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Indaial – 2019 Física aplicada à Radiologia Prof. Daniel Ricardo Lerch Machado 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof. Daniel Ricardo Lerch Machado Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: M149f Machado, Daniel Ricardo Lerch Física aplicada à radiologia. / Daniel Ricardo Lerch Machado. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 200 p.; il. ISBN 978-85-515-0406-2 1. Radiologia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 610 III apResentação Caro acadêmico de Radiologia, este livro didático foi desenvolvido para facilitar seu pleno entendimento dos conteúdos da Física Aplicada à Radiologia. Esta é uma área da medicina que envolve a tecnologia de modernos equipamentos em conjunto com a física das radiações em prol do bem-estar humano. Por isso, é uma área em constante evolução e desenvolvimento, o que exige profissionais empenhados na busca constante pelo conhecimento e aperfeiçoamento. Segundo Nascimento (2014), antes mesmo da descoberta dos raios X, seu descobridor, Roentgen, assumiu um cargo como reitor da Universidade de Würzburg, onde em seu discurso de posse, proferiu as palavras do filósofo P. A. Kircher: “a Natureza frequentemente permite a produção de milagres surpreendentes que se originam das mais ordinárias observações, mas que são reconhecidas somente por aqueles imbuídos de sagacidade e pesquisa perspicaz, e que consultam a experiência, a professora de todas as coisas". Prezado acadêmico, é com essa sagacidade e perspicácia que esperamos que conduza seus estudos neste livro, que está dividido em três unidades, com seus respectivos tópicos, de forma a facilitar o entendimento e a construção do conhecimento em você, estudante de radiologia, que vai avançar cada etapa deste aprendizado sem dificuldades. Na Unidade 1, conheceremos as bases que contemplam a Ciência Radiológica. Aspectos históricos, estrutura da matéria, eletromagnetismo e as radiações eletromagnéticas. Temas que estão muito presentes no nosso dia a dia e, algumas vezes, nem percebermos. Na Unidade 2, conheceremos o aparelho de raios X, seus acessórios, será tratado da produção dos raios X dentro do tubo e os avanços da área com a radiologia digital. Na Unidade 3, entenderemos os princípios físicos, características e propriedade dos raios X, assim como a interação da radiação com a matéria. Por fim, porém não menos importante, saberemos aplicar os fatores técnicos de exposição e os critérios radiográficos para qualidade da imagem. Desta forma, você conseguirá obter, com excelência, os conhecimentos necessários para desenvolver seu perfil profissional, conseguindo atuar nos processos de obtenção de imagens para fins diagnósticos e terapêuticos na área da radiologia médica, odontológica e veterinária, também na segurança e gerência de serviços radiológicos. Desejamos a você uma ótima leitura! Bons estudos! Prof. Daniel Ricardo Lerch Machado IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – CIÊNCIA RADIOLÓGICA .......................................................................................1 TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS ...........................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RADIOLOGIA ...........................................................................4 2.1 PANORAMA HISTÓRICO DA RADIOLOGIA BRASILEIRA ...............................................10 2.2 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E O SURGIMENTO DO TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA ..............................................................................................14 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................16 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................17 TÓPICO 2 – A ESTRUTURA DA MATÉRIA ...................................................................................19 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................19 2 O ESTUDO DO ÁTOMO ..................................................................................................................19 2.1 PARTÍCULAS E SUBPARTÍCULAS ............................................................................................22 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................28 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................29 TÓPICO 3 – ELETRICIDADE APLICADA À RADIOLOGIA .....................................................31 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................31 2 ELETROSTÁTICA ..............................................................................................................................31 3 ELETRODINÂMICA..........................................................................................................................33 4 CONCEITOS IMPORTANTES EM ELETRICIDADE .................................................................34 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................37 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................39 TÓPICO 4 – MAGNETISMO E ELETROMAGNETISMO APLICADO À RADIOLOGIA...41 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................41 2 FUNDAMENTOS DO MAGNETISMO ........................................................................................41 2.1 FORÇA MAGNÉTICA X CAMPO MAGNÉTICO....................................................................45 3 FUNDAMENTOS DO ELETROMAGNETISMO ........................................................................47 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................56 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................58 TÓPICO 5 – RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA .........................................................................61 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................61 2 ONDA ELETROMAGNÉTICA ........................................................................................................62 3 RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES ..................................................................65 3.1 O PROCESSO DE IONIZAÇÃO ..................................................................................................66 3.2 A TEORIA DO QUANTA .............................................................................................................67 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................69 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................70 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................71 sumáRio VIII UNIDADE 2 – ELEMENTOS DA RADIOLOGIA...........................................................................73 TÓPICO 1 – EQUIPAMENTO E ACESSÓRIOS UTILIZADOS NO RAIOS X CONVENCIONAL .........................................................................................................75 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................75 2 ESTRUTURA DO EQUIPAMENTO DE RAIOS X ......................................................................75 2.1 O CABEÇOTE .................................................................................................................................76 2.2 TUBO DE RAIOS X ........................................................................................................................78 2.3 A ESTATIVA ...................................................................................................................................79 2.4 MESA DE EXAMES .......................................................................................................................80 2.5 BUCKY MURAL OU SUPORTE VERTICAL .............................................................................81 2.6 PAINEL DE COMANDO ..............................................................................................................82 2.7 GERADOR DE ALTA TENSÃO ...................................................................................................84 2.8 UNIDADE MONOFÁSICA X UNIDADE TRIFÁSICA ...........................................................87 3 ACESSÓRIOS DO EQUIPAMENTO DE RAIOS X .....................................................................90 3.1 LIMITADORES DE FEIXE ............................................................................................................91 3.2 GRADE ANTIDIFUSORA ............................................................................................................95 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 TÓPICO 2 – RECEPTORES DE IMAGEM ANALÓGICO E DIGITAL ......................................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 O SISTEMA FILME-ÉCRAN ............................................................................................................103 2.1 CHASSI ............................................................................................................................................103 2.2 ÉCRAN ............................................................................................................................................104 2.3 FILME RADIOGRÁFICO .............................................................................................................107 2.4 FILME DE IMPRESSÃO A SECO ................................................................................................109 2.5 PLACA DE FÓSFORO FOTOESTIMULÁVEL ..........................................................................110 2.6 DETECTOR CINTILADOR – FLAT PANEL ...............................................................................111 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................113 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114 TÓPICO 3 – CÂMARA ESCURA E O PROCESSAMENTO DO FILME RADIOGRÁFICO .............................................................................................117 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117 2 FORMAÇÃO DA IMAGEM LATENTE .........................................................................................117 3 PROCESSAMENTO PARA VISUALIZAÇÃO DA IMAGEM VISÍVEL .................................119 4 CÂMARA ESCURA ............................................................................................................................120 4.1 A PARTE SECA DA CÂMARA ESCURA ..................................................................................120 4.2 A PARTE ÚMIDA DA CÂMARA ESCURA ..............................................................................122 4.3 PROCESSADORA AUTOMÁTICA ............................................................................................124 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................129 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130 TÓPICO 4 – TÓPICOS DE RADIOLOGIA DIGITAL ...................................................................131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 O SISTEMA DE RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA - CR .............................................132 2.1 ALTERAÇÕES NA ROTINA TÉCNICA COM O USO DO CR ..............................................132 2.2 PROCESSO DE FORMAÇÃO DA IMAGEM DIGITAL NO CR .............................................133 3 O SISTEMA DE RADIOGRAFIA DIGITAL – DR.......................................................................135 IX 3.1 ALTERAÇÕES NA ROTINA TÉCNICA COM O USO DO DR ..............................................135 3.2 PROCESSO DE FORMAÇÃO DA IMAGEM DIGITAL NO DR ............................................136 4 VANTAGENS DO USO DA IMAGEM DIGITAL NA RADIOLOGIA GERAL ....................138 5 A PRÁTICA DA TELERRADIOLOGIA .........................................................................................1396 VISUALIZAÇÃO DA IMAGEM DIGITAL...................................................................................140 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................143 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................144 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................145 UNIDADE 3 – IMAGEM RADIOGRÁFICA ....................................................................................147 TÓPICO 1 – PRODUÇÃO DA RADIAÇÃO NO TUBO DE RAIOS X .......................................149 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149 2 COMPONENTES DO TUBO DE RAIOS X ...................................................................................149 2.1 AMPOLA .........................................................................................................................................150 2.2 CÁTODO .........................................................................................................................................150 2.3 ÂNODO ...........................................................................................................................................152 3 PRODUÇÃO DOS RAIOS X DENTRO DO TUBO .....................................................................154 3.1 PRODUÇÃO DOS RAIOS X POR FREAMENTO .....................................................................155 3.2 PRODUÇÃO DE RAIOS X POR SALTOS ELETRÔNICOS .....................................................155 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................157 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................158 TÓPICO 2 – PRINCÍPIO FÍSICO DOS RAIOS X ...........................................................................159 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159 2 PRINCÍPIO FÍSICO DOS RAIOS X................................................................................................159 2.1 ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA ...............................................................159 3 CARACTERÍSTICAS DOS RAIOS X .............................................................................................160 3.1 PROPRIEDADES DOS RAIOS X .................................................................................................161 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................162 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163 TÓPICO 3 – INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA ................................................165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165 2 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM O CORPO DO PACIENTE ...........................................165 2.1 EFEITO FOTOELÉTRICO .............................................................................................................165 2.2 EFEITO COMPTON ......................................................................................................................167 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................169 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170 TÓPICO 4 - FATORES TÉCNICOS PARA EXPOSIÇÃO RADIOGRÁFICA ............................173 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173 2 FATORES DE EXPOSIÇÃO ..............................................................................................................173 2.1 TENSÃO (kVp) ...............................................................................................................................173 2.2 CORRENTE (mA) ..........................................................................................................................176 2.3 TEMPO DE EXPOSIÇÃO (S) ........................................................................................................178 2.4 DISTÂNCIA ....................................................................................................................................181 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................184 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................185 X TÓPICO 5 – 2 FATORES DE QUALIDADE DE IMAGEM RADIOGRÁFICA .........................187 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................187 2 FATORES DE QUALIDADE DE IMAGEM RADIOGRÁFICA ................................................187 2.1 DENSIDADE RADIOGRÁFICA (ÓPTICA) ...............................................................................187 2.2 CONTRASTE RADIOGRÁFICO .................................................................................................190 2.3 NITIDEZ RADIOGRÁFICA .........................................................................................................191 2.4 DISTORÇÃO ..................................................................................................................................193 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................195 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................197 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................198 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................199 1 UNIDADE 1 CIÊNCIA RADIOLÓGICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a história da descoberta dos raios X e a história da radiologia no Brasil; • compreender a estrutura que compõem a matéria onde haverá interação com a radiação; • compreender alguns conceitos importantes sobre o Eletricidade aplicada à Radiologia; • saber os conceitos importantes sobre o Magnetismo e Eletromagnetismo aplicado à Radiologia; • conhecer os princípios que permeiam as radiações eletromagnéticas. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS TÓPICO 2 – A ESTRUTURA DA MATÉRIA TÓPICO 3 – ELETRICIDADE APLICADA À RADIOLOGIA TÓPICO 4 – MAGNETISMO E ELETROMAGNETISMO APLICADO À RADIOLOGIA TÓPICO 5 – RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ASPECTOS HISTÓRICOS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico conheceremos um pouco da história da descoberta dos raios X, sim, ele foi descoberto e não inventado. Apesar de muitosfísicos e cientistas dedicarem anos estudando os raios catódicos, a história da Radiologia se inicia em 1895 com a descoberta experimental dos raios X, na cidade de Würzburg (Alemanha), pelo físico Wilhelm Conrad Roentgen. Por ser uma energia até então desconhecida, que precisava ser desmistificada, recebeu o nome de “X”, ficando “raios X”. IMPORTANT E Essa descoberta revolucionou a medicina, pois permitiu visualizar o paciente por dentro de forma não invasiva, ou seja, sem abrir partes do corpo humano por meio de intervenção cirúrgica. Isso rendeu a Roentgen o Prêmio Nobel de Física em 1901. Então a medicina passou a utilizar essa poderosa ferramenta na área do diagnóstico por imagem. Logo, o avanço da radiologia em outros seguimentos, como na terapia, por exemplo, fizeram com que as radiações, tanto eletromagnéticas quanto corpusculares, tivessem um importante custo-benefício para sociedade mundial. O primeiro aparelho de raios X veio para o Brasil em 1897, dando início à história da radiologia brasileira que teve grandes nomes que serão vistos por você, acadêmico, neste tópico. Sendo possível traçar uma linha histórica da descoberta dos raios X até a regulamentação da profissão e o surgimento do tecnólogo em radiologia em 1992. UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 4 FIGURA 1 – TUBOS DE RAIOS CATÓDICOS EXPOSTOS NO MUSEU DO ROENTGEN EM WÜRZBURG/ALEMANHA FONTE: O autor 2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RADIOLOGIA Nos trechos a seguir, você vai entender a história da descoberta dos raios X. Segundo Bushong (2010), muitos laboratórios de física estudavam os raios catódicos oriundos de um tubo de vidro com vácuo, chamado Tubo de Crookes (Figura 1). Entre os anos de 1870 e 1880, várias universidades dedicavam-se a esses estudos, pois o tubo de Crookes foi o que deu origem às lâmpadas fluorescentes e aos tubos de raios X que conhecemos atualmente. Porém, foi em 8 de novembro de 1895, ao fazer experimentos com um tubo de raios catódicos, modelo de Crookes, em seu laboratório, que Roentgen descobriu uma energia diferente proveniente do tubo, a qual, posteriormente, chamou de raios X (Figura 2). Era sabido que Roentgen costumava deixar seu laboratório mais na penumbra, para não dizer escuro. Segundo Squire e Novelline (1999), na fria noite de novembro de 1895, Roentgen escureceu mais ainda seu laboratório dentro da Universidade de Würzburg, ao mesmo tempo que revestiu o tubo de Crookes com um papel fotográfico preto, com objetivo de visualizar melhor os efeitos do direcionamento dos elétrons do cátodo para o ânodo dentro do invólucro de vidro com vácuo. Em uma mesa próxima ao tubo, havia um pedaço de papelão com uma substância química (platinocianeto de bário) que, ao ser exposto pela energia desconhecida do tubo de raios catódicos, ficava fluorescente, ou seja, emitia uma singela luz verde cada vez que Roentgen passava uma corrente de elétrons pelo tubo (Figura 3). TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS 5 FIGURA 2 – ROENTGEN E O TUBO DE CROOKES UTILIZADO NA DESCOBERTA DOS RAIOS X FONTE: Bushong (2010, p. 7) FIGURA 3 – ROENTGEN OBSERVANDO O FENÔMENO DA FLUORESCÊNCIA PROVENIENTE DA EMISSÃO DOS RAIOS CATÓDICOS FONTE: <http://www.medicinaintensiva.com.br/roentgen-uti.gif>. Acesso em: 17 jun. 2019. ATENCAO Mesmo o tubo estando todo coberto pelo filme fotográfico, essa energia proveniente do ânodo atravessava a cobertura e chegava até o papelão sobre a mesa. Então, você pode entender aqui, a primeira conclusão que Roentgen chegou: “produziu involuntariamente uma forma de energia radiante, até então desconhecida, que era invisível, podia causar fluorescência e passar através de objetos opacos à luz” (SQUIRE; NOVELLINE, 1999, p. 1). UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 6 Como você leu anteriormente, não foi somente Roentgen quem estudava os raios catódicos, outros físicos e cientistas tiveram a mesma oportunidade de realizar essa descoberta, mas não tiveram a mesma percepção. Segundo Nobrega (2006), William Crookes, físico e químico, considerado um gênio autodidata, escreveu vários trabalhos sobre os raios catódicos, tanto que o tubo recebeu o seu nome. E encontrou várias aplicabilidades para o seu tubo e os raios catódicos: lâmpadas fluorescentes, tubos de televisores e tubos dos monitores de computador. Pode-se dizer que Crookes descobriu os raios X no momento que percebeu que, filmes fotográficos colocados próximos ao tubo ficavam velados por causa dos raios emitidos, uma propriedade dos raios X hoje confirmado nos livros de física, ou seja, deixou passar a oportunidade de descobrir os raios X. A mesma constatação teve o físico alemão Heinrich Hertz, também observou que os raios catódicos sensibilizavam os filmes fotográficos próximos ao tubo, não dando importância ao fato, deixou passar outra oportunidade de descobrir os raios X. Outro pesquisador que teve conclusões interessantes sobre o estudo dos raios catódicos foi Hermann Von Helmholtz, falecido em 1894, foi o primeiro a observar os raios X. Foi ele quem descreveu as propriedades dos raios X (que não possui este nome até então) anos antes de Roentgen, descrevendo uma propriedade importante observada e, descrita em sua teoria do espectro, que os raios tinham a capacidade de atravessar materiais densos. Porém, Helmholtz faleceu um ano antes de Roentgen divulgar sua descoberta, morreu sem saber que suas experiências e constatações estavam corretas. FIGURA 4 – PHILIPP LENARD FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1d/Phillipp_Lenard_ in_1900.jpg/225px-Phillipp_Lenard_in_1900.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2019. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS 7 Todavia, quem ficou mais frustrado com a descoberta de Roentgen foi o pupilo de Heinrich Hertz, o pesquisador húngaro Philipp Lenard (Figura 4). Estudava a fundo os raios catódicos oriundos do tubo de Crookes baseado nas premissas já descritas por Hertz. Segundo Nobrega (2006), Lenard construiu um tubo para realizar seus testes e estudar os raios produzidos fora do tubo com uso de material fosforescente, descobriu em seus testes que os raios se propagavam por até 1cm no ar, atravessavam folhas finas de metal e sensibilizavam filmes fotográficos. Com os relatos das pesquisas feitas com os raios Lenard, como eram chamados, pode-se afirmar que essa energia dos raios catódicos (raios X) era proveniente dos elétrons, ou seja, partículas carregadas. Porém, Lenard acreditava que eram apenas raios catódicos, baseado nas premissas de outros cientistas alemães, não passava de algum tipo de campo magnético. Após saber que Roentgen divulgou a descoberta dos raios X, Lenard travou uma briga reivindicando os créditos pela descoberta. Para piorar a revolta de Lenard, o físico inglês Joseph Thomson (Figura 5) que fazia experimentos sobre as descargas elétricas no tubo de Crookes, divulga em 1897 que os raios catódicos eram elétrons e, com isso, apresentou um novo modelo atômico. Ou seja, foi Thomson quem descobriu o elétron, na verdade algo que Lenard havia descoberto e não deu atenção, ao invés de focar em suas pesquisas, resolveu travar a rivalidade com Roentgen, passando, agora, a tratar Thomson também como seu inimigo. Segundo Cesareo (2010), Lenard foi um grande físico experimental, que foi agraciado pelo Prêmio Nobel de Física em 1905 como recompensa por suas pesquisas e contribuições para sociedade, mesmo assim, não satisfeito, continuava a acusar Roentgen de plagiar sua pesquisa sobre os raios X. Não o bastante, em 1920 iniciou uma forte briga com Albert Einstein (Figura 6) com relação ao éter, a teoria da relatividade e a física quântica. Acusando de ser um tipo de física dos judeus. Na sequência, Lenard se filiou no Partido Nacional-Socialista e agora, como nazista, passou a atacar todos os físicos envolvidos com a teoria da relatividade. Prezado estudante da radiologia, mais adiante você lerá sobre a importância de Einstein também no estudo das radiações eletromagnéticas. ESTUDOS FU TUROS UNIDADE 1 |CIÊNCIA RADIOLÓGICA 8 FIGURA 5 – JOSEPH JONH THOMSON FONTE: <https://www.famousscientists.org/images1/j-j-thomson.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2019. FIGURA 6 – ALBERT EINSTEIN FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/-6OmiC6WahG0/UN_cYsT5VNI/AAAAAAAAAbM/ zHleaDBpzuw/s640/386600_315355665247997_1752626443_n.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2019. Os raios X descobertos por Roentgen possuem comprimento de onda pequena dentro do espectro eletromagnético, ou seja, menor que o comprimento de onda luz visível, assim como ocorre com os raios ultravioleta e infravermelho. Assim sendo, caro acadêmico, os raios X são invisíveis ao olho humano, talvez, por este motivo o fenômeno passou despercebido por muitos cientistas até aquele 8 de novembro de 1895. Por ser uma história do século XIX, por ter causado frustação a vários cientistas da época que estudavam os raios catódicos, há aqueles que possuem uma visão distorcida dos fatos e do trabalho de Roentgen, que publicou apenas três trabalhos sobre seus estudos e descoberta dos raios X, uma quantidade quase inexpressiva para um cientista que fez tal descoberta. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS 9 Como toda história pode possuir mais de uma versão, é importante que o acadêmico de radiologia busque outras fontes complementares para leitura deste tópico, sugerimos, ao leitor, para corroborar com o conteúdo já exposto, o site Física Moderna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, através do endereço na web: http:// www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/mod06/m_s01.html. DICAS Há outra linha histórica que trata, conforme Nobrega (2006), que Roentgen descobriu os raios X, após experimentar um tubo aperfeiçoado de Lenard seguindo as anotações feitas por este e seu professor Helmholtz em que, neste feito, Roentgen descreve o que ocorreu com o feixe de raios catódicos (elétrons) após se chocarem na janela de alumínio inserida no tubo por Lenard. Se essa versão for a real dos fatos, isso pode justificar a revolta de Lenard ao ver Roentgen ganhar os créditos pela descoberta dos raios X. Porém, é inegável a percepção que somente Roentgen, por meio de sua perspicácia e detalhismo, teve da ação dos raios X no papelão com o platinocianeto de bário, sendo o único que deu valor a sua fluorescência e começou a expor diversos objetos, com materiais e densidades diferentes, entre o tubo emissor e o papelão fluorescente. O momento ímpar dos experimentos foi quando Roentgen colocou a própria mão e teve a surpresa de observar a sombra de seus ossos na placa fluorescente, sendo este o marco desta grande descoberta para a medicina, enxergar o corpo humano por dentro. A primeira radiografia oficial da história foi realizada em 22 de dezembro de 1895, em que Roentgen expôs a mão de sua esposa Bertha, colocando-a entre o tubo emissor e um filme fotográfico, segundo Nobrega (2006), estima-se que ficou exposta por cerca de 15 minutos para produzir a imagem (Figura 7). FIGURA 7 – A) ANNA BERTHA ROENTGEN; B) WILHELM C. ROETGEN; C) PRIMEIRA RADIOGRAFIA DA HISTÓRIA FONTE: <https://radiologykey.com/wp-content/uploads/2016/03/B9780323073516000054_ f05-01-9780323073516.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2019. A B C UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 10 Pensando no tempo em que a mão de Bertha ficou exposta, percebe-se que ainda não era sabido os possíveis danos biológicos que os raios X podiam causar nos indivíduos expostos. Para que você tenha ideia do risco em que Roentgen colocou sua esposa e, como a radiologia evoluiu nos dias de hoje com os modernos equipamentos, vamos para uma simples comparação prática: o tempo de exposição para realizar uma radiografia é medido em segundos, variando entre os equipamentos conforme seu rendimento, a primeira radiografia de uma mão feita por Roentgen, levou cerca de 900 segundos (15 minutos), uma radiografia de mão realizada nos dias de hoje, o tempo de exposição é em torno de 0,25 segundos, ou seja, um tempo 3600 vezes menor de exposição aos raios X para obter a imagem radiográfica de uma mão. ATENCAO “Por causa das práticas eficazes de proteção contra as radiações, a radiologia é agora considerada uma profissão segura” (BUSHONG, 2010, p. 11). Na necessidade de melhoramento do rendimento dos tubos fez com que novas descobertas fossem necessárias, Bushong (2010) apresenta duas que revolucionaram a qualidade da produção dos raios X: uma foi a inserção de um transformador para gerar a alta tensão para o tubo, implementado por Snook em 1907. A outra, em 1913, foi a criação de um tubo em que o cátodo era quente, e o processo ocorria no vácuo, apresentado por William D. Coolidge. A grande vantagem do tubo de Coolidge, com vácuo, em comparação aos tubos de Crookes, com gás, era a possibilidade de permitir o controle da passagem de corrente (mA) e a tensão (kVp), ou seja, permitia controlar a intensidade e a energia do feixe de raios X. O tubo de Coolidge é o modelo usado até hoje nos modernos equipamentos de radiologia, cuja energia utilizada são os raios X. 2.1 PANORAMA HISTÓRICO DA RADIOLOGIA BRASILEIRA No Brasil, os raios X chegaram dois anos após a sua descoberta, em 1897 foi instalado o primeiro equipamento em Minas Gerais. Um equipamento bem simples fabricado pela Siemens, ainda com tubo de Crookes, segundo Nobrega (2006), funcionava com baterias e pilhas de 0,75HP, uma tecnologia primaria e não muito eficiente. Logo fez com que seu proprietário, o médico João Carlos Ferreira Pires, instalasse um gerador a gasolina para produzir energia elétrica para o aparelho. Já, segundo a Sociedade Paulista de Radiologia (SPR), a primeira radiografia no Brasil ocorreu em 1896 por pesquisadores. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS 11 IMPORTANT E Apesar de Dom Pedro II, em 1879, ter permitido a instalação de iluminação pública elétrica na atual Central do Brasil e, dois anos depois, na atual Praça da República, ambas no Rio de Janeiro, somente em 1889 entrou em funcionamento a primeira hidroelétrica em Juiz de Fora/MG. Mesmo assim, é importante destacar que na cidade de Formiga/MG, onde foi instalado o aparelho de Raios X, não havia ainda energia elétrica ainda disponível em 1897, por isso a necessidade do uso de baterias e posteriormente, o uso do gerador. FONTE: <http://www.cemig.com.br/pt-br/a_cemig/Nossa_Historia/Paginas/historia_da_ele- tricidade_no_brasil.aspx>. Acesso em: 21 jun. 2019. Um dos grandes nomes da Radiologia no Brasil foi o médico radiologista Álvaro Alvim, que trouxe o primeiro equipamento de Raios X para o Rio de Janeiro, no mesmo ano em que o Dr. Pires instalou em Formiga/MG. Porém, segundo a SPR, ganhou maior notoriedade, inclusive a nível mundial, por radiografar o caso das gêmeas xifópagas, Rosalina e Maria, conseguindo identificar seus órgãos para que fossem separadas com sucesso. O Dr. Alvim também se dedicava à radioterapia, segundo Nobrega (2006), foi o primeiro brasileiro a apresentar problemas em função do uso dos Raios X sem proteção. Teve amputação de dedos, mão e depois antebraço direito, morrendo de leucemia em 1928. Em São Paulo o primeiro aparelho de raios X chegou em 1906, já com energia elétrica disponível, no atual Hospital Santa Catarina situado na Avenida Paulista. Outro grande nome da Radiologia no Brasil foi o médico radiologista Manuel de Abreu, que em 1936 criou a Abreugrafia para radiografar o tórax dos pacientes (Figuras 8 e 9), sendo uma das principais ferramentas para o diagnóstico e tratamento da epidemia de tuberculose na época. A técnica da Abreugrafia consiste no uso de um emissor de raios X, uma placa com tela fluorescente e uma câmera com filme 35mm para registrar a imagem produzida na tela. Manuel de Abreu foi reconhecido mundialmente pela criação da Abreugrafia e pelo estudo da Densitometria Pulmonar. FIGURA 8 – EQUIPAMENTO DE ABREUGRAFIA FONTE: <https://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2015/02/Memoria_abreu_3.jpg>. Acesso em: 21 jun. 2019. UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 12 FIGURA 9 – RESULTADO DE UM EXAMEDE ABREUGRAFIA EM FILME FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/_DQ66ubN4xxk/R3wVPUWwq9I/AAAAAAAAAaI/4rtgQlE- JwE/s400/Digitalizar0037.jpg>. Acesso em: 21 jun. 2019. Considerado o “pai da radiologia”, o médico Nicola Casal Caminha, professor da Faculdade Nacional de Medicina, se especializou em radiologia nos Estados Unidos e Suécia, recebeu esse título por ser considerado o maior formador de médicos radiologistas nas décadas de 60 e 70. Segundo a Academia Nacional de Medicina (ANM), a qual Dr. Caminha era membro, ele recebeu diversos prêmios, teve livros e trabalhos publicados. Foi fundador e professor do programa de Residência Médica em Radiologia no Hospital dos Servidores do Estado do RJ e da Santa Casa de Misericórdia do RJ, onde, neste último local, permaneceu professor até o final da vida, falecendo em 1995. Em 1948, foi fundado o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), pelo médico José Maria Cabello Campos, então professor de Radiologia da Santa Casa de São Paulo. Segundo a SPR, outros nomes importantes na área, professores da Escola Paulista de Medicina e membros do CBR foram os médicos Rafael de Barros e Feres Secaf. Também em destaque, o médico Walter Bonfim Pontes teve importante papel como professor na área da radiologia em Sorocaba/SP, um dos idealizadores da Revista Radiologia Brasileira, e, para nossa área, o idealizador do primeiro curso Técnico de Radiologia no Brasil, no Hospital de Clínicas de São Paulo. Local onde formou-se na primeira turma em 1952, o ilustre Técnico em Radiologia Aristides Negretti (Figuras 10 e 11). TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS 13 FIGURA 10 – ARISTIDES NEGRETTI FONTE: Nobrega (2006, p. 55) FIGURA 11 – ARISTIDES NEGRETTI E DANIEL MACHADO NA JORNADA GAÚCHA DE RADIOLOGIA EM 2007 FONTE: O autor Aristides Negretti iniciou sua carreira em 1946, ainda como operador de raios X, vindo a se aposentar em 1981. Até então, atuando como chefe da parte técnica do Hospital de Clínicas de São Paulo, sendo uma referência técnica para sua equipe. Sempre teve uma participação notória na política da profissão, em 1952 participou da fundação da Associação dos Técnicos em Radiologia de São Paulo (ATRESP) e depois na criação da Federação das Associações dos Técnicos em Radiologia dos Estados do Brasil (FATREB). Esses órgãos eram importantes na época, tendo em vista que ainda não havia a legislação que regulamentava a profissão, então essas associações eram o meio como os profissionais da época fomentavam as melhorias para nossa classe. UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 14 Por meio da FATREB, Aristides Negretti, com apoio do colega Jair Pereira da Silva, também técnico em radiologia, esteve diversas vezes no Congresso Nacional e no Gabinete do Presidente da República pleiteando a regulamentação da profissão. Aristides continua sua jornada em prol da radiologia, produzindo livros, apostilas e palestrando em eventos da radiologia. Também destaque como professor de técnicas radiológicas e autor de livros é o técnico em radiologia Jorge do Nascimento. Além dele, podemos destacar também: Walter Fonseca Braga, José Vicente Lima, Luis Ludovico George, Alzira dos Santos Nascimento, Amilton Guerra, Wilmar Torrano e, uma das referências importantes neste livro de estudos, o autor Almir Inácio da Nóbrega. 2.2 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E O SURGIMENTO DO TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA Como você leu anteriormente, até a década de 80, erámos conhecidos como “operadores de Raios X”, em que nosso apoio legal se baseava na Lei nº 1.234/50. Depois, em 29 de outubro de 1985, foi regulamentada a profissão de técnico em radiologia por meio da Lei nº 7.394/85, regularizada pelo Decreto nº 92.790 de 17 junho de 1986, durante o governo do Presidente José Sarney. Nessa mesma época nasce o Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) e seus respectivos conselhos regionais CRTR’s. O então sistema CONTER/CRTR que deu força a classe e colocou o Técnico em Radiologia entre as 60 profissões regulamentadas no Brasil. O primeiro presidente do sistema foi o técnico em radiologia Jenner Jalne de Morais (1987-1991), depois nos mandatos seguintes o CONTER teve mais oito presidentes, de todos, destacamos uma única mulher, a técnica em radiologia Valdelice Teodoro, que foi a presidente que mais tempo exerceu a função após assumir seu segundo mandato de 2004 a 2017. Com o crescimento do número de técnicos em radiologia, o avanço tecnológico da área, a constante necessidade de atualização e a busca por especializações, não demorou muito a necessidade de surgir um curso superior de graduação na área da radiologia. Somente dessa forma, os profissionais das técnicas radiológicas poderiam galgar os degraus da academia na busca por especializações lato-sensu (pós-graduações) e stricto-sensu (mestrado e doutorado). Então, em 1992, iniciou o primeiro Curso Superior de Tecnologia em Radiologia (Tecnólogo em Radiologia) na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), na cidade de Canoas/RS. Através da Portaria Ministerial nº 1.106, de 5 de setembro de 1995. Já o primeiro curso superior de radiologia no âmbito público iniciou no ano 2000, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS 15 Muita discussão foi fomentada com relação ao surgimento do profissional tecnólogo em radiologia, havia grupos contrários a necessidade desse profissional, grupos que defendiam a necessidade de ser um curso de bacharelado e não um curso tecnológico e, outro grupo, favorável a essa evolução para tecnólogo, dando um novo rumo para a profissão. Enfim, através da Resolução nº 7 de 22 de maio de 1998, veio a regulamentação da profissão de Tecnólogo em Radiologia, sendo assim, neste mesmo ano o sistema CONTER/CRTR passou a aceitar a inscrição deste profissional no sistema. Porém, sem atribuições definidas e nem diferenciação de piso salarial. Entenda, caro acadêmico, que sua futura profissão é tão nova comparada às demais profissões da área da saúde, que somente em 2011 que o Tecnólogo em Radiologia passou a ser reconhecido pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o número 3241-20. Em maio de 2012 surge a Resolução nº 2 do CONTER que finalmente define as atribuições do tecnólogo em radiologia, resolução, esta, atualizada em 11 de julho de 2015 pela Resolução CONTER nº 10. Vale a pena, você, estudante das técnicas radiológicas, fazer a leituras destas resoluções no site do CONTER, afinal é mais do que justo que você, como futuro profissional da área, possa compreender melhor suas áreas de atuação dentro da profissão. Assim como a diferença entre o profissional técnico e tecnólogo em radiologia. • http://www.conter.gov.br/uploads/legislativo/resolucao_n._102015.pdf • http://www.conter.gov.br/uploads/legislativo/n._02_2012_derrogada.pdf DICAS Com base nos dados do CONTER, atualizados em 8 de novembro de 2018, atualmente são cerca de 120 mil profissionais das técnicas radiológicas habilitados e devidamente inscritos no sistema CONTER/CRTR, atuando em clínicas e hospitais, públicos e privados em todo o Brasil. Em virtude da data da descoberta dos raios X por Roentgen, o dia 8 de novembro ficou definido como o Dia da Radiologia, dia comemorado por todos os Profissionais das Técnicas Radiológicas, ou seja, comemorado por Auxiliares, Técnicos e Tecnólogos em Radiologia e, também, por Médicos Radiologistas. 16 Neste tópico, você aprendeu que: • Os raios X foram descobertos em 1895, por um físico alemão chamado Wilhelm Conrad Roentgen. • Os aspectos históricos da descoberta dos raios X não envolveram apenas as pesquisas de Roentgen, tiveram outros cientistas, dentre eles, uma figura inusitada chamada Philipp Lenard. • Roentgen, ao estudar os raios catódicos em um tubo de Crookes, quando permitia a passagem de corrente elétrica pelo tubo, percebeu o fenômeno da fluorescência em um papelão com platinocianeto de bário, colocado próximo ao tubo. • Roentgen produziu, involuntariamente, uma energiaradiante, até então desconhecida, que era invisível, podia causar fluorescência e passar através de objetos opacos à luz, o que depois denominou de raios X. • A primeira radiografia da história foi da mão de Anna Bertha Roentgen, esposa de Roentgen. • O tubo de Crookes foi aperfeiçoado e ganhou o nome de tubo de Coolidge, modelo utilizado até hoje nos modernos equipamentos de radiologia emissores de raios X. • No Brasil, o primeiro aparelho emissor de raios chegou em 1897, na cidade de Formigas em Minas Gerais, ainda com tubo de Crookes. Porém, segundo a Sociedade Paulista de Radiologia (SPR), a primeira radiografia no Brasil ocorreu em 1896 por pesquisadores. • Nos aspectos históricos da radiologia no Brasil, destacam-se o médico Álvaro Alvim que desenvolveu os primeiros efeitos nocivos causados pela exposição em demasia às radiações ionizantes. E o médico Manuel de Abreu, criador na famosa Abreugrafia. • Na retrospectiva histórica dos primórdios da radiologia brasileira podemos elencar grandes nomes como os médicos: João Carlos Ferreira Pires, Nicola Casal Caminha, José Maria Cabello Campos, Rafael de Barros, Feres Secaf e Walter Bonfim Pontes. • O primeiro curso técnico de radiologia foi criado pelo médico Walter Bonfim Pontes, no Hospital de Clínicas de São Paulo, onde em 1952 se formou a primeira turma de técnicos em radiologia do Brasil. Entre os formandos estava o técnico em radiologia Aristides Negretti, que, juntamente com outros nomes, foi um dos que lutaram pela regulamentação da profissão no Brasil. • O primeiro curso superior de tecnologia em radiologia surgiu em 1992 em uma universidade do Rio Grande do Sul, sendo reconhecido pela CBO somente em 2011, tendo suas atribuições definidas pelo CONTER na Resolução nº 2 de 2012. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Considerando os aspectos históricos sobre a descoberta dos raios e seus pesquisadores, assinale, a seguir, a alternativa CORRETA, que determina o nome do cientista que foi considerado o descobridor dos raios X, e em que ano foi descoberto ocorreu a descoberta? a) ( ) 1885, por Wilhelm Roentgen. b) ( ) 1895, por Wilhelm Roentgen. c) ( ) 1895, por Philipp Lernard. d) ( ) 1895, por Marie Curie. e) ( ) 1895, por Crookes. 2 Na história da descoberta dos raios X, existiram vários tipos de tubos utilizados para estudar os raios catódicos, seguindo o que foi exposto neste tópico do seu livro didático, assinale, a seguir, qual o modelo de tubo de raios catódicos que Roentgen utilizou em seus experimentos? a) ( ) Tubo de Crookes. b) ( ) Tubo de Coolidge. c) ( ) Tubo de Lenard. d) ( ) Tubo de Raios X. e) ( ) Tubo de Dalton. 3 No Brasil, houve uma epidemia de tuberculose que matou muitas pessoas, essa epidemia foi mundial. Para facilitar e reduzir o custo do diagnóstico, em 1936 um médico brasileiro criou a Abreugrafia. Equipamento composto por um emissor de raios X, uma placa com tela fluorescente e uma câmera com filme 35mm para registrar a imagem produzida na tela. Esse médico ficou conhecido mundialmente e entrou para história da radiologia, estamos falando de: a) ( ) Álvaro Alvim. b) ( ) Aristides Negretti. c) ( ) Feres Secaf. d) ( ) Manuel de Abreu. e) ( ) Walter Bonfim Pontes. AUTOATIVIDADE 18 19 TÓPICO 2 A ESTRUTURA DA MATÉRIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, aprenderemos os conceitos fundamentais sobre a estrutura da matéria na qual ocorrerá a interação das radiações eletromagnéticas. “A menor partícula da matéria foi pelos gregos denominada de ‘átomo’, termo que significa ‘indivisível’. Essa partícula era considerada sólida, de tamanho tão reduzido que era indivisível, estava em movimento, e por era cercada de vazios (MOURÃO, 2009, p. 21). Nós, como seres humanos, assim como tudo que nos cerca, somos constituídos por matéria, ou seja, a combinação de um determinado conjunto de átomos denominado de moléculas. São nestes átomos que ocorrerão o fenômeno de interação com a radiação que nos permitirá produzir imagens do interior dos pacientes, diferenciando tecidos normais de áreas patológicas. Sua estrutura básica é um núcleo, onde encontramos, em seu interior, os prótons, nêutrons e algumas subpartículas, envolto por uma eletrosfera carregada com elétrons. Porém, a sua estrutura foi estuda e descrita por vários cientistas, até chegar no modelo aceito hoje pela comunidade científica, descrições que serão estudadas a seguir neste tópico. 2 O ESTUDO DO ÁTOMO Conforme corrobora a citação anterior de Mourão (2009), os conceitos mais antigos da civilização referente ao estudo do átomo vêm dos gregos, em pesquisas realizadas muitos anos antes de Cristo (a.C.). Segundo Bushong (2010), os cientistas inicialmente pensaram que toda matéria era oriunda de um ou, da mistura de algum, dos quatro elementos básicos: terra, água, ar e fogo. Ou seja, um determinado objeto ou corpo tinha origem em um destes elementos e poderia ser molhado, seco, quente ou frio. Uma teoria foi fundada por alquimistas medievais, desde então é incansável as pesquisas para determinar a verdadeira estrutura da matéria. UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 20 • Modelo atômico de Dalton: algumas décadas antes da descoberta dos raios X por Roentgen, já no século XIX, a teoria atômica moderna começou a contrapor a base teórica dos gregos sobre a estrutura da matéria. Em 1808, o cientista inglês John Dalton apresenta uma teoria interessante sobre a constituição atômica da matéria, que cada tipo de elemento era composto por átomos idênticos que reagiriam quimicamente entre si da mesma forma. Baseava suas premissas nas seguintes hipóteses: ◦ Tudo que existe na natureza é composto por diminutas partículas denominadas átomos. ◦ Os átomos são redondos, maciços, indivisíveis e indestrutíveis. ◦ Existe um pequeno número de elementos químicos diferentes na natureza (até então não existia tabela periódica). ◦ Reunindo átomos iguais ou diferentes nas variadas proporções, podemos formar todas as matérias do universo conhecidos. ◦ O átomo era um sistema contínuo. 1858 – Dmitri Mendeleev mostrou que os elementos dispostos em ordem crescente de massa atômica, uma repetição periódica das propriedades químicas semelhantes ocorreria. Isso resultou na primeira tabela periódica conhecida composta por 65 elementos conhecidos até então (BUSHONG, 2010, p. 40). • Modelo atômico de Thomson: como você pode ler na história da descoberta dos raios X lá no Tópico 1, por volta de 1897, o físico inglês Joseph Thomson fazia experimentos sobre as descargas elétricas em um tubo de Crookes, quando descobriu que os raios catódicos eram elétrons e com isso apresentou um novo modelo atômico. O modelo atômico proposto por Thomson, o descobridor do elétron, é uma teoria sobre a estrutura atômica descrevendo a relação entre a carga e a massa do elétron, antes do descobrimento do próton ou do nêutron. O átomo é composto de elétrons embebidos numa sopa de carga positiva, como as passas num pudim (Figura 12). Acreditava-se que os elétrons se distribuem uniformemente no átomo. Em outras oportunidades, postulava-se que no lugar de uma sopa de carga positiva seria uma nuvem de carga negativa (Figura 13). FIGURA 12 – PUDIM DE PASSAS ILUSTRANDO O MODELO DE THOMSON FONTE: <http://www.profpc.com.br/evolu%C3%A7%C3%A3o_at%C3%B4mica_arquivos/ image007.jpgl>. Acesso em: 21 de jun. 2019. TÓPICO 2 | A ESTRUTURA DA MATÉRIA 21 FIGURA 13 – ILUSTRAÇÃO DIAGRAMADA DO MODELO ATÔMICO DE THOMSON FONTE: <https://www.vestibulandoweb.com.br/quimica/teoria/modelo-de-thomson.jpg>. Acesso em: 21 de jun. 2019. Outro achado importante de Thomson foi que o átomo era eletricamente neutro, ou seja, apesar de tamanho de massa diferente, a quantidade de prótons e elétrons no átomo eram iguais. • Modelo atômico de Rutherford: segundo Mourão (2009), Ernest Rutherford descobriu o núcleo do átomo em 1912. A partir disso, em seu modelo atômico, propôs que toda a massa do átomo estava concentrada namenor parte deste, ou seja, no núcleo. Já a maior parte do átomo era a eletrosfera, podendo ser de 10.000 até 100.000 vezes maior que o núcleo; na eletrosfera, basicamente vazia, orbitavam os elétrons circundando o núcleo, como se fossem planetas no entorno do Sol (Figura 14). FIGURA 14 – MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/57/c4/57c453e235b08-modelo-atomico-de- rutherford.jpg>. Acesso em: 21 de jun. 2019. UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 22 Apesar de tudo, o modelo de Rutherford acabou apresentando uma falha fundamentada pela teoria do eletromagnetismo. Este problema foi corrigido na sequência pelo físico dinamarquês Niels Bohr. • Modelo atômico de Bohr: segundo Bushong (2010), Niels Henry David Bohr em 1913 propôs um modelo atômico que representava uma miniatura do sistema solar, em que os elétrons giravam em torno do núcleo em suas respectivas órbitas com energias específicas, denominada eletrosfera. Toda massa atômica está contida no núcleo (prótons + nêutrons), sendo este muito pequeno, porém denso. Nesse contexto, o modelo atômico dispõe de um átomo sempre eletricamente neutro, ou seja, o número de elétrons contidos na eletrosfera é sempre igual ao número de prótons dentro do núcleo. O modelo atômico de Bohr é o modelo mais adequado utilizado pela ciência atualmente (Figura 15). FIGURA 15 – MODELO ATÔMICO DE BOHR FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/57/c8/57c800bab3a5f-modelo-atomico-de- bohr.jpg>. Acesso em: 24 de jun. 2019. 2.1 PARTÍCULAS E SUBPARTÍCULAS As partículas elementares são: prótons, nêutrons e elétrons; lembramos, caro acadêmico, que as duas primeiras se encontram dentro do núcleo e a última na parte externa, denominada eletrosfera. TABELA 1 – OS VALORES DE MASSA E CARGA ELÉTRICA DAS PARTICULAS ELEMENTARES FONTE: Adaptado de Hironaka et al. (2012, p. 14) PARTÍCULA MASSA RELATIVA CARGA RELATIVA PRÓTONS (P) 1 1 NÊUTRONS (N) 1 0 ELÉTRONS (E) 1/1840 -1 TÓPICO 2 | A ESTRUTURA DA MATÉRIA 23 Conforme trata Bushong (2010), no estudo da física nuclear, com o uso de aceleradores de partículas, já foram descobertas mais de 100 partículas subatômicas ou denominadas de subpartículas, podemos citar algumas: quarks, léptons, glúons, bósons, entre outras; vamos exemplificar uma aplicabilidade prática dessas subpartículas: os quarks que compõem os núcleons (prótons e nêutrons), são mantidos unidos por influência dos glúons (Figura 16). Apesar de relevante para o conhecimento do estudante da física aplicada à radiologia, as subpartículas têm pouca importância na aplicabilidade nesta área do diagnóstico por imagem. FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DEMONSTRANDO ALGUMAS SUBPARTÍCULAS FONTE: <https://www.algosobre.com.br/images/stories/fisica/atomo01.gif>. Acesso em: 25 de jun. 2019. ATENCAO As partículas elementares ou fundamentais são somente os prótons, nêutrons e elétrons. As partículas elementares têm a extrema importância para caracterização de um átomo, pois, com base nestas partículas que será possível determinar o número atômico do elemento e seu número de massa. • Número atômico (Z): é a quantidade de prótons presentes no núcleo de um átomo. • Número de massa (A): é a soma da quantidade de prótons e a quantidade de nêutrons existentes no núcleo de um átomo. UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 24 Para representação de átomo, foi convencionado que os números atômicos e de massa devem ser colocados junto com o seu símbolo, senso que o número atômico deve estar no canto inferior esquerdo e o número de massa, preferencialmente no canto superior esquerdo (AUGUSTO, 2009, p. 15). Na tabela periódica, o símbolo de um elemento é formado pela primeira letra do seu nome em maiúsculo, se houver outro elemento com a mesma letra inicial, então deve ser usada a segunda letra de seu nome em minúsculo. Exemplo: o hidrogênio (H) e o Hélio (He). Outra caracterização importante do átomo que é possível determinar observando a distribuição das partículas elementares é se estes são: isóbaros, isótonos ou isótopos. Sendo este último o mais importante com aplicações na radiologia diagnóstica e terapêutica, utilizados na medicina nuclear, radioterapia e PET/CT. A seguir, será explicado cada um destes: • Isóbaros: átomos que possuem a mesma massa atômica (A), e se diferem pelo número atômico (Z). • Isótonos: átomos que possuem o mesmo número de nêutrons, e se diferem pelo número de massa (A) e número atômico (Z). • Isótopos: átomos de um mesmo elemento químico que apresentam o mesmo número atômico (Z), mas diferem quando ao número de nêutrons. Ou seja, alteram sua massa durante o processo, mas preservam o número de prótons em função de possuírem o mesmo número atômico. Prezado acadêmico, tratando das partículas elementares, até o momento você observou falarmos apenas dos prótons e dos nêutrons, a seguir vamos tratar agora dos elétrons e a distribuição eletrônica em suas camadas e subcamada da eletrosfera. • Energia de ligação: existe uma força chamada de energia de ligação do elétron, oriunda do poder de atração e repulsão elétrica ocasionado pelo fato do núcleo ter carga positiva e o elétron carga negativa. Com base nisso, pode se afirmar, conforme postulado por Bohr em seus experimentos, que elétrons que ocupam órbitas mais internas, ou seja, mais próximos do núcleo, possuem maior energia de ligação. Já elétrons que estão mais afastados do núcleo, nas camadas mais externas, possuem menor energia de ligação. Para exemplificar e facilitar o entendimento, Tilly Júnior (2010) trata que a energia do elétron nas camadas K, a mais próxima, pode ser mensurada em kiloeletrovolt (keV), já nas camadas mais externas P e Q apenas em eletrovolt (eV). TÓPICO 2 | A ESTRUTURA DA MATÉRIA 25 ATENCAO O Sistema Internacional de Medidas preconiza que a energia seja expressa em Joules (J), mas no estudo da física das radiações é comum o uso dessa medida expressa em eletrovolt (eV). Não confundir com Kilovolt (kV) usado na técnica de exposição para realização de exames. Para conversão de Joule em eletrovolt, basta aplicar a constante: 1,602 x 10-19 J = 1eV. • Distribuição eletrônica: a eletrosfera é dividida em sete camadas eletrônicas nomeadas a partir do núcleo do átomo, dividida em subníveis nos quais vamos encontrar distribuídos os elétrons. Todavia, não podem simplesmente serem largados na eletrosfera, pois existe uma regra, uma sequência a ser seguida. Visto que depende do número de elétrons que cada subnível pode armazenar. As camadas são nomeadas de K, L, M, N, O, P e Q; já seus subníveis são nomeados pelas letras s, p, d e f. Quantos elétrons cabem em cada subnível? Vamos lá: • Subnível s: 2 elétrons. • Subnível p: 6 elétrons. • Subnível d: 10 elétrons. • Subnível f: 14 elétrons. As camadas que vão de K até Q também podem ser representadas por números de 1 até 7 de acordo com seu nível de energia, sendo 1 para camada K de menor energia e o 7 para camada Q de maior energia. ATENCAO Não queremos que você, estudante de radiologia, se confunda! Por isso este ponto de atenção: veja bem, as camadas eletrônicas são nomeadas a partir do núcleo de acordo com seu nível de energia, ou seja, a de menor energia (1) fica mais próxima do núcleo e a de maior energia (7) mais afastada do núcleo. Porém, os elétrons nas camadas menos energéticas possuem maior energia de ligação; enquanto os elétrons nas camadas de maior energia, possuem menor energia de ligação. Ou seja, a energia da camada eletrônica é inversamente proporcional à energia de ligação do elétron no subnível desta camada. Com base nos estudos de um americano, especialista em química quântica, chamado Linus Carl Pauling, é possível descrever a distribuição eletrônica em um diagrama denominado de Diagrama de Linus Pauling. Demonstrando que os elétrons são distribuídos nas camadas em ordem crescente de energia, conforme demonstram as linhas vermelhas (Figura 17). UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA 26 TABELA 2 – DEMONSTRAÇÃODA DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA FONTE: O autor Camadas Nível de Energia Subníveis de Energia baseado no Diagrama de Linus Pauling Número máximo de Elétrons por Camada K 1 1s 2 L 2 2s 2p 8 M 3 3s 3p 3d 18 N 4 4s 4p 4d 4f 32 O 5 5s 5p 5d 5f 32 P 6 6s 6p 6d 18 Q 7 7s 7p 2 FIGURA 17 – DIAGRAMA DE LINUS PAULING FONTE: <https://querobolsa.com.br/enem/quimica/distribuicao-eletronica>. Acesso em: 25 de jun. 2019. A tabela anterior nos permite visualizar a correlação das camadas, seus níveis de energia, os subníveis baseados no diagrama e o número máximo de elétrons que podem ser encontrados em cada camada. TÓPICO 2 | A ESTRUTURA DA MATÉRIA 27 NOTA Tendo em vista tudo que foi exposto até aqui, determinaremos o conceito de um átomo como sendo a menor partícula da matéria, que tem todas as propriedades de um elemento e pode participar de reações químicas se arranjando com outros átomos formando moléculas. Para finalizar esse conteúdo do Tópico 2, destacamos um dos postulados importantes de Bohr, com relação a posição do elétron em sua respectiva camada: quando um elétron está em uma camada permitida, ou seja, onde é o local dele, este se movimenta em movimento circular sem emitir qualquer tipo de energia. Porém, quando este muda de camada orbital causado por algum evento que produza a excitação nele, ao retornar para sua camada de origem, neste momento, passa a ser emissor momentâneo de energia eletromagnética. Acadêmico, esse postulado será importante para entender a produção de raios X que veremos na próxima unidade deste livro didático. ESTUDOS FU TUROS 28 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Os seres humanos, assim como tudo que nos cerca, são constituídos por matéria, que por sua vez, é composta por átomos. • O átomo é a menor partícula da matéria, tem todas as propriedades de um elemento e pode participar de reações químicas se arranjando com outros átomos, formando as moléculas. • Antes de conhecer o átomo, cientistas acreditavam que toda a matéria era originada da mistura dos elementos terra, água, ar e fogo. • Existiram alguns modelos atômicos criados por alguns cientistas, mas o modelo adotado é o de Bohr. • O modelo atômico de Dalton trouxe a premissa de que o átomo era pequeno, redondo, maciço, indivisível e indestrutível, como se fosse uma bola de bilhar. • O modelo atômico de Thomson permitiu a descoberta do elétron, e que o átomo era eletricamente neutro. No seu modelo de “pudim de passas”, afirmou que o volume central era positivo e no entorno estavam espalhados os elétrons negativos. • O modelo atômico de Rutherford permitiu a descoberta do núcleo do átomo, nessa teoria, Rutherford afirmava que o núcleo era muito pequeno, porém continha toda a massa do átomo. Já a eletrosfera onde orbitavam os elétrons era vazia e podia ser de 10.000 a 100.000 vezes maior que o núcleo. Foi o primeiro cientista a trazer o modelo similar à distribuição do sistema solar. Havia uma falha na teoria em algumas premissas de Rutherford que foram corrigidas por Niels Bohr, tornando o seu modelo mais adequado. • As partículas elementares são os prótons, nêutrons e elétrons. • Existem subpartículas como quarks, glúons, léptons, entre outras, porém tem pouca aplicabilidade na área do diagnóstico por imagem. • Dentro do núcleo encontramos os prótons e nêutrons (também as subpartículas). • A eletrosfera é dividida em sete camadas eletrônicas nomeadas a partir do núcleo do átomo, dividida em subníveis nos quais vamos encontrar distribuídos os elétrons. • As camadas são nomeadas de K, L, M, N, O, P e Q, já seus subníveis são nomeados pelas letras s, p, d e f. 29 1 Com seu conhecimento sobre atomística, relacione o cientista com seus respectivos ensinamentos sobre a estrutura atômica que foram descritos ao longo dos anos. Após concluída a relação, assinale qual a alternativa CORRETA: (1) John Dalton. (2) Joseph Thomson. (3) Ernest Rutherford. (4) Niels Bohr. ( ) Disse que o átomo era maciço, indivisível e indestrutível. ( ) Modelo adotado como a melhor forma de explicar as interações atômicas e disse que possui orbitas com energias pré-determinadas e quantizadas. ( ) Definiu que o átomo é composto por núcleo e eletrosfera. ( ) Descobriu o elétron, consequentemente que havia eletricidade envolvida no estudo atômico. a) ( ) 1, 2, 3 e 4. b) ( ) 1, 4, 2 e 3. c) ( ) 2, 4, 2 e 3. d) ( ) 1, 4, 3 e 2. e) ( ) 1, 3, 2 e 4. 2 Os seres humanos, assim como tudo que os cerca, são constituídos por matéria, ou seja, a combinação de um determinado conjunto de átomos denominado de moléculas. Neste contexto, assinale, a seguir, qual a alternativa que melhor define o conceito de átomo? a) ( ) É a menor estrutura neutra da matéria capaz de tornar-se parte das reações químicas. b) ( ) É a menor estrutura da matéria capaz de emitir radiação quando se encontra estável. c) ( ) É o único elemento molecular que possui elétrons em seu núcleo, sendo que, conforme seu número atômico, poderá variar número de prótons, nêutrons e elétrons em sua composição, tornando-o sempre radioativo. d) ( ) O átomo é uma partícula elementar que compõe qualquer tipo de matéria. e) ( ) Os átomos são indivisíveis e indestrutíveis. 3 Segundo Bushong (2010), no estudo da física nuclear, com o uso de aceleradores de partículas, já foram descobertas mais de 100 partículas subatômicas ou denominadas de subpartículas, mas sabe-se que possuem pouca importância na física aplicada à radiologia. Por outro lado, as partículas elementares são de suma importância para o estudo do eletromagnetismo, consequentemente, para radiologia. Cite, a seguir, quais são as partículas elementares presentes em um átomo. AUTOATIVIDADE 30 31 TÓPICO 3 ELETRICIDADE APLICADA À RADIOLOGIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, para introduzir esse terceiro tópico, vamos começar com uma simples pergunta: Você consegue se imaginar vivendo sem eletricidade nos dias de hoje? Creio que não! Correto? Nos dias modernos em que vivemos, com a tecnologia que nos rodeia, é impossível imaginarmos a sobrevivência com qualidade sem a energia elétrica ao nosso alcance. Basicamente, todos nossos eletroeletrônicos e eletrodomésticos trabalham com algum tipo de circuito elétrico, sendo alimentado por pilhas, baterias ou plugados diretamente na tomada para receber a corrente elétrica da distribuidora de eletricidade. O estudo da eletricidade começou, aproximadamente, por volta de 500 a.C., por um filósofo da Grécia Antiga chamado Thales de Mileto. Conforme Augusto (2009), há cerca de 2600 anos atrás, Mileto observava os primeiros fenômenos elétricos quando produzia atrito entre uma resina de âmbar (rica em elétrons) contra a lã de uma pele de carneiro. Após o atrito, ao aproximar o âmbar de objetos, percebeu que havia uma pequena atração de corpos leves. Depois no ano de 1600 d.C. (século XVI), o médico inglês William Gilbert fez novos experimentos, percebeu que outras substâncias e objetos, que sofriam atrito com o âmbar, também podiam ser eletrizadas. O Dr. Gilbert descreveu uma característica para esses objetos chamando-os de elétricos. Já observamos a importância da eletricidade nos experimentos que levaram Roentgen a descobrir os raios X, enquanto estudava um tubo de raios catódicos (feixe de elétrons). Neste tópico, você vai aprender os conceitos importantes de eletricidade que serão base para o entendimento da formação dos raios X no tubo, pois a energia utilizada para produzir as imagens, seja nos raios X convencionais, tomografia computadorizada, mamografia, entre outros, é a conversão de energia elétrica em energia eletromagnética. 2 ELETROSTÁTICA A eletrostática é o estudo das cargas elétricas estacionárias, ou seja, aquelas que não estão em movimento. Portanto, só um momento: o que são cargas elétricas? 32 UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA É uma propriedade atribuída aos corpos que trocam forças elétricas (interações eletromagnéticas)denominada de carga elétrica, ou seja, a quantidade de eletricidade de um corpo. Sendo cargas positivas, representadas pelos prótons e, as cargas negativas, representadas pelos elétrons. A quantidade de eletricidade (carga) que possui um próton é de 1,6 x 10-19 Coulomb (C), já a quantidade de eletricidade (carga) que possui um elétron é de -1,6 x 10-19 C. Com isso, percebe-se que próton e elétron possuem a mesma carga elétrica (quantidade de eletricidade), porém, com sinais opostos. Portanto, foi determinado a constante chamada de carga elementar sendo: e = 1,6 x 10-19 C. Vamos refletir! Será que o fato descrito a seguir já ocorreu com você alguma vez? Leia atentamente! Certa vez você estava caminhando tranquilamente e, de repente, ao tocar em algo metálico leva um choque. Isso pode acontecer ao abrir a porta de um carro, subir no ônibus, tocar em carrinhos de supermercado etc.; e você fica ali sem entender o porquê do fenômeno. Todavia, de onde vem a eletricidade que ocasionou esse choque? A eletricidade está em toda a matéria, pois a matéria é composta por átomos e estes, por sua vez, possuem cargas elétricas (prótons + elétrons). Então, essa energia já estava ali no carro, ônibus e demais objetos que tocou, causada por algum tipo de atrito, até mesmo pelo ar. O que provavelmente aconteceu é que esse excesso de energia descarregou em você quando tocou no objeto metálico, pois tanto nós quanto os objetos metálicos somos considerados condutores, pelo fato de termos elétrons livres e em movimento na nossa composição atômica. Pois, se estivermos carregados com cargas positivas em excesso, ficamos eletrificados ao tocarmos em algo carregado negativamente, com excesso de elétrons (também eletrificado), as cargas irão se atrair e os elétrons vão passar pelo nosso corpo, sentimos isso na forma de um choque elétrico. Outro exemplo de eletrificação pode ser observado ao passar um pente no cabelo várias vezes e depois aproximá-lo de um pedaço pequeno de papel, passar uma régua em um agasalho de lã, entre outros, são experimentos que você pode ler a respeito na internet e reproduzir em casa, como uma forma lúdica de aprendizado. O choque, aquela sensação sentida em choques elétricos de baixa intensidade, nada mais é que sentir a corrente elétrica passar em nosso corpo, o perigo é o aquecimento provocado pelos choques de alta intensidade que causam queimaduras e podem levar a morte. Segundo Bushong (2010), existem quatro Leis eletrostáticas que devem ser observadas: TÓPICO 3 | ELETRICIDADE APLICADA À RADIOLOGIA 33 1- Cargas opostas se atraem e cargas iguais se repelem, ou seja, possuem força eletrostática. Isso ocasionado pela presença de campo elétrico presente nas cargas elétricas. 2- A magnitude da força eletrostática é dada pela Lei de Coulomb, que possui a seguinte premissa: a força eletrostática é diretamente proporcional a quantidade de cargas elétricas, por outro lado, inversamente proporcional ao quadrado da distância entre as cargas. Ou seja, a força de atração ou repulsão é bem forte quando as cargas estão perto e diminui à medida em que elas se afastam. 3- A distribuição de cargas elétricas é uniforme em toda a superfície. 4- No caso de um condutor, as cargas elétricas estarão concentradas na superfície das curvaturas mais acentuadas, ou seja, em pontas salientes que tiver o condutor, como, por exemplo, no plug macho de uma extensão. 3 ELETRODINÂMICA A eletrodinâmica é o estudo das cargas elétricas em movimento. A carga elétrica que se move é o elétron e para que isso ocorra é necessário aplicar um potencial elétrico, ou seja, uma tensão. Então, quando observamos o movimento de elétrons em um fio de cobre, depois de aplicada uma tensão, denominamos esse movimento de corrente elétrica ou eletricidade. Um exemplo simples, para ilustrar um circuito elétrico, por onde passará a corrente elétrica é o uso de uma pilha, uma lâmpada, fio de cobre e um interruptor. FIGURA 18 – ILUSTRAÇÃO DE UM CIRCUITO ELÉTRICO SIMPLES FONTE: <http://dica.ufu.br/images/mostra/lamp.jpg>. Acesso em: 25 de jun. 2019. Com a chave aberta, o circuito não funciona, pois a passagem de corrente da pilha para a lâmpada foi interrompida. Já quando apertamos o interruptor, fechando a chave, o circuito fecha e a corrente elétrica é conduzida até a lâmpada fazendo com que esta funcione. pilha pilha chave aberta (não há corrente) chave fechada lâmpada apagada lâmpada acessa 34 UNIDADE 1 | CIÊNCIA RADIOLÓGICA Segundo Bushong (2010), em 1970, Benjamin Franklin fez suas primeiras experiências com descargas elétricas de raios, oriundos das tempestades, empinando uma pipa com objetos metálicos condutores. Após as pesquisas, descreveu que as cargas elétricas positivas se movimentaram pelo fio da pipa. Por não se conhecer, naquela época, o modelo atômico de hoje, os físicos ainda não trabalhavam com o conceito de movimentação do elétron, assim foi criado, equivocadamente, uma convenção: a corrente elétrica se escoa por um fio, como um “fluido elétrico” que sai pelo polo positivo e retornava pelo negativo. Após descoberto o átomo e tudo que já discutimos até então, foi percebido que quando se aplicava uma força capaz de arrancar os elétrons das camadas mais externa do átomo, chamada tensão, os elétrons são arrancados e atraídos, se movendo do polo negativo para o polo positivo, ou seja, conclui-se que quem se movimenta são as cargas negativas, dando origem ao conceito de sentido real da corrente. 4 CONCEITOS IMPORTANTES EM ELETRICIDADE Prezado acadêmico de radiologia, a seguir vamos expor alguns itens cujo conceito é fundamental para que tenha uma boa compreensão do estudo da eletricidade. • Material condutor: são materiais que possuem cargas elétricas livres em sua composição e permitem a movimentação fácil dessas cargas. São exemplos de materiais condutores: os metais, principalmente o cobre, o ouro e a água. • Sistema eletricamente isolado: são sistemas que não permitem a troca de cargas elétricas entre o corpo do sistema e corpos externos a este. Mantendo, assim, a soma das cargas elétricas constante, em outras palavras, não permite o movimento dos elétrons por esse material. Vidro, borracha, argila, entre outros, são exemplos de materiais isolantes que podem revestir circuitos elétricos, evitando a troca de cargas com o meio externo. Para facilitar o seu entendimento, alguns exemplos de circuitos elétricos isolados são: televisão, secador de cabelo, ferro elétrico, celulares, lâmpadas etc. • Corpo neutro x corpo eletrificado: um corpo está eletricamente neutro quando a soma de suas cargas elétricas é nula, ou seja, quando o número de prótons é igual ao número de elétrons. Um corpo está eletrificado quando a soma de suas cargas elétricas não é nula, ou seja, quando o número de prótons é diferente do número de elétrons. Para isso o corpo ganha ou perde elétrons. • Corrente alternada x corrente contínua: como vimos anteriormente, existe o sentido convencional da corrente, do positivo para o negativo e o sentido real da corrente, do negativo para o positivo. Então, conforme Nobrega (2006), toda vez que o fluxo de cargas elétricas se mantiver em um único sentido, é denominado de corrente contínua, padrão este, utilizado em pilhas e baterias, cujo campo elétrico permanece inalterado no tempo. Já quando o fluxo de cargas elétricas varia periodicamente o seu sentido, fazendo com que o campo elétrico mude de forma periódica no tempo, então, denominamos de corrente alternada, padrão utilizado pelas companhias distribuidoras de energia elétrica. TÓPICO 3 | ELETRICIDADE APLICADA À RADIOLOGIA 35 Importante lembrar que nossos equipamentos na radiologia necessitam de corrente contínua para produzir os raios X. • Intensidade de corrente elétrica: é determinada quando for possível mensurar a quantidade de corrente elétrica que está passando por um fio condutor em um determinado espaço de tempo. É medida em ampere (A) e, para medi-la,
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