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Instituto Federal de Edu ação, Ciên ia e Te nologia do Ceará Departamento da Indústria Curso Eletroté ni a ELETROMAGNETISMO Área de Conhe imento: Pro essamento de Energia Prof.: CLAYTON RICARTE DA SILVA Fortaleza ©, Maio de 2018 CRÉDITOS Presidente Dilma Vana Rousse� Ministro da Edu ação Aloizio Mer adante Oliva Se retaria de Edu ação Pro�ssional e Te nológi a Mar o Antonio de Oliveira Reitor do IFCE Cláudio Ri ardo Gomes de Lima Pró-Reitor de Extensão Gilmar Lopes Ribeiro Pró-Reitor de Ensino Gilmar Lopes Ribeiro Pró-Reitor de Administração Gilmar Lopes Ribeiro Coordenador Geral Jose Wally Mendonça Menezes Elaboração do onteúdo Clayton Ri arte da Silva ii O QUE É O PRONATEC? Criado no dia 26 de Outubro de 2011 om a sanção da Lei n o 12.513/2011 pela Presidenta Dilma Rousse�, o Programa Na ional de A esso ao Ensino Té ni o e Emprego (Pronate ) tem omo objetivo prin ipal expandir, interiorizar e demo ratizar a oferta de ursos de Edu ação Pro�ssional e Te nológi a (EPT) para a população brasileira. Para tanto, prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistên ia té ni a e �nan eira que juntos ofere erão oito milhões de vagas a brasileiros de diferentes per�s nos próximos quatro anos. Os destaques do Pronate são: • Criação da Bolsa-Formação; • Criação do FIES Té ni o; • Consolidação da Rede e-Te Brasil; • Fomento às redes estaduais de EPT por intermédio do Brasil Pro�ssionalizado; • Expansão da Rede Federal de Edu ação Pro�ssional Te nológi a (EPT). A prin ipal novidade do Pronate é a riação da Bolsa-Formação, que permitirá a oferta de vagas em ursos té ni os e de Formação Ini ial e Continuada (FIC), também onhe idos omo ursos de quali� ação. Ofere idos gratuitamente a trabalhadores, estudantes e pessoas em vulnerabilidade so ial, esses ursos presen iais serão realizados pela Rede Federal de Edu ação Pro�ssional, Cientí� a e Te nológi a, por es olas estaduais de EPT e por unidades de serviços na ionais de aprendizagem omo o SENAC e o SENAI. Objetivos • Expandir, interiorizar e demo ratizar a oferta de ursos de Edu ação Pro�ssional Té ni a de nível médio e de ursos e programas de formação ini ial e ontinuada de trabalhadores; • Fomentar e apoiar a expansão da rede físi a de atendimento da Edu ação Pro�ssional e Te nológi a; • Contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Médio Públi o, por meio da Edu ação Pro�ssional; • Ampliar as oportunidades edu a ionais dos trabalhadores por meio do in remento da formação pro�ssional. Ações iii iv • Ampliação de vagas e expansão da Rede Federal de Edu ação Pro�ssional e Te nológi a; • Fomento à ampliação de vagas e à expansão das redes estaduais de Edu ação Pro�ssional; • In entivo à ampliação de vagas e à expansão da rede físi a de atendimento dos Serviços Na ionais de Aprendizagem; • Oferta de Bolsa-Formação, nas modalidades: • Bolsa-Formação Estudante; • Bolsa-Formação Trabalhador. • Atendimento a bene� iários do Seguro-Desemprego; SUMÁRIO Capítulo 1� Magnetismo 1 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.2.1 Pólos Magnéti os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2.2 Atração e Repulsão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2.3 Inseparabilidade dos Pólos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2.4 Campo Magnéti o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2.5 Magnetismo Terrestre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.2.6 Álgebra Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.6.1 De�nição de Vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.6.2 Produto Es alar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.6.3 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Capítulo 2� Eletromagnetismo 16 2.1 Força Magnéti a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.2 Força em Condutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.3 Gerador Elementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.4 Motor CC Elementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.4.1 Balanço de Potên ia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.4.2 Análise de Regime Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.5 Efeito Hall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.6 Campo Magnéti o Criado por Corrente Elétri a . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 v SUMÁRIO vi 2.6.1 Força Eletromagnéti a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.6.2 Lei de Biot-Savart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.6.3 Lei de Ampère . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.6.4 Exemplos de Cál ulo de Campos Magnéti os . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.6.4.1 Campo Magnéti o em um Condutor Retilineo In�nito . . . . . 32 2.6.4.2 Campo Magnéti o no Interior de um Condutor . . . . . . . . . 33 2.6.4.3 Campo Magnéti o em Condutor Finito . . . . . . . . . . . . . . 33 2.6.4.4 Campo Magnéti o no Interior de uma Bobina Cilíndri a (Sole- nóide) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.6.4.5 Campo Magnéti o numa Espira Cir ular . . . . . . . . . . . . . 37 2.6.4.6 Campo Magnéti o de uma Bobina em Nú leo Toroidal . . . . . 37 2.6.4.7 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.7 Apli ação em Instrumentos de Medidas e Motores . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 2.7.1 Galvan�metro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 2.7.2 Motor série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Capítulo 3� Fluxo Magnéti o e Indutân ia 44 3.1 Fluxo Magnéti o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 3.1.1 Trabalho ao Deslo ar o Condutor om Corrente em um Campo Magnéti o 46 3.1.2 Fluxo Magnéti o Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 3.2 Indutân ia e Indutân ia Mútua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.2.1 Indutân ia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.2.2 Indutân ia Mútua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 3.2.3 Coe� iente de A oplamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 3.2.4 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 3.3 Propriedades Magnéti as dos Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.3.1 Imantação ou Magnétização da Substân ia . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.3.2 Intensidade de um Campo Magnéti o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 SUMÁRIO vii 3.3.3 Permeabilidade Magnéti a da Substân ia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 3.3.4 Materiais Magneti amente Duros e Suaves . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 3.3.5 Perdas no Ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 3.3.5.1 Perdas por Histerese (PH) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 3.3.5.2 Perdas por Correntes Parasistas ou de Fou ault (pF ) . . . . . . 65 3.4 Cir uitos Magnéti os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 3.4.1 Problema Direto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 3.4.2 ProblemaRe ípro o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 3.4.3 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Capítulo 4� Indução Eletromagnéti a 79 4.1 Lei da Indução Eletromagnéti a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 4.1.1 Lei da Indução Eletromagnéti a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 4.1.2 Lei de Lenz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 4.2 F.E.M. de Autoindução e de Mútua Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 4.2.1 F.E.M. de Autoindução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 4.2.2 F.E.M. de Indução Mútua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.2.3 Prin ípio de Fun ionamento de um Transformador . . . . . . . . . . . . . 84 CAPÍTULO 1 MAGNETISMO 1.1 INTRODUÇ�O O eletromagnetismo é a parte da Físi a que estuda as inter-relações entre eletri idade e magnetismo, baseando-se em três prin ípios fundamentais: 1. Condutores per orridos por orrente elétri a riam em seu entorno ampos magnéti os; 2. Condutores elétri os per orridos por orrente elétri a podem � ar submetidos à ação de forças magnéti as; 3. A variação de �uxo magnéti o através de um i uito elétri o pode induzir uma tensão elétri a e provo ar a ir ulação de orrente nesse ir uito. A maior parte do avanço te nológi o disponível no mundo atual está em grande parte rela ionado e ali erçado no eletromagnetismo. Por exemplo, as máquinas elétri as rotativas omo motores e geradores de energia elétri a, máquinas estáti as omo os transformadores de tensão que a ionam desde os pequenos aparelhos eletrodomésti os até as grandes indústrias tem seu prin ípio de fun ionamento baseados nos fen�menos eletromagnéti os. No urso de eletrodinâm ia, estudam-se as argas elétri as em movimento ordenado ou orrente elétri a e os efeitos produzidos por ela em aparelhos uja função prin ipal é produzir aque imento, ou seja, transfomar energia elétri a em térmi a. Esses aparelhos fazem parte do grupo dos resistivos omo fusíveis, aque edores, huveiros, resistores e lâmpadas in andes ente. O estudo do eletromagnetismo, que se veri� a ser bem abrangente, possibilita entender o fun ionamento de motores elétri os ( uja função prin ipal é transformar energia elétri a em 1 MAGNETISMO 2 me âni a - grupo dos motores elétri os), geradores de energia elétri a ( uja função prin ipal é transformar energia me âni a em elétri a - grupo das fontes de energia elétri a), transformador de tensão ( uja a função é adequar o nível de tensão à demanda do onsumidor), galvan�me- tro, mi rofone dinâmi o, artão magnéti o, �tas magnéti as de áudio e vídeo, a eleradores de partí ulas (destinados ao bombardeamento de nú leos at�mi os, que provo am o surgimento de novas parti ulas que ajudam a desvendar os mistérios da estrutura da matéria), os aparelhos de diagnósti o de imagen da medi ina moderna, omo a ressonân ia magnéti a nu lear (grupo de omuni ação e informação) e imãs. 1.2 MAGNETISMO O óxido de ferro (Fe3O4), hamado de magnetite, é um material que existe na natureza e possui a propriedade de atrair outros orpos. Esses materiais são também hamados de imãs naturais. A mesma propriedade pode ser adquirida de modo notável, pelo tratamento espe ial do ferro, aço, obalto e em pequena proporção pelo níquel, romo, et em ligas metáli as espe iais. Esse tratamento espe ial é denominado pro esso de imantação e tranforma todos estes materiais em imãs ditos arti� iais. Esta propriedade parti ular e todas as outras derivadas onstituem o omplexo dos fen�menos eletromagnéti os. Assim, hamam-se imãs ou orpos magnéti os os materiais que possuem naturalmente ou podem adquirir propriedades magnéti as permanentes. Os imãs temporários, por exemplo, de ferro do e ou suave são aqueles que guardam o mag- netismo temporariamente até a abar a ação que o produz. Os de aço temperado onstitem ótimos imãs permanentes (materiais duros), espe ialemte se o aço está em liga om determi- nados elementos, omo tungstênio, romo, níquel, et . O ferro e essas ligas são hamados pelo nome genéri o de materiais ferromagnéti os. MAGNETISMO 3 1.2.1 Pólos Magnéti os Na Fig. 1.1(a), é mostrado um imã de formato espe ial, losango omprido, om um ponto de suspensão no entro de gravidade, apto a torná-lo livre de assumir qualquer posição no espaço; esse imã espe ial é onhe ido pelo nome de agulha magnéti a. O fato desse imã orientar- se aproximadamente na direção norte-sul geográ� a do lugar levou os hineses à invenção da bússola - ver Fig. 1.1(b). Conven ionou-se, então, que a região do imã voltada para o norte geográ� o é o pólo norte (N), e a outra o pólo sul (S). Os pólos magnéti os são, na realidade, as duas regiões ou zonas do imã onde se observa uma ação magnéti a mais intensa. Essa propriedade pode ser veri� ada fa ilmente através do seguinte experimento: dispondo-se um imã em forma de barra prismáti a sob uma folha de papel e dispersando sobre o papel limalhas de ferro, pode-se observar fa ilmente que nas extremidades � a ligada uma notável quantidade de limalha, a qual vai diminuindo nas zonas entrais do imã, até deixar a zona ompletamente livre, que é hamada de zona neutra - Ver Fig. 1.1( ). aaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaa Figura 1.1. (a) Agulha magnéti a suspensa por �o, (b) bússola e ( ) padrão de distribuição das limalhas de ferro em torno de um imã. MAGNETISMO 4 1.2.2 Atração e Repulsão Manuseando dois imãs de pólos magnéti os onhe idos - ver Fig. 1.2(a), fa ilmente se des obrirá que: Pólos magnéti os de mesmo nome se repelem e pólos magnéti os de nomes diferentes se atraem A força de atração ou repulsão entre as fa es de dois pólos depende da razão inversa da distân ia entre os pólos. Por outro lado, através de uma agulha magnéti a de pólos onhe idos, pode-se determinar os pólos de um imã des onhe ido. Se se aproxima o pólo des onhe ido do pólo norte da agulha magnéti a e esse é repelido indi a que se aproximou um pólo de mesmo nome. Esses fatos leva-nos a on luir que, se o pólo norte magnéti o da agulha da bússola aponta para o pólo norte geográ� o, é porque no pólo norte geográ� o existe um pólo sul magnéti o. Da mesma forma, no pólo sul geográ� o existe um pólo norte magnéti o. A distan ia em graus entre os pólos geográ� os e magnéti os é em torno de 11 o , daí o motivo do termo aproximadamente no parágrafo anterior. Figura 1.2. Em (a) e (b) os imãs se repelem, pois os pólos de mesmo nome estão próximos: N −N e S − S respe tivamente. Em ( ) os im ãs se atraem, já que pólos diferentes estão próximos. 1.2.3 Inseparabilidade dos Pólos A experiên ia demonstra que é impossível separar os pólos de um imã e que as ações mag- néti as são exer idas entre as extremidades magnéti as Norte e Sul, as quais são separadas MAGNETISMO 5 por uma zona neutra. Isso signi� a que é impossível onseguir um pedaço de imã que tenha só o pólo norte ou só o pólo sul magnéti o. De fato, quando se divide um imã ou orpo magne- tizado ao meio, obtem-se dois novos imãs, ada um om seus próprios pólos norte e sul - ver Fig. 1.2(b). Se se subdivide novamente o orpo magnetizado, obtem-se sempre elementos que apresentam as propriedades de um imã ompleto. Partindo a barra ou orpo magnetizado em pedaços in�nitamente pequenos, per ebe-se que ada um desses pequenos pedaços possui as ara terísti as de um imã ompleto. Deve-se, portanto, pensar que todas as in�nitas partes que a materia se ompõe, em qualquerorpo magnetizado, sejam tantos imãs ompletos, os quais são hamdos de imãs elementares. Isto leva a representar a onstituição de um orpo magnetizado omo um onjunto de imãs elementares, in�nitamente pequenos, semelhantes, por exemplo aos átomos ou molé ulas da matéria, todos orientados da mesma maneira onforme ilustrado na Fig. 1.3(a). Desenvolvendo este on eito, hegou-se a pensar que os imãs elementares existem em todos os orpos que podem ser magnetizados, omo uma propriedade onexa à estrutura mole ular e at�mi a da matéria que os onstitui. Assim, o fen�meno da magnetização teria de ser interpretado omo uma simples orientação destes imãs elementares dispostos sem nenhuma ordem - ver Fig. 1.3(b). Mais adiante será dado um tratamento mais elaborado para o imã elementar. Figura 1.3. (a) Barra de ferro magnetizada ou imantada e (b) orpo não magnetizado. MAGNETISMO 6 1.2.4 Campo Magnéti o A teoria vista nos parágrafos anteriores expli a muitos dos fen�menos magnéti os mas tam- bém possibilita in orrer em alguns erros omo foi a riação do on eito ou hipótese de massa magnéti a. Este on eito foi riado para quanti� ar as forças de interação entre os pólos mag- néti os. O on eito de ampo magnéti o expli a tudo que foi visto anteriormente e permite ainda quanti� ar e quali� ar melhor as forças magnéti as, eviden iando suas apli ações na te nologia. O ampo magnéti o, de�nido mais adiante, tem símbolo ~B e também é hamado de vetor indução magnéti a ou simplesmente indução magnéti a. Esse ampo possui uma analogia om os ampos gravita ional (~g) e elétri o ou eletrostáti o ( ~E). Para onstatar a existên ia do ampo da gravidade ~g basta pegar um objeto de massa m e deixar air, atraído para a Terra pela força ~F ~F = m~g (1.1) Para onstatar a existên ia de um ampo elétri o ~E basta olo ar uma arga de prova q, na região de in�uên ia desse ampo, e nela atuará uma força dada por ~F = q ~E Nos dois exemplos há sempre um agente que ria a região de in�uên ia. No ampo gravita- ional é a Terra e no ampo elétri o é uma outra arga elétri a Q. Um imã, por sua vez, também ria uma zona de in�uên ia no espaço que são signi� ativas tanto em outros imãs ou em quaisquer outras substân ias ferromagnéti as e prin ipalmente em argas elétri as em movimento (essa última a�rmação será melhor detalhada mais adiante). Essa zona de in�uên ia é denominada ampo magnéti o e pode também ser des rita por um vetor ( ~B). Observa-se na Fig. 1.4(a), a ilustração de alguns orpos submetidos ao ampo magnéti o do imã e as forças de atração resultantes. Nota-se ainda que, o sentido do vetor indução magnéti a MAGNETISMO 7 ( ~B) é onven ionado saindo do pólo norte e de maneira diferente apontando para o pólo sul. Já na Fig. 1.4(b), oberva-se que a disposição de várias bússolas em torno do imã permite represen- tar, geralmente om muita aproximação, a disposição da linha de força ou de indução existente num ponto qualquer do ampo magnéti o. O eixo magnéti o da agulha, representado pela reta que une as duas pontas extremas, orienta-se na direção da tangente à linha de força que passa pelo ponto de suspensão e � a então onhe ida a direção de intensidade de ampo neste ponto. Desse modo, o ampo magnéti o pode ser representado por linhas de força que por onvenção saem divergentes das extremidades norte e vão onvergir nas extremidades sul, tornando-se parti ularmente adensadas onde o aminho por elas per orrido é de menor omprimento, por- que nessas zonas o ampo magnéti o adquire sua maior intensidade - ver Fig. 1.5(a). Na Fig. 1.5(b), é representado um imã em forma de ferradura onde se onsidera o ampo magnéti o no seu interior uniforme, ou seja, as linhas de força estão igualmente espaçadas. Este tipo de imã é bastante utilizado em pequenos motores de orrente ontínua e instrumentos de medidas. Figura 1.4. (a) Ação de um imã sobre diversos orpos e (b) as bússolas indi am o omportamento do ampo magnéti o em torno de um imã. Figura 1.5. (a) Linhas de força ou indução entorno de um imã em forma de barra e (b) ampo magnéti o uniforme de um imã em forma de ferradura. MAGNETISMO 8 1.2.5 Magnetismo Terrestre O fato de a bússola tentar se alinhar paralelamente revela que existe um ampo magnéti o produzido pela Terra: é o hamado ampo magnéti o terrestre. A ada ponto do ampo magnéti o terrestre asso ia-se um vetor indução magnéti a ~BT . A bússola se orienta na direção do ampo magnéti o terrestre ~BT do lugar. O norte magnéti o da bússola indi a o pólo geográ� o, então nesse pólo as linhas de força estão entrando e a Terra pode ser imaginada omo um grande imã ilíndri o, ujo o eixo fosse quase oin idente om o eixo N-S geográ� o om as linhas de força saindo do sul geográ� o. Além disso, a linha neutra estaria quase paralela ao equador - ver Fig. 1.6(a). A intensidade do ampo magnéti o terrestre varia de ponto para ponto na superfí ie da Terra entre 0,1 a 0,01 Gauss. E para ada ~BT , o vetor de indução magnéti a terrestre, num ponto da superfí ie terrestre haverá uma omponente BH horizontal. Para uma bússola de eixo horizontal, isto é, a agulha pode girar livremente num plano verti al, o ângulo θ entre BH e ~BT representa a in linação magnéti a do lugar - ver Fig. 1.6(b). Ao longo de um meridiano a in linação magnéti a varia desde o pólo sul magnéti o de 90oN a 90oS no pólo norte magnéti o. Os pontos da superfí ie terrestre que possuem in linação magnéti a nula perten em a uma lina hamada de equador magnéti o. Considerando, agora uma bússola de eixo verti al, isto é, a agulha pode se mover livremente num plano horizontal. Num dado lo al a agulha se orienta na direção da omponente horizontal BH do ampo magnéti o terrestre. O ângulo δ da agulha om a direção N-S geográ� a é a hamada de linação magnéti a do lugar - ver Fig. 1.7(a). Conforme o lo al, a de linação pode ser leste ( oE), oeste (oW ) ou nula - ver Fig. 1.7(b)-( ). Em 1820, o físi o dinamarquês Hans Christian Oersted observou que uma agulha magnéti a modi� ava sua orientação quando próxima de uma orrente elétri a. Portanto, se a orrente elétri a é apaz de desviar uma agulha magnéti a, signi� a que ela origina no espaço que a envolve um ampo magnéti o. Então espe ulou-se que o ampo magnéti o terrestre pudesse MAGNETISMO 9 Figura 1.6. (a) O sul magnéti o (S −m) está próximo do norte geogr á� o (N − g) e vi e-versa e (b) in linação magnéti a do lugar. Figura 1.7. (a) De linção magnéti a do lugar, (b), ( ) e (d) de lina ção leste, oeste e nula respe tiva- mente. MAGNETISMO 10 ser originado por uma espira de orrente que deveria estar quase paralela ao equador. A origem desse ampo ainda não está bem estabele ida, mas é mais provável que esteja rela ionada prin ipalmente om o movimento de materia do magma terrestre. Atualmente, a direção N-S magnéti a não oin ide om a N-S geográ� a e a posição dos pólos magnéti os está se deslo ando em torno dos pólos geográ� os, num movimento muito lento, da ordem de 2000 anos para dar uma volta ompleta. Estudos sobre o magnetismo de ro has indi am que a intensidade do ampo magnéti o terrestre vem diminuindo nos últimos 1200 anos e quando a intensidade hegar a um mínimo, pode o orrer a inversão de polaridade. 1.2.6 Álgebra Vetorial A lara ompreensão e interpretação dos fen�menos eletromagnéti os depende diretamente do sentimento que o aluno tenha onseguido adquirir sobre a operação entre vetores. Embora seja apresentado uma de�niçãomatemáti a mais pre isa de vetor e suas operações é dado preferên ia à interpretação físi a dos fen�menos. 1.2.6.1 De�nição de Vetor Vetor é uma grandeza que tem módulo ou valor absoluto, direção e sentido, tais omo deslo amento, velo idade, força e a eleração. Gra� amente, representa-se um vetor por uma seta OP (Fig. 1.8) de�nindo a direção e o sentido, sendo o módulo ou valor absoluto indi ado pelo seu omprimento. O ponto ini ial O da seta é hamado de origem do vetor e o terminal P , de extremidade. Ini ialmente, na Fig. 1.8(a), uma representação do vetor deslo amento no plano é apresen- tada. Um vetor para sua ompleta representação ne essita de módulo, direção e sentido seguido da unidade. Analiti amente, representa-se um vetor por uma letra om uma seta em ima, omo ~d (vetor MAGNETISMO 11 deslo amento) e de�nido a partir dos vetores unitários ~i e ~j asso iados às direções x e y do plano artesiano respe tivamente. Assim, tem-se ~d = dx~i+ dy~j onde dx e dy são as omponentes nos eixos x e y, respe tivamente, de ~d ujo o módulo é d = ∣∣∣~d∣∣∣ =√d2x + d2y e sua direção por θ = arctan( dy dx ) Os vetores ~i e ~j são ditos unitários porque ∣∣∣~i∣∣∣ = ∣∣∣~j∣∣∣ = 1 Figura 1.8. (a) Representação geométri a de um vetor e (b) da soma de dois vetores. Na Fig. 1.8(b), é mostrado geometri amente a interpretação da operação de soma entre dois vetores ~A (ou −→ OP ) e ~B (ou −→ OQ) no plano −→ OR = −→ OP + −→ OQ ou seja ~C = ~A+ ~B = (Ax~i+ Ay~j) + (Bx~i+ By~j) = (Ax +Bx)~i+ (Ay +By)~j = Cx~i+ Cy~j onde Cx = Ax +Bx e Cy = Ay +By. No espaço tridimensional é a res entado, ao ter eiro eixo z, o vetor de módulo unitário ~k. Além disso, os vetores ~i, ~j e ~k são ortogonais entre si e x, y e z são valores es alares. Na Fig. MAGNETISMO 12 1.9(a), é representado geometri amete o vetor ~r no espaço, uja forma analíti a é dada por ~r = x~i+ y~j + z~k onde o módulo é dado por r = |~r| = √ x2 + y2 + z2 Figura 1.9. (a) Representação geométri a de um vetor no espaço e (b) de�nição de trabaho de uma força. 1.2.6.2 Produto Es alar O produto es alar de dois vetores ~A e ~B, representado por ~A · ~B (Leia-se ~A es alar de ~B), é o produto dos módulos de ~A e ~B pelo osseno do (menor) ângulo α que eles formam. Em símbolos ~A · ~B = AB cosα, 0 ≤ α ≤ π Uma apli ação na físi a é, por exemplo, o ál ulo do trabalho de um vetor força ~F agindo om in linação α sobre uma partí ula de massa m, ao longo de seu deslo amento ~d (ver Fig. 1.9(b)). O produto se de�ne pela grandeza es alar no Sistema Interna ional (SI) por : τ = ~F · ~d = Fd cosα = (F. cosα)d joules ou [j] Outra apli ação a onte e no aso de aparar água de uma huva in linada om uma ba ia e determinar o volume de água re olhido. MAGNETISMO 13 O volume de água que � ou no re ipiente, por segundo, será obtido através do produto es alar do vetor velo idade, vezes o vetor superfí ie que re ebe a huva, já que a omponente útil é a omponente verti al. Na Fig. 1.10(a), observa-se que originalmente a superfí ie ou área é uma grandeza es alar (S), mas asso iando-se a ela, um vetor, de módulo unitário e normal à mesma, hega-se ao vetor superfí ie ( ~S) Figura 1.10. (a) Ba ia om superfí ie de aptação S e (b) vetor elemento de omprimento. ~S = S~i A velo idade da huva, pela orientação dada, é ~v = vx~i+ vy~j Por onseguinte ~v · ~S = (vx~i+ vy~j) · S~i = vx~iS~i+ vy~jS~i = vxS(~i ·~i) + vyS(~j ·~i) = vxS = (v cosα)S vxS = ∆x ∆t S = ∆(V OLUME) ∆t É laro que a aptação de água será máxima para α = 0o e nula para α = 90o. O produto es alar de um vetor por ele mesmo é um aso importante ~A · ~A = AA cosα = A2 MAGNETISMO 14 para os unitários dos eixos artesianos resulta: ~i ·~i = ~j ·~j = ~k · ~k = 1 ~i ·~j = ~j · ~k = ~k ·~i = 0 A expressão artesianda do produto es alar é agora fa ilmente obtida ~A · ~B = (Ax~i+ Ay~j + Az~k) · (Bx~i+By~j +Bz~k) = AxBx + AyBy + AzBz Exemplo: Cal ule o trabalho realizado pela força ~F =~i+ 2~j + 3~k [N ] ao longo do deslo a- mento ~d = 4~i+ 5~j + 6~k [m] Solução: basta fazer τ = ~F · ~d = 1× 4 + 2× 5 + 3× 6 = 32 joules Da mesma forma um elemento de omprimento ou longitudinal do ondutor ∆l (es alar) pode se transformar num elemento vetorial. Basta asso iar ao mesmo um vetor de módulo unitário ~u, tangente ao ponto médio do elemento (ver 1.10(b)). Isto é, ∆~l = ∆l × ~u 1.2.6.3 Produto Vetorial O produto vetorial de ~A e ~B é um vetor ~C = ~A× ~B (leia-se ~A vetorial de ~B). O módulo de ~A × ~B é o produto dos módulos de ~A e ~B pelo sino do ângulo α que eles formam. A direção do vetor ~C é perpendi ular ao plano formado por ~A e ~B e o sentido é tal que ~A, ~B e ~C formam um triedro positivo (ver Fig. 1.11(a) e (b)). O sentido pode ser determinado também pela regra da mão-direita, isto é, om a mão direita aberta, pondo os dedos na direção do primeiro vetor ( ~A), fe ha-se a mão no sentido do segundo vetor ( ~B sentido menor ângulo), então o polegar indi ará o sentido do vetor resultante. Em símbolos: ~A× ~B = (AB sinα)~u, 0 ≤ α ≤ π onde ~u é um vetor unitário indi ando a direção de ~A× ~B. Se ~A = ~B, ou se ~A é paralelo a ~B, então ~A× ~B = 0. MAGNETISMO 15 Figura 1.11. (a) Triedro om os vetores unitários e (b) regra da mão-direita para determinar a direção e o sentido do vetor resultante. São válidas as seguintes Leis: 1. ~A× ~B = − ~B × ~A 2. ~A× ( ~B + ~C) = ~A× ~B + ~A× ~C 3. ~i×~i = ~j ×~j = ~k × ~k = 0 4. ~i ·~j = ~k; ~j · ~k =~i e ~k ·~i = ~j 5. Se ~A = Ax~i+ Ay~j + Az~k e ~B = Bx~i+By~j +Bz~k, então ~A× ~B = ∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k Ax Ay Az Bx By Bz ∣∣∣∣∣∣ = (AyBz − AzBy)~i+ (BxAz − AxBz)~j + (AxBy −BxAy)~k 6. O módulo de ~A× ~B é igual a área do paralelograma ujos lados são ~A e ~B. Após esta breve revisão, iní ia-se a parte da eletri idade que estuda os fen�menos magnéti os o asionados pela orrente elétri a é o Eletromagnetismo. CAPÍTULO 2 ELETROMAGNETISMO Os fen�menos eletromagnéti os são derivados das mútuas relações entre ampos magnéti os e ampos elétri os sobrepostos na mesma zona do espaço e, em parti ular, entre ampos magné- ti os no espaço e orrentes elétri as que per orrem ondutores neles imersos. 2.1 FORÇA MAGNÉTICA A existên ia de um ampo magnéti o é veri� ada por uma arga em movimento. Diz-se que em um ponto (P ) do espaço existe um ampo magnéti o ~B se uma arga q om velo idade ~v re eber uma força dada pelo produto vetorial: ~F = q~v × ~B (2.1) Assim, uma arga parada junto a um imã não re ebe força. Também é nula a força se a arga for lançada paralelamente às linhas de ampo, já que aí será nulo o produto vetorial de ~v por ~B. Nas Figs. 2.1(a) e (b), veri� am-se duas situações onde a força magnéti a ou de Lorentz é diferente de zero. Em (a), a partí ula eletrizada q orta um ampo magnéti o uniforme ( ~B), representado pelas linhas de força da direita para a esquerda, formando o ângulo α entre eles. Obviamente, o módulo da força magnéti a é dado por F = qvB sinα (2.2) na direção perpendi ular ao plano formado pelos vetores ~v e ~B, e om sentido determinado pela regra da mão-direita. Com a mão direita aberta e os dedos apontando para o vetor ~v, fe ha-se 16 ELETROMAGNETISMO 17 a mão no sentido do vetor ~B (sentido do menor ângulo). Assim, o dedo polegar aponta para o sentido da força. Nessa situação a força magnéti a sai do plano do papel (e é representada pelo símbolo - ⊚), puxando a arga q (positiva: símbolo - ⊕) para fora da folha. Para uma arga q negativa (símbolo- ⊖), a força naturalmente apresenta um sentido ontrário à anterior. No apítulo 1, falou-se rapidamente sobre o ampo do imã em forma de ferradura onde as linhas de força são uniformemente espaçadas. Na verdade, o Campo magnéti o uniforme é aquele em que o vetor indução magnéti a ~B tem o mesmo módulo, a mesma direção e o sentido em todos os pontos Na maioria das apli ações, Fig. 2.1(b), a partí ula arregada ( arga q) é lançada ortogonal- mente ao ampo magnéti o uniforme ( ~B perpendi ular e entrando no plano do papel: símbolo - ⊗) de modo que a força seja máxima. Por exemplo, no ines ópio de um re eptor de te- levisão os elétrons são emitidos pelo atodo aque ido e são atraídos por forte ampo elétri o para a tela. Para atingir o ponto desejado há dois ampos magnéti os (bobinas de�etoras): um para a de�exão horizontal e outro para a de�exão verti al. O desvio dos elétrons é análogo ao movimento da arga positiva da Fig. 2.1(b). Figura 2.1. (a) Carga em movimento ortando um ampo magnéti o e (b) arga ortando ortogonal- mente o ampo magnéti o. O produto vetorial indi a uma força sempre perpendi ular à trajetória, isto é, uma força que não realiza trabalho, mantendo-se onstante a enegia inéti a e o módulo do vetor velo idade. Este vetor varia apenas em direção, já que a força e a a eleração são normais à trajetória. Da ELETROMAGNETISMO 18 expressão da a eleração entrípeta, é possível al ular o raio a trajetória (r) F = mac = m v2 r = qvB sin 90o r = mv qB (2.3) onde m é a massa da partí ula arregada. Se todas as grandezas do segundo membro da equação (2.3), são onstantes a partí ula arregada se move por uma ir unferên ia de raio r sobre um plano perpendi ular à direção das linhas de indução magnéti a. A velo idade angular é ω0 = v r = qB m (2.4) A unidade de medida do ampo ~B no Sistema Interna ional é o tesla. Um tesla (símbolo - T ) é a intensidade de um ampo magnéti o uniforme em que uma partí ula, hipoteti amente eletrizada om arga igual a 1C, movendo-se om a velo idade de 1m/s, perpendi ularmente ao ampo, submete-se a uma força magnéti a de 1N de intensidade. B = F |q| v =⇒ [B] = [1N ] [1C] · [1m/s] = [volts] · [segundo] [metro2] = [weber] [metro2] = tesla (T ) É também muito usado o weber/m2 (ou Wb/m2) onde o weber é a unidade de �uxo magnéti o e em projetos de máquinas elétri as, no sistema CGS, o gauss (G) onde 1G = 10−4T . Exemplo: Uma arga é lançada numa região onde há simultaneamente um ampo ~E e um ampo magnéti o ~B onforme a Fig. 2.2. Determinar a velo idade para que a arga não seja desviada. Solução: O sentido das forças são determinados pelo sentido dos ampos ( ~E e ~B), logo o fen�meno poderá ser des rito �si amente em termos da ação resultante de duas par elas: a força elétri a ( ~Fe = q ~E) e a magnéti a (~Fm = q~v × ~B). Estas par elas ompõem o que se denominou força de Lorentz ~F = q( ~E + ~v × ~B) (2.5) ELETROMAGNETISMO 19 e na situação espe i� ada devem ser opostas e se anular qvB = qE v = E B Figura 2.2. Exemplo sobre força de Lorentz. 2.2 FORÇA EM CONDUTORES A maioria das apli ações industriais, omo por exemplo em um motor elétri o, as argas estão em movimento ao longo de um �o ondutor. Daí então a ne essidade da expressão da força em função da orrente elétri a. Seja i a intensidade da orrente elétri a em um elemento longitudinal ∆l de �o e seja ∆q a arga livre que se movimenta num intervalo de tempo ∆t. A força elementar, onhe ida omo expressão de Lapla e, vale: ∆~F = ∆q(~v × ~B) = ∆q(∆ ~l ∆t × ~B) = i∆~l × ~B (2.6) A força em qualquer ondutor per orrido por orrente, ao longo de toda extensão de �o imersa em B, é obtida através da somatória das par elas de força (∆~F ) devido a ada tre ho do �o. No aso de �o reto, de omprimento l omo mostrado na Fig. 2.3(a), a somatória é fá il e a força resultante vale F = ∑ ∆F = ∑ (i∆~l × ~B) = ∑ (Bi∆l sin 90o) = Bi l∑ 0 ∆l = Bil ELETROMAGNETISMO 20 Essa é a força que movimenta um motor elétri o tal omo o de um ventilador ou liquidi�- ador. Figura 2.3. (a) Motor elementar e (b) regra de Fleming ou da mão-esquerda. Na Fig. 2.3(b), é mostrada a apli ação da regra de F leming ou da mão-esquerda na determinação do sentido da força: o indi ador e o dedo médio indi am respe tivamente o ampo magnéti o e a orrente (ou velo idade da arga); o polegar indi a o sentido da força sobre o ondutor. 2.3 GERADOR ELEMENTAR Desenvolve-se agora, o prin ípio de fun ionamento do gerador de tensão que é amplamente utilizado em todo mundo para transformar qualquer tipo de energia em energia elétri a. Trata- se de um �o ondutor que se move ortando ortogonalmente as linhas de um ampo magnéti o. A fonte primária de energia que mantem o ondutor em movimento pode ser o peso de uma massa em queda, ou uma represa de água, aldeira de vapor aque ido, um atavento, et . Na Fig. 2.4(a), é mostrado um �o ondutor onde as argas livres são onsideradas positivas, por simpli idade e por onsiderar o sentido onven ional da orrente. O movimento para a direita faz surgir sobre essas argas uma força magnéti a para ima. Haverá então uma separação de argas, positivas em ima e negativas embaixo. Este a úmulo de argas faz riar um ampo oulombiano ~E, ujo o somatório ao longo de um aminho qualquer será a diferença de poten ial entre os extremos da haste - vir Fig. 2.4(b). A força elétri a impede ELETROMAGNETISMO 21 Figura 2.4. (a) Gerador elementar, (b) surgimento do ampo elétri o e ( ) gerador om arga. que a diferença de poten ial resça inde�nidamente. A separação de argas se estabiliza quando a força elétri a repulsiva deste ampo se iguala a força magnéti a (F = qvB) riada pelo movimento. Assim, a tensão gerada (Ug) resultante do trabalho da força por unidade de arga é dada por Ug = U12 = τ q = 1∑ 2 qvB∆l q = 2∑ 1 qE∆l q = Blv (2.7) E ria-se, portanto, uma diferença de poten ial (U12 = U1−U2) nos extremos do �o do gerador tal omo existe em uma tomada de energia de uma residên ia. Agora, supondo ausên ia de atrito, fe ha-se a have do ir uito através da resistên ia de arga RL. Imediatamente o ampo oulombiano externo vai obrigar as argas livres do resistor a se movimentarem riando a orrente elétri a i = Blv RL (2.8) A velo idade das argas livres no �o (haste) do gerador tem agora duas omponentes: v do movimento da haste e v′ da orrente elétri a. Sobre estas argas atuam então duas forças, F que ria a orrente e F ′ que tenta frear o gerador. Para manter onstante a tensão gerada, pre isa-se ELETROMAGNETISMO 22 manter uniforme a velo idade do gerador, o que é feito apli ando à haste um in remento de força (P = (m+∆m)g), para a direita de valor igual a F ′ = Bil. A energia para manter esta força provém da fonte primária. O balanço de energia pode ser onferido lembrando que a potên ia me âni a (Pmec.) é o trabalho por unidade de tempo: Pmec. = F ′∆x ∆t = F ′v = (Bil)v = RLi 2 = Pele. (2.9) 2.4 MOTOR CC ELEMENTAR Viu-se que no gerador é ne essário a absorver potên ia me âni a, obrigado a se movimentar, para forne er potên ia elétri a (Pele.) riando uma tensão gerada. No motor, ao ontrário, re ebe energia elétri a que o obrigará a se movimentar gerando força motriz ou potên ia me âni a. Na Fig. 2.5(a), é mostrado uma haste deslizante ondutora onde passa uma orrente proveniente de uma fonte de tensão Ua em série om Ra (resistênia interna mais resistên ia da �ação). O índi e �a� é relativo à parte móvel que é hamada de armadura nos motores de Corrente Contínua (CC). A orrente para baixo está asso iada à velo idade v′ que gera uma força F ′ para a direita, dando partida no motor. Com o movimento do motor, as argas livres estarão também sub- metidas à velo idade v que ria um força F para ima tentando anular a orrente ini ial. O trabalho desta força por unidade de arga se hama força ontra-eletromotriz (ec) e vale Blv. Num instante genéri o, tem-se então o ir uito eletrome âni o equivalente ilustrado na Fig. 2.5(b). A orrente elétri a nesse ir uito, pela Lei das malhas de Kir ho�, vale ia(t) = Ua − Blv(t) Ra (2.10) A parte me âni a é regida pelas Leis de Newton Bial −Dv − Fc = M∆v ∆t ELETROMAGNETISMO 23 Figura 2.5. (a) Motor CC linear, (b) ir uito eletrome âni o equivalente e ( ) vista lateral do motor CC. onde D representa o oe� iente de atrito vis oso, M a inér ia total e Fc a força resistente da arga - ver Fig. 2.5(b) e ( ). É importante desta ar a reversibilidade do dispositivo fun ionando omo motor ou gerador de a ordo om o �uxo de potên ia desejado. O modelo elétri o e me âni o apresentado para a máquina elementar vale para os grandes motores ou geradores industriais. 2.4.1 Balanço de Potên ia O objetivo do modelo matemáti o é tentar representar os prin ipais e mais signi� ativos fen�menos físi os que o orrem num determinado dispositivo ou pro esso. No aso do motor CC, este modelo deve ser apaz de representar om erta pre isão os fen�menos reais envolvidos no seu fun ionamento. Por exemplo, reses revendo a equação (2.10) Ua = Raia +Blv (2.11) Multipli ando tudo por ia, tem-se Uaia = Rai 2 a +Blvia =⇒ Pent = Rai2a︸︷︷︸ Pj−a + Fv︸︷︷︸ Pmec (2.12) A expressão do �uxo de potên ia, expli ita que parte da potên ia elétri a de entrada Pent = Uaia é dissipada na forma de alor (Pj−a perda jouli a no obre da armadura), e parte é transformada ELETROMAGNETISMO 24 em trabalho na haste Pmec (potên ia me âni a de saída). 2.4.2 Análise de Regime Permanente Em regime esta ionário ou permanente, pode-se observar as seguintes ara terísti as de fun ionamento: • Na partida, normalmente, observa-se que o motor exige uma orrente elevada para ar- ran ar e ven er a iner ia e adquirir energia inéti a. Pela equação (2.10), veri� a-se que no instante t = 0, v = 0, e Pmec = 0, logo a orrente de partida (Iap ou orrente de urto- ir uito) é dada por ia(t = 0) = Ua Ra = Iap ( ≃ 10 a 20IaN ) Essa orrente assume valores elevados da ordem de 10 a 20 vezes a intensidade de orrente nominal (IaN ), resultando em perdas jouli as, que dependem do quadrado de ia, portanto elevadas. • Em vazio (sem arga me âni a) e ideal, ou seja, sem atrito. Esta situação sugere que só haverá onsumo de energia da fonte enquanto a velo idade (v) estiver res endo. Assim, quando v estabilizar F ′ = Bial = 0 =⇒ ia = 0 e onsequentemente 0 = Ua − Blv(t) Ra =⇒ v = v∞ = Ua Bl = cte Essa velo idade limite (v∞) é a maior velo idade atingida pelo dispositivo e só é al ançada teori amente. • No aso de um motor real ( om atrito vis oso intrínse o) e em vazio. Tem-se realmente o onsumo de uma pequena orrente (Ia0) e onsequentemente, uma pequena potên ia de entrada ativa (Pent = UaIa0) para ven er o atrito vis oso (D− oe� iente de atrito vis oso), dado por Fatrito = Dv = −F ′0 = −BIa0l (2.13) ELETROMAGNETISMO 25 logo Ia0 = F ′0 Bl = Ua − Blv0 Ra =⇒ v0 = Ua Bl − F ′ 0Ra (Bl)2 (2.14) Veri� a-se assim, que a velo idade no motor real em vazio (v0) é um pou o menor que a velo idade limite e depende das ara terísti as da fonte e detalhes onstrutivos do dispositivo. • A apli ação de arga nominal, em relação ao estado anterior, vai impli ar num aumento da força resistente (Fc = µdN ↑ onde µd representa o oe� iente de atrito dinâmi o), uma queda mais a entuada de velo idade e onsequentemente o aumento da orrente de armadura. O regime nominal signi� a que a orrente que passa nos ondutores (IaN ) vai gerar perdas �hmi as e elevar a temperatura até o valor máximo suportado pelos materiais isolantes. Nesta situação a velo idade desenvolvida é hamada de velo idade nominal (vN). 2.5 EFEITO HALL O efeito Hall é bastante utilizado no desenvolvimento de sensores apli ados em medição, automação e ontrole. Também, permite des obrir qual o tipo de portador se deslo a no dispo- sitivo. O dispositivo se baseia no deslo amento de portadores de arga positivos ou negativos através da força de Lorentz. A experiên ia é feita apli ando-se um forte ampo ~B ortogonalmente ao ondutor ou pla a de alumínio per orrido por orrente. Na Fig. 2.6(a), é mostrado o esboço do dispositivo e o deslo amento de argas positivas pela força de Lorentz para a direita. A polaridade da tensão observada no voltímetro on�rma o fen�meno e identi� a o tipo de portador deslo ado. Na Fig. 2.6(b), os portadores são negativos e a força de Lorentz indi a seu deslo amento também para a direita, já que tanto a velo idade quanto a arga tro aram de sinal. A polaridade do voltímetro será então invertida. ELETROMAGNETISMO 26 Figura 2.6. Efeito Hall. Além do sinal dos portadores de arga, a experiên ia também permite al ular sua velo idade já que a tensão gerada vale U = F l q = (Bqv)l q = Blv Então a velo idade v a partir dos valores onhe idos de B, l e do valor U medido da tensão, tem-se v = U Bl A experiên ia também permite al ular o número n de argas móveis por metro úbi o. Sendo v∆t o omprimento do ondutor, a orrente resulta: i = ∆q ∆t = nq(V OLUME) ∆t = nqldv∆t ∆t = nqld( U Bl ) donde n = Bi qdU O efeito Hall é também usado para medir velo idade de es oamento de �uídos; basta substituir a orrente i, na Fig. 2.6(a), pela velo idade dos íons transportados pelo �uido. Os íons positivos vão-se a umular à direita. Os íons negativos vão se a umular à esquerda, e ambos omp�em a tensão Hall. ELETROMAGNETISMO 27 2.6 CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE ELÉTRICA A existên ia de analogias e ações re ípro as entre forças e fen�menos elétri os foi posta em evidên ia, no ano de 1820, pelo físi o dinamarquês Oersted, por meio do seguinte experimento: Uma bússola ini ialmente olo ada paralelamente a um ondutor retilíneo, deixa essa sua po- sição ini ial para deslo ar-se normalmente ao plano que ontém a agulha e o ondutor, quando este é atravessado por uma orrente ontínua. Na Fig. 2.7(a), a agulha en ontra-se estabilizada na direção N-S e a orrente no ir uito é nula ( have aberta). Em (b), fe ha-se o ir uito e se veri� a o desvio da agulha. Na Fig. 2.8(a), inverte-se a fonte, invertendo-se o sentido da orrente que atravessa o ondutor, o desvio da agulha se inverte também, por meio de uma rotação de 180 o . Figura 2.7. Experiên ia de Oersted: (a) bússola estabilizada na dire ção N − S e �o ondutor sem orrente (i = 0) e (b) have fe hada, o ondutor per orrido por uma orrente i e dete tado o desvio da aguha magnéti a. Deste experimento de Oersted, dedui-se que no espaço que ir unda um ondutor per or- rido por orrente, existe um ampo magnéti o ou indução magnéti a revelado pela orientação da bússola na proximidade do ondutor - ver Fig. 2.8(b). O ampo magnéti o gera-se no mo- mento em que se estabele e a orrente e a aba quando interrompida; o sentido da orientação desse ampo, onforme observado pelo desvioda agulha, depende do sentido da orrente e é determinado pela regra da mão-direita envolvente (ou de Ampère). Para apli ar a regra, �segure� o �o om a mão direita de modo que seu dedo polegar aponte no sentido da orrente i, omo mostrado na Fig. 2.8(b). Os outros dedos indi arão, automati- ELETROMAGNETISMO 28 Figura 2.8. Experiên ia de Oersted: (a) invertendo o sentido da orrente observou-se o desvio da agulha no sentido oposto e (b) disposição do vetor ~B em ada ponto tangente.a uma linha de indução e regra da mão-direita envolvente om o polegar apontando para o sentido da orrente. amente, o sentido das linhas de indução. O estudo desses fen�menos e os ál ulos, rela ionados om sua apli ação práti a, não são possíveis sem a valoração quantitativa do ampo magnéti o. 2.6.1 Força Eletromagnéti a Partindo da interação de força de dois ondutores per orridos por orrentes elétri as, tam- bém a experiên ia demonstra que sobre ada um dos dois ondutores atuam forças que atraem um ao outro os ondutores om orrente de igual sentido e se repelem os ondutores om orrentes de sentido ontrário (ver Fig. 2.9(a)). Figura 2.9. (a) Força eletromagnéti a.que atua sobre os elementos de duas orrentes de linha e (b) para a Lei de Biot-Savart. ELETROMAGNETISMO 29 Os ampos magnéti os devido a ada uma das orrentes, estão distribuidos numa mesma região do espaço. Por isso de a ordo om o prin ípio da superposição se pode supor que ambos ondutores estão rodeados por um ampo magnéti o omum, que se obtém por superposição dos ampos, ada um dos quais em separado está vin ulado om sua orrente, quando o ondutor orrespondente está isolado. A magnitude da força de interação entre os elementos de orrente lineares no vá uo é propor ional ao produto dos elementos de orrente lineares e inversamente propor ional ao quadrado da distân ia entre eles. Se hama elemento de orrente linear ao produto i∆l, onde o omprimento ∆l é muito pequeno (da ordem do diâmetro do ondutor) em omparação da distân ia do mesmo aos pontos, nos quais se onsidera o ampo magnéti o da orrente i. Se os elementos de orrente lineares estão dispostos paralelamente, a par ela da força entre eles se determina pela expressão ∆F = ( µ0 4π ) i1∆l1i2∆l2 sinα r2 (2.15) onde i1∆l1; i2∆l2 são os elementos de orrentes lineares; r a distân ia entre os elementos; α é o ângulo entre a direção de um dos elementos de orrente e o segmento de reta r, traçado deste esse elemento até o outro; µ0 4pi é um oe� iente de propor ionalidade, que depende do sistema de unidades, onde o numerador µ0 representa a permeabilidade magnéti a do meio. Nesse aso é o vá uo que muito se aproxima da permeabilidade magnéti a do ar (µ0 = 4π · 10−7 TmA ). 2.6.2 Lei de Biot-Savart Para valorar a intensidade do ampo magnéti o se introduz uma nova versão do on eito de indução magnéti a B. A indução magnéti a de um ampo em um dado ponto é um vetor, ujo o valor numéri o é igual a força que atua sobre o elemento de orrente linear, igual a unidade e disposto no ampo ELETROMAGNETISMO 30 de modo que a força resulta máxima. Da equação (2.15), dedui-se a expressão matemáti a da Lei de Biot-Savart ∆B = ∆F i2∆l2 = ( µ0 4π ) i1∆l1 sinα r2 (2.16) Essa expressão pode ser generalizada e es rita na forma de produto vetorial ∆ ~B = ( µ0 4π )i ∆~l × ~ur r2 (2.17) O vetor ∆ ~B é perpendi ular ao plano no qual se en ontra o elemento longitudinal ∆~l e o vetor segmento ~r (~ur é um vetor unitário na direção de r então ~r = r~ur). Este está dirigido de a ordo om a regra da mão-direita envolvente ou de Ampère. O ampo magnéti o no espaço que rodeia o ondutor se origina não só pelo elemento de orrente linear espe ifí� o, mas por outros elementos, os que podem onstruir o ondutor real (ver Fig. 2.9(b)). Portanto, para determinar o módulo do ampo magnéti o no ponto P , utilizando a Lei de Biot-Savart, deve-se somar as ontribuições ∆B de todos os elementos ∆l do �o. B = n∑ k=1 ∆Bk = n∑ k=1 ( µ0 4π ) ik∆lk sinα r2k (2.18) Dependendo da geometria dos ondutores, esta somatória é bastante trabalhosa, omplexa e o valor obtido será bastante aproximado, porque ada ponto ontido em ada elemento ∆l estará a uma distân ia diferente de P . A somatória de ontribuições de ∆l in�nitesimais é obtida através da operação denominada �integração� e resulta num resultado idênti o ao obtido pela Lei de Ampère. Além disso, a Lei de Biot-Savart é válida estritamente para orrentes que não variam om o tempo, denominadas esta ionárias. Do ponto de vista on eitual é importante ressaltar que a Lei de Biot-Savart não vale para orrentes alternadas. Apesar disso, em asos que a orrente varia lentamente, tal omo nas orrentes residen iais, valores de ampo podem ser obtidos por meio dessa lei om boa aproximação. Por outro lado, a Lei de Ampère tem validade geral e orresponde a uma das quatro leis bási as do Eletromagnetismo. ELETROMAGNETISMO 31 2.6.3 Lei de Ampère A Lei de Ampère rela iona, do ponto vista quantitativo, orrentes e ampos magnéti os numa região do espaço. A formulação envolve a es olha de uma linha matemáti a fe hada ( hamada de linha amperiana), de modo que a superfí ie por ela delimitada seja atravessada por um sistema de orrentes que ria esse ampo. Com a ajuda da regra da mão-direita pode- se representar o vetor indução magnéti o ( ~Bj que pode assumir qualquer direção) em ada elemento longitudinal (∆l) dessa linha (ver Fig. 2.10). Figura 2.10. Problema de ir ulação do vetor indução magnéti a. Tomando-se omo referên ia a linha fe hada e a superfí ie por ela delimitada, a Lei Ampére pode ser enun iada da seguinte maneira: a somatória dos produtos da projeção do ampo magnéti o sobre ada pequeno elemento do tre ho da linha fe hada pelo omprimento desse tre ho, até que seja ompletada toda a linha, é propor ional à quantidade de orrente elétri a que atravessa essa superfí ie. Matemati amente, esta lei pode ser es rita omo B1∆l1 cosα1+B2∆l2 cosα2+ · · ·Bj∆lj cosαj + · · ·Bn∆ln cosαn = µ(i1− i2− i3+ i4+ · · ·+ iq) n∑ j=1 ~Bj ·∆~lj = µ q∑ k=1 ik (2.19) ELETROMAGNETISMO 32 onde µ é a permeabilidade magnéti a, que é uma onstante que ara teriza os meios materiais e ∑q k=1 ik a quantidade líquida de orrente ou soma aritiméti a. Do ponto de vista formal, o lado esquerdo da equação (2.19), denominado ir uitação ou ir ulação do vetor de indução magnéti a por um ontorno fe hado, é análogo ao ál ulo do trabalho de uma força expresso omo produto es alar. Um aspe to importante dessa formulação refer-se a própria es olha da linha fe hada, que é arbitrária, sendo também arbitrárias a sua forma geométri a e a superfí ie delimitada por ela. Isso signi� a que, para ada aso, há uma forma geométri a onveniente na es olha da linha e também da super� ie. 2.6.4 Exemplos de Cál ulo de Campos Magnéti os Mediante as Leis de Ampère e Biot-Savart é possível determinar a indução magnéti a e a intensidade do ampo magnéti o em uma série de asos práti os. 2.6.4.1 Campo Magnéti o em um Condutor Retilineo In�nito Na Fig. 2.11(a), é ilustrado a mar ação a uma distân ia arbitrária r do eixo do ondutor in�nito um ponto A. Traça-se por ele um ontorno fe hado que oin ide om a linha de indução magnéti a. Como se sabe, esta linha é uma ir unferên ia om entro no eixo do ondutor. Figura 2.11. (a) Condutor retilíneo in�nito om orrente, (b) vista superior doondutor om orrente entrando e ( ) omportamento da indução magnéti a do ampo em função de r. ELETROMAGNETISMO 33 A indução magnéti a do ampo em todos os pontos do ontorno tem igual valor numéri o (Bj = B = cte e αj = 0 o ) graças à simetria. De a ordo om a equação (2.19), n∑ j=1 ~Bj ·∆~lj = n∑ j=1 Bj∆lj cosαj = B n∑ j=1 ∆lj = µ0i A soma de todos os tre hos (∆lj) resulta no omprimento da ir unferên ia e omo só há a orrente i que atravessa a superfí ie B2πr = µ0i =⇒ B = µ0i 2πr (2.20) 2.6.4.2 Campo Magnéti o no Interior de um Condutor Para determinar a indução magnéti a do ampo no interior do ondutor (Bi), toma-se um ontorno arbitrário de raio r e se supõe que a densidade de orrente (J em [A/mm2]) em todos os pontos da seção do ondutor é idênti a e igual a J = i πr20 (2.21) onde r0 é o raio do ondutor (ver Fig. 2.11(b)). A orrente total, que passa na seção, limitada pelo ontorno es olhido, tem a amplitude: ∑ I = J · πr2 = r 2 r20 i Consequentemente Bi2πr = µ0 r2 r20 i =⇒ Bi = µ0i 2πr20 r (2.22) Na Fig. 2.11( ), é mostrado o omportameto do ampo magnéti o deste a região interior (linear) até a região exterior do ondutor. 2.6.4.3 Campo Magnéti o em Condutor Finito O ál ulo do ampo magnéti o em um ponto A (Fig. 2.12(a)), riado pela orrente I que ir ula por um ondutor retilíneo ELETROMAGNETISMO 34 de omprimento �nito envolve a Lei de Biot-Savart e operações matemáti as fora de nosso ontexto. Mas intuitivamente, a partir da equação (2.20) e da suposição de que a indução magnéti a em torno do ondutor �nito é um aso parti ular do ondutor in�nito, é possível estimar que B = µ0I 2πa ( cosα1 + cosα2 2 ) (2.23) De fato, supondo que as extremidades do ondutor �nito tendem para o in�nito, nota-se que os ângulos α1 e α2 tendem para zero e a equação (2.23) torna-se (2.20). Figura 2.12. Para estimar a indução magnéti a em ondutor retilíneo �nito. 2.6.4.4 Campo Magnéti o no Interior de uma Bobina Cilíndri a (Solenóide) Se as espiras da bobina são enroladas de maneira ompa ta entre si, sendo sua extensão in�nita todos os pontos de qualquer linha, paralela ao eixo, se en ontram nas mesmas ondições (ver Fig. 2.13). Figura 2.13. (a) Para estimar a indução magnéti a em um solenóide e (b) vista em orte do solenóide. ELETROMAGNETISMO 35 A indução magnéti a do ampo dentro da bobina em todos os pontos dessa linha é a mesma e está dirigida ao longo do eixo da bobina. Fora da bobina não há ampo magnéti o até porque nenhuma linha de indução vai onseguir sair de dentro de uma bobina in�nita (ver ampliação na Fig. 2.13(b)). Tomando o ontorno fe hado a− b− c− d de forma retangular e se apli a a Lei ir uital de Ampère. Ao per orrer o ontorno tem que levar em onta que no tre ho b − c não há ampo (B = 0); nos tre hos a− b e c− d fora da bobina não há ampo enquanto no interior da bobina a indução magnéti a está dirigida perpendi ularmente à direção do tre ho per orrido, por isso a projeção do vetor ~B sobre a direção do tre ho é nula. No setor d − a a projeção é o próprio B. Por onseguinte, a ir ulação do vetor indução magnéti a tem a magnitude n∑ j=1 Bj∆lj cosαj = Bl A orrente total do ir uito a− b− c− b q∑ k=1 ik = NI onde N é o número de espiras enroladas no setor de omprimento l. De a ordo om a expressão (2.19), Bl = µ0NI (2.24) B = µ0 NI l (2.25) Desta equação, on lui-se que dentro de uma bobina de omprimento in�nito o ampo magné- ti o é uniforme. A expressão (2.25) pode ser utilizada, om erto erro, para determinar a indução magnéti a de um solenóide de omprimento �nito lb, se ele é bem maior que o diâmetro da espira (lb ≫ d) B = µ0 NbI lb = µ0 NI l (2.26) ELETROMAGNETISMO 36 A apli ação da Lei de Biot-Savart ao solenóide de omprimento �nito da para determinar B em qualquer ponto M sobre o eixo da bobina B = µ0 NbI lb ( cosα1 + cosα2 2 ) = µ0 NI l ( cosα1 + cosα2 2 ) (2.27) Em parti ular, se M está no entro da bobina (α1 = α2 = α) B = µ0 NI l cosα (2.28) No aso de uma bobina �alongada�, isto é, volta à ondição ini ial, onsidera-se que o omprimento lb seja bem maior que o diâmetro d. A expressão do ampo no seu entro, supondo que cosα ≃ 1 (α se aproxima de 0o), é dada por B = µ0 NI l Bobina �chata� (ver Fig. 2.14(a)). Supondo o ontrário que o diâmetro d é bem maior que o omprimento l. Pode-se ainda en ontrar uma expressão, aproximada, do ampo no seu entro, supondo agora que: cosα ≃ cot gα ≃ l/2 d (α se aproxima de 90o) B = µ0 NI d (2.29) Figura 2.14. (a) Para estimar a indução magnéti a em uma bobina chata, (b) ampo de uma espira ir ular e ( ) bobina om nú leo toroidal. As expressões que determinam o ampo magnéti o das bobinas, tem no numerador o produto da orrente pelo número de espiras NI. O ampo magnéti o de erta intensidade pode e obter ELETROMAGNETISMO 37 om um número relativamente pequeno de espiras, porém uma grande orrente ou om uma pequena orrente e um número relativamente grande de espiras. Para al ular os ampos magnéti os esta ondição permite utilizar o produto NI omo uma grandeza úni a, hamada força magnetizante ou magnetomotriz. 2.6.4.5 Campo Magnéti o numa Espira Cir ular O ampo magnéti o no entro de uma espira ir ular ou anel de orrente, de raio a, mostrado na Fig. 2.14(b) pode ser determi- nada pela Lei de Biot-Savart (eq. (2.17)). O módulo do produto vetorial será ∣∣∣∆~l × ~ur∣∣∣ = ∆l · ur · sin 90o = ∆l O ampo resulta então em B = µ0i 4πa2 2pia∑ 0 ∆l = µ0i 2a (2.30) Nota-se, que o ampo magnéti o no entro da bobina hata (2.29) é o ampo da espira vezes o número de espiras N . 2.6.4.6 Campo Magnéti o de uma Bobina em Nú leo Toroidal No ál ulo do ampo magnéti o, toma-se um ontorno ou aminho fe hado, oin idente om a linha de indução magnéti a do entro da seção do nú leo toroidal (ver Fig. 2.14( )). Supondo um bobinado de espiras uniforme, por razões de simetria é mais onveniente utilizar a Lei de Ampère. A superfí ie limitada pelo ontorno es olhido é atravessada pela orrente I tantas vezes, omo espiras N tem a bobina, por isso B2πr = µNI e a indução magnéti a B = µ NI 2πr (2.31) ELETROMAGNETISMO 38 onde o raio médio é r = (r1 + r2)/2 e o raio da seção reta do toróide r0 = (r1 − r2)/2. O ampo na região externa ao toróide é nulo já que a soma aritméti a das orrentes que atravessam a superfé ie ontornada pela urva C1 é nulo. O ampo na região ontornada por C2 também é nulo. 2.6.4.7 Problemas 1. Em uma espira de forma retangular de lados b = 10cm, c = 20cm e orrente I = 10A. Determinar a indução magnéti a no ponto de interseção das diagonais do retângulo (ponto A na Fig. 2.15(a)). Solução: A indução magnéti a de um ondutor de omprimento �nito se determina pela equação (2.23). Essa equação apli ada aos lados da espira retangular mostrada na Fig. 2.15(a), obtém-se a expressão para as omponentes da indução magnéti a. Para o lado b, B = µ0I 4π c 2 (cosα1 + cosα2) Nesse aso α1 = α2 = α, por isso B1 = µ0I cosα πc Analogamente, para o lado c, quando θ1 = θ2 = θ B2 = µ0I cos θ πb A indução magnéti a no ponto A (BA) resulta das omponentes B1 (dos dois lados) e B2 (dos dois lados): BA = 2(B1 +B2) BA = 2 µ0I π ( cosα c + cos θ b ) Da �gura se deduz que cosα = b√ b2 + c2 ; cos θ = c√ b2 + c2 ELETROMAGNETISMO 39 Tomando em onsiderção estas expressões,tem-se BA = 2µ0I √ b2 + c2 πbc BA = 2 · 4π · 10−7 · 10 · 10−2√102 + 202 π · 10 · 20 · 10−4 = 8, 95× 10 −5T 2. Determinar a indução magnéti a nos pontos R, P e Q dispostos omo mostrado na Fig. 2.15(b). A orrente nos ondutores I = 1000A, a distân ia entre os ondutores é b = 40cm. 3. As partes de um ondutor formam entre si um ângulo de 90 o , omo mostrado na Fig. 2.15( ). Determinar a indução magnéti a nos pontos equidistantes de ambos setores do ondutor, quando a orrente neles é igual a I. Figura 2.15. (a) Problema 1, (b) prolbema 2 e ( ) problema 3. 4. O enrolamento de um solenóide, ujo o omprimento l = 20cm, o diâmetro d = 4cm, o número de espiras N = 500, a orrente I = 20A, determinar a indução do ampo magnéti o no eixo da bobina pelas equações (2.25) e (2.27) em dois pontos: (a) no ponto equidistante dos extremos da bobina; (b) no extremo da bobina. 5. Sobre um nú leo toroidal de material não ferromagnéti o, ujo o diâmetro pela linha média d = 20cm, estão enrolados dois enrolamentos de N1 = 800 e N2 = 300 espiras respe tivamente. Determinar a indução magnéti a no entro da seção do nú leo om onexão aditiva e em oposição dos enrolamentos se as orrentes neles é I = 5A. ELETROMAGNETISMO 40 2.7 APLICAÇ�O EM INSTRUMENTOS DE MEDIDAS E MOTORES 2.7.1 Galvan�metro Instrumentos om ponteiro são utilizados para várias �nalidades diferentes, omo indi ar o volume de som em gravadores, o nível de gasolina e a temperatura em automóveis, ou medir tensão, orrente ou resistên ia elétri a em laboratórios e o� inas. Em geral, esses aparelhos são onstituídos por um imã permanente �xo e uma bobina, ou seja, um �o a oplado ao ponteiro, enrolado em várias voltas superpostas e que pode se mover. Um exemplo desse tipo de aparelho é o galvan�metro utilizado para medição de orrentes, mostrado na Fig. 2.16(a). Figura 2.16. (a) e (b) Instrumento de ponteiro tipo galvan�metro. O movimento do ponteiro, a oplado me ani amente à bobina móvel, o orre da seguinte maneira: o imã permanente ria um ampo na região da bobina e a orrente elétri a nela, a medir, � a sujeita a uma força magnéti a ( ~F ). O giro da bobina resulta de um binário de forças que surge nesta, e tenderá orientá-la na direção do ampo magnéti o produzido pelo imã permanente. Como as forças que onstituem este binário são propor ionais à orrente elétri a na bobina, a posição do ponteiro varia de a ordo om a intensidade da orrente. Na situação de equilíbrio do ponteiro, o onjugado (motor Cm) produzido pelas forças magnéti as é ompensado pelo ELETROMAGNETISMO 41 onjugado (antagonista - Ca) exer ido pela força elásti a de uma mola espiral. Geométri a e magneti amente, tem-se: as linhas de ampo radiais no entreferro do imã, elas são sempre perpendi ulares à direção da orrente I que ir ula através dos ondutores da bobina, qualquer que seja a posição instantânea desta (Fig. 2.16(b)). Em onsequên ia, as forças ~F são sempre tangen iais ao ilindro de ferro do e, para qualquer posição da bobina. Logo F = NBIl e o onjugado motor, independente do ângulo de desvio da bobina θ, Cm = 2Fr = 2NBIlr (2.32) onde N é o número de espiras, r o raio da bobina e l seu ompriemento útil ou longitudinal. O onjugado antagonista exer ido pela mola espiral ( onstante eláti a ke) vale Ca = keθ (2.33) No equilíbrio Cm = Ca 2NBIlr = keθ Consequentemente I = kmθ (2.34) onde km é a onstante do medidor. Vale ressaltar que, se a orrente I muda muito rapidamente de sentido, as forças F a ompa- nharão esta mudança, mas o onjunto móvel não se deslo ará em virtude de sua inér ia própria. Na frequên ia industrial esses instrumentos não saem de sua posição de repouso. ELETROMAGNETISMO 42 2.7.2 Motor série Neste tipo de motor, também baseado na força magnéti a, os enrolamentos do estator (F1 − F2) e do rotor (A1 − A2) estão ligados em série, fazendo om que a orrente nos dois enrolamentos seja a mesma (I), onforme mostrado na Fig. 2.17(a). Figura 2.17. Motor Série: disposição dos enrolamentos do estator e rotor e (b), ( ), (d) e (e) posições do rotor em vários instantes. De a ordo om a Lei de Ampère, a orrente elétri a no enrolamento do estator ria um ampo magnéti o (Bf = µ Nf I lf ) na região onde estão vários enrolamentos do rotor. A orrente elétri a hega ao enrolamento do rotor através de duas es ovas (A e B) que fazem um ontato elétri o rotativo. Os ondutores rotóri os � am sujeitos a forças responsáveis pelo onjugado, que ini ia o giro do eixo do motor. Com o iní io do giro, este enrolamento é desligado devido às lâminas do anel oletor, e um outro enrolamento passa a o upar a sua posição, repetindo-se o pro esso e assegurando o giro ontínuo do eixo. Nas Figs. 2.17(b) a (e), é representado, em vários instantes, de forma simpli� ada o apare- imento das forças nos ondutores do rotor (a1 e a2). Em (a), o ondutor a1 está ligado om a es ova A e a2 om a es ova B. Em (b) o rotor passa pela posição de onjugado máximo porque ELETROMAGNETISMO 43 o ondutor orta perpendi ularmente a direção do ampo magnéti o indutor (Bf). Em (d), os ondutores a1 e a2 passam pela linha neutra magnéti a, a orrente é nula e o onjugado motor também. Os ondutores ultrapassam esta posição devido à inér ia. Já em (e), o ondutor a2 se liga à es ova A, o ondutor a1 à es ova B e a orrente nos mesmos se invertem mantendo o onjugado no mesmo sentido do ini ial. É importante ressaltar que omo a orrente que gera o ampo magnéti o é a mesma que passa no ondutor do rotor, se houver uma inversão de orrente no ampo o mesmo o orre nos enrolamentos rotóri os e o onjugado mantém a mesma direção. Devido a esse fato, o motor série trabalha tanto alimentado om orrente ontínua omo alternada, daí ser hamado de motor universal. CAPÍTULO 3 FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA O on eito de �uxo magnéti o omo ara terísti a de um ampo magnéti o é de suma impor- tân ia em eletroté ni a. Empregado para examinar os prin ípios de trabalho e nos ál ulos de dispositivos eletromagnéti os (máquinas elétri as, transformadores, eletroimãs de diferente uso, et ) 3.1 FLUXO MAGNÉTICO Examinando uma espira ou ondutor retangular, no qual um dos lados se en ontra imerso em um ampo magnéti o homogêneo ou uniforme. Para uma orrente I no ondutor, no ampo magnéti o atua uma força eletromagnéti a ~F (Fig. 3.1(a)). Figura 3.1. (a) Espira fe hada om orrente em um ampo magnéti o - vista superior, (b) vista lateral e ( ) para determinar o �uxo magnéti o de modo geral. A espira ou bobina ondutora se deslo a em direção à ação da força, e neste aso em seu 44 FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 45 urso o lado d des reve a superfí ie plana S, perpendi ular às linhas de ampo magnéti o: S = d · l (3.1) O produto da indução magnéti a pela superfí ie S expressa o �uxo magnéti o Φ do ampo uniforme através dessa superfí ie S: Φ = BS (3.2) Se a superfí ie atravessada pelas linhas de indução magnéti a se dispõe formando um ângulo om a direção destas linhas (Fig. 3.1( )), o �uxo magnéti o se determina pelo produto es alar do vetor indução magnéti a ( ~B) om o vetor superfí ie (~S = S~n) Φ = ~B · ~S = BS cosα (3.3) onde ~n é um vetor unitário normal ao plano da superfí ie. Se o ampo magnéti o não é uniforme, a supefí ie, para qual se determina o �uxo magnéti o tem que ser dividida em superfí ies muito pequenas ∆~S (∆~S = ∆S~n). Nos limites de ada uma destas superfí ies pode-se onsiderar o ampo uniforme,e em tal aso o �uxo elementar será ∆Φ = ~B ·∆~S O �uxo total através da superfí ie S pode ser determinado por Φ = ∑ ~B ·∆~S (3.4) De a ordo om a expressão (3.2), a indução magnéti a B é a densidade de �uxo magnéti o num dado ponto do ampo. A unidade de medida do �uxo magnéti o no sistema SI é o weber: [Φ] = [BS] = tesla ·metro2 = volts · segundo = weber (Wb) FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 46 3.1.1 Trabalho ao Deslo ar o Condutor om Corrente em um Campo Magnéti o Ao mover a espira om orrente em um ampo magnéti o (ver Fig. 3.1(a) e (b)) a força magnéti a ~F realiza um trabalho no deslo amento d dado por τ = ~F · ~d = BIld Neste aso o trabalho se onsidera positivo. Quando o movimento do ondutor é oposto à força F (existindo força me âni a externa) o trabalho é negativo. Es revendo o trabalho em função das equações (3.1) e (3.2), tem-se τ = ΦI O �uxo magnéti o através da superfí ie, traçado pelo ondutor, é a diferença de �uxo que penetram a espira ondutora nas posições ini ial e �nal, isto é, o in remento positivo do �uxo on atenado om a espira: ∆Φ = Φ2 − Φ1 = Bd2l − Bd1l = Bl(d2 − d1) = Bld O trabalho gasto no deslo amento da espira é então τ = ∆ΦI (3.5) 3.1.2 Fluxo Magnéti o Total Para al ular o trabalho realizado pelas forças eletromagnéti as se tomou uma armação om uma espira. Porém numa armação (bobina) se podem enrolar várias espiras, então o trabalho das forças magnéti as para deslo ar esta bobina se in rementa. Supondo que as N espiras estão on atenadas om o mesmo �uxo, o trabalho aumenta N vezes: τ = N∆ΦI FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 47 O produto do número de espiras pelo �uxo magnéti o on atenado om as mesmas se hama fuxo total: Ψ = NΦ (3.6) Pode-se expressar ainda τ = ∆ΨI (3.7) Como se vê na Fig. 3.2(a), no aso mais geral as espiras de uma bobina podem estar on atenadas om distintos �uxos, nesse aso o �uxo total se determina pela soma algébri a dos �uxos, on atenados om ada espira: Ψ = Φ1 + Φ2 + · · ·+ Φn ou ainda Ψ = N1Φ1 +N2Φ2 + · · ·+NnΦn Figura 3.2. (a) Fluxo total de um Solenóidel e (b) Exemplo 1: enlaçes de �uxo. Se numa espira isolada de qualquer forma ir ula orrente, o ampo magnéti o desta orrente está on atenado om ela mesma. O �uxo total desta espira se hama próprio (�uxo magnéti o total de autoindução). O �uxo total tem a mesma dimensão que o �uxo magnéti o. FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 48 3.2 INDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA MÚTUA Ao variar a orrente na espira ou bobina se altera o �uxo total intrínse o, assim omo o �uxo total mútuo ( on atenado) om outra espira ou bobina. A experiên ia demonstra que, no aso geral a igual variação de orrente em duas espiras ou bobinas, o �uxo total destas tem diferentes variações. As parti ularidades da espira ou bobina dada om respeito à formação do �uxo total se ara terizam pela indutân ia e a mútua indutân ia. 3.2.1 Indutân ia A forma, as dimensões da espira e o meio no qual se origina seu ampo magnéti o, isto é, os fatores devido à onstrução da espira ou bobina in�uem sobre a dependên ia entre o �uxo total ( on atenado) e a orrente da espira isolada. Para expressar esta in�uên ia se introduz o on eito de indutân ia L de uma espira ou bobina. A indutân ia de uma espira isolada (ou bobina) é uma grandeza que ara teriza o vín ulo do �uxo total e a orrente, numeri amente igual à relação entre o �uxo total ( on atenado) e a orrente: L = Ψ I (3.8) No vá uo e substân ias não magnéti as esta relação é onstante para a espira ou bobina dada independentemente das amplitudes da orrente e do �uxo total. A unidade de indutân ia é [L] = weber ampe`re = volt · segundo ampe`re = henri (H) Exemplo 1: Uma orrente de 2A em uma bobina produz um ampo magnéti o, des rito pela forma de �uxo mostrada na Fig. 3.2(b), onde ada linha de força representa 1mWb de FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 49 �uxo. Determinar o �uxo total ou on atenado ou enla e de �uxo e a indutân ia da bobina. Solução: Como duas espiras da bobina enlaçam 4mWb e as outras duas espiras enlaçam apenas 2mWb, o enla e de �uxo total é Ψ = 2× 4× 10−3 + 2× 2× 10−3 = 12mWb Pela equação (3.8), a indutân ia é L = Ψ I = 12× 10−3 2 = 6× 10−3H = 6mH 3.2.2 Indutân ia Mútua Examinando o a oplamento magnéti o de duas bobinas om orrentes, dispostas mutua- mente perto de maneira que o �uxo magnéti o, riado pela orrente da primeira bobina I1, está on atenado om as espiras de ambas bobinas. Supondo que não há �uxo de dispersão magnéti a, isto é, todas as linhas magnéti as de uma bobina estão on atenadas om a outra bobina (Fig. 3.3(a)). Figura 3.3. A oplamento magnéti o entre duas bobinas: (a) sem �uxo de dispersão e (b) om �uxo de dispersão. O �uxo total intrínse o da primeira bobina Ψ1 = N1Φ1 = L1I1 (3.9) onde N1 é o número de espiras da primeira bobina. FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 50 O �uxo magnéti o riado pela orrente da primeira bobina está on atenado om as espiras da segunda bobina. O �uxo total mútuo, igual ao intrínse o, é propor ional à orrente que origina o �uxo: Ψ12 = N2Φ1 = M12I1 (3.10) O oe� iente de propor ionalidade M12 é uma grandeza onstante (em meios não magnéti- os), dependente das parti ularidades onstrutivas do sistema de bobina examinado e se hama oe� iente de indução mútua ou indutân ia mútua. Das equações (3.9) e (3.10), deduz-se que L1 M12 = N1 N2 O a oplamento magnéti o pode realizar-se pelo �uxo da bobina de orrente I2. Por analogia om a primeira bobina o �uxo total intrínse o da segunda bobina é Ψ2 = N2Φ2 = L2I2 (3.11) o �uxo total mútuo Ψ21 = N1Φ2 = M21I2 (3.12) Logo L2 M21 = N2 N1 Igualando as relações das indutân ias das bobinas às indutân ia mútuas, hega-se M12M21 = L1L2 Demonstra-se fa ilmente que os e� ientes M12 e M21 são idênti os. Supondo a segunda bobina om, orrente I2, removida para o in�nito. O �uxo total desta bobina varia na intensidade do �uxo total mútuo. O trabalho realizado nessa situação, de a ordo FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 51 om a expressão (3.7), se determina pelo produto Ψ12I2. Levando em onta a relatividade do movimento, o mesmo trabalho pode ser determinado pelo produto Ψ21I1, isto é, Ψ12I2 = Ψ21I1 onde Ψ12 I1 = Ψ21 I2 =⇒M12 = M21 = M A indutân ia mútua expressa em função das auto-indutân ias das bobinas, vale M = √ L1L2 (3.13) 3.2.3 Coe� iente de A oplamento A expressão (3.13) é válida quando não há �uxos de dispersão magnéti os, quando existe um a oplamento magnéti o máximo entre as bobinas. Na realidade erta parte das linhas de indução magnéti a do ampo da bobina dada está on atenado om as espiras próprias (na Fig. (b), isto orresponde à primeira bobina). Com estas linhas se determina o �uxo magnéti o de dispersão Φd, que não parti ipa do a oplamento magnéti o das bobinas; por isso nos dispositivos reais, onde se utiliza o a oplamento magnéti o, o �uxo de dispersão deve ser reduzido ao máximo possível. Devido ao �uxo de dispersão o a oplamento magnéti o das bobinas resulta par ial (Φ12 < Φ1). Neste aso a indutân ia mútua será menor que o valor √ L1L2, o que se onsidera o oe� iente de a oplamento k: M = k √ L1L2 O oe� iente de a oplamento k = M√ L1L2 teori amente pode variar desde 0 até 1. FLUXO MAGNÉTICO E INDUTÂNCIA 52 3.2.4 Exemplos 1. Determinando a indutân ia de uma bobina ilíndri a de omprimento in�nito que possui N espiras de diâmetro D. O ampo magnéti o desta
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