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Constitucionalismo Constitucionalismo → movimento jurídico político que se originou na Europa, particularmente na França Revolucionária, no final do século XVIII, quando da derrubada do Absolutismo. 1) Absolutismo: • poder concentrado em uma única autoridade; • não direitos oponíveis ao monarca; • a origem do poder é divina. 2) Constitucionalismo: • o poder é exercido por representantes do povo; • há direitos oponíveis aos governantes; • o poder emana do povo. Fundamentos do Constitucionalismo • Fundamento Filosófico → Iluminismo (pode ser entendido como uma ruptura com o passado e o início de uma fase de progresso da humanidade. Essa fase é marcada por uma revolução na ciência, nas artes, na política, e na doutrina jurídica, por exemplo). • Fundamento Jurídico → Jusnaturalismo (direitos inerentes à natureza humana). • Fundamento Político → Liberalismo (o liberalismo político implicava a restrição do poder estatal, não permitindo que o Estado interfira em alguns direitos fundamentais como o direito à vida, à felicidade e à liberdade). CONSTITUCIONALISMO LIBERAL → O Constitucionalismo nasceu entremeado ao liberalismo social e econômica, em uma concepção de Estado Liberal. No Estado Liberal de Direito, o Estado é mínimo, distante das relações particulares, o Estado tem prestações negativas. O Estado é não intervencionista, ausente e preza pela garantia dos 5 direitos clássicos: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. O marco dessa 1ª Fase do Constitucionalismo é a declaração dos direitos do homem, garantidora dos direitos individuais. 2 DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO Os direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão são oponíveis ao Estado e têm por titular o indivíduo; são direitos de resistência e de oposição ao Estado. Alguns exemplos de direitos fundamentais de primeira geração são o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão, à participação política e religiosa, à inviolabilidade de domicílio, à liberdade de reunião, entre outros. COSNTITUCIONALISMO SOCIAL → é a 2ª Fase do Constitucionalismo, do fim da primeira guerra até a segunda, pois surge com crise do Estado liberal e com atuação estatal positiva. Possui como características os direitos fundamentais, o surgimento das garantias institucionais e a separação de poderes. O Constitucionalismo, nessa fase, caracteriza-se pelo Estado Intervencionista na busca pela igualdade material da sociedade. Com o fim da 1ª Guerra Mundial, o Estado Liberal entrou em crise, pois a pobreza e a marginalização da sociedade foi intensa nesse período de grande crise econômica e social. O Estado passa a atuar com prestações positivas na tentativa de garantir os direitos sociais, econômicos e culturais do povo (os chamados direitos coletivos). O Well Fare State, como foi chamado, passou a intervir nas relações sociais, abandonando sua postura de ausência, tendo um papel fundamental na produção e distribuição de bens e garantindo uma qualidade mínima de bem- estar social. O advento do primeiro pós-guerra marca uma profunda alteração na concepção do constitucionalismo liberal: as Constituições de sintéticas passam a analíticas, consagrando nos seus textos os chamados direitos econômicos e sociais; a democracia liberal-econômica dá lugar à democracia social, mediante a intervenção do Estado na ordem econômica e social, sendo exemplos desse fenômeno as Constituições do México de 1917, a de Weimar de 1919 e, no Brasil, a Constituição de 1934. DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO Ao contrário dos direitos de primeira geração, em que o Estado não deve intervir, nos direitos de segunda geração o Estado passa a ter responsabilidade para a concretização de um ideal de vida digno na sociedade. Ligados ao valor de igualdade, os direitos fundamentais de segunda dimensão são os direitos sociais, econômicos e culturais. Direitos que, para serem garantidos, necessitam, além da intervenção do Estado, que este disponha de poder pecuniário, seja para criá-las ou executá-las, uma vez que sem o aspecto monetário os direitos de segunda dimensão, não se podem cumprir efetivamente. 3 Constitucionalismo da Fraternidade ou Constitucionalismo dos Valores → foi assim chamada a 3ª Fase do Constitucionalismo. As Constituições do segundo pós-guerra (1939-1945) prosseguiram na linha das anteriores. Essa fase foi marcada pela declaração dos direitos humanos de 1948 e seus interesses consagravam os direitos difusos, tais como a paz, o desenvolvimento, a comunicação, o meio ambiente, a ciência, proteção dos consumidores e a tecnologia. Os direitos de 3ª geração são transindividuais, ou seja, são direitos que dizem respeito ao todo da humanidade, portanto estão além dos interesses de um único indivíduo. De qualquer modo, ressalte-se que, mesmo com os questionamentos relativos à denominada globalização nos planos econômico, social ou político, não há como negar a universalidade do constitucionalismo, por envolver a ideia de limitação do poder, de governo democrático e de proclamação e garantia dos direitos humanos. DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO Os direitos fundamentais de terceira geração emergiram após a Segunda Guerra Mundial e, ligados aos valores de fraternidade ou solidariedade, são os relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano. Em caráter de humanismo e universalidade, os direitos fundamentais de terceira geração direcionam-se para a preservação da qualidade de vida, tendo em vista que a globalização a tornou necessária. NOVO DIREITO CONSTITUCIONAL OU NEOCONSTITUCIONALISMO: surge depois da segunda guerra, mas, na América Latina, se desenvolve nos anos 80. Busca a eficácia da Constituição, colocando-a no centro do sistema com imperatividade e superioridade. Possui como características o reconhecimento da força normativa, a rematerialização que dá força ao concretismo, a centralidade dos direitos fundamentais e o desenvolvimento da hermenêutica. O grande desafio é a efetiva concretização de direitos, já que, nessa fase, há fortalecimento da jurisdição constitucional e das normas programáticas. Surge a ideia de pluralismo, onde se reconhece a diversidade cultural e a identidade andina e/ou indígena. Cresce, ainda, no Estado Democrático de Direito, a soberania popular, onde todo o poder emana do povo. Nesse sentido, o titular do poder é o povo, mas o exercício dá-se através dos representantes do povo ou, também, por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular (existe, assim, uma democracia semidireta ou participativa, graças ao sufrágio universal). - A partir do início do século XXI, nasce uma nova perspectiva em relação ao constitucionalismo: o constitucionalismo não se resume à limitação do poder político, deve-se buscar a EFICÁCIA DA CONSTITUIÇÃO. 4 - A Constituição é o CENTRO DO SISTEMA, marcada por uma intensa CARGA VALORATIVA. - A norma constitucional adquire o caráter de NORMA JURÍDICA DOTADA DE IMPERATIVIDADE, SUPERIORIDADE E CENTRALIDADE, ou seja, tudo deve ser interpretado a partir da Constituição. - Como a Constituição é superior na ordem jurídica, dá-se ênfase às CONSTITUIÇÕES RÍGIDAS. - Concretização das prestações materiais prometidas pela sociedade. A Constituição é FERRAMENTA PARA IMPLEMENTAR UM ESTADO DEMOCRÁTICO SOCIAL DE DIREITO. - O caráter ideológico repousa na tutela de DIREITOS FUNDAMENTAIS (≠ do constitucionalismo moderno, que tinha como caráter ideológicoa limitação do poder). - CESPE: na perspectiva moderna, o conceito de constitucionalismo abrange, em sua essência, a limitação do poder político e a proteção dos direitos fundamentais. - Onipresença de PRINCÍPIOS E REGRAS. - Densificação da FORÇA NORMATIVA (Konrad Hesse). - Desenvolvimento da JUSTIÇA DISTRIBUTIVA. - MODELO NORMATIVO AXIOLÓGICO ("teoria do valor"). - Expansão da JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL e o desenvolvimento de uma NOVA DOGMÁTICA DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL (novas diretrizes hermenêuticas). - REAPROXIMAÇÃO ENTRE O DIREITO E A ÉTICA, A MORAL E A JUSTIÇA (“materialização da Constituição”). Faz-se uma LEITURA MORAL DA CONSTITUIÇÃO (Dworkin). - No Estado Constitucional de Direito, a lei e os poderes públicos devem não só observar a forma prescrita na Constituição, mas, acima de tudo, estar em consonância com o seu espírito, o seu caráter axiológico e os seus valores destacados. - De acordo com Luís Roberto Barroso, são marcos fundamentais do neoconstitucionalismo: 5 ATENÇÃO O jurista aponta três marcos determinantes para isso: a) marco histórico: formação do ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO, cuja consolidação se deu ao longo das décadas finais do século XX. O constitucionalismo do pós-guerra, que "redefiniu o lugar da Constituição e a influência do direito constitucional nas instituições contemporâneas". As principais referências são: a Lei Fundamental de Bonn, de 1949 (Alemanha), e a Constituição da Itália, de 1947. No Brasil, cita-se a Constituição de 1988. b) marco filosófico: o PÓS-POSITIVISMO. Com a centralização dos direitos fundamentais e a reaproximação entre direito e ética. Explicando melhor o que se entende por pós-positivismo, podemos dizer que é a junção das ideias no jusnaturalismo do século XVIII com as do positivismo do século XIX, criando uma nova forma de entender o direito. A corrente jusnaturalista fundou-se na crença de que existem princípios de justiça universalmente válidos para todos os seres humanos. Ela impulsionou as revoluções liberais do século XVIII, mas, por ter sido considerada "abstrata" ou metafísica, foi substituída pelas ideias do positivismo. Este igualou o Direito à lei, retirando toda carga valorativa e filosófica da norma. Era a Ciência pura do Direito. Com a crise desse sistema em meados do século XX, era preciso repensar a filosofia jurídica. Como esclarece Barroso: "o pós-positivismo busca ir além da legalidade estrita, mas não despreza o direito posto; procura empreender uma leitura moral do Direito, mas sem recorrer a categorias metafísicas." c) marco teórico: processo de constitucionalização do direito, que inclui a expansão da JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL e o desenvolvimento de uma NOVA DOGMÁTICA DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL; ideia de FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (Konrad Hesse). Em primeiro lugar, a constituição passou a ser dotada de força normativa. Isso quer dizer que o texto constitucional deixa de ser um convite à atuação do governante, uma mera carta política, e reconhece o papel do Judiciário na concretização de direitos. Em segundo lugar, consequentemente, há uma expansão da jurisdição constitucional, criando-se Tribunais Constitucionais com o objetivo de efetivar o texto constitucional, na perspectiva da Supremacia da Constituição. Por fim, em terceiro lugar, houve uma mudança em relação à forma de se interpretar a norma constitucional. A nova interpretação constitucional passou a ter que lidar com a existência de princípios e conceitos abertos, a serem concretizados pelo intérprete, a exemplo do princípio da dignidade da pessoa humana. Além disso, a técnica da ponderação de interesses e a argumentação jurídica se tornam fundamentais para a solução de colisões entre direitos. 6 Característica do neoconstitucionalismo Eis as características: supremacia do texto constitucional; garantia, promoção e preservação dos direitos humanos; força normativa dos princípios constitucionais; constitucionalização do Direito; ampliação da jurisdição constitucional. DIREITOS DE QUARTA GERAÇÃO Apesar de ser pouco discutido na doutrina, os direitos fundamentais de quarta geração são importantíssimos pois compreendem os direitos à democracia, a informação e ao pluralismo. Tal direito versa sobre o futuro da cidadania e a proteção da vida a partir da abordagem genética e suas atuais decorrências. Esta imposição de reconhecimento e garantia por parte do Estado se dá porque as normas constitucionais estão em constante interação com a realidade. NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO O fim dos regimes militares da América-Latina no início da década de 80 marca o início de uma nova cultura jurídica e de um novo processo de constitucionalização, como decorrência da emergência do Pluralismo Jurídico. Evidencia-se, a partir daí, a ruptura com o modelo hegemônico eurocêntrico e o nascimento de novos conceitos de Estado, com forte participação popular e valorização local, afirmando a identidade latino-americana. Pluralismo jurídico: é decorrente da existência de dois ou mais sistemas jurídicos, dotados de eficácia, concomitantemente em um mesmo ambiente espaço-temporal. (I) as análises teóricas sobre a interlegalidade; (II) a abordagem das sociedades multiculturais – direitos de minorias; (III) a ordem internacional; (IV) abordagem tipicamente sociológica focada no "direito do povo". Interculturalidade: tem lugar quando duas ou mais culturas entram em interação de uma forma horizontal e sinérgica. Para tal, nenhum dos grupos se deve encontrar acima de qualquer outro que seja, favorecendo assim a integração e a convivência das pessoas. Este tipo de relações interculturais implica ter respeito pela diversidade; embora, por razões óbvias, o aparecimento de conflitos seja inevitável e imprevisível, podem ser resolvidos através do respeito, do diálogo e da concertação/assertividade. 7 Plurinacionalismo: é a possibilidade de um Estado reconhecer que dentro do seu território existem diferentes identidades nacionais e que as mesmas devem ser respeitadas por igual. Estado Plurinacional nada mais é do que aquele que diferencia a nacionalidade política e a nacionalidade étnica conferida a todos os cidadãos, derivadas do grupo histórico e cultural do qual provém o indivíduo. E assim, em um Estado Plurinacional a igualdade política e jurídica que confere deveres e direitos não oculta a identidade étnica de cada um dos grupos que formam a sociedade. • Refundação do Estado moderno - Estado plurinacional (leva em conta diversidades culturais e a pluralidade do povo – várias nações e um Estado); • Constituições da Venezuela (1999), Equador (2008) e Bolívia (2009); • Textos constitucionais extensos e em linguagem simples; • Ressignificação dos conceitos legitimidade e participação popular – investem em Democracia participativa, representativa e comunitária; • Poder Social (4º Poder); • Busca de um novo papel da sociedade no Estado e a integração das minorias até então marginalizadas, especialmente povos indígenas; • Bem viver. Pluralidade. Inclusão. Participação. TRANSCONSTITUCIONALISMO O transconstitucionalismo é o entrelaçamento de ordens jurídicas diversas, tanto estatais como transnacionais, internacionais e supranacionais, em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional. Ou seja, problemas de direitos fundamentais e limitação de poder que são discutidos ao mesmo tempo por tribunais de ordens diversas. Por exemplo, o comércio de pneus usados, que envolve questões ambientais e de liberdade econômica. Essas questões são discutidas ao mesmo tempo pela Organização Mundial do Comércio, pelo Mercosul e peloSupremo Tribunal Federal no Brasil. O fato de a mesma questão de natureza constitucional ser enfrentada concomitantemente por diversas ordens leva ao que eu chamei de transconstitucionalismo. Este fenômeno jurídico moderno se dá quando uma questão constitucional concreta é discutida simultaneamente em Cortes Constitucionais de países distintos, ou ainda entre tribunais nacionais e tribunais de Organizações Internacionais. Podemos encontrar designações de sinonímia doutrinaria como cross- constitucionalismo, ou ainda fecundação cruzada. Essa teoria foi proposta pelo professor Marcelo Neves e o nome que aparenta inicialmente sugerir uma supraconstitucionalização internacional, propõe na verdade, um diálogo de 8 sistemas jurídico-constitucionais buscando o aprendizado e a validação de suas decisões. Não se trata da criação de um metassistema jurídico, ou uma Constituição Mundial. O transconstitucionalismo de Neves busca uma harmonização de decisões, tendo em vista a particularidade da sociedade moderna, que é globalizada. Podemos constatar essa transversalidade, quando, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal cita em seus acórdãos algumas decisões de tribunais estrangeiros. https://gilmarfjr.jusbrasil.com.br/artigos/639205327/constitucionalismo-conceito- caracteristicas-e-classificacao https://matheusmaranhao.wordpress.com/2017/06/16/introducao-ao-direito- constitucional-ii-fases-do-constitucionalismo/ https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/direitos-fundamentais-de- primeira-segunda-terceira-e-quarta-geracao https://jus.com.br/artigos/22345/aspectos-teoricos-do-movimento- neoconstitucional https://www.perguntedireito.com.br/4166/o-que-e-transconstitucionalismo https://aexperienciajuridica.wordpress.com/2015/02/05/o-que-e- transconstitucionalismo-cross-constitucionalismo/ CONSTITUIÇÃO O termo se refere a: conjunto de elementos essenciais de algo; organização, formação; conjunto de normas que regem uma corporação; a Lei fundamental de um Estado. • “Conjunto de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma do seu Governo, o modo de aquisição e exercício do poder, seus órgãos, os limites de sua ação, direitos fundamentais do povo e suas respectivas garantias.” (José Afonso da Silva) • Juridicamente, a Constituição pode ser compreendida: – Ponto de vista material: critério definidor é o conteúdo de suas normas. – Ponto de vista formal: critério definidor é a sua posição no sistema. 9 CONCEPÇÕES SOBRE O SENTIDO DA CONSTITUIÇÃO • Qual a natureza, significação e papel da Constituição? - Em sentido sociológico (Lassale) → Constituição é o SOMATÓRIO DOS FATORES REAIS do poder dentro de uma sociedade, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não corresponda à Constituição real. - CESPE: no sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em uma sociedade. - Em sentido político (Carl Schmitt) → a Constituição decorre de uma DECISÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL, e se traduz na estrutura do Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos fundamentais. - CESPE: a concepção política de Constituição, elaborada por Carl Schmitt, compreende-a como o conjunto de normas que dizem respeito a uma decisão política fundamental, ou seja, a vontade manifestada pelo titular do poder constituinte. - As normas que não traduzirem a decisão política fundamental não serão constituição propriamente dita, mas meras leis constitucionais. CONSTITUIÇÃO ≠ LEI CONSTITUCIONAL. - CESPE (assertiva errada): na concepção sociológica de Constituição, constituição e lei constitucional têm a mesma acepção. CONSTITUIÇÃO LEIS CONSTITUCIONAIS Constituição é apenas a decisão política fundamental do titular do poder constituinte (estrutura e órgãos do estado, direitos individuais, vida democrática, etc.). Demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional, mas que não contêm matéria de decisão política fundamental. Corresponde ao sentido material. Corresponde ao sentido formal. - Em sentido material → o critério definidor é o CONTEÚDO da norma. Constitucional será aquela norma que defina e trate das regras estruturais da sociedade, além de seus alicerces fundamentais. - Trata-se do que Schmitt chamou de “Constituição”. - AO ELEGER O CRITÉRIO MATERIAL, É POSSÍVEL ENCONTRAR NORMAS CONSTITUCIONAIS FORA DO TEXTO CONSTITUCIONAL. - Ressalva, ainda, Gilmar Mendes, que atualmente a Constituição tem por meta não apenas erigir a arquitetura normativa básica do estado, ordenando-lhe o essencial das suas atribuições e escudando indivíduos contra eventuais abusos, mas tem por alvo também criar bases para a convivência digna de todas as 10 pessoas em um ambiente de respeito e consideração recíprocos. Essa visão reconfigura o Estado, somando-lhe às funções tradicionais as de agente intervencionista e de prestador de serviços. - CESPE: conceitua-se a Constituição, quanto ao aspecto material, como o conjunto de normas pertinentes à organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo e aos direitos individuais e sociais da pessoa humana. - CESPE (assertiva errada): do ponto de vista material, o que importa para definir se uma norma tem ou não caráter constitucional será a forma como ela tenha sido introduzida no ordenamento jurídico, independentemente do conteúdo dessa norma. A questão fala do ponto de vista formal, não material. - Em sentido formal → o critério definidor é a FORMA, INDEPENDENTE DO SEU CONTEÚDO: CONSTITUIÇÃO É QUALQUER NORMA QUE TENHA SIDO INTRODUZIDA POR MEIO DE UM PROCESSO CONSTITUINTE ESPECÍFICO (MAIS DIFICULTOSO). - É o que Schmitt chamou de “leis constitucionais”. - O BRASIL ADOTOU, NUM PRIMEIRO MOMENTO, O SENTIDO FORMAL. CONTUDO, ISSO FOI ATENUADO COM A EC 45/03, QUE ESTABELECEU QUE DESDE QUE SEJAM OBSERVADOS OS REQUISITOS FORMAIS, É POSSÍVEL QUE TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS (MATÉRIA) POSSUAM EQUIVALÊNCIA COM AS EMENDAS CONSTITUCIONAIS. - CESPE: normas materialmente constitucionais encerram disposições a respeito de matéria tipicamente constitucional, isto é, de elementos inerentes à Constituição, ao passo que as normas formalmente constitucionais, embora não tratem de matéria constitucional, são constitucionais, do ponto de vista eminentemente formal, somente porque integram a Constituição. - CESPE (assertiva errada): Constituição, em sua acepção formal, corresponde ao documento solene que disciplina as normas superiores elaboradas por um processo constituinte específico, sendo as normas integrantes da CF/88 caracterizadas como formalmente e materialmente constitucionais. Para o CESPE, A CF/88 É FORMAL. - Constituição jurídica (Kelsen) → utiliza a constituição em dois sentidos: a) Lógico-jurídica → é a norma fundamental hipotética pura, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva (plano lógico); 11 b) Jurídico-positiva → é norma posta, norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, leis nacionais do seu mais alto grau (plano positivo). - CESPE: para Kelsen, a palavra constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico e jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. - CESPE: em sentido jurídico, a constituição é consideradanorma pura, puro dever ser. - CESPE: no sentido jurídico, a Constituição não tem qualquer fundamentação sociológica, política ou filosófica. Outras concepções contemporâneas importantes: • Constituição Material – Konrad Hesse; • Constituição Dirigente – José Joaquim Gomes Canotilho; • Constituição Sistêmica – Niklas Luhmann. TIPOLOGIA DAS CONSTITUIÇÕES • Quanto à origem: HISTÓRICAS DOGMÁTICAS OU SISTEMÁTICAS Constituem-se através de um lento e contínuo processo de formação ao longo do tempo, reunindo a história e as tradições do povo. Ex.: constituição inglesa. São sempre escritas. Partem de teorias pré-concebidas, de planos e sistemas prévios, de ideologias bem declaradas, de dogmas políticos. São elaboradas em um só momento pela Assembleia Constituinte. Ex.: CF/88. 12 OUTORGADAS PROMULGADAS CESARISTAS PACTUADAS Impostas, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário, que não recebeu do povo a legitimidade para atuar em nome dele. São também denominadas de Cartas. No Brasil: 1824 (Império), 1937 (Vargas), 1967 (Militar). Também denominadas de democráticas, votadas ou populares, são fruto de uma Assembleia Constituinte, eleita pelo povo, para, em nome dele, atuar. No Brasil: 1891 (República), 1934, 1946 e 1988. São outorgadas por um ditador ou imperador e posteriormente submetidas à aprovação popular por plebiscito ou referendo. Também chamada de Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária. Surgem através de um pacto nos casos em que o poder constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. Ex.: Carta Magna Inglesa de 1215, que os barões ingleses obrigaram João Sem Terra a jurar. • Quanto à forma: ESCRITA OU INSTRUMENTAL NÃO ESCRITA OU COSTUMEIRA OU CONSUETUDINÁRIA Formada por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. É formada por textos esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais, e baseia-se nos usos, costumes e jurisprudência. Ex.: Constituição inglesa. • Quanto à dimensão: SINTÉTICAS, CONCISAS OU SUMÁRIAS ANALÍTICAS, EXTENSAS OU PROLIXAS Veiculam apenas os princípios fundamentais dos Estados. Tendem a ser mais duradouras. Ex.: Constituição Americana. Abordam todos os assuntos que os representantes do povo entendem fundamentais. Ex.: CF/88. 13 • Quanto ao conteúdo: MATERIAL FORMAL O texto contém apenas as matérias constitucionais, que são os Direitos Fundamentais, a Estrutura do Estado e a Organização dos Poderes (DEO). Constituição que elege como critério o processo de sua formação, e não o conteúdo de suas normas. Ex.: CF/88. • Quanto à mutabilidade (estabilidade): RÍGIDAS FLEXÍVEIS SEMIRRÍGIDA OU SEMIFLEXÍVEL Exigem, para sua alteração, um processo legislativo mais dificultoso que o processo de alteração de normas não constitucionais. Ex.: CF/88. A rigidez constitucional está no art. 60. A dificuldade em alterar a Constituição é a mesma encontrada para alterar uma lei. Exige para algumas matérias um processo mais dificultoso, enquanto outras não requerem tal formalidade. Ex.: a Constituição de 1824 previa que as matérias ligadas aos limites e atribuições dos Poderes, aos direitos políticos e individuais teriam um procedimento de alteração rígido, enquanto o resto podia ser alterado sem tais formalidades. • Quanto à essência: NORMATIVAS NOMINALISTAS SEMÂNTICA Dotada de valor jurídico legítimo. A CF/88 “pretende ser” normativa. Sem valor jurídico, apenas social. É a que Lassale chamava de “folha de papel”. É criada para justificar o exercício de um poder não democrático. >> Classificação Ontológica de Karl Loewenstein – considera a efetividade da Constituição perante a realidade social. CF/88 = DOGMÁTICA, PROMULGADA, ESCRITA, ANALÍTICA, FORMAL, RÍGIDA E NORMATIVA. 14 História das Constituições Brasileiras 1) Constituição de 1824 (1ª Constituição brasileira) CONTEXTO - Após a independência do Brasil ocorreu uma intensa disputa entre as principais forças políticas pelo poder: O partido brasileiro, representando principalmente a elite latifundiária escravista, produziu um anteprojeto, apelidado de "constituição da mandioca", que limitava a poder imperial (antiabsolutista) e discriminava os portugueses (antilusitano). Dom Pedro I, apoiado pelo partido português (ricos comerciantes portugueses e altos funcionários públicos), em 1823 dissolveu a Assembleia Constituinte brasileira. Dom Pedro I constituiu um Conselho de Notáveis para a elaboração da Carta Magna, que se tornou nossa primeira constituição. CARACTERÍSTICAS: - Nome do país: Império do Brasil; - Constituição: Outorgada e Cesarista; - Forma unitária de Estado / Monarquia hereditária e constitucional; - Monarquia constitucional como forma de governo; - Território brasileiro dividido em províncias, com presidentes nomeados pelo imperador e exoneráveis ad nutum; - O catolicismo era considerado a religião oficial do Estado; - Sufrágio censitário, pois para participar do processo eleitoral era exigida renda mínima anual e para ser eleito, uma renda ainda maior; - Voto censitário em dois graus (eleitores de paróquia / eleitores de província); - Existência de quatro poderes políticos: Executivo; Legislativo; Judiciário e Moderador, valendo ressaltar que este último (Poder Moderador) era delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e considerando “a chave de toda organização política”, com amplos poderes, como de nomeação de Senadores, convocação e dissolução da Câmara dos Deputados, suspensão de magistrados, sanção e veto de proposições legislativas; - Uma ampla declaração de direitos destinados a assegurar a inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros. A escravidão imperial e da própria Constituição; - Competiam ao próprio Poder Legislativo as atribuições de guarda da Constituição e de interpretação das leis; - Caráter de semirrigidez da Constituição imperial; 15 - Competia ao próprio Poder Legislativo velar pela supremacia da Constituição, não tendo sido instituído um sistema judicial de controle de constitucionalidade. - O mandato dos senadores era vitalício. - Modelo externo: monarquias europeias restauradas (após o Congresso de Viena). Foi a de maior vigência (durou mais de 65 anos). Foi emendada pelo ato adicional de 1834, durante o período regencial, para proporcionar mais autonomia para as províncias. Essa emenda foi cancelada pela lei interpretativa do ato adicional, em 1840. 2) Constituição de 1891 (1ª CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA) CONTEXTO - A República, no Brasil, resulta de um golpe militar desferido em 15 de novembro de 1889, com o banimento da família imperial do território nacional. Com a proclamação da nova forma de governo, impunha-se a elaboração de uma nova constituição. A mencionada constituição foi bastante influenciada pelo modelo constitucional norte-americano, o que se evidencia pela própria denominação adotada: “Estados Unidos do Brasil”. Logo após a proclamação da república, predominaram interesses ligados à oligarquia latifundiária, com destaque para os cafeicultores. Essas elites influenciando o eleitorado ou fraudando as eleições ("voto de cabresto" ou coronelismo) impuseram seu domínio sobreo país. CARACTERÍSTICAS: - Nome do país: Estados Unidos do Brasil. - Carta promulgada (feita legalmente); - Forma federativa de Estado, com rígida separação de competências entre a União e os Estados (federalismo dualista) / República Presidencialista; - Forma republicana de governo; - Território brasileiro dividido em Estados. As antigas províncias transformaram- se em Estados-membros dos Estados Unidos do Brasil, contando com constituições e leis próprias; - Três poderes (extinto o poder moderador); - Voto Universal (para todos / muitas exceções, ex. analfabetos); - Estado Laico (separado da Igreja); 16 - Ampla liberdade de culto. O catolicismo deixou de ser a religião oficial do Estado brasileiro, permitindo-se o livre culto de todas as crenças; - Ampliação dos direitos individuais, com a inclusão do habeas corpus; - Instituído um sistema judicial difuso de controle de constitucionalidade, de acordo com o modelo norte-americano; - Modelo externo: constituição norte-americana. 3) Constituição de 1934 CONTEXTO - A Constituição de 1891 perdurou até a revolução de 1930, que pôs fim ao regime da denominada República Velha. Em 1932 eclodiu, em São Paulo, a denominada Revolução Constitucionalista, para o regresso do Brasil às formas constitucionais. Observa-se, contudo, que uma Assembleia Nacional Constituinte já havia sido convocada pelo governo central dois meses antes da eclosão dessa fracassada revolução. A Constituição de 1934 é fruto desse órgão constituinte. Foi bastante influenciada pela Constituição alemã de Weimar. A concepção do Estado na economia veio a substituir a antiga ideia liberal do laisser-faire, com a implantação da política do new deal nos EUA e o planejamento nos países socialistas. Com a extensão do direito de voto às mulheres, pelo Código Eleitoral de 1932, pela primeira vez uma mulher foi eleita para compor uma Assembleia Nacional Constituinte no Brasil. CARACTERÍSTICAS: - Nome do país: Estados Unidos do Brasil; - Carta promulgada (feita legalmente); - Mantivera a Federação e a República como forma de Estado e de Governo; - A Constituição incorporou uma concepção de intervenção do Estado na ordem econômica e social e dedicou um título à ordem econômica e social; - Adotou um modelo cooperativo de federalismo; - Mantivera a tripartição de poderes políticos; - Constitucionalizou a Justiça Eleitoral; - Reforma Eleitoral: introduzidos o voto secreto e o voto feminino (quando exercessem função pública remunerada); - Criação da Justiça do Trabalho e das Leis Trabalhistas: jornada de 8 horas diárias, repouso semanal, férias remuneradas (13º salário só mais tarde, com João Goulart); 17 - Incorporou direitos sociais, nova modalidade de direitos fundamentais, representando uma prestação positiva do Estado; - Ampliação dos direitos e garantias individuais, com a introdução do mandado de segurança e da ação popular no texto constitucional; - Introdução de três importantes inovações do sistema de controle de constitucionalidade que perduram até hoje: cláusula de reserva de plenário; comunicação da decisão declaratória de inconstitucionalidade proferida pelo STF ao Senado Federal e Representação interventiva. Foi a de menor duração / já em 1935, Vargas suspendia suas garantias através do estado de sítio. Obs.: Vargas foi eleito indiretamente para a presidência. 4) Constituição de 1937 CONTEXTO - Como seu mandato terminaria em 1938, para permanecer no poder Vargas deu um golpe de estado, tornando-se ditador. A Constituição de 1937 foi imposta por Getúlio Vargas. Usou como justificativa a necessidade de poderes extraordinários para proteger a sociedade brasileira da ameaça comunista ("perigo vermelho") exemplificada pelo plano Cohen (falso plano comunista inventado por seguidores de Getúlio). Influenciado pelo modelo fascista de organização política, instaurou um regime político conhecido como o “Estado Novo”. Na verdade, tratava-se de uma ditadura pura e simples, pois o Presidente da República legislava por decretos-leis e aplicava-os como Poder Executivo. Essa Constituição é conhecida como a “polaca”, dada a influência que recebeu da Constituição da Polônia. CARACTERÍSTICAS: - Nome do país: Estados Unidos do Brasil; - Carta outorgada (imposta); - Inspiração fascista: regime ditatorial, perseguição e opositores, intervenção do estado na economia; - Manutenção da federação como forma de Estado apenas nominalmente, pois todo o poder político foi transferido para o governo central, especialmente para o Presidente da República (federalismo nominal); - Separação de poderes somente formal, pois o Legislativo e o Judiciário foram extremamente reduzidos em suas funções; - Refletindo a mentalidade autoritária da nova Carta Constitucional, direitos e garantias individuais foram restringidos, e o mandado de segurança e a ação popular, excluídos do texto constitucional; 18 - Abolidos os partidos políticos e a liberdade de imprensa; - Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito (que nunca foi realizado); - Houve um retrocesso no processo de controle de constitucionalidade, porquanto uma lei declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário poderia ser novamente apreciada pelo Legislativo a pedido do Presidente da República. Caso confirmada por 2/3 dos votos de cada Casa, a decisão do STF ficava sem efeito. - Modelo externo: Ditaduras fascistas (ex.: Itália, Polônia, Alemanha). 5) Constituição de 1946 CONTEXTO - O grande fato político antecedente dessa Constituição foi a redemocratização do País em 1945. A CF/46 é fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte convocada após o afastamento de Getúlio Vargas do poder. Essa Constituição, que perdurou até 1967, sobreviveu ao golpe militar de 1964, embora desfigurada por sucessivos atos institucionais, que concentravam poderes nas mãos do Presidente da República. CARACTERÍSTICAS: - Nome do país: Estados Unidos do Brasil; - Carta promulgada (feita legalmente); - Mandato presidencial de 5 anos (quinquênio); - Ampla autonomia político-administrativa para estados e municípios; - Restauração do sistema de separação de poderes; - Retomada do regime democrático; - Reintrodução do mandado de segurança e da ação popular no capítulo dos direitos individuais inseridos no texto constitucional; - Foi instituído um sistema duplo de controle de constitucionalidade, tanto pela via de ação como pela de exceção, ambos com características próprias; - Defesa da propriedade privada (e do latifúndio); - Assegurava direito de greve e de livre associação sindical; - Garantia liberdade de opinião e de expressão; 19 • Contraditória na medida em que conciliava resquícios do autoritarismo anterior (intervenção do Estado nas relações patrão x empregado) com medidas liberais (favorecimento ao empresariado). Obs.: Através da emenda de 1961, foi implantado o parlamentarismo, com situação para a crise sucessória após a renúncia de Jânio Quadros. Em 1962, através de plebiscito, os brasileiros optam pela volta do presidencialismo. 6) Constituição de 1967 CONTEXTO - Essa constituição surgiu na passagem do governo Castelo Branco para o Costa e Silva, período no qual predominavam o autoritarismo e o arbítrio político. Documento autoritário, a constituição de 1967 foi largamente emendada em 1969, absorvendo instrumentos ditatoriais como os do AI-5 (ato institucional nº 5) de 1968. O Presidente da República João Goulart foi derrubado por um golpe militar em 31 de março de 1964. Trata-se de uma Constituição outorgada, pois o Congresso Nacional não havia sido eleito com essafinalidade e não mais possuía legitimidade política para a representação da vontade nacional, visto que diversos congressistas oposicionistas tiveram seus mandatos cassados. Essa constituição prevaleceu somente por dois anos. CARACTERÍSTICAS: - Nome do país: República Federativa do Brasil; - Documento promulgado (foi aprovado por um Congresso Nacional mutilado pelas cassações); - Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Complementares do governo militar; - Impregnada pela ideologia da “segurança nacional” em diversos aspectos: a) criação de um Conselho de Segurança Nacional; b) Possibilidade de civis serem julgados pela Justiça Militar em caso de crimes contra a segurança nacional. - Centralização dos poderes políticos na União, especialmente nas mãos do Presidente da República; - Redução de direitos individuais, admitindo-se a possibilidade de suspensão desses direitos em caso de abuso. 20 SÍNTESE Vejamos a síntese de cada um deles: O AI-1(abril de 1964) permitiu ao Comando decretar o estado de sítio, quando assim se fizesse necessário, além de conferir o poder de aposentar qualquer civil ou militar. Ainda, por meio desse Ato, os militares poderiam suspender direitos políticos e cassar mandatos legislativos federais, estaduais ou municipais. O AI-2 (27 de outubro de 1965) estabeleceu eleições indiretas para Presidente da República. O AI-3 (05 de fevereiro de 1966) fez o mesmo que o 2, porém na esfera estadual. O AI-4 (12 de dezembro de 1966), a seu turno, convocou o Congresso Nacional, que estava fechado, para elaborar a nova Carta Constitucional, que regeria o país a partir de então. O AI-5 (13 de dezembro de 1968), a suspensão da garantia de Habeas Corpus para alguns tipos de crimes, além disso, é por meio deste AI que o Presidente da República decreta estado de sítio, também ocorrem intervenções federais sem os devidos limites constitucionais, diversos direitos políticos são suspensos, o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores entram em recesso e também mandatos eletivos sofrem cassação. Obs.: Reflexo da conjuntura de "guerra fria", na qual sobressaiu a "teoria da segurança nacional" (combater os inimigos internos rotulados de subversivos (opositores de esquerda). EMENDA CONSTITUCIONAL Nº1 DE 1969 CONTEXTO - O governo militar com a edição do ato institucional n.º 5, concentrou ainda mais poderes nas mãos do Presidente da República, com a consequente restrição de direitos individuais e políticos. Em 1969 uma Junta Militar assumiu o poder, não aceitando que o Vice-Presidente Pedro Aleixo tomasse posse em razão da doença do Presidente Costa e Silva. Sob o pretexto jurídico de que nos períodos de recesso do Congresso Nacional competia ao Poder Executivo legislar sobre todas as matérias, a Junta Militar promulgou a Emenda n.º 1 à Constituição de 1967. O propósito do regime militar foi a inclusão do conteúdo dos atos institucionais na própria lei fundamental de organização do Estado. Foram tantas as modificações introduzidas por essa emenda constitucional na lei de organização básica do Estado brasileiro que prevaleceu o entendimento de que se tratava de uma nova Constituição. A principal característica dessa Emenda era o art. 182, o qual estabelecia que continuavam em vigor o Ato Institucional n.º 5 e os demais atos institucionais posteriormente baixados. O texto constitucional admitia a existência de duas ordens, uma constitucional e outra institucional, com a subordinação da primeira à segunda. Pela ordem institucional o Presidente da República poderia, como fez, sem qualquer controle judicial, fechar o Congresso Nacional, intervir em Estados e Municípios, suspender direitos, cassar mandatos legislativos, confiscar bens e sustar garantias de funcionários, sobrepondo-se a direitos nominalmente tutelados pela ordem constitucional. 21 7) Constituição de 1988 (“Constituição Cidadã”) CONTEXTO - Desde os últimos governos militares (Geisel e Figueiredo), nosso país experimentou um novo momento de redemocratização, conhecido como abertura. Esse processo se acelerou a partir do governo Sarney, no qual o Congresso Nacional produziu nossa atual constituição. Essa Constituição é fruto de um poder constituinte originário, que teve origem em um processo de transição pacífica do regime militar para o regime democrático CARACTERÍSTICAS: - Nome do país: República Federativa do Brasil; - Carta promulgada (feita legalmente); - A Federação, a República e o Presidencialismo foram mantidos como forma de Estado, forma de Governo e sistema de Governo; - Restabelecimento do regime democrático no país; - Valorização dos direitos fundamentais da pessoa humana. Surgimento do habeas data, mandado de injunção e o mandado de segurança coletivo. Tutela de novas espécies de direitos, os denominados interesses coletivos e difusos, como o meio ambiente, os direitos do consumidor, o patrimônio histórico e cultural; - Reforma eleitoral (voto para analfabetos e para brasileiros de 16 e 17 anos); - Terra com função social (base para uma futura reforma agrária?); - Combate ao racismo (sua prática constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão); - Garantia aos índios da posse de suas terras (a serem demarcadas); - Novos direitos trabalhistas: redução da jornada semanal, seguro desemprego, férias remuneradas acrescidas de 1/3 do salário, os direitos trabalhistas aplicam- se aos trabalhadores urbanos e rurais e se estendem aos trabalhadores domésticos. OBS: 1ª) O Brasil, em dois momentos históricos, foi regido por Constituições provisórias: após a proclamação da República, com o Decreto n.º 1, de 15 de novembro de 1889, e após a Revolução de 1930, com o Decreto n.º 19398, de 11 de novembro de 1930. 2ª) Em 1993, 5 anos após a promulgação da constituição, o povo foi chamado a definir, através de plebiscito, alguns pontos sobre os quais os constituintes não 22 haviam chegado a um acordo, forma e sistema de governo. O resultado foi a manutenção da república presidencialista. https://www.mundovestibular.com.br/estudos/historia/constituicoes-brasileiras- de-1824-a-1988 https://www.yvescorreia.com/single-post/2018/02/06/RESUMO- HIST%C3%93RICO-DAS-CONSTITUI%C3%87%C3%95ES-BRASILEIRAS https://www.resumoescolar.com.br/historia-do-brasil/atos-institucionais-o-que- sao-e-para-que-servem/
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