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PCGO - DIREITO TRIBUTARIO

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INTENSIVO PCGO 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Sumário 
Direito tributário: definição, fontes, legislação – Tributo .............................................................. 3 
1. Direito tributário: definição, fontes, legislação .......................................................................... 3 
2. Tributo ........................................................................................................................................ 8 
Princípios do Direito Tributário – Sistema constitucional tributário ........................................... 24 
1. Princípios do direito tributário ................................................................................................. 24 
2. Sistema constitucional tributário ............................................................................................. 35 
Obrigação tributária – Responsabilidade tributária ..................................................................... 42 
1. Obrigação tributária ................................................................................................................. 42 
2. Responsabilidade tributária ..................................................................................................... 51 
Lançamento tributário – Crédito tributário – Suspensão do crédito tributário – Extinção do crédito 
tributário ...................................................................................................................................... 62 
1. Lançamento tributário .............................................................................................................. 62 
2. Crédito tributário ...................................................................................................................... 72 
3. Suspensão do crédito tributário ............................................................................................... 78 
4. Extinção do crédito tributário .................................................................................................. 84 
Extinção do crédito tributário (cont.) - Repetição do indébito .................................................... 88 
1. Extinção do crédito tributário (cont.) ....................................................................................... 88 
2. Repetição do indébito .............................................................................................................. 98 
Exclusão do crédito tributário – Garantias e preferências do crédito tributário – Administração 
tributária..................................................................................................................................... 106 
1. Exclusão do crédito tributário ................................................................................................ 106 
Infrações e delitos tributários – Impostos federais .................................................................... 114 
2. Disposições finais do Código Tributário Nacional .................................................................. 114 
3. Infrações e delitos tributários ................................................................................................ 114 
4. Impostos federais ................................................................................................................... 125 
Impostos federais (cont.) - Impostos estaduais – Impostos municipais .................................... 137 
1. Impostos federais (cont.) ....................................................................................................... 137 
2. Impostos estaduais ................................................................................................................. 140 
3. Impostos municipais ............................................................................................................... 155 
Impostos municipais (cont.) - Contribuições sociais – Simples nacional ................................... 163 
 
1. Impostos municipais (cont.) ................................................................................................... 163 
 
 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Direito tributário: definição, fontes, legislação – Tributo 
1. Direito tributário: definição, fontes, legislação 
I. Atividade financeira do Estado 
Para realização dos seus objetivos o Estado precisa de dinheiro. A gestão desses 
recursos será regulada pelo direito financeiro. 
A atividade financeira do Estado se desenvolve basicamente em 3 campos: 
• Receita 
• Gestão 
• Despesa 
Isso é um tema de interesse primordial do direito financeiro. 
É importante saber que a receita do Estado pode ser: 
• Receita originária: advém da exploração do próprio patrimônio do Estado. O Estado 
não vai se valer do seu poder de império para angariar esses recursos. Ele aufere 
fundos a partir de relações de direito privado que ele estabelece com particulares. 
Ex.: imóvel do Estado que está alugado a particulares; Estado vende um bem a um 
particular; lucros das empresas estatais. 
• Receita derivada: tem como característica básica o exercício do poder de império 
pelo Estado. É obtida essa receita de modo compulsório e coercitiva. Ex.: as multas 
e tributos. 
Veja, tributo é receita derivada. 
II. Fontes do Direito Tributário 
a) Constituição 
No campo tributário, a Constituição regula as competências dos entes federativos, 
instituindo os limites ao poder de tributar, os direitos e deveres do cidadão perante o fisco, 
além de trazer os princípios que fundamentam essa atividade de tributar do Estado. 
b) Lei complementar 
Lei complementar exige maioria absoluta, não existindo hierarquia entre lei 
complementar e lei ordinária. 
Mas se uma lei ordinária tratar de lei complementar será esta inconstitucional. 
Em direito tributário, a Constituição vai dizer que as normas gerais em matéria 
 
tributária deverá ser regulamentada por lei complementar. 
Lembre-se que o Código Tributário Nacional traz normas gerais de direito 
tributário, ainda que se trate de uma lei ordinária. No entanto, a Constituição recepcionou 
o CTN com status de lei complementar. Veja, a Constituição dispensa elementos formais do 
antigo ordenamento, bastando que haja a compatibilidade material. 
Portanto, o CTN é formalmente uma lei ordinária, mas materialmente é uma lei 
complementar. Dessa forma, para alterá-lo será necessária lei complementar para as 
questões relativas às normas gerais de direito tributário. Não sendo normas gerais, poderá 
ser alterado por lei ordinária. 
Em matéria tributária, a lei complementar vai tratar de: 
• Conflitos de competência tributária 
• Limites constitucionais ao poder de tributar 
• Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária 
• Estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir 
desequilíbrios da concorrência (art. 146-A) 
Roberval Rocha destaca algumas normas gerais que a lei complementar vai trazer: 
• Definição dos tributos 
• Fatos geradores 
• Base de cálculo 
• Contribuintes 
• Obrigação 
• Lançamento 
• Crédito 
• Prescrição e decadência 
• Tratamento diferenciado para as cooperativas 
• Tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte 
Segundo a jurisprudência, este rol é exemplificativo. Lei complementar vai veicular 
a instituição de tributos determinados pela Constituição. Isto é, a Constituição determina 
que certos tributos seja discriminados ou instituídos por lei complementar. 
A alíquota não é prevista no rol do art. 146 da CF, motivo pelo qual não precisa ser 
 
tratar por lei complementar. 
Portanto, são tributos que devem ser instituídos por lei complementar: 
• Empréstimo compulsório (EC) 
• Imposto sobre grandesfortunas (IEG) 
• Impostos residuais 
• Contribuições previdenciárias residuais 
Determinadas proibições são elencadas na Constituição, sendo uma delas é a 
matéria que deve ser regulada por lei complementar. Ou seja, o que deve ser regulada por 
lei complementar não poderá ser tratada por medida provisória. 
Ainda, a Constituição proíbe que seja utilizada lei delegada em matéria tributária 
no tocante as matérias reguladas por lei complementar. 
c) Lei ordinária 
A lei ordinária é a comum, que acontece sempre. Para aprovação, basta a maioria 
simples. 
É o veículo normativo que vai determinas as hipóteses de incidência tributária, 
prevendo a hipótese em abstrato. 
A lei ordinária trata das obrigações acessórias, as quais são deveres que vão 
instrumentalizar a tarefa de arrecadar e fiscalizar do Estado, em relação à matéria tributária. 
d) Atos do Poder Executivo federal majoradores de alíquotas de tributos 
Alguns tributos de competência da União podem ter suas alíquotas majoradas por 
ato do Poder Executivo Federal (e não apenas do Presidente). Logo, é possível que o 
Ministro da Fazenda venha a prolatar o ato de majoração. 
São tributos que admitem a majoração de alíquotas por ato do poder executivo 
federal: 
• Imposto de importação (II) 
• Imposto de exportação (IE) 
• Imposto de produtos industrializados (IPI) 
• Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
• CIDE-combustível 
e) Lei delegada 
Lei delegada pode tratar de matéria tributária. 
f) Medida provisória 
A medida provisória pode tratar de matéria tributária, desde que não seja reservada 
 
à lei complementar. 
No caso da medida provisória que institua ou majore impostos, a Constituição 
estabelece que essa medida provisória só vai produzir efeitos no exercício financeiro 
seguinte (princípio da anterioridade) se ela houver sido convertida em lei até o último dia 
do exercício financeiro em que foi editada. 
Ficam excetuadas dessa regra o II, IE, IPI, IOF, CIDE-combustível e ICMS-monofásico 
combustível. Esses impostos têm caráter de extrafiscalidade. 
g) Tratado internacional 
O CTN, no art. 98, diz que os tratados e convenções internacionais revogam ou 
modificam a legislação tributária interna e são observados pela legislação que lhe 
sobrevenha. 
Portanto, o tratado internacional revoga legislação anterior incompatível, mas a 
legislação posterior a ele deverá observar esse tratado (ou seja, não revogaria o tratado). 
Pode uma lei superveniente revogar as disposições que existirem em um tratado? 
O entendimento prevalente é no sentido negativo, mas há duas posições: 
1ªC: Segundo Luciano Amaro, deverá ser observada essa regra, pois o tratado é 
especial em relação à lei posterior. Norma especial prevalece sobre a norma geral. 
2ªC: Hugo de Brito Machado diz que o tratado deve prevalecer, pois somente poderia 
ser revogado por um instrumento adequado no âmbito do direito internacional, que é a 
denúncia do conteúdo do tratado. 
A ESAF considerou que a expressão “revogam” não cuida, a rigor, de uma revogação, 
mas de uma suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que readquirirá a sua 
aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for denunciado. 
h) Convênio 
O convênio é um ato normativo executivo que tem caráter infralegal e expressa, em 
matéria tributária, um ajuste de vontade entre os entes federativos. 
A Constituição excepciona o princípio da legalidade quando trata dos convênios, 
pois permite que esses convênios normativos tenham força de lei. 
A deliberação dos Estados, que é feita por convênio, pode conceder ou revogar 
benesses fiscais relativas ao ICMS, evitando-se assim a guerra fiscal entre os estados. 
No que concerne ao ICMS, alguns convênios têm previsão constitucional, sendo, 
portanto, normas primárias, de hierarquia legal, não podendo ser classificados como atos 
meramente complementares. Portanto, são passíveis de serem questionados por ação 
direta de inconstitucionalidade. 
Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual que concede, sem autorização de 
convênio interestadual, dedução de ICMS para empresas que patrocinarem bolsas de 
estudo para professores. O Estado-membro só pode conceder isenção de ICMS se isso tiver 
sido combinado com os demais Estados-membros/DF por meio de um convênio. É o que 
prevê o art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da LC 24/75 (Inf. 856). 
No mesmo informativo 856, ficou decidido que é inconstitucional lei estadual que 
 
concede, sem autorização de convênio interestadual, vantagens no parcelamento de 
débitos do ICMS para empresas que aderirem a programa de geração de empregos. O 
Estado-membro só pode conceder benefícios de ICMS se isso tiver sido previamente 
autorizado por meio de convênio celebrado com os demais Estados-membros e DF, nos 
termos do art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da LC 24/75. A concessão unilateral de 
benefícios de ICMS sem previsão em convênio representa um incentivo à guerra fiscal. 
i) Norma complementar 
O CTN, no art. 100, vai arrolar as normas complementares: 
• Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas 
São as portarias e instruções das autoridades administrativas, bem como as 
circulares. Elas derivam do poder regulamentar, não podendo inovar na ordem 
jurídica. 
• Decisões administrativas que tenham caráter normativo 
São as decisões singulares ou colegiadas de órgãos de jurisdição administrativas. 
Essas decisões conferem eficácia normativa, ditando normas a partir de então. É 
chamado de jurisprudência administrativa em matéria tributária, expressando o 
posicionamento dos órgãos fiscais, conferindo uma certa segurança jurídica sobre 
o que o contribuinte pode ou não fazer. 
• Práticas reiteradas da atividade administrativa (costume administrativo) 
• Convênios que sejam celebrados entre a União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios 
Esses convênios não têm eficácia de lei. São os chamados convênios de 
cooperação. São convênios firmados entre os fiscos de diferentes esferas que visa 
uma mútua assistência a fim de ajudar a fiscalização dos tributos respectivos. Há 
uma permuta das informações. 
j) Legislação tributária 
Segundo o art. 96 do CTN, a expressão legislação tributária, que verse sobre tributos 
e relações jurídicas ligadas aos tributos, compreende: 
• Leis 
• Tratados e convenções internacionais 
• Decretos 
• Normas complementares 
 
• Constituição 
• Leis complementares 
Portanto, o conceito de legislação tributária é muito maior do que o conceito de lei 
tributária. 
2. Tributo 
I. Definição 
A definição de tributo está prevista no art. 3º do CTN. 
Segundo a definição legal, tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em 
moeda, ou cujo valor nela possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída 
por lei, e cobrada mediante atividade plenamente vinculada da administração. 
Portanto, tributo é: 
 Toda prestação pecuniária compulsória: portanto deve ser em dinheiro e é 
obrigatória. 
 Em moeda: não pode é cobrado in natura. 
 Não constitua sanção de ato ilícito: assim, multa não pode ser tributo. 
 Instituído por lei: é reflexo do princípio da legalidade. 
 Cobrado mediante atividade plenamente vinculada da administração: a 
administração não tem a faculdade de escolher se vai ou não cobrar o tributo. 
II. Natureza jurídica 
A natureza jurídica de um tributo é determinado pelo fato gerador (art. 4º). Com 
base nisso é que se descobre se estamos diante de um imposto, taxa, contribuição de 
melhoria, etc. 
Segundo o art. 4º do CTN, basta o fato gerador para identificar a natureza jurídico do 
tributo. Logo, denominação, outros pontos formais e a destinação do tributonão são 
importantes! 
 
Esse art. 4 só tem relevância para a teoria tripartida, que é adotada pelo CTN, a qual 
não é adotada pela CF, pois, conforme o STF, é adotada a teoria quintapartida dos tributos. 
 Se o fato gerador é uma situação que independe de qualquer atividade estatal 
específica, estaríamos diante de um imposto. 
 Se o fato gerador é uma atividade de poder de polícia ou uma utilização efetiva 
ou potencial de um serviço público e divisível prestado ao contribuinte, ou ao 
menos posto à disposição, estaríamos diante de uma taxa. 
 Se o fato gerador é a valorização imobiliária decorrente de uma obra pública, 
estaríamos diante de uma contribuição de melhoria. 
Perceba que os arts. 3º, 4º e 5º adotam a teoria tripartida. Portanto, seriam espécies 
de tributo os impostos, taxas e as contribuições de melhoria. No entanto, existem outras 
modalidades de tributo, tais como as contribuições especiais e os empréstimos 
compulsórios. 
Dessa forma, a doutrina mais atualizada entende que foi acolhida a teoria 
pentapartida. 
Com isso, a doutrina também afirma que para saber natureza jurídica do tributo, é 
necessário saber o fato gerador. Contudo, além dessa análise, é preciso verificar qual a 
finalidade da contribuição ou se é possível ou não a devolução do montante arrecadado, 
pois se estivermos diante de uma finalidade específica podemos estar diante de uma 
contribuição especial. E se houver a possibilidade de regulamentação da devolução, 
estaríamos diante de um empréstimo compulsório. 
III. Características dos tributos quanto à sua finalidade 
São características do tributo quanto à sua finalidade: 
 Fiscalidade: 
Não existe uma finalidade específica, pois a finalidade é arrecadar o montante 
financeiro para os cofres públicos. É a regra geral dos tributos. 
 
Um tributo é fiscal quando o sujeito ativo da obrigação tributária é o mesmo sujeito 
titular da competência tributária para institui-lo. Ex.: IPTU. 
 Parafiscalidade: 
Há uma atuação paralela. Ocorre quando o sujeito competente institui 
determinado tributo, mas delega a outra pessoa jurídica de direito público a 
capacidade tributária (capacidade de arrecadar), atribuindo a essa pessoa jurídica 
o produto dessa arrecadação. Ex.: INSS é o sujeito ativo de certas contribuições 
sociais instituídas pela União. 
 Extrafiscalidade: 
Não há aqui uma atividade puramente arrecadatória. A finalidade maior é regular 
comportamentos, sejam econômicos, sociais, sanitários, etc. Ex.: Imposto de 
importação ou imposto de exportação, que podem regular as mercadorias que 
entram e saem do país. 
IV. Classificações relevantes de tributos 
São algumas classificações importantes: 
 Tributo vinculado: é o tributo cujo fato gerador vai se relacionar a alguma 
contraprestação do Estado. Típico de taxa e contribuição de melhoria. Este último 
poderá ter como fato gerador o fato de ter ocorrido uma obra pública, gerando a 
valorização imobiliária do imóvel. 
 Tributo não vinculado: o fato gerador não depende ou se vincula a qualquer 
contraprestação específica do Estado. Ex.: IPVA. Esse imposto não é pago para que 
o Estado asfalte e tape os buracos. O art. 16 do CTN é claro ao dizer que imposto é 
um tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação que independe de 
qualquer atividade do Estado. 
Os tributos podem ser também de arrecadação vinculada ou não vinculada: 
 Tributos de arrecadação vinculada: são os tributos cuja arrecadação deve ser 
necessariamente utilizada no fim que justificou aquela criação do tributo. Ex.: EC e 
 
Contribuições especiais. Por exemplo, é feito um empréstimo compulsório para 
determinada finalidade. Caso não seja aplicado, será inconstitucional. 
 Tributos de arrecadação não vinculada: nesse caso, a receita poderá ser utilizada 
livremente para as despesas gerais da administração pública. Ex.: imposto, taxas e 
contribuições de melhoria. As taxas e contribuições de melhoria de tributos 
vinculados, ou seja, o Estado presta um serviço, ou faz uma obra, e arrecada, mas 
não é de arrecadação vinculada, pois o produto dessa arrecadação o Estado 
emprega como quiser. 
A CF, em seu art. 168, diz que são vedados a vinculação de receita de impostos a 
órgão, fundo ou despesa, ressalvada a repartição do produto da arrecadação e a 
destinação desses recursos para: 
 Saúde 
 Educação 
 Atividade da administração tributária 
É possível vincular os impostos para prestação de garantias das operações de 
crédito por antecipação de receitas. 
Ressalte-se que em relação a imposto não se trata apenas de um tributo de 
arrecadação não vinculada, pois, via de regra, o imposto não pode ter vinculação. É ao 
chamado princípio da não afetação. A taxa e a contribuição de melhoria, ao contrário, 
podem ter afetação. 
O tributo ainda poderá ser: 
 Tributo real: quando é graduado unicamente em função da coisa, em função do 
aspecto econômico da operação. Ex.: João comprou um gol pagou 50 mil reais. 
Antônio também comprou um gol de 50 mil reais. O primeiro financiou em 60 
meses, enquanto o Antônio pagou à vista. No caso, o IPVA é o mesmo para os dois. 
Na verdade, é um tributo real, pois é unicamente determinado pelo aspecto 
econômico da operação. 
 
 Tributo pessoal: é graduado em função das condições de cada contribuinte. Por 
exemplo, o imposto de renda. No IR, além de variar o caráter progressivo do 
imposto, ele pode sofrer deduções. Apesar de José e João ganharem 10 mil reais, é 
possível que José pague menos imposto que João, caso ele demonstre que gastou 
com saúde, educação dos filhos, etc. 
O tributo poderá ser proporcional ou progressivo: 
 Tributo proporcional: deve incidir sempre a mesma alíquota, independentemente 
do valor da base de cálculo. Ex.: se a base de cálculo é 50 mil reais, e o IPVA seja de 
3%, será pago 1.500 reais. Se houver um carro de 100 mil reais, o IPVA será de 3.000 
reais. 
 Tributo progressivo: a alíquota aumenta à medida que aumenta a base de cálculo. 
É o caso do imposto de renda. 
 Tributo regressivo: é aquele em que a carga tributária é maior daquele que tem 
uma renda mais baixa. À medida que a base de cálculo diminui, a alíquota aumenta. 
Há uma crítica a essas espécies tributárias em relação ao caráter regressivo. 
V. Imposto 
O art. 16 do CTN diz que imposto é tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma 
situação que independe de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. 
Os impostos, a princípio, são numerus clausus, estando discriminados na 
Constituição. 
Ressalva-se apenas a possibilidade de a União valer-se de sua competência residual 
para por meio de lei complementar instituir um novo imposto. Além disso, há ainda a 
competência extraordinária da União. 
O art. 154 da CF diz que a União pode instituir, mediante lei complementar, impostos 
não previstos (é a competência residual da União), desde que se observe os requisitos: 
 Sejam não cumulativos 
 
 Não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos impostos já 
discriminados na CF 
Além disso, a União pode, na iminência ou no caso de guerra externa, instituir 
impostos extraordinários (IEG), estando ou não compreendidos dentro de sua 
competência tributária. É uma situação excepcional. 
A competência constitucional para instituir tributos está na Constituição e é 
basicamente a seguinte: 
 Competência da União: 
São de competência da União: 
o Imposto de importação 
o Imposto de exportação 
o Imposto sobre produtos industrializados (IPI) 
o Imposto sobre grandes fortuns (IGF) 
o Imposto territorial rural (ITR) 
o Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
o Imposto extraordinário de guerra (IEG) 
o Impostosresiduais, desde que não seja cumulativo ou base de cálculo ou 
fato gerador dos demais impostos. 
 Competência dos Estados e do DF 
São de competência dos Estados e do DF: 
o Imposto sobre transmissão por causa mortis e doação (ITCMD) 
o Imposto sobre circulação de mercadorias e transporte intermunicipal 
(ICMS) 
o Imposto sobre veículos automotores (IPVA) 
 
 Competência dos Municípios 
São de competência dos Municípios: 
o Imposto sobre a propriedade territorial urbana (IPTU) 
o Imposto sobre transmissão de bens imóveis (ITBI) 
o Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN) 
VI. Taxas 
a) Noções gerais 
Os entes políticos podem instituir taxa em razão do exercício decorrente do poder 
de polícia ou em razão da utilização efetiva ou potencial de um serviço público, desde que 
esse serviço seja específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
As taxas, segundo expressa disposição constitucional, não podem ter base de 
cálculo própria de impostos. Então não é possível a plena coincidência das bases de cálculo 
de uma taxa e de um imposto. 
As taxas são, em princípio, de arrecadação não vinculada, apesar de serem tributos 
vinculados. Ou seja, a utilização do produto da arrecadação é discricionária pelo poder 
executivo. 
A CF não discrimina as taxas que são passíveis de instituição por cada entidade da 
federação. A entidade que prestou o serviço, podendo prestar, ou que exerceu o poder de 
polícia, podendo exercer, tem direito de cobrar a taxa. 
Por ser um tributo vinculado a uma atuação específica do Estado, a entidade política 
atuante, que preste o serviço ou desenvolva a atividade considerada geradora do fato 
tributário, vai ser o sujeito ativo desse tributo. 
Segundo o STF, o Município não pode cobrar IPTU de Estado estrangeiro, embora 
possa cobrar taxa de coleta domiciliar de lixo, tendo em vista que os Estados estrangeiros 
possuem imunidade tributária e de jurisdição, segundo os preceitos das Convenções de 
Viena de 1961. 
 
b) Vedação de base de cálculo idêntica à de impostos 
Com relação às taxas, é necessário lembrar que o art. 145, §2º, da CF diz que as taxas 
não podem ter base de cálculo idêntica à dos impostos. 
Portanto, o fato gerador do imposto não é o mesmo fato gerador da taxa, motivo 
pelo qual não pode ter coincidência. O fato gerador do imposto é um fato relacionado ao 
contribuinte, enquanto as taxas têm como fato gerador uma atuação do Estado, e não do 
contribuinte. 
Mas o STF já pacificou pela Súmula Vinculante 29 que é constitucional a adoção no 
cálculo de uma taxa de um ou mais elementos da base de cálculo de um determinado 
imposto, desde que não haja uma integral identidade de uma base e outra. 
O exemplo disso é a taxa de coleta de lixo municipal com relação ao IPTU. Isso porque 
o IPTU tem como fato gerador o valor do imóvel, mas a taxa de coleta de lixo poderá ter 
como fato gerador o tamanho da frente do imóvel, pegando uma parte do tamanho do 
imóvel, ainda que se trate de um elemento que se faz necessário para se chegar ao valor da 
base de cálculo do imóvel para se cobrar o IPTU. Veja, é apenas uma parte, e não a 
integralidade coincidência da base de cálculo. Por tudo isso, a taxa de coleta de lixo é 
constitucional. 
c) Tipologia das taxas 
As taxas podem ser de 2 tipos: 
 Exercício do poder de polícia (taxa de polícia): 
 Prestação de um serviço (taxa de serviço): esta taxa se dá pela utilização efetiva de 
serviços públicos específicos e divisíveis, ou mesmo pela utilização potencial de 
serviços públicos e divisíveis que foram postos à disposição do contribuinte. 
O STF, na súmula vinculante 19, entende que a taxa cobrada exclusivamente em 
razão do serviço de coleta, remoção e tratamento e destinação de lixos e resíduos 
provenientes de imóvel não viola à Constituição. Portanto, é constitucional a taxa de coleta 
de lixo. 
 
Ou seja, ainda que a pessoa não resida no imóvel, ou que esteja abandonada, poderá 
ser cobrada essa taxa, pois o serviço é posto à disposição. 
d) Taxa decorrente da prestação de um serviço público 
A principal característica do serviço público que vai habilitar o serviço público de ser 
remunerado por meio de taxa será a sua divisibilidade. 
Em se tratando de serviço indivisível, não vai admitir que seja instituída uma taxa 
para remunerá-lo. Ex.: iluminação pública não se admite que haja a cobrança de taxa, pois 
não há como dividir o quanto a pessoa se utilizou do serviço. 
A limpeza da rua também não admite, pois não há como cobrar o quanto a pessoa 
sujou a rua. 
Segurança pública também não admite a cobrança de taxa, pois é imensurável. 
→ Distinção entre taxa e preço público 
Taxa é espécie de tributo. A taxa não depende da utilização do serviço. 
Preço público, ou tarifa, não é tributo. Preço público é uma remuneração devida por 
um serviço público, mas de sujeição alternativa, originada de uma relação contratual 
estabelecida entre o cidadão e o poder público, que quase sempre está representado por 
um concessionário ou permissionário de serviço público. A tarifa exige a utilização do serviço 
para ser cobrado. 
É exemplo de tarifa, de acordo com o STF e STJ, a cobrança do serviço de água e 
esgoto. 
→ Custas e emolumentos 
Custas e emolumentos são as chamadas taxas judiciárias. 
A natureza jurídica é de taxa, pois há a prestação de serviço pelo Estado. O serviço é 
específico e divisível. A base de cálculo é o valor da atividade estatal que foi ali prestada ao 
contribuinte, devendo guardar uma proporcionalidade com a atividade prestada pelo 
Estado. 
 
Nesse sentido, o STF editou a Súmula 667, estabelecendo que viola a Constituição e 
a garantia de acesso à jurisdição taxa judiciária que é calculada sem limite sobre o valor 
da causa. 
A EC 45 incluiu o § 2º ao art. 98 da CF, dizendo que custas e emolumentos serão 
destinados exclusivamente aos serviços afetos à Justiça. Neste caso, parcela da doutrina 
afirma que se tornou uma espécie tributária sui generis. Isso porque haveria um tributo de 
arrecadação constitucionalmente vinculada. Há a prestação de um serviço específico e 
divisível, mas a finalidade da arrecadação também já está discriminada na Constituição. 
e) Taxa relativa ao exercício regular do poder de polícia 
O CTN diz no art. 78 que se considera poder de polícia atividade da administração 
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de 
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de 
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
Basicamente, esse dispositivo traz um conceito de poder de polícia. 
Perceba que, diferentemente da taxa de prestação de serviços, na taxa pelo poder 
de polícia exige-se um exercício efetivo do poder de polícia para promover a cobrança. 
Dessa forma, não se pode cobrar a taxa de poder de polícia se este serviço não foi 
efetivamente exercido. 
O STF entende que é constitucional a taxa de renovação do funcionamento e 
localização municipal, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual é 
demonstrado pela mera existência de órgão administrativo que possua estrutura e 
competência para a realização da atividade de fiscalização. 
São exemplos de atividade de polícia que ensejam a cobrança de taxa: 
• Taxa de fiscalização de anúncio 
• Taxa de fiscalização dos mercados e títulos de valores mobiliários 
 
• Taxa de localização e funcionamento de estabelecimentos em geral• Entre outras 
Segundo o STF, a área ocupada pelo estabelecimento comercial revela-se apta a 
refletir o custo aproximado da atividade estatal de fiscalização para fins de cobrança de 
taxa. 
Por outro lado, é inconstitucional a instituição e a cobrança de taxas por emissão 
ou remessa de carnês/guias de recolhimento de tributos. 
VII. Contribuição de melhoria 
A contribuição de melhoria pode ser cobrada por qualquer ente no âmbito de suas 
atribuições. Ou seja, a União, os Estados, o DF e os municípios podem cobrá-la. 
Reputam-se feitas pela União as obras executadas pelos Territórios. 
A contribuição de melhoria tem como fato gerador o acréscimo do valor do imóvel 
localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas. 
O princípio que fundamenta o tributo da contribuição de melhoria é a vedação do 
enriquecimento sem causa do particular. 
A base de cálculo será o quantum de valorização experimentada pelo imóvel. Desse 
modo, a base de cálculo nunca poderá ser o custo da obra e nem mesmo o valor da obra. 
A contribuição de melhoria possui duas limitações, sendo denominada de sistema 
de duplo limite: 
 Limite geral (total): as contribuições de melhoria não podem exceder o custo da 
obra. Se 10 casas experimentaram a valorização de 50 mil reais cada, mas a obra 
eles gastaram só 200 mil para fazer, cada casa só poderá pagar 20 mil, a despeito 
de ter valorizado 50 mil. 
 Limite individual: é o valor da correspondente valorização do imóvel. Se o poder 
público gastou 500 mil reais com a obra e 10 casas foram valorizadas no montante 
de 20 mil reais. Dessa forma, não poderá cobrar mais do que 20 mil reais de cada 
 
casa, ainda que a obra não tenha sido integralmente paga pelo contribuinte. Veja, 
o limite individual é a valorização do imóvel. 
Nada impede que a administração exija um valor menor. Ex.: a obra foi de 1 milhão, 
tendo 10 casas experimentado uma valorização enorme, mas ainda assim o poder público 
resolveu cobrar 50 mil em vez de 100 mil cada uma. 
Cumpre salientar que o recapeamento de via pública já asfaltada não pode gerar 
cobrança de contribuição de melhoria, pois não gera a valorização aos contribuintes, os 
quais já experimentaram a valorização quando da realização da obra. 
Por outro lado, a pavimentação asfáltica de via pública pode gerar a cobrança de 
contribuição de melhoria, pois o tributo tem por fato gerador benefício resultante de obra 
pública. 
A contribuição de melhoria sub-roga-se na pessoa dos respectivos adquirentes do 
imóvel, salvo quando conste do título a prova de sua quitação, conforme art. 130 do CTN. 
A contribuição de melhoria somente poderá ser cobrada após o término da obra, 
que é o fato gerador. Do contrário, não poderia se aferir o quantum de valorização que a 
obra gerou. 
Segundo o art. 2º do DL 195, será devida a contribuição de melhoria, no caso de 
valorização de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes 
obras públicas: 
• Abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos pluviais e 
outros melhoramentos de praças e vias públicas; 
• Construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e 
viadutos; 
• Construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive todas as obras e 
edificações necessárias ao funcionamento do sistema; 
• Serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos, instalações de redes 
elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em geral ou de suprimento de 
 
gás, funiculares, ascensores e instalações de comodidade pública; 
• Proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento de 
drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e canais, 
retificação e regularização de cursos d’água e irrigação; 
• Construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e melhoramento de 
estradas de rodagem; 
• Construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos; 
• Aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapropriações em 
desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico. 
De acordo com o art. 82, a lei relativa à contribuição de melhoria deverá publicar 
previamente edital, contendo: 
• Memorial descritivo do projeto; 
• Orçamento do custo da obra; 
• Determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; 
• Delimitação da zona beneficiada; 
• Determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona 
ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; 
O edital também fixará prazo não inferior a 30 dias, para impugnação pelos 
interessados, de qualquer dos elementos contidos no edital. 
O edital trará a regulamentação do processo administrativo de instrução e 
julgamento da impugnação, sem prejuízo da sua apreciação judicial. 
De acordo com o art. 177, salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é 
extensiva às taxas e às contribuições de melhoria, pois se tratam de tributos bilaterais. 
VIII. Empréstimo compulsório 
Empréstimos compulsórios são tributos temporários e restituíveis. 
 
A União, compulsoriamente, cobra dos administrados o valor para custear uma 
despesa urgente, ficando obrigada a devolver esse valor logo que solucionar aquela causa 
que justificou a sua instituição. 
A União deverá devolver em dinheiro e corrigido monetariamente, conforme 
decidiu o STF. 
São motivos para criação de empréstimo compulsório: 
 Atendimento de despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de 
guerra externa, ou de sua iminência; 
 Investimento público de caráter urgente ou de relevante interesse nacional. 
Ressalte-se que esses motivos não são considerados fatos geradores! São situações 
deflagrantes, conforme a doutrina majoritária entende. 
O fato gerador do empréstimo compulsório pode vir com o mesmo fato gerador de 
outros impostos. Ex.: fato gerador com o mesmo do ICMS, IR, etc. 
A situação calamitosa deve ser limítrofe, por exemplo, hecatombes avassaladoras, 
cataclismos ou catástrofes. Além disso, quanto à guerra externa (iminente ou eclodida), tal 
contexto pode ensejar dois tributos no Brasil: imposto extraordinário de guerra e o 
empréstimo compulsório. 
Atente-se que também não é necessário que haja a decretação do estado de 
calamidade pública para que haja a instituição do empréstimo compulsório. 
Vale atentar que, com relação ao empréstimo compulsório para investimento público 
de caráter urgente ou de relevante interesse nacional, é preciso observar o princípio da 
anterioridade. 
No caso de empréstimos compulsórios para atendimento de despesas 
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa, ou de sua 
iminência, não é preciso observar o princípio da anterioridade anual e nonagesimal. Aqui 
a exigência é imediata. 
 
A aplicação dos recursos provenientes de empréstimos compulsórios é vinculada 
às despesas que justificou a instituição do tributo. Por essa razão, é inconstitucional o 
empréstimo compulsório criado em face de conjuntura econômica que exija a absorção 
temporária de poder aquisitivo da moeda, pois não se encontra na CF, além de que o art. 
15, III, CTN não foi recepcionado pela CF/88. 
A competência para instituir é exclusiva da União, que o fará por meio de lei 
complementar. 
É necessário fazer uma diferença entre os empréstimos compulsórios e o imposto 
extraordinário de guerra: 
 Empréstimo compulsório: aqui há um caráter temporário, pois será necessária a 
restituição posterior. É instituído por meio de lei complementar. É um imposto 
vinculado. 
 Imposto extraordinário de guerra: não é restituível, pois não se trata de 
empréstimo. É instituído por meio de lei ordinária. Não é vinculadoa uma atividade 
específica, pois é imposto. 
São características comuns entre o empréstimo compulsório e o imposto 
extraordinário de guerra: 
 São de competência da União. 
 Têm como característica a temporariedade, pois acabando a guerra o tributo se 
exaure. 
 Não observam o princípio da anterioridade. 
Cabe ressaltar que o parágrafo único do art. 148 da CF menciona que a receita do 
empréstimo compulsório deve estar vinculada à sua despesa. Não pode haver 
tredestinação ou desvio de finalidade! 
IX. Pedágio 
A Constituição Federal, ao instituir limitação ao poder de tributar, vai vedar que 
 
sejam estabelecidas limitação ao tráfego de pessoas ou de bens por meio de tributos, mas 
a Constituição excepciona a cobrança de pedágios. 
Segundo STF, na ADI 800, pedágio é preço público (tarifa). Portanto, pedágio cobrado 
pela efetiva utilização de rodovia não tem natureza tributária. 
Em consequência disso, não está o pedágio sujeito ao princípio da legalidade. 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Princípios do Direito Tributário – Sistema constitucional tributário 
1. Princípios do direito tributário 
Na seara tributária existem princípios explícitos e implícitos no texto constitucional. 
I. Princípios constitucionais tributários expressos 
a) Princípio da capacidade contributiva 
O art. 145, §1º, da CF diz que, sempre que possível, os impostos terão caráter 
pessoal e serão graduados, segundo a capacidade econômica do contribuinte. 
Como subprincípio da capacidade contributiva há proporcionalidade, 
progressividade, personalização e a seletividade. 
O tributo tem uma gradação, existindo um intervalo entre o que pode ser cobrado e 
sobre o que não pode ser cobrado. 
Roberval Rocha diz que essa capacidade contributiva tem um intervalo mínimo, ou 
seja, um patrimônio mínimo, e a parte máxima é a vedação do confisco. A capacidade 
contributiva não pode subtrair o patrimônio mínimo e tampouco confiscar o bem. 
Nos termos da CF, o princípio da capacidade contributiva deve ser aplicado apenas 
aos impostos, contudo a jurisprudência admite a aplicação a todas as espécies tributárias. 
No entanto, é importante saber que expressamente na CF há aplicação apenas aos impostos. 
b) Princípio da legalidade 
Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei. 
O art. 150, I, da CF, trata do princípio da legalidade tributária, sendo vedado à União, 
Estados, DF ou municípios aumentar ou exigir tributos sem lei que o estabeleça. 
Com base nesse dispositivo, o STF entendeu, por meio da Súmula 574, que, sem lei 
estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do imposto de circulação de mercadorias 
sobre o fornecimento de alimentos e bebidas em restaurantes ou estabelecimento similar. 
 
Segundo o STF, a fixação do prazo de recolhimento de tributo não se submete ao 
princípio da legalidade. 
Vale lembrar que a multa tributária também deve obedecer o princípio da 
legalidade. 
Segundo o STF, é defeso ao Município atualizar a base de cálculo do IPTU, mediante 
decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. Sendo inferior, é 
possível. 
→ Lei ordinária específica 
A CF restringe ainda mais determinadas matérias a disponibilidade legislativa. Em 
certas matérias a CF vai exigir leis específicas, sendo esses benefícios: 
1. Subsídio 
• Isenção 
• Redução da base de cálculo 
• Concessão de crédito presumido 
• Anistia 
• Remissão 
Tudo isso para ser concedido vai exigir lei específica. 
→ Exceções ao princípio da legalidade 
Há algumas exceções ao princípio da legalidade. 
Todos os tributos devem ser criados por lei, mas existem tributos que podem ter 
suas alíquotas majoradas por ato do poder executivo, sendo eles: 
 Imposto de importação (II) 
 Imposto de exportação (IE) 
 Imposto sobre produtos industrializados (IPI) 
 
 Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
 CIDE-Combustível 
 ICMS-Combustível 
No caso do ICMS sobre combustível, as alíquotas são definidas por Convênios entre 
os Estados e o DF. E o ato que majora o ICMS consiste numa deliberação dos representantes 
dos entes federativos. 
A faixa permitida de majoração dessas alíquotas está expressa em lei. Ou seja, há 
uma majoração por ato do poder executivo, mas dentro da margem permitida em lei. 
Vale lembrar que apenas a redução e reestabelecimento de CIDE-combustíveis não 
se submete ao princípio da legalidade. Para haver aumento da alíquota da Cide-
combustíveis, é preciso observar o princípio da legalidade. 
→ Norma tributária em branco 
É a possibilidade de uma norma tributária ser complementada por um ato infralegal. 
O STF já entendeu pela sua possibilidade. Segundo o Supremo, é desnecessário lei 
complementar para a instituição da contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho 
(SAT). Isso porque as Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, 
satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributária 
válida. O fato de a Lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de 
"atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao 
princípio da legalidade genérica e da legalidade tributária. 
c) Princípio da isonomia 
É o princípio para tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na 
medida de suas desigualdades. 
No campo tributário, o art. 150, II, da CF, diz que é vedado instituir tratamento 
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. É proibida qualquer 
distinção em razão da ocupação profissional ou da função por eles exercidas. 
 
Se o vendedor ganha 10 mil reais por mês e o médico ganha 10 mil reais por mês, os 
dois pagarão o mesmo tanto de imposto de renda. 
Segundo o STF, viola o princípio da isonomia a isenção de IPTU exclusivamente em 
decorrência da qualidade de servidor público do contribuinte. 
d) Princípio da irretroatividade 
O art. 150, III, da CF diz que é vedado cobrar tributos em relação a fatos geradores 
ocorridos antes do início da vigência da lei que instituiu ou aumentou o tributo. 
 Esse princípio protege a relação jurídica, pois se houve ou não o fato gerador, será 
analisado segundo a lei vigente naquele momento. Portanto, protege-se o ato jurídico 
perfeito. E é com base na lei vigente naquele momento que se verifica a relação entre fisco 
e o sujeito passivo da relação tributária. 
É por esse motivo que não se aceita a redução do tributo ou a alteração da base de 
cálculo ou da alíquota que torne menos gravosa a incidência tributária para retroagir. Não 
será aplicada uma lei que diminua a carga tributária de maneira retroativa em relação a fatos 
já ocorridos previamente. 
A ideia da retroatividade é a seguinte, não se aplica a lei que instituiu ou majorou o 
tributo em relação a fatos anteriores. 
→ Normas tributárias retroativas 
Algumas normas tributárias também podem ser retroativas: 
 Lei interpretativa: 
Uma lei interpretativa basicamente explica o conteúdo de outras normas. Essas leis 
vão retroagir, pois têm efeitos meramente declaratórios, mas essa retroatividade 
não pode se dar para aplicação de penalidades aos dispositivos interpretados, 
conforme art. 106, I, CTN. 
 Lei tributária penal mais benigna: 
O art. 106, II, do CTN diz que as leis tributárias penais mais benignas vão atingir 
 
apenas os atos não definitivamente julgados. Caso contrário, não iria atingir. É 
necessário, portanto, que haja um litígio, seja administrativo ou judicial. Segundo o 
STJ, tem-se entendido, para fins de interpretação dessa condição, que só se 
considera como encerrada a Execução Fiscal após a arrematação, adjudicação e 
remição, sendo irrelevante a existênciaou não de Embargos à Execução, 
procedentes ou não. 
E essa lei vai atingir os atos não definitivamente julgados quando: 
o Deixar de definir esses atos como infração penal; 
o Deixar de tratar como contrário à exigência de uma ação ou omissão, 
desde que o ato não tenha sido praticado em fraude ou falta de pagamento 
de tributo; 
o Passar a cominar uma penalidade que seja menos severa do que a 
originariamente prevista. 
 Lei que rege formalidades do lançamento (lei instrumental) 
 O art. 144, §1º, do CTN diz que se aplica ao lançamento a legislação que 
posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tenha instituído novos critérios de 
apuração, novos processos de fiscalização ou que tenha ampliado poderes de investigação das 
autoridades, ou ainda que tenham outorgados créditos de maiores garantias ou privilégios, 
exceto, no último caso, para atribuir responsabilidades a terceiros. 
 Essa norma instrumental vai retroagir, apenas não sendo aplicada quando ela prever 
uma garantia que atinja uma terceira pessoa. 
 Lei de anistia: 
É uma lei retroativa, visto que é um perdão de infrações. 
 Declaração direta de inconstitucionalidade pelo STF, quando não tiver conferido 
efeito diverso ao efeito ex tunc à declaração de inconstitucionalidade 
e) Princípio da anterioridade (princípio de exercício financeiro ou comum ou anual) 
 
Humberto Ávila o denomina como princípio da calculabilidade. 
O art. 150, III, da CF veda cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que esse 
tributo tenha sido instituído ou publicada a lei que instituiu ou aumentou o tributo. 
O art. 34 da Lei 4.320 diz que o exercício financeiro vai de 1º de janeiro a 31 de 
dezembro. 
Se a lei reduzir um gravame ou fulminar um tributo, por óbvio, não precisará 
observar a anterioridade, podendo ser aplicada imediatamente. 
O STF considera que o princípio da anterioridade é uma garantia individual, sendo 
uma cláusula pétrea. É vedada a deliberação de emenda à constituição que tenda a abolir 
o princípio da anterioridade. 
Ainda, o STF, na Súmula Vinculante 50, diz que norma legal que altera o prazo para 
recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. 
→ Exceções ao princípio da anterioridade 
Existem exceções ao princípio da anterioridade, havendo alguns tributos que 
podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro da lei que foi publicada majorando ou 
instituindo o tributo. 
Portanto, não precisam observar a anterioridade tributária: 
 Empréstimos Compulsórios para despesas extraordinárias 
 Imposto de Importação (II) 
 Imposto de Exportação (IE) 
 IPI 
 IOF 
 Imposto Extraordinário de Guerra 
 ICMS-Combustível 
 
 CIDE-Combustível 
 Contribuição Social da Seguridade Social 
f) Princípio da anterioridade nonagesimal 
Não confundir o princípio da anterioridade com o princípio da anterioridade 
nonagesimal. 
Para dar maior segurança jurídica, a Constituição passou a prever no art. 150, III, ‘c’, 
que é vedado cobrar tributos antes de decorridos 90 dias da data que haja sido publicada a 
lei que instituiu ou aumentou aquele tributo. 
Caso a alteração legislativa venha com uma instituição ou majoração de tributo, ele 
só poderá ser cobrado após 90 dias. 
Em tese, é necessário observar os dois, tanto a anterioridade anual como a 
nonagesimal. 
Se o imposto é instituído no dia 1º de dezembro, não poderá ser cobrado no mesmo 
exercício, e nem no dia 1º de janeiro, e sim após 90 dias, que seria no dia 1º de março, por 
exemplo. 
Por outro lado, se o imposto tivesse sido cobrado em março, não poderia ser cobrado 
em junho (90 dias depois), pois deveria ter sido observada a anterioridade anual. 
→ Medida provisória 
Vale lembrar que se essa majoração ou instituição de tributo se der por medida 
provisória, esse prazo da anterioridade nonagesimal deverá ser observado, porém o termo 
a quo, de contagem inicial desse prazo da nonagesimal, será a data da publicação da 
medida provisória, e não a data da publicação da lei que foi convertida. 
Em relação à MP, há essa especificidade. 
Cabe ressaltar que se a medida provisória for para instituir ou majorar taxas, 
contribuição de melhoria ou contribuição especiais bastará a publicação da medida 
provisória para entrar em vigor os referidos tributos. Ex.: se em novembro de 2016 for 
 
instituída uma contribuição de melhoria, a partir de janeiro de 2017 poderá produzir efeitos 
esta lei, desde que obedeça 90 dias. Não se fala em empréstimos compulsórios, pois eles 
são instituídos por meio de lei complementar, não podendo utilizar de medida provisória. 
Por outro lado, se veicular sobre impostos, e a medida provisória for publicada em 
novembro de 2016, deverá ser contado 90 dias para frente. Todavia, nesta situação, será 
necessária aguardar a conversão da medida provisória em lei até o último dia do ano. Do 
contrário, só poderá entrar em vigor e produzir efeitos a partir de janeiro de 2018. 
→ Prorrogação de alíquota 
O STF decidiu que o prazo da nonagesimal somente deve ser observado nos casos 
de majoração ou instituição de tributos. 
Esse prazo não precisa ser observado nos casos de prorrogação de uma alíquota já 
aplicada. O STF entende que se houver prorrogação não precisa observar o prazo da 
nonagesimal. 
→ Exceções à anterioridade nonagesimal 
São exceções ao princípio da anterioridade nonagesimal: 
 Empréstimos compulsórios para despesas extraordinárias 
 Imposto de Importação (II) 
 Imposto de Exportação (IE) 
 IOF 
 Imposto de Renda (IR) 
 Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) 
 IPVA para fixação da base de cálculo 
 IPTU para fixação da base de cálculo 
O IPI não se submete ao princípio da anterioridade anual, mas se submete ao 
princípio da anterioridade nonagesimal. 
 
Por outro lado, o IR se submete ao princípio da anterioridade anual, mas não se 
submete ao princípio da anterioridade nonagesimal. 
Além disso, para fixação da base de cálculo para IPTU ou IPVA não precisa observar 
a anterioridade nonagesimal, mas é preciso observar a anterioridade anual. Portanto, 
pode haver alteração no dia 31 de dezembro para cobrança no dia 1º de janeiro do ano 
seguinte. 
g) Princípio da vedação ao confisco (princípio da razoabilidade da carga tributária) 
A CF proíbe a utilização do tributo com efeito de confisco, conforme art. 150, IV. 
Segundo o STF, a identificação de efeito confiscatório deve ser feita em função da 
totalidade da carga tributária, dentro de determinado período, a mesma pessoa política 
que os houver instituído. 
A jurisprudência ainda não decidiu qual a porcentagem que seria considerado efeito 
confiscatório. Na Alemanha esse percentual é de até 50%. 
Apesar de mencionar somente tributos, a doutrina entende que a multa também 
não pode ter efeito confiscatório. Portanto, tanto a doutrina quanto a jurisprudência, vão 
abominar as multas desproporcionais que a administração vem aplicando ao contribuinte. 
Segundo o STF, é confiscatória a multa de duas vezes o valor do tributo devido, 
aplicada em razão de seu não pagamento. Da mesma forma, entendeu o STF que é 
confiscatória multa aplicada em razão de sonegação no valor de cinco vezes o tributo 
devido. 
h) Princípio da não limitação ao tráfego de pessoas e bens 
A CF veda a limitação do tráfego de pessoas e bens por meio de tributos 
interestaduais e intermunicipais. 
Por outro lado, a CF ressalva o pedágio. Mas o STF já decidiu que pedágio é preço 
público, e não tributo. 
i) Princípio da uniformidade geográfica 
 
Segundo o art. 151, I, da CF é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme 
em todo o território nacional, ou que implique uma preferência a determinado Estadoou 
ao DF, em detrimento de outros. 
O que se admite é a concessão de incentivos fiscais que sejam destinados a promover 
o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diversas regiões do país. Até 
porque um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é diminuir as 
desigualdades regionais. 
Apesar de a norma ser voltada à União, por simetria essa vedação se estende aos 
Estados, ao DF e aos municípios, não podendo conceder o Estado um benefício X a certo 
município sem conceder ao município Y, salvo se houver uma razão que justifique tal 
discriminação. 
j) Princípio da discriminação ou da vedação da discriminação em razão da 
procedência ou do destino 
O art. 152, caput, da CF proíbe que se estabeleça diferenças tributárias entre bens e 
serviços de qualquer natureza em razão da procedência ou em razão de seu destino. 
Esse princípio não tem aplicação nas relações internacionais, mas sim para o âmbito 
interno. 
A ideia é de que não se pode cobrar menos imposto de uma mercadoria se ela vier 
de determinado Estado e cobrar mais se ela vier de outro Estado. 
Dessa forma, o STF já entendeu que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça 
firmou-se no sentido da impossibilidade dos Estados-membros e do Distrito Federal 
estabelecerem alíquotas de IPVA diferenciadas entre veículos nacionais e importados. 
k) Outros princípios relevantes 
→ Princípio da tipicidade tributária 
O princípio da tipicidade vai exigir que a lei tributária defina, de forma taxativa, de 
forma completa, as situações tributárias necessárias para que nasça a obrigação tributária. 
Além de prever a hipótese de incidência, é preciso prever os critérios de 
 
quantificação da obrigação tributária e da quantificação do tributo. 
Essa tipicidade tributária veda que haja interpretação extensiva ou analogia para 
incidência de tributos. Por isso que parte da doutrina chama esse princípio de princípio da 
tipicidade tributária cerrada ou tipicidade cerrada. 
→ Princípio do non olet 
O tributo não fede. Dessa forma, se o sujeito auferiu renda traficando ou vendendo 
coisa lícita, deverá ser cobrado o tributo. 
O art. 118 diz que a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da 
validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, por responsáveis ou 
por terceiros, bem como pela natureza do objeto ou de seus efeitos, ou dos efeitos dos fatos 
efetivamente ocorridos. 
Portanto, é irrelevante a análise da eficácia do ato, a capacidade civil dos 
envolvidos, a licitude do comportamento. 
→ Princípio da responsabilidade fiscal 
Responsabilidade fiscal aportou no Brasil com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 
101/00), trazendo o conceito de accountability, que é a gerência eficiente dos recursos 
públicos. 
A responsabilidade fiscal vai influenciar a gestão tributária, pois a LRF diz que a 
instituição, previsão e arrecadação de todos os tributos previstos na CF, de cuja competência 
daquele ente federado, são requisitos para que haja responsabilidade fiscal daquele ente 
federado, de forma que a LRF veda que haja transferências voluntárias para entes que não 
instituam ou cobrem todos os impostos de sua competência (art. 11, LRF). 
A LRF diz que renúncia de receita só pode ser feita em situações excepcionais. 
A responsabilidade fiscal traz um impacto na gestão tributária, pois para considerar 
o administrador como responsável fiscal deverá ele instituir, prever e arrecadar todos os 
tributos da sua competência constitucional. 
 
2. Sistema constitucional tributário 
A competência para legislar sobre matéria tributária é uma competência 
concorrente, tendo a União a competência para editar normas gerais, os Estados para 
suplementar essas normas e os municípios para legislar sobre assuntos de interesse local. 
Essa sistemática é um dos pilares do sistema federativo. Quando se diz que o imposto 
é do Estado, significa que há autonomia financeira do ente federado. 
É possível caracterizar a competência tributária como poder que é atribuído pela CF 
para que o ente federado venha a instituir tributos por meio de lei. Tanto é que somente o 
ente federado terá competência tributária. 
Outros entes poderão ter capacidade tributária, que é a possibilidade de ser sujeito 
ativo, de se fazer a cobrança. 
O exercício da competência tributária é facultativo do ente político, não sendo 
obrigado a instituir todos os tributos que a CF reservou a ele. Porém, segundo a LRF, é 
requisito essencial que haja pelo ente federado a instituição, previsão e arrecadação de 
todos os tributos previstos na CF, ficando vedado a transferência voluntária àquele que não 
fez essa observação. 
I. Competência tributária x Capacidade tributária ativa 
Competência tributária é a competência para criar o tributo. Só se cria tributo por 
meio de lei. 
Capacidade tributária ativa é a possibilidade de o indivíduo figurar no polo ativo da 
relação obrigacional. Portanto, poderá cobrar, exigir e fiscalizar, tal como ocorre com o INSS, 
mas a competência para instituir o tributo é da União. 
São características legais da capacidade tributária ativa: 
 Atribuição delegável: 
Um ente pode ser quem institui o tributo e outro pode ser quem cobra e fiscaliza o 
tributo. Por isso a capacidade tributária ativa é delegável, ao contrário da 
 
competência tributária, que é indelegável. 
 Atribuição não legislativa: 
A capacidade tributária ativa é não legislativa, ao contrário da competência, que é 
indelegável. 
 Privilégios processuais: 
 O art. 7º, §1º, do CTN diz que essa atribuição da capacidade tributária ativa 
compreende as garantias e privilégios processuais que a pessoa jurídica de direito público tem. 
 Esses privilégios, que são prerrogativas processuais, têm por fundamento o interesse 
público e a supremacia desse interesse público, tendo prazos especiais do ente que está 
cobrando o imposto. 
 O art. 183 do NCPC preconiza que a administração pública direta e indireta de direito 
público tem prazo em dobro em todas as suas manifestações. Quem recebeu a capacidade 
tributária ativa também terá prazo em dobro. 
 O NCPC diz, no art. 496, I e II, que nas sentenças que julgar procedente, no todo ou em 
parte, os embargos da execução de dívida ativa ou das sentenças que forem contrárias ao 
interesse da fazenda pública, estarão sujeitas ao reexame necessário. Portanto, ainda que seja 
outro que esteja cobrando o tributo, haverá o reexame necessário nesses casos. 
 Ainda, restrições ou cabimentos de instrumentos processuais que existem em face da 
fazenda pública existirão em face do sujeito que está cobrando a dívida tributária. 
 Atribuição revogável: 
 A atribuição poderá ser revogada a qualquer tempo por ato unilateral pela pessoa 
jurídica de direito público. 
II. Tipologia da competência tributária 
A competência tributária pode ser: 
 Competência comum: a competência comum é aquela que qualquer ente pode 
instituir, existindo em relação às taxas e contribuições de melhoria. 
 
 Competência privativa: há em relação aos impostos, pois a CF diz expressamente 
quem poderá instituir cada imposto e empréstimo compulsório. 
 Competência cumulativa: vai se referir a situações sui generis da federação. Por 
exemplo, o DF não pode ser dividido em municípios, motivo pelo qual terá a 
competência cumulativa dos tributos dos estados e dos municípios. No caso dos 
territórios, a União terá competência para instituir os tributos estaduais e federais, 
e caso não seja dividido em municípios, também terá competência dos impostos 
municipais, motivo pelo qual será competência cumulativa. 
 Competência residual: é a competência da União para instituir impostos e 
contribuiçõesresiduais, que não estão especificados na CF, desde que não sejam 
cumulativos e não haja coincidência de fato gerador e base de cálculo de outros 
impostos de outros impostos, assim como as contribuições residuais não poderão 
ter fato gerador e base de cálculo de outras contribuições, mas poderão ter a 
mesma de impostos. 
III. Competência extraordinária 
O art. 154, II, da CF diz que a União poderá instituir, na iminência ou em caso de 
guerra declarada, impostos extraordinário, estando eles compreendidos ou não na sua 
competência tributária. Esses impostos serão reduzidos gradativamente à medida que 
cessarem as causas de criação desses impostos. 
IV. Limitações constitucionais ao poder de tributar 
As limitações constitucionais ao poder de tributar são de 3 ordens: 
• Princípios constitucionais tributários 
• Imunidades tributárias 
• Limitações infraconstitucionais previstas pela CF 
As limitações ao poder de tributar são normas de restrição da competência 
tributária, mas não estão taxativamente previstas na CF. Essas regras devem ser 
estabelecidas por lei complementar. 
 
A Carta Magna estatui as principais limitações ao exercício da competência 
tributária, mas não necessariamente todas. Isto é percebido pela simples leitura do art. 150 
da CF. O dispositivo inaugura a Seção denominada “Das limitações do poder de tributar”, 
deixando claro que as garantias que estatui existem “sem prejuízo de outras (…) asseguradas 
ao contribuinte”. 
Assim, é correto afirmar que as garantias ali estatuídas formam um rol não 
exaustivo, pois existem outras estipuladas em dispositivos diversos da Constituição Federal 
(art. 5.º, inciso, XXXIV, por exemplo), além daquelas que decorrem do regime e dos 
princípios adotados pela própria Carta ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte (CF, art. 5.º, § 2.º). 
V. Repartição de receitas tributárias 
A repartição de receitas é uma das estruturas que sustenta coesão com as esferas 
federativas, eis que torna efetiva a autonomia dos entes menores. 
A União federal vai distribuir parte de suas receitas porque a Constituição assim 
determina aos Estados e aos Municípios. 
Essa relação é constitucionalizada de solidariedade político-financeira, pois há um 
redirecionamento de fundos dos entes maiores (União) para os menores (Estados e 
municípios). 
Não existe repartição constitucional pela via inversa, dos menores para os maiores. 
Dentre as diversas espécies tributárias, somente os impostos e a CIDE-combustíveis 
é que são objeto de repartição. 
Para assegurar esse rateio, a Constituição, no art. 160, vai dizer que é vedada a 
retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos aos Estado, 
ao DF e aos municípios. 
O parágrafo único vai excepcionar e vai dizer que a vedação a esta retenção não 
impede que a União e os Estados condicionem a entrega de recursos ao pagamento de seus 
créditos, inclusive aos créditos de suas autarquias e inclusive ao mínimo exigido em serviços 
 
e ações de saúde. 
Vale ressaltar que se está falando de transferências obrigatórias. 
A legislação infraconstitucional pode criar obstáculos ao repasse das verbas públicas 
no tocante as transferências voluntárias, o que foi feito pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 
a) Sistemática de repartição 
Existem duas formas adotadas pela CF que possibilitam a participação de uma pessoa 
política no produto de arrecadação de outra pessoa política. 
Essa repartição pode ser: 
 Repartição direta: o valor arrecadado é diretamente repassado ao destinatário. 
Então o art. 158, III, da CF diz que pertence ao município 50% do valor da 
arrecadação do IPVA licenciado em seus territórios. 
 Repartição indireta: há uma relação complexa, sendo formados fundos específicos, 
os quais recebem as parcelas e receitas para depois ratear esses recursos entre os 
participantes beneficiários que serão previamente estabelecidos. 
b) Receitas não repartidas 
Existem receitas de impostos que não são repartidas. 
No âmbito da União, não estão sujeitos à repartição de receitas: 
• Imposto extraordinário de guerra 
• Imposto de importação 
• Imposto de exportação 
• Imposto sobre grandes fortunas 
Os Estados não sujeitam à repartição de receitas o ITCMD. 
Os municípios não repartem suas receitas. 
c) Repartição direta 
 
→ Da União para os Estados e para o Distrito Federal 
Segundo a CF, 100% do arrecadado com o imposto de renda (IR), incidente sobre a 
fonte de rendimentos pagos pelo Estado, por autarquias e fundações públicas, ficará com 
o próprio Estado. 
Além disso, 20% da arrecadação do imposto residual instituído pela competência 
atribuída à União será repassado ao Estado e ao Distrito Federal. 
E 30% do IOF incidente sobre o ouro, quando definido como ativo financeiro ou 
instrumento cambial. 
→ Da União para os Municípios 
Segundo a CF, 100% do arrecadado com o imposto de renda (IR), incidente sobre a 
fonte de rendimentos pagos pelos Municípios, por autarquias e fundações públicas, 
ficarão com o próprio Município. 
Também ficará os municípios com 50% do ITR relativamente aos imóveis situados 
naquele município, ou 100% se o município se disponibilizar a fiscalizar e cobrar o ITR. 
Além disso, 70% do IOF-ouro vai para os municípios. 
→ Dos Estados para os Municípios 
Serão repassados aos municípios 50% do IPVA licenciados na circunscrição. 
Serão repassados também 25% do ICMS aos municípios pelos Estados. Mas essa 
divisão é um pouco diferente, sendo creditada da seguinte forma: 
• 75%, no mínimo, na proporção do valor que foi adicionado nas operações realizadas 
naquele município; 
• 25%, de acordo com o que dispuser a lei estadual. 
d) Repartição indireta 
É a repartição indireta é feita por meio de fundos constitucionais, valendo-se de 
recursos federais apenas. 
 
Quatro desses fundos receberão o montante de 49% do total efetivamente 
arrecadado pela União de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto de 
Renda (IR). 
 Essa repartição será feita da seguinte forma: 
• 21,5% ao fundo de participação do Estado e do DF. 
• 22,5% ao fundo de participação dos municípios. 
• 3% para aplicação de programas de financiamento ao setor produtivo das regiões 
norte, nordeste e centro-oeste, neste último caso metade deverá ser destinado ao 
semiárido. 
• 2% destinado ao fundo de participação dos municípios, sendo metade entregue 
nos meses de julho e do mês de dezembro de cada ano. 
O quinto fundo constitucional é o fundo compensatório de desoneração das 
exportações (FCDE). A ideia é ressarcir os Estados e o Distrito Federal pelas perdas 
decorrentes de imunidades de ICMS sobre produtos que são exportados. Esse fundo é 
composto por 10% sobre o que é arrecadado do IPI proporcionalmente aos valores das 
respectivas exportações dos produtos industrializados. 
Desse total de fundo de compensação das desonerações, serão repassados 25% aos 
municípios respectivos e 75% ficará com o Estado. 
Desse total repassado pelos Estados, 25% vai para os municípios. E dentro desses 
25% a sistemática de cálculo será similar à repartição de receitas do ICMS. Isto é, 75% irá 
para o município que efetivamente exportou e 25% conforme determinar a lei estadual. 
O último dos fundos constitucionais é composto por 29% da arrecadação com a 
CIDE-Combustíveis, sendo observado os programas de financiamento e estrutura de 
transporte. Desse total, 25% é repassado aos municípios, que acabam recebendo 7,25% do 
total arrecadado pela União. 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Obrigação tributária – Responsabilidade tributária 
1. Obrigação tributária 
I. Distinção entre obrigação no direito privadoe no campo do direito tributário 
É necessário distinguir obrigação no campo do direito privado e no campo do direito 
tributário. 
Sempre que se diz que alguém tem obrigação no direito privado, significa que a outra 
pessoa é credor de alguma coisa desse alguém. A ideia no direito privado segue um pouco 
dessa lógica, pois o crédito nasce com a obrigação. 
Contudo, no campo tributário não é bem assim. 
Isso porque primeiro nasce a obrigação, que se dá pelo fato gerador. E o crédito não 
nasce com o fato gerador, e sim com o lançamento tributário. 
Ou seja, a obrigação nasce com o fato gerador. E o crédito tributário nasce quando 
ocorre o lançamento. Portanto, o lançamento é declaratório da obrigação tributária, mas 
constitutivo do crédito tributário. 
A obrigação tributária é uma obrigação de natureza pública (ex lege), decorrendo da 
lei, pouco importando a vontade do sujeito. Tanto é que se um menino de 2 anos de idade 
for herdeiro de alguém com deverá pagar ITCMD. 
II. Obrigação principal e obrigação acessória 
O art. 113 do CTN vai classificar as obrigações tributárias em: 
2. Obrigação tributária principal: decorre da lei. É simplesmente a obrigação de 
pagar, seja o tributo ou a penalidade pecuniária. É uma obrigação de dar, dar em 
pagamento. 
 Obrigação tributária acessória: decorre da legislação. Trata-se de uma obrigação 
fazer ou não fazer. Na verdade, há prestações positivas ou negativas que são 
 
determinadas em função da necessidade de controle da administração pública. 
a) Obrigação principal 
A obrigação principal tem sempre um conteúdo patrimonial. Isso quer dizer que o 
seu objeto é sempre o pagamento de alguma coisa, seja tributo ou penalidade. 
A fonte mediata da obrigação principal é a lei, eis que esta hipótese de incidência 
está prevista na lei. 
A fonte imediata é o fato gerador, isto é, é aquilo que está escrito na hipótese de 
incidência. 
Perceba que quando dizemos que a obrigação tributária principal surge com a 
ocorrência do fato gerador, o art. 113 vai consagrar que o lançamento tributário é 
declaratório da obrigação tributária. Mas em relação ao crédito, ele será constitutivo. 
b) Obrigação acessória 
A obrigação tributária acessória é de cunho não patrimonial, conferindo à 
administração pública apenas meios de eficácia para controlar a arrecadação e exercer a 
fiscalização de forma adequada. 
O CTN permite que a obrigação acessória tenha como fonte a legislação tributária, 
não precisando ser estritamente a lei, compreendendo leis, tratados, decretos, normas 
complementares, etc. 
Caso o sujeito descumpra uma obrigação acessória, haverá incidência de multa, caso 
em que deverá pagar esta penalidade, ou seja, haverá uma obrigação principal. Mas nesse 
caso de descumprimento de uma obrigação acessória deverá haver uma lei prevendo esta 
situação, visto que a obrigação principal decorre da lei, e não da legislação tributária. 
Algumas obrigações tributárias acessórias são bem conhecidas, como é a obrigação 
de emitir nota fiscal. Declarações fiscais também são obrigatórias, assim como a tolerância 
de fiscalização das autoridades fazendárias do Estado. 
Ressalte-se que, mesmo nos casos de anistia, isenção, imunidade ou não incidência, 
em que não há obrigação tributária principal, é necessário que haja obrigação tributária 
 
acessória, até para que o Estado controle esses benefícios fiscais. 
O art. 113, §3º, diz que a obrigação acessória, pelo simples fato da sua 
inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. 
Então, aqui há um fato gerador de uma obrigação (penalidade) que vai conceder ao fisco o 
direito de lançar o crédito tributário contra o infrator, que é esta multa. 
III. Fato gerador 
Fato gerador é a subsunção do fato à norma. É a realização concreta de um 
comportamento descrito na norma, cuja observação faz nascer uma obrigação jurídica, bem 
como define juridicamente a natureza do tributo. 
Hipótese de incidência é a abstração legal de um fato, ou seja, é aquela situação 
descrita na lei cuja previsão é abstrata, tratando-se, pois, de uma “hipótese” que poderá vir 
a ocorrer no mundo dos fatos, e que, uma vez realizada, se concretiza como fato gerador. 
Está no mundo do “dever ser”. 
O art. 114 e 115 do CTN traz uma definição de fato gerador. 
Para o CTN, fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como 
necessária e suficiente à sua ocorrência. 
Já o art. 115 diz que fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, 
na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure 
obrigação principal. 
a) Momento da ocorrência do fato gerador 
O art. 116 do CTN diz que se considera o fato gerador ocorrido desde o momento em 
que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias. 
É possível que se considere que o fato gerador ocorra desde o momento em que 
esteja definitivamente constituída aquela situação, razão pela qual se concentrará segundo 
o ordenamento jurídico. 
Segundo a própria lei, considera-se ocorrido o fato gerador, tratando-se de: 
 
 Situação de fato: desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias 
materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprio. 
 Situação jurídica (situação de direito): desde o momento em que esteja 
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. 
O fato gerador acontece quando o ato é praticado. É uma situação de fato. Ex.: saída 
da mercadoria do estabelecimento empresarial vai gerar o ICMS. 
Há exemplos de situações de direito. É uma situação em que se considera que houve 
o fato gerador é preciso que se faça uma análise jurídica da situação que se evidencia. 
Roberval Rocha, ao falar do IPTU, em primeiro lugar é necessário analisar o vínculo jurídico 
que submete o imóvel àquela pessoa, para saber se a pessoa é proprietária ou não. Se 
aquela pessoa tiver um vínculo de detenção ou de locação, não há lançamento de IPTU ou 
ITR em face daquela pessoa. Então começa-se a perceber que por vezes não basta a situação 
de fato, fazendo uma análise de situação de direito para chegar à conclusão de que ocorreu 
ou não o fato gerador. 
b) Fato gerador simples e fato gerador complexo 
No fato gerador simples, há fato gerador a partir de um acontecimento único. Ex.: 
ITBI, pois quando João adquiriu um imóvel do Antônio ocorreu a incidência do imposto. 
No fato gerador complexo, há a conjunção de diversos acontecimento e de fatos, os 
quais são todos reunidos em uma figura, que é a hipótese de incidência. Para que o fato 
gerador ocorra, é preciso que certas coisas sejam reunidas, pois, do contrário, o fato gerador 
não ocorreu. Ex.: IR só se pode dizer que houve o fato gerador após o período de 1 ano. Ex.: 
João ganhou 100 mil reais em julho, mas não haverá a incidência do imposto de renda 
naquele momento. É preciso ainda que transcorra certo período para que haja a incidência. 
c) Norma geral antielisão 
Segundo o art. 116, parágrafo único, do CTN, a autoridade administrativa poderá 
desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a 
ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da 
obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. 
 
Para compreender a essência disso, é preciso compreender 3 conceitos relacionados 
ao tema: 
 Evasão tributária: é uma conduta ilícita, visto que o sujeito está querendo ocultar 
um fato gerador que ocorreu. O que ele quer é fazer com que o fato não ocorreu 
ou que uma situação foi tributada aquém da forma como deveria ser tributada. 
 Elisão tributária: é conduta lícita, é o planejamento

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