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Taguatinga/DF 
2019 
DAYNARA VITOR PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O INFANTICÍDIO INDÍGENA À LUZ DO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
2 
 
Taguatinga/DF 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O INFANTICÍDIO INDÍGENA À LUZ DO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
à Faculdade Anhanguera, como requisito 
parcial para a obtenção do título de graduado 
em Direito. 
Orientadora: Carina Kamei 
 
 
 
DAYNARA VITOR PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
DAYNARA VITOR PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
O INFANTICÍDIO INDÍGENA À LUZ DO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
à Faculdade Anhanguera, como requisito 
parcial para a obtenção do título de graduado 
em Direito. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Taguatinga/DF, ___ de ___ de ______. 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, à minha 
família, ao meu namorado, aos meus 
amigos e a todos os que acreditam no 
meu potencial. 
 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, autor da vida, meu refúgio e fortaleza, por realizar os meus sonhos e 
me dar saúde e forças para superar todos os momentos difíceis pelos quais passei 
ao longo da minha graduação, sem Ele nada disso seria possível. 
À minha mãe, Alminda Vitor Soares, heroína e guerreira que não mede 
esforços para me ajudar, por todo o apoio e incentivo nas horas difíceis, de 
desânimo е cansaço, por suas orações e pelo seu amor incondicional, os quais me 
mantêm firme. 
Aos meus irmãos Paulo, Raiane, Dayane e Natalia por serem meus melhores 
amigos, pelas palavras de ânimo, pelo incentivo, companheirismo e pelo amor 
fraterno. 
Ao meu namorado Tiago pelo amor, respeito, companheirismo, compreensão, 
e por me motivar a alcançar meus objetivos. 
Aos meus sobrinhos João Pedro, Cecília e Luísa pelo mais puro amor e por me 
proporcionarem momentos de alegria e distração. 
Aos meus cunhados Alex e Paulo Silas pela amizade, motivação e 
companheirismo. 
Às minhas grandes amigas Fabiana, Hadassa e Maria Cristina por tornarem a 
caminhada acadêmica mais leve e feliz. 
Aos meus nobres amigos Raine e Aleilson pela amizade e motivação. 
Ao corpo docente do curso de Direito da Faculdade Anhanguera de Brasília por 
todo o conhecimento transferido durante esses anos. 
À minha tutora Carina Kamei pelo profissionalismo e pela atenção. 
 Aos meus familiares e a todos os que, direta ou indiretamente, fizeram parte 
da minha formação acadêmica e acreditaram que eu conseguiria realizar este 
grande sonho, meus sinceros agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que todos os nossos esforços estejam sempre 
focados no desafio da impossibilidade. Todas as 
grandes conquistas humanas vieram daquilo que 
parecia impossível. 
 (Charles Chaplin) 
 
 
7 
 
VITOR, Daynara. O infanticídio indígena à luz do ordenamento jurídico 
brasileiro. 2019. 32. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – 
Faculdade Anhanguera de Brasília, Taguatinga/DF, 2019. 
 
RESUMO 
O infanticídio indígena é o ato pelo qual os pais, por razões culturais, são 
forçados a tirarem a vida do próprio filho que, porventura venha a nascer com 
alguma necessidade especial, ou por outros motivos que façam com que o bebê 
não seja aceito pela comunidade indígena. Várias tribos íncolas ainda cometem 
esses atos cruéis, valendo-se da proteção legal advinda da diversidade cultural. A 
Constituição Federal, no entanto, classifica a vida como direito fundamental 
inerente a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país, 
indiscriminadamente, garantindo, assim, sua inviolabilidade. Desta forma, o 
presente estudo tem por escopo analisar o conflito resultante da relação entre os 
direitos fundamentais tutelados pela Constituição Federal e a diversidade cultural, 
com foco na proteção à vida, tendo em vista que os preceitos normativos 
constantes no ordenamento jurídico brasileiro abrangem a todos, não sendo, pois, 
justo que a cultura de um povo se sobreponha à soberania da lei universal, razão 
pela qual se buscará as respostas a respeito do tema, compatíveis com o real 
sentido e finalidade da lei. 
 
 
Palavras-chave: Infanticídio indígena; Constituição Federal; Direitos; Vida; Cultura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
VITOR, Daynara. Indigenous infanticide in the light of the Brazilian legal 
system. 2019. 32. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – 
Faculdade Anhanguera de Brasília, Taguatinga/DF, 2019. 
 
ABSTRACT 
Indigenous infanticide is the act by which parents, for cultural reasons, are forced to 
take the life of their own child who may be born with some special need or for other 
reasons that make the baby not accepted by the community indigenous. Several 
lowland tribes still commit these cruel acts, using legal protection from cultural 
diversity. The Federal Constitution, however, classifies life as a fundamental right 
inherent in all Brazilians and foreigners residing in the country, indiscriminately, thus 
guaranteeing its inviolability. In this way, the present study has as scope to analyze 
the conflict resulting from the relation between the fundamental rights protected by 
the Federal Constitution and the cultural diversity, focusing on the protection of life, 
considering that the normative precepts contained in the Brazilian legal system cover 
all , therefore it is not right that the culture of a people overlaps with the sovereignty 
of the universal law, which is why we will seek the answers about the theme, 
compatible with the real meaning and purpose of the law. 
 
Key-words: Indigenous infanticide; Federal Constitution; Rights; Life; Culture. 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
1.INTRODUÇÃO........................................................................................................10 
2. AS TRADIÇÕES INDÍGENAS E A CRIANÇA COMO SUJEITO DE DIREITOS E 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS................................................................................12 
2.1 INFANTICÍDIO INDÍGENA NO BRASIL............................................................12 
2.2 DISPOSIÇÕES LEGAIS SOBRE A PROTEÇÃO INFANTIL........................... ..15 
3. TRATAMENTO DISPENSADO AOS ÍNDIOS À LUZ DA LEGISLAÇÃO 
PÁTRIA..................................................................................................................19 
3.1 O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E OS DIREITOS DOS 
ÍNDIOS...................................................................................................................19 
3.2 O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E O DIREITO À VIDA.................21 
4. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ERRADICAÇÃO DO INFANTICÍDIO INDÍGENA....24 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................28 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
1.INTRODUÇÃO 
De acordo com o Código Penal Brasileiro, infanticídio é o ato peloqual a mãe, 
estando em estado puerperal, tira a vida do próprio filho, durante o parto ou logo 
após. Diferente do infanticídio comum, o infanticídio indígena comporta 
peculiaridades, dentre as quais se destacam a ausência do puerpério, caracterizado 
pela mudança física e mental da mulher, que resulta na rejeição do próprio filho, a 
inexigência da condição de neonato do filho, dados os relatos de crianças de um ano 
ou mais que sofreram rejeição e cujos casos se enquadraram nesta tipificação legal, 
bem como a não cominação de pena, haja vista se tratar de um ato cultural. 
 O infanticídio indígena ainda é realidade em várias etnias íncolas, haja vista a 
determinação cultural de que a própria mãe deva ceifar a vida de seus filhos que, 
porventura, sejam gêmeos, portadores de necessidades especiais, filhos de mãe 
solteira, ou cujo sexo seja indesejado. 
Considerando que os índios têm seus direitos tutelados por leis específicas, o 
Estado se mantém inerte diante desta prática que se estende de geração a geração, 
a qual é vista com normalidade pelo Governo, que deveria intervir diretamente, por 
meio de políticas de conscientização dos povos indígenas quanto à ilegalidade deste 
ato e o dever de preservação da vida acima de qualquer outra coisa. 
Diante dos fatos supracitados, e tendo em vista a recorrente polêmica em 
relação à presente temática, a dúvida que surge é se os costumes tradicionais de 
um povo realmente podem se sobrepor ao direito à vida e à integridade física do ser 
humano, direitos estes plenamente tutelados tanto pela Carta Magna brasileira, 
quanto pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Com base no que fora dito, o objetivo geral da presente pesquisa foi a análise 
do costume indígena do infanticídio a partir das garantias fundamentais de proteção 
à criança dispostas no ordenamento jurídico brasileiro. De igual modo, os objetivos 
específicos foram baseados no estabelecimento de um parâmetro histórico sobre as 
tradições indígenas, com foco no tratamento dispensado aos infantes, na 
abordagem sobre os direitos indígenas e sobre a ilegalidade do infanticídio indígena 
à luz da legislação pátria, bem como na proposta de intervenção estatal por meio de 
políticas públicas de erradicação pelo diálogo intercultural. 
O resultado do que fora proposto neste trabalho foi alcançado por meio da 
revisão bibliográfica, com base no estudo da legislação específica, bem como de 
 
 
11 
 
artigos publicados no decorrer dos últimos 10 (dez) anos. A metodologia utilizada, 
por sua vez, foi a pesquisa bibliográfica e telematizada. 
 
 
 
 
 
12 
 
2. AS TRADIÇÕES INDÍGENAS E A CRIANÇA COMO SUJEITO DE DIREITOS E 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
2.1 INFANTICÍDIO INDÍGENA NO BRASIL 
 
O termo infanticídio originou-se do latim e advém da palavra infans, que 
significa criança, e da palavra caedere, que traduz a ideia de matar. Assim, o termo 
infanticídio é definido como “dar morte a uma criança”. 
No Código Penal de 1940, o infanticídio está previsto no artigo 123, com a 
seguinte redação: “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após. Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos”. 
É sabido que essa prática é comum em pelo menos 13 etnias indígenas do 
Brasil, principalmente as mais isoladas. De acordo com dados disponibilizados pela 
FUNAI, segundo resultados do Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2010, a atual população indígena brasileira é 
de 817.963 mil indígenas, dentre quais 502.783 vivem na zona rural e 315.180 nas 
zonas urbanas, representando 305 diferentes etnias, que falam 274 idiomas. Este 
censo apontou a presença de populações indígenas em todos os Estados do país. 
Há também 69 referências de indígenas não contatados, além dos grupos que 
estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao Órgão 
Federal Indigenista. 
O infanticídio indígena acontece há séculos, desde antes do descobrimento 
do Brasil. Essa tradição faz pais tirarem a vida de suas próprias crianças, logo 
após o nascimento destas e ocorre por diversos fatores, como crianças com algum 
tipo de deficiência física ou mental, o nascimento de crianças gêmeas, filhos de 
mães solteiras, fruto de adultério ou aquelas consideradas pelas comunidades 
portadoras de má-sorte. 
Ao sentirem as contrações do parto, as mulheres vão para a floresta, e 
quando a criança nasce, é analisada pela mãe, que abandona o bebê na floresta 
ou o enterra vivo, caso constate alguma anomalia física. 
Entre as etnias que incorrem nessa prática, estão os Suruwahas, 
Ianomâmis, Kamaiurás, uaiuai, bororo, mehinaco, tapirapé, ticuna, amondaua, 
urueu-uauuau, deni, jarawara, jaminawa, waurá, kuikuro, parintintin, paracanã e 
kajabi. 
 
 
13 
 
Destaca-se que o termo em questão é usado apenas para fazer menção a 
essa tradição comum nas comunidades tribais, mas o fato comporta peculiaridades 
como a ausência do puerpério, caracterizado pela mudança física e mental da 
mulher, que resulta na rejeição do próprio filho, a inexigência da condição de 
neonato do filho, dados os relatos de crianças de um ano ou mais que sofreram 
rejeição e cujos casos se enquadraram nesta tipificação legal, não cominação de 
pena, destacando-se que existem casos de crianças de 3, 4, 11 e até 15 anos que 
foram mortas pelas mais diversas causas, como, por exemplo, o surgimento de 
alguma doença física nessa fase. 
Segundo os índios, o que os leva a matarem crianças com as características 
já citadas, é o fato de que essas crianças podem trazer má-sorte à comunidade, se 
tiverem muitas índias, o trabalho de caça, pesca e o sustento das famílias será 
prejudicado, motivo pelo qual matam mais meninas do que meninos, a fim de 
controlar o desenvolvimento de sua população. 
Júlio Jacobo, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, autor do 
Mapa da Violência 2014, levantamento feito para o Ministério da Justiça elaborado 
com dados de anos anteriores, afirma que “a pesquisa ocorreu efetivamente com 
as certidões de óbito e registravam crianças de cor ou raça indígena, de 0 a 6 dias 
de idade. E, a partir deste fato, começou-se a concluir que realmente tratava-se de 
uma cultura indígena meio não falada, meio oculta”. 
 Em entrevista cedida ao Fantástico no ano de 2014, o secretário de 
Segurança Pública de Roraima, Amadeu Soares, falou sobre o fato de que o 
Estado de Roraima foi considerado um dos mais violentos do país, explicando que 
essa evolução ocorreu porque foi o ano em que a Secretaria Especial começou a 
fazer os registros desses casos de infanticídio. Segundo esses registros, 
Caracaraí, cidade do interior de Roraima, com apenas 19 mil habitantes, 
transformou-se em um dos municípios mais violentos do Estado. Em um ano, 42 
pessoas foram assassinadas em Caracaraí, dentre as quais, 37 índios, todos 
recém-nascidos, mortos pelas próprias mães. 
Anualmente, enfrenta-se um desfio no levantamento de dados confiáveis 
sobre o número de crianças indígenas vítimas da prática do infanticídio. Por isso, 
nos dados estatísticos, muitas mortes ocasionadas pelo infanticídio são tidas como 
morte por desnutrição ou causas específicas. Nesse sentido, argumenta Marcelo 
Santos: 
 
 
14 
 
Não existem dados precisos [...] O pouco que se sabe sobre esse assunto 
provém de fontes como missões religiosas, estudos antropológicos ou algum 
coordenador de posto de Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) que repassa 
as informações para a imprensa, antes que elas sejam enviadas ao Ministério da 
saúde e lá se transformem em “mortes por causas mal definidas” ou “externas”. 
Com base no CensoDemográfico de 2000, pesquisadores do IBGE 
constataram que para cada mil crianças indígenas nascidas vivas, 51,4 morreram 
antes de completar um ano de vida, enquanto no mesmo período, a população não 
indígena apresentou taxa de mortalidade de 22,9 crianças por cada mil. A taxa de 
mortalidade infantil entre índios e não índios registrou diferença de 124%. E a 
mortalidade infantil indígena chegou a 74,6 mortes nos primeiros 12 meses de 
vida. Embora os dados sejam exorbitantes, nas notícias do IBGE e do Ministério da 
Saúde não há qualquer explicação da causa mortis: (causas mal definidas - 12,5%, 
causas externas - 2,3%, outras causas - 2,3%). 
Há casos de crianças que, por nascerem portando limitações físicas, 
estavam destinadas à morte, mas, felizmente, tiveram outro destino. Um deles é o 
caso de Iganani, criança sobrevivente do infanticídio, nascida na tribo isolada do 
Amazonas, a Suruwaha. Sua mãe Muwaji, quando deu à luz, estava sozinha no 
meio da floresta e percebeu que a criança não abria as mãos e tinha “as pernas 
cruzadas e duras”, sua filha nasceu com paralisia cerebral. Mesmo assim, Muwaji 
resolveu amamentar pela primeira vez a filha, dando a ela uma identidade e o 
direito de viver, pois a primeira mamada é o ritual que torna o bebê um ser vivo de 
fato, mas seu irmão insistia que ela devia matar o bebê em nome da tradição do 
seu povo. Mas Muwaji enfrentou os costumes do seu povo e fugiu da tribo, para 
salvar a vida de sua filha e garantir seu tratamento. O caso deu origem ao Projeto 
de Lei n° 1.057/2007 – Lei Muwaji, a qual dispõe sobre o combate a práticas 
tradicionais nocivas e à proteção dos direitos fundamentais de crianças indígenas, 
bem como pertencentes a outras sociedades ditas não tradicionais. 
Outro caso muito interessante é o da menina Hakani, nascida em 1995 e 
filha de uma índia suruwaha. Nos primeiros dois anos de sua vida, a menina não 
falava, nem andava. Com a constante pressão de seu povo para matá-la, pois 
haviam percebido que existia algo “diferente” na menina, seus pais foram levados a 
se suicidarem, pois se sentiram incapazes de sacrificá-la. Assim, a 
responsabilidade de sacrificar Hakani após o acontecido, ficou nas mãos de seu 
 
 
15 
 
irmão mais velho, que a enterrou, ainda viva. Porém, alguém ouviu seu choro, a 
desenterrou e levou-a para seu avô que, como membro mais velho da família, 
sabia o que a tradição exigiria dele. O avô da menina munido de um arco e flecha 
atentou contra a vida dela, mas Hakani sobreviveu mais uma vez e tomado pela 
culpa e remorso, seu avô ingeriu uma porção de veneno para provocar a própria 
morte. Em decorrência disso, Hakani passou a ser vista pela comunidade indígena 
como uma “amaldiçoada” e durante três anos experimentou o abandono e viveu 
sob condições desumanas. Foi resgatada por um de seus irmãos, que a levou à 
casa de um casal de missionários que desenvolvia trabalhos na comunidade 
suruwaha há bastante tempo. Foi aí que Hakani recebeu tratamento médico e o 
devido suporte familiar. 
A história de vida de Hakani repercutiu nacionalmente, motivando a criação 
de um projeto que recebeu seu nome e reforça a campanha da ONG Atini – Uma 
Voz pela Vida, uma organização sem fins lucrativos, reconhecida 
internacionalmente por sua atuação na defesa do direito das crianças indígenas 
Fatos como esses acontecem corriqueiramente, sem que o Estado 
intervenha, muito embora o ordenamento jurídico brasileiro garanta taxativamente 
a proteção do direito à vida e à integridade física de todos, inclusive das crianças, 
não fazendo distinção entre crianças indígenas e não indígenas. 
 
2.2 DISPOSIÇÕES LEGAIS SOBRE A PROTEÇÃO INFANTIL 
 
 O ordenamento jurídico brasileiro prevê a todos, indiscriminadamente, 
o direito mais fundamental de todos, sem o qual os demais inexistem, o direito à 
vida. A Constituição Federal, nossa Lei Magna, dispõe em seus artigos 1°, III e 5°, 
caput, a dignidade da pessoa humana, afirmando que todos são iguais perante a 
lei, sem qualquer tipo de distinção, e a todos é garantido, dentre outros, o direito à 
vida e à igualdade. 
Embora a Constituição e leis específicas também disponham sobre a 
proteção dos costumes, crenças e tradições indígenas, não é justo que esses 
elementos sejam mais tutelados que o direito à vida. Ora, se a Carta Magna veda a 
pena de morte para os crimes mais bárbaros cometidos por agentes detentores de 
pleno discernimento sobre o que julga ser certo e errado, sob a pretensão de 
proteger a dignidade do ser humano e o direito de viver, é incontestável que o 
 
 
16 
 
Estado deve dar total amparo a essas crianças inocentes e sem culpa de portarem 
deformidades físicas e neurológicas, dispensando a elas e sua família meios 
alternativos de lidarem com o problema. 
Nesse sentido, Barreto afirma que: 
“[...] a CF/88 que reconhece o índio como diferente, sem que essa 
diferença possa ser confundida com incapacidade e que reconhece a 
capacidade do índio para ingressar em juízo na defesa de seus 
direitos sem depender da intermediação – alterou substancialmente a 
natureza do regime tutelar indígena: primeiro, esse regime passou a 
ter natureza exclusivamente protetiva; segundo, passou a ter 
estatura constitucional. Portanto, esta proteção constitucional está 
protegida de ataques pela via do processo legislativo ordinário”. 
(2009, p. 43); 
[...] que seria o cúmulo da contradição invocar a tutela indígena como 
base de entendimentos que coloquem em risco, ou não protejam, o 
direito mais importante de qualquer ser humano: o direito à vida. A 
CF/88, numa proposta de interação, reconheceu aos indígenas 
direitos e também impôs à União o dever-poder de “proteger e fazer 
respeitar” esses direitos. (2009, p.43). 
Ingo Wolfgang Sarlet sustenta que: 
Dignidade Humana é a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida 
em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e 
consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, 
neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que 
assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho 
degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições 
existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e 
promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da 
própria existência e da vida em comunhão com os demais seres 
humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram 
a rede da vida. 
 Assim, nota-se a prioridade da proteção à vida antes de proteger culturas e 
tradições de um povo, e essa proteção é assegurada também pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente, que trata dos direitos fundamentais das crianças e 
adolescentes, e da responsabilidade que a família, a sociedade e os órgãos públicos 
têm pela vida da criança e do adolescente. 
 Note-se que o ECA assegura direitos à criança e ao adolescente, na 
literalidade do art. 3°, in verbis: 
 Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção 
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por 
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes 
 
 
17 
 
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, 
em condições de liberdade e de dignidade. 
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a 
todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, 
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, 
deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, 
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou 
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a 
comunidade em que vivem. (incluídopela Lei nº 13.257, de 2016) 
O artigo 4°, por sua vez, confere à família, à comunidade e ao Estado o dever 
de proteger os interesses dos infantes, dispondo que: 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e 
do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, 
ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Diante disso, resta comprovado que crianças também são sujeitos de direitos e 
garantias fundamentais, e esses direitos devem ser tratados com prioridade, a fim de 
que se garanta a elas pleno desenvolvimento físico, social e psicológico. 
 A Declaração dos Direitos Humanos também dispõe sobre direitos 
essenciais do ser humano, apregoando no art. 1° que “todos os seres humanos 
nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. Afirma também no art. 3° que 
“todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”, declarando 
que “todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da 
lei. Todos têm direito à proteção igual contra qualquer discriminação que viole a 
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”. 
Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do 
diploma legal acima exposto, declara a universalidade dos direitos humanos, 
reconhecendo que os direitos previstos são para todos, sem distinção alguma, de 
raça, cor, língua, religião, opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de 
fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. “São direitos inatos, inerentes 
a todos os seres humanos, universalmente”. Não se tratam, pois, de privilégios 
conferidos a alguns, mas direitos que acompanham cada um desde a concepção, 
efetivando-se com o nascimento. 
As crianças, naturalmente, são vulneráveis, mas tendem a ser ainda mais 
quando colocadas em situação de risco, necessitando de proteção especial. Dessa 
forma, as crianças indígenas, submetidas à pena de morte pelos próprios membros 
 
 
18 
 
de suas tribos, encontram-se extremamente vulneráveis, tendo em vista a violação 
de seus direitos básicos. Em diversas situações essa violação ocorre a partir do 
consentimento daqueles que têm obrigação e condições de protegê-las e evitar esse 
tipo de prática. 
Nesse diapasão, verifica-se a essencialidade da tutela dos direitos das 
crianças, cabendo a todos a luta por mudanças nos grupos culturais, respeitando as 
tradições e culturas de cada povo, no entanto, evitando-se que se sobreponham ao 
direito à vida e à dignidade da pessoa humana, buscando dessa forma, a defesa da 
vida dessas crianças e o acesso aos tratamentos adequados nesse tipo de situação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
3. TRATAMENTO DISPENSADO AOS ÍNDIOS À LUZ DA LEGISLAÇÃO PÁTRIA 
3.1 O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E OS DIREITOS DOS ÍNDIOS 
 
A primeira previsão sobre direitos indígenas surgiu na literalidade do Alvará 
de 1º de abril de 1680, o qual reconheceu o direito de posse permanente das terras 
ocupadas pelos índios, o que simbolizou o início de proteção aos direitos 
indígenas. 
 Em 1910, por força do Decreto nº 8.072, foi criado o Serviço de Proteção ao 
Índio e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN), tendo sido substituído 
pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em 1918. O SPI institucionalizou a política 
indigenista brasileira, fundando-se no direito de autoafirmação dos indígenas e na 
garantia de preservação dos seus respectivos territórios. 
Conforme ressalta Darcy Ribeiro: 
“Pela primeira vez era estatuído, como princípio de lei, o respeito às 
tribos indígenas como povos que tinham o direito de ser eles 
próprios, de professar suas crenças, de viver segundo o único 
modo que sabiam fazê-lo”. (RIBEIRO, Darcy. Os índios e a 
civilização: a integração das populações indígenas no Brasil 
moderno. [S. L.]: Companhia das letras, 2000, p.168). 
Nesse sentido, ressalta-se que a criação do SPI foi o pontapé da efetivação 
dos direitos dos povos indígenas, no entanto, sob influência de governantes 
detentores de interesses econômicos no tocante às terras indígenas, os direitos 
desses povos foram deixados de lado, fato que resultou na extinção do SPI, no ano 
de 1967 e, consequentemente, na criação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), 
que visa promover a defesa dos interesses indígenas, assumindo papel importante 
no processo de demarcação de terras. 
 Posteriormente, surgiu a Constituição Federativa do Brasil de 1934, 
efetivando-se, então, a proteção constitucional dos povos indígenas. A partir dessa 
Constituição os silvícolas passaram a ser de fato reconhecidos como sujeitos de 
direitos e deveres, ocasião em que lhes foram concedidos direitos diversos, dentre 
os quais se destaca o direito a posse de seus territórios. O artigo 129 da CF/34 
determinava o respeito à posse de terras dos índios que nelas estivessem 
permanentemente localizados. 
 
 
20 
 
A Constituição do Brasil de 10 de novembro de 1937 manteve os direitos a 
terra em seu artigo 154: “Será respeitada aos silvícolas a posse das terras em que 
se achem localizados em caráter permanente, sendo-lhes, porém, vedada a 
alienação das mesmas.” Assim, o direito a posse das terras dos índios e a vedação 
da alienação foram resguardados também por essa Constituição Federal, garantindo 
o direito de uso e a proteção contra eventuais compradores. 
A Constituição de 1946, por sua vez, foi promulgada em 18 de setembro de 
1946, mantendo os mesmos artigos da constituição de 34: 
“Art. 5º - Compete à União: 
XV - legislar sobre: 
r) incorporação dos silvícolas à comunhão nacional. 
Art. 216 - Será respeitada aos silvícolas a posse das terras onde se 
achem permanentemente localizados, com a condição de não a 
transferirem. ” 
Assim, continuou assegurando o direito de terra, bem como a proibição de 
sua alienação. 
A Constituição de 1967, além de manter os direitos preexistentes, 
acrescentou taxativamente no artigo 186 que as terras indígenas são bens da União, 
in verbis: 
“É assegurada aos silvícolas a posse permanente das terras que 
habitam e reconhecido o seu direito ao usufruto exclusivo dos 
recursos naturais e de todas as utilidades nelas existentes.” 
A CF/67 preocupou-se em garantir aos índios o uso dos recursos naturais 
existentes nas terras que eles habitavam, protegendo, portanto, essas propriedades 
contra possíveis vendas e loteamentos. 
Ao seu turno, a Emenda Constitucional nº 1 de 17 de outubro de 1969 dispôs 
sobre uma mudança importante no que tange a relação jurídica: 
“Art. 198. As terras habitadas pelos silvícolas são inalienáveis nos 
termos que a lei federal determinar, a eles cabendo a sua posse 
permanente e ficando reconhecido o seu direito ao usufruto exclusivo 
das riquezas naturais e de todas as utilidades nelas existentes. 
§ 1º Ficam declaradas a nulidade e a extinção dos efeitos jurídicos 
de qualquer natureza que tenham por objeto o domínio, a posse ou a 
ocupação de terras habitadas pelos silvícolas. 
§ 2º A nulidade e extinção de que trata o parágrafo anterior não dão 
aos ocupantes direito a qualquer ação ou indenização contra a União 
e a Fundação Nacional do Índio.” 
 
 
21 
 
Dessa forma, tornou nulo os efeitos jurídicos de domínio, posse ou ocupação 
por terceiros das terras indígenas sem direito a ação ou indenização contra a União 
e a FUNAI. 
Já a Constituição Federal de 1988 deu origem a outros direitos e garantias 
fundamentais, propiciando a inclusão de um capítulo específico com dois artigos que 
traçaram diretrizes relevantes.Com a promulgação da CF/88, houve diversos 
avanços no tratamento conferido aos índios, como o reconhecimento de suas 
diferenças culturais na qualidade de habitantes primatas, garantindo-lhes a liberdade 
de conservarem suas crenças vivas, ao passo que não poderiam ser obrigados a se 
habituarem a outras culturas. 
A Carta Magna preocupou-se em versar sobre esses direitos, reservando um 
capítulo exclusivo para tratar sobre eles, além de criar outros 8 artigos distribuídos 
em diferentes capítulos. Dentre esses artigos, o artigo 231 foi um dos mais 
importantes: 
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, 
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras 
que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, 
proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” 
A importância do artigo supracitado encontra-se no fato de que a partir daí 
garantiu-se aos povos indígenas o reconhecimento de sua organização social, de 
seus costumes, crenças e tradições, buscando, portanto, garantir aos índios a 
preservação de seus valores culturais, colocando-os a salvo de quaisquer tipos de 
repressão. 
3.2 O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E O DIREITO À VIDA 
 Em análise aos fatos supracitados, nota-se que os povos silvícolas têm 
direitos especiais, haja vista sua condição de habitantes originários do Brasil, 
detentores de crenças, costumes e tradições peculiares. 
 Embora a Constituição Federal garanta a preservação das tradições 
indígenas, ela prevê também o direito à vida, elencando-o como o direito supremo, 
sem o qual todos os demais direitos inexistem, sendo garantido a todos, 
indiscriminadamente. 
 
 
22 
 
O artigo 5º da CF/88 trata dos Direitos e Garantias Fundamentais, ressaltando 
a presença dessa disposição constitucional, o direito à vida: 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade [...]. 
 A partir da análise dos dispositivos acima mencionados, observa-se que a Lei 
Maior reconhece os costumes e tradições dos povos indígenas. Neste mesmo 
patamar, entretanto, garante a todos, sem distinção de qualquer natureza, a 
inviolabilidade do direito à vida, ficando, portanto, visível o conflito existente entre 
esses direitos fundamentais, de um lado o Direito à Identidade cultural desses 
povos, e do outro o Direito à Vida. 
Colocando ambos os direitos na balança, o que mais pesa é o direito à vida, 
pois nenhuma tradição deve suprimir esse direito que cada ser humano detém, o 
qual é assegurado pela própria Carta Magna. Perante as limitações estatais e os 
instrumentos de amparo aos direitos dos povos indígenas, o Estado deve 
proporcionar a efetiva observância e aplicação do princípio da dignidade humana, o 
direito à vida, dentre outros constitucionalmente garantidos, aos índios e suas 
comunidades. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como a Constituição 
Federal, é pautada na dignidade da pessoa humana e na garantia de melhores 
condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla. Nesse sentido, Ingo 
Wolfgang Sarlet defende que: 
Dignidade Humana é a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida 
em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e 
consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, 
neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que 
assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho 
degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições 
existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e 
promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da 
própria existência e da vida em comunhão com os demais seres 
humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram 
a rede da vida. 
 
 
23 
 
Dessa forma, a valorização da dignidade da pessoa humana é plenamente 
assegurada tanto no âmbito do direito interno, quanto por meio de tratados 
internacionais dos quais o Brasil é signatário. 
A Declaração de Viena (1993), aprovada pela Conferência Mundial dos 
Direitos Humanos, em seu artigo 5º dispõe que: 
Todos os Direitos humanos são universais, indivisíveis, 
interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional 
deve considerar os Direitos humanos, globalmente, de forma justa e 
equitativa, no mesmo pé e com igual ênfase. Embora se deva ter 
sempre presente o significado das especificidades nacionais e 
regionais e os diversos antecedentes históricos, culturais e religiosos, 
compete aos Estados, independentemente dos seus sistemas 
políticos, econômicos e culturais, promover e proteger todos os 
Direitos humanos e liberdades fundamentais. 
 No entanto, basear-se em uma tradição cultural para denegar um direito 
humano é um ato discriminatório, haja vista que a violação de um direito humano é 
sempre condenável, independente da cultura do indivíduo violador desse direito. 
Nesse sentido, os direitos humanos estabelecem um padrão legal de proteção 
mínima à dignidade humana, devendo, portanto, prezar pelo direito à vida acima de 
qualquer outra coisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ERRADICAÇÃO DO INFANTICÍDIO INDÍGENA 
Tendo em vista que o infanticídio indígena é uma prática desumana que vai 
contra as disposições legais do ordenamento jurídico brasileiro, ferindo o direito 
fundamental à vida e o princípio da dignidade da pessoa humana, nota-se a ilicitude 
dessa prática, despertando a preocupação em extirpá-la. 
 A proteção à vida é um direito fundamental e independe da etnia da qual a 
criança indígena faz parte, esse direito é garantido por lei às crianças indígenas, 
tanto pela Legislação Internacional, como Convenção dos Direitos da Criança, da 
ONU, da qual o Brasil é signatário, como também pela Constituição do Brasil e pelo 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei n° 8.069/90, busca 
garantir à criança e ao adolescente o direito à vida e a condições dignas por 
intermédio da aplicação de políticas públicas, ressaltando a proteção e as garantias 
tuteladas na Constituição de 1988. Assim dispõe: 
Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção 
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por 
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes 
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, 
em condições de liberdade e de dignidade. 
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e 
do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, 
ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
[...] 
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do 
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, 
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. 
 Sabendo disso, é inegável que as disposições previstas no ECA também 
abrangem crianças indígenas, garantindo-lhes, portanto, o direito ao crescimento 
saudável e seguro, bem como direito à convivência familiar, comunitária e à 
dignidade de vida. 
 Corriqueiramente, trabalhos voltados à conscientização dos povos indígenas 
são feitos nas comunidades que ainda incorrem nessa prática ultrapassada e 
 
 
25 
 
desumana, a fim de orientar os índios a deixarem de atentar contra a vida das 
crianças por questões culturais.Dentre as Organizações não Governamentais que desenvolvem esse tipo de 
trabalho, destaca-se a ONG ATINI – Voz pela Vida. Trata-se de uma organização 
sem fins lucrativos. Com sede no Distrito Federal, atua em defesa dos direitos de 
crianças indígenas, especialmente vítimas da prática do infanticídio. A ONG conta 
com o apoio de pessoas que nutrem profundo respeito pelas culturas indígenas, tais 
como antropólogos, advogados, religiosos, políticos, educadores, além de líderes 
indígenas. 
O que inspirou a criação do movimento foi a história de Muwaji Suruwahá, 
uma mulher indígena que lutou e desafiou a tradição de sua tribo para salvar a vida 
de sua filha Iganani, que estava condenada à morte pela própria comunidade por ter 
nascido com paralisia cerebral. Seu caso ganhou repercussão nacional através de 
uma entrevista concedida ao programa televisivo da Rede Globo, Fantástico, que foi 
ao ar em outubro de 2005, sensibilizando o país ao afirmar que seria capaz de 
abandonar a convivência com seu povo para manter a vida de sua filha e garantir o 
seu tratamento. A organização tem como missão erradicar a prática do infanticídio 
nas comunidades indígenas, visando, desta forma, os seguintes objetivos: 
Promover a conscientização e a sensibilização da sociedade sobre a 
questão do infanticídio de crianças indígenas, abordando o assunto 
nos mais diversos meios de comunicação, produzindo e distribuindo 
material informativo, promovendo ou participando de eventos 
culturais, seminários e palestras em universidades, igrejas, escolas, 
empresas etc. 
Prevenir o infanticídio junto às comunidades e profissionais atuantes 
em áreas indígenas, produzindo e distribuindo material informativo 
conscientização sobre os direitos humanos e direitos das crianças. 
Assistir crianças em risco de infanticídio ou sobreviventes, e seus 
familiares. Atualmente, a Atini assiste crianças das etnias Kamayurá, 
Kajabi, Suruwahá, Kuikuro, Ikpeng. 
 
Nesse sentido, o projeto baseia-se no objetivo de ajudar pessoas como Atini, 
que se viu à beira da morte simplesmente porque nasceu em condições alheias à 
sua vontade, o que fez com que a comunidade na qual estava inserida condenasse 
sua existência, amparando os índios que, estando nessa situação, procuram meios 
alternativos de salvarem suas vidas. 
 
 
26 
 
A Atini busca pauta suas ações no auxílio às diversas famílias vítimas dessa 
prática, baseando-se nos seguintes valores: 
Priorização da criança e defesa do seu direito inalienável à vida. 
Respeito e valorização da cultura e das práticas tradicionais 
indígenas, desde que em conformidade com os direitos humanos 
reconhecidos no âmbito nacional e internacional; 
Participação de indígenas em todas as etapas de planejamento e 
execução dos objetivos. Respeito e valorização da dignidade do 
indivíduo, sem discriminação de natureza alguma; 
Prestação de conta em todas as áreas de atuação (produção de 
material educativo e de conscientização em direitos humanos para 
ser usados dentro e fora das comunidades indígenas, palestras e 
participação em seminários e eventos culturais em universidades, 
igrejas, escolas e empresas, fomento à produção acadêmica de 
material referente ao infanticídio etc.). 
 É evidente que essa ONG cumpre seus objetivos, buscando simplesmente 
amparar os índios reféns da condenação cultural, dando-lhes a alternativa de viver e 
a obtenção dos direitos que lhes são inerentes. 
O infanticídio é proibido pelo ordenamento jurídico, mas, tendo em vista a 
proteção constitucional aos índios e às suas tradições, torna-se difícil tentar fazer 
com que eles observem a legislação aplicada aos demais cidadãos. 
Alguns autores têm apresentado algumas soluções, a fim de que se possa 
efetivar esses direitos. Piacentini entende que esse entendimento entre as culturas 
deve-se dar pelo diálogo intercultural, que demonstra ser um projeto filosófico e 
hermenêutico, não como uma meta final a alcançar, mas um processo aberto e sem 
fim. Esse diálogo é exercido com muita argumentação entre as culturas, o qual deve 
ser praticado com muita ética e respeito à diferença. (2007, p. 92). 
Só após um intenso diálogo intercultural é que será possível apresentar aos 
membros daquela comunidade ínclita que a vida é o maior bem de todos e não deve 
ser suprimida por questões culturais. 
Tomando por base os ensinamentos de Soriano, Silveira propõe quatro regras 
procedimentais, consideradas para se iniciar o diálogo: 1) regra da alteridade, 
compreendida como a capacidade de colocar-se no lugar do outro, em um exercício 
de abandono do etnocentrismo; 2) regra da reciprocidade, que supõe a cooperação 
entre as culturas, na busca por acordos e compromissos; 3) regra da autonomia, que 
indica a liberdade de cada cultura para estabelecer as relações interculturais que 
 
 
27 
 
desejar; e 4) regra da argumentação, pautada na observância das regras objetivas 
internas do discurso habermasiano, adaptados às relações interculturais (2011, p. 
149). 
Santos, ao escrever sobre o assunto, enfatiza que o diálogo intercultural traz 
resultados, cita como exemplo o diálogo ocorrido na tribo Tapiraré, onde os índios 
tinham por costume sacrificar o quarto filho, limitando a família ao máximo de três. 
Freiras católicas que atuavam naquela comunidade argumentaram que a prática do 
infanticídio do quarto filho deveria ser repensada, tendo em vista que, já sendo 
reduzido o número de membros, chegaria um momento em que a tribo seria extinta 
frente à inexistência de índios na comunidade. Argumentos que foram aceitos pela 
tribo e cessou-se o infanticídio naquela comunidade. (2011, p 21) 
Nota-se que o único desejo universal das comunidades indígenas é o da 
continuidade e preservação dos seus membros; para que esse desejo continue, 
deve haver a valorização da vida, posto que sem vida não há cultura. (SANTOS, 
2011, p. 22). 
O diálogo intercultural mostra-se extremamente importante, sendo o meio 
mais viável de pôr termo à prática do infanticídio nas comunidades íncolas. 
Partindo da gravidade da violação do direito à vida e à dignidade humana, é 
preciso que o Estado estabeleça meios eficazes para evitar que outras crianças 
sejam mortas cruel e injustamente por causa da imposição cultural. Até que toda a 
tribo chegue ao entendimento de que a prática do infanticídio é considerada um ato 
desumano e que existem outras soluções para os bebês que nascem com quaisquer 
limitações físicas, bem como da importância de preservar a vida da criança, que 
também é dotada de direitos e garantias fundamentais. 
Caso não se logre êxito na tentativa de erradicação do infanticídio indígena 
por meio do diálogo intercultural, é de suma importância que a FUNAI e demais 
órgão governamentais tenham autonomia para desenvolverem trabalhos voltados à 
inclusão das crianças rejeitadas pela sua tribo em alguma comunidade que reprima 
a prática do infanticídio, assegurando, assim, a preservação da vida e a garantia dos 
direitos fundamentais dos infantes, bem como sua integração social dentro dos seus 
padrões culturais. 
 
 
 
28 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O infanticídio indígena ainda é realidade em várias etnias indígenas, haja 
vista a determinação cultural de que a própria mãe deva ceifar a vida de seus filhos 
que, porventura, sejam gêmeos, portadores de necessidades especiais, filhos de 
mãe solteira, ou cujo sexo seja indesejado, dentre outras razões que façam com que 
a criança seja rejeitada pela tribo. 
A análise dos dispositivos pertinentes ao estudo dessa cultura evidencia a 
necessidade de dispensar atenção especial ao infanticídio indígena, uma vez que 
viola direitos tutelados pela Constituição Federal e pelo Estatutoda Criança e do 
Adolescente, pois trata-se de um tema de enorme relevância para a sociedade, 
sendo grave, porém, pouco abordado tanto pela sociedade, quanto pelos líderes 
governamentais, motivo que desperta grande preocupação, pois somente com a 
divulgação e abordagem pode-se chegar à solução desse ato injusto e danoso. 
A partir do estudo acerca do tema, observa-se que as diversas etnias 
indígenas que formam o cenário cultural brasileiro, são racionais e dinâmicas, 
dispostas ao diálogo e argumento, visando dessa forma mudanças no seu 
ambiente tradicional, visto que suas tradições e costumes são resultado de 
escolhas e ações de seus ancestrais. 
É necessário, destarte, que o Governo Federal dê mais atenção a essa 
problemática, por intermédio da implementação de políticas públicas de 
conscientização dos índios, a fim de que se possa assegurar a proteção integral às 
crianças íncolas, garantindo-lhes o direito de nascerem, crescerem e se 
desenvolverem no núcleo familiar e social, sendo, acima de tudo, aceitas, 
respeitadas e valorizadas, visto que somente assim poderá se construir uma 
sociedade de fato livre, justa e solidária. 
 
 
 
29 
 
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http://www.derechoycambiosocial.com/revista025/infanticidio_y_derechos_humanos.
pdf. Acesso em 15 abril de 2019.SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO........................................................................................................10 2. as tradições indígenas e A criança como sujeito de direitos e garantias fundamentais........................................
	2. as tradições indígenas e A criança como sujeito de direitos e garantias fundamentais
	3. tratamento dispensado aos índios À luz da legislação pátria
	5. CONsiderações finais
	REFERÊNCIAS

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