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INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 Grupo: Bruna Gomes / DRE Rafaela Enes / DRE Rebeca Schettini / DRE 114043192 Ródine Montesso / DRE 115129551 Unidade 01 Antecedentes Portugueses / Indígenas / Africanos 1/10 1. IDENTIFICAÇÃO 1.1 Nome São Vicente de Fora Figura 01: Foto Áere Fachadas e Entorno Fonte: site Wikipédia pesquisa feita em 28/08/2017. 1.2 Outras Denominações Museu do Patriarcado - Mosteiro de São Vicente de Fora; Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora; Igreja Paroquial de São Vicente de Fora; Igreja de São Vicente, São Tomé e Salvador; Paço Patriarcal de São Vicente; 1.3 Localização ortugal Lisboa Figura 02: Mapa de Localização Fonte: site Google Maps, pesquisa feita em 28/08/2017. o Largo de São Vicente nadas 38° 42′ 53″ N, 9° 7′ 39″ W 1.4 Usos ginal a: mosteiro masculino; Usos INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 al a: igreja paroquial; Residencial: paço eclesiástico; Funerária: panteão; 1.5 Proteção ria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 (igreja) / IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 33 587, DG, 1.ª série, n.º 63 de 27 março 1944 (Mosteiro *1) / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) e na Zona Especial de Proteção do Edifício da Voz do Operário (v. IPA.00003037) 2/10 1.6 Propriedade Proprietário Original Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho Outros Proprietários Proprietário Atual Pública: Estado Português 1.7 Projeto Data Séc. 16 / 17 / 18 / 19 Autor ARQUITETOS: Baltazar Álvares (séc. 16); Diogo Pais (1624); Filippo Terzi (c. 1520 - 1597); Francisco da Silva (séc. 17); João Frederico Ludovice (1720); João Nunes Tinoco (1641); José da Costa Sequeira (Panteão da Casa de Bragança) (séc. 19); José Maria Nepumoceno (séc. 19); Leonardo Turriano (sécs. 16-17); Luís Nunes Tinoco (1690); Mateus Vicente de Oliveira (séc. 18); José da Costa Sequeira (Panteão da Casa de Bragança) (séc. 19); Pedro Nunes Tinoco (1624); Teodósio de Frias (1608-1612). ARQUITETO PAISAGISTA: Gonçalo Ribeiro Telles (pátio das laranjeiras). ESCULTORES: Claude Laparde (escultor da sacristia) (séc. 17-18); Manuel Vieira (1787). OURIVES: André Fernandes (1631). PEDREIRO: António Victorino de Freitas (1764). PINTORES: Vincenzo Baccarelli (séc. 18). INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 1.8 Construção 3/10 Data Séc. 16 / 17 / 18 / 19 Empresa / Construtora Observações Complementares Intervenção Realizada DGEMN: 1932 / 1937 - completa remodelação do Panteão real; 1944 - reparação das coberturas da igreja; 1945 - construção e assentamento da caixilharia dos claustros. Reparação dos telhados da igreja, picagem de paredes; 1951 - trabalhos diversos de pintura e construção civil (igreja). Construção e assentamento de um túmulo em mármore no Panteão Real; 1952 / 1953 - obras diversas no convento, adaptação da antiga sala do Capítulo a Panteão dos Patriarcas; 1954 / 1955 - Igreja: substituição de vidros, limpeza da clarabóia, reparação da instalação eléctrica. Obras diversas no Panteão Real; 1955 - reparação dos telhados da sacristia; 1956 / 1957 - trabalhos de reparação no órgão por João Sampaio e Filhos; 1957 - reparação das fachadas da igreja; restauro do órgão pelo francês Jean Guillou; 1959 - reparação eléctrica da igreja (instalação provisória); 1960 - reparações diversas na cerca do convento; 1961 - reparação da instalação eléctrica da igreja; 1962 - reparação geral dos telhados; 1963 / 1964 - obras gerais de conservação; 1965 / 1967 - obras diversas de conservação interior e exterior; obras de conservação do Panteão da Dinastia de Bragança; 1966 - reparação da instalação eléctrica da igreja; 1967 - reparação da fachada s. da igreja; 1970 / 1971 / 1972 / 1973 - obras diversas de conservação e restauro; 1973 / 1978 - trabalhos de conservação geral: Sala do Capítulo, fachada principal, caixilhos, gradeamentos, rebocos exteriores, cantarias dos terraços, canalizações, protecção do órgão, construção de cintas de travamento em betão armado, coberturas, clarabóias, limpeza de cantarias, substituição da cobertura da cúpula da igreja; 1982 - reparação do órgão, revisão de coberturas e impermeabilização de terraços; 1983 - consolidação da estruturas e reparação da instalação eléctrica, desobstrução do ramal de esgotos e reposição de pavimento de betão betuminoso; 1984 - restauro da abóbada da portaria e beneficiações diversas; 1985 - trabalhos estruturais no 2º piso, beneficiação da instalação eléctrica, beneficiação da rede de águas, esgotos, algerozes e escoamento de águas pluviais, recuperação do corredor e salas dos 3º e 4º pisos; 1985 - trabalhos estruturais no 2º piso, beneficiação da instalação eléctrica, recuperação da pintura do tecto da portaria, beneficiação da rede de águas, esgotos, algerozes e escoamento de águas pluviais, recuperação do corredor e salas dos 3º e 4º pisos; IJF: recuperação da pintura do tecto da portaria; DGEMN: 1986 - obras de consolidação da balaustrada e corochéus, recuperação azulejar, instalação eléctrica na capela da Mãe de Santo António e nas escadas dos Patriarcados, Portarias Nobres, Salas de Biblioteca e obras de recuperação; 1988 / 1989 - recuperação de interiores no 1º pavimento, obras de beneficiação nas salas do 2º, 3º e 4º pisos; 1991 - beneficiação dos terraços, do claustro e da instalação eléctrica, construção de escadas de ligação do 1º ao 2º piso; 1992 - recuperação de interiores e instalação eléctrica da igreja; 1992 / 1993 / 1994 - obras de restauro das antigas dependências conventuais; recuperação de arcazes e armários da sacristia, teia da portaria e portas diversas; limpeza e assentamento de azulejos; recuperação de telas pintadas a óleo no tecto e retábulo da sacristia e portaria; IPPAR: 1995 / 1997 - impermeabilização do terraço da igreja e outras beneficiações; DGEMN: 1995 - reparação da cobertura do claustro, reconstrução do pavimento da sacristia, ampliação da casa do guarda, construção dos jardins S. e da entrada nascente e obras de recuperação; 1997 - conclusão da construção dos jardins e da casa do guarda; obras de beneficiação nos pisos 2 e 3; reabilitação do último piso da ala E., onde funcionou um liceu; 1998 - beneficiação dos muros; plantações de árvores e arbustos; recuperação parcial dos pisos 2 e 3; 1998 / 1999 / 2000 - recuperação dos pisos 1 e 4, obras de beneficiação no piso 2 e instalação eléctrica na Sacristia; ecuperação do claustro; 1999 / 2000 - beneficiação das fachadas e do piso 3; 2000 - fornecimento de vitrines INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 para mostra do Espólio Arqueológico e Exposição " A Igreja Lisbonense e os Patriarcas "; 2001 / 2002 - remodelação das infraestruturas na ala E. do terceiro piso; melhoramento da acústica e iluminação do Salão Nobre; IPPAR: 2002 - conclusão da remodelação das áreas afectas ao Patriarcado de Lisboa, com trabalhos de construção civil e redes de infraestruturas na ala nascente do piso 3 e melhoramento da acústica e iluminação do Salão Nobre; DGEMN: 2003 - reforma da rede de drenagem das águas pluviais dos dois claustros; 2004 - Impermeabilização das caleiras dos claustros; 2005 - beneficiação das fachadas do mosteiro, com limpeza e consolidação dos elementos de cantaria e arranjo dos portões de ferro. 2. CRONOLOGIA HISTÓRICA ILUSTRADA 4/10 Exemplo: 1147 - fundação do convento de São Vicente por D. Afonso Henriques, que foi entregue aos cónegos regrantes de Santo Agostinho, instituição da Igreja de São Vicente-de-Fora como sede de paróquia, esta paróquia fora de muros como os Mártires ou SantaJusta, recebeu a designação "Fora" por não estar sob jurisdição do bispo de Lisboa (SILVA, 1943); 1425 - foi recebido pelo mosteiro a dádiva régia de 3 relicários de prata, uma noz moscada encastoada em prata, uma cruz de prata, jaspe, arqueta de prata, cristal, azeviche, rédeas de cavalo e outros bens; 1551 - segundo Cristóvão Rodrigues de Oliveira, a igreja paroquial está sediada no altar de São Julião da Igreja dos Cónegos Regranrtes, com um cura e quatro capelães, pagos pelo Mosteiro; na paróquia estão sediadas as confrarias do Santíssimo, Nossa Senhora da Enfermaria, São Sebastião, Santa Margarida e dos Fiéis de Deus, que rendem de esmolas 35 cruzados; 1552 - o convento contava 60 frades e 10 criados e dispunha de uma renda de 3000 cruzados; 1569 - D. Sebastião ordena a fundação da igreja de São Sebastião no sítio da Mouraria, como voto gratulatório por ter salvo Lisboa da peste que grassara nesse ano; mais tarde, escolhe-se o Terreiro do Paço para o efeito; 1571, março - lançamento da primeira pedra, não sendo concluída a construção do templo, que tinha a traça de Afonso Álvares; as pedras são aproveitadas na construção de São Vicente de Fora; 1582 - demolição do primitivo edifício e início da edificação da nova igreja, segundo projeto de Filippo Terzi, que contou com a colaboração de Herrera, foi Imagens do histórico INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 executado por Leonardo Torriano, Baltazar Alvares, Pedro Nunes Tinoco e João Nunes Tinoco; séc. 17 - trabalha na obra como arquiteto Francisco da Silva; 1608-1612 - obras de feitura do retábulo do coro e dos confessionários, conforme projeto do arquiteto Teodósio de Frias, que acompanhou as obras; 1624 - é nomeado arquiteto das obras do Mosteiro Diogo Pais, com o ordenado de 20$000; Pedro Nunes Tinoco substitui Baltazar Álvares como mestre principal; 1629, 28 agosto - celebrada na igreja a primeira missa; 1631 - feitura de um cofre-eucarístico pelo ourives André Fernandes; 1641, 08 fevereiro - nomeação de mestre do Mosteiro João Nunes Tinoco, em substituição de Pedro Nunes Tinoco, tendo sido reconduzido em 1650; 1690, 23 junho - é nomeado mestre das obras do Mosteiro Luís Nunes Tinoco; 1710 - pintura mural do tecto da portaria pelo italiano Vincenzo Baccarelli; 1716 - concluída a sacristia; 1720 - João Frederico Ludovice é nomeado mestre-de-obras do Mosteiro, por D. João V; 1755, 01 novembro - o terramoto causou vários danos, designadamente a destruição do zimbório; 1759, 06 agosto - nas Memórias Paroquiais, assinadas por Francisco José de Matos, é referido que a igreja tem o altar-mor, quatro capelas no cruzeiro, dedicadas a São Teotónio, Nossa Senhora da Conceição (Evangelho) e Santo António e Santo Agostinho (Epístola); na nave, as capelas de Santa Úrsula, Santa Catarina, São Tiago e Santa Bárbara, a do Santíssimo, onde está a imagem de Nossa Senhora das Necessidades, surgindo, no lado da Epístola, as de São Miguel, São José, Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora da Pureza e Senhor Jesus; tem três irmandades, a do Santíssimo, com quatro capelães que recebem 45$000, a das Almas com 2 capelães, tendo 45$000 cada um, e a de Nossa Senhora das Necessidades, muito pobre; o pároco é o prior do Mosteiro, com 200$000 de renda; tem três capelães beneficiados, cada um com 40$000; o padroeiro do Mosteiro é o rei; INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 1764, 09 julho - o prior do Mosteiro pede ao mestre pedreiro António Victorino de Freitas que remova o entulho que ficara da obra do muro da clausura, que confina com a Travessa da Verónica; 20 julho - Mateus Vicente de Oliveira verifica se o muro ficou bem construído, conforme ordem do Senado, por se encontrar a cair para a Travessa; 1773 - 1792 - a Patriarcal é instalada em São Vicente de Fora devido às obras na Sé, onde se manteve 20 anos; os religiosos foram então para Mafra; séc. 18, final - execução do presépio por Joaquim José de Barros *2; 1787, cerca - feitura da escultura de São Sebastião para o baldaquino, por Manuel Vieira (SALDANHA, 2012, p. 29); 1796 - restauro das pinturas do tecto da portaria por Manuel da Costa; 1834 - na sequência da expulsão das ordens religiosas, a zona conventual é transformada em paço episcopal; séc. 19 - instalação do Panteão da Casa de Bragança no antigo refeitório dos monges, por ordem de D. Fernando de Saxe-Coburgo; obras de restauro por José Maria Nepomuceno; 1895 - obras de restauro (reconstrução do zimbório); 1903, 27 fevereiro - são transferidos para o edifício do Seminário Pequeno bancadas e quadros provenientes do Mosteiro de Santa Clara de Santarém (v. IPA. 00003392); séc. 20, década de 40 - o Liceu Gil Vicente ocupou parte das antigas dependências conventuais; 1952 - adaptação da antiga sala do Capítulo a Panteão dos Patriarcas 1995 - projecto de arquitectura paisagista do pátio de entrada (das Laranjeiras) e posterior execução; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1999, 26 março - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; 2009, 24 agosto - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção. Observações Complementares 3. SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA 5/x 3.1 Implantação INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 Situação Atual Figura x: Vista Aérea, 1996 Fonte: SIPA Implantação Original Figura x:Planta de Implantação Fonte: SIPA 4. CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS 6/x 4.1 Partido/Composição INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 4.1.1 Volumetria IGREJA: Planta longitudinal composta em cruz latina, de nave única com 6 capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito e capela-mor com retrocoro. Volumetria escalonada com coberturas em terraço acima das quais se eleva o volume da cúpula com cobertura piramidal. O alçado principal da igreja integralmente de cantaria, de um só corpo ladeado por 2 torres de secção quadrada encimadas por cúpula e lanternim, organiza-se em 2 níveis. No 1º rasgam-se 3 vãos em arco de volta inteira, de acesso à galilé, gradeados, separados por pilastras e encimados por 3 nichos com estátuas (da esquerda para a direita: São Vicente, Santo Agostinho e São Sebastião), os laterais coroados por frontão triangular e o central por frontão curvo. No nível superior abrem-se 3 janelões rectangulares sobrepujados de frontão curvo (os laterais) e triangular (o central). Acima da cornija eleva-se uma platibanda de balaústres e plintos com pináculos piramidais. As torres, de 3 níveis e delimitadas lateralmente por dupla pilastra, ostentam no 1º um nicho com estátua (na da esquerda Santo António, na da direita São Domingos), encimado por frontão curvo; no nível imediato, nicho com estátua (na da esquerda São Bruno, na da direita São Norberto), dotado de frontão triangular; no 3º nível abrem-se as ventanas sineirasem arco de volta perfeita.A nave e a capela-mor são cobertas por abóbadas de berço com marcação de caixotões, enquanto que sobre o cruzeiro se eleva uma cúpula. Três degraus e uma balaustrada de mármore operam a transição entre a nave e o transepto. O altar-mor, de dupla face, é coberto por um baldaquino assente em 4 colunas rematadas por dossel. O envolvimento das bases das colunas é feito por 8 estátuas de madeira de grandes dimensões, do lado do Evangelho: São José, Santo Agostinho, Santa Mónica e São Vicente; do lado da Epístola a Virgem, São Teotónio, São Frutuoso e São Sebastião. No coro dos cónegos destaca-se o órgão revestido a talha dourada da 1ª metade de setecentos e o cadeiral, de pau-santo, de 3 faces em 2 ordens. MOSTEIRO: Planta composta de volumes articulados e coberturas a 4 águas. No alçado principal O., de corpo único e um só andar, destaca-se o portal em arco de volta inteira, de feição seiscentista, ladeado por 2 pares de pilastras caneladas, que se terminam em acrotérios e assim se articulam com uma janela de sacada coroada por uma pedra de armas do reino. Outras 4 janelas, idênticas, sucedem-se para a direita do portal. À esquerda um nicho com a imagem de pedra de Santo Onofre, medalhões e capitéis decorados com a emblemática de São Sebastião e de São Vicente. É a partir deste portal que se pode ter acesso aos claustros e dependências conventuais, podendo igualmente fazer-se através da igreja. Transposto o portal acede-se à Sala da Portaria, compartimento quadrangular com tecto pintado, onde se pode ver a representação do Triunfo da Igreja contra os Manicheus, tendo como figura central Santo Agostinho, datada de 1710, altos silhares de azulejos joaninos figurando cenas históricas e relacionadas com a fundação e a construção do mosteiro e ainda a teia de embrechados polícromos com balaustrada torneada em pau santo. A partir da Portaria tem-se acesso à galeria de um dos 2 claustros (ambos de planta quadrada), os quais ocupam uma vasta área rectangular. Neles destacam-se os silhares de azulejos recortados que revestem os muros num conjunto de 81 painéis, datáveis da 1ª metade do séc. 18 e de temática variada: passos das fábulas de La Fontaine, paisagens campestres e marítimas, cenas galantes e pastoris. A Sacristia, situada entre os 2 claustros, sendo a acesso ao seu interior feito através de um portal e moldura por pilastras e frontão, apresentando as armas reais, é um compartimento rectangular, com revestimento de mármores polícromos de forte impacto decorativo e tecto ostentando uma composição pictórica de autor desconhecido. Outras dependências conventuais, com acesso a partir dos claustros, apresentam silhares de azulejos azuis e brancos do período joanino, sendo de realçar a composição dos alizares das escadarias que levam à torre e aos antigos Paços episcopais, bem como um painel de azulejos representando um cortejo episcopal, nos terraços do patamar dos claustros. D. Fernando de Saxe-Coburgo mandou instalar no antigo refeitório dos monges o Panteão da Casa de Bragança para onde foram transferidos os túmulos que se encontravam junto da capela-mor. 4.1.2 Fachada Principal A imponente fachada pintada de branco divide-se no sentido horizontal em três partes. O edifício ergue-se diante um largo espaçoso e desafogado, o Largo de São Vicente, contém uma ampla escadaria bem lançada, mas simples. O adro vê nascer o primeiro entablamento, assentando a sua arquitrave, friso e cornija sobre os capitéis de dez altas colunas de ordem dórica. Nos três intercolúnios centrais abrem-se os três portões, simples, de volta inteira, sobrepujados de três nichos coroados de áticas. Nos três nichos estão Santo Agostinho, ao centro, São Sebastião à direita e São Vicente à esquerda. Nos intercolúnios laterais, em linha aos outros, há dois nichos onde estão São Domingos de Gusmão à direita e Santo António à esquerda. O segundo entablamento da fachada apresenta nas prumadas dois nichos, na direita vê-se São Norberto e São Bruno na esquerda. Ao centro três elevadas janelas majestosas e harmónicas no conjunto. Na terceira parte da fachada é constituída por dois torreões que se erguem em colunas vistosas, abertos de ventanas, ornados de platibanda. Do meio deles emergem duas cúpulas. Uma platibanda de trinta e três metros, adornada de enfeites, une os dois torreões sobre o corpo central. Em 1755, desmoronou-se o seu grande zimbório, peça que aumentaria a beleza simétrica da composição. (ARAÚJO) INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 4.2 Tema/Usos/Apropriação 4.2.1 Setorização 4.2.2 Acessos/Circulação 4.2.3 Análise do “programa” 4.3 Sistemas Construtivos/Estrutura/Materiais de Construção Estrutura mista (igreja); Paredes autoportantes (Mosteiro). Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, azulejos, ferro forjado, madeira, estuque pintado. 7/x INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 4.4 Interior (revestimentos, bens integrados...) A igreja e o mosteiro contam com um notável recheio artístico do século XVII, época de D. Pedro II e de D. João V, reconhecido por um período que foi rico para as artes. Contém peças de azulejaria barroca com mais de 100 mil azulejos do período barroco, fábulas de La Fontaine e algumas pinturas de renome desde Século XVII até finais do século XVIII. (SILVA) No interior, destacam-se: - um baldaquino em estilo barroco de autoria de Machado de Castro, por cima do altar, flanqueado por estátuas de madeira em tamanho natural. - um órgão ibérico construído em 1765 pelo organeiro João Fontanes de Maqueixa e restaurado em 1994 pelos franceses Claude e Christine Rainolter. Trata-se de um dos melhores e maiores exemplares da organaria portuguesa do século XVIII. - um transepto, largo e de admirável sentido arquitetónico, ainda que um pouco frio de linhas, é limitado em volta por uma ordem de seis pilastras, idênticas às da nave. Sobre ele assentava o grande zimbório, que ruiu no terramoto de 1755. Hoje em dia, uma clarabóia em rotunda, de madeira, rasgada por oito janelas retangulares, disfarça de certo modo essa ausência. (ARAÚJO) O antigo mosteiro agostiniano adjacente, com acesso pela nave, conserva a sua cisterna do século XVI e vestígios do antigo claustro. Destaca-se ainda pelos seus paineis de azulejos do século XVIII: à entrada, junto ao primeiro claustro, estão representadas cenas do ataques de D. Afonso Henriques a Lisboa e Santarém da autoria de Manuel dos Santos. Em volta dos claustros, painéis de azulejos com cenas rurais, rodeados por desenhos florais e querubins, ilustram as fábulas de La Fontaine. Nas dependências da Igreja estão localizado o Panteão Real dos Braganças e o Panteão dos Patriarcas de Lisboa. Observações 5. “REFERÊNCIA PROJETUAL” Figura x: Fachada Igreja de Gesù Fonte: Google 8/x INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 Certamente o maneirismo italiano, que tem como exemplo a Igreja de Gesù (1568) com sua fachada em pedra, frontões, nichos e planta em cruz latina, é uma das possíveis referências projetuais no momento da construção da Igreja de São Vicente de Fora. 6. EXEMPLO/COMPARAÇÃO Figura x: Fachada Mosteiro de São Bento Fonte: www.mosteirodesaobentorio.org.br No Brasil, encontramos reflexos deste tipo arquitetônico (maneirismo), como por exemplo no edifício do Mosteiro de São Bento (1590). Neste caso notamos certa semelhança projetual da fachada com duas tores, frontão, arcos, e os nichos dando lugar a janelas e aberturas.7. GLOSSÁRIO 9/x INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DAS IMAGENS Referência: 10/x INVENTÁRIO AB1 _ CLAUDIA NÓBREGA _ 2018.2 Site: Patrimônio Cultural / Direção-Geral do Patrimônio Cultural / República Portuguesa; Endereço: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classif icado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71213/ Site: SIPA - Sistema de Informação para o Patrimônio Arquitectónico; Endereço: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6529 Silva, Jorge Henreique Pais da (1996). Estudos sobre o Maneirismo. Lisboa: Editorial Estampa, pp. 245 Araújo, N. d. (1940). Pequena Monografia de São Vicente. Lisboa: Edição do Grupo dos Amigos de Lisboa, pp. 29-63 Figura 01 – Wikipedia, endereço: https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_S%C3%A3o_Vicente_de_Fora Figura 02 – Google Maps, endereço: https://www.google.com/maps/place/S%C3%A3o+Vicente+de+Fora,+Lisboa,+Portugal/@38.7153991,-9. 1265586,16.21z/data=!4m5!3m4!1s0xd19338a8df2be9b:0x500ebbde49043d0!8m2!3d38.7157858!4d-9. 1248628
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