétrica, ultrassonografia e/ou lavagem pulsada para facilitar a cicatrização de úlceras por pressão de Categorias II, III e IV. Capítulo 5 | Úlceras por Pressão 66 67 ÚLCERA TERMINAL DE KENNEDY Capítulo 6 Úlcera Terminal de Kennedy A Úlcera Terminal de Kennedy é uma úlcera por pressão desenvolvida por alguns pacientes durante o processo de morte. Duas apresentações semelhantes, porém diferentes, foram descritas; uma aguda e uma segunda crônica. Em 1983, quando uma das primeiras equipes tratamento de pele foi criada em uma unidade de tratamento de longa duração de 500 leitos durante os ciclos de úlcera por pressão, Karen Kennedy e sua equipe observaram um subconjunto distinto de úlceras de pressão. Estas úlceras tinham diferentes apresentações, andamento da progressão e resultados finais. Estes fenômenos se tornaram conhecidos como “Úlcera Terminal de Kennedy” para o processo crônico e “Síndrome 3:30” para o processo agudo. Ainda desconhecido na época, este processo foi descrito pelo Dr. Jean-Martin Charcot, “Pai da Neurologia Moderna” em 1877. Dr. Charcot descreveu a apresentação crônica como “Decubitus Ominosus” e a aguda como “Decubitus Acutus”. Uma Úlcera Terminal de Kennedy é diferente de uma “úlcera por pressão típica”, em seu início, a apresentação inicial, progressão, cores, bordas, duração, forma, localização, população de pacientes e resultado. A progressão da úlcera tende a seguir um processo diferente. 68 Capítulo 6 | Úlcera Terminal de Kennedy Início: Normalmente súbito. O que estava lá ontem não é o que está lá hoje. Muitas vezes, o enfermeiro ou cuidador dirá: “Oh, meu Deus... isto não estava lá ontem”. Na Síndrome 3:30 ou apresentação aguda, pode progredir em tamanho por hora. Apresentação inicial: É muitas vezes uma descoloração superficial da pele intacta. Muito parecida com uma lesão tecidual profunda, ulceração rasa superficial, bolha ou escoriação, muitas vezes se assemelha à dermatite associada à incontinência (DAI). A UTK e Decubitus Ominosus são geralmente bilaterais, enquanto que a Síndrome 3:30 ou Decubitus Acutus tendem a ser unilaterais. Progressão: Tende a ser muito mais rápida do que outras úlceras por pressão. As úlceras são geralmente mais superficiais e podem desenvolver-se rapidamente em tamanho e profundidade. Na Síndrome 3:30 ou Decubitus Acutus, a descoloração da pele intacta, caso testemunhada, muitas vezes começa como uma área muito pequena que pode se assemelhar a um pequeno grão de fezes secas ou uma mancha de tinta preta e tende a aumentar de tamanho a cada hora. A epiderme superficial, muitas vezes, possui uma aparência bolhosa e pode ser aberta pela menor fricção de um pano de limpeza da pele sobre a área descolorada. Cores: As cores da apresentação inicial da ulceração superficial tendem a ser vermelhas, amarelas, e se tornam pretas, marrons ou roxas. 69 Capítulo 6 | Úlcera Terminal de Kennedy A apresentação aguda da Síndrome 3:30, na maioria das vezes, é de descoloração preta ou roxa semelhante a uma apresentação de suspeita de lesão profunda do tecido. Bordas: Na maioria das vezes são irregulares. Forma: Pode ter a forma de pera, borboleta ou ferradura e na apresentação UTK é geralmente bilateral; no entanto, com a apresentação aguda na maioria das vezes é unilateral. Localização: Na maioria das vezes é a área sacrococcígea, mas foi relatada em outros locais, como o ísquio, joelho, cotovelo, tornozelo e outros. Duração: A duração depende de vários fatores, incluindo a idade, perda de peso involuntária, comorbidades e anormalidades dos valores laboratoriais, como hemoglobina, contagem total de linfócitos, glicemia, albumina sérica e o aumento do número total de anormalidades nos valores laboratoriais, tais como CBC ou perfil Clínico ou Bioquímico. População de Pacientes: Na maioria das vezes é observada em idosos ou pacientes que sofrem de um processo terminal debilitante. Este fenômeno não foi relatado na população pediátrica. Tratamento: O tratamento de uma Úlcera Terminal de Kennedy é o mesmo que para qualquer outra úlcera por pressão com as mesmas características. 70 O que Causa uma Úlcera Terminal de Kennedy? Mais pesquisas precisam ser feitas sobre o assunto. No entanto, uma ideia é que ela pode ser um problema de profusão sanguíneo exacerbado pelo processo de morte. A pele é um órgão, como são o coração, os rins, os pulmões e o fígado. É o maior dos órgãos do corpo, e é o único que se encontra no exterior do corpo. Ela pode refletir o que está acontecendo dentro do corpo humano. Uma teoria é que quando as pessoas estão se aproximando do processo de morte, os órgãos internos podem começar a desacelerar e entrar em falência múltipla de órgãos. É quando os órgãos internos começam a desacelerar e a não funcionar de forma eficiente. Nenhuma sintomatologia específica pode ser identificada além da pele sobre as proeminências ósseas que começam a mostrar o efeito de pressão em um período de tempo mais curto. Apesar de virar um paciente a cada duas horas ser suficiente em uma situação de certa forma normal, com esta população, pode causar danos no tecido superficial. Uma Úlcera Terminal de Kennedy pode melhorar? Incerto A maioria delas não melhora. Este processo ocorre mais frequentemente duranteas alterações da pele no final da vida. No entanto, foi relatado que um paciente que estava perto ou no fim da vida desenvolveu o que se parecia uma Úlcera Terminal de Kennedy, mesmo após a família decidir que queria que todas as intervenções disponíveis, Capítulo 6 | Úlcera Terminal de Kennedy 71 para o hospital ou UTI para modalidades adicionais. Alguns profissionais clínicos chamaram este caso de “Úlcera Terminal de Kennedy Ressucitada”. Em raras ocasiões, este fenômeno é reversível. Reconhecido pela CMS O Manual do Programa de Relato de Qualidade CMS LTCH declara: Úlceras de pele que se desenvolvem em pacientes que apresentam doença terminal ou estão no final da vida deverão ser avaliadas e classificadas como úlceras de pressão até que se determine que a úlcera é parte do processo de morte (também conhecida como Úlceras de Kennedy). As Úlceras de Kennedy podem se desenvolver de 6 semanas a 2 ou 3 dias antes da morte. Estas úlceras apresentam-se como áreas roxas da pele em forma de pera com bordas irregulares, que são frequentemente encontradas nas áreas sacrococcígeas. Quando uma úlcera é determinada como Úlcera de Kennedy, ela não deverá ser codificada como uma úlcera por pressão. Capítulo 6 | Úlcera Terminal de Kennedy 72 Úlcera Terminal de Kennedy Síndrome 3:30 Início Repentino Repentino Apresentação Inicial Pele intacta descolorada ou ulceração superficial semelhante a uma bolha, escoriação ou dermatite associada à incontinência Pele intacta descolorada, muitas vezes escura, roxa, cinza ou preta. Progressão Rápida Rápida Cores Vermelho, amarelo, marrom, preto, verde Vermelho, roxo, preto Bordas Muitas vezesirregular Muitas vezes irregular Forma Pera, borboleta,ferradura Mancha unilateral irregular Duração Semanas a meses Na maioria das vezes 24- 48 horas Localização O mais comum é a área sacrococcígea, mas pode estar em outros lugares O mais comum é nádegas, mas pode estar em outros lugares Etiologia Desconhecida - considerada alterações na pele no final da vida Desconhecida - considerada alterações na pele no final da vida Capítulo 6 | Úlcera Terminal de Kennedy 73 Úlcera Terminal de Kennedy Síndrome 3:30 Início Repentino Repentino Primeira Descrição Centro de - 1983 Saúde Byron, Fort Wayne, Indiana 1983 - Centro de Saúde Byron, Fort Wayne, Indiana Primeira Descrição Primeiro - 1989 Encontro de Assessoria Panorâmica Nacional de Úlcera por pressão, .Washington DC 1989 - Primeiro Encontro de Assessoria Panorâmica Nacional de Úlcera por pressão, Washington DC. Outros Nomes Decubitus” Ominosis – Dr. Charcot “Decubitus Acutus – Dr. Charcot Capítulo 6 | Úlcera Terminal de Kennedy 74 75 Capítulo 7 ÚLCERAS ARTERIAIS Fisiopatologia As úlceras arteriais, também conhecidas como isquêmicas, não cicatrizam em decorrência de Doença Arterial Periférica (DAP). Estas feridas são frequentemente desencadeadas por trauma, seja acidental ou cirúrgico, e não cicatrizam porque a DAP coexistente contribui para a diminuição do fluxo sanguíneo e oxigenação dos tecidos. Os fatores de risco para as úlceras arteriais são os mesmos que os para a DAP: histórico familiar, tabagismo, diabetes, hipertensão, hiperlipidemia, idade avançada, etc. São fundamentais para o diagnóstico de úlceras arteriais: histórico, exame da circulação arterial, da úlcera, da pele circundante, e estudos arteriais. Consulte o capítulo 2 (Avaliação e Documentação) para histórico e achados de exames da arteriopatia. Ao considerar o histórico, a dor deve ser avaliada. Normalmente, os pacientes com DAP grave o suficiente para interferir com a cicatrização apresentarão dor de repouso ou dor com a elevação das pernas que é aliviada com dependência das pernas. Se for grave o suficiente, o paciente não será capaz de dormir em uma cama à noite, preferindo ficar em uma cadeira com as pernas dependentes. A dor em repouso indica isquemia crítica dos membros, e se não for tratada pode levar à amputação. 76 Capítulo 7 | Úlceras Arteriais Diagnóstico Se o exame clínico leva à suspeita de arteriopatia, estudos arteriais não invasivos devem ser solicitados. Estes testes são realizados em um laboratório vascular com o paciente em decúbito dorsal, e incluem os seguintes testes: Análise das Ondas do Doppler Um teste qualitativo da DAP no qual uma gravação em faixa dos pulsos periféricos é obtida e analisada. Este teste identifica DAP, mas não especificamente quantifica sua gravidade. Pressões Segmentares A pressão arterial sistólica é coletada com manguitos no alto da coxa, baixo da coxa, alto da panturrilha e tornozelo. Gradientes superiores a 20 mmHg entre manguitos na mesma perna ou entre as pernas no mesmo nível são indicativos de DAP. Índices tornozelo- braquial (ITB) são obtidos como parte deste teste. A pressão do tornozelo deve ser normalmente a mesma ou de 10-20% mais elevada do que a pressão braquial. A pressão no tornozelo é dividida pela pressão braquial para chegar a um índice: 77 Capítulo 7 | Úlceras Arteriais ITB Interpretação >1.0 Normal 1.0 – 0.9 Arteriopatia oclusiva mínima 0.9 – 0.5 Arteriopatia oclusiva significativa <0.5 Arteriopatia oclusiva grave Esteja ciente de que o ITB pode ser falsamente elevado na presença de artérias calcificadas (calcificação medial). Um ITB > 1,3 pode indicar isto, ou um ITB aparentemente normal em um paciente com sinais clínicos de DAP, e/ou ondas monofásicas. Em caso de suspeita, mais testes são justificados. Pressões do Dedo do Pé Obtidas com um manguito de dedo do pé colocado ao redor deste, e um fotoeletrodo colocado distalmente ao manguito. Úteis para prever cicatrização e raramente são afetadas pela calcificação medial; pressões do dedo do pé > 40 mmHg indicam fluxo adequado para a cicatrização. Abaixo de 20 mmHg, a chance de cicatrização é baixa. Há uma zona cinzenta entre 20-40 mmHg na qual algumas feridas podem cicatrizar-se lentamente, e algumas não, especialmente se associadas a comorbidades. 78 Capítulo 7 | Úlceras Arteriais Imagem Duplex Esta técnica de ultrassonografia é utilizada para avaliar o status anatômico e fisiológico dos vasos periféricos. Alterações na velocidade sistólica máxima em torno e dentro de lesões estenóticas fornecem dados para quantificar a extensão da DAP. As formas de ondas também são analisadas. Monitoramento Transcutâneo de Oxigênio (TCOM) Um sensor colocado sobre a pele e aquecido para provocar vasodilatação local que mede o nível de oxigênio na pele. TCOM normal é superior a 40 mmHg, um bom potencial de cicatrização > 30 mmHg (> 40 mm é preferido em diabéticos), zona cinzenta é 20-30 mmHg e < 20 mmHg é preditivo de baixo potencial de cicatrização. Pressão de Perfusão da Pele Um manguito com sensor de fluxo Doppler a laser é colocado ao redor do dedo do pé, pé, tornozelo, panturrilha ou coxa. Mede o fluxo sanguíneo conforme o manguito desinfla, convertendo-o em pressão. Bom potencial para cicatrização se o resultado for acima de 30 mmHg, zona cinzenta é 20-30 mmHg, e baixo potencial para cicatrização se < 20 mmHg. Se, com base no teste não invasivo, for determinado que o paciente apresenta DAP, a próxima questão é se ele é ou não um candidato para a revascularização com base nas comorbidades e o desejo do paciente de submeter- se aos procedimentos. Se sim, será realizado um angiograma para avaliar a viabilidade da
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