SAVI: Síndrome Autoinflamatória Mediada por Interferon-1

SA VI Definição: Doença rara do grupo das síndromes autoinflamatórias mediadas por interferon-1 (interferonopatias). Fisiopatologia Doença genética autossômica dominante causada por uma mutação de ganho de função do gene TMEM173. Esse gene é responsável pela produção da proteína STING (stimulator of interferon genes), uma proteína envolvida no sistema de produção de interferon (IFN). Como se trata de uma mutação com ganho de função, o produto final dessa alteração é uma superexpressão de IFN na circulação, provocando inflamação sistêmica, que resulta em dano tecidual. Essa doença provavelmente é provocada por mutações de novo, ou seja, mutações que surgem durante o desenvolvimento embrionário (ocorre em pacientes sem história familiar). Apresentação Clínica Anamnese Os sintomas surgem precocemente, geralmente antes das primeiras oito semanas de vida, e consistem principalmente em febre, lesões cutâneas e alterações vasculíticas. O contato com o frio pode desencadear um surto da doença ou uma piora das lesões. Principais sinais e sintomas: Febre baixa intermitente; T osse recorrente; Déficit pôndero-estatural; Poliartrite (podendo, inclusive, haver positividade do fator reumatoide); Artralgia; Lesões violáceas nos dedos das mãos, dos pés, no nariz, na região malar e orelhas, piores com o frio ( chillblains ou perniose lúpica), podendo ser pustulosas, descamativas e dolorosas; Ulceração e necrose de extremidades, com autoamputação; Rash malar recorrente; Cabelos finos; Relato de um caso de fasciíte necrotizante fatal; T elangiectasias (na pele e no palato duro); Fenômeno de Raynaud; Livedo reticular; Perfuração de septo nasal; Perda ungueal ou unhas distróficas; Calcificações intracranianas em gânglios da base (raro); Cognitivo normal; Doença pulmonar intersticial progressiva e fibrose pulmonar; T aquipneia ao nascimento; Hipertensão arterial (poucos casos); Linfadenopatia peri-hilar ou paratraqueal; Miosite; V asculite disseminada; Alterações à capilaroscopia periungueal. Abordagem Diagnóstica Além das manifestações clínicas sugestivas, esses pacientes apresentam aumento de provas de fase aguda (PF A) - como VHS e PCR -, hipergamaglobulinemia com aumento de IgG e IgA, anemia, leucopenia, trombocitose e linfopenia de células T com contagem normal de células B. Pode haver positividade do F AN, do anca (com padrão c ou p) e de anticorpos antifosfolípides, geralmente todos em baixos títulos. A biópsia de pele revela infiltrado inflamatório na derme com sinais de vasculite leucocitoclástica, microangiopatia trombótica de pequenos vasos e depósitos de IgM ou fibrina. A capilaroscopia periungueal revela capilares tortuosos e deleções. A TC de tórax pode revelar pneumopatia intersticial associada ou não à fibrose pulmonar . A confirmação com teste genético pode ser realizada, encontrando mutação com ganho de função do gene TMEM173. T este negativo não exclui a possibilidade de doença. Critérios Diagnósticos Não existem critérios diagnósticos. O diagnóstico é baseado na suspeita clínica e na confirmação com teste genético. T este negativo não exclui a doença. Diagnóstico Diferencial Lupus monogênico; Aicardi-Goutières; CANDLE; DADA2; P AN (poliarterite nodosa); Haploinsuficiência de A20 (Behçet monogênica); Infecções; GP A (granulomatose com poliangiíte); GEP A (granulomatose eosinofílica com poliangiíte) e outras vasculites; Outras síndromes autoinflamatórias. Acompanhamento Acompanhamento multidisciplinar é muito importante, por se tratar de uma doença complexa, multissistêmica, sequelante e sem cura. Não há guidelines guiando o acompanhamento e a periodicidade dos exames. O acompanhamento de cada paciente deve ser individualizado e focado nas principais manifestações clínicas. Realizar aconselhamento genético. Abordagem T erapêutica Esses pacientes não respondem ao uso de glicocorticoides, DMARDs (drogas antirreumáticas modificadoras de doença) ou medicações biológicas. O bloqueio da sinalização do IFN, através da inibição da janus quinase (anti-JAK, drogas do grupo das pequenas moléculas), é uma estratégia promissora.

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Pediatria I

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