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(1) Participação Política e Meio Ambiente

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Participação Política e Meio Ambiente
Política Ambiental
1.1 Definição
A Política Ambiental constitui o conjunto de metas e instrumentos que visam reduzir os impactos negativos da ação humana sobre o meio ambiente.
Como toda Política:
Possui justificativa para sua existência;
Fundamentação teórica;
Metas e instrumentos;
E, prevê penalidades para quem não cumpre as normas pré-estabelecidas.
Importância: a Política Ambiental tem sido um tema muito frequente na atual conjuntura, em particular, nos países industrializados, dado que tem produzido efeitos sobre a atividade econômica, em especial, sobre as relações de comércio internacional, os quais podem ser percebidos pelo surgimento de “barreiras não-tarifárias”.
1.2 Evolução da Política Ambiental no Mundo
A degradação do meio ambiente, manifestada sob a forma de externalidades negativas, que derivam de atividades econômicas convencionais, tem imposto a necessidade de intervenção do estatal, no sentido de mediar e resolver os conflitos resultantes desse processo.
Essas intervenções que, originariamente, tem se manifestado no mundo desenvolvido, variam de país para país, bem como no período de vigência. 
É possível identificar três fases distintas da Política Ambiental:
Primeira Fase:
Estende-se desde o fim do século XIX até o período imediatamente anterior a segunda guerra mundial.
Tem como forma preferencial de intervenção estatal a disputa em tribunais, onde as vítimas das externalidades negativas ambientais, entram em juízo contra os agentes poluidores ou devastadores, para resolverem seus litígios. 
Exemplo: uma cidade ribeirinha, situada rio abaixo, pode ingressar em um tribunal contra outra cidade, situada rio acima, porque esta última, ao lançar seus dejetos sem tratamento, está encarecendo a potabilização da água.
Dificuldades: a longo prazo, a disputa em tribunais, caso por caso, tornou-se excessivamente custosa, não só em termos monetários, mas principalmente em termos de tempo de resolução dos litígios.
Segunda Fase:
Inicia-se aproximadamente na década de 1950. Essa fase, denominada de Política de comando e controle, assumiu duas características muito bem definidas:
A imposição, pela autoridade ambiental de padrões de emissão incidentes sobre a produção final (ou sobre o nível de utilização de um insumo básico) do agente poluidor;
A determinação de melhor tecnologia disponível, para abatimento da poluição e cumprimento do padrão de emissão.
Dificuldades: tem implementação excessivamente morosa, devido à dificuldade de se encaminhar as negociações entre regulamentadores e empresas, e às contestações judiciais, que emergem;
Terceira Fase:
Representa a prática de política ambiental que vigora atualmente, e que é identificada como política ‘mista” de comando e controle.
Nessa modalidade de política ambiental, os padrões de emissão deixam de ser meio e fim da intervenção estatal e passam a ser instrumentos, dentre outros, de uma política que usa diversas alternativas e possibilidades, para a consecução de metas acordadas socialmente.
Marco Institucional: Promulgação do NEPA (National Environmental Policy Act) de 1970 nos Estados Unidos.
Representa um marco na história da gestão ambiental pelo Estado, não tanto pelo que é mais conhecida (a Instituição dos Estudos de Impacto Ambiental - EIAs) e respectivos Relatórios de Impactos Ambientais (RIAs), como instrumentos preferenciais na tomada de decisão e gestão ambiental, mas sim, pelo estabelecimento do Conselho da Qualidade Ambiental, órgão diretamente ligado ao Pode Executivo e encarregado de elaborar anualmente, para o Presidentes dos EUA, o relatório ao Congresso sobre o estado do meio ambiente, em todo território nacional. 
Estas práticas originam, entre 1971 e 1975, uma profusão de padrões de qualidade para o ar e para a água, mundo afora.
1.3 Razões para a Adoção de política Ambiental
A Política Ambiental é necessária para induzir ou forçar os agentes econômicos (consumidores, industrias, agricultura, etc...) a adotarem posturas e procedimentos menos agressivos ao meio ambiente, ou seja, reduzir a quantidade de poluentes lançados no ambiente e minimizar e a diminuição dos recursos naturais.
No caso das indústrias, os recursos naturais são transformados em matérias-primas e energia, gerando impactos ambientais iniciais (desmatamento, emissões de gases poluentes, erosão do solo, dentre outros).
As matérias-primas e a energia são os insumos da produção, tendo como resultados o produto final e os rejeitos industriais (fumaça, resíduos sólidos e líquidos).
Como os recursos naturais utilizados nos processos industriais são finitos, e muitas vezes não renováveis, a utilização deve ser racional, a fim de que o mesmo recurso possa servir para a produção atual e também para as gerações futuras – esse é o Princípio do “desenvolvimento Sustentável”.
1.4 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA AMBIENTAL
Os instrumentos de Política Ambiental tem como principal função a de internalizar o custo externo ambiental. Estes instrumentos podem ser divididos em três grupos:
Instrumentos de comando e controle;
Instrumentos econômicos ou de mercado;
Instrumentos de comunicação;
1.5 Instrumentos de Comando e Controle:
São também chamados de instrumentos de regulação direta, pois implicam o controle direto sobre os locais que estão emitindo poluentes.
O órgão regulador estabelece uma série de normas, controles, procedimentos, regras e padrões a serem seguidos pelos agentes poluidores e também diversas penalidades (multas, cancelamento de licenças...) caso não cumpram o estabelecido. 
 Embora sejam bastante eficazes, os instrumentos de comando e controle implicam altos custos de implementação, além disso, podem ser injustos por tratar todos os poluidores da mesma maneira, sem levar em conta diferenças de tamanho da empresa e a quantidade de poluentes que lança no meio ambiente.
Exemplo: exigência de utilização de filtros em chaminés das unidades produtivas; fixação de cotas para extração de recursos naturais (madeira, pesca e minérios); concessão de licenças para funcionamento de fábricas; obrigatoriedade de substituição da fonte energética da unidade industrial (substituição de lenha por energia hidrelétrica em siderurgias).
1.6 Instrumentos Econômicos
São também denominados instrumentos de mercado e visam a internalização das externalidades ou de custos, que não seriam normalmente incorridos pelo poluidor ou usuário.
Vantagens:
permite a geração de receitas fiscais e tarifárias (por meio de cobrança de taxas ou tarifas);
possibilita que tecnologias menos intensivas em bens e serviços ambientais sejam estimuladas pela redução de despesa fiscal, que será obtida em função da redução da carga poluente;
atua no inicio do processo de suo dos bens e serviços ambientais;
Evitar os dispêndios judiciais para a aplicação de penalidades;
Implementar um sistema de taxação progressiva, segundo critérios distributivos, em que a capacidade de pagamento de cada agente econômico seja considerada.
Exemplos:
a.1) empréstimos subsidiados para agentes poluidores que melhorarem seu desempenho ambiental;
a.2) depósitos reembolsáveis na devolução de produtos poluidores (vasilhame de vidros);
a.3) Eliminação de poluição negociáveis;
Instrumentos de Comunicação:
São utilizados para conscientizar e informar os agentes poluidores e as populações atingidas, sobre diversos temas ambientais causados, atitudes preventivas, mercados de produtos ambientais, tecnologias menos agressivas ao meio ambiente, e facilitar a cooperação entre os agentes poluidores para buscar soluções ambientais. 
Exemplos: 
educação ambiental. Ex.: na década de 80 o Estado fazia propaganda Institucional (isolada) na TV, rádio e também nas Escolas sobre o “Sugismundo”.
 divulgação de benefícios para as empresas que respeitam o meio ambiente;
selos ambientais. Ex.: produtos orgânicos
Selos verdes. Ex.: geladeira, aspirador de pó, televisão, que vão gastar menor quantidade de energia elétrica.
Política Ambientale Comércio Internacional
A Política ambiental de diferentes países pode influenciar nos fluxos de Comércio Internacional. 
Quando o produto ou seu método de produção causam problemas ambientais, o país importador pode colocar barreiras ao comércio internacional.
Essas barreiras são identificadas como barreiras não tarifárias, também chamadas “barreiras verdes”, pois restringem o comércio internacional, com a finalidade de proteger o meio ambiente.
2.1 Principais problemas ambientais causados pelo comércio internacional:
Danos ambientais causados pelo transporte de mercadorias de um país para outro (emissões atmosféricas e acidentes);
Danos ambientais causados pelo uso de um produto, onde o país importador teria problemas ambientais por causa do consumo do produto importado (destruição da camada de ozônio);
2.2 Política Ambiental no Brasil.
Até a década de 1970, não existia um órgão especificamente voltado ao controle ambiental.
As legislações existentes tratavam da exploração de alguns recursos naturais, através de medidas isoladas:
Código florestal de 1934, tratava de questão das matas nativas, sendo posteriormente reformado em 1965;
Código de águas de 1934, estabelecendo normas de uso dos recursos hídricos, com especial atenção ao seu aproveitamento hidrelétrico.
Comissão Executiva da Defesa da Borracha de 1947, estabelecendo medidas que visam à assistência econômica da borracha natural, reestruturada posteriormente em 1967;
Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe) de 1962, vinculada ao Ministério da Agricultura.
2.3 Somente em 1973 a questão ambiental passou a ser tratada com uma estrutura independente:
	
Criou-se a secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, vinculada ao Ministério do Interior, com um grande nível de descentralização e um acentuado viés regulatório.
Em 1981 estabeleceu-se os objetivos, as ações e os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, contemplando:
O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
O zoneamento ambiental;
A avaliação de impactos ambientais;
O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.
POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL
Foi instituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e também criou-se o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Em 1996, foi instituída a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou-se o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos. 
Em 1998, as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente passam a sofrer sanções penais e administrativas, a partir da criação da “Lei de Crimes Ambientais”.
3.1 DIFICULTADES ENFRENTADAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL
A questão ambiental não foi prioridade no processo de industrialização brasileiro, uma vez que são vários os exemplos de descaso do setor industrial brasileiro com a questão ambiental.
O atraso no estabelecimento de normas ambientais e agências especializadas no controle da poluição industrial demonstra que a questão ambiental não configurava entre as prioridades de políticas públicas.
A estratégia de crescimento econômico associado ao processo de industrialização, privilegiou setores intensivos em emissões.
Embora o Brasil tenha avançado na consolidação de uma base industrial diversificada, esse avanço esteve calcado no uso intensivo de recursos naturais (energia e matérias primas baratas).
Amplas dificuldades no sistema de comando e controle na gestão de recursos ambientais.
O problema é agravado pela falta de informações sobre a extensão e a relevância dos problemas resultantes da degradação ambiental.
Existem graves problemas de fiscalização devido, fundamentalmente, à escassez de recursos humanos e financeiros.
Excesso de rigidez do sistema de normas atualmente vigente, que restringe a flexibilidade das ações dos gestores ambientais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação a evolução da política ambiental no mundo, percebe-se que os padrões de qualidade tornam-se importantes para a definição de metas de políticas, além da crescente adoção dos instrumentos econômicos.
A política ambiental busca induzir ou forçar os agentes econômicos a adotarem ações que provoquem menos danos ao meio ambiente, seja reduzindo a quantidade de emissões ou a velocidade de exploração dos recursos naturais.
Os instrumentos de política ambiental (instrumentos de comando e controle, instrumentos econômicos e instrumentos de comunicação), em geral, são utilizados conjuntamente, fazendo com que sejam distintas as políticas ambientais de diferentes localidades.
A política ambiental adotada pelos países pode afetar diretamente o comércio internacional.
 O modelo de gestão da política ambiental no Brasil tem demonstrado avanços limitados no controle a poluição e no combate a outras formas de degradação do meio ambiente. Os próprios gestores reconhecem a necessidade de se buscar formas mais eficientes de controle.

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