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2016 AuditoriA e Controle no Setor PúbliCo Profa. Isabella Maria Nunes Ferreirinha Copyright © UNIASSELVI 2016 Elaboração: Profa. Isabella Maria Nunes Ferreirinha Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657.83045 F383a Ferreirinha, Isabella Maria Nunes Auditoria e controle no setor público/ Isabella Maria Nunes Ferreirinha. Indaial : UNIASSELVI, 2016. 226 p. : il. ISBN 978-85-7830-947-3 1. Auditoria – Empresas Públicas. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III APreSentAção Acadêmico(a)! Esse Caderno de Estudos irá apresentar a você o universo de Auditoria e Controle no Setor Público. O estudo é muito importante porque se refere às ferramentas de controle e avaliação dos recursos públicos. Cada vez mais a Administração Pública busca mecanismos para que o processo dos gastos públicos esteja alinhavado com as políticas públicas, em comum com interesses da coletividade, e, principalmente para que seus recursos sejam otimizados e muito bem aplicados. Para tanto, é preciso que o sistema seja muito bem ajustado e que a Administração Pública possa encontrar servidores e profissionais preparados aos serviços de auditoria, controle e controladoria. O processo de transparência tem uma história contemporânea para a Administração Pública e as leis que limitam as suas ações também são recentes, para que a gestão possa desempenhar seu papel diante dos princípios constitucionais e éticos. Na Unidade 1, vamos estudar os conceitos fundamentais da Auditoria, Controle e Controladoria no Setor Público, para que você possa obter uma base teórica e sustentável no momento em que estiver no campo prático que poderá ser um dos seus campos de trabalho. Todavia, mesmo que não seja o seu campo de atuação, ainda assim, o conhecimento das ferramentas de auditoria, controle e controladoria poderão subsidiar quaisquer das práticas profissionais da gestão pública. A Unidade 2 abordará a aplicabilidade desses conceitos ao exercício prático do campo da auditoria e controle. O perfil do profissional, os campos de atuação, os processos, o planejamento de auditoria e controle e, principalmente, a complexidade de acompanhar a gestão financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. Na Unidade 3, você perceberá mais da prática desse nicho profissional, com exemplos práticos, a fim de dar uma oportunidade para você perceber a base conceitual estudada com alguns exemplos práticos no Brasil. Dessa maneira, você poderá consolidar o seu conhecimento e adquirir habilidades, tal como o princípio norteador da UNIASSELVI: “Não basta saber, é preciso saber fazer”. Bons estudos! Sucesso! Profa. Isabella Maria Nunes Ferreirinha IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO .......... 1 TÓPICO 1 – AUDITORIA ...................................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 BREVE HISTÓRICO DA AUDITORIA NO MUNDO ................................................................. 5 3 BREVE HISTÓRICO DA AUDITORIA NO BRASIL.................................................................... 7 4 CONCEITO E NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE AUDITORIA .................................................. 9 5 OBJETIVOS DA AUDITORIA ........................................................................................................... 12 6 ATITUDES NA AUDITORIA ............................................................................................................. 17 7 CLASSIFICAÇÃO DE AUDITORIA ................................................................................................ 17 8 TIPOS DE AUDITORIA ...................................................................................................................... 18 9 TIPOS DE AUDITORES ...................................................................................................................... 24 10 AUDITORIA NO SETOR PÚBLICO .............................................................................................. 24 10.1 CLASSIFICAÇÃO .......................................................................................................................... 26 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 28 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 29 TÓPICO 2 – CONTROLE ....................................................................................................................... 31 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31 2 BREVE HISTÓRIA DE CONTROLE INTERNO NO BRASIL .................................................... 31 2.1 CONTROLE ...................................................................................................................................... 33 2.1.1 Controle interno ...................................................................................................................... 34 2.1.2 Características do controle interno ....................................................................................... 36 2.1.3 Controle interno na administração pública ........................................................................ 37 2.1.4 Princípios do controle interno .............................................................................................. 39 3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS SUBJACENTES AOS COMPONENTES DE CONTROLE .......41 4 REGISTRO NO CONTROLE INTERNO ......................................................................................... 43 4.1 CONTROLE EXTERNO .................................................................................................................. 45 4.2 CONTROLE SOCIAL ...................................................................................................................... 47 RESUMO DO TÓPICO2........................................................................................................................ 49 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 50 TÓPICO 3 – CONTROLADORIA ........................................................................................................ 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51 2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A CONTROLADORIA .................................................................. 54 3 FINALIDADE E ESTRUTURA DA CONTROLADORIA ............................................................ 55 4 PERFIL DO CONTROLLER ................................................................................................................ 57 5 TIPOS DE CONTROLADORIA ........................................................................................................ 59 6 GESTÃO OPERACIONAL ................................................................................................................. 60 7 GESTÃO ECONÔMICA ..................................................................................................................... 62 8 GESTÃO ESTRATÉGICA ................................................................................................................... 62 9 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTROLADORIA ........................................................ 63 10 CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO .................................................................................... 64 11 CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE INTERNO – CONACI ........................................ 66 Sumário VIII LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 69 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 76 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 77 UNIDADE 2 – ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE .................... 79 TÓPICO 1 – SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................ 81 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81 2 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................................... 81 3 AUDITORIA INTERNA E AUDITORIA EXTERNA .................................................................... 83 4 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO DO PODER EXECUTIVO FEDERAL ........................ 87 5 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO ............................................................................................ 90 6 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA........................................................................... 92 7 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA ............................................................................................. 92 9 EXCESSO DE CONTROLE ................................................................................................................. 95 10 SERPRO – SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS ................................. 98 11 SIAFI – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO GOVERNO FEDERAL .............................................................................................................................................. 99 12 SIADS – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS GERAIS ........ 101 13 SIASG – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS......................... 101 14 SIORG – SISTEMA DE INFORMAÇÕES ORGANIZACIONAIS DO GOVERNO FEDERAL ........102 15 SIOP – SISTEMA INTEGRADO DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO ........................... 103 16 SIAPE – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS – SIAPE ..................................................................................................................................................... 104 17 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL ........................................................................................ 105 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 107 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 108 TÓPICO 2 – PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO ................................... 111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 111 3 FORMAS DE CONTROLE INTERNO ............................................................................................. 112 4 PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA ............................................. 114 5 TÉCNICAS DE AUDITORIA ............................................................................................................. 114 6 PLANEJAMENTO EM AUDITORIAS GOVERNAMENTAIS ................................................... 117 7 ELEMENTOS DE AUDITORIA NO SETOR PÚBLICO ............................................................... 118 8 MODELOS DE QUESTIONÁRIOS .................................................................................................. 119 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 131 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 132 TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA .......................................... 133 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 133 2 ÓRGÃOS RELACIONADOS COM OS AUDITORES ................................................................. 133 3 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS ................................................................................... 133 4 INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADORES ............................................................................ 135 5 INSTITUTO DOS AUDITORES INTERNOS DO BRASIL ......................................................... 136 6 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE E CONSELHOS REGIONAIS DE CONTABILIDADE ............................................................................................................................... 137 7 DECLARAÇÃO DE LIMA SOBRE PRECEITOS DE AUDITORIA ........................................... 139 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 141 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 146 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 147 IX UNIDADE 3 – A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS ......................... 149 TÓPICO 1 – INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES .................................................................................... 151 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151 2 CASO 1 – CONTROLE DA FROTA POR FORÇA DE EXIGÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO ............................................................................................................................................... 151 RESUMO DOTÓPICO 1........................................................................................................................ 174 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 175 TÓPICO 2 – GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DO CONTROLE EXTERNO .................. 177 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 177 2 GESTÃO DE PESSOAS ....................................................................................................................... 177 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 187 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 188 TÓPICO 3 – AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS.................................................. 189 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 189 2 GESTÃO DE PATRIMÔNIO .............................................................................................................. 189 3 GESTÃO DAS RECEITAS .................................................................................................................. 201 4 GESTÃO DE LICITAÇÕES ................................................................................................................ 209 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 213 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 218 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 219 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 221 X 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • verificar a história da auditoria; • conceituar auditoria e controle; • identificar os tipos de auditoria e de auditores; • compreender os principais valores, competências e serviços; • analisar a organização de auditoria no setor público; • reconhecer as principais práticas de auditoria e controle no setor público. Esta unidade apresenta-se dividida em três tópicos para facilitar a compreensão do conteúdo. Ao final de cada tópico, há atividades que servirão para revisar, fixar e ajudar a construir seu conhecimento sobre o tema. TÓPICO 1 – AUDITORIA TÓPICO 2 – CONTROLE TÓPICO 3 – CONTROLADORIA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 AUDITORIA 1 INTRODUÇÃO A auditoria surge como um campo profissional de caráter importante para as organizações. É a auditoria que vai auxiliar as organizações, públicas e privadas, no controle das contas e processos. Na verdade, a auditoria é vista como um campo em que os procedimentos contábeis devem ser verificados, a fim de confirmar se as organizações estão tendo os resultados esperados. Assim podemos entender, primeiramente, que a auditoria tem suas raízes nas ciências contábeis, tal como conceituam Franco e Mafra (2000, p. 26) a auditoria: A técnica contábil que – através de procedimentos específicos que lhe são peculiares, aplicados no exame de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmação, relacionados com o controle do patrimônio de uma entidade – objetiva obter elementos de convicção que permitem julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais e normas de contabilidade e se as demonstrações contábeis deles decorrentes refletem adequadamente a situação econômico-financeira e as demais situações neles demonstradas. (FRANCO; MAFRA, 2000, p. 26). Visto dessa forma podemos entender que a auditoria é uma técnica contábil que deve ser apresentada através de registros e documentos para confirmar a situação econômico-financeira de uma entidade. Ao fazer longa análise sobre auditoria, verificar conceitos em diversos autores de diversos países, Sá (2000, p. 25) resume auditoria como: Auditoria é uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 4 FIGURA 1 – AUDITORIA FONTE: Disponível em: <http://william.com.br/blog/wp-content/ uploads/2011/02/auditor.jpg>. Acesso em: 30 out. 2015. Chaves (2011) apresenta que as especializações da auditoria ultrapassam os limites das Ciências Contábeis, isto é, o campo da auditoria tornou-se tão extenso que a segmentação se tornou inevitável. Assim, Chaves (2011, p. 16-17) apresenta como especializações da auditoria: • Auditoria Interna – analisa os atos e fatos ocorridos dentro de uma instituição, por funcionários dessa mesma instituição denominados auditores internos; • Auditoria Externa ou Independente – os atos e fatos são verificados por profissional liberal ou instituição independentemente daquela, auditada, portanto, por estranhos à instituição; • Auditoria Governamental – analisa os atos e fatos levados a efeito do setor público; • Auditoria Operacional – atua avaliando as metas institucionais relacionadas à economicidade, eficiência, eficácia e efetividade; • Auditoria Fiscal – abrange o exame da legalidade dos fatos patrimoniais em face das obrigações tributárias, trabalhistas e sociais (SÁ apud CHAVES, 2011, p. 17); • Auditoria de Sistemas – analisa o ambiente computacional e a segurança de informações, testando e avaliando com profundidade todos os controles num sistema informatizado, abrangendo suas aplicações e produtos; • Auditoria Médica – realiza a análise da qualidade da assistência médica prestada aos usuários, comparando o atendimento prestado com padrões de atendimento e utilização de recursos previamente estabelecidos. A auditoria pode ser realizada pela própria organização, ou a organização poderá terceirizar esse serviço. Tanto uma quanto a outra, apresentam vantagens e desvantagens. A auditoria interna tem a vantagem de contar com o comprometimento de seus funcionários e de seu próprio conhecimento da organização. Em compensação se não há o comprometimento ou se há algum desvio de comportamento essa vantagem torna-se uma desvantagem. Já a auditoria externa tem a vantagem de despertar para as soluções de problemas que os funcionários da organização em algum momento não perceberam ou se sentiram incapazes de resolver. TÓPICO 1 | AUDITORIA 5 Para compreendermos o mundo da auditoria, vamos apresentar sua história, sua evolução, conceitos, práticas, e tudo que a auditoria e controle faz para que as organizações sejam mais eficientes e usem seus recursos com maior consciência e eficácia. 2 BREVE HISTÓRICO DA AUDITORIA NO MUNDO A maioria das referências bibliográficas apresenta a história da auditoria no mundo e no Brasil, essas histórias tornam-se interdependentes, porque de certa forma o que acontece no mundo pode influenciar nas práticas locais e, muitas vezes, vice-versa. Ao estudarmos os livros sobre auditoria, poderemos encontrar diferenças em alguns detalhes sobre a evolução da auditoria, um ou outro autor descrevem mais detalhes históricos de um país e de outro. A história se converge no sentido de que a auditoria surgiu em virtude do crescimento econômico e em funçãodo desenvolvimento das indústrias, das organizações e do próprio mercado financeiro. Magalhães, Lunkes e Müller (2001, p. 16) apresentam algumas passagens históricas importantes da evolução histórica da auditoria: • Iniciou no século XIV, na cidade de Bruges, Bélgica, por iniciativa de comerciantes que se reuniam para fazer negócios; • Na Itália – século XV ou XVI –, supõe-se que a auditoria surgiu como profissão no momento em que um especialista deixou de praticar Contabilidade para assessorar outros profissionais e mercadores, transformando-se em consultor público liberal; • Pelo interesse do clero e pelos empreendimentos da Europa Moderna ou Medieval dirigidas pela Igreja. A primeira dívida organizada (que se tem notícia) foi contraída pelo Vaticano, com títulos mobiliários no mercado; • E pela Revolução Industrial, na Inglaterra, que propiciou que o tema fosse discutido e desenhado como demonstra o quadro apresentado pelos autores: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 6 QUADRO 1 - PRIMÓRDIOS DA AUDITORIA FONTE: Magalhães, Lunkes e Müller (2001, p. 17) Foi com a Revolução Industrial, que as indústrias e as organizações passam a adquirir com mais sistematização a auditoria como controle. Para que a administração ganhasse mais eficiência no acompanhamento, no controle e também nos resultados. A expansão das atividades com a Revolução Industrial gerou um giro de capital maior e isso provocou que as organizações contratassem ou formassem funcionários, no caso auditores, que gerassem relatórios para o acompanhamento dos resultados econômicos e sobre a integridade das demonstrações contábeis. Apresentando a sequência de fatos ocorridos no mundo em relação à auditoria Magalhães, Lunkes e Müller (2001) apresentam resumidamente as seguintes ocorrências: Expansão de atividades Auditor Contador Público, Contabilidade Pública (auditoria) sobre integridade e resultados econômicos dos empreendimentos Gera relatórios demanda de capital a) Das origens da auditoria • Aparecimento das grandes empresas; • Necessidade de credibilidade nos registros contábeis; • Tributação de impostos de renda na Inglaterra; • Empresas formadas por capitais de muitas pessoas; • Grandes companhias inglesas de comércio e navegação. b) Da evolução • Primeiramente, em contas públicas, na Inglaterra (1314); • A prática sistematizada ocorreu nos séculos XIX e XX. c) Da organização da profissão de auditores • Surgimento dos guias profissionais: - guia profissional de New York – 1786 - guia comercial inglês – 1786 • Surgimento das associações de classe: Na Inglaterra - Primeiras Associações de Contadores Ingleses – 1854 a 1867; - Sociedade dos Contadores da Inglaterra – 1879 (Institute of Chartered Accountants in England and Wales); TÓPICO 1 | AUDITORIA 7 Nos Estados Unidos: - Primeiras Associações de Contadores Americanos – 1874 a 1882; - American Accounting Association (AAA) – 1916; - American Institute os Certified Public Accountants (AICPA) – 1886; Na Holanda - Instituto Holandês de Contadores Públicos – 1894 Magalhães, Lunkes e Müller (2001, p. 17). Assim, dessa forma bem breve, entendemos que o desenvolvimento industrial aliado ao movimento de capital, gerou para as indústrias e para as empresas, a necessidade de controlar seu capital financeiro. E posteriormente, também para auxiliar na gestão de bens, materiais, recursos humanos e avaliar resultados. 3 BREVE HISTÓRICO DA AUDITORIA NO BRASIL A auditoria surge em virtude de verificar a realidade econômico- financeira do patrimônio de empresas. Com o desenvolvimento das empresas e de sua ocupação heterogênea no espaço geográfico, investidores e proprietários sentiram a necessidade de averiguar seu patrimônio por pessoas (jurídica ou física) que pudessem confirmar dados e informações. FIGURA 2 – AUDITORIA NO BRASIL FONTE: Disponível em: <http://www.bitmag.com.br/wp-content/ uploads/2014/01/Brasil-TI.jpg>. Acesso em: 30 out. 2015. De acordo com Attie (2011), a auditoria é uma ramificação da Contabilidade, ou seja, a contabilidade foi a primeira disciplina a auxiliar e informar a administração. Entretanto, com o desenvolvimento econômico dos países e com a expansão de atividades produtoras, a complexidade administrativa tornou- se crescente, assim a contabilidade também evoluiu e a auditoria torna-se uma prática especializada provinda da contabilidade. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 8 No Brasil, conforme Magalhães, Lunkes e Müller (2001), o primeiro parecer de auditoria no país foi publicado em 1903, parecer nos livros da São Paulo Tramway, Light and Power Company, cuja matriz encontrava-se em Toronto, no Canadá. E também de acordo com os autores Magalhães, Lunkes e Müller (2001, p. 18) “a primeira firma de auditoria a se estabelecer no Brasil foi a Mc-Auliffe Davis Bell & Co, em 1909, que passou a se chamar Arthur Andersen S.C.” De acordo com Attie (2011, p. 8) podemos entender que: A evolução da auditoria no Brasil está primariamente relacionada com a instalação de empresas internacionais de auditoria independente, uma vez que investimentos também internacionais foram aqui implantados e compulsoriamente tiveram de ter suas demonstrações contábeis auditadas. Então o desenvolvimento econômico das empresas resultou aumento de volume de instrumentos estabelecidos para acompanhar as organizações quanto a sua vida contábil e financeira. Ainda de acordo com a apresentação de Attie (2011, p. 8 e 9), as influências e acontecimentos que possibilitaram o desenvolvimento de auditoria no Brasil foram: a) Filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras; b) Financiamento de empresas brasileiras através de entidades internacionais; c) Crescimento das empresas brasileiras e necessidade de descentralização e diversificação de suas atividades econômicas; d) Evolução do mercado de capitais; e) Criação das normas de auditoria promulgadas pelo Banco Central do Brasil em 1972; f) Criação da Comissão de Valores Mobiliários e da Lei das Sociedades por Ações em 1976. Para Magalhães, Lunkes e Müller (2001), a consolidação da auditoria no Brasil surgiu em virtude da Lei das Sociedades por Ações, Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e pela Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que criou a Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Comissão de Valores Mobiliários – CVM será apresentada com maiores detalhes na Unidade 2 desse caderno. Aguarde! Assim, podemos concluir que as dinâmicas da evolução econômica dos países, com o desenvolvimento da contabilidade e a complexidade de novas práticas, fizeram com que a auditoria se tornasse um nicho profissional especializado. TÓPICO 1 | AUDITORIA 9 4 CONCEITO E NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE AUDITORIA Conceituar os termos que utilizaremos ao longo desse estudo não só é primordial para que a base do conhecimento seja solidificada, mas também é, principalmente, para que a construção de significados faça melhor sentido na prática. O dicionário de contabilidade apresenta auditoria com o seguinte significado: “Tecnologia contábil que tem por objetivo a verificação ou revisão de registro e demonstrações e procedimentos adotados para a escrituração, visando avaliar a adequação e a veracidade das situações memorizadas e expostas”. (SÁ; SÁ, 1995, p. 38). Para Attie (2011, p. 5) auditoria é uma “especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado”. Auditoria e seus significados verbais apresentados por Imoniana (2001) tais como: examinar, investigar, periciar, ajustar ou balancear, contar, apresentar balanços, ativos e passivos, dá a entender que o campo de atuação e a função da auditoria são intensos complexos e dinâmicos. Conceituando auditoria Imoniana (2001, p. 20) define como “atividade que se refere à verificação das informações contábeis para certificar a sua acuracidadee determinar a confiabilidade das demonstrações financeiras”. E numa maior abrangência Imoniana (2001, p. 20) apresenta a auditoria como: Processo de avaliação sistemática dos registros contábeis e das operações correlatas para determinar a aderência aos princípios contábeis, geralmente aceitos, políticas empresariais e os regulamentos que regem as operações das entidades contábeis. Magalhães, Lunkes e Müller (2001) apresentam um quadro de conceituação dos termos principais de auditoria. Alguns desses termos serão recorrentes no decorrer desse estudo e outros serão pouco ou nada usados, entretanto, o destaque é importante para introduzirmos nesse universo da auditoria e para futuras leituras complementares. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 10 QUADRO 2 - PRINCIPAIS TERMOS EM AUDITORIA E CONCEITUAÇÃO A auditoria deve ser exercida para que os procedimentos e controles internos estejam adequados aos resultados esperados, no que diz respeito aos registros contábeis e também quanto as suas relações externas. A auditoria então, através de métodos e procedimentos, verifica por meio de observação, análise, para que os usuários internos e externos possam ter um ganho gerencial. As suas ações debruçam sobre os registros contábeis, os procedimentos internos e as relações externas e assim no final do processo verifique se os resultados estão em conformidade aos dados e objetivos traçados. TÓPICO 1 | AUDITORIA 11 QUADRO 2 - PRINCIPAIS TERMOS EM AUDITORIA E CONCEITUAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://advivo.com.br/index.php?q=sites/default/ files/imagecache/imagens_blog/imagens/calvin_auditoria.jpg>. Acesso em: 30 out. 2015. FIGURA 3 - AUDITORIA Para Attie (2011) a auditoria com sua análise e relatórios auxilia na área contábil, gerencial, de controles e financeiros, através de atitudes que exigem habilidades mental, profissional e preventiva. O sinóptico de auditoria pode ser assim apresentado: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 12 FONTE: Attie (2011, p. 5) QUADRO 3 – SINÓPTICO DA AUDITORIA Como toda profissão, a de auditor também necessita seguir preceitos éticos e atitudes compatíveis com o código de ética da organização ou com os princípios constitucionais. Nesse sentido, a finalidade da auditoria não é apenas analisar e confirmar registros e comprovantes, mas julgar a moralidade dos atos. 5 OBJETIVOS DA AUDITORIA A auditoria tem como objetivo principal controlar o patrimônio administrado. Para tanto, precisa analisar registros contábeis, documentos, fichas, entre outros documentos comprobatórios. Mas tem também como objetivo verificar a veracidade das informações e dados e também a moralidade dos atos. De acordo com Lemos (2006, p. 14), a auditoria tem ações preventiva, saneadora e moralizadora, em que os objetivos do processo são: • Confirmar a veracidade dos registros e a confiabilidade dos comprovantes; • Opinar sobre a adequação das situações e informações contidas nas demonstrações contábeis; • Resguardar os direitos dos proprietários, dos financiadores do patrimônio, do próprio fisco e da sociedade em geral. O objetivo, fim e objetos da auditoria além de bem extensos, são também de grande complexidade e responsabilidade. Lemos (2006, p. 15) destaca objetos do exame de auditoria, que são: TÓPICO 1 | AUDITORIA 13 5 OBJETIVOS DA AUDITORIA • Sistemas administrativos e operacionais de controle interno utilizados na gestão orçamentária, financeira e patrimonial; • Execução dos planos, programas, projetos e atividades que envolvam recursos públicos; • Aplicação dos recursos transferidos pelo Estado a entidades públicas ou privadas; • Contratos firmados por gestores públicos com entidades privadas para prestação de serviços, execução de obras e fornecimento de materiais; • Processos de licitação, sua dispensa ou inexigibilidade; • Instrumentos de sistemas de guarda e conservação dos bens e do patrimônio sob a responsabilidade das unidades da administração direta e entidades supervisionadas; • Atos administrativos que resultem em direitos e obrigações para o Poder Público, em especial os relacionados com a contratação de empréstimos internos ou externos e com a concessão de avais; • Arrecadação e restituição de receitas de tributos; • Sistemas eletrônicos de processamento de dados, suas entradas (inputs) e informações de saída (outputs), objetivando constatar: - Segurança física do ambiente e das instalações do Centro de Processamento de Dados (CPD); - Segurança lógica e confiabilidade dos sistemas (software) desenvolvidos em computadores de diversas partes; - Eficácia dos serviços prestados pela área de informática; - Eficiência na utilização dos diversos computadores (hardware) existentes na entidade; - Verificação do cumprimento da legislação pertinente. Oliveira e Diniz Filho (2001) apresentam um quadro em que os tipos de auditorias são classificados conforme os seus objetivos, vejamos: QUADRO 4 – TIPOS DE AUDITORIA E SEUS OBJETIVOS TIPOS DE AUDITORIA OBJETIVOS Auditoria das demonstrações contábeis Emissão de parecer sobre as demonstrações contábeis da empresa ou entidade em determinada data. Auditoria interna Revisão sistemática das transações operacionais e do sistema de controles internos, visando: • A proteção dos bens e direitos da empresa contra fraudes, desvios e desfalques; • A constatação de possíveis irregularidades e usos indevidos dos bens e direitos da empresa. Auditoria operacional Avaliação sistemática da eficácia e eficiência das atividades operacionais e dos processos administrativos, visando: • Ao aprimoramento contínuo da eficiência e eficácia operacional, contribuindo com soluções. UNIDADE 1 | <TÍTULO UNIDADE 1>TÓPICO 1 | <TÓPICO 1 UNIDADE 1>ATATAuditoria de cumprimento normativo ou compliance autidAuditoria para verificação do cumprimento/observância de normas e procedimentos implantados pela empresa ou pelos órgãos reguladores de determinadas atividades.Por exemplo, normas implantadas pelo Banco Central do Brasil a serem observadas pelas instituições financeiras para o combate do crime de ‘lavagem de dinheiro’.Auditoria de gestãoTrabalhos dirigidos à análise dos planos e diretrizes da empresa, objetivando mensurar a eficiência da gestão das operações e sua consistência com os planos e metas aprovados.Auditoria de sistemasExames e avaliações da qualidade do sistema de computação de dados e dos controles existentes no ambiente de tecnologia de informações, visando otimizar a utilização dos recursos de computação de dados, minimizar os riscos envolvidos nos processos e garantir a geração de informações e dados confiáveis, em tempo, ao menor custo possível.Auditoria fiscal e tributáriaAnálise da eficiência e eficácia dos procedimentos adotados para a apuração, controle e pagamentos dos tributos que incidem nas atividades comerciais e operacionais da empresa.Avaliação do planejamento tributário.Auditoria ambientalAvaliação dos processos operacionais e produtivos das empresas visando à identificação de danos ao meio ambiente e quantificação de contingências e (b) preparação da empresa para receber o Certificado ISSO 14000 – meio ambiente.Auditoria nos processos de compras e vendas de empresas e reestruturações societárias – incorporações, fusões, cisões e formação de joint ventures• Auditoria das demonstrações contábeis das empresas envolvidas;• Assessoria na avaliação das empresas objetos de negociação societária;• Avaliação dos ativos objetos de negociação;• Identificação de contingências fiscais, trabalhistas, ambientais, cíveis etc. FONTE: Oliveira e Diniz Filho (2001, p. 19)joint ventures – “associação de duas ou mais organizações visando a investir num projeto para alcançar objetivos bem definidos, tais como: desenvolvimento de novos produtos, montagem de uma rede de distribuição e vendas, fabricação de peças ou produtos de interesse comum, etc.[...] caracteriza-se por ser uma entidade jurídica, mas uma simplesoperação conjunta mediante contrato de duas ou mais empresas, teremos uma aliança estratégica”.Lacombe (2004, p. 186).ISSO 14000 – meio ambiente – A ISSO 14000 é auditada pelo ISSO (International Organization for Standardization) que é uma autoridade em certificações em todo mundo. Tem como principal foco a gestão ambiental e fornece uma estrutura organizada para que as empresas consigam promover ações internas para obter a certificação.Fonte: Disponível em: <http://inst.sitesustentavel.com.br/iso-14000-o-que-e-requisitos/>. Acesso em 31 out. 2015.Assim pode-se concluir que o campo de atuação de auditoria é bem extenso e exige bastante conhecimento e responsabilidade para que o seu cumprimento aprove, previna e aponte ajustes necessários.PRINCÍPIOS ÉTICOS NA AUDITORIAJá sabemos que a auditoria é um braço da contabilidade, por esse motivo é regida pelo Conselho Federal de Contabilidade, que conforme a Resolução de nº 803, de 10 de outubro de 1996, estabelece o Código de Ética Profissional do Contador – CEPC.Destaca-se o artigo nº 2 da resolução, do Capítulo II, intitulado dos deveres e das proibições, assim:QUADRO 5 - DEVERES DA AUDITORIAArt. 2º São deveres do Profissional da Contabilidade: (Redação alterada pela Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010)I – exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a legislação vigente, em especial aos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais; (Redação alterada pela Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010)II – guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade;III – zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica dos serviços a seu cargo; UNIDADE 1 | <TÍTULO UNIDADE 1>TÓPICO 1 | <TÓPICO 1 UNIDADE 1>ATATAuditoria de cumprimento normativo ou compliance autidAuditoria para verificação do cumprimento/observância de normas e procedimentos implantados pela empresa ou pelos órgãos reguladores de determinadas atividades.Por exemplo, normas implantadas pelo Banco Central do Brasil a serem observadas pelas instituições financeiras para o combate do crime de ‘lavagem de dinheiro’.Auditoria de gestãoTrabalhos dirigidos à análise dos planos e diretrizes da empresa, objetivando mensurar a eficiência da gestão das operações e sua consistência com os planos e metas aprovados.Auditoria de sistemasExames e avaliações da qualidade do sistema de computação de dados e dos controles existentes no ambiente de tecnologia de informações, visando otimizar a utilização dos recursos de computação de dados, minimizar os riscos envolvidos nos processos e garantir a geração de informações e dados confiáveis, em tempo, ao menor custo possível.Auditoria fiscal e tributáriaAnálise da eficiência e eficácia dos procedimentos adotados para a apuração, controle e pagamentos dos tributos que incidem nas atividades comerciais e operacionais da empresa.Avaliação do planejamento tributário.Auditoria ambientalAvaliação dos processos operacionais e produtivos das empresas visando à identificação de danos ao meio ambiente e quantificação de contingências e (b) preparação da empresa para receber o Certificado ISSO 14000 – meio ambiente.Auditoria nos processos de compras e vendas de empresas e reestruturações societárias – incorporações, fusões, cisões e formação de joint ventures• Auditoria das demonstrações contábeis das empresas envolvidas;• Assessoria na avaliação das empresas objetos de negociação societária;• Avaliação dos ativos objetos de negociação;• Identificação de contingências fiscais, trabalhistas, ambientais, cíveis etc. FONTE: Oliveira e Diniz Filho (2001, p. 19)joint ventures – “associação de duas ou mais organizações visando a investir num projeto para alcançar objetivos bem definidos, tais como: desenvolvimento de novos produtos, montagem de uma rede de distribuição e vendas, fabricação de peças ou produtos de interesse comum, etc.[...] caracteriza-se por ser uma entidade jurídica, mas uma simples operação conjunta mediante contrato de duas ou mais empresas, teremos uma aliança estratégica”.Lacombe (2004, p. 186).ISSO 14000 – meio ambiente – A ISSO 14000 é auditada pelo ISSO (International Organization for Standardization) que é uma autoridade em certificações em todo mundo. Tem como principal foco a gestão ambiental e fornece uma estrutura organizada para que as empresas consigam promover ações internas para obter a certificação.Fonte: Disponível em: <http://inst.sitesustentavel.com.br/iso-14000-o-que-e-requisitos/>. Acesso em 31 out. 2015.Assim pode-se concluir que o campo de atuação de auditoria é bem extenso e exige bastante conhecimento e responsabilidade para que o seu cumprimento aprove, previna e aponte ajustes necessários.PRINCÍPIOS ÉTICOS NA AUDITORIAJá sabemos que a auditoria é um braço da contabilidade, por esse motivo é regida pelo Conselho Federal de Contabilidade, que conforme a Resolução de nº 803, de 10 de outubro de 1996, estabelece o Código de Ética Profissional do Contador – CEPC.Destaca-se o artigo nº 2 da resolução, do Capítulo II, intitulado dos deveres e das proibições, assim:QUADRO 5 - DEVERES DA AUDITORIAArt. 2º São deveres do Profissional da Contabilidade: (Redação alterada pela Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010)I – exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a legislação vigente, em especial aos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais; (Redação alterada pela Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010)II – guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade;III – zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica dos serviços a seu cargo; UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 16 IV – comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores; V – inteirar-se de todas as circunstâncias, antes de emitir opinião sobre qualquer caso; VI – renunciar às funções que exerce, logo que se positive falta de confiança por parte do cliente ou empregador, a quem deverá notificar com trinta dias de antecedência, zelando, contudo, para que os interesses dos mesmos não sejam prejudicados, evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia; VII – se substituído em suas funções, informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao conhecimento desse, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem exercidas; VIII – manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da profissão; IX – ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja propugnando por remuneração condigna, seja zelando por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Contabilidade e seu aprimoramento técnico. X – cumprir os Programas Obrigatórios de Educação Continuada estabelecidos pelo CFC; (Criado pelo Art. 5º, da Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010) XI – comunicar, ao CRC, a mudança de seu domicílio ou endereço e da organização contábil de sua responsabilidade, bem como a ocorrência de outros fatos necessários ao controle e fiscalização profissional. (Criado pelo Art. 6º, da Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010) XII – auxiliar a fiscalização do exercício profissional.(Criado pelo Art. 7º, da Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010) CFC (1996) Dessa forma, além dos princípios éticos que norteiam o campo profissional de auditoria, a atitude do profissional pode ajudar na detecção e prevenção de problemas. Portanto, além da conduta ética, atitudes que antecipem ações e atos administrativos são funções que fazem da auditoria um braço importante no processo gerencial. TÓPICO 1 | AUDITORIA 17 6 ATITUDES NA AUDITORIA Attie (2011) apresenta três atitudes (mental, profissional e preventiva) na auditoria que são complementares entre si. Na verdade, o autor quer destacar que essas três atitudes formam o pilar da profissão, para que a avaliação final seja eficiente. • Atitude mental – como a auditoria é uma análise crítica, é preciso que o auditor verifique as possibilidades de riscos e erros. Nesse sentido, a auditoria não pode se limitar aos livros oficiais, a auditoria tem que ser factual; • Atitude profissional – se refere ao conhecimento técnico e estudo permanente, a fim de adquirir novos conhecimentos e ferramentas de trabalho; aprimoramento pessoal e ter conhecimento das regulamentações e legislação; • Atitude preventiva – a opinião do auditor deve estar embasada em informações, controles, documentos. Essa concentração de informações deve ser utilizada como prevenção ou repressão de erros para futuros ajustes. A habilidade mental vai além da leitura rígida das demonstrações contábeis, mas no que se refere à competência de observar eventuais riscos e erros. A habilidade profissional é aquela que se refere à competência técnica do conhecimento adquirido nas cadeiras da academia e pela formação continuada, em que é preciso acompanhar novas legislações e regulamentos. E ainda a habilidade preventiva que quer dizer a habilidade de através dos demonstrativos e conhecimentos, prevenir contra erros futuros e realizar ajustes necessários. Assim podemos entender que o auditor deve ter perspicácia para perceber além dos registros, aprimorar-se constantemente e acompanhar mudanças; e por fim, contribuir para que ajustes sejam realizados e a organização possa ser eficiente. 7 CLASSIFICAÇÃO DE AUDITORIA Vimos que a auditoria requer diferentes habilidades, dessa maneira a auditoria por sua complexidade e congregar diferentes competências e atitudes profissionais, poderia ainda ser classificada, para demonstrar o quanto é extensa, profunda e oportuna. Magalhães, Lunkes e Müller (2001, p. 25) classificam a auditoria em três diferentes formas, quanto à extensão, profundidade e tempestividade, assim explicadas: Quanto à extensão podem ser: • Geral – quando abrange todas as unidades operacionais; • Parcial – quando abrange especificamente determinadas unidades operacionais; • Por amostragem – a partir da análise do controle interno. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 18 Quanto à profundidade podem ser: • Integral – são consideradas as auditorias mais longas, que auditam desde os primeiros contatos das negociações até as informações finais; • Por revisão analítica – se referem ao conceito de auditoria prenunciativa, para evitar riscos a auditoria torna-se mais curta, a fim de obter fidedignidade às informações. Quanto à tempestividade podem ser: • Permanente – são as feitas habitualmente, constante ou sazonal, em todos os exercícios sociais; • Eventual – não é habitual, por esse motivo não tem tempo certo. Esse processo de auditoria exige a ambientação dos auditores e planejamento para todas as vezes em que for realizada. E por fim Magalhães, Lunkes e Müller (2001, p. 27) apresentam as finalidades básicas de auditoria em relação ao atendimento de seus usuários interno e externo, assim: a) Usuário interno: • Interesse dos acionistas ordinários (majoritários); • Atendimento às estratégias de investimentos de relevância, em determinados projetos. b) Usuário externo: • Interesse dos acionistas preferenciais (minoritários); • Interesse dos financiadores (emprestadores, debenturistas); • Interesse do Estado. A classificação da auditoria é uma forma de mapear o campo de sua atuação, conforme a eventualidade, o tempo e a sua finalidade. É uma maneira de auxiliar e demonstrar o quanto a auditoria é extensa no seu campo de atuação. 8 TIPOS DE AUDITORIA A auditoria pode ser dividida em dois grandes grupos: interna e externa. A auditoria interna significa que os funcionários da própria empresa ou organização executarão a atividade. Enquanto na auditoria externa, a atividade deverá ser executada por uma empresa ou por auditores independentes. TÓPICO 1 | AUDITORIA 19 Lins (2011) apresenta as características gerais de auditoria interna e externa, de forma separada em seu livro, todavia para melhor compreensão apresenta-se aqui em um único quadro, a fim de facilitar para a analogia das diferentes categorias: QUADRO 6 – AUDITORIA INTERNA X AUDITORIA EXTERNA Auditoria Interna Auditoria Externa Executor Funcionário da empresa Funcionário da empresa de auditoria independente Isenção para informação externa Menor Maior Objetivo principal Prevenção e detecção de falhas nos controles internos Exame das DCs com evidenciação da situação da empresa auditada através do parecer Resultado do trabalho Relatório de recomendações Emissão de parecer Cliente do serviço Em linhas gerais, alta administração e diretoria/ gerências Empresa contratante Sigilo Sim Sim para o Wps; não para o parecer Frequência Permanente Periódica Detalhamento da análise Alto Baixo FONTE: Adaptado de Lins (2011, p. 6 e 10) No quadro anterior, pode-se perceber nas diferenças dos tipos de controles que existem vantagens e desvantagens, como exemplo da auditoria realizada pelo funcionário da própria organização e pela auditoria (externa) contratada. Haverá situações da organização que a auditoria realizada pelo próprio funcionário, conhecedor da instituição é vantagem. Entretanto, em outros momentos, a solicitação de uma auditoria externa será mais vantajosa, para uma avaliação imparcial e com olhar diferenciado. Custo, imparcialidade, periodicidade, detalhamento, conhecimento da empresa, entre tantos outros fatores podem auxiliar numa boa auditoria como podem também serem fatores que prejudicariam na avaliação final. Magalhães, Lunkes e Müller (2001) apresentam um quadro comparativo entre auditoria interna e externa: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 20 QUADRO 7 - COMPARATIVO ENTRE AUDITORIA INTERNA E EXTERNA Auditoria Interna Auditoria Externa 1. Proteção à organização. 2. Acompanha o cumprimento de normas técnicas e a política de administração da empresa, na consecução de seus objetivos. 3. O auditor interno desenvolve, continuadamente, seu trabalho que termina em relatório. 4. O grau de independência do auditor interno é limitado, porém segue as normas e procedimentos de auditoria na execução do trabalho. 5. Objetiva prevenir erros e fraudes, sugerindo aos detentores do poder de decisão os ajustes necessários. 1. Proteção do investidor. 2. Analisa e testa os sistemas de controle interno e contábil, em busca da razoável fidedignidade das DFs. 3. O auditor externo desenvolve o trabalho por gestão (anual) que termina em parecer. 4. O grau de independência do auditor externo é amplo e o trabalho é exercido com observância das normas internacionais. 5. Objetiva reprimir erros e fraudes. FONTE: Magalhães, Lunkes e Müller (2001, p. 28) O livro dos americanos Boynton, Johnson e Kell (2002) apresentam a auditoria em três diferentes tipos: auditoria de demonstrações contábeis, auditoria de compliance e auditoria operacional. Assim Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 31 e 32) explicam-nas: • Auditoria de demonstrações contábeis – envolve obtenção e avaliação de evidências a respeito das demonstrações contábeis de uma entidade, para emissão de parecer se sua apresentação está adequada, de acordo com os princípios contábeis; • Auditoria de compliance– envolve obtenção e avaliação de evidências para determinar se certas atividades financeiras ou operacionais de uma entidade obedecem a condições, regras ou regulamentos a ela aplicáveis; • Auditoria operacional – envolve obtenção e avaliação de evidências a respeito da eficiência e eficácia das atividades operacionais de uma entidade, em comparação com objetivos estabelecidos. O termo compliance tem origem no verbo em inglês, to comply, que significa agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido, ou seja, estar em “compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos. FONTE: Disponível em: <http://michaellira.jusbrasil.com.br/artigos/112396364/o-que-e- compliance-e-como-o-profissional-da-area-deve-atuar>. Acesso em: 31 out. 2015. TÓPICO 1 | AUDITORIA 21 De forma comparativa quanto aos três tipos de auditoria, podemos observar o quadro que segue: QUADRO 8 - TIPOS DE AUDITORIA Tipo de auditoria Natureza das afirmações Critérios estabelecidos Natureza do parecer do auditor De demonstrações contábeis Dados das demonstrações contábeis Princípios contábeis geralmente aceitos Opinião a respeito da adequação das demonstrações contábeis De compliance Direitos ou dados relacionados com obediência a políticas, leis, regulamentos etc. Políticas da administração, leis, regulamentos ou outras exigências estabelecidas por terceiros Resumo dos resultados ou segurança a respeito do grau de obediência Operacional Dados operacionais ou de desempenho Objetivos estabelecidos pela administração ou pela legislação aplicável, por exemplo Eficiência e eficácia observadas; recomendações para aperfeiçoamento FONTE: Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 33) De acordo com o professor Cruz (2002), a auditoria em sua evolução técnica-científica, pode ser classificada em três diferentes áreas (fiscalizadora, de gestão e operacional), assim observada: Auditoria fiscalizadora Auditoria de gestão Auditoria operacional Quem exerce? Auditores independentes; Contadores das áreas financeira e tributária; Fiscais de tributos; Técnicos de controle externo; Funcionários do controle governamental sobre instituições financeiras; Empresas financiadas ou de atividade controlada; Auditores internos das empresas em geral. Auditores independentes; Contadores das áreas financeira e gerencial; Gerentes de operação; Técnicos de controle externo; Funcionários do controle governamental sobre instituições financeiras; Empresas financiadas ou de atividade controlada; Auditores internos das empresas em geral. Auditores independentes; Contadores das áreas financeira e gerencial; Administradores; Gerentes; Técnicos de controle externo; Funcionários do controle governamental sobre instituições financeiras; Empresas financiadas ou de atividade controlada; Economistas e auditores internos das empresas em geral. QUADRO 9 - TIPOS DE AUDITORIA UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 22 Principal objetivo Fiscalizar as transações sob as óticas financeira e patrimonial, bem como os registros delas decorrentes. Vigiar a produção e a produtividade e avaliar os resultados alcançados diante de objetivos e metas fixados para um determinado período dentro da tipicidade própria. Vigiar as transações sob as óticas da economicidade, eficiência e eficácia e das causas e dos efeitos decorrentes; Verificar a efetividade de programas específicos diante do posicionamento da empresa em seu ambiente de atuação e o significado do desempenho obtido diante de metas-desafios estabelecidos nos vários campos de resultados maximizadores do valor da entidade. Principal resultado Certificar a adequação dos controles internos e apontar irregularidades, truques e fraudes detectados. Identificar desvios relevantes e apontar atividades e/ou departamentos fora do padrão de desempenho esperado. Certificar a efetividade e oportunidade dos controles internos e apontar soluções alternativas para melhoria do desempenho operacional. Medir grau de atendimento das necessidades dos clientes e acompanhar, mediante indicadores do nível de eficiência e eficácia, o desvio em relação ao desafio-padrão. TÓPICO 1 | AUDITORIA 23 Recursos técnicos • Contagens físicas; • Prova de exatidão de cálculos e somas; • Confirmação de saldos junto a terceiros; • Exame de livros e registros fiscais; • Exame de livros e registros contábeis; • Recomendações denunciadoras e corretivas. • Adequação ao custo-padrão; • Testes de efetividade; • Indicadores de desempenho; • Circularização de informação sobre existências; • Recomendações punitivas, saneadoras ou estimuladoras. • Seleção de amostras para áreas determinadas; • Apreciação dos desvios reais ou potenciais; • Avaliação da informação financeira relacionada; • Identificação de causas e efeitos envolvidos; • Prova de verificação e confirmação de evidências; • Recomendações de ordem técnica e moral, além das de ordem normativa; • Indicadores de qualidade dos líderes do setor; • Interpretação e avaliação de programas de qualificação; • Testes sobre resultados desejados X resultados obtidos; • Mensuradores de repercussão econômico- financeira; • Impactos mercadológicos e tecnológicos de longo prazo. FONTE: Adaptado de Cruz (2002, p. 26-28) Lins (2011) já classifica a auditoria interna em seis diferentes tipos conforme o objetivo a ser alcançado, que aqui serão apresentados resumidamente: a) Contábil – principal objetivo é o controle interno e a qualidade das informações geradas. Como resultado apresenta relatório em que apresenta: o problema verificado, consequências para a empresa e sugestões para a solução do problema. b) Operacional – também chamada de auditoria de desempenho, tem como objetivo a análise das atividades operacionais. Avalia e/ou corrige a relação custo-benefício entre recursos e sua aplicação eficiente e eficaz. c) De compliance – verifica o cumprimento das normas aplicáveis à organização e os seus regulamentos internos. d) De sistemas – a auditoria de sistemas tem como objetivo verificar a segurança das informações geradas pelo sistema de informação. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 24 e) Fiscal e tributária – principal objetivo é avaliar os procedimentos fiscais e tributários e verificar o cumprimento das normas fiscais e tributárias. f) De qualidade e ambiental – visam à melhoria do sistema de gestão e ambiental. A auditoria de sistemas e a auditoria contábil são as principais análises para que a auditoria externa estabeleça os seus exames e o volume de trabalho e testes a serem executados. 9 TIPOS DE AUDITORES Dada a complexidade da prática em auditoria e da extensão do campo de atuação, porque em cada área exige conhecimentos específicos. Dessa maneira, a auditoria passa a se dividir em categorias diferentes para cada especialidade. Boynton, Johnson e Kell (2002) apresentam três tipos de auditores: independentes, internos e públicos. • Auditores independentes – trabalham por conta própria ou são membros de empresas de auditoria. • Auditores internos – são empregados das organizações que são auditadas. • Auditores públicos – são empregados por várias agências governamentais municipais, estaduais e federais. A segmentação dos auditores é importante porque favorece na especificação de habilidades, procedimentos e comportamento do auditor. Para cada segmento de auditoria, diferentes são os nichos de oportunidades, vínculo de trabalho, modelos de relatórios, objetivos, avaliação, entre outras grandes diferenças. 10 AUDITORIA NO SETOR PÚBLICO A auditoria embora seja formada por procedimentos e técnicas, a fim de verificar e analisar a eficiência e eficácia dos atos e fatos administrativos em organizações públicas e privadas e outros modelos de organizações. No setor público requer uma prática singular,a linguagem, os demonstrativos, relatórios, análise, são aplicados de forma diferenciada. Cruz (2002) apresenta diferenças básicas sobre os atores, linguagem e relações do setor público mediante ao setor privado e terceiro setor. TÓPICO 1 | AUDITORIA 25 QUADRO 10 - SEGMENTOS DAS ORGANIZAÇÕES SETOR PÚBLICO SETOR PRIVADO TERCEIRO SETOR Diretores Associação de Servidores Credores Investidores Público em geral Instituições Financeiras Contribuintes Analista de Resultados Gerentes Sindicatos de Empregados Fornecedores Acionistas Terceiros e Interessados Bancos Comerciais Clientes Analista do Lucro e Perdas Dirigentes Associados e Colaboradores Fornecedores Instituidores e Afiliados Terceiros e Interessados Bancos Comerciais Parceiros e Financiadores Analistas de Desempenho FONTE: CRUZ (2002, p. 32) Visto dessa maneira, pode-se observar que a auditoria voltada ao setor público está bastante preocupada com os resultados, ou seja, os investimentos empenhados no setor público devem ter uma contrapartida que beneficiem o seu público geral. A auditoria no setor público é instruída pela Normativa nº 16 do Ministério do Estado da Economia, Fazenda e Planejamento – MEFP/ Direção Técnica Nacional – DTN / Coordenadoria de Auditoria – COAUD, de 20 de dezembro de 1991 e também pelas adaptações realizadas posteriormente. Já vimos anteriormente os objetivos da auditoria aplicados a quaisquer das organizações, entretanto, Alves e Reis (2015, p. 841) destacam que os objetivos da auditoria no setor público são: • Comprovar a legalidade e legitimidade e avaliar os resultados, quanto à eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nas unidades da administração direta e entidades supervisionadas da administração federal; • Observar o cumprimento dos princípios fundamentais de planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle, pelos órgãos e entidades; • Examinar a observância da legislação federal específica e normas relacionadas; • Avaliar a execução dos programas de governo, dos contratos, convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos de mesma origem; • Avaliar o desempenho administrativo e operacional das unidades da administração direta e entidades supervisionadas; • Verificar o controle e a utilização dos bens e valores sob uso e guarda dos administradores ou gestores; • Examinar e avaliar as transferências e a aplicação dos recursos orçamentários e financeiros das unidades da administração direta e entidades supervisionadas; • Verificar e avaliar os sistemas de informações e a utilização dos recursos computacionais das unidades da administração direta e entidades supervisionadas. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 26 O setor público está mais voltado para os resultados porque uma vez que houve aplicação de recursos para determinado fim, é necessária uma avaliação para verificar se o objetivo foi realmente alcançado com eficiência e eficácia, por esse motivo no setor público os resultados são realmente importantes. Auditoria governamental – “comprovar a legalidade e a legitimidade; e avaliar os resultados obtidos ou previstos pelos gestores, que, de forma temporária, comandam atividades da administração pública estatal”. (CRUZ, 2012, p. 139). 10.1 CLASSIFICAÇÃO Apresentamos no presente trabalho os tipos de auditoria: interna e externa, demonstrações contábeis, compliance e operacional. São tipos de auditoria aplicados a quaisquer organizações, primeiro, segundo e terceiro setor. O setor público com as suas especificidades exige uma auditoria que possa verificar seus resultados, os atos e fatos administrativos e suas ações. Dessa maneira Alves e Reis (2015, p. 842) apresentam os tipos de auditoria com mais funcionalidade para o setor público: • Auditoria de Gestão – tem o objetivo de certificar a regularidade das contas, verificar a realização de contratos, convênios, acordos ou ajustes, a honestidade na aplicação dos dinheiros públicos e no zelo ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados, abrangendo os seguintes aspectos: verificação da existência física de bens e outros valores; exame da documentação comprobatória dos atos e fatos administrativos; verificação do cumprimento da legislação pertinente entre outros. • Auditoria de Programas – tem o objetivo de examinar, avaliar e observar a execução de programas e projetos governamentais específicos. • Auditoria Operacional – atua nas áreas inter-relacionadas do órgão/entidade, e sua teoria de abordagem dos fatos é de apoio, pela avaliação do atendimento às normas, e apresentação de sugestões para seu aperfeiçoamento. Tem o objetivo de avaliar a eficácia dos seus resultados em relação aos recursos materiais, humanos e tecnológicos disponíveis, bem como a economicidade e eficiência dos controles internos existentes para a gestão dos recursos públicos. • Auditoria Contábil – é a técnica utilizada na coleta de informações e no exame dos registros e documentos, mediante procedimentos específicos, relacionados ao controle do patrimônio. • Auditoria de Sistema – observando as normas estabelecidas e a legislação específica, tem o objetivo de assegurar a adequação, privacidade dos dados e informações vindas dos sistemas eletrônicos de processamento de dados. TÓPICO 1 | AUDITORIA 27 • Auditoria Especial – tem por objetivo o exame de fatos considerados importantes, de caráter extraordinário ou incomum, sendo realizadas para atender determinação do Presidente da República, Ministros de Estado ou por solicitação de outras autoridades. Podemos concluir que a auditoria no setor público se apresenta com ramificações interligadas para que as ações governamentais sejam avaliadas e conduzidas ao principal objetivo que é zelar pelo patrimônio público e manter os objetivos de interesse comum, e aos objetivos motivadores de projetos e programas, ou de políticas públicas. 28 O Tópico 1 apresentou a introdução à auditoria e com essa aprendizagem foi possível: • O entendimento do conceito de auditoria. • A assimilação da evolução histórica de auditoria no mundo e no Brasil. • A compreensão dos objetivos, princípios, atitudes e tipos de auditoria. • Verificação do que é controle interno e externo. • Introdução da necessidade da auditoria nas organizações, e em especial no setor público. RESUMO DO TÓPICO 1 29 1 O que é auditoria? 2 Quais são os principais objetivos da auditoria? 3 Faça um breve resumo dos tipos de auditoria. 4 Quais são os tipos de atitudes na auditoria? AUTOATIVIDADE 30 31 TÓPICO 2 CONTROLE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O controle vem da ideia de que para que os processos e procedimentos sejam eficazes deve haver um acompanhamento para não perder o foco do objetivo proposto. O bom controle no setor público é aquele que permite que o seu acompanhamento seja o mais matemático possível, ou seja, quanto menor for a interação humana mais eficaz serão os resultados no que se refere ao controle. O controle dentro da ciência da Administração permite que as funções básicas sejam executadas, tais como planejamento, organização, execução e o próprio controle. É o controle o melhor instrumento para delimitar os padrões de execução, sejam eles, orçamentários, financeiros ou de gestão. O controle além de requisitar uma habilidade técnica, cada vez mais se torna um meio para que os diversos segmentos da sociedade possam participar, acompanhar e cobrar a aplicação correta dos recursos públicos. Essa ação fiscalizadora exige que a Administração Pública aplique os recursos da melhor maneira possível e apresente resultados das políticas públicas. Vamos acompanhar como foi o desenvolvimento do controle no setor público no Brasil. 2 BREVE HISTÓRIA DE CONTROLE INTERNO NO BRASIL De acordo com o TCU (2015), a história de controle no Brasil vem de longe, desde o período colonial. Em 1680 foram criadas as Juntas das Fazendas das Capitanias e a Junta daFazenda do Rio de Janeiro, sob a jurisdição de Portugal. Na administração de Dom João VI, em 1808, foi instalado o Erário Régio e criado o Conselho da Fazenda que era responsável em acompanhar a execução da despesa pública. Após a proclamação da Independência em 1822 e depois da Constituição monárquica de 1824, o Erário Régio foi transformado em Tesouro e assim foram realizados os primeiros orçamentos e balanços gerais. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 32 Erário Régio – O Erário Régio, também chamado de Real Erário, Real Fazenda, Tesouro Público ou Tesouro Geral, foi criado no Brasil pelo Decreto de 11 de março de 1808, quando foi nomeado seu presidente D. Fernando José de Portugal, que exerceu o cargo juntamente com o ministro e secretário de Estado dos Negócios do Brasil e o ministro assistente do despacho do Real Gabinete. FONTE: MAPA (2015) Ainda segundo o TCU (2015), a ideia da criação do primeiro Tribunal de Contas foi em 23 de junho de 1826, através de projeto de lei apresentado ao Senado do Império. Em 7 de novembro de 1890, com a reforma político-administrativa da República, foi criado o Tribunal de Contas da União através do Decreto nº 966- A, que de acordo com o TCU (2015) “norteado pelos princípios da autonomia, fiscalização, julgamento, vigilância e energia”. Foi na Constituição de 1891, no artigo 89, que o Tribunal de Contas da União foi institucionalizado finalmente. Todavia a instalação só ocorreu dois anos depois, em 17 de janeiro de 1893. Conforme a página do TCU (2015), originariamente, o Tribunal de Contas da União tem por competência: “exame, revisão e julgamento de todas as operações relacionadas à receita e a despesa da União”. E é na Constituição de 1988, que finalmente, o Tribunal de Contas da União teve a sua competência ampliada, assim como observa o TCU (2015): Recebeu poderes para, no auxílio ao Congresso Nacional, exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, à legitimidade e à economicidade e a fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas. Qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária tem o dever de prestar contas ao TCU. No Brasil, hoje, além do Tribunal de Contas da União com sede no Distrito Federal, existem mais vinte e seis Tribunais de Contas, nas capitais dos Estados, e, mais o Tribunal de Contas do Distrito Federal, e ainda, mais seis municipais, assim distribuídos: TÓPICO 2 | CONTROLE 33 QUADRO 11 - QUANTIDADE DE TRIBUNAIS DE CONTAS NO BRASIL Quantidade Tribunais de Contas Sede 01 Tribunal de Contas da União Distrito Federal 26 Tribunal de Contas do Estado Capital de cada Estado 01 Tribunal de Contas do Distrito Federal Distrito Federal 04 Tribunal de Contas dos Municípios Goiás, Pará, Ceará e Bahia 02 Tribunal de Contas do Município São Paulo e Rio de Janeiro FONTE: Silva (2014, p. 9) Os Tribunais de Contas dos Municípios verificam as contas dos municípios do Estado. As contas do governo são apreciadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Os Tribunais de Contas de São Paulo e Rio de Janeiro analisam somente as contas dos municípios correspondentes, os demais municípios desses dois Estados são analisados pelo Tribunal de Contas do Estado. 2.1 CONTROLE Controle é uma palavra que denota uma expressão negativa, principalmente quando nos imaginamos sob o controle de alguma coisa. Talvez a fiscalização dos nossos atos se torna uma ação desconfortável, porque podem manifestar eventuais erros ou por evidenciar nossa vida privada. E é claro que ninguém quer errar ou muito menos deseja que seus erros sejam evidenciados em relatórios ou quaisquer outros instrumentos ou veículo de comunicação. Entretanto, o controle que queremos apresentar é o controle que faz avaliação. Aquele que auxilia na gestão da organização, que compara objetivos e resultados; portanto, o controle com a conotação positiva. “O controle consiste em verificar se tudo ocorre de acordo com o programa adotado, as ordens dadas e os princípios admitidos. Tem por fim assinalar os erros, a fim de que se possa repará-los e evitar a sua repetição”. (FERRAZ, 1999, p. 69). As três formas básicas de controle podem ser: a. Antes do fato administrativo – é verificar se os objetivos constam no planejamento de forma clara para que possa ser realizado um comparativo na análise de resultados; b. Durante o fato administrativo – é o controle e verificação das ocorrências e falhas que ocorrem ainda em tempo de serem corrigidas antes do relatório final de análise, ou seja, durante o fato administrativo; c. Depois do fato administrativo – é a avaliação final dos resultados reais em comparação aos resultados esperados. Para Guerra (2007) o controle tal como é entendido hoje é o exercício de fiscalizar, a fim de imprimir um juízo de valor, assim conceitua: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 34 É a fiscalização, quer dizer, a inspeção, exame, acompanhamento, verificação, exercida sobre determinado alvo, de acordo com certos aspectos, visando averiguar o cumprimento do que já foi predeterminado ou evidenciar eventuais desvios com fincas de correção, decidindo acerca da regularidade ou irregularidade do ato praticado. (GUERRA, 2007, p. 90). Na verdade, a conotação negativa reverte-se em positiva no momento em que se perceba que a sua finalidade nada mais é que verificar se objetivos foram alcançados, os procedimentos estão sendo praticados em excelência, os recursos estão sendo otimizados, os atos estão em conformidade com a lei. Assim, controlar não é a verificação de erros, mas é tão somente garantir que a conjuntura da organização se mantenha saudável, produtiva e sustentável. 2.1.1 Controle interno O controle interno é uma forma de manter a organização no prumo conforme os seus objetivos e finalidades. O controle interno colabora para que eventuais riscos e erros sejam minimizados e/ou solucionados. É uma forma de a Administração Pública verificar a legalidade dos seus atos. De forma simples e sintetizando o conceito de controle, Barreto e Graeff (2014, p. 97) apresentam: O controle é uma das funções básicas da administração e tem como objetivo primordial garantir que os diferentes processos e atividades institucionais estejam de acordo com o que foi planejado, permitindo que sejam efetuadas correções sempre que necessárias. Nascimento (2014) apresenta que embora não haja unanimidade quanto às funções básicas do controle interno, as mais citadas pelos estudiosos podem ser consideradas como sendo: • Organização (administrativa, jurídica e técnica); • Procedimentos e métodos; • Informações (planejamento, orçamentação, contabilidade, estatística e informatização); • Recursos humanos; • Autoavaliação. Diante dessas funções básicas podemos considerar que o controle interno não deve só ficar atento às questões contábeis e financeiras, a sua extensão percorre tudo que envolve a Administração Pública. Controle interno é uma função permanente que garante que a administração tenha as suas ações avaliadas e possa perceber erros e acertos. É TÓPICO 2 | CONTROLE 35 através do controle que os resultados podem ser apurados e verificados se os objetivos foram atingidos ou não, e quais são as novas ações necessárias para que a administração realize ajustes para otimizar cada vez mais seus recursos. FIGURA 4 - CONTROLADORIA FONTE: Disponível em: <http://www.enabrasil. sc.gov.br/shared/imagens/imagem_ grande_4778958c67f9cdd20f72dcac46e28a78.jpg>. Acesso em: 1 nov. 2015. Controles internos são o conjunto de atividades, planos, métodos e procedimentos interligados, a fim de assegurar que os objetivos das organizações da AdministraçãoPública sejam alcançados (PETER; MACHADO, 2003). E ainda ressaltam que para que esses objetivos ascendidos “de forma confiável e concreta, evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos objetivos fixados pelo Poder Público” (p. 24). UNI Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, devem comunicar ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. (LEMOS, p. 63). Na verdade, controle interno são ações que dão oportunidade de verificação para que a administração possa verificar se os seus objetivos estão sendo alcançados conforme os objetivos preestabelecidos. O Decreto nº 3.591, de 6 de setembro de 2000, dispõe sobre o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e dá outras providências. No artigo primeiro pode-se observar: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 36 Art. 1o O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal visa à avaliação da ação governamental e da gestão dos administradores públicos federais, com as finalidades, atividades, organização, estrutura e competências estabelecidas neste Decreto. (BRASIL, 2000). Quantos às suas finalidades, o Decreto nº 3.591, de 6 de setembro de 2000, determina: I. Avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II. Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e à eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e nas entidades da Administração Pública Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III. Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV. Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. O controle interno tem como principal função avaliar a ação governamental e da gestão da administração pública. É pelo controle e avaliação dos atos e contas públicas, que é possível coibir desvios de verbas, corrupção, ingerências, entre outras. 2.1.2 Características do controle interno Uma organização pública ou privada, ou mesmo em outro formato, necessita de controle interno para que mantenham a saúde financeira, de recursos humanos, administrativa e operacional salutar. Para tanto, necessita do envolvimento de todos da organização, métodos, procedimentos, documentos e relatórios para análise. O controle interno possui características importantes que por definição pode ser identificado como apresenta Barreto e Graeff (2014, p. 97 e 98): • É um processo planejado, implementado e mantido pelos responsáveis da governança, administração e outros funcionários, ou seja, é responsabilidade de todos – operários de linha, gerentes e diretores etc. -, assim, o controle interno somente será efetivo se todos os envolvidos na consecução dos objetivos da empresa tomarem parte da responsabilidade; • Fornece segurança razoável quanto à realização dos objetivos da entidade, assim, o controle interno é um processo desenvolvido para garantir com razoável certeza (nunca com garantia absoluta), que sejam atingidos os objetivos da organização; • No que se refere à confiabilidade dos relatórios financeiros, efetividade e eficiência das operações e conformidade com leis e regulamentos aplicáveis. Dessa forma, o controle interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, TÓPICO 2 | CONTROLE 37 2.1.2 Características do controle interno métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos e produzir dados contábeis confiáveis (controles contábeis), ajudar a administração na condução dos negócios com eficiência (controles operacionais ou administrativos); e promover o cumprimento das normas e regulamentos (controles normativos). Dessa maneira, o controle interno deve envolver todos os funcionários da entidade, cada um com a sua responsabilidade na operação de controle. O comprometimento com a realização de suas funções, bem como no fornecimento de dados e informações que demonstrem a real situação da organização, mas tendo como foco a missão, visão e real objetivo a ser alcançado. E por fim, ter confiança nos relatórios financeiros, resultado dos controles contábeis, operacionais e normativos, conforme as exigências de regulamentos e leis. Os controles contábeis e operacionais componentes do controle interno podem ser exemplificados conforme o quadro que segue: QUADRO 12 - TIPOS DE CONTROLES Controles Contábeis Controles Operacionais Sistemas de conferência, aprovação e autorização. Análise de lucratividade por linha de produto. Segregação de funções. Controle de qualidade. Controle físico sobre ativos. Treinamento de pessoal. Inventários periódicos. Estudos para aumento de eficiência produtiva. FONTE: Barreto e Graeff (2014, p. 98) Os exemplos de controles apresentados podem ser aplicados para quaisquer modelos de organizações, desde que seja personalizado conforme os objetivos e ao tipo de prestação de serviços. 2.1.3 Controle interno na administração pública O controle interno da Administração Pública está previsto na Constituição Federal de 1988, em que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário devem manter de forma integrada a transparência dos atos. O controle é um instrumento para que possam permanecer alinhados aos objetivos, dentro da legalidade e obtenham resultados com eficácia e eficiência. E quando necessário é previsto que apoiem o exercício do controle externo. De acordo com os artigos 70 e 74 da Constituição Federal de 1988, o sistema de controle interno está previsto, vejamos: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 38 Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I- avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II- comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III- exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV- apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. BRASIL (1988) Dessa maneira, podem-se observar as principais finalidades do sistema de controle interno e perceber que este tem também como efeito apoiar o controle externo para que qualquer irregularidade ou ilegalidade venha a ser apurada. Observa-se o esquema de controle interno e externo no setor público apresentado por Chaves (2011), na figura que segue: TÓPICO 2 | CONTROLE 39 FIGURA 5 - CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNOControle Interno Controle Externo Poder Judiciário Poder Executivo Poder Legislativo FONTE: Chaves (2011, p. 38) O controle interno da Administração Pública tem a incumbência de exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União, que é também exercida pelos três Poderes. FIGURA 6 - CONTROLE INTERNO INTEGRADO FONTE: Castro (2015) 2.1.4 Princípios do controle interno Os princípios de Controle Interno, que visam ao alcance dos objetivos, num conjunto de regras, diretrizes e sistemas que contribuam para efetividade da ação governamental e suas organizações, sejam de forma direta ou indireta, apresentados por Peter e Machado (2003): UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 40 a) Relação custo/ benefício: da mesma forma que o controle para que as falhas e os desvios sejam minimizados, o custo para tal controle não pode exceder aos benefícios. b) Qualificação adequada, treinamento e rodízio de funcionários: a eficácia do controle interno depende também da política de recursos humanos, competência e integridade do pessoal. É importante que haja: I- seleção e treinamento, com ênfase no rendimento e otimização de custos; II- rotatividade de funções, para reduzir possibilidades de fraudes; III- obrigatoriedade de funcionários gozarem férias regularmente, como forma de evitar a dissimulação de irregularidades; c) Delegação de poderes e determinação de responsabilidades: a descentralização administrativa colabora para que o processo seja mais rápido. A delegação de competência deve ter organograma e regimentos adequados e claros para que as funções sejam delineadas. d) Segregação de funções: as funções devem ter suas competências e atribuições definidas; e) Instruções devidamente formalizadas: os instrumentos de controle internos devem ser claros e objetivos e formalizados por órgão competente; f) Controles sobre as transações: o acompanhamento contábil, financeiro e operacional deve ser efetuado por pessoas de competência na área; g) Aderência às diretrizes e normas legais: o controle interno deve verificar se a organização está em concordância às normas, leis, regulamentos, entre outros. A relação custo e benefício visa otimizar recursos, ou seja, é uma análise para verificar se o empreendimento financeiro é válido para os benefícios que estão sendo adquiridos. Quanto à capacitação, treinamento e rodízio de funcionários é uma preocupação da Administração Pública, no que consta do controle interno, com a finalidade de reduzir erros viciosos. A descentralização e a segregação de funções são armas da Administração Pública para manter com pessoas capacitadas para o exercício de competências específicas em cada setor e garantir transparência, produtividade e eficiência. Os instrumentos devem ser formalizados, objetivos e claros, para que o acompanhamento contábil tenha de fácil acesso e seja apresentada regularmente e em conformidade a legislação vigente. TÓPICO 2 | CONTROLE 41 3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS SUBJACENTES AOS COMPONENTES DE CONTROLE O COSO I (apud BARRETO; GRAEFF, 2014) prescreve 17 princípios fundamentais subjacentes aos componentes do controle, subdividido em cinco áreas: ambiente de controle, avaliação de riscos, atividades de controle, informação e comunicação, e, atividades de monitoramento. Assim Barreto e Graeff (2014, p. 108 e 109) apresentam: Ambiente de controle 1. A organização demonstra compromisso com a integridade e os valores éticos. 2. O conselho de administração demonstra a independência da gestão e realiza exercícios de supervisão do desenvolvimento e desempenho do controle interno. 3. A gerência estabelece, com supervisão da diretoria, estruturas, linhas de comunicação e autoridades competentes e responsabilidades na busca de objetivos. 4. A organização demonstra compromisso em atrair, desenvolver e reter pessoas competentes, em alinhamento com os objetivos. 5. A organização mantém os indivíduos responsáveis por suas responsabilidades de controle interno na busca de objetivos. Avaliação de riscos 6. A organização especifica os objetivos com clareza suficiente para permitir a identificação e avaliação de riscos associados aos objetivos. 7. A organização identifica os riscos para a concretização dos seus objetivos por meio da entidade e analisa os riscos como base para determinar como eles devem ser gerenciados. 8. A organização considera o potencial de fraude na avaliação dos riscos para a concretização dos objetivos. 9. A organização identifica e avalia as mudanças que poderiam afetar significativamente o sistema de controle interno. Atividades de controle 10. A organização seleciona e desenvolve atividades de controle que contribuem para a mitigação dos riscos a níveis aceitáveis. 11. A organização seleciona e desenvolve atividades de controle sobre as inovações tecnológicas para apoiar a realização dos objetivos. 12. A organização implanta atividades de controle por meio de políticas que estabelecem o que é esperado, e estabelece os procedimentos para colocar em prática essas políticas. Informação e comunicação 13. A organização obtém ou gera e usa, informações de qualidade, relevantes para apoiar o funcionamento do controle interno. 14. A organização comunica internamente as informações, incluindo os objetivos e as responsabilidades dos controles internos. 15. A organização comunica-se com as partes externas sobre assuntos que afetam o funcionamento do controle interno. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 42 Atividades de monitoramento 16. A organização seleciona, desenvolve e realiza avaliações em curso e/ou separado para verificar se os componentes do controle interno estão presentes e funcionando. 17. A organização avalia e comunica as deficiências do controle interno em tempo hábil para os responsáveis pela tomada de medidas corretivas, incluindo a alta administração e o conselho de administração, conforme o caso. Podemos observar que os princípios fundamentais subjacentes regem para que a organização crie mecanismos que feche o seu ciclo num controle contínuo e produtivo. Para tanto, deve envolver toda a sua organização para que essa engrenagem desenvolva um ambiente coeso, produtivo, de pouco risco e com resultados. Do ponto de vista prático, Barreto e Graeff (2014) apresentam um quadro com as atividades que devem ser realizadas pelo auditor: QUADRO 13 - COMPONENTES DE CONTROLE Componente de Controle Atividade desenvolvida pelo auditor na avaliação do componente de controle Ambiente de Controle Avaliar se a administração criou e manteve uma cultura de honestidade e conduta ética, e se o ambiente de controle fornece a fundação para os outros componentes do controle interno (assim como se os outros componentes não são prejudicados por deficiências no ambiente de controle). Avaliação de Riscos Entender se a entidade tem processo para a avaliação de riscos envolvendo: a) Identificação dos riscos de negócio relevantes para os objetivos das demonstrações contábeis; b) Estimativa da significância de riscos; c) Avaliação da probabilidade de sua ocorrência; e, d) Decisão sobre ações em resposta a esses riscos. Compete ao auditor identificar se a entidade estabeleceu tal processo ou se possui processo informal. Identificação e Comunicação Obter entendimento do sistema de informação, inclusive dos processos de negócio relacionados, relevantes para as demonstrações contábeis, e de como a entidade comunica as funções e responsabilidades sobre demonstrações contábeis e assuntos significativos relacionados com esses relatórios. Atividades de Controle Entender as atividades de controle relevantes para a auditoria. É importante lembrar que uma auditoria não requer entendimento de todas as atividades de controle relacionadas às demonstrações contábeis. Monitoramento Identificar as principais atividades que a entidade utiliza para monitorar o controleinterno sobre as demonstrações contábeis, e como a entidade inicia ações corretivas para as deficiências nos seus controles. FONTE: Barreto e Graeff (2014, p. 115-116) TÓPICO 2 | CONTROLE 43 4 REGISTRO NO CONTROLE INTERNO A avaliação no controle interno é um mecanismo muito importante para que o sistema apresente fidedignidade e os resultados sejam avaliados e aprimorados. Assim os mecanismos de avaliação são diferenciados e existe sistema de controle que auxiliam a auditoria como os sistemas computadorizados. Attie (2011) apresenta um quadro sinóptico do fluxo do controle interno de uma instituição. Nesse tipo de organograma o sistema deve estar bem ajustado para que a segurança e a integridade das informações sejam asseguradas. Em tempos de informatização, o sistema computadorizado é um ganho na otimização de tempo e até de informações, em contrapartida, apresenta vulnerabilidade quanto às invasões não autorizadas, a falta de domínio do sistema, uma alimentação de dados equivocada e até mesmo retenção de informações relevantes. Conhecimento do Sistema Registro do Sistema Revisão do Sistema Avaliação do Sistema Resumo e Acompanhamento de Fraquzas Elaboração do Programa de Trabalho Aplicação do Teste de Procedimentos Análise e avaliação dos Resultados Recomendação Determinação da natureza e extensão dos exames nas demonstrações contábeis Elaboração do Programa de Trabalho Aplicação do Programa Trabalho Análise e avaliação dos Resultados Parecer ORGANOGRAMA 1 - FLUXO DO CONTROLE INTERNO DE UMA INSTITUIÇÃO FONTE: Attie (2011, p. 301) UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 44 De outra maneira tradicional temos o registro no controle, que é uma forma de oficializar a avaliação realizada através do controle interno, que pode ser apresentado de três diferentes formas: descritivo, por fluxograma e questionários. Esses registros devem ser feitos sempre de forma clara e objetiva, e quanto mais pormenores e com suas relações contábeis, e ainda devem obedecer aos seguintes critérios conforme apresenta Attie (2011, p. 292): • Apresentação de todas as operações em forma lógica e sequencial; • Registro de todos os documentos emitidos e os controles mantidos; • Registro dos arquivos e forma de controle; • Registro dos relatórios de importância contábil preparados; e • Cardo das pessoas que praticam as operações ou os responsáveis pela área. Em cada uma das formas os métodos de registros apresentam dados e informações para a avaliação, embora possa ser criterioso o método escolhido, um ou outro em determinada organização ou pela forma de utilização técnica podem ter mais ou menos ganho na análise. Método descritivo O método descritivo é uma forma de registro de controle, em que o detalhamento das atividades, funções, registro, procedimentos é valorizado. Attie (2011) observa que esse método de controle requer uma habilidade para expressar as ideias por escrito de forma clara e sintética. E também esse método requer relatórios extensos e complexos, porque exigem que a comunicação seja eficiente e o texto atinja a compreensão de todos. Método de fluxogramas O método de fluxograma tem sido um instrumento bem difundido nos últimos anos, porque é sintético e facilita a comunicação das informações relevantes. Esse método representa graficamente as fases operacionais e apresenta vantagens em comparação aos outros métodos, conforme apresenta Attie (2011): • Efetua o levantamento em sequência lógica e ordenada; • Visualiza as áreas em conjunto; • Evita a duplicidade de descrições; • Facilita a identificação de deficiências, porque evidencia a eficiência operacional; • Evita problemas de semântica, ou seja, a linguagem curta e objetiva facilita a compreensão e elimina dúvidas. TÓPICO 2 | CONTROLE 45 Método de questionários O método de questionários é mais utilizado por auditor independente, em função de não pertencerem à entidade, necessitam efetuar perguntas básicas. Normalmente os questionários são padronizados, divididos por secções e áreas, que procuram obter conhecimento básico sobre a organização e realizar a avaliação da eficiência de procedimentos e do sistema como um todo. Existem diferentes tipos de questionários como nos apresenta Attie (2011, p. 294): • Alguns exigem respostas em forma narrativa; • Outros pedem respostas simples: “sim” ou “não” ou “não aplicável”. Normalmente as perguntas são feitas de modo que uma resposta negativa denote, em princípio, deficiência; • Outros, ainda, cujas respostas devem ser uma combinação de ambos os tipos. Ainda Attie (2011, p. 294) apresenta as vantagens do método de questionários em relação aos outros, assim expostos: • Caso o auditor tenha muitas tarefas semelhantes, permitem redução dos custos; • Facilitam a administração do trabalho, por sistematizarem os exames; • Orientam o auditor na tarefa de conhecimentos e avaliação de sistemas simples e podem evitar omissões na consideração de algum aspecto do sistema; • Quando as perguntas devem ser respondidas com “sim” ou “não” ou “não aplicável”, facilitam a identificação de deficiências. Seja um ou outro método, as vantagens podem ser evidenciadas conforme a orientação do controle e pelo tipo de organização. Assim, a escolha do método pode ficar a cargo dos auditores e da organização. 4.1 CONTROLE EXTERNO O controle externo é exercido por um Poder ou órgão distinto ou por comissões parlamentares. Também o Poder Judiciário sobre os demais Poderes e a Administração Pública direta sobre a indireta. Tem-se o controle político, exercido pelo Poder Legislativo, o controle financeiro, exercido pelo Tribunal de Contas da União, ambos sobre a Administração Pública direta e indireta dos demais Poderes. De acordo com o artigo 71 da Constituição Federal de 1988, o controle externo deve ser exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União, que tem suas atribuições detalhas: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 46 I. Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II. Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V. Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII. Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII. Aplicar aosresponsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX. Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X. Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI. Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. E essas disposições estão também asseguradas na Lei nº 4.320 de 1964, artigo 81. UNI O controle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, tem por objetivo verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprego do dinheiro público e o cumprimento da Lei do Orçamento. TÓPICO 2 | CONTROLE 47 O controle externo é um mecanismo de garantir que as ações do governo federal sejam mantidas regulares e legais. Dessa maneira, o controle externo auxilia para que a avaliação da administração pública seja realizada de forma neutra. Assim, resumidamente, podemos entender que o controle interno é exercido pela própria Administração Pública, enquanto o controle é exercido por órgãos de fora da Administração. FIGURA 7 – FORMAS DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FONTE: Disponível em: <http://images.slideplayer.com.br/9/2571346/slides/ slide_14.jpg>. Acesso em: 1 nov. 2015. 4.2 CONTROLE SOCIAL Com o protagonismo da sociedade civil brasileira da década de 80 para a atualidade, a sua participação na Administração Pública e como controlador de suas ações, o controle social tornou-se um mecanismo instituído na Constituição Federal de 1988. Destacado por Guerra (2007) alguns dos instrumentos e mecanismos para o exercício do controle social podemos então observar os seguintes instrumentos de controle social previsto na Constituição Federal de 1988: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 48 a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Art. 10 É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. Art. 31 A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Art. 103 Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. FONTE: Brasil (1988) 49 RESUMO DO TÓPICO 2 O Tópico 2 apresentou uma introdução à auditoria, com essa aprendizagem foi possível: • O entendimento do conceito de controle. • Identificação das principais funções do controller. • Assimilação da evolução histórica de controle no Brasil. • Compreensão dos objetivos de controle. • Verificação do que é controle interno e externo. 50 1 O que é controle interno? 2 Quais são as principais características do controle interno? 3 Quais são os princípios do controle interno? 4 Quais são os métodos de registro do controle? 5 O que é controle social? AUTOATIVIDADE 51 TÓPICO 3 CONTROLADORIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO De acordo com Chaves (2011), alguns estudiosos classificam a controladoria como um novo conceito de controle. A controladoria tem como principal objetivo a otimização do resultado econômico da organização. Silva apud Chaves (2011) destaca que a auditoria do setor público não difere da empresa privada, porque em função da supervisão da contabilidade geral, de custos, de auditoria, de impostos, seguros e aplicações, auxiliam nos problemas administrativos. “A busca pelo atingimento do ótimo em qualquer ente, seja ele público ou privado, é o algo mais, procurado pelo conjunto de elementos que compõem a máquina de qualquer entidade” (SLOMSKI, 2005, p. 15). Então, controladoria pode ser definida como a capacidade de avaliar as suas forças e as suas fraquezas para otimizar suas capacidades e minimizar ou extinguir deficiências. De acordo com Catelli (2001, p. 344), a controladoria enquanto ramo do conhecimento está apoiada na contabilidade: Numa visão multidisciplinar, é responsável pelo estabelecimento das bases teóricas e conceituais necessárias para a modelagem, construção e manutenção de Sistemas de Informações e Modelo de Gestão Econômica, que supram adequadamente as necessidades informativas dos Gestores e os induzam durante o processo de gestão, quando requerido, a tomarem decisões ótimas. Para Borinelli (2006, p. 105) a controladoria “é um conjunto de conhecimentos que se constituem em bases teóricas e conceituais de ordem operacional, econômica, financeira e patrimonial, relativas ao controle de processo de gestão organizacional”. Chaves (2011, p. 18-19) apresenta a controladoria por duas classificações: • É o órgão central do Sistema de Controle Interno que agrega não somente as atividades de auditoria, mas também, diversas outras atividades de controle da administração pública. A Controladoria-Geral da União, por exemplo, agrega as funções de defesa do patrimônio público, controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e controle à corrupção, atividades de ouvidoria e o incremento da transparência da gestão no âmbito da Administração Pública federal; 52 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO • É o órgão de controle externo, podendo também ser denominado de Auditoria Geral, com direção unipessoal, que tem por finalidade exercer um controle de caráter opinativo ou consultivo, sem poderes jurisdicionais. Borba e Martins (2011) afirmam que a controladoria é capaz de avaliar e controlar o desempenho de informações nas diversas áreas da organização seja público ou privado. Só é possível a tomada de decisões corretas através da obtenção de informações corretas. A Controladoria entra no processo decisório apresentando ao gestor uma simulação de situaçõesque lhe permita estimar o melhor resultado. (FLORES, 2006, p. 27). Borinelli (2006), ao pesquisar sobre os autores e conceitos da controladoria, apresentou em sua tese um quadro-resumo com os principais conceitos, que não só demonstra quanto a controladoria tem uma missão multidisciplinar, também percebido com base na contabilidade e com um conjunto de funções que requerem conhecimentos diversificados e dinamismo na sua atuação. QUADRO 14 - ALGUNS CONCEITOS SOBRE CONTROLADORIA AUTORES DEFINIÇÃO Almeida el al. (in CATELLI, 2001, p. 344) Apoiada na Teoria da Contabilidade e numa visão multidisciplinar, é responsável pelo estabelecimento das bases teóricas e conceituais necessárias para a modelagem, construção e manutenção de Sistemas de Informação e Modelo de Gestão Econômica, que supram adequadamente as necessidades informativas dos gestores e os induzam durante o processo de gestão, quando requerido, a tomarem decisões ótimas. Garcia (2003, p. 67-68) Apoia-se na teoria da contabilidade, sendo suportada por várias disciplinas, com o objetivo de estabelecer toda base conceitual de sua atuação, contribuindo para o processo de gestão da organização. É responsável pela base conceitual que permite a sua aplicabilidade nas organizações. Mosimann e Fisch ( 1999, p. 88) Corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica. Mosimann e Fisch (1999, p. 99) Conjunto de princípios, procedimentos e métodos oriundos das ciências de Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, da Contabilidade que se ocupa da gestão econômica das empresas, com a finalidade de orientá-las para a eficácia. Pereira (1991, p. 51) Conjunto organizado de conhecimentos que possibilita o exercício do controle de uma entidade, a identificação de suas metas e dos caminhos econômicos a serem seguidos para atingi- los. FONTE: Borinelli, (2006, p.102) TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 53 UNI A missão da controladoria é assegurar a eficácia da empresa por meio da otimização de seus resultados. (BORBA; MARTINS, 2011, p. 62). Como estamos observando, a controladoria é um sistema globalizado da organização. Conforme apresenta Chaves (2011), a Controladoria e o Sistema de Controle Interno podem ser representados de acordo com o esquema: ESQUEMA 1 – CONTROLOADORIA E SISTEMA DE CONTROLE INTERNO FONTE: Chaves (2011, p. 20) A figura anterior nos apresenta que a controladoria é mais abrangente que a auditoria, porque observa a organização como um todo. Todos os elementos da organização devem estar engajados para buscar a harmonia e a otimização para a excelência. Controladoria Auditoria Interna Controles Internos Correição Ouvidoria Transparência Sistema de Controle Interno Controle Interno Administrativo 54 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A CONTROLADORIA Com o aumento de volume das grandes empresas e também para obterem vantagem competitiva, surgiu a necessidade de ampliar as formas de auditar e controlar as organizações. A questão do controle contábil e financeiro, embora de grande importância, não se restringiu ao único fator relevante para o desempenho das empresas. UNI A Controladoria surgiu da evolução da Contabilidade em busca de informações capazes de atender a necessidade de avaliar e controlar o desempenho de informações de diversas divisões da empresa, seja ela privada ou não. (BORBA; MARTINS, 2011, p. 61). De acordo com Beuren (2002), a Controladoria surgiu nos Estados Unidos, no século XX, em função da expansão e diversificação das organizações, que passaram a ter maior complexidade de suas atividades. No Brasil, com o crescimento industrial pós Segunda Guerra Mundial, houve necessidade de expansão, em virtude do crescimento de receitas das organizações. O acúmulo do capital, faz com que as organizações necessitem de maior controle e acompanhamento de suas ações. Conforme apresenta Siqueira e Soltelinho (2001, p. 69) pode-se considerar que a controladoria surgiu dessa dinâmica histórica da evolução do mundo empresarial e do capital por três razões: 1) a instalação de empresas estrangeiras, notadamente norte-americanas, trouxe ou arraigou a cultura da utilização da área de controladoria para o solo brasileiro; 2) uma maior penetração de empresas multinacionais acirrou a competição, forçando as empresas aqui instaladas, principalmente as nacionais, a se reestruturar; 3) com o crescimento econômico as empresas ganharam porte e suas operações aumentaram em complexidade, necessitando de novos profissionais que assegurassem o controle sobre a organização. Dessa maneira, a controladoria passa para uma função mais ampla em relação as ciências contábeis, reúne elementos de outras áreas para que a sua atividade ultrapasse os limites dos relatórios contábeis e financeiros. Podemos entender que a controladoria passa a ter uma função ampliada nas organizações, para que contribuam no processo de decisão, gestão e no controle operacional e financeiro. TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 55 3 FINALIDADE E ESTRUTURA DA CONTROLADORIA A controladoria tem a finalidade de manter todos os processos de gestão de forma harmoniosa. Tem o objetivo de manter as atividades da organização em bom funcionamento, fazendo as intervenções necessárias quando couber. De acordo com o que Borinelli (2006) apresenta, não existe uma base teórica sobre o objeto de estudo da controladoria, porque se encontra em desenvolvimento, devido aos diversos braços de sua atuação. Ainda assim, o autor apresenta um quadro resumido sobre os objetos de estudos sobre controladoria: QUADRO 15 – OBJETOS DE ESTUDOS SOBRE CONTROLADORIA AUTORES OBJETO DE ESTUDO Vatter (1950, p. 238) A natureza da controladoria encontra-se nas relações que acontecem com os vários níveis de executivos nas quais o controller exerce s influência, e faz contribuições úteis à efetividade gerencial. O significado de controladoria encontra-se na natureza destas contribuições. Regel (2003, p. 32) Considera que o modelo de Controladoria deve atender a três tipos de informações: fiduciária (usuário externo), operacional (usuário interno) e estratégica (usuário interno). Fernandes (2000, p. 45) A abrangência da atividade de controladoria estende- se a todo o processo de formação de resultados das entidades, com todos seus aspectos – estruturais, sociais, quantitativos e outros. Catelli (apud PADOVEZE, 2004, p. 5) A identificação, mensuração, comunicação e decisão relativas aos eventos econômicos. Oliveira et al. (2002, p. 14) O estudo e a prática das funções de planejamento, controle, registro e divulgação dos fenômenos da administração econômica e financeira das empresas em geral. Padoveze (2004, p. 34) Os objetivos empresariais são o ponto central de atuação da Controladoria. Padoveze (2004, p. IX) O foco da Controladoria é a criação de valor para a empresa e para os acionistas, valor esse que será obtido pelos gestores das diversas atividades desenvolvidas dentro da empresa, inseridas em processo de gestão claramente definido. Guerreiro et al. (1997, p. 11) A gestão econômica, compreendida pelo conjunto de decisões e ações orientado por resultados desejados e mensurados segundo conceitos econômicos. Mosimann e Fisch (1999, p. 99) A gestão econômica, ou seja, todo conjunto de decisões e ações orientado por resultados desejados mensurados segundo conceitos econômicos. 56 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO Farias (1998, p. 40) A gestão econômica, de modo que é responsável pelos sistemas de informações gerenciais e pela disponibilização de modelos de mensuração e de informação que possibilitem as melhores decisões, tendo em vista a otimização dos resultados da empresa. Almeida et al. (in CATELLI, 2001, p. 345) Modelo de gestão, processo de gestão, modelo organizacional, modelo de decisão (teoria da decisão), modelo de mensuração (teoria da mensuração),modelo de identificação e acumulação e modelo de informação (teoria da informação). FONTE: Borinelli (2006, p. 106) Nesse estudo aprofundado sobre a controladoria e diante das suas expansões como função nas organizações, para Borinelli (2006, p. 200) a controladoria tem três diferentes enfoques de missão: a) Otimização do resultado econômico; b) Coordenação de esforços em busca de um resultado estratégico; c) Suporte ao processo de gestão. A estrutura da controladoria em uma organização é uma dinâmica em que todas as informações da organização são gerenciadas para que a análise das necessidades e desempenho da organização possa ser orientada. Assim, conforme a estrutura apresentada por Padoveze (2003) tem-se: ORGANOGRAMA 2 – ESTRUTURA DA CONTROLADORIA CONTROLADORIA Auditoria Interna Relações com investidores Sistema de Informação Gerencial Planejamento e Controle Escrituração - Contabilidade Societária - Controle Patrimonial - Contabilidade Tributária - Orçamento, Projeções e Análise de Investimentos - Contabilidade de Custos - Contabilidade de Responsabilidades - Acompanhamento do Negócio/ Estudos Especiais FONTE: Padoveze (2003) TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 57 Em concordância ao organograma, a controladoria faz a função de consultoria para toda organização, tem uma visão ampla e faz as intervenções necessárias conforme os resultados apresentados, dados, informações, procedimentos, entre outros. Enquanto que a auditoria se remete mais a segmentos específicos da organização. Para Peleias (2002, p. 14) a contribuição da controladoria ao processo de gestão no processo de decisão pode ser considerada como: a) subsídio à etapa de planejamento, com informações e instrumentos que permitam aos gestores avaliar o impacto das diversas alternativas de ação sobre o patrimônio e os resultados da organização, e atuar como agente aglutinador de esforços pela coordenação do planejamento operacional; b) subsídio à etapa de execução por meio de informações que permitam comparar os desempenhos reais nas condições padrão e realizados pelo registro dos eventos e transações efetivamente concluídos; c) subsídio à etapa de controle, permitindo a comparação das informações relativas à atuação dos gestores e áreas de responsabilidade com o que se obteve com os produtos e serviços, relativamente a planos e padrões previamente estabelecidos. 4 PERFIL DO CONTROLLER O controller é um novo modelo de gestor que deve ter como habilidade bom relacionamento, facilidade para a comunicação, competência gerencial e administrativa, qualificação técnica e ótima visão do funcionamento da organização. FIGURA 8 - CONTROLLER FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-tvHT4ACVqvw/ U_30ztggzmI/AAAAAAAAOL0/DZLZNU1jCf4/s1600/44.jpg>. Acesso em: 3 nov. 2015. Segundo Peters (2004, p. 2): “O controller é uma figura essencial na responsabilidade econômica do gestor, ao dar condições efetivas de gerenciamento e monitoramento econômico da sociedade, e nas ações internas ou externas a ela – que afetam o status econômico desta sociedade”. 58 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO Assim como coloca Horngren (1985 apud Padoveze, 2003, p. 33), o controller se aplica a diversos cargos na área da contabilidade, cujo nível e responsabilidade variam de uma empresa para outra e resume o controller moderno como sendo: “o controller realmente controla: fazendo relatórios e interpretando dados pertinentes, o controller exerce uma força ou influência ou projeta uma atitude que impele a administração rumo a decisões lógicas e compatíveis com os objetivos”. O controller também deve ter conhecimentos contábeis e fiscais para que dados e informações contábeis e financeiras sejam indicadores de análise. Cavalheiro (2015, p. 30) lista as principais funções de um controller: • Interação e liderança de equipes; • Fixação de objetivos e metas; • Planejamento e implantação de sistemas e métodos que atendam às necessidades previamente objetivadas; • Implementação de ações; • Controle das ações. Avaliação e sugestão de correção e/ou melhorias; • Avaliação de estoques, custos, formação de preços de vendas, consecução de metas financeiras. Alguns departamentos devem ser subordinados ou geridos pelo gestor da controladoria, não sendo regra geral, porém aconselhável, tais como: 1) Fundamentalmente o controller deve ter conhecimento de contabilidade o que lhe dará mais facilidade de leitura dos relatórios; 2) Departamento de pessoal e recursos humanos; 3) Planejamento orçamentário de curto, médio e longo prazo. Resumidamente, conforme alguns autores, as funções do controller são: planejar, controlar, avaliação e consultoria de relatórios internos e externos, avaliação contábil, econômica e administrativa. Devido ao conhecimento multidisciplinar, o controller deve possuir formação acadêmica em ciências contábeis, economia, administração, ou graduação correlata. FUNÇÕES DA CONTROLADORIA As funções da controladoria, embora tenha uma amplitude maior que a auditoria, portanto é menos específica, permeia pelo campo da orientação em gestão. Dessa forma a controladoria é uma função com olhar ampliado da instituição, que se coloca como um guru para que a organização tenha uma diretriz de trabalho alinhado aos princípios, aos resultados esperados, com procedimentos ajustados à maior eficiência e eficácia e seja transparente com a apresentação de seus dados e informações. Kanitz (1977) apresenta as funções da controladoria de forma bem resumida: TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 59 • Informação – são os sistemas contábeis, financeiros e gerenciais; • Motivação – consequência da controladoria no comportamento; • Coordenação – assessoria das informações para apreciação e para eventuais indicações de solução; • Avaliação – é a interpretação de dados, informações e relatórios, para que resultados sejam avaliados; • Planejamento – é a assessoria para determinar objetivos e planificar estratégias de ação; • Acompanhamento – é a verificação de desempenho com análise aos objetivos traçados, a fim de corrigir falhas ou assegurar ajustes. A pessoa que exercita a controladoria é chamada de controller. Perez Junior, Pestana e Franco (1995, p. 36) apresentam as principais responsabilidades em relação a função do controller: • A organização de adequado sistema de informações gerenciais que permita à administração conhecer os fatos ocorridos e os resultados obtidos com as atividades; • A comparação permanente entre o desempenho esperado e o real; • A classificação das variações entre variações de desempenho e estimativa; • A identificação das causas e dos responsáveis pelas variações; • A apresentação de recomendações para a adoção de medidas corretivas. O controller torna-se então, a função especializada que fará a leitura dos dados contábeis e também da organização como um todo, capaz de apresentar soluções para o desempenho e resultados esperados. 5 TIPOS DE CONTROLADORIA Por recomendada cautela, pode ser mister estabelecer importantes diferenças entre a Contabilidade e a Controladoria. A Contabilidade estuda a variação do conjunto de bens, direitos e obrigações, através da escrituração dos fatos, de forma estática, retratando a situação econômico-financeira passada. A Controladoria, porém, tendo por base as informações retrospectivas e contábeis, no cenário micro e macroeconômico, é capaz de auxiliar o gestor na tomada de decisão, no planejamento estratégico, estabelecendo uma visão de futuro. No setor privado, há variados tipos de Controladoria, considerando a peculiaridade de cada empresa (capital aberto, capital fechado, limitadas). No passado, a única fonte de informações acerca da situação econômico- financeira das empresas era o setor de contabilidade, principalmente através dos balanços patrimoniais de cada exercício e os balancetes mensais. 60 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO Com o decorrer do tempo, ainda sob efeitoda globalização, fez-se necessário implementar maior dinâmica das informações, bem como a consistência de seus conteúdos, surgindo os modelos de Governança Corporativa. Esse movimento ganhou força no fim da década de 90, como consequência dos escândalos envolvendo grandes empresas, principalmente nos Estados Unidos, que manipulavam dados contábeis, não refletindo com verdade e precisão a real situação patrimonial daqueles agentes, bem como uma série de práticas que se caracterizavam como conflitos de interesses e demais aspectos que feriam os princípios éticos. Na sequência, embora os movimentos no setor público sejam bem mais lentos, a Controladoria também começou a ganhar forma, embora ainda de forma incipiente, em especial para dar maior transparência sobre os gastos públicos à sociedade. A controladoria pode agir em diferentes áreas de conhecimento para que a organização se mantenha e de acordo com os preceitos e objetivos estabelecidos. No setor público, o quadro a seguir apresenta as principais perspectivas e características da Controladoria. QUADRO 16 – PRINCIPAIS PERSPECTIVAS E CARACTERÍSTICAS DA CONTROLADORIA Perspectivas Características Gestão Operacional Responsável pela contabilidade, controle contábil, planejamento financeiro e orçamento. Direcionada ao usuário interno e externo. Gestão Econômica Divisão da controladoria em dois grupos (órgão administrativo e ramo do conhecimento). Responsável pelo processo de gestão e sistema de informações. Direcionada ao usuário interno e externo. Gestão Estratégica Coordenadora do planejamento e controle (estratégico, tático e operacional). Direcionada principalmente ao usuário interno. FONTE: Lunkes e Schnorrenberger (2009, p. 12) 6 GESTÃO OPERACIONAL Sobre a perspectiva da Gestão Operacional no setor público federal, um dos instrumentos mais importantes da atualidade para o controle contábil é o SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal. TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 61 UNI SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal é um sistema de controle e acompanhamento dos gastos públicos, que visa dar transparência e agilizar a tomada de decisões. Você verá mais detalhes sobre o SIAFI na Unidade 2. Aguarde! Considerando que um dos pressupostos da contabilidade consiste em acompanhar a variação do patrimônio, importante destacar que o SIAFI não é capaz de apresentar de forma discriminada os bens permanentes constantes do Plano de Contas Único da União. Nesse caso, faz-se necessário outro tipo de acompanhamento oriundo das unidades gestoras, para posterior conciliação dos saldos contábeis com o estoque físico. A transparência das contas públicas é um dos principais objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal. O Tesouro Nacional, à luz dessa norma, desenvolveu o PORTAL SIAFI de Projetos Externos. É mais um mecanismo que permite a qualquer pessoa, com acesso à internet, obter informações contratuais e da execução das despesas dos Projetos Financiados com Recursos Externos dos Órgãos do Governo Federal, por meio de consultas estruturadas a partir da base de dados do SIAFI. (SIAFI, 2015). Importante destacar que, embora a Contabilidade apure a variação do patrimônio derivada do resultado entre os bens, direitos e subtraídos das obrigações; já no setor público nem todos os bens são passíveis de contabilização, com destaque daqueles considerados de uso comum da população, tais como; rios, mares, entre outros. Outro aspecto que merece destaque é a da gestão das despesas que podem ser orçamentárias e extraorçamentárias. A execução das despesas orçamentárias, obrigatoriamente, precede de autorização do Poder Legislativo. Essas despesas devem ter sido publicadas através da LOA – Lei Orçamentária Anual. O MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão esclarece o que é a LOA, com a seguinte explicação: É no Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) que o governo define as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas naquele ano. A LOA disciplina todas as ações do Governo Federal. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora do Orçamento, mas nem tudo é feito pelo Governo Federal. As ações dos governos estaduais e municipais devem estar registradas nas leis orçamentárias dos Estados e Municípios. No Congresso, deputados e senadores discutem, na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), a proposta enviada pelo Executivo, fazem as modificações que julgam necessárias por meio das emendas e votam o projeto. Depois de aprovado, o projeto é sancionado pelo Presidente da República e se transforma em Lei. (MPOG, 2015). 62 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO Portanto, sob a perspectiva da Gestão Contábil, no contexto da Controladoria, embora faça parte de seu escopo o planejamento financeiro, este se refere apenas à melhor forma de execução operacional, não cabendo o sentido mais amplo sobre aspecto da definição das despesas e investimentos públicos. 7 GESTÃO ECONÔMICA Quanto à perspectiva da Gestão Econômica, essa é a parte da Controladoria que administra todo o processo dentro da máquina administrativa e gerencia os sistemas de informação, dentre eles o SIAFI, para acesso das informações para o público interno e externo. Esse gerenciamento também se restringe às questões operacionais, não sendo de sua alçada as definições de receitas (criação de taxas e impostos) ou no orçamento das despesas orçamentárias ou extra orçamentárias. "Eu achei um jeito de corrigir os problemas financeiros da empresa. Basta remover o cartucho vermelho da empressora." FIGURA 9 - GESTÃO ECONÔMICA FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-iTXBoUQZjQs/Ui9Aa_ JsG7I/AAAAAAAAXcQ/ywLNehCNQys/s1600/toon225.gif>. Acesso em: 3 nov. 2015. 8 GESTÃO ESTRATÉGICA Por fim, dentro da perspectiva da Gestão estratégica, compete efetuar todas as etapas do planejamento, para que se faça a melhor execução do orçamento que já foi previamente definido. No rol de suas atribuições estão inseridas as atividades voltadas para o público interno e todas as formas de controle dos fluxos financeiros. Estrutura organizacional é a evidenciação de como órgão ou entidade se organiza formalmente, fruto de sua departamentalização. Importa à Controladoria o conhecimento da estrutura organizacional bem como as competências das unidades administrativas que a compõem para a organização dos controles. (FLORES, 2006, p. 26). TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 63 Nesse sentido, a metodologia de operacionalização da controladoria sustenta-se com base nos indicadores financeiros e contábeis para atuar na gestão operacional, econômica e estratégica. Assim a controladoria funciona para mensurar, informar, auxiliar nas tomadas de decisão, elaborar estratégias, apresentar desvios da organização e também soluções. 9 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTROLADORIA Heckert e Willson (apud ROSA FILHO, 2015) estabelecem os princípios norteadores da controladoria que são: a) Iniciativa: deve procurar antecipar e prever problemas no âmbito da gestão econômica global e fornecer as informações necessárias aos gestores das áreas diretamente afetadas; b) Visão econômica: na função de assessoria a outros gestores, deve captar os efeitos econômicos das atividades exercidas em qualquer área, estudar os métodos utilizados no desempenho das tarefas da área, sugerir alterações que otimizem o resultado econômico global e suprir o gestor com as informações necessárias a esse fim; c) Comunicação racional: deve fornecer informações às áreas, em linguagem compreensível, simples e útil aos gestores, e minimizar o trabalho de interpretação dos destinatários; d) Síntese: deve traduzir fatos e estatísticas em gráficos de tendência e em índices, de forma que haja comparação entre o resultado realizado e o planejado, e não entre o resultado realizado no período e o realizado no período anterior; e) Visão para o futuro:deve analisar o desempenho e os resultados passados com vistas à implementação de ações que melhorem o desempenho futuro, pois o passado é imutável; f) Oportunidade: deve fornecer informações aos gestores em tempo hábil às alterações de planos ou padrões, em função de mudanças ambientais, contribuindo para o desempenho eficaz das áreas e da empresa como um todo; g) Persistência: deve acompanhar os desempenhos das áreas à luz de seus estudos e interpretações e cobrar as ações sugeridas para otimizar o resultado econômico global; h) Cooperação: deve assessorar os demais gestores a superar os pontos fracos de suas áreas, quando detectados, sem se limitar a simplesmente criticá-los pelo fraco resultado; i) Imparcialidade: deve fornecer informações à cúpula administrativa sobre a avaliação do resultado econômico das áreas, mesmo quando evidenciarem sinais de ineficácia dos gestores. Embora essa ação possa trazer dificuldades no relacionamento interpessoal com tais gestores, deve ter sempre em mente o controle organizacional para a otimização do resultado econômico empresarial; j) Persuasão: deve convencer os gestores da utilização das sugestões, no sentido de tornar mais eficaz o desempenho de suas áreas e, consequentemente, o desempenho global, desde que haja compreensão dos relatórios gerenciais fornecidos; 64 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO k) Consciência das limitações: embora possa suprir os gestores com informações econômicas, assessorá-los quanto às questões de gestão econômica e, inclusive, aprovar ou não seus planos orçamentários tendo em vista a eficácia empresarial, terá uma influência mínima em questões de estilo gerencial, capacidade criativa e perspicácia dos gestores; l) Cultura geral: o conhecimento das diferenças culturais básicas entre raças e nações, o conhecimento das diferenças sociais e econômicas entre países ou blocos econômicos é importante para a percepção de oportunidades e ameaças à empresa diante de cenários estratégicos; m) Liderança: como administrador de sua área, têm subordinados, e compete a ele conduzi-los à realização de suas tarefas de forma eficiente e eficaz para que a empresa atinja seus objetivos; e n) Ética: deve ter sua conduta profissional firmada em valores morais aceitos de forma absoluta e pela sociedade. 10 CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO A Controladoria-Geral da União foi criada como Corregedoria-Geral da União pela Medida Provisória nº 2.143-31, de 02 de abril de 2001, que alterou a Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, para dispor sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. O principal objetivo da Controladoria-Geral da União é dar andamento às representações ou denúncias fundamentadas que receber relativas à lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público. Com a Medida Provisória nº 103, de 1 de janeiro de 2003, foi estabelecida a organização da Presidência da República e dos Ministérios, em que se estabeleceu a competência da Controladoria-Geral da União. Que mais tarde foi substituída pela Lei nº 10.683, de 28 de janeiro de 2003. Finalmente, a Lei n° 11.204, de 5 de dezembro de 2005, dispõe em seu artigo 17 e parágrafo primeiro: Art. 17 À Controladoria-Geral da União compete assistir direta e imediatamente ao Presidente da República no desempenho de suas atribuições quanto aos assuntos e providências que, no âmbito do Poder Executivo, sejam atinentes à defesa do patrimônio público, ao controle interno, à auditoria pública, à correição, à prevenção e ao combate à corrupção, às atividades de ouvidoria e ao incremento da transparência da gestão no âmbito da administração pública federal. § 1o A Controladoria-Geral da União tem como titular o Ministro de Estado do Controle e da Transparência, e sua estrutura básica é constituída por: Gabinete, Assessoria Jurídica, Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção, Comissão de Coordenação de Controle Interno, Secretaria- Executiva, Corregedoria-Geral da União, Ouvidoria-Geral da União e 2 (duas) Secretarias, sendo 1 (uma) a Secretaria Federal de Controle Interno. TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 65 10 CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO A Controladoria-Geral da União é o órgão encarregado de assistir diretamente ao Presidente da República no desempenho de suas atribuições quanto aos assuntos que, no âmbito do Poder Executivo, sejam “relativos à defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção, e ouvidoria” (CGU, 2015). De acordo com a página institucional em seu histórico explica que antes da Lei nº 10.683/03, as atividades de controle interno e ouvidoria eram desempenhados pela Secretaria Federal de Controle Interno (SFC) e pela Ouvidora-Geral da União (OGU), que eram vinculadas ao Ministério da Fazenda (SFC) e ao Ministério da Justiça (OGU). Com o Decreto nº 4.177 de 28 de março de 2002, a Secretaria de Controle Interno e a Ouvidora-Geral da União passam a ser vinculadas à Corregedoria-Geral da União. O Decreto nº 5.683, de 24 de janeiro de 2006, estabeleceu a estrutura da CGU, estabelecendo maior eficácia ao trabalho e criou a Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações (SPCI). Assim podemos entender que a Controladoria-Geral da União é: Típica agência anticorrupção do país, é o órgão encarregado de assistir direta e imediatamente ao Presidente da República no desempenho de suas atribuições quanto aos assuntos que, no âmbito do Poder Executivo, sejam relativos à defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção, e ouvidoria. (CGU, 2015). A CGU é ainda órgão central do Sistema de Controle Interno e do Sistema de Correição, ambos do Poder Executivo Federal. E recentemente, com o Decreto nº 8.109, de 17 de setembro de 2013, foram realizadas mudanças para que a Controladoria pudesse atender aos novos desafios e, a SPCI passa a ser chamada de Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção (STPC). A página institucional da Controladoria (CGU) se descreve como sendo: Órgão do Governo Federal responsável por assistir direta e imediatamente ao Presidente da República quanto aos assuntos que, no âmbito do Poder Executivo, sejam relativos à defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria. A CGU também deve exercer, como órgão central, a supervisão técnica dos órgãos que compõem o Sistema de Controle Interno e o Sistema de Correição e das unidades de ouvidoria do Poder Executivo Federal, prestando a orientação normativa necessária. CGU (2015) 66 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 11 CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE INTERNO – CONACI O Conselho Nacional de Órgãos de Controle Interno dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios das Capitais – CONACI é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, devendo se coordenar pelo seu Estatuto e suas deliberações. O Conselho Nacional de Órgãos de Controle Interno dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios das Capitais – CONACI foi criado em 6 de julho de 2007, a partir do VII Encontro do Fórum Nacional dos Órgãos de Controle Interno dos Estados Brasileiros e do Distrito Federal, realizado em Brasília-DF. Quando da criação foi denominado Conselho Nacional de Órgãos de Controle Interno dos Estados e do Distrito Federal, e, posteriormente, Conselho Nacional de Órgãos de Controle Interno dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios das Capitais quando da realização do VI Encontro do CONACI em 24 de novembro de 2010 na cidade de Florianópolis. E no VII Encontro Nacional realizado em Brasília-DF em 2011 passa a ser chamado deConselho Nacional de Controle Interno-CONACI. Esse conselho, embora seja de direito privado, a suas diretrizes, princípios e regulamentação, a sua finalidade, conforme o conselho mesmo se apresenta é ser um mobilizador para criar sistemas de controle para construir gestões públicas eficientes e assertivas. Isso em virtude de uma demanda cada vez mais de clamor de transparência dos gastos públicos. A sua função é criar um ambiente de intercâmbio de informações, conhecimentos e práticas que contribuam na formulação, implementação e avaliação de políticas nacionais de controle e gestão. No seu estatuto constam de seus princípios: TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 67 FIGURA 10 – EXEMPLO DE AUDITORIA GERAL DO MATO GROSSO DO SUL FONTE: CONACI (2015, p. 25) 68 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO FIGURA 11 – EXEMPLO DE AUDITORIA GERAL DO PARÁ TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 69 FIGURA 11 – EXEMPLO DE AUDITORIA GERAL DO PARÁ FONTE: CONACI (2015, p. 26-27) LEITURA COMPLEMENTAR O Conselho Nacional de Controle Interno – CONACI apresentou diretrizes para padronizar e nortear os órgãos de Controle Interno no país. O documento é fruto de um trabalho técnico de grande equipe e se apresenta como grande referencial para todos os Sistemas de Controle Interno (SCI) do país. • GESTÃO DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO 1 - Sistema de Controle de Interno é o conjunto de órgãos, funções e atividades, articulado por um órgão central de coordenação, orientados para o desempenho das atribuições de controle interno indicadas na Constituição e normatizadas em cada Poder e esfera de governo. 2 - Criar condições para que a gestão governamental atue em consonância com os princípios da administração pública, contribuindo para que seus objetivos sejam alcançados e suas ações sejam conduzidas de forma econômica, eficiente, eficaz e efetiva. 3 - Considerar os seguintes conceitos para os princípios da economicidade, eficiência, eficácia e efetividade: economicidade relaciona-se à aquisição de insumos ao menor custo, sem comprometer os padrões de qualidade; eficiência é a otimização dos meios e insumos utilizados na produção de bens, produtos e serviços, por um órgão ou entidade, de acordo com os critérios e padrões de desempenho estabelecidos; [...] eficácia é o alcance dos objetivos de uma ação no prazo estabelecido; efetividade é o impacto positivo entre os resultados alcançados pela ação governamental sobre os beneficiários em relação aos objetivos sociais que motivaram a intervenção institucional. 4 - Fomentar o controle social e a transparência da gestão governamental assim como a prevenção e o combate à corrupção. 5 - Atuar como rede de propagação do conhecimento e de informações produzidas pelas macrofunções do controle interno, compartilhando experiências e boas práticas. 6 - Utilizar os riscos operacionais detectados pelo sistema de controle interno e pelos gestores, na adoção de ações institucionais e elaboração de matrizes de risco. 7 - Participar da gestão dos sistemas de informações gerenciais, visando à produção de informações confiáveis, compreensíveis, comparáveis, precisas e tempestivas para subsidiar o processo de tomada de decisão na administração pública. 70 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO 8 - Estabelecer planejamento estratégico, tático e operacional, considerando a especificação de missão, visão, valores, diretrizes e objetivos. 9 - Estabelecer indicadores quantitativos e qualitativos que permitam a avaliação do resultado da atuação das macrofunções do sistema de controle interno e dos seus servidores. 10 - Dar publicidade às ações e aos resultados alcançados por meio de relatórios e outros instrumentos de acompanhamento, a fim de promover transparência e prestação de contas. 11 - Valorizar a postura ética, proativa e a formação multidisciplinar dos servidores do sistema de controle interno. 12 - Estruturar carreira própria dos servidores de controle interno, remunerando de forma condizente com as atribuições e responsabilidades do cargo. 13 - Propor normas para a responsabilização administrativa e/ou disciplinar dos servidores que não atenderem às demandas (informações, documentos, equipamentos, pessoal e local) do sistema de controle interno. 14 - Viabilizar a criação do conselho de dirigentes do controle interno, no âmbito de cada ente, composto pelos titulares dos órgãos centrais dos sistemas de controle interno dos poderes e órgãos autônomos, com a competência de integrá-los, sendo as suas atribuições e funcionamento definidos em ato do chefe do Poder Executivo, com a função, dentre outras, de propor soluções para matérias controversas, patrocinar a padronização de normas e procedimentos de controle interno e promover a ação coordenada das instituições envolvidas. • AUDITORIA GOVERNAMENTAL 15 - Auditoria governamental é a função do controle interno que tem por finalidade avaliar os controles internos administrativos dos Órgãos e entidades jurisdicionados, examinar a legalidade, legitimidade e avaliar os resultados da gestão contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial quanto à economicidade, eficiência, eficácia e efetividade bem como da aplicação de recursos públicos por pessoas físicas ou jurídicas. 16 - Atuar de forma independente em relação ao auditado, com subordinação técnica às normas e orientações do sistema de controle interno. 17 - Realizar as auditorias de forma prévia, concomitante e a posteriori, priorizando-se a concomitante. 18 - Reconhecer como pressuposto básico da Auditoria Governamental a conformidade, a qual atende ao princípio constitucional da legalidade. 19 - Classificar as auditorias com base nos principais critérios inter-relacionados: origem, momento, finalidade, abrangência, conteúdo e forma de execução. A auditoria quanto à origem relaciona-se com o fator que motivou o seu início (demanda interna ou externa, ordinária ou extraordinária); quanto ao momento refere-se à ocorrência do fato (prévia, concomitante e posteriori); quanto à finalidade evidencia o objetivo principal a ser trabalhado (auditoria operacional e contábil); quanto à abrangência relaciona-se com a metodologia utilizada para a identificação e amplitude da amostra; quanto ao conteúdo evidencia o objeto a ser trabalhado (patrimonial, orçamentário, obras, sistemas, dentre outros); quanto à forma de execução poderá ser direta TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 71 – próprio órgão de auditoria, indireta – compartilhada com a utilização de técnicos e informações de mais de uma entidade sob a coordenação de uma delas e integrada realizada sob a coordenação do órgão central de auditoria com a utilização de técnicos dos órgãos setoriais ou seccionais. 20 - Analisar a ação governamental utilizando parâmetros (metas e indicadores) definidos prioritariamente pela gestão governamental nos instrumentos orçamentários, cabendo à auditoria governamental a avaliação do resultado da ação e a crítica a esses parâmetros. 21 - Contemplar na auditoria os seguintes componentes: plano, planejamento, execução, informação e comunicação e monitoramento. 22 - Elaborar o plano de auditoria, documento estratégico e componente anterior ao planejamento, estabelecendo os órgãos, entidades, programas e ações a serem auditadas, considerando as políticas estratégicas de governo, materialidade, risco e relevância envolvidos. 23 - Utilizar na elaboração do plano de auditoria, metodologias adequadas de acordo com critérios de seleção predefinidos, considerando também o alinhamento com os programas priorizados pela gestão devendo ser dinâmico e ajustado sempre que necessário. 24 - Elaborar matriz de risco para o plano de auditoria, podendo utilizar como insumo informações das demais macrofunções do sistema de controle interno. 25 - Publicar anualmente o plano de Auditoria com os seguintes elementos: fundamentação, justificativa (incluindo relevância e contribuição),objetivos, âmbito (abrangência funcional, geográfica e temporal), considerando as políticas governamentais. 26 - Elaborar o planejamento de auditoria definindo o objetivo, o escopo e o programa de trabalho com o propósito de prever a natureza, a extensão dos procedimentos e a oportunidade de sua aplicação. O planejamento deverá ser contínuo e ajustado na medida em que os trabalhos são executados. 27 - Considerar para o planejamento a existência de adequado nível de conhecimento do ambiente de controle interno a ser auditado em relação à missão, objetivo, legislação aplicável, plano de negócios e de auditorias realizadas. 28 - Avaliar, para o planejamento, os riscos da auditoria e os recursos disponíveis (financeiros, humanos e materiais, dentre outros). 29 - Definir no componente planejamento, programas de auditoria, com o propósito de explicitar os procedimentos de verificação a desenvolver, identificados para cada área de controle. 30 - Utilizar na execução dos programas pontos e recomendações padrões, os quais deverão listar os argumentos e as correções propostas, devidamente fundamentadas. 31 - Utilizar, sempre que possível, os programas de auditoria padrões os quais deverão ser atualizados permanentemente, considerando as alterações de legislação e sugestões recebidas da área responsável pela execução. 32 - Estabelecer que a execução da auditoria seja o componente em que o auditor desenvolve as atividades predefinidas no planejamento, subsidiado 72 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO pelo programa de auditoria, com vistas a obter, analisar, interpretar e documentar as informações físicas, contábeis, financeiras, patrimoniais e operacionais que darão suporte aos resultados de seu trabalho. 33 - Obter, na execução do programa de auditoria, informações probatórias suficientes, adequadas e úteis que possibilitem, com um grau de segurança razoável, a formação da convicção do auditor, com vistas a coletar evidências sobre as análises, interpretações e documentações que permitam o acompanhamento e a revisão das ações de controle. 34 - Assegurar na execução da auditoria que seja realizada a sua supervisão de forma a garantir o cumprimento de seus objetivos, podendo nesta fase ser acrescentados ou suprimidos itens de verificação do programa de auditoria. 35 - Informar à Corregedoria infração disciplinar ou indícios de sua ocorrência, detectados na execução da auditoria governamental. 36 - Registrar nos papéis de trabalho os atos, informações relevantes e provas coletadas ou produzidas no curso da auditoria, nos quais o auditor evidencia seu trabalho e sua convicção, podendo inclusive subsidiar processo administrativo ou judicial. 37 - Elaborar relatórios, pareceres, certificados, notas técnicas e outros instrumentos de comunicação de auditoria, ferramentas gerenciais de controle interno, a fim de subsidiar as decisões dos gestores. 38 - Comunicar formalmente os resultados da auditoria, por meio de instrumentos adequados, primando pela qualidade da informação e da forma de apresentação com observância aos atributos que têm pestividade, concisão, coerência, integridade, convicção e linguagem inteligível e apropriada. 39 - Monitorar sistematicamente o atendimento às recomendações contidas nos documentos emitidos pelos órgãos de controle, identificando se as deficiências apontadas foram oportunamente solucionadas, com o objetivo de melhorar a efetividade da auditoria governamental. 40 - Recomendar ao auditado a elaboração de plano permanente de providências, que consiste no compromisso do órgão ou entidade auditada em sanar as irregularidades ou impropriedades identificadas, devendo ser disponibilizado ao órgão central da auditoria para subsidiar o monitoramento. 41 - Estabelecer que o plano permanente de providências seja dinâmico contemplando basicamente os seguintes requisitos: medidas a serem adotadas, responsáveis por sua execução e cronograma definindo os prazos para a implementação das ações propostas. A implementação desses requisitos deverá ser monitorada pela auditoria governamental. 42 - Controlar se a autoridade administrativa competente adotou providências com vistas à instauração de tomada de contas especial para apuração de fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano, quando não foram prestadas as contas ou quando ocorreu desfalque, desvio de dinheiro, bens ou valores públicos, ou ainda se caracterizada a prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte prejuízo ao erário. 43 - Controlar a instauração, pelos órgãos e entidades, de Processos de Tomadas de Contas Especial determinadas pelos Tribunais de Contas, TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 73 pela Auditoria e pela autoridade administrativa, representando o fato ao Tribunal de Contas nos casos de omissão e descumprimento de prazos. 44 - Auditar os processos de Tomada de Contas Especial, fase interna, emitindo relatório e certificado ou determinando novas diligências. 45 - Enviar informações à Procuradoria Jurídica para adoção de medidas referentes à indisponibilidade dos bens do responsável pelo dano ao erário, após o término da fase interna da Tomada de Contas Especial devidamente certificada pela Auditoria. • CONTROLADORIA 46 - Controladoria é a função do controle interno que tem por finalidade orientar e acompanhar a gestão governamental, para subsidiar a tomada de decisões a partir da geração de informações, de maneira a garantir a melhoria contínua da qualidade do gasto público. 47 - Orientar o sistema de informações contábeis para garantira integridade, a tempestividade e a fidedignidade dos dados necessários à produção de informações. 48 - Produzir informações gerenciais utilizando as bases de dados disponíveis e implantar ferramentas para avaliar riscos e atuar na prevenção e combate à corrupção. 49 - Orientar o gestor público de forma proativa ou provocada, por meio de instruções normativas, manuais, cartilhas, relatórios dentre outros, sobre matérias relacionadas à execução dos atos administrativos com vistas à prevenção de práticas ineficientes, antieconômicas, corrupção e outras inadequações. 50 - Acompanhar a execução de programas de governo e políticas públicas, com foco na gestão por resultado, por meio da mensuração e acompanhamento de indicadores de eficiência, eficácia e efetividade, servindo de subsídio para a atuação das demais macrofunções do sistema de controle interno. 51 - Monitorar o cumprimento das obrigações constitucionais e legais, inclusive com a elaboração e análise de cenários. 52 - Monitorar o equilíbrio das contas públicas, identificar os riscos que possam afetá-lo e propor ações preventivas e corretivas. 53 - Propor ações de racionalização dos recursos, a serem pactuadas com os gestores, a partir da realização de estudos técnicos e identificação das melhores práticas no âmbito da administração pública e privada. 54 - Coordenar ações que visem assegurar a transparência da gestão governamental com o propósito de fomentar o controle social e prevenir e combater a corrupção. • CORREGEDORIA 55 - Correição é a função do controle interno que tem por finalidade apurar os indícios de ilícitos praticados no âmbito da Administração Pública, e promover a responsabilização dos envolvidos, por meio da instauração de processos e adoção de procedimentos, visando inclusive ao ressarcimento nos casos em que houver dano ao erário. 56 - Estruturar, em caráter permanente, as comissões processantes dos ilícitos funcionais, a serem formadas por servidores da carreira do controle 74 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À AUDITORIA E CONTROLE NO SETOR PÚBLICO interno, treinados para a atividade correicional, sendo possível a requisição de especialistas para auxílio técnico, em razão da especificidade do conhecimento requerido. 57- Instaurar procedimentos disciplinares com base nas denúncias e nos relatórios encaminhados pela ouvidoria e auditoria,quando estes indicarem infração disciplinar ou apresentarem indícios de sua ocorrência, com o suporte do Ministério Público e do Órgão de segurança pública, se necessário; sem prejuízo da instauração de procedimentos disciplinares decorrentes de denúncias apresentadas diretamente à unidade correcional. 58 - Garantir aos servidores que atuem na função de correição as condições de segurança pessoal adequadas ao exercício das suas atividades. 59 - Produzir informações para sustentar análises de riscos, com o propósito de instrumentalizar, com dados qualitativos e quantitativos, os responsáveis pela capacitação e educação continuada, assim como os responsáveis pelas demais ações de controle interno, em especial a orientação preventiva. 60 - Atuar, preventivamente, com base nas informações resultantes dos procedimentos apuratórios, a fim de aprimorar a gestão pública e reduzir a ocorrência dos ilícitos funcionais. • OUVIDORIA 61 - Ouvidoria é a função de controle interno, que tem por finalidade fomentar o controle social e a participação popular, por meio do recebimento, registro e tratamento de denúncias e manifestações do cidadão sobre os serviços prestados à sociedade e a adequada aplicação de recursos públicos, visando à melhoria da sua qualidade, eficiência, resolubilidade, tempestividade e equidade. 62 - Estabelecer estrutura para identificar os interesses do cidadão, recepcionando as insatisfações, desejos e opiniões sobre os produtos e serviços do órgão/entidade pública, e intermediar a solução do problema por meio da gestão de conflitos. 63 - Constituir-se por ouvidores que compreendam e sejam capazes de interpretar tendências da administração pública para produzir informações gerenciais, subsidiando a tomada de decisão do gestor público e credenciando a ouvidoria como unidade de inteligência competitiva para a gestão. 64 - Conhecer os serviços prestados pelo órgão público onde atua, ter visão ampla da demanda, possuir competência certificada em ouvidoria, constituem requisitos fundamentais para o exercício do ouvidor. 65 - Ouvir a sociedade e prover a administração de informações gerenciais para subsidiar o Estado na elaboração do planejamento estratégico e na formulação de políticas públicas. 66 - Preservar a identidade do cidadão nas questões, a fim de resguardar a confiança e o respeito, de forma a assegurar a integridade da informação. 67 - Classificar as solicitações dos usuários, manter estratégias e táticas para distribuí-las com agilidade ao setor competente, mapear as execuções, e evidenciar os resultados de sua atuação. 68 - Identificar a partir da análise consolidada das manifestações, a ocorrência de falhas validadas pela gestão, que passam a representar risco operacional TÓPICO 3 | CONTROLADORIA 75 iminente, e informar ao gestor por meio de relatórios gerenciais permitindo definir eixos prioritários de ações e correção de rumos. 69 - Considerar como risco operacional a ocorrência de possíveis falhas informadas, ainda que anonimamente, nas atividades, processos e procedimentos da administração pública, validadas pela área/setor objeto da demanda. 70 - Adotar modelo de gestão em rede que garanta a uniformidade de processos, procedimentos, e disponibilização das informações para dar suporte ao processo da gestão pública. 71 - Participar enquanto função de controle interno, dos planos institucionais a fim de conhecer de forma global as atividades, setores e respectivos responsáveis facilitando a intermediação das demandas. 72 - Disponibilizar um canal aberto, e de fácil acesso, entre o cidadão e a administração pública, capaz de minimizar os fatores das insatisfações com relação aos produtos e serviços ofertados, a partir da validação das demandas e suas consequentes mudanças pela gestão pública. 73 - Incentivara cooperação dos servidores da entidade pública envolvida nas queixas dos cidadãos a fim de consolidar melhor o entendimento das questões, e possibilitar o aprimoramento das ações e o acompanhamento gerencial. 74 - Reduzir o distanciamento entre a sociedade e a administração pública agindo como articuladora e intermediadora na gestão dos conflitos entre os interesses do cidadão e da administração pública, diminuindo a frequência das contendas e otimizando a gestão pública. 75 - Criar uma identidade da unidade ouvidoria de fácil reconhecimento pelo cidadão, utilizando uma linguagem adequada, objetiva, sem termos técnicos, gírias e siglas, e permitir ao cidadão a liberdade de expressão, respeitando a diversidade de opiniões. 76 - Zelar pela qualidade da informação na comunicação entre a ouvidoria e administração pública. FONTE: Disponível em: <http://conaci.org.br/wp-content/uploads/2012/05/ DiretrizesparaControleInternonoSetorPublico.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2015. 76 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste Tópico 3, você aprendeu sobre a controladoria e deve verificar seu conhecimento a partir da seguinte lista: • Verificação do conceito básico de controladoria. • Compreensão da aplicabilidade da controladoria nas organizações e suas principais funções. • Assimilação do perfil, as funções e os princípios do controller. • Identificação dos tipos de controladoria. 77 1 Como conceituar a controladoria? 2 Quais são as principais funções da controladoria? 3 O que é um controller? Quais são as suas principais funções e habilidades? 4 Quais são as principais funções da Controladoria Geral da União? AUTOATIVIDADE 78 79 UNIDADE 2 ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • apresentar a função do sistema de auditoria e controle no setor público; • compreender a estrutura para o controle da Administração Pública, as normas de auditoria e funções do auditor, bem como os principais siste- mas de auditoria; • estudar como se estrutura a Administração Pública no que concerne ao controle interno e externo, as normas e processos de auditorias aplicadas ao setor público e os sistemas de atividades orçamentárias Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles, você encon- trará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TÓPICO 2 – PROCESSOS DE AUDITORIA NO SETOR PÚBLICO TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA 80 81 TÓPICO 1 SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO No Tópico 1, da Unidade 2, vamos apresentar brevemente a estrutura da Administração Pública, as suas formas de auditoria interna e externa, as principais ferramentas de sistema integrado, os procedimentos de auditoria, bem como o posicionamento quanto os possíveis erros e fraudes. 2 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A organização da Administração Pública é uma forma de distribuir os poderes e garantir que a interdependência favoreça as ações de governo quanto à probidade administrativa, controle e transparência. A estrutura político-administrativa da Administração Pública está prevista no artigo 37 da Constituição Federal de 1988. As esferas da Administração Pública – União, Estados, Municípios e Distrito Federal – podem ser compostos por Administração Direta ou Administração Indireta. Assim como previsto no artigo 37 da Constituição Federal, a Administração Pública é norteada por princípios constitucionais: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. (BRASIL, 1988). Dessa maneira podemos considerar que a Administração Direta é centralizada e composta pelos órgãos de governo, enquanto que a Administração Indireta é descentralizada e composta por organizações com personalidade jurídica própria. A Administração Pública, direta e indireta, pode ser classificada e entendida da seguinte forma: • Administração direta (centralizada)– atividade administrativa que é exercida pelos órgãos da própria pessoa política (União, Estados, Municípios e Distrito Federal); • Administração indireta (descentralizada) – atividade administrativa que é exercida por pessoas distintas do Estado, como exemplo: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, entidades paraestatais. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 82 O controle dos recursos públicos é devido tanto na administração pública direta como também na indireta. Os recursos públicos gastos na administração pública indireta são de responsabilidade do governo, através de representantes, órgãos especializados ou agências reguladoras que detêm a responsabilidade de acompanhar e fiscalizar as ações desempenhadas pelas entidades beneficiadas. FIGURA 12 – ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA Senado Federal Câmara dos Deputados Tribunal de Contas da União Presidência da República Ministérios Secretarias Supremo Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiça Tribunais Regionais Federais Superior Tribunal Militar Tribunal Superior Eleitoral Tribunal Superior do Trabalho Ministério Público INDIRETA PODER JUDICIÁRIOPODER EXECUTIVOPODER LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO Autarquias Sociedades de economia mista Empresas públicas Fundações FONTE: Peter e Machado (2003, p. 16) A separação dos poderes do Estado é uma estrutura moderna que estabelece uma forma interdependente para que as ações e funções sejam correlacionadas. Assim, os poderes se complementam, conduzem ações que garantam o bem comum e o controle entre si. Dessa maneira o Estado é dividido nos poderes legislativo, executivo e judiciário, representados por seus respectivos órgãos. O poder legislativo é responsável em estabelecer normas gerais para a vida em sociedade. O poder executivo é responsável em agir conforme as leis estabelecidas e executar planos de ação para o desenvolvimento do país e em favorecimento dos cidadãos. E por último o poder judiciário é o responsável em analisar e julgar as controvérsias das leis e suas aplicações, para garantir a boa conduta e preservar que os direitos sejam garantidos conforme estabelecidos em leis. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 83 FIGURA 13 – FUNÇÃO DO ESTADO A principal função do Estado é prestar serviços de atendimento aos cidadãos para que as necessidades básicas sejam garantidas, tais como: saúde, educação, segurança, proteção à vida humana, entre outras. Como vimos anteriormente, essa prestação de serviços pode ser ofertada de forma direta ou indireta. O Estado tem, portanto, a responsabilidade de usar seus órgãos administrativos, elaborar e implementar políticas públicas para que os programas e projetos forneçam as condições básicas de vida a seus cidadãos. SOCIEDADE FUNÇÃO DO ESTADO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA POLÍTICAS PÚBLICAS PROGRAMAS DE GOVERNO PRESTAR SERVIÇOS PÚBLICOS FONTE: Morais (2012, p. 13) 3 AUDITORIA INTERNA E AUDITORIA EXTERNA Na Unidade 1 estudamos o controle interno e externo, onde pudemos perceber mais as questões sobre o controle interno da Administração Pública no Brasil. Vimos também que a auditoria requer um conhecimento ampliado de vários elementos e de diferentes formações profissionais. O auditor é derivado da profissão de contador, portanto, a auditoria e a controladoria têm o cunho do controle contábil e financeiro, mas podendo também auditar sobre processos e procedimentos de um órgão/entidade. Além de descrever sobre as diferenças entre técnico de contabilidade, contador e auditor, Sá (2000, p. 56-57) relaciona uma lista que o auditor deve ter de conhecimento técnico e habilidades, configurando a complexidade da função de auditor. Essa lista pode ser observada da seguinte maneira: 1) Contabilidade Geral. 2) Contabilidade Aplicada em todos os diversos ramos (industrial, mercantil, bancário de seguros, público, agrícola, pastoril, de transporte, imobiliário, de prestação de serviços etc.). 3) Auditoria Geral. 4) Auditoria Aplicada em todos os diversos ramos (industrial, mercantil, bancário de seguros, público, agrícola, pastoril, de transporte, imobiliário, de prestação UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 84 de serviços, etc.). 5) Contabilidade de Custos de Produção. 6) Análise de Balanços. 7) Organização Geral. 8) Organização Aplicada. 9) Administração Geral. 10) Administração Aplicada. 11) Finanças. 12) Direito Administrativo. 13) Direito Constitucional. 14) Direito Civil. 15) Direito Comercial. 16) Direito do Trabalho. 17) Direito Fiscal-Tributário, das áreas federais, estaduais e municipais. 18) Técnica Comercial. 19) Direito do Trabalho. 20) Direito Fiscal-Tributário, das áreas federais, estaduais e municipais. 21) Técnica Comercial. 22) Técnica Industrial. 23) Técnica Bancária. 24) Técnicas Diversas. 25) Sociologia. 26) Psicologias Aplicada e Heurística. 27) Matemática Financeira (noções). 28) Moral e Ética. 29) Relações Humanas. 30) Noções de diversos outros ramos do saber humano como: História Aplicada (à Contabilidade, à Economia, ao Comércio, à Indústria etc.), Filosofia etc. 31) Computação Eletrônica (Informática). 32) Pesquisa Operacional etc. 33) Estatística. Além do conhecimento técnico e das habilidades inerentes aos auditores, podemos classificá-los entre auditor interno e externo que representam distintas formas de atuar frente uma organização. Conforme o interesse da organização, ela deverá contratar ou dispor de um acompanhamento interno e externo. Na Administração Pública os controles internos são de extrema importância para a responsabilidade de gestão dos recursos públicos e no processo de transparência, entretanto, o controle externo efetuado pelos órgãos competentes é necessário para que minimizem erros ou fraude. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 85 QUADRO 17 – AUDITOR INTERNO E AUDITOR EXTERNO AUDITOR INTERNO AUDITOR EXTERNO É empregado da empresa auditada. Não tem vínculo empregatício com a empresa auditada. Menor grau de independência. Maior grau de independência. Executa auditoria contábil e operacional. Executa apenas auditoria contábil. Os principais objetivos são: • Verificar se as normas internas estão sendo seguidas. • Verificar a necessidade de aprimorar as normas internas vigentes. • Verificar a necessidade de novas normas internas. • Efetuar auditoria das diversas áreas das demonstrações contábeis e em áreas operacionais. O principal objetivo é emitir um parecer ou opinião sobre as demonstrações contábeis, no sentido de verificar se estas refletem adequadamente a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações do patrimônio líquido e os fluxos de caixa da empresa examinada. Também, se essas demonstrações foram elaboradas de acordo com os princípios contábeis e se esses princípios foram aplicados com uniformidade em relação ao exercício social anterior. Maior volume de testes (tem maior tempo na empresa para executar os serviços de auditoria). Menor volume de testes, já que está interessado em erros que individualmente ou cumulativamente possam alterar de maneira substancial as informações das demonstrações contábeis. FONTE: Almeida (2012, p. 6) A função de auditor soma várias profissões, tamanha é a extensão da lista de conhecimentos técnicos. Se formos ainda atualizar a lista de habilidades e conhecimentos, outras mais poderiam ser apresentadas, tais como: domínio das ferramentas de pacotes de software, capacidade analítica, capacidade de julgamento, inovação, entre outros. Com a evolução do modelo de administração, os novos tempos apontam que a auditoria, embora seja uma aplicação técnica, deve ter também característica analítica de percepção dos procedimentos, culturas e climas organizacionais que determinam o desempenho de tarefas e de resultados. A auditoria interna deve efetuar a revisão e o aperfeiçoamento dos controles internos e o controleinterno se refere às ações que a administração exerce com o objetivo de melhorar as possibilidades de seus resultados, conforme os objetivos estabelecidos. Dessa maneira Barreto e Graeff (2014, p, 97-98) apresentam as principais características do controle interno, assim considerados: • É um processo planejado, implementado e mantido pelos responsáveis da governança, administração e outros funcionários. • Fornece segurança razoável quanto à realização dos objetivos da entidade. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 86 • Que se refere à confiabilidade dos relatórios financeiros, efetividade e eficiência das operações e conformidade com leis e regulamentos aplicáveis. QUADRO 18 – DISTINÇÃO ENTRE CONTROLES INTERNOS E ÓRGÃOS DE CONTROLE INTERNO Distinção entre controles internos e órgãos de controle interno Controles internos (sistemas e procedimentos) Órgãos de controle interno (organizações e instituições) Conjuntos de atividades, planos, métodos, indicadores e procedimentos interligados e utilizados com vistas a assegurar a conformidade dos atos de gestão e a concorrer para que os objetivos e metas estabelecidos para as unidades jurisdicionais sejam alcançados. Unidade administrativas integrantes dos sistemas de controle interno da Administração Pública Federal, incumbidas, dentre outras funções, da verificação da consistência e qualidade dos controles internos, bem como apoio às atividades de controle externo, exercidas pelo Tribunal. FONTE: Holanda e Vieira (2009, p. 251) Podemos considerar, portanto, que o controle interno é um processo em que todos devem engajar-se para que os procedimentos necessários e os melhores mecanismos transcorram em favor da consecução dos objetivos. O controle é um processo que tem como finalidade principal garantir que os objetivos propostos sejam atingidos num menor percurso e com otimização de recursos. Embora não seja um processo com fim em si mesmo, ou seja, não exista garantia absoluta de que qualquer sistema de controle confirme que os objetivos sejam alcançados com eficiência e eficácia, entretanto aumenta a possibilidade de melhores resultados. A Declaração de Lima sobre os Preceitos da Auditoria prescreve sobre o que vem a ser auditoria interna e auditoria externa: Seção 3. Auditoria interna e auditoria externa 1. Os serviços de auditoria interna são estabelecidos dentro dos órgãos e instituições governamentais, enquanto os serviços de auditoria externa não fazem parte da estrutura organizacional das instituições a serem auditadas. As Entidades Fiscalizadoras Superiores prestam serviços de auditoria externa. 2. Os serviços de auditoria interna são necessariamente subordinados ao chefe do departamento no qual foram estabelecidos. No entanto, eles são, na maior medida possível, funcional e organizacionalmente independentes no âmbito de sua respectiva estrutura constitucional. 3. Como uma instituição de auditoria externa, a Entidade Fiscalizadora Superior tem a tarefa de verificar a eficácia da auditoria interna. Se a auditoria interna for considerada eficaz, esforços serão empreendidos, sem prejuízo do direito da Entidade Fiscalizadora Superior de levar a cabo uma auditoria geral, no sentido de garantir a mais adequada divisão ou designação de tarefas e cooperação entre a Entidade Fiscalizadora Superior e a auditoria interna. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 87 Vamos conhecer melhor a Declaração de Lima sobre os Preceitos da Auditoria ainda nesse tópico. Aguarde! NOTA O controle interno é um conjunto de procedimentos e métodos que procura garantir que os objetivos sejam atingidos, através do controle contábil, normativo e administrativo-operacional. O controle externo contribui para qualificar, melhorar procedimentos, sinalizar deficiências e, principalmente, avaliar resultados. Os métodos de auditoria se complementam diante da complexidade de analisar e acompanhar com habilidade técnica diferentes segmentos dentro de uma organização de trabalhos. 4 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO DO PODER EXECUTIVO FEDERAL A Instrução Normativa 1, de 6 de abril de 2001, do Ministério da Fazenda, através da Secretaria Federal de Controle Interno, define diretrizes, princípios, conceitos e aprova normas técnicas para a atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Assim descrita: O SECRETÁRIO FEDERAL DE CONTROLE INTERNO, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no artigo 24, da Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, no artigo 11 do Decreto nº 3.782, de 5 de abril de 2001 e no Decreto nº 3.591, de 6 de setembro 2000; e Considerando as inovações introduzidas na estrutura organizacional e operacional do órgão central do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, com vistas a adequar sua missão institucional às finalidades dispostas na Constituição Federal; Considerando a necessidade de atualizar os aspectos conceituais e práticos da ação de controle no setor público federal, no que diz respeito à atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, ante as crescentes inovações introduzidas no cenário nacional, especificamente a reforma do aparelho do Estado e os seus impactos relevantes; e Considerando, ainda, a necessidade de atualizar normativos técnicos que norteiam as ações de controle a cargo dos órgãos integrantes do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal; UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 88 RESOLVE: Art. 1º Definir diretrizes, princípios, conceitos e aprovar as normas técnicas relativas à ação de controle aplicáveis ao Serviço Público Federal, a fim de disciplinar e padronizar a atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Art. 2º Aprovar o Manual do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, consubstanciado no disposto no artigo 1º, constituído do Anexo a esta Instrução Normativa, bem como dos atos complementares supervenientes. O controle quanto à análise contábil e financeira da Administração Pública é a mais importante porque se aos recursos públicos, e estes devem ser usados com responsabilidade e para que a sociedade receba ganhos. Entretanto, o controle também pode se referir aos procedimentos dos serviços públicos, aos recursos de material de expediente, aos recursos humanos, entre outros. E todas as operações refletem na linha final da análise contábil e financeira. Barreto e Graeff (2014) apresentam quadro que demonstra os componentes para que o controle contábil e o controle operacional tenham a sua funcionalidade no sistema de controle interno, assim como se apresenta: QUADRO 19 – CONTROLES CONTÁBEIS E CONTROLES OPERACIONAIS Controles contábeis Controles operacionais Sistemas de conferência, aprovação e autorização. Análise de lucratividade por linha de produto. Segregação de funções. Controle de qualidade. Controle físico sobre ativos. Treinamento de pessoal. Inventários periódicos. Estudos para aumento de eficiência produtiva. FONTE: Barreto e Graeff (2014, p. 98) Na verdade, o controle interno seja no setor público ou privado melhora o desempenho da organização. O bom controle minimiza desperdícios, otimiza tempo e recursos e promove o comprometimento. Menos desperdícios Mais eficiência CONTROLE O controle interno num órgão ou entidade faz com que as pessoas da organização saibam claramente quais são as suas atribuições, os procedimentos corretos de suas atividades e os limites de sua autoridade. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 89 A Resolução nº 1.135, de 21 de novembro de 2008, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, estabelece as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). As Normas Brasileiras de Contabilidade apresentam os referenciais de controle interno para o setor público a fim de minimizar riscos e efetivar as informações de contabilidade para que os objetivos sejam alcançados. Assim, a Resolução nº 1.135,de 21 de novembro de 2008, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, apresenta as disposições gerais quanto ao controle interno do setor público, quanto ao enfoque contábil, de acordo com NBC T 16.8: 2. Controle interno sob o enfoque contábil compreende o conjunto de recursos, métodos, procedimentos e processos adotados pela entidade do setor público, com a finalidade de: (a) salvaguardar os ativos e assegurar a veracidade dos componentes patrimoniais; (b) dar conformidade ao registro contábil em relação ao ato correspondente; (c) propiciar a obtenção de informação oportuna e adequada; (d) estimular adesão às normas e às diretrizes fixadas; (e) contribuir para a promoção da eficiência operacional da entidade; (f) auxiliar na prevenção de práticas ineficientes e antieconômicas, erros, fraudes, malversação, abusos, desvios e outras inadequações. 3. O controle interno deve ser exercido em todos os níveis da entidade do setor público, compreendendo: (a) a preservação do patrimônio público; (b) o controle da execução das ações que integram os programas; (c) a observância às leis, aos regulamentos e às diretrizes estabelecidas. Essa resolução classifica o controle interno em três categorias: contábil, operacional e normativo. A contábil se refere à necessidade de assegurar a veracidade e fidedignidade dos registros e demonstrações contábeis. A categoria operacional compreende a observação das ações que são praticadas em favor dos objetivos alcançados. E normativo se refere ao cumprimento da regulamentação. E por fim as Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC T 16.8 apresentam a estrutura e componentes de um sistema de controle interno que compreende o ambiente de controle, mapeamento e avaliação de riscos, informação e comunicação; e monitoramento, definidos: • O ambiente de controle deve demonstrar o grau de comprometimento em todos os níveis da administração com a qualidade do controle interno em seu conjunto. • Mapeamento de riscos é a identificação dos eventos ou das condições que podem afetar a qualidade da informação contábil. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 90 • Avaliação de riscos corresponde à análise da relevância dos riscos identificados, incluindo: a) a avaliação da probabilidade de sua ocorrência; b) a forma como serão gerenciados; c) a definição das ações a serem implementadas para prevenir a sua ocorrência ou minimizar seu potencial; e d) a resposta ao risco, indicando a decisão gerencial para mitigar os riscos, a partir de uma abordagem geral e estratégica, considerando as hipóteses de eliminação, redução, aceitação ou compartilhamento. Oliveira (2010, p. 156 e 157) observa que os procedimentos de controle são ações e medidas para prevenir e detectar risco, conforme a classificação: • procedimentos de prevenção – medidas que antecedem o processamento de um ato ou um fato, para prevenir a ocorrência de omissões, inadequações e intempestividade da informação contábil; • procedimentos de detecção – medidas que visem à identificação, concomitante ou a posteriori, de erros, omissões, inadequações e intempestividade da informação contábil. A fidedignidade e as precisas informações permitem que o setor público realize procedimentos, monitorem ações e responsabilidades e orientem na tomada de decisões. As Normas Brasileiras de Contabilidade apresentam um modelo que busca garantir que o setor público garanta ações eficazes quanto ao seu sistema de controle. 5 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO A Lei Complementar n° 4.320, de 17 de março de 1964, estabeleceu as normas gerais para a elaboração e controle dos orçamentos da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, que deveriam ser exercidos pelos poderes Legislativo e Executivo através de controle interno e externo. O artigo 70 da Constituição Federal de 1988 renova esse compromisso como apresentado no Tópico 2, da Unidade 1, desse Caderno de Estudos. A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, estabelece as normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade da gestão fiscal, em que deve haver equilíbrio entre receitas e despesas e que haja resultados mediante a avaliação dos programas financiados com recursos dos orçamentos. O Sistema de Controle Interno do governo federal tem como atribuição principal avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual. É de sua responsabilidade apreciar a execução dos programas do governo e dos orçamentos da União, de forma que comprove a legalidade, a eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial, quanto aos resultados apresentados. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 91 5 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO O Ministério da Fazenda é o órgão que na estrutura administrativa da República Federativa do Brasil cuida basicamente da formulação e execução da política econômica. O Decreto nº 7.482, de 16 de maio de 2011, regulamenta a estrutura regimental do Ministério da Fazenda e determina as suas competências diante dos seguintes assuntos: I - moeda, crédito, instituições financeiras, capitalização, poupança popular, seguros privados e previdência privada aberta; II - política, administração, fiscalização e arrecadação tributária federal, inclusive a destinada à previdência social, e aduaneira; III - atualização do plano de custeio da seguridade social, em articulação com os demais órgãos envolvidos; IV - administração financeira e contabilidade pública; V - administração das dívidas públicas, interna e externa; VI - negociações econômicas e financeiras com governos, organismos multilaterais e agências governamentais; VII - preços em geral e tarifas públicas e administradas; VIII - fiscalização e controle do comércio exterior; IX - realização de estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura econômica; X - proposição de reformas que visem aperfeiçoar as instituições que regulamentam o funcionamento da economia brasileira; e XI - autorização, ressalvadas as competências do Conselho Monetário Nacional: a) da distribuição gratuita de prêmios a título de propaganda quando efetuada mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou operação assemelhada; b) das operações de consórcio, fundo mútuo e outras formas associativas assemelhadas, que objetivem a aquisição de bens de qualquer natureza; c) da venda ou promessa de venda de mercadorias a varejo, mediante oferta pública e com recebimento antecipado, parcial ou total, do respectivo preço; d) da venda ou promessa de venda de direitos, inclusive cotas de propriedade de entidades civis, tais como hospital, motel, clube, hotel, centro de recreação ou alojamento e organização de serviços de qualquer natureza com ou sem rateio de despesas de manutenção, mediante oferta pública e com pagamento antecipado do preço; e) da venda ou promessa de venda de terrenos loteados a prestações mediante sorteio; e f) da exploração de loterias, inclusive os sweepstakes e outras modalidades de loterias realizadas por entidades promotoras de corridas de cavalos. FONTE: Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/acesso-a-informacao/institucional>. Acesso em: 17 dez. 2015. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 92 6 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O momento do controle é determinante para o ato seja considerado ilegal ou contrário ao interesse público. O momento do controle pode ser classificado em: prévio, concomitante e posterior. Prévio – também chamado de preventivo, ou a priori, é o controle exercido antes do ato administrativo a ser praticado. O controle prévio é uma forma de prevenção quanto à ilegalidade dos atos administrativos praticados pelo poder público. Dessa forma, o agente público deve aguardar aprovação e autorização para execução de atos. Concomitante – é o controle efetuado durante o ato administrativo. Posterior – também chamado de corretivo, ou a posteriori, é a modalidade de controle que analisa o ato já praticado para confirmá-lo, casoesteja regular. Em caso de irregularidade ou ilegalidade do ato, é possível a revogação ou correção. Quanto ao momento de controle prévio, a vantagem encontra-se em que a prevenção evitaria qualquer irregularidade dos atos praticados dos agentes públicos, em contrapartida, a espera pela aprovação e autorização do ato implicaria morosidade e na minimização da eficácia dos atos. O controle posterior apresenta a vantagem de não evitar o andamento de processos, entretanto, pode ocorrer que o momento de sua análise não seja suficiente para evitar que irregularidades sejam cometidas. 7 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA Attie (2011) apresenta os procedimentos de auditoria como ferramentas para a realização de trabalho do auditor. Na verdade, os procedimentos para o controle interno é um rol de ações que auxiliam e facilitam o trabalho de auditoria. As Normas de Auditoria Governamental apresentam vários conceitos no campo da auditoria governamental e conceitua os procedimentos de auditoria como: Ações, atos e técnicas sistematicamente ordenados, em sequência racional e lógica, a serem executados durante os trabalhos, indicando ao profissional de auditoria governamental o que e como fazer para realizar seus exames, pesquisa e avaliações, e como obter as evidências comprobatórias necessárias para a consecução dos objetivos dos trabalhos e para suportar a sua opinião. (NAGs, 2010). Esses procedimentos não são concludentes, podendo de acordo com o objetivo e tipo de organização serem incorporados outros mais ou minimizados alguns dos aqui apresentados, assim o checklist de procedimentos pode ser considerado: TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 93 6 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 7 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA 8 ERROS E FRAUDES As utilizações das técnicas de auditoria podem evidenciar eventuais erros ou fraudes, todavia, o processo de auditoria não é somente para detectar fraudes ou erros culposos. Os procedimentos de auditoria são para verificação de atos aplicados corretamente e, também, para auxiliar no processo de gestão, na tomada de decisões e para a sinalização de novos projetos. A auditoria é um procedimento que auxilia na identificação de erros e de fraudes. Isso é possível através da análise de documentos e registros contábeis. Nas Normas Brasileiras de Contabilidade, item 12.1.4.3, é obrigação do auditor interno a prevenção de erros e fraudes, conforme o texto: O auditor interno deve assessorar a administração no trabalho de prevenção de erros e fraudes, obrigando-se a informá-la, de maneira reservada, sobre quaisquer indícios ou confirmações de erros ou fraudes detectadas no decorrer de seu trabalho. (NBC, 2015). A auditoria é um procedimento que tem a função de detectar erros ou fraudes e informá-los para que os procedimentos de correção e prevenção sejam praticados. FONTE: Disponível em: <http://www.humorpolitico.com.br/wp-content/ uploads/2012/03/fraudes-em-licitacoes-210312-cazo-humor-politico.jpg>. Acesso em: 17 dez. 2105. FIGURA 14 – FRAUDES NAS LICITAÇÕES PÚBLICAS De acordo com as Normas de Auditoria Governamental, o conceito de fraude pode ser identificado: UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 94 Fraude: ato voluntário intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, informações, registros e demonstrações. Existe dolo, pois há intenção de causar algum tipo de dano. (NAGs, 2010). Barreto e Graeff (2014, p. 303) prolongam a reflexão acerca das fraudes e erros e apresentam seus conceitos e principais características: O termo erro refere-se a ato não intencional na elaboração de registros e demonstrações contábeis, que resulte em incorreções deles, consistente em: • Erros aritméticos na escrituração contábil ou nas demonstrações contábeis. • Aplicação incorreta das normas contábeis. • Interpretação errada das variações patrimoniais. O termo fraude refere-se a ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis, e pode ser caracterizado por: • Manipulação, falsificação ou alteração de registros contábeis ou documentos comprobatórios que serviram de base à elaboração de demonstrações contábeis; • Mentira ou omissão intencional nas demonstrações contábeis de eventos, operações ou outras informações significativas. • Aplicação incorreta intencional dos princípios contábeis relativos a valores, classificação, forma de apresentação ou divulgação. Então podemos concluir que erro é um ato não intencional, enquanto que fraude é um ato intencional. A responsabilidade pela prevenção e detecção de fraude é dos responsáveis da sua administração e pela governança da entidade. As principais causas de fraude e erros na administração pública são decorrentes de: • Insuficiência de sistemas de controle interno. • Interesses particulares acima dos interesses públicos. • Má conduta. • Ingerência. Os principais mecanismos de detecção dessas incorreções é a implantação e implementação de: • Auditoria interna. • Sistemas de controles internos. • Auditoria externa. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 95 O auditor não tem responsabilidade pela prevenção ou detecção de erros ou fraudes, a sua responsabilidade está em obter com segurança razoável que as demonstrações contábeis não tenham distorções relevantes causadas por erros ou fraudes. Barreto e Graeff (2014) ressaltam as responsabilidades do auditor diante de fraudes ou erros: a) Identificar e avaliar os riscos de distorção relevantes decorrentes de fraude. b) Obter evidências sobre os riscos identificados de distorção relevante decorrente de fraude, por meio da definição e da implantação de respostas apropriadas. c) Responder adequadamente face à fraude ou a suspeita de fraudes identificadas durante a auditoria. Entretanto, é de responsabilidade profissional e legal do auditor apresentar relatórios ao órgão/entidades ou a terceiros para que as providências sejam tomadas. 9 EXCESSO DE CONTROLE Ao final desse estudo, você poderá se convencer quanto é importante o controle para o setor público, todavia poderá também fazer a seguinte reflexão: o excesso de controle não engessa as pessoas e a organização? Essa reflexão é pertinente! No mundo corporativo, nos estudos sobre administração, o próprio setor público tem procurado características mais flexíveis, inovadoras e empreendedoras para as suas organizações. Então mecanizar procedimentos, processos, e rotinas pode ser prejudicial ao clima e a cultura organizacional? UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 96 FIGURA 15 – BUROCRACIA FONTE: Disponível em: <https://rebulico.files.wordpress.com/2010/02/ mafalda2-gde.jpg>. Acesso em: 17 dez. 2015. A Teoria da Burocracia de Max Weber para a administração foi uma tentativa de implantar rotinas e processos a fim de melhorar a eficiência na prestação de serviços. Entretanto, os registros, etapas e procedimentos fizeram que o sistema processual como um tornasse mais moroso. Por esse motivo costumam-se dizer que as atividades que exigem registros, pareceres, relatórios, são consideradas atividades burocráticas. Mas afinal é ou não é bom o controle? O que você acha? Se olharmos para a Administração Pública no Brasil como um todo, apesar de milhares de leis, decretos, resoluções, entre tantas outras formas de delimitar e limitar as ações administrativas, ainda assim, assistimos a exemplos de corrupção, desvios de verba pública, entre outras formas de fraudes. Como combater fraudes e corrupção? A princípio o melhor mecanismo é implantar e implementar um sistema de controle, entretanto, numa perspectiva filosófica e sociológica podemos considerar que o comportamento humano deve sofrer uma transformação. Essa transformação requer educação, cultura, participação, responsabilidades, cultuar valores de respeito à vida, solidariedade, gentileza, entre tantos outros valores importantes.TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 97 Pereira, Gomes Neto e Silva Filho (2010) fazem análise ao paradoxo entre o controle e a flexibilidade e apresentam as principais vantagens e desvantagens de um e do outro sistema de gestão. Controle Flexibilidade Vantagens Estabilidade do processo, procedimentos, eficiência, padronização, processo alinhado, melhor gestão Dinamismo, pró-atividade, autonomia, criatividade, empreendedorismo. Desvantagens Rigidez, excesso de regras, robotização, desumanização do trabalho. Descontrole, Falta de Alinhamento, Retrabalho QUADRO 20 – VANTAGENS E DESVANTAGENS EM RELAÇÃO AO CONTROLE FONTE: Pereira, Gomes Neto e Silva Filho (2010, p. 4) Assim podemos entender que mesmo com as desvantagens apresentadas no rigor do sistema de controle, para o setor público, em virtude do interesse público e dos princípios constitucionais, é o melhor sistema. As desvantagens apresentadas pelos autores podem ser trabalhadas no processo de gestão para que os recursos humanos se comprometam mais e sintam-se motivados em servir ao compromisso maior da Administração Pública, o bem comum. Legislação da auditoria no setor público. Ao longo desse estudo foram apresentadas várias legislações acerca da auditoria e controladoria, e também no que referencia a Administração Pública e assuntos correlatos. Para auxiliar nos seus estudos futuros, relacionam-se as principais leis para recorrentes pesquisas, vejamos: Constituição Federal e Leis • Constituição Federal de 1988 – Artigos 37, 70 e 74. • Emenda Constitucional nº 19/98. • Lei nº 4.320/64 – Lei de Finanças Públicas. • Lei nº 8.666/94 – Lei de Licitações e Contratos Administrativos. • Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal. • Lei nº 9.649/98, Lei nº 10.683/03, Lei nº 11.204/05 - Organização da Presidência da República e dos Ministérios. • Medida Provisória nº 2143-31/01 – Altera dispositivos da Lei no 9.649/98 - Organização da Presidência da República e dos Ministérios. • Lei nº 3.591/00 – Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. • Lei nº 12.249/10 – Altera os Decretos-Leis nº 9.295/46 e nº 1.040/69 – Fiscalização da profissão de contador. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 98 Decretos • Decreto-Lei nº 200/67 – Organização Administrativa Federal. • Decreto nº 93.872/86 – Unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional. • Decreto nº 1.171/94 – Código de Ética do servidor Público Civil. • Decreto nº 3.591/00 – Sistema de Controle Interno do Governo Federal. • Decreto nº 6.976/09 – Sistema de Contabilidade Federal. • Decreto nº 4.177/02 – Corregedoria-Geral da União. Resoluções e Manuais • Resolução CFC nº 781/95. NBC PI 01 – Normas Profissionais do Auditor Interno. • Resolução CFC nº 803/96. Código de Ética Profissional do Contador. • Resolução CFC nº 986/03. NBC T 01 – Da Auditoria Interna. • Resolução CFC nº 1.229/09. NBC TA 610 – Utilização do Trabalho de Auditoria Interna. • Resolução CFC nº 1.311/10. NBC PA 290 – Independência – Trabalhos de Auditoria e Revisão. • Resolução CFC nº 1.137/08. NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público. • Resolução CFC nº 1.135/08 – Controle Interno. • Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. • Manual SIAFI. 10 SERPRO – SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS O Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO é uma empresa pública que está vinculada ao Ministério da Fazenda. Criado em 1 de dezembro de 1964 tem como objetivo principal modernizar e dar agilidade a setores da Administração Pública do Brasil. A sua função é a prestação de serviços em Tecnologia da Informação e Comunicações para o setor público, em que desenvolve programas e serviços para desenvolver maior controle e transparência em relação à receita e os gastos públicos. Os sistemas desenvolvidos pelo SERPRO trouxeram melhoria para a sociedade brasileira, facilitando o acesso dos cidadãos e sua relação com o governo. Alguns programas em destaque são: declaração de imposto de renda, novo passaporte brasileiro, o sistema de importação (Siscomex), o sistema Porto Sem Papel (PSP). O SERPRO investe em soluções tecnológicas e em programas e projetos que auxiliam na acessibilidade e inclusão digital em apoio às políticas de questões sociais do governo. O desenvolvimento de serviços em tecnologia permite o compartilhamento de conhecimento e a relação de diferentes esferas da sociedade: federal, estadual, municipal e, também a sociedade civil. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 99 E por fim o SERPRO desenvolveu importantes sistemas de controle: o Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – SIASG, o Sistema Integrado de Administração de Serviços – SIADS e o Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAFI. Vamos conhecer melhor alguns desses sistemas de controle! 11 SIAFI – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO GOVERNO FEDERAL O Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAFI do Governo Federal é o principal instrumento utilizado para o acompanhamento dos gastos públicos do governo federal. Foi implantado em 1987 e desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla a execução orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos da Administração Pública Direta federal, autarquias, fundações, empresas públicas federais e das sociedades de economia mista, todas essas entidades que são contempladas no orçamento fiscal da União. O sistema de informação e comunicação da entidade do setor público deve identificar, armazenar e comunicar toda informação relevante, na forma e no período determinados, a fim de permitir a realização dos procedimentos estabelecidos e outras responsabilidades, orientar a tomada de decisão, permitir o monitoramento de ações e contribuir para a realização de todos os objetivos de controle interno. (BRASIL, 2008b). O SIAFI surgiu da necessidade de suprir uma deficiência técnica de ordem administrativa na gestão dos recursos públicos e para a preparação de orçamento único. A morosidade da escrituração contábil no levantamento das demonstrações orçamentárias, financeiras e orçamentárias inviabiliza o uso das informações para que a gestão possa ser mais eficiente e ágil. A Secretaria do Tesouro Nacional criada em março de 1986, identificou que havia a necessidade de criar um mecanismo que agilizasse as informações necessárias para o exercício do processo decisório, de gestão e que integrasse o sistema de execução orçamentária e de controle interno do Poder Executivo. A Secretaria do Tesouro Nacional em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) implantou em 1987 o sistema SIAFI, instrumento para viabilizar o acompanhamento dos gastos públicos. Esse sistema representa a conta única do governo federal, em que os gastos são registrados pelo servidor público que a efetuou, a fim de garantir que se possa acompanhar e controlar com eficiência e eficácia a utilização dos recursos. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 100 FIGURA 16 – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO GOVERNO FEDERAL FONTE: Disponível em: <https://siafi.tesouro.gov.br/senha/public/pages/security/login.jsf>. Acesso em: 17 dez. 2015. Os principais objetivos do SIAFI são: • Prover mecanismos adequados ao controle diário da execução orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos da Administração Pública. • Fornecer meios para agilizar a programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal. • Permitir que a contabilidade pública fosse fonte segura e tempestiva de informações gerenciais destinadas a todos os níveis da Administração Pública Federal. • Padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão dos recursos públicos, sem implicarrigidez ou restrição a essa atividade, uma vez que ele permanece sob total controle do ordenador de despesa de cada unidade gestora. • Permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e municípios e de suas supervisionadas. • Permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o das transferências negociadas. • Integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Governo Federal. • Permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recursos públicos. • Proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal. O SIAFI configura um instrumento importante para o acompanhamento dos gastos públicos, a fim de dar agilidade, transparência e, principalmente, apresentar informações necessárias de melhoria na gestão. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 101 Página do SIAFI: <https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/siafi>. NOTA 12 SIADS – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS GERAIS O Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – SIASG é do Ministério da Fazenda – MP é um sistema de apoio a administração, desenvolvido com o objetivo de acompanhar as atividades de gestão de materiais, veículos oficiais, edificações públicas e comunicação administrativa, licitações públicas e contratos. O lema do SIADS é transparência e redução de custos, com o objetivo de ampliar o controle de registro contábil e a vinculação de um bem de consumo ou permanente. O SIADS tem o módulo para o cadastramento de fornecedores, catálogo de materiais e serviços, eletrônica de compras, registro de preços praticados e gestão de contratos. O sistema viabiliza a administração da frota de veículos, através do cadastro de veículos, cadastro de motoristas, terceirizados e credenciados, controle de abastecimento de veículos, licenciamento de veículos, plano anual de aquisição de veículos. O sistema auxilia com alertas para o vencimento das carteiras de habilitação, controle de combustível e da manutenção de veículos. O SIADS apresenta relatórios gerenciais que auxiliam na gestão para maior controle do uso dos recursos públicos, principalmente nas atividades de compras e contratações de serviços. 13 SIASG – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS O Sistema Integrado de Administração de Serviços – SIAGS faz parte do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, é um sistema de apoio à administração que possibilita o cadastramento de todos os fornecedores do governo federal, agilizando os processos de compra. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 102 O SIASG é um sistema on-line para operacionalizar o funcionamento das atividades da gestão de materiais, comunicações administrativas, edificações públicas, licitações e contratos e edificações públicas. O sistema realiza a divulgação para a sociedade das informações sobre os processos licitatórios, tornando mais transparentes os atos do Governo Federal. FIGURA 17 – COMPRASNET – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS FONTE: Disponível em: <https://treinamento.comprasnet.gov.br/seguro/ loginPortal.asp>. Acesso em: 17 dez. 2015. O SIASG desenvolve uma importante ferramenta chamada Comprasnet – Portal de Compras do Governo, que permite a divulgação das compras do Governo através da internet o que permite dar maior transparência e participação dos fornecedores. O sistema disponibiliza também da ferramenta chamada ‘Comunica’, no intuito de facilitar a troca de informações o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com suas Unidades de Administração de Serviços Gerais, ou seja, gestor e usuários. Essa e outras ferramentas que otimizam tempo e agilizam processos permitem o aumento da participação e acompanhamento dos interessados nos processos licitatórios e também de toda a sociedade em tempo: cidadãos e mídia. 14 SIORG – SISTEMA DE INFORMAÇÕES ORGANIZACIONAIS DO GOVERNO FEDERAL O Sistema de Informações Organizacionais do Governo Federal – SIORG foi instituído pelo Decreto nº 6.944, de 21 de agosto de 2009. Esse sistema se caracteriza por ser a fonte oficial de informações sobre a estrutura organizacional dos órgãos e entidades do poder Executivo Federal – administração direta, autarquias e fundações. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 103 FIGURA 18 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES ORGANIZACIONAIS DO GOVERNO FEDERAL – SIORG O sistema SIORG tem como objetivo organizar as informações sobre as estruturas, competências, finalidades, jurisdição e histórico legal dos órgãos da Administração Federal. Além de proporcionar maior transparência à sociedade, essa ferramenta agiliza as informações organizações, o que facilita na gestão e tomada de decisões em relação às políticas definidas pelo Governo Federal. FONTE: Disponível em: <https://gestao.siorg.planejamento.gov.br/siorg-gestao- webapp/private/index.jsf>. Acesso em: 17 dez. 2015. Página do SIORG: <http://www.siorg.redegoverno.gov.br/>. NOTA 15 SIOP – SISTEMA INTEGRADO DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO O Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP é resultado da iniciativa de integração dos sistemas e processos de Planejamento e Orçamento Federais, com os objetivos de: otimizar procedimentos, reduzir custos e integrar e oferecer informações para o gestor público e para os cidadãos. O sistema busca oferecer maior confiabilidade dos dados, simplicidade na utilização, integrar processos e apresentar transparência nas ações. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 104 FIGURA 19 – SISTEMA INTEGRADO DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO O Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP está estruturado em módulos: • SIOP Legis – consulta à legislação, decretos, portarias, instrumentos normativos, regulamentos, decisões, declarações, comunicações e outros cujo assunto seja relacionado direta ou indiretamente ao orçamento público. • SIOP Relatórios – acompanhamento da execução orçamentária por meio de relatórios pré-formatados a respeito das informações sobre o Orçamento da União, suas alterações e execução no ano corrente. • SIOP Gerencial-BI – informações do SIOP, SIAFI e a outras bases de dados sobre planos e orçamentos públicos. • SIOP Acesso Público – acesso a todos os cidadãos que tenham interesse de acompanhar as informações sobre a Lei Orçamentária Anual – LOA. O SIOP tem, portanto, como finalidade: elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes, elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual, elaboração e revisão do Projeto de Lei do Plano Plurianual, alterações orçamentárias, acompanhamento das Estatais e acompanhamento orçamentário. FONTE: Disponível em: <https://www.siop.planejamento.gov.br/siop/>. Acesso em: 17 dez. 2015. Página do SIOP: <https://www.siop.planejamento.gov.br/siop/index.jsp>. NOTA 16 SIAPE – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS – SIAPE O Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos – SIAPE é um sistema informatizado de Gestão de Recursos Humanos do Poder Executivo Federal para o controle das informações cadastrais e no processo de folha de pagamentos dos servidores. TÓPICO 1 | SISTEMA DE CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 105 O SIAPE está vinculado à Secretaria de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, esse sistema oportuniza que os servidores ativos, aposentados e pensionistas possam acompanhar seus dados pessoais e financeiros, com segurança. Esse sistema como ferramenta de gestão, diminui os processos e procedimentos burocráticos, e sustentam uma base de dados atualizada com dados importantes ao gerenciamento de políticas e gestão de pessoas do governo federal. Esses e outros modelos de sistema auxiliam na tomada de decisões em nível estratégico, na melhor forma de utilização dos recursos públicos; e com isso economia dos recursos gastos. Página do SIAPE: <http://www.siapenet.gov.br>. NOTA 17 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, chamada de Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece as normas definanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. A Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF considera três aspectos relevantes para a alta administração do patrimônio dos entes públicos (NASCIMENTO, 2014, p. 251): 1) as disponibilidades de caixa; 2) a preservação do patrimônio; 3) as relações com as empresas controladas pelo poder público. A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê maior controle nas contas públicas impondo rigor para que o governo não faça empréstimos ou dívidas. Para tanto, dispõe de instrumentos para o planejamento do gasto público que são: o Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). A LRF, em conjunto com a Lei nº 4.320/64, normatiza as contas do país, assim proporciona uma forma mais gerencial das contas públicas do país. A Receita Corrente Líquida (RCL) é a base de todos os cálculos em que se somam UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 106 as receitas (tributárias, patrimoniais, transferências correntes e outras receitas) para depois deduzi-las entre a União, Estados e Municípios. Resumidamente, o próximo quadro apresenta uma síntese das leis orçamentárias e as mudanças realizadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. QUADRO 21 – SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS PPA LDO LOA Período de vigência 4 anos 1 ano 1 ano Prazos Encaminhamento até final de agosto do primeiro ano de mandato. Devolução menos de dezembro. Encaminhamento em meados de abril. Retorno para sanção no final de junho. Encaminhamento no final de agosto. Devolução, em meados de dezembro (igual ao PPA). Características gerais Objetivos e prioridades de governo (programa governamental). Integração entre planejamento e orçamento. Estímulo a parcerias. Dividido entre Base estratégica e Programas. Metas e prioridades de governo (política fiscal). Alterações na política tributária. Política das agências de fomento. Orçamento fiscal, de investimentos e da seguridade social. Demonstrativo da renúncia de receitas. Redução das desigualdades regionais (critério populacional). Utilização de créditos adicionais. Decreto de programação orçamentária e financeira. Mudanças trazidas pela LRF Expansão das despesas continuadas deve ter compatibilidade com o PPA (art. 16, II da LRF). Obrigatoriedade de todos os entes no que se refere à publicação do PPA. Equilíbrio entre receitas e despesas. Critérios para limitação de empenho. Avaliação de custos. Limitação despesas obrigatórias de caráter continuado. Regras para transferências financeiras. Anexo de Metas e Anexo de Riscos Fiscais. Demonstrativo de compatibilidade do orçamento com as metas fiscais. Reserva de contingência como proporção da RCL anual. Destaque para despesas e receitas envolvidas com o pagamento da dívida. FONTE: Nascimento (2014, p. 115) 107 QUADRO 21 – SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS RESUMO DO TÓPICO 1 No Tópico 1, você aprendeu um pouco mais sobre o sistema de controle interno e os principais órgãos relacionados à auditoria. Agora verifique se você correspondeu aos seguintes objetivos de aprendizagem: • Compreensão da estrutura da Administração Pública e seus principais representantes de controle. • Identificação do principal mecanismo do sistema de controle interno. • Verificação dos contrapontos entre auditoria interna e externa. • Entendimento do mecanismo da Lei de Responsabilidade Fiscal. 108 AUTOATIVIDADE 1 Como é a estrutura da Administração Pública em relação aos seus poderes e qual é a principal finalidade de cada um? 2 Qual é o principal sistema integrado de administração financeira do governo federal? E qual é o seu principal objetivo? 3 A Lei de Responsabilidade Fiscal considera três aspectos relevantes para a alta administração do patrimônio, quais são? 4 (FCC/ISS-SP/2012). No processo de Auditoria, o auditor. a) Deve, em conjunto com a administração, atestar que todos os processos, riscos e possibilidades de fraudes foram avaliados e ter a certeza da integridade da informação. b) Pode, após ter executado todos os testes, ter a certeza da integridade da informação atestando todas as demonstrações contábeis exigidas em seu parecer de auditoria. c) Não pode ter certeza da integridade da informação, embora tenha executado os procedimentos de auditoria para obter certeza de que todas as informações relevantes foram obtidas. d) Pode, tendo aplicado os procedimentos de auditoria, atestar a integridade da informação, mas não pode se eximir de certificar, por meio de seu relatório, a exatidão das demonstrações contábeis. e) Não deve atestar a integridade das informações contábeis, das notas explicativas e dos demais relatórios publicados pela empresa, enquanto não obtiver uma carta da administração atestando as demonstrações em conjunto. 5 (ESAF/AFRFB/2009). A responsabilidade primária na prevenção e na detecção de fraudes e erros é: a) Da administração. b) Da auditoria interna. c) Do conselho de administração. d) Da auditoria externa. e) Do comitê de auditoria. 6 (FCC/SEFAZ-SP/2009) O trabalho da auditoria interna: a) Tem maior independência que o de auditoria externa. b) É responsável pela implantação e pelo cumprimento dos controles internos. c) Deve ser subordinado ao da Controladoria da empresa. d) Deve emitir parecer, que será publicado com as demonstrações contábeis. e) Deve efetuar a revisão e o aperfeiçoamento dos controles internos. 109 7 (FGV/2010/SEAD/AP) De acordo com a NBC T 16.8 – Controle Interno, aprovada pela Resolução nº 1.135/08, o Controle Interno deve ser classificado nas categorias: a) De conformidade, de regularidade e de gestão. b) Operacional, contábil e normativo. c) Financeiro, patrimonial e administrativo. d) De relevância, de materialidade e de oportunidade. e) Econômico, substantivo e de observação. 110 111 TÓPICO 2 PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO A auditoria é um importante instrumento para disciplinar as contas públicas, permitir que haja o controle social, maior transparência e apresentar os resultados obtidos. No controle interno e na auditoria interna, os mecanismos são efetuados pelos agentes públicos e auxiliam para que os serviços, processos, procedimentos do órgão ou entidade sejam normatizados, a fim de obter resultados com mais eficiência e eficácia. A auditoria externa é realizada pelos órgãos competentes para avaliar e confirmar os resultados apresentados pelos órgãos públicos. Num método similar aos da auditoria independente. Dessa maneira, a auditoria governamental assemelha-se à auditoria independente sob dois objetivos específicos (NASCIMENTO, 2014, p. 32): • Emitir uma opinião sobre a adequação das contas governamentais (auditoria de regularidade ou auditoria de conformidade). • Avaliar e apresentar recomendações sobre o desempenho das atividades e programas governamentais (auditoria de desempenho ou auditoria operacional ou auditoria de otimização de recursos). O que diferencia a auditoria independente da auditoria governamental é o foco principal do trabalho. Na auditoria governamental os principais critérios são de legalidade, legitimidade e economicidade, enquanto que na auditoria independente, os critérios são de efetividade, eficiência, eficácia e economicidade. 2 INSTRUMENTOS DO CONTROLE INTERNO O controle interno para a Administração Pública é um instrumento para alcançar seus objetivos propostos. Entretanto, para que o sistema de controle interno funcione bem, mecanismo e procedimentos devem ser adotados, assim conceituados por Guerra (2007, p. 278 e 279): UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 112 1) Quadro pessoal – trata-se de condição fundamental à implementação do sistema de controle, devendo estar previsto para todos os níveis profissionais. 2) Políticas organizacionais – devem ser específicas e estar definidas expressamente, istoé, através de publicação própria, além de amplamente divulgadas. Devem estar em conformidade com as normas aplicáveis, sendo periodicamente revisadas e remanejadas, quando for o caso. 3) Normas e procedimentos de qualidade e avaliação – amplamente divulgadas em toda a Administração. 4) Manual de procedimentos – deve ser elaborado de forma simples, contendo informações acerca das ações mais econômicas e eficientes, estabelecendo o momento de revisão das tarefas, realizadas por agentes que não tenham participado da execução original. 5) Rotinas internas – devem ser compostas de formulários internos e externos; instruções para o preenchimento e distribuição dos formulários; sistema de autorização de transações e operações; chancela do responsável em todos os procedimentos, evidenciando-se a execução, dentre outros. 6) Relatórios internos – deve ser definida de forma expressa, relativamente a cada agente ou setor, e conhecida via manuais internos. 7) Integração do sistema – por tratar-se de um complexo de ações, o sistema deve ser desenvolvido de forma integrada, levando a um fluxo de realização de tarefas onde um determinado setor seja controlado por outro. Esses requisitos são importantes instrumentos para que o ciclo das ações administrativas se feche e garanta que as execuções sejam controladas. Dessa maneira, a Administração Pública deverá em cada entidade administrativa dispor de quadro efetivo, distribuição de responsabilidades, políticas e códigos organizacionais, procedimentos padronizados, processos avaliativos, entre outros. 3 FORMAS DE CONTROLE INTERNO Existem diversas formas de controle interno apresentadas nas referências e doutrinas, que podem ser aplicadas conforme os aspectos específicos, ao modelo de organização e as áreas específicas. Guerra (2007, p. 279-282) apresenta as mais relevantes formas de controle interno, nomeadas e conceituadas: 1. Autorização – trata-se de ato discricionário pelo qual o agente competente, para a execução do ato, expressa seu poder de autoridade. Assim, busca-se garantir que apenas os atos legítimos sejam processados. 2. Comparação – é a verificação de um determinado procedimento levando-se em conta outro já praticado, anteriormente, já controlado e tido como legítimo legal, subsidiando e robustecendo o novo ato praticado. 3. Numeração sequencial – trata-se de maneira segura de precaução contra perdas e desvios, na medida em que, pela cuidadosa numeração sequencial das transações, garante-se a ordem cronológica de ocorrência das mesmas. 4. Controle de totais – forma de controle interno pela qual busca aferir TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 113 3 FORMAS DE CONTROLE INTERNO concomitantemente o processamento dos valores despendidos pela Administração, garantindo-se, destarte, a totalização segura das despesas orçamentárias legalmente previstas. 5. Operações pendentes – é a elaboração de um rol de transações planejadas, eliminando as já efetuadas e processadas, deixando em aberto aquelas por praticar, possibilitando em efetivo controle das ações governamentais. 6. Anotações – são as listas de verificações dos requisitos legais e contratuais, datas e outras condições porventura existentes no cumprimento das obrigações administrativas pactuadas. 7. Dupla verificação – é o controle interno elementar para qualquer órgão ou entidade da Administração Pública. Consiste na repetição da atividade de controle, preferencialmente executado por agente diverso àquele executor da fiscalização inicial. Visa à detecção de erros ou desvios e à imediata correção dos mesmos. 8. Controle prévio – é a mais eficiente forma de controle, pois através da minuciosa análise dos atos praticados, antes de sua conclusão, assegura-se a verificação dos requisitos de validade do ato, como sua devida autorização, legalidade, legitimidade, eficiência e eficácia. Evita-se, dessa forma, a finalização de processo que contenha erro ou desvio, possibilitando o seu saneamento. 9. Segregação de tarefas – chamado também de “controle disciplinado”, trata- se da observância de todo o conjunto de regras estabelecidas, visando à consecução das atividades específicas de cada agente ou setor. 10. Acesso restrito – associa-se, geralmente, à salvaguarda de bens e valores pelos agentes públicos competentes para tal, restringindo o conhecimento e atuação de outros servidores alheios às funções. 11. Auditoria interna – é o serviço interno da Administração voltado à verificação e avaliação dos sistemas e procedimentos adotados, buscando minimizar os erros ou desvios cometidos na gerência da coisa pública. Trata-se, hodiernamente, de importante instrumento auxiliar da administração Pública, visto proporcionar- lhe informações, avaliações, análises e recomendações relacionadas com as obrigações e objetivos a ela inerentes. Ato discricionário – são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua realização. (MEIRELLES, 2006, p. 168). NOTA UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 114 4 PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA A Instrução Normativa nº 1, de 6 de abril de 2001, define diretrizes, princípios, conceitos e aprova normas técnicas para a atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Na Instrução Normativa, os procedimentos e se referem ao conjunto de verificações e averiguações que permitem obter provas e evidências para análise das informações e dados. Dentre os procedimentos de auditoria encontram-se: a) Testes de observância – é a observação com razoável segurança quanto ao funcionamento e cumprimento de procedimentos do controle interno. b) Testes substantivos – compreendem as evidências, suficiência e validação dos dados produzidos. Os procedimentos de acordo com a instrução se referem aos testes em que a observação e as evidências de validação são importantes. Entretanto, as técnicas desenvolvem esses testes em procedimentos pormenores. 5 TÉCNICAS DE AUDITORIA As técnicas de auditoria são os processos e ferramentas operacionais que evidenciam os resultados finais do trabalho, para que se apresentem com relevância, suficiência, adequação e fidedignidade. A escolha da técnica conforme o escopo do trabalho é importante porque elimina o desperdício de tempo e de exame desnecessários. Para tanto a Instrução Normativa 01/2001, apresenta as seguintes técnicas: I - Indagação Escrita ou Oral – entrevistas e questionários junto ao pessoal da organização. II - Análise Documental – exame de processos, atos formalizados e documentos avulsos. III - Conferência de Cálculos – revisão de cálculos ou a confirmação de valores. IV - Confirmação Externa – verificação junto a fontes externas da fidedignidade das informações obtidas internamente. V - Exame dos Registros – verificação dos registros e relatórios sistematizados, mapas e demonstrativos, elaborados de forma manual ou por sistemas informatizados. VI - Correlação das Informações Obtidas – comparação de informações obtidas de diferentes fontes. VII - Inspeção Física (Inspeção in loco) – se refere à quantidade e a qualidade dos bens tangíveis. VIII - Observação das Atividades e Condições – verificação de atividades flagrantes com a finalidade de revelar erros, problemas ou deficiências, a partir da observação dos seguintes critérios: TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 115 5 TÉCNICAS DE AUDITORIA a) a identificação da atividade específica a ser observada; b) observação da sua execução; c) comparação do comportamento observado com os padrões; e d) avaliação e conclusão. IX - Corte das Operações ou “Cut-Off” – compreende ao corte interrupto de operações, a fim de obter uma fotografia de um momento específico do processo. Esses procedimentos e técnicas fazem parte da Instrução Normativa 01/2001, entretanto, outras técnicas e outros procedimentospodem ser adotados, desde que estejam em conformidade ao objetivo proposto. Ao exemplo de outros procedimentos Barreto e Graeff (2014) apresentam: QUADRO 22 – PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA Entrevista (Questionamento) Elaboração de perguntas objetivando obter dados ou documentos para confirmar fatos e dados obtidos de outras fontes ou explorar potenciais recomendações para quesitos previamente definidos. Conciliação Verificação da compatibilidade dos dados a partir de diferentes fontes, confrontando o saldo das contas sintéticas com aqueles das contas analíticas e os registros mantidos pela entidade com elementos cedidos de fontes externas. Análise de Contas Contábeis Exame das transações que geraram lançamentos em determinada conta contábil, partindo dos lançamentos contábeis para a identificação dos fatos e documentos que o suportam. Contagem Forma de inspeção física que objetiva a contagem de recursos tangíveis (dinheiro em caixa, peças no estoque etc.,) ou a localização de documentos pré-numerados. Rastreamento Seleção de documentos criados quando da ocorrência das transações, seguida por identificação de quais informações constantes naqueles documentos encontram-se devidamente registradas nos livros contábeis. Vouching Seleção de lançamentos existentes nos registros contábeis, seguida por avaliação se há documentos comprobatórios adequados para tais transações (sentido inverso do rastreamento). Grupo focal Pesquisa qualitativa a partir de discussões sobre tema de interesse entre participantes de um determinado grupo. Estudo de caso Técnica que permite conhecer uma situação complexa, a partir de uma compreensão abrangente da situação, obtida pela ampla descrição e análise da mesma. Pesquisa (questionários) Interrogação direta às pessoas ou entidades cujo comportamento ou características se busca conhecer. Delineamento Técnica usada quando se pretende medir o impacto ou programa e verificar se é a causa de determinados efeitos (relação de causalidade). Regressão Técnica estatística que busca entender a relação entre duas variáveis e qual a natureza desse relacionamento, utilizada principalmente com o propósito de previsão. FONTE: Barreto e Graeff (2014, p. 25-252) UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 116 Os procedimentos e as técnicas auxiliam para que sejam escolhidos os melhores instrumentos e sistematizar o controle, efetuando as observações necessárias para o processo de melhoria permanente. Os exemplos que seguem apresentam dos modelos de procedimento em auditoria na Gestão do Suprimento de Bens e Serviços e da Gestão Patrimonial. QUADRO 23 – EXEMPLO DE PROCEDIMENTO DE AUDITORIA OU COMANDO (GESTÃO DO SUPRIMENTO DE BENS E SERVIÇOS) Área de Exame: Gestão do Suprimento de Bens e Serviços Subárea: Processos Licitatórios Assunto: Formalização Legal Objetivo do Assunto: Comprovar a observância das exigências legais para a composição dos processos licitatórios ocorridos na Unidade durante o período objeto dos exames. Sinopse: Composição do Processo Procedimento: Verificar se o processo licitatório apresenta a seguinte composição: a) edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso; b) comprovante das publicações do edital resumido ou da entrega do convite; c) ato de designação da comissão de licitação ou do responsável pelo convite; d) original das propostas e dos documentos que as instruítam; e) atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora; f) pareceres técnicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; g) atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação; h) recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivas manifestações e decisões; i) despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso, fundamentado circunstancialmente; j) termo do contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso; k) outros comprovantes de publicações; l) demais documentos relativos à licitação. Base Normativa: Lei no 8.666/93, art. 38, incis. I ao XII Tipo(s) de Auditoria: Avaliação, Acompanhamento, Contábil. Âmbito(s): Administração Direta, Autarquia, Fundação Pública, Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista, Fundo, Programa/Projeto Governamental. FONTE: Chaves (2011, p. 80) TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 117 QUADRO 24 – EXEMPLO DE PROCEDIMENTO DE AUDITORIA OU COMANDO (GESTÃO PATRIMONIAL) Área de Exame: Gestão Patrimonial Subárea: Inventários Físicos e Financeiros Assunto: Registros Oficiais e Financeiros Objetivo do Assunto: Verificar o cumprimento das determinações legais, regimentais ou estatitutárias durante o processo de registros oficiais e/ ou financeiros dos bens patrimonais da Unidade, durante o período objeto do exame. Sinopse: Registro Oficiais Procedimento: Verificar se os bens, sujeitos e registros oficiais, se apresentam devidamente regularizados, identificar qual a periodicidade, sistematizada da Unidade, para a realização do confronto entre os saldos das contagens físicas e os registros oficiais e financeiros. Base Normativa: Verificar a norma específica aplicável a cada esfera do governo. Tipo(s) de Auditoria: Avaliação, Acompanhamento. Âmbito(s): Administração Direta, Autarquia, Fundação Pública, Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista. FONTE: Chaves (2011, p. 80-81) 6 PLANEJAMENTO EM AUDITORIAS GOVERNAMENTAIS As Normas Internacionais das Entidades Fiscalizadoras Superiores (ISSAI) são emitidas pela INTOSAI, a Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (EFS), apresentam o planejamento de uma auditoria em que devem assegurar que os seguintes critérios sejam investidos: • Os auditores devem assegurar que os termos da auditoria sejam claramente estabelecidos – deve haver um entendimento formal para que seja estabelecido um contrato e os respectivos responsáveis; e responsabilidades. • Os auditores devem obter um entendimento da natureza da entidade ou do programa a ser auditado – é indispensável ter conhecimento dos objetivos relevantes, dos processos, das operações, do controle interno, para que seja firmada uma parceria entre a administração, os responsáveis pela governança e os responsáveis pela auditoria. • Os auditores devem realizar uma avaliação de risco ou análise de problema, e revisá-la, se necessário, em resposta aos achados de auditoria – a avaliação de riscos gerais e específicos devem ser considerados, bem como a resposta da administração quanto aos riscos e indicar a implementação de controles para tratar os riscos. • Os auditores devem identificar e avaliar os riscos de fraude relevantes para os objetivos da auditoria – executar procedimentos para identificar possibilidades de fraude durante todo o processo de auditoria. UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 118 • Os auditores devem planejar seu trabalho para assegurar que a auditoria seja conduzida de uma maneira eficiente e eficaz – o planejamento é importante para eficiência e eficácia da auditoria, que pode ser conduzido de forma estratégica e operacional. Estratégica – o planejamento deve definir o escopo, os objetivos e a abordagem da auditoria. Operacional – estabelecer cronograma quanto à natureza, tempo, responsabilidades e extensão dos procedimentos de auditoria. Assim, o planejamento de auditoria no setor público deve ter seus objetivos claros e bem definidos estabelecidos em contrato entre auditores e os representantes legais do governo ou das entidades. A auditoria deve ter um plano para a avaliação de riscos, bem como ter conhecimento de seu campo de atuação dentro o órgão/entidade e também planificar as estratégias e operações a serem realizadas. 7 ELEMENTOS DE AUDITORIA NO SETOR PÚBLICO As Normas Internacionais das Entidades Fiscalizadoras Superiores (ISSAI) indicam que a auditoria no setor público é indispensável para a administração pública. A administração pública tem a difícil tarefa da gestão dos recursos públicos, confiadaa uma entidade ou na pessoa representa e torna-se guardiã dos interesses públicos e do bem comum. Dessa forma, a relação de gestão é de confiança e que exige contrapartidas com responsabilidades. De acordo com as Normas Internacionais das Entidades Fiscalizadoras Superiores (ISSAI) a auditoria no setor público é classificada por dois tipos diferentes: trabalhos de certificação e trabalhos de relatório direto. • Nos trabalhos de certificação a parte responsável mensura o objeto de acordo com os critérios e apresenta a informação do objeto, sobre a qual o auditor então obtém evidência de auditoria suficiente e apropriada para proporcionar uma base razoável para expressar uma conclusão. • Nos trabalhos de relatório direto é o auditor quem mensura ou avalia o objeto de acordo com os critérios. O auditor seleciona o objeto e os critérios, levando em consideração risco e materialidade. O resultado da mensuração do objeto de acordo com os critérios é apresentado no relatório de auditoria na forma de achados, conclusões, recomendações ou de uma opinião. A auditoria do objeto pode também proporcionar novas informações, análises ou novas perspectivas. E as auditorias do setor público envolvem pelo menos três partes distintas: o auditor, uma parte responsável e os usuários previstos. TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 119 7 ELEMENTOS DE AUDITORIA NO SETOR PÚBLICO • O auditor: na auditoria do setor público, o papel de auditor é desempenhado pelo Titular da EFS e pelas pessoas a quem é delegada a tarefa de conduzir auditorias. A responsabilidade geral pela auditoria do setor público é aquela definida no mandato da EFS. • A parte responsável: na auditoria do setor público, as principais responsabilidades são determinadas pelo ordenamento constitucional ou legal. As partes responsáveis podem ser responsáveis pela elaboração da informação sobre o objeto, pela gestão do objeto ou por atender recomendações acerca do objeto, e podem ser pessoas ou organizações. • Os usuários previstos: as pessoas, organizações ou grupos destas para quem o auditor elabora o relatório de auditoria. Os usuários previstos podem ser órgãos legislativos ou de controle, responsáveis pela governança ou o público em geral. 8 MODELOS DE QUESTIONÁRIOS Na Unidade 1 apresentamos os registros de acompanhamento do controle é realizado por diferentes formas: descritivo, fluxograma e questionários. O mais usual e tradicional é o modelo de questionários, porque é mais pontual e apresenta elementos numa ordem em que favorece a análise dos atos e fatos. Guerra (2007) apresenta diversos modelos de questionários que são bons exemplos para ilustrar o conhecimento desenvolvido até o momento: UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 120 QUADRO 25 – MODELO 1 – QUESTIONÁRIO: CONTROLES INTERNOS GERAIS Órgão/entidade: Área: controles internos gerais Auditor: Data: 1. A legislação relativa ao órgão/entidade encontra-se devidamente catalogada? 2. Há equipe de auditoria interna? 3. Há órgão próprio de controle interno? 4. Há regimento interno definindo a estrutura organizacional, detalhando com clareza as funções inerentes de cada área? 5. Há organograma geral e setorial? 6. Há fluxogramas setoriais que registrem a execução das atividades? 7. Sobre a segregação de funções, estão escritas e divulgadas: 7.1. As atribuições dos setores? 7.2. As competências das funções-chave? 7.3. As competências para autorizar? 7.4. As competências para aprovar? 7.5. A responsabilidade pela custódia de bens e valores? 7.6. A responsabilidade pelo registro de bens e valores? 7.7. A responsabilidade pela tomada de conta de bens e valores? 8. Sobre as políticas organizacionais: 8.1. Estão estabelecidas por escrito? 8.2. Estão claramente definidas? 8.3. Há ampla divulgação interna? 9. Há manuais de procedimentos? 10. As rotinas de serviço estão escritas e compiladas? 11. É restrito o acesso a áreas responsáveis por bens e valores? 12. Existem mecanismos para determinar e assegurar a observância das diretrizes, planos, normas, leis, regulamentos e procedimentos administrativos? 13. Há política de pessoal que contemple: 13.1. Programa de treinamento? 13.2. Rodízio de funções? 14. Fazer a devida referenciação. 15. Observações. 16. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 285-286) TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 121 QUADRO 25 – MODELO 1 – QUESTIONÁRIO: CONTROLES INTERNOS GERAIS FONTE: Guerra (2007, p. 285-286) QUADRO 26 – MODELO 2 – QUESTIONÁRIO: CONTABILIDADE Órgão/entidade: Área: contabilidade Auditor: Data: 1. Encontra-se atualizada a escrituração contábil, bem como os balancetes? 2. Os atos e fatos contábeis são registrados imediatamente? 3. O Diário atende às formalidades legais, encadernação, numeração de folhas, termo de abertura e encerramento? 4. A contabilidade recebe, dos diversos setores, relatórios das posições de dívidas, receitas, almoxarifado, pessoal, controles financeiros e outros para confrontar com os registros contábeis? 5. O sistema de arquivo permite fácil localização dos processos? 6. Os balancetes, Diário e Razão são assinados normalmente pelo dirigente do órgão? 7. O chefe da contabilidade tem formação contábil? 8. As contas analíticas são analisadas mensalmente, no fechamento do balancete? 9. Há despesas inscritas em restos a pagar? 10. O controle de restos a pagar é feito pelo sistema SICOF? 11. Em caso negativo, há outra forma de controle? 12. As cauções recebidas em espécie são depositadas em conta vinculada e desta forma contabilizadas? 13. As consignações (depósitos de diversas origens – imposto de renda, imposto sobre serviços, etc.) são registradas no passivo financeiro e recolhidas imediatamente ao órgão destinatário? 14. Há dívida ativa a ser cobrada? 15. Em caso afirmativo, há controle de cobrança? 16. Há controle dos contratos administrativos? 16.1. É acompanhado o prazo de pagamento das parcelas? 16.2. Como se dá a atualização do valor (correção monetária)? 17. As contas da dívida fundada são analisadas (dados da contabilidade X controles financeiros)? 18. As variações patrimoniais são contabilizadas imediatamente após a ocorrência dos fatos (pagamentos, recebimentos, etc.)? 19. Existem mecanismos para determinar e assegurar a observância das diretrizes, planos, normas, leis, regulamentos e procedimentos administrativos? 20. Referenciação. 21. Observações. 22. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 286-287) UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 122 QUADRO 27 – MODELO 3 – QUESTIONÁRIO: LICITAÇÕES Órgão/entidade: Área: licitações Auditor: Data: 1. Todas as compras, serviços e obras são contratados mediante prévia licitação? 2. Existe controle sequencial da numeração dos procedimentos de licitação, bem como o ordenamento por modalidade? 3. Quantos procedimentos licitatórios ocorreram no período de cada modalidade? 4. Arquivam-se os procedimentos separadamente, conforme o tipo de licitação? 5. Os comprovantes de publicação dos editais ou de entrega dos convites são arquivados nos respectivos procedimentos? 6. Há comissão permanente de licitação designada em portaria devidamente publicada, observada a sua renovação anual? 7. Os procedimentos licitatórios são devidamente formalizados e autuados (capa, numeração, protocolo)? 8. É observada a sequência legalmente estabelecida nas fases internas e externas? 9. As minutas dos editas de licitação e dos contratos, acordos, convênios ou ajustes são previamente examinados e aprovados pela assessoria jurídica do órgão ou unidade equivalente? 10. São cumpridas as exigências para a publicidade dos atos? 11. Referenciação. 12. Observações. 13. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 287-288) TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 123 QUADRO 27 – MODELO 3 – QUESTIONÁRIO: LICITAÇÕES FONTE: Guerra (2007, p. 287-288) Órgão/entidade: Área: execução orçamentária Auditor: Data: 1. Os créditos suplementares e especiais foram precedidos de autorização legal,com a devida indicação dos recursos e abertos por decreto do chefe do Executivo? 2. Há controle da arrecadação e recolhimento da receita? 3. As receitas de convênio são classificadas como receita orçamentária? 4. Os recursos recebidos são gastos conforme destinação constante da liberação de recursos? 5. A receita é contabilizada pelo seu efetivo recolhimento? 6. Os procedimentos de receita e despesa estão revestidos das formalidades, incluindo capa, numeração, data e protocolo? 7. Os documentos que os compõem são originais? 8. As despesas são empenhadas somente se houver a respectiva dotação orçamentária? 9. O empenho é emitido previamente? 10. Consta do procedimento de pagamento de nota fiscal ou fatura emitida em nome do órgão/entidade, a nota de empenho emitida e a comprovação quanto ao recebimento das compras, serviços ou obras? 11. Todos os pagamentos ocorrem sem multas e juros de mora? 12. A despesa com estagiário foi classificada no elemento outros serviços de terceiros, pessoa física? 13. As despenhas empenhadas e não pagas no exercício financeiro foram convertidas em restos a pagar processados e não processados? 14. A despesa é empenhada, liquidada e paga por setores distintos? 15. Elaboram-se balancetes mensais da execução da receita e despesa? 16. Analisa-se, ao final de cada mês, as contas de receitas? 17. Há controle dos contratos para fins de liquidação da despesa correspondente? 18. Fazer a devida referenciação. 19. Observações. 20. Conclusão QUADRO 28 – MODELO 4 – QUESTIONÁRIO: EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA FONTE: Guerra (2007, p. 288-289) UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 124 QUADRO 29 – MODELO 5 – QUESTIONÁRIO: EXECUÇÃO FINANCEIRA Órgão/entidade: Área: execução financeira Auditor: Data: 1. Os saldos bancários são controlados diariamente? 2. É feita programação financeira diária, acompanhamento dos valores a receber e a pagar, obedecidos os prazos de vencimento? 3. A conciliação bancária é feita regularmente? 4. O setor de contabilidade confere a conciliação bancária quando elaborada pelo setor financeiro, ou a confronta com a ficha financeira? 5. Os cheques recebidos são nominais e tempestivamente depositados? 6. Os pagamentos são efetuados dentro dos requisitos mínimos de segurança quanto a emissão de cheques: 6.1. Nominativos, contendo especificação no verso quanto à sua finalidade? 6.2. Amparados por documentos hábeis? 6.3. Com assinatura dos responsáveis devidamente credenciados? 6.4. Controle nos talonários dos cheques cancelados? 7. São adotadas medidas efetivas para regularização de lançamentos pendentes na conciliação das contas bancárias? 8. Os cheques emitidos, devidamente contabilizados e não utilizados, são corretamente cancelados? 9. O órgão/entidade efetua aplicações financeiras? 10. A receita auferida está contabilizada adequadamente em receita patrimonial? 11. Existe autorização para realização das aplicações financeiras? 12. Existe segregação de função entre os envolvidos na emissão de cheques, pagamentos, contabilização e conciliação bancária? 13. Fazer a devida referenciação. 14. Observações. 15. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 290-291) TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 125 QUADRO 29 – MODELO 5 – QUESTIONÁRIO: EXECUÇÃO FINANCEIRA QUADRO 30 – MODELO 6 – QUESTIONÁRIO: MATERIAL DE CONSUMO Órgão/entidade: Área: material de consumo Auditor: Data: 1. É realizada inspeção periódica no almoxarifado por comissão nomeada pela autoridade competente? 2. Há controle do consumo de combustíveis e lubrificantes? 3. Há arquivamento regular dos documentos de entrada e saída (notas fiscais de compras, requisições ou outro documento hábil)? 4. São efetuados balancetes mensais de almoxarifado? 5. É feito controle de estoque e consequente planejamento de compras? 6. A avaliação do estoque é feita pela média ponderada? 7. Os controles de estoque se encontram atualizados? 8. As requisições dos materiais são emitidas por funcionário autorizado, conforme autógrafos? 9. É mensalmente feito o confronto entre as informações do almoxarifado e da Contabilidade? 10. As entradas e saídas de material são autorizadas unicamente pelo responsável do almoxarifado? 11. Os materiais de consumo adquiridos com recursos de convênio são registrados separadamente no almoxarifado? 12. Fazer a devida referenciação. 13. Observações. 14. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 291-292) UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 126 QUADRO 31 – MODELO 7 – QUESTIONÁRIO: MATERIAL PERMANENTE Órgão/entidade: Área: material permanente Auditor: Data: 1. Todos os bens móveis são tombados? 2. Faz-se inventário físico anual por comissão de balanço devidamente nomeada por autoridade competente? 3. A entrega de bens móveis é feita mediante documento hábil (termo de responsabilidade, termo de transferência)? 4. Existe controle especial para evitar a saída de bens de fácil transporte? 5. Os veículos estão com a sua documentação atualizada? 6. Existem normas de controle para utilização dos veículos? 7. Em caso de desaparecimento de um bem, apura-se a responsabilidade? 8. Todos os bens imóveis estão tombados e têm escritura registrada em cartório? 9. Existem registros analíticos de todos os bens? 10. Há conciliação entre o controle patrimonial e contábil? 11. Fazer a devida referenciação. 12. Observações. 13. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 291-292) TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 127 QUADRO 31 – MODELO 7 – QUESTIONÁRIO: MATERIAL PERMANENTE FONTE: Guerra (2007, p. 291-292) QUADRO 32 – MODELO 8 – QUESTIONÁRIO: CONTRATOS Órgão/entidade: Área: contratos Auditor: Data: 1. Existe decreto governamental autorizando a assinatura de contratos? 2. Os contratos são formalizados pela assessoria jurídica do órgão/entidade? 3. Os contratos são emitidos em papel timbrado do órgão/entidade? 4. Os contratos de fornecimento, serviços ou obras sempre decorrem de um procedimento licitatório específico? 5. Há contratos de concessão ou permissão de serviços públicos? 6. É observado o prazo máximo de 30 dias da homologação da licitação para assinatura do respectivo contrato? 7. Os extratos e atos relativos a contratos são publicados na Imprensa Oficial e/ ou em jornal de grande circulação? 8. Existe controle relativo ou cumprimento dos contratos? 9. Há controle sobre o acréscimo ou a diminuição do objeto contratado? 10. Há controle sobre o valor dos contratos? 11. É observada a norma que impõe o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos? 12. Há fiscalização sobre as obras e serviços sistematicamente? 13. Aplicam-se penalidades contratuais em caso de descumprimento do contrato? 14. Há controle dos prazos de vigência dos contratos para fins de extinção ou prorrogação? 15. O setor de licitação encaminha cópia dos contratos para a contabilidade efetuar a liquidação da despesa deles decorrentes? 16. Fazer a devida referenciação. 17. Observações. 18. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 293-294) UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 128 QUADRO 33 – MODELO 9 – QUESTIONÁRIO: CONVÊNIOS Órgão/entidade: Área: convênios Auditor: Data: 1. O órgão/entidade, estando na condição de repassador de recursos, dá ciência, ao Poder Legislativo, da assinatura do convênio? 2. As parcelas do convênio são liberadas em estrita conformidade com o plano de aplicação aprovado? 3. A execução do convênio é fiscalizada pelo órgão repassador dos recursos? 4. Quando ocorre a improbidade na execução do convênio, faz-se a retenção da parcela seguinte? 5. Consta do termo de convênio a dotação orçamentária por conta da qual ocorre a despesa? 6. Consta do convênio a contrapartida do conveniado, ou seja, a participação financeira das partes na execução do convênio? 7. A prestação de contas é feita em documentos originais perante o órgão repassador, no prazo estabelecido no termo de convênio? 8. São exigidos dos conveniados os documentos necessários para a prestação de contas? 9. Há controle dos prazos de vigência dosconvênios, para fins de sua denúncia? 10. Fazer a devida referenciação. 11. Observações. 12. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 294-295) TÓPICO 2 | PROCESSOS DE AUDITORIA PARA O SETOR PÚBLICO 129 QUADRO 33 – MODELO 9 – QUESTIONÁRIO: CONVÊNIOS FONTE: Guerra (2007, p. 294-295) QUADRO 34 – MODELO 10 – QUESTIONÁRIO: PESSOAL Órgão/entidade: Área: pessoal Auditor: Data: 1. Os prontuários estão organizados e atualizados? 2. Qual é o número de servidores: 2.1. Atuando e lotados no órgão/entidade? 2.2. Lotados em outros órgãos e atuando no auditado? 2.3. Pertencentes ao órgão auditado e atuando em outros órgãos? 3. Os controles são feitos por computador? 4. Existe controle diário de frequência? 5. A folha de pagamento é feita com base no controle de frequência? 6. Existe segregação de funções evidenciando quem elabora, implanta, confere e efetua o pagamento da folha? 7. Existe controle de férias em relação aos períodos aquisitivos, concessivos e de gozo? 8. O abono pecuniário, quando pago, é devidamente controlado com base na frequência de 10 dias trabalhados? 9. As férias são concedidas aos servidores de acordo com a escala organizada pela unidade administrativa competente? 10. Há controle sobre pagamento de gratificação natalina (13º salário), quando parcelada? 11. As licenças e aposentadoria são concedidas mediante anuência dos órgãos competentes? 12. Os servidores públicos colocados à disposição de outros órgãos foram excluídos da folha? 13. Fazer a devida referenciação. 14. Observações. 15. Conclusão. FONTE: Guerra (2007, p. 295-296) Esses modelos de questionários é uma sugestão de aplicabilidade, todavia, conforme o órgão/entidade, as questões podem sofrer modificações ou serem acrescidas de outras novas. O importante é perceber que a auditoria auxilia para que processos e procedimentos inadequados sejam corrigidos. SICOF – é um Sistema de Integração Comercial e Financeira. NOTA UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE 130 DICAS Acadêmico(a)! Se você tem disponibilidade, tente exercitar o conhecimento adquirido com a aplicação de um desses modelos de questionário na organização da qual você faça parte ou solicite a permissão em alguma organização de sua cidade. Não importa se a organização é de pequeno ou grande porte, ou mesma em quaisquer que for a área de atuação, você verá que ao aplicar o(s) questionário(s) os resultados proporcionarão aprendizagem e novas reflexões. A prática favorece a fixação de conhecimentos e aprimora a habilidade para que no futuro você possa fazer parte de uma equipe de auditoria ou ter um olhar crítico aos processos e procedimentos de sua organização. Sucesso! 131 RESUMO DO TÓPICO 2 No Tópico 2, apresentamos um pouco sobre o controle e auditoria voltada ao setor público, assim os principais assuntos de aprendizagem foram: • Identificação dos processos de controle e de auditoria. • Compreensão dos procedimentos e técnica em auditoria. • Verificação dos principais elementos de controle interno e de auditoria. • Percepção da metodologia de planejamento e execução de controle e auditoria. 132 AUTOATIVIDADE 1 Apresente dois procedimentos de auditoria. 2 Apresente três formas de controle interno. 3 O processo realizado com base nas regras da estrutura organizacional e no conjunto de políticas e procedimentos adotados por uma organização para a vigilância, a fiscalização e a verificação de suas próprias atividades, por meio do qual se pode prever, observar, dirigir ou governar os eventos que poderão impactar na consecução de seus objetivos, denomina-se: a) Auditoria interna. b) Fiscalização. c) Controle externo. d) Controle interno. e) Auditoria externa. 133 TÓPICO 3 ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO No Tópico 3 iremos apresentar os principais órgãos voltados para a auditoria, a fim de estabelecer as principais condutas, princípios éticos e procedimentos para a prática da auditoria. Esses órgãos vêm contribuindo na fiscalização, normatização e disciplinamento para que o exercício da auditoria interna e externa se torne mais eficiente, e também produza uma reflexão continuada para novas normas e práticas. 2 ÓRGÃOS RELACIONADOS COM OS AUDITORES No Brasil existem alguns órgãos relacionados à auditora com a finalidade de contribuir na formulação de procedimentos, intercâmbio de experiências, fomentação de novas reflexões e atitudes; e na normatização da auditoria nos diferentes segmentos, organizações e interesses. Os principais órgãos no Brasil relacionados com os auditores são: Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON), Instituto dos Auditores Internos do Brasil (AUDIBRA), Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC). 3 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada pela Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. É uma entidade governamental autônoma em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. 134 UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE FONTE: Disponível em: <https://centraldefavoritos.wordpress. com/2012/10/24/cvm-comissao-de-valores-mobiliarios/>. Acesso em: 17 dez. 2015. FIGURA 20 – COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS A Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas da Comissão de Valores Mobiliários – CVM pode ser observada através do Decreto nº 6.382, de 27 de fevereiro de 2008. Outra alteração realizada para a CVM foi dada através do Decreto nº 7.406, de 27 de dezembro de 2010, que dispõe sobre o remanejamento de cargo em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS e altera os artigos 2 e 11, do Decreto nº 6.382, de 27 de fevereiro de 2008. FIGURA 21 – MAPA ESTRATÉGICO DO CVM Zelar pelo funcionamento eficiente, pela integridade e pelo desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilíbrio entre a iniciativa dos agentes e a efetiva proteção dos investidores Ser reconhecida pela sociedade como uma instituição essencial, dotada de credibilidade e capaz de regular de maneira eficiente o funcionamento do mercado, proteger os investidores e contribuir positivamente para o desenvolvimento do país Estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários Assegurar o funcionamento eficiente e regular do mercado Assegurar o acesso do público a informações tempestivas e de qualidade Condenar efetiva e tempestivamente os responsáveis por infrações Proteger os investidores PROPÓSITO VISÃO RESULTADOS PROCESSOS MAPA ESTRATÉGICO DA CVM Atuação célere, técnica e independente Regulação em linha com as melhores práticas internacionais Supervisão de mercado eficiente e de maneira integrada com outros órgãos reguladores e autorreguladores Liderança na área de educação financeira Atuação institucional proativa nos fóruns internacionais Produção de pesquisas, análises e conhecimento capazes de oferecer subsídios para a tomada de decisões Processos sancionadores céleres, eficientes e com o efeito pedagógico necessário à efetiva inibição de irregularidades Participação efetiva nas decisões estratégicas, governamentais relacionadas ao mercado de capitais TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA 135 FONTE: Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/ cvm.html>. Acesso em: 17 dez. 2015. A CVM funciona como órgão fiscalizador do mercado de capitais do Brasil, com o objetivo principal de “promover e ordenar o funcionamento do mercado de valores mobiliários brasileiro, fiscalizando a conduta dos seus participantes e punindo, administrativamente, irregularidades nele cometidas”, assim como se expressa na ‘Carta de Serviços ao Cidadão’ (BRASIL, 2015a, p.1). 4 INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADORESO Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON foi constituído em 13 de dezembro de 1971. É uma pessoa jurídica de direito privado e sem fins lucrativos. FIGURA 22 – IBRACON FONTE: Disponível em: <http://www.ibracon.com.br/ibracon/ Portugues/>. Acesso em: 17 dez. 2015. O IBRACON surgiu da união de dois institutos que trabalhavam com auditores independentes, Instituto dos Contadores Públicos do Brasil (ICPB) e o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (IBAI). De acordo com o site da IBRACON (2015): PESSOAL LOGÍSTICA ORÇAMENTO Corpo funcional comprometido, motivado, multidisciplinar e especializado Instalações seguras, sustentáveis, modernas, adequadamente dimensionadas e dotadas de alta tecnologia Técnicas de gerenciamento e otimização de processos, constantemente mapeados, padronizados e preponderantemente eletrônicos Estrutura organizacional capaz de assegurar a capacidade de realização das atividades de modo a acompanhar a evolução do mercado Estrutura tecnológica capaz de atender as atividades finalísticas, de apoio e de gestão Autonomia para definir um orçamento capaz de garantir o cumprimento das atividades operacionais e o alcance dos objetivos estratégicos 136 UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE O Instituto foi criado justamente para auxiliar no processo de reconstrução, quando a auditoria independente passou a ser obrigatória para as empresas de capital aberto e o primeiro conjunto de normas sobre demonstrações contábeis foi escrito e adotado por meio da Circular Nº 179 do Banco Central do Brasil. De acordo com Almeida (2007, p. 32), os principais objetivos da IBRACON são os seguintes: • Fixar princípios de contabilidade. • Elaborar normas e procedimentos relacionados com auditoria (externa e interna) e perícias contábeis. De acordo com o IBRACON (2015), foi o instituto que organizou e estabeleceu um arcabouço contábil para o Brasil. E também estabeleceu as primeiras diretrizes de auditoria independente. E tem como único propósito “fortalecer a atividade de auditoria independente e levá-la mais preparada e modernizada para enfrentar os desafios do futuro” (IBRACON, 2015). 5 INSTITUTO DOS AUDITORES INTERNOS DO BRASIL O Instituto dos Auditores Internos do Brasil – IIA Brasil, ou AUDIBRA, foi fundado em 20 de novembro 1960. É uma entidade civil, sem fins lucrativos, de pessoas físicas atuando em atividades de Auditoria Interna em qualquer modalidade. De acordo com IIA-Brasil (2015), a sua atuação é uma atividade multidisciplinar que compreende várias formações profissionais. FIGURA 23 – AUDIBRA FONTE: Disponível em: <http://www.iiabrasil.org.br/new/>. Acesso em: 17 dez. 2015. Almeida (2003) apresenta que o principal objetivo da Audibra é: Promover o desenvolvimento da auditoria interna, mediante o intercâmbio de ideias, reuniões, conferências, intercâmbio com outras instituições, congressos, publicações de livros e revistas e divulgação da importância da auditoria interna junto a terceiros. (ALMEIDA, 2007, p. 33). Os membros da Audibra são constituídos de três classes: efetivos, associados e honorários. Esses membros colaboram para que o instituto possa promover a troca de experiências e informações que favoreçam no crescimento e desenvolvimento de melhores práticas para a auditoria. TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA 137 QUADRO 35 – MEMBROS DA AUDIBRA Membros efetivos Para essa classe somente são aceitos auditores internos. Membros associados Auditores independentes, educadores, escritores e outros, desde que se ocupem de assuntos relativos à auditoria e correlatos, mas não possam qualifi car-se como membros efetivos. Membros honorários Esta classe é composta de pessoas que, por grandes serviços prestados à auditoria interna ou ao Instituto, mereçam distinção por recomendação unânime da diretoria e aprovação do conselho deliberativo. FONTE: Almeida (2007, p. 33) Assim a Audibra representa os auditores internos e consolida o desenvolvimento desse campo de atuação de auditoria, promovendo a divulgação de novas ideias e assuntos que auxiliam aos auditores. 6 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE E CONSELHOS REGIONAIS DE CONTABILIDADE O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) foram criados pelo Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. O Conselho Federal de Contabilidade é uma autarquia especial corporativa, tem personalidade jurídica de direito público. Sua estrutura, organização e funcionamento são regulamentados pela Resolução nº 1.370, de 08 de dezembro de 2011. FIGURA 24 – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE FONTE: Disponível em: <http://portalcfc.org.br/>. Acesso em: 17 dez. 2915. A principal função do Conselho Federal de Contabilidade é orientar, normatizar e fi scalizar o exercício da profi ssão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade. E decidir os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos Regionais e estabelecer Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profi ssional. 138 UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE Os Conselhos Regionais de Contabilidade têm como principal função prestar exame de suficiência e fiscalizar o exercício profissional. A obrigatoriedade do exame de suficiência para o exercício da profissão de contabilista foi estabelecida pelo governo federal em 2010, através da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010. intosai – ISSAI O INTOSAI é uma Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores para a auditoria externa aos vários países associados. É uma organização filiada às Organizações das Nações Unidas – ONU e conta com aproximadamente 190 países membros, entre eles o Brasil. Foi fundada em 1953 e desde 1968, a sua sede está localizada em Viena, capital da Áustria. FIGURA 25 – INTOSAI FONTE: Disponível em: <http://www.intosai.org/>. Acesso em: 17 dez. 2015. É uma referência para a auditoria governamental externa e a organização procura proporcionar que os países-membros atualizem seu modelo de gestão pública através do intercâmbio mundial proporcionado pela organização. INTOSAI é uma organização autônoma, independente, sem vínculo político, que tem por finalidade promover o intercâmbio de experiências e informações sobre o processo de auditoria governamental. A INTOSAI realiza conferência trienal chamada de INCOSAI, com todos os membros para compartilhar experiências, analisar e discutir questões pertinentes e aprovar resoluções, a fim de melhorar as ações de governo de seus membros. As Normas Internacionais de Instituições Supremas de Auditoria – ISSAI e Orientação para a Boa Governação – INTOSAI apresentam os princípios fundamentais de Auditoria no Setor Público. TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA 139 Na Conferência de 1977, na cidade de Lima, no Peru, foi elaborado um documento referência que determina princípios, elementos, conceitos para a auditoria governamental, conhecido como a ‘Declaração de Lima sobre Preceitos de Auditoria’. Vamos conhecer um pouco desse importante documento! 7 DECLARAÇÃO DE LIMA SOBRE PRECEITOS DE AUDITORIA Em 1977, durante a IX INCOSAI, congresso realizado na cidade de Lima, no Peru, foi elaborado um documento que fornece elementos e preceitos para auditoria, conhecida como a ‘Declaração de Lima sobre Preceitos de Auditoria’. Esse documento é considerado a Carta Magna para a auditoria governamental dado como um documento referência para melhorar as práticas de governos de todo o mundo com práticas mais éticas e mais responsáveis. A ‘Declaração de Lima sobre Preceitos de Auditoria’, adotada no Congresso Internacional de 1977, fornece as bases conceituais sobre as atribuições e normas de funcionamento da auditoria governamental. Essa declaração exige que se realize uma auditoria governamental independente, através de uma Entidade Fiscalizadora Superior – EFS para que o padrão de auditoriaseja realizado conforme o padrão esperado. De acordo com a ‘Declaração de Lima sobre os Preceitos de Auditoria’, considera a relação interdependente entre o Parlamento, o governo e a administração, conforme a sua carta: III. Relação com o Parlamento, o governo e a administração. Seção 8. Relação com o Parlamento A independência das Entidades Fiscalizadoras Superiores prevista na Constituição e na legislação deve também garantir um grau muito elevado de iniciativa e autonomia para elas, mesmo quando estiverem atuando como um agente do Parlamento e estiverem fazendo auditorias seguindo suas instruções. A relação entre a Entidade Fiscalizadora Superior e o Parlamento deverá estar prevista na Constituição, de acordo com as condições e requisitos de cada país. Seção 9. Relação com o governo e a administração As Entidades Fiscalizadoras Superiores auditam as atividades do governo, suas autoridades administrativas e outras instituições subordinadas. Isso não significa, no entanto, que o governo seja subordinado à Entidade Fiscalizadora Superior. Particularmente, o governo é plena e exclusivamente responsável por suas ações e omissões e não poderá absolver-se com base em verificações de auditorias--a menos que as verificações tenham sido emitidas como julgamentos legalmente válidos e aplicáveis no âmbito da lei e em opiniões de especialistas da Entidade Fiscalizadora Superior. 140 UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE A Declaração de Lima sobre os Preceitos de Auditoria pode ser acessada através do site: <http://portal.tcu.gov.br/relacoes-institucionais/relacoes-internacionais/ organizacoes-internacionais.htm>. NOTA Alguns concursos públicos apresentam questões sobre a Declaração de Lima sobre os Preceitos da Auditoria. IMPORTANT E TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA 141 LEITURA COMPLEMENTAR MINISTRO DEFENDE O ESTÍMULO A “INTELIGÊNCIA DO CONTROLE” Weder de Oliveira Ministro do Tribunal de Contas da União Weder de Oliveira completou, em 2015, 32 anos de serviços prestados à administração pública. Desde 2009, ocupa o cargo de ministro-substituto no Tribunal de Contas da União, numa trajetória que começou no Banco do Brasil, passando pela Petrobras, Receita Federal, Câmara dos Deputados e Senado Federal. Engenheiro civil e de produção de petróleo, Weder de Oliveira também e formado em Direito pela Universidade de Brasília, tem pós-graduação em Economia pela George Washington University. Atualmente está concluindo o mestrado em Direito na Universidade de São Paulo (USP). Casado com Gabriela, com quem teve Natalia (19) e Julia (16), o ministro-substituto recebeu a Revista do TCU em seu gabinete no início desse inverno, para uma entrevista em que narrou momentos importantes da sua carreira e falou de alguns trabalhos de destaque em que atuou como relator, no TCU. Durante a conversa, ressaltou os benefícios da especialização para a casa, além de falar da importância da inovação nos processos de fiscalização. 1. Ministro Weder, o que o senhor destaca em sua trajetória profissional nesses 32 anos de administração pública? Posso dizer que tive uma experiência eclética e a oportunidade de trabalhar em instituições nas quais aprendi bastante. Creio que também tive a sorte de, nos lugares por onde passei, gostar do que fazia, de ter sido bem reconhecido, de ter podido deixar minha contribuição em todos eles e, agora, também aqui no TCU. Aos 19 anos, ingressei no Banco do Brasil, que era uma verdadeira escola. Os gerentes e supervisores eram rigorosos. Exigiam pontualidade, dedicação e apuro nas correspondências que redigíamos. Todos os processos eram manualizados e os manuais eram muito bem escritos. Era inspirador ver que os altos dirigentes, os chefes de departamento, eram funcionários de carreira, experientes e pós- graduados. Na Petrobras, o que destaco é que havia uma forte política de incentivo à participação de engenheiros e geólogos em programas de especialização, mestrado e doutorado, no Brasil e no exterior. Antes de sair da empresa, estava trilhando esse caminho profissional. Essa política e a existência de centros de pesquisa altamente qualificados levou a Petrobras a ser reconhecida como líder mundial na prospecção de petróleo em águas profundas. Isso não se deu ao acaso. Foi resultado de visão estratégica de longo prazo para a formação de recursos humanos extremamente capacitados. Na Receita Federal, fui auditor fiscal. Comecei ali minha formação em direito e na fiscalização. Trabalhei na coordenação de inteligência fiscal, que realizava pesquisas, investigava e articulava operações, juntamente com a Polícia Federal, para A leitura complementar apresenta a entrevista com o Ministro do Tribunal de Contas da União em que fala da importância do controle e da fiscalização. 142 UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE desbaratar grandes esquemas de sonegação e corrupção. Essa experiência, e o treinamento de que participei na Receita Federal dos Estados Unidos, ajudaram- me posteriormente no assessoramento a diversas comissões parlamentares de inquérito (CPIs), no Congresso Nacional. Não tenho dúvidas de que o Tribunal deve desenvolver a cultura da “inteligência de controle externo”, de detectar e combater fraudes, pagamentos indevidos e fontes de desperdícios de recursos públicos tão cedo quanto possível. Já fizemos vários trabalhos nessa linha, como muitas das auditorias do Fiscobras, por exemplo. Recentemente, a Segeinf apresentou ao meu Gabinete o modelo de avaliação de risco de transferências voluntárias, que será testado em campo em alguns estados, que foi desenvolvido em decorrência de determinação do Plenário, acolhendo proposta que fiz, em setembro de 2013, para que a Segecex desenvolvesse “metodologia de mapeamento e classificação de risco na utilização de recursos federais descentralizados por meio de transferências voluntárias de modo a subsidiar ações tempestivas, preventivas e pedagógicas com a finalidade de reduzir a ocorrência sistemática de não comprovação da boa utilização de recursos federias e de contribuir para a boa execução de convênios”, utilizando para tanto os sistemas de informações da Administração Pública, desta Corte e dos demais Tribunais de Contas do País. 2. Sua chegada ao Congresso Nacional coincide com o início da elaboração do projeto de lei de responsabilidade fiscal. O Tribunal de Contas celebrou os 15 anos da lei em seminário realizado em abril. Qual sua participação nos trabalhos para o surgimento da LRF? Na Câmara fui consultor de orçamento e fiscalização financeira. Tive uma das melhores experiências na minha carreira. Logo que tomei posse, talvez por ter sido aprovado em primeiro lugar no concurso, fui alocado no grupo na Consultoria de Orçamento que assessorava a comissão destinada a apreciar o projeto mais importante em discussão no Congresso Nacional naquela época e que movimentava todo o país: o projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal. Participei da redação de todas as versões do projeto e de todas as reuniões de discussão. Foram seis meses intensos e o começo de uma série de outras experiências muito importantes, como a coordenação técnica das CPIs do Medicamentos e do Banespa, a assessoria ao relator da CPI da Ocupação Irregular de Terras Públicas na Amazônia. Cinco anos mais tarde, em 2004, assumi o cargo de consultor de orçamentos no Senado Federal, também por concurso. Pouco tempo depois, fui convidado para coordenar a equipe técnica do relator da CPI das Ambulâncias (conhecida como Sanguessugas), um dos mais impressionantes e extensos casos de fraudes e corrupção da nossa história, envolvendo dezenas de parlamentares e centenas de prefeituras. Essa CPI gerou um resultado extraordinariamente surpreendente, embora aquém daquele que muitos esperavam: 69 dos 72 parlamentares investigados no primeiro relatório, de agosto de 2006, não foram reeleitos. 3. E como foi o seu primeiro contato como Tribunal de Contas da União? Nas consultorias de Orçamento do Congresso, em algumas oportunidades nos reuníamos com auditores do Tribunal. Mas foi no Senado, quando coordenei a equipe técnica da CPI das Organizações Não Governamentais, que pude interagir mais com o TCU. Utilizei muitos de nossos acórdãos na coordenação e na elaboração do relatório final daquela CPI. No Senado ainda participei das CPIs do Mensalão, dos Bingos e dos Correios e assessorei o presidente da Comissão de Reforma Orçamentária, um trabalho muito marcante porque essa comissão promoveu mudanças expressivas no processo legislativo de apreciação do Orçamento pelo Congresso. Em 2008, fui convidado para assessorar o Presidente do Senado, na Assessoria de Modernização e Planejamento Estratégico. Como TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA 143 membro do grupo que discutia a modernização da Casa, elaborei uma proposta de alteração do regimento para institucionalizar o relacionamento das comissões do Senado com o TCU. As comissões discutiriam as principais auditorias em audiência públicas e obteriam do Tribunal análises necessárias ao seu trabalho de debater e legislar. Naquela época imaginava que se o Congresso atuava por meio de comissões especializadas, então se, de algum modo, a atuação do Tribunal espelhasse as comissões, a interação poderia ser melhor. 4. Então o senhor concorda que a especialização das unidades técnicas do TCU foi um avanço para a casa? Sem dúvida. O meu pensamento ao chegar ao tribunal continuou a ser o de apoiar essa aproximação institucional. A especialização é uma necessidade, principalmente quando avançamos nas auditorias operacionais, a exemplo do que se nota no GAO – U.S Government Accountability Office (Entidade de Fiscalização Superior dos Estados Unidos). O GAO contrata profissionais com qualificações específicas para produção de diagnósticos e avaliação de programas. A especialização está melhorando nossa capacidade de compreensão e interlocução com as diversas áreas governamentais. O Tribunal é um agente indutor de aprimoramentos da administração pública. Sua característica é ser multitemático e a especialização é inevitável, ainda mais quando a sociedade espera um Controle Externo proativo e de resultados. Os relatórios sistêmicos, os FISC, são outro avanço relevante. Eles podem veicular uma compreensão sistêmica sobre as temáticas de nossa especialização. Tende a ser um de nossos instrumentos mais importantes de comunicação com a sociedade, com o Congresso Nacional e a Governo. E, igualmente relevante, o FISC é um instrumento indutor de nosso autoconhecimento. É um momento do qual nossas unidades técnicas podem se valer para refletir sobre o que sabem e o que podem fazer em sua área de especialização. Deve ser permanentemente aprimorado, tendo em vista, principalmente, a melhor interação com as comissões especializadas do Congresso Nacional, órgão máximo da representação democrática, e que pode reverberar, dar luminosidade e audiência aos nossos trabalhos. 5. No Tribunal de Contas da União, o senhor tem relatado matérias que tiveram ampla repercussão, como o caso dos tribunais regionais do Trabalho, em todo Brasil, que representou uma economia de cerca de R$ 1 bi e 200milhões aos cofres públicos. Como foi o desenrolar desta auditoria? O trabalho realizado nos TRTs representou um valioso aprendizado e um grande empreendimento de atuação coletiva e coordenada. É o exemplo de como a “curiosidade” inerente a atividade de auditoria pode levar o exame de um pequeno indício a revelar algo de dimensões muito maiores, até então não imaginadas. Ao analisar as contas anuais do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região em Minas Gerais, relativas ao exercício de 2009, nos interessamos no gabinete por uma informação sobre o reconhecimento de “passivos por insuficiência de créditos ou recursos, no valor de R$ 575.961.889,00”. Como estava descrito no próprio documento “os passivos reconhecidos correspondiam a 53,99% da dotação autorizada para 2009”. Determinamos a Secex-MG que investigasse o assunto. A Secex, diligentemente, apurou que eram passivos de pessoal e que os índices de correção monetária e juros incidentes sobre os valores devidos não eram corretos. A adoção de índices indevidos gerava um passivo indevido de R$ 250 milhões no TRT-MG. Expedimos uma cautelar para que os pagamentos não fossem realizados e, posteriormente, determinamos as correções devidas, feitas pelo TRT. Comprovamos que o que ocorrera em Minas Gerais 144 UNIDADE 2 | ESTRUTURA DO SETOR PÚBLICO QUANTO AO CONTROLE ocorria também em outros estados. O trabalho então tomou outras proporções. Após um ano e meio de realização de diversas ações coordenadas, que envolveu o gabinete, a Sefip, nossas secretarias nos estados, o Conselho Superior da Justiça do Trabalho e o Instituto Serzedêlo Correa (a escola corporativa do TCU), no treinamento dos auditores, os passivos de todos os TRTs foram reavaliados. A ação do Tribunal resultou no bloqueio de pagamentos indevidos estimados em R$ 1,25 bilhão (um bilhão e duzentos e cinquenta milhões de reais). Um dos processos de maior vulto da história do TCU. 6. Falando um pouco da interação entre gabinete do relator e unidade técnica, comente essa parceria em relação a auditoria realizada nas unidades de conservação ambiental na Amazônia? Esse trabalho é um ótimo exemplo dos bons resultados que podemos esperar da harmoniosa interação entre gabinete e unidade técnica, numa perspectiva construtiva, sempre respeitando sua autonomia. Fui relator da auditoria nas unidades de conservação ambiental, conduzida pela Secretaria de Controle Externo da Agricultura e do Meio Ambiente, a Secex Ambiental. Meu gabinete se reuniu diversas vezes com a unidade técnica, desde o começo, para compreender o processo de trabalho proposto e, eventualmente, com base em nossa experiência, discutir aprimoramentos. A auditoria buscou avaliar se as unidades de conservação na região da Amazônia reuniam as condições para alcançarem os objetivos para os quais foram criadas. Se estavam sendo bem geridas e se o sistema que as interligava estava sendo bem coordenado. A Secex Ambiental, tomando por base parâmetros internacionais, adaptados aos nossos objetivos, criou um índice para avaliar numericamente essa situação. Um dos objetivos que devemos buscar alcançar permanentemente é o de comunicarmos nossos achados de forma consistente, clara e interessante. Em razão disso, propusemos a elaboração de um mapa da região Amazônica que mostrasse, em três cores (verde, amarelo e vermelho), a situação de cada unidade de conservação, segundo o valor que houvesse obtido no índice calculado. A Secex Ambiental, que atuou muito bem nessa auditoria, desenvolveu a ideia e elaborou o Indimapa, que teve grande repercussão e foi apresentado no Congresso Internacional da Intosai, na China. 7. Tendo em vista que esses trabalhos citados se destacam por trazerem para o TCU novas experiências, que podem até ser adotadas e implementadas em outras fiscalizações, que características comuns e ganhos precisam ser buscadas em outros trabalhos também. A pergunta é muito boa. Tenho que voltar um pouco no tempo, para respondê-la. Em 2009, já ministro-substituto e conhecendo melhor os processos do TCU, avaliava que o tribunal deveria adotar uma estratégia de longo prazo para o desenvolvimento de auditorias financeiras. Primeiramente, porque esse tipo de atuação estava na base de nossa origem histórica e, depois, porque é parte essencial do pleno exercício de nossa função politicamente mais sensível, de emitir parecer prévio sobre as contas do Presidente da República. O parecer fundamenta-se na análise dos demonstrativos contábeis e financeiros e da execução orçamentária. Feita essa análise estrutural das contas, poderíamos avançar em análises setoriais, da política econômica. A meu ver, temos um longo caminho para dinamizar a capacidade do Tribunalde aprofundar o escrutínio da execução orçamentária e da contabilização das operações do governo. De 2009 para cá, a auditoria financeira no Tribunal ganhou mais espaço e atenção. Além de ser inerente a uma instituição superior de fiscalização, esse tipo de auditoria fornece insights para conduzir melhor outras auditorias e investigações, é essencial para obter pistas, indícios, evidências de que há algo errado, seja na direta aplicação dos recursos, TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÕES VOLTADAS PARA A AUDITORIA 145 seja na gestão, na execução ou no desenho de uma certa ação governamental. Vimos isso ocorrer na política de concessão de crédito instalação a assentados da reforma agrária, programa executado pelo Incra, que foi modificado depois dos sucessivos e persistentes apontamentos que o Tribunal fez sobre os balanços das superintendências, que não refletiam a essência do programa: um financiamento. Tenho convicção de que, paralelamente aos trabalhos típicos de auditoria operacional e, agora, governança, devemos investir mais da nossa energia no desenvolvimento de modelos estratégicos e processos de trabalho de pesquisa, investigação e detecção tempestiva de fraudes e desperdícios na administração pública, com ações mais ativas. E nem sempre esse tipo de atuação se enquadra em um dos três tipos clássicos de auditoria (conformidade, financeira ou operacional). Isso envolve a Inteligência de Controle Externo, um conceito só nosso, que temos que desenvolver, o que o Tribunal já vem fazendo. Temos que criar metodologias e promover no ambiente de trabalho a cultura de detectar e combater, o mais cedo possível, eventos danosos ao erário e à eficiência da gestão pública. 8. Quais seriam os caminhos para aperfeiçoamento da administração pública em benefício da sociedade, por meio do controle externo? É importante não perdermos de vista que a ação de controle sobre a boa e regular aplicação dos recursos aportados aos Estado pelos contribuintes continua a ser um dos nossos primeiros objetivos. Podemos combinar de modo mais inteligente e articulado nossas diferentes formas de controle externo. Por exemplo, realizando fiscalizações que empreguem métodos de auditoria financeira, de conformidade e operacional, combinadamente com outros modos de pesquisa inteligente de informações. Precisamos definir claramente o que buscamos para então escolher os instrumentos com os quais vamos trabalhar: uma modalidade específica de ação de controle externo ou uma combinação delas. Outro caminho importante são os processos de contas. Eles podem ser mais bem explorados. Tornaram-se mais abrangentes e repletos de informações demandadas pelo próprio Tribunal. Os relatórios de gestão, laborados na forma como nós determinamos, podem e devem ser melhor utilizados, dando-se a eles divulgação muito mais ampla e ativa. O Tribunal de Contas da União é uma instituição extraordinária, de grande capacidade de inibir o mau uso dos recursos públicos, de induzir ganhos de eficiência na gestão pública e potencializar o exercício da cidadania. Alguns dos caminhos que podemos seguir estão à nossa frente: aprimorar o relacionamento institucional com o Congresso Nacional; comunicarmo-nos melhor com a sociedade, prestando e recebendo informações e conhecimento; desenvolver equilibradamente nosso amplo espectro de atribuições, da investigação de denúncias às avaliações de governança, passando pelas auditorias financeiras; aprimorar a coordenação de nossas ações, para evitarmos dispersão de esforços; buscar sinergia em nossas ações sobre a aplicação descentralizada de recursos federais, em especial com os tribunais de contas dos estados; e, talvez o mais importante, sermos guiados persistentemente pela cultura da agregação de valor. Nós somos uma instituição cada vez mais conhecida, observada e reconhecida. Maiores têm sido as expectativas sobre o Tribunal. Felizmente, contamos com pessoas de capacidade, vontade e talento extraordinários, que vão nos levar a responder bem aos novos desafios que nós mesmos nos impomos, em virtude dos bons resultados que temos alcançado, e queremos alcançar. FONTE: Disponível em: <revista.tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/download/242/229>. Acesso em: 22 jan. 2016. 146 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste Tópico 3, você aprendeu os seguintes assuntos: • Identificação dos principais órgãos relacionados à área de auditoria. • Verificação da importância dos órgãos e entidades de auditoria para o setor público. • Percepção da importância da Declaração de Lima sobre os Preceitos de Auditoria para o governo. • Compreensão de alguns conceitos de auditoria de acordo com a Declaração de Lima sobre os Preceitos de Auditoria. 147 1 Quais são os órgãos relacionados aos auditores? 2 O que é a Declaração de Lima sobre Preceitos de Auditoria? 3 Concurso TCM-PA – 2010 (Técnico em Informática) Em relação à Declaração de Lima sobre auditoria no setor público, considere: I- Os serviços de auditoria interna, necessariamente, estão subordinados ao chefe do departamento governamental no qual foram estabelecidos, enquanto a auditoria externa não faz parte da estrutura organizacional das instituições que serão auditadas. II- A auditoria de performance está orientada para o exame do desempenho, economia, eficiência e efetividade da administração pública, cobrindo apenas as operações específicas relacionadas à administração financeira e à contabilidade das entidades governa mentais. III- Os relatórios de auditoria devem apresentar os fatos e suas avaliações de maneira clara e objetiva, limitando-se ao essencial. A redação dos relatórios deve ser precisa e de fácil entendimento. IV- A auditoria de recursos de processamento eletrônico de dados deve abranger aspectos, tais como: uso econômico de equipamentos de processamento de dados, utilização de pessoal com habilidade apropriada, prevenção de mau uso e utilidade da informação produzida. Está correto o que se afirma APENAS em: a) ( ) II, III e IV. b) ( ) I e II. c) ( ) I e III. d) ( ) I, III e IV. e) ( ) III e IV. 4 Concurso TCU – 2007 (Analista de Controle Externo) A INTOSAI é um organismo internacional cujo objetivo é fomentar o intercâmbio de ideias e experiências entre entidades fiscalizadoras superiores quanto ao controle das finanças públicas. Entre os documentos elaborados pela INTOSAI, destacam-se a Declaração de Lima, o código de ética e normas de auditoria. Na Declaração de Lima, só constam o controle prévio e o controle posterior, ao passo que, no Brasil, além desses, há o controle concomitante, por expressa disposição legal. ( ) Certo. ( ) Errado. AUTOATIVIDADE 148 5 FGV – 2015 – TCM – SP (Agente de Fiscalização) A Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai, na sigla em inglês) foi fundada em 1953 e promove o intercâmbio de informações e de experiências entre as chamadas entidades fiscalizadoras superiores (EFS), que são organizações de auditoria governamental externa, entre elas tribunais de contas, auditorias gerais, controladorias e congêneres, a depender do país onde estão instituídas. A “Declaração de Lima”, adotada no IX Congresso da Intosai, ocorrido em 1977, em Lima, no Peru, é reconhecida como a magna carta da auditoria governamental, e fornece as bases filosóficas e conceituais para os trabalhos desenvolvidos pelas EFS. A Seção 3 da Declaração de Lima trata de preceitos aplicáveis aos serviços de auditoria interna e externa. Sobre esse tema, analise as afirmativas a seguir: (I) As entidades fiscalizadoras superiores são serviços de auditoria externa. (II) Apesar de o serviço de auditoria interna ser subordinado ao chefe do departamento no qual foi estabelecido, ele deve ser, na medida do possível, funcional e organizacionalmente independente. (III) Incumbe aos responsáveis pelo serviço de auditoria externa avaliar a eficácia dos serviços de auditoria interna. Está correto o que se afirma em: a) Somente (I). b) (I) e(II). c) (I) e (III). d) (II) e (III). e) (I), (II) e (III). 149 UNIDADE 3 A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender os trabalhos de controle interno através das demonstrações práticas; • entender a importância do controle externo para limitar as ações da gestão pública e também agilizar processos; • identificar a importância dos sistemas de controle para a qualidade do ser- viço público e da gestão pública. Esta unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles, você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado. TÓPICO 1 – INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES TÓPICO 2 – GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DO CONTROLE EXTERNO TÓPICO 3 – AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 150 151 TÓPICO 1 INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Neste tópico serão apresentados exemplos de como os tribunais de contas buscam realizar suas atividades de auditor externo visando cumprir com o seu principal papel que é ser um órgão de Controle Externo; e como eles podem obter as informações dos municípios para realizar esta atividade de análise. Também serão apresentados casos de desfalques que envolvem a gestão da frota de veículos dos municípios brasileiros. Em alguns casos estes desfalques evidenciarão a ineficiência da gestão, por não apresentar claramente as regras de controle para a manutenção e conservação da frota, em outros casos é o controle que oferece condições para identificar a existência dos desfalques. 2 CASO 1 – CONTROLE DA FROTA POR FORÇA DE EXIGÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO O Tribunal de Contas do Estado do Paraná, desde a edição do Provimento 46/2001, que dispõe sobre a implantação do Sistema de Informações Municipais (SIM), e dá outras providências, passou a exigir diversas informações em meio eletrônico, de forma que evidenciou aos seus jurisdicionados as matérias relevantes, as que receberiam foco na execução dos trabalhos do controle externo. (Publicado no D.O.E. nº 6.122, de 30. 11. 2001, p. 7). Este Sistema de Informações Municipais (SIM), ao longo de sua existência, vem requisitando informações mais pormenorizadas sobre a frota de veículos (inclusive os agrícolas considerados como equipamentos) jurisdicionados do referido Estado. Isto pode ser comprovado através da leitura do leiaute existente em 2008, em que estes solicitavam apenas dados estatísticos da frota, como por exemplo, o número existente de veículos próprios da entidade e o número de veículos contratados por tipo de combustível. A definição destas informações pode ser encontrada no Manual Técnico e Operacional do Sistema de Informações Municipais Acompanhamento Mensal de 2008. Disponível em: <http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/sim- am-2008/235005/area/49>. Acesso em: 30 out. 2015. Para um melhor entendimento de que trata este Sistema de Informações Municipais (SIM) é importante compreender como ocorre o envio destas informações dos municípios paranaenses ao Tribunal de Contas. UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 152 Os municípios de posse dos leiautes definidos pelo tribunal de contas encaminham para os seus respectivos fornecedores de software ou para a equipe de tecnologia da informação da própria administração pública, para que estes providenciem a geração destas informações através de arquivos, conforme a definição dada pelo leiaute do tribunal de contas. Ou seja, dentro da periodicidade determinada pelo tribunal de contas, os municípios de posse destes arquivos acessam o sistema do tribunal de contas, no sítio da internet do respectivo, para enviar, transmitir estes arquivos. Efetuada a transmissão, o município cumpre com as suas obrigações perante esta obrigação de prestar contas ao tribunal de contas. É importante destacar que em 2008, quando o tribunal começou a exigir estas informações da frota municipal, este se preparou para receber as informações através da inserção de dados, ou seja, preparou o sistema para permitir a digitação dos dados. Esse procedimento foi necessário, pois no planejamento da auditoria eletrônica, que o tribunal preparou, foi evidenciado o risco de algum município não possuir sistema de gestão da frota municipal e para evitar que estes dados não fossem enviados ao tribunal, eles providenciaram esta alternativa com o objetivo de captar 100% das informações. A seguir é apresentada uma das telas do sistema do tribunal de contas elaborada para captar as informações da frota municipal. FONTE: Disponível em: <http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/sim- am-2008/235005/area/49>. Acesso em: 30 out. 2015. QUADRO 36 – FROTA MUNICIPAL TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 153 Podemos perceber que as informações por tipo de combustível são evidenciadas em diversas guias (álcool, gasolina, diesel, gasolina X GNV, álcool X GNV, diesel X GNV, álcool X gasolina X GNV e biodiesel), e em cada guia a apresentação do quantitativo de veículos próprios e contratados que formam a frota municipal. Você deve se perguntar o que tem a ver estas informações com o Controle Interno dos municípios? Tudo, pois a partir da exigência destas informações por parte do Tribunal de Contas do Paraná, os gestores destes municípios, compostos tanto pela sua administração direta como pela administração indireta, perceberam a tendência da fiscalização do controle externo e com isto veio a necessidade de melhorar o controle sobre a frota. Isto porque em muitos casos os municípios que mantinham algum tipo de controle/gestão sobre a frota perceberam a inexistência das informações necessárias a serem enviadas ao tribunal e, em outros casos, percebeu-se a inexistência deste controle, ou melhor, a inexistência de gestão sobre a frota, dificultando então o envio de informações verídicas ao respectivo tribunal de contas. É, a partir desta exigência do Controle Externo que os municípios paranaenses passaram a instituir e melhorar o controle sobre a frota municipal e para isto contam com o auxílio dos controles internos instituídos em seus municípios para normatizar o que couber em relação a esta gestão. Para aqueles que buscaram fazer um trabalho sério de controle sobre a frota municipal foram beneficiados, pois no ano de 2012, o tribunal inova na sua atribuição de fiscalizar as contas dos Governos Municipais, através da exigência de informações pormenorizadas da frota municipal, conforme consta na Definição dos Layouts dos Arquivos de Importação – Versão 1.0a SIM-AM 2012, disponível em sua página na internet. <http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2011/8/ pdf/00237256.pdf>. Acesso em: 30 out. 2015. Ao fazermos a leitura desses leiautes podemos compreender que o tribunal busca obter estas informações como forma de cruzar, ou seja, aplicar a técnica de correlacionar as informações obtidas de dois departamentos distintos. Vejamos quais são estas informações e quais são os departamentos responsáveis. Vamos iniciar pelas informações requisitadas e que remetem ao Departamento de Contabilidade, apresentando os leiautes exigidos pelo respectivo tribunal. UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 154 Na Unidade 2 vimos a definição para a técnica de auditoria – Correlação das Informações Obtidas – cotejamento de informações obtidas de fontes independentes, autônomas e distintas, no interior da própria organização. Essa técnica procura a consistência mútua entre diferentes amostras de evidência. IMPORTANT E QUADRO 37 – LIQUIDAÇÃO DE DESPESAS COM COMBUSTÍVEL Nome do Arquivo: AmmLiquidacaoCombustivel.txt Campo Tamanho Numérico Formato Descrição Obrigatório Identificadorda Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Número da Liquidação 15 Numérico Z(14)9 nrLiquidacao – Número da Liquidação. Sim Ano da Liquidação 4 Numérico 9999 nrAnoLiquidacao – O ano em que o empenho foi liquidado. Sim Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível liquidado de acordo com tabela de tipos de combustível constante do Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Mês 2 Numérico 99 nrMes – Informar o número do mês em que ocorreu a liquidação informada. Sim TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 155 QUADRO 37 – LIQUIDAÇÃO DE DESPESAS COM COMBUSTÍVEL Quantidade de Combustível Liquidada (10.3) Numérico Z(10)9.999 QteCombLiquidado – Informar a quantidade de combustível objeto de liquidação. Sim Valor da Liquidação (16.2) Numérico Z(13)9.99 vlLiquidacao – Informar o valor liquidado segundo o tipo de combustível. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 282) No leiaute anterior percebe-se que o tribunal está solicitando informações das despesas orçamentárias executadas, que originaram a aquisição de combustível, pois solicita o número da liquidação, que é único por entidade pública, este número não se repete e por isso no leiaute não é solicitado o número do empenho à qual esta liquidação se refere; o ano em que ocorreu esta liquidação; o tipo de combustível que deve ser enviado conforme tabela auxiliar que apresenta a codificação padronizada pelo tribunal (gasolina, diesel, álcool etc.), o mês em que ocorreu a liquidação; a quantidade de combustível e o valor da liquidação. Com estas informações o tribunal pode auferir se o preço por litro está dentro dos padrões aceitáveis para a época e região envolvida, pois solicita o valor da aquisição e a quantidade adquirida. É importante perceber que através desta coleta o tribunal de contas passa a ter um banco de dados com o valor praticado em todo o território do estado do Paraná, permitindo realizar várias análises, sendo uma delas o preço praticado em cada região do estado. Vejamos o próximo leiaute que também é obtido junto à contabilidade. QUADRO 38 – LIQUIDAÇÃO DE DESPESAS DE RAP DE COMBUSTÍVEL Nome do Arquivo: AmmLiquidacaoCombustivelRAP.txt Campo Tamanho Numérico Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Número da Liquidação 15 Numérico Z(14)9 nrLiquidacao – Número da Liquidação. Sim UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 156 Ano de Liquidação 4 Numérico 9999 nrAnoLiquidacao – O ano em que o empenho foi liquidado. Sim Ano de Inclusão da Liquidação de RAP 4 Numérico 9999 nrAnoInclusaoRAP – Informar o ano em que o empenho foi inscrito em restos a pagar. Sim Ano do empenho 4 Numérico 9999 nrAnoInclusaoRAP – Informar o ano em que o Empenho foi emitido, independentemente de sua inscrição no RAP. Sim Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível liquidado de acordo com tabela de tipos de combustível constante do Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Mês 2 Numérico 99 nrMes – Informar o número do mês em que ocorreu a liquidação informada. Sim Quantidade de Combustível Liquidada (10.3) Numérico Z(10)9.999 QteCombLiquidado – Informar a quantidade de combustível objeto de liquidação. Sim Valor da Liquidação (16.2) Numérico Z(13)9.99 vlLiquidacao – Informar o valor liquidado segundo o tipo de combustível. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 283) No leiaute anterior, as informações solicitadas mantêm-se iguais às anteriores, porém estas agora remetem às Liquidações dos Restos a Pagar (empenhos de restos a pagar) e que por igual viabilizam a obtenção do preço por litro do combustível, permitindo a análise do preço praticado na época adquirida. TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 157 Os dois próximos leiautes fazem referências aos estornos de liquidação, tanto de despesas orçamentárias do exercício como de restos a pagar executados no referido exercício da coleta de informações. Assim, é possível obter o total adquirido de fato, pois caso não fossem considerados os estornos realizados, as informações estariam totalmente divergentes da realidade dos municípios. QUADRO 39 – ESTORNO DE LIQUIDAÇÃO DE DESPESAS COM COMBUSTÍVEL Nome do Arquivo: AmmEstLiquidacaoCombustivel.txt Campo Tamanho Numérico Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Número da Liquidação 15 Numérico Z(14)9 nrLiquidacao – Número da Liquidação. Sim Ano de Liquidação 4 Numérico 9999 nrAnoLiquidacao – O ano em que o empenho foi liquidado. Sim Número do estorno 15 Numérico Z(14)9 nrEstorno – Informar o Número do Estorno da Liquidação. Sim Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível liquidado de acordo com tabela de tipos de combustível constante do Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Mês 2 Numérico 99 nrMes – Informar o número do mês em que ocorreu a liquidação informada. Sim Quantidade de Combustível Liquidada (10.3) Numérico Z(10)9.999 QteCombLiquidado – Informar a quantidade de combustível objeto de liquidação. Sim Valor da Liquidação (16.2) Numérico Z(13)9.99 vlLiquidacao – Informar o valor liquidado segundo o tipo de combustível. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 285) UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 158 Como dito anteriormente estas informações dos leiautes acima apresentados são obtidas no Departametno da Contabilidade. Para incrementar ainda mais a análise das informações sobre a frota dos municípios paranaenses, o tribunal instituiu também a coleta do consumo de combustível, viabilizando assim a análise da média de consumo por quilômetro rodado por veículo, entre outras análises. Isto pode ser comprovado através dos leiautes que serão apresentados a seguir. É importante destacar que as informações abaixo evidenciadas devem ser obtidas nos departamentos que controlam as frotas dos municípios, pois estes podem ser controlados por grandes áreas como os veículos da educação, da saúde, de obras e demais áreas da administração. Não importa como o município realiza a gestão da sua frota o que importa é que exista a gestão e controle sobre a frota, pois a informação do consumo do combustível só pode ser obtida se existir o controle. Em muitos municípios, este controle pormenorizado é denominado de Diário de Bordo. Estas informações não são obtidas na Contabilidade, são informações tipicamente de controle/ gestão. Vamos aos leiautes para constatamos as informações que são solicitadas que remetem essencialmente à gestão da frota municipal. QUADRO 40 – CADASTRO DE VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS Nome do Arquivo: AmmCadFrotaVeiculos.txt Campo Tamanho Numérico Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Identificador do veículo 7 Numérico 9999999 idVeiculo – Representa o código de controle para identificação do veículo/ equipamento. Esse código independe de o veículo ser próprio, locado ou cedido. Sim Descrição do veículo 100 Caractere X(100) dsVeiculo – Informar a descrição do veículo/equipamento de acordo com o Certificadode Registro e Licenciamento de Veículo ou outro documento legal que caracterize a sua identificação. Não TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 159 Tipo de vínculo 2 Numérico 99 tpVinculo – Informar o tipo do veículo ou equipamento de acordo com o contido no Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Natureza do Bem (Veículo ou Equipamento). 4 Numérico 9999 cdNaturezaBem – Informar o código do veículo ou equipamento segundo sua natureza de acordo com o contido no Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Código do Bem Patrimonial 10 Caractere X(10) cdBem – Código do Bem Patrimonial de acordo com o cadastro na tabela (ammBemPatrimonial). Esse campo é obrigatório apenas para Tipo de Vínculo (tpVinculo = 1 próprio). Não Modelo 12 Caractere X(12) cdModelo – Representa o código padrão de modelo do veículo/ Equipamento de acordo com a tabela FIPE constante no Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Ano de fabricação 4 Numérico 9999 nrAnoFabricacao – Informar o ano de fabricação do veículo ou equipamento. Sim Tipo de combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o tipo de combustível de acordo com a tabela constante no Apêndice ‘A’ deste documento. Sim UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 160 Placas 12 Caractere X(12) nrPlacas – Informar o número das placas dos veículos. Exemplo: AMQ 5155. Esse campo é obrigatório para os códigos de natureza do bem (cdNaturezaBem) entre 1 a 5 de acordo com o contido no Apêndice ‘A’ deste documento. Não Renavan 20 Caractere X(20) nrRenavan – informar o número do renavan do veículo. Esse campo é obrigatório para os códigos de natureza do bem (cdNaturezaBem) entre 1 a 5 de acordo com o contido no Apêndice ‘A’ deste documento. Não Data inicial 10 Data AAAA- MM- DD dtinicial – Informar a data em que o veículo ou equipamento foi incluído nesta tabela. Essa data não é a de aquisição do veículo/ equipamento, trata- se da data em que ocorreu a declaração nesta tabela. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 285 No leiaute anterior podemos constatar que são solicitados vários dados dos veículos que compõem a frota como a descrição, o tipo de vínculo (próprio, cedido, locado e outros vínculos), a natureza do bem (veículo de passeio/ utilitários, caminhões, micro-ônibus, moto, motoniveladora, tratores agrícolas etc.), o número da placa, o Código Renavan, entre outras informações. Por este leiaute o tribunal com as informações da placa e Código Renavan já consegue confirmar a quem de fato pertence o veículo, correlacionando estas informações com o tipo de vínculo (próprio, cedido...). Esta correlação é factível de ser realizada, pois o tribunal de contas é um órgão do governo estadual e realizando convênio com o Departamento de Trânsito Estadual obtém as TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 161 informações do órgão estadual responsável e assim transformar em dados tabulados que permitirão a correlação (cruzamento) entre os dados enviados pelos municípios com os existentes no banco de dados do estado que por força da cobrança do IPVA mantém o cadastro de todos os veículos automotores atualizados. Através desta correlação pode-se observar que a técnica da auditoria “confirmação externa/circularização” é totalmente aplicável a este caso. Para relembrarmos, na Unidade 2, tratamos desta técnica – Confirmação externa/circularização – verificação, em fontes externas ao auditado, da fidedignidade das informações obtidas internamente. Uma das técnicas consiste na circularização das informações com a finalidade de obter confirmações em fonte diversa da origem dos dados. IMPORTANT E Nos leiautes apresentados a seguir podemos perceber a inovação trazida pelo Tribunal de Contas ao solicitar informações pormenorizados por veículo. Até então a análise era realizada em nível mais genérico do consumo do combustível, agora a análise será realizada por veículo. Vejamos as informações que estão sendo solicitadas nos próximos leiautes: QUADRO 41 – MOVIMENTO DE COMBUSTÍVEL DOS VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS Nome do Arquivo: AmmMovimentoCombustivel.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Identificador do veículo 7 Numérico 9999999 idVeiculo Reprsenta o código de controle para identificação do veículo/ equipamento. Este código independe de o veículo ser próprio, locado ou cedido. Sim UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 162 Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível consumido no período de acordo com tabela constante do Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Mês 2 Numérico 99 nrMesConsumo – Informar o número do mês correspondente ao consumo informado. Sim Quantidade de Combustível Consumida (10.3) Numérico Z(10)9.999 QteCombustivel – Informar a quantidade de combustível consumida no mês. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 286) QUADRO 42 – ESTORNO DO MOVIMENTO DE COMBUSTÍVEL DOS VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS Nome do Arquivo: AmmEstMovimentoCombustivel.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Identificador do veículo 7 Numérico 9999999 idVeiculo Representa o código de controle para identificação do veículo/ equipamento. Este código independe de o veículo ser próprio, locado ou cedido. Sim Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível consumido no período de acordo com tabela constante do Apêndice ‘A’ deste documento. Sim TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 163 FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 286) QUADRO 42 – ESTORNO DO MOVIMENTO DE COMBUSTÍVEL DOS VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 287) Nos leiautes anteriores podemos perceber que de fato as informações solicitadas vão evidenciar o consumo do combustível por veículo existente na frota municipal, pois o dado Identificador do veículo não pode ser repetido, ele tem que ser único para cada veículo/equipamento da frota municipal. Então, através deste leiaute é enviada a quantidade de combustível consumida por veículo/equipamento dentro de um referido mês. Lembrando que o tipo de combustível esperado para cada veículo/equipametno já foi enviado no leiaute Cadastro de Veículos e Equipamentos. A princípio, podemos nos perguntar: qual é a análise que o tribunal de contas fará com estas informações, já que não é possível calcular se o consumo realizado está dentro dos parâmetros desejados pela ausência da informação dos quilômetros rodados? De fato, se o Tribunal de Contas não obtiver esta informação é difícil mensurar se o consumo por quilômetro rodado está dentro dos parâmetros desejados e aceitáveis. É por esta razão que o Tribunal de Contas definiu leiaute com informações que permitam obter o cálculo do consumo por litro, a média do quilômetro rodado por litro para cada veículo/equipamento da frota municipal. Estas informações foram solicitadas no leiaute Controle de Hodomêtro e Horímetro, a seguir. Mês 2 Numérico 99 nrMesConsumo – Informar mês correspondente ao consumo informado. Neste campo não deve conter meses referente ao bimestre de trabalho, pois seu objeto é identificar o mês de origem do consumo do estorno. Sim Quantidade de Combustível Consumida (10.3) Numérico Z(10)9.999 QteCombustivel – Informara quantidade de combustível consumida no mês. Sim Mês Estorno 2 Numérico 99 nrMesEstorno – Informar o mês do bimestre de trabalho que a quantidade de combustível estornada. Sim UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 164 ATENCAO Hodômetro: Instrumento utilizado, principalmente, em veículos automotores para medir a distância percorrida, ou seja, a quantidade de quilômetro rodado. Horímetro: Instrumento usado para medir o tempo em horas e frações de horas, sobretudo de funcionamento de máquinas e equipamentos. Nome do Arquivo: ammHodometroHorimetro.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa - Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Identificador do veículo 7 Numérico 9999999 idVeiculo - Representa o código de controle para identificação do veículo/equipamento. Este código independe de o veículo ser próprio, locado ou cedido. Sim Código de Controle 7 Numérica 9999999 cdSequencial - Representa o código de controle sequencial dos hodometros e horímetros cadastrados. Sim Mês 2 Numérico 99 nrMes - Informar o número do mês correspondente ao registro do controle do hodométro ou horímetro. Sim Tipo de Medidor 2 Numérico 99 tpMedidor - Informar o código correspondente ao tipo de medidor de acordo com tabela constante do Apêndice "A" deste documento. 1 – Hodômetro. 2 – Horímetro. Sim QUADRO 43 – CONTROLE DE HODÔMETRO E HORÍMETRO TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 165 QUADRO 43 – CONTROLE DE HODÔMETRO E HORÍMETRO Data 10 Data AAAA-MM-DD dtVerificacao - Informar a data em que foi efetuada a verificação da quilometragem dos veículos ou quantidade de horas dos equipamentos. Sim Hodômetro/ Horímetro Inicial 10 Numérico 99999999999 nrMedicaoInicial - Informar a quilometragem medida no hodômetro mitra do veículo no início do prineiro dia do mês ou a quantidade de horas auferida no horímetro dos equipamentos rodoviários. Sim Hodômetro/ Horímetro Final 10 Numérico 99999999999 nrMedicaoFinal - Informar a quilometragem medida no hodométro do veículo no final do último dia do mês ou a quantidade de horas auferida no horímetro dos equipamentos rodoviários. Sim Quilometragem/ Horas Declaradas 10 Numérico 9999999999 nrMedicaoDedarada - Informar a quilometragem ou horas executadas no período em que eventualmente o hodômetro ou horímetro foi danificado. É importante esclarecer que qualquer informação diferente de zero, neste campo, deve ser amparada por documentos firmados pelos respectivos responsáveis. Sim Notas Explicativas 5000 Caractere X(5000) dsNotaExplicativa - Informar notas explicativas nas situações em que o campo (nrMedicaoDeclarada) apresentar informações diferente de zero. Não FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 289) UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 166 O Tribunal de Contas, além de solicitar as informações pormenorizadas por veículo/equipamento pertencente à frota municipal, também tratou de obter informações do estoque de combustível. Isto porque os municípios podem comprar combustível para ser armazenado/estocado para fins de distribuição à medida que for necessário. Para obtenção desta informação foi definido o leiaute Controle de Estoque de Combustível (a seguir), neste, são solicitadas informações que possibilitam identificar o estoque incial e final de um determinado mês por tipo de combustível. Aqui, o tribunal pode aplicar a técnica da auditoria denominada Exame de Registros e Correlação das Informações Obtidas, isto porque no leiaute Liquidação de Despesas com Combustível e Liquidação de Despesas de RAP com Combustível é informado a quantidade de combustível que está sendo adquirido, viabilizando que estas informações, inseridas em leiaute sejam confirmadas através das informações enviadas por outro leiaute, e principalmente validar se a informação da contabilidade e da gestão de frotas estão congruentes e consistentes entre si. Exame de Registros – verificação dos registros constantes de controles regulamentares, relatórios sistematizados, mapas e demonstrativos formalizados, elaborados de forma manual ou por sistemas informatizados. A técnica pressupõe a verificação desses registros em todas as suas formas (Técnica de auditoria apresentada na Unidade 2). NOTA Vejamos o leiaute que trata da obtenção das informações do estoque inicial e final de um determinado mês. QUADRO 44 – CONTROLE DE ESTOQUE DE COMBUSTÍVEL Nome do Arquivo: AmmEstoqueCombustivel.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 167 Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível em estoque de acordo com tabela constante do Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Mês do Registro 2 Numérico 99 nrMes – Informar o mês correspondente à quantidade de estoque inicial e final segundo o tipo de combustível. Sim Estoque Inicial (10.3) Numérico Z(10) 9.999 QteEstoqueInicial – Informar a quantidade do estoque inicial de combustível segundo os tipos de combustíveis. Este campo deve corresponder à quantidade apurada no início do primeiro dia de cada mês. Sim Estoque Final (10.3) Numérico Z(10) 9.999 QteEstoqueFinal – Informar a quantidade do estoque final de combustível segundo os tipos de combustíveis. Este campo deve corresponder à quantidade apurada após o encerramento do expediente/ movimento do último dia de cada mês. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 288) É importante destacar que o tribunal, sabedor da possbilidade de ocorrer doações por parte de pessoas jurídicas e físicas, elaborou o leiaute Entradas de Combustível Extraorçamentária (a seguir), pois estas doações impactam as informações do estoque inicial e final solicitadas no leiaute Controle de Estoque de Combustível (quadro ....) UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 168 QUADRO 45 – ENTRADA DE COMBUSTÍVEL EXTRAORÇAMENTÁRIA Nome do Arquivo: ammCombustivelRecebido.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Tipo de Documento do Doador 4 Caractere X(4) tpDocumento – Tipo do Documento do Doador. Valores Possíveis: 1. CPF – Pessoa Física 2. CNPJ – Pessoa Jurídica Sim Número do Documento do Credor 15 Caractere X(15) nrDocumento – Número do documento da pessoa física ou jurídica doadora de combustível. Sim Nome/Razão Social 100 Caractere X(100) nmPessoa – Nome ou razão da pessoa doadora. Sim Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível de acordo com a tabela constante no Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Mês do Recebimento 2 Numérico 99 nrMesRecebimento – Informar o mês do recebimento do combustível recebido via extraorçamentário (doações recebidas). Sim Quantidade de Combustível Recebida (10.3) Numérico Z(10)9.999 nrQuantidade – Informar a quantidade de combustível recebida. Sim Notas Explicativas 5000 Caractere X(5000) DsNotaExplicativa – Informar notas explicativas para justificar a doação. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 293) Como estes leiautes foram elaborados com a finalidade de possibilitar a análise do consumo decombustível da frota municipal, também foi necessário elaborar leiaute que permitisse ao gestor da frota informar as perdas de combustível ocorridas no período, neste caso, mensalmente. Por esta razão o tribunal de contas elaborou o seguinte leiaute: TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 169 QUADRO 46 – CONTROLE DE PERDAS E OUTRAS BAIXAS DE COMBUSTÍVEL Nome do Arquivo: ammPerdaCombustivel.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Tipo de Combustível 2 Numérico 99 tpCombustivel – Informar o código correspondente ao tipo de combustível de acordo com a tabela constante no Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Mês 2 Numérico 99 nrMes – Informar o número do mês correspondente à perda declarada. Sim Tipo de Perda 2 Numérico 99 tpPerda – Informar o código correspondente ao tipo de perda de combustível de acordo com a tabela constante do Apêndice ‘A’ deste documento. Sim Quantidade de Combustível Consumida (10.3) Numérico Z(10)9.999 nrQuantidade – Informar a quantidade de combustível perdido no mês. Sim UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 170 Notas Explicativas 5000 Caractere X(5000) DsNotaExplicativa – Informar notas explicativas para justificar eventuais perdas e outras baixas de combustíveis. Importante esclarecer que qualquer quantidade de combustível declarada deve ser amparada por documentos legais. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 291) Você deve se perguntar, quando existem baixas do estoque por situações diferentes do consumo normal de combustível, como é que o tribunal buscou tratar isto em sua análise? De fato, podem ocorrer baixas de combustível por situações diferentes, além do consumo de combustível, e por esta razão o tribunal elaborou o leiaute anterior Controle de Perdas e Outras Baixas de Combustível. Através deste leiaute, o tribunal define os tipos de perdas que são consideradas aceitáveis, conforme podemos comprovar através da tabela definida por parte do tribunal Tipos de Perdas e Outras Baixas de Combustível. QUADRO 47 – TIPOS DE PERDAS E OUTRAS BAIXAS DE COMBUSTÍVEL CÓDIGO DESCRIÇÃO 1 EVAPORAÇÃO 2 FURTO 3 VAZAMENTO 4 USO INTERNO EM OFICINAS 5 USO EM OBRAS E SERVIÇOS Outro destaque que este leiaute merece é quanto à informação solicitada através do dado Notas Explicativas. Podemos observar que não basta enviar um informação qualquer para poder fechar a conta ao final de cada mês, é necessário que toda perda seja acompanhada de notas explicativas. Estas notas explicativas devem ser elaboradas pelos servidores responsáveis por apontar estas ocorrências, estes devem ser instruídos quanto à necessidade de apresentar evidências dos fatos ocorridos, já que na linguagem popular o papel aceita qualquer informação e neste sentido não basta apenas relatar os fatos, é de bom grado existir comprovação, ou seja, material da ocorrência como foto, comunicação interna relatando aos gestores os fatos, publicação em jornal, quando couber, entre outras evidências possíveis. FONTE: Adaptado em Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 531) TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 171 É importante refletirmos como o Controle Interno deve ser atuante no sentido de verificar se nos procedimentos atuais da gestão da frota de seu município existem orientações, definições de como se deve proceder com os registros destas, quando da constatação da perda de combustível. Além destas informações já apresentadas, o tribunal de contas ainda solicita informações de quem está utilizando cada veículo/equipamento, através da vinculação deste com os órgãos/unidades informados na Lei Orçamentária Anual como pode ser percebido através do leiaute a serguir. QUADRO 48 – CADASTRO DE ÓRGÃO E UNIDADES ORÇAMENTÁRIAS DE VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS Nome do Arquivo: ammOrgaoUnidadeVeiculo.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Identificador do veículo 7 9999999 idVeiculo – Representa o código de controle para identificação do veículo/equipamento. Este código independe de o veículo ser próprio, locado ou cedido. Sim Código do Órgão 2 Numérico 99 cdOrgao – Informar o código do órgão da Lei Orçamentária em que o veículo ou equipamento esteja vinculado. Este dado provém da tabela (ammOrgão). Sim Código da Unidade 3 Numérico 999 cdUnidade – Informar o código da Unidade da Lei Orçamentária em que o veículo ou equipamento esteja vinculado. Este dado provém da tabela (ammUnidade). Sim Ano do Orçamento 4 Numérico 9999 nrAno – Informar o ano do Órgão e Unidade Orçamentária. Sim UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 172 Data Inicial 10 Data AAAA-MM-DD dtInicio – Informar a data em que o veículo ou equipamento passou a estar vinculado definitivamente ao órgão e unidade orçamentária. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 290) E para finalizar os trabalhos voltados à análise sobre a gestão da frota dos municípios, o tribunal elaborou o leiaute Baixa de Veículos e Equipamentos (a seguir). Através deste leiaute é possível entender a tabela Tipos de Baixa de Veículos e Equipamentos, os tipos de baixa aceitáveis pelo Tribunal de Contas. Vejamos a seguir estas informações: QUADRO 49 – BAIXA DE VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS Nome do Arquivo: ammBaixaVeiculosEquipamentos.txt Campo Tamanho Tipo Formato Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica 7 Numérico 9999999 idPessoa – Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Identificador do veículo 7 9999999 idVeiculo – Representa o código de controle para identificação do veículo/equipamento. Este código independe de o veículo ser próprio, locado ou cedido. Sim Data Final 10 Data AAAA- MM- DD dtFinal – Informar a data em que o veículo ou equipamento foi baixado do patrimônio da entidade ou que o contrato de locação ou de comodado foi encerrado. Sim TÓPICO 1 | INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA GESTÃO DE FROTAS NOS MUNICÍPIOS PARANAENSES 173 Tipo de Baixa 2 Numérico 99 TpBaixa – Informar o código da baixa do veículo ou equipamento, utilizando-se a tabela dos tipos de baixa do Apêndice ‘A’ deste layout. Sim Notas Explicativas 5000 Data AAAA- MM- DD DsNotaExplicativa – Informar notas explicativas apontando o motivo de baixa do veículo ou equipamento. Não FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 292) CÓDIGO DESCRIÇÃO 1 Alienação 2 Inservibilidade 3 Sinistro 4 Desincorporação por transferência 5 Dação em Pagamento 6 Doação 7 Permuta 8 Término de Contrato de Locação 9 Término do Comodato/Cessão 10 Outras Desincorporações FONTE: Adaptado em Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 531) QUADRO 49 - TIPOS DE BAIXA DE VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS 174 O Tópico 1 apresentou um caso prático de auditoria na Gestão de Frotas. Com essa aprendizagem foi possível compreender: • A percepção do direcionamento que a Auditoria Externa dá frente à Gestão de Frotas. • A compreensão da relevância que há na execução das atividades dos servidores que são responsáveis em enviar as informações, através de processos eletrônicos, no que tange a serem informações fidedignas com os existentes nos órgãos responsáveis por estas informações. • A percepção da importância do Controle Interno e da Auditoria Interna sob a ótica de implementar e melhorar os controles voltados à Gestão de Frotas. RESUMO DO TÓPICO 1 175 1 Quais são as técnicasde auditoria possíveis de serem aplicadas com as informações recebidas pelo tribunal de contas frente à gestão de frotas? 2 Com a aplicação das técnicas de auditoria, na massa de dados recepcionada pelo Tribunal de Contas do Paraná, quais são as possíveis inconsistências que podem ser encontradas? 3 A existência do Controle Interno nas entidades públicas impede a fraude na gestão da frota municipal? 4 A contabilidade é o único departamento que deve se preocupar com a prestação de contas junto aos Tribunais de Contas? AUTOATIVIDADE 176 177 TÓPICO 2 GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DO CONTROLE EXTERNO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO No tópico anterior apresentamos como pode se dar a análise das contas por parte dos tribunais de contas frente à gestão da frota municipal. Neste tópico, vamos manter a mesma linha de trabalho apresentada no tópico anterior, porém enfatizando a Gestão de Pessoas. Neste tópico será apresentado como os tribunais de contas vêm atuando no sentido de analisar, auditar os atos e fatos ocorridos com a Gestão de Pessoas, evidenciando os resultados obtidos pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul. 2 GESTÃO DE PESSOAS O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, visando cumprir com o seu papel de Auditor Externo, estabeleceu, através de resoluções, as informações da Gestão de Pessoal que devem ser enviadas de forma eletrônica. A Resolução nº 766/2007 acompanhada pela Instrução Normativa nº 25/2007, do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, instituiu o SIAPC – Sistema de Informações para Auditoria e Prestação de Contas e a Resolução nº 787/2007 instituiu o SIAPES – Sistema de Informatizado de Auditoria de Pessoal, como forma de automatizar a prestação de contas dos municípios gaúchos. O SIAPC estabeleceu a forma de recepcionar os dados relacionados à execução orçamentária dos órgãos obrigados a prestar contas ao Tribunal de Contas. Estes dados correspondem às informações da Lei Orçamentária Anual e seus respectivos Créditos Adicionais; as movimentações de empenhos emitidos e anulados/cancelados; as respectivas liquidações e pagamentos de empenhos, as movimentações das receitas arrecadadas e suas respectivas deduções, bem como da movimentação contábil ocorrida no período. Além destas informações da execução orçamentária que são enviadas bimestralmente ao Tribunal de Contas, este também solicita informações pormenorizadas através dos arquivos Diário Geral, Folha de Pagamento, Cadastro 178 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS de Funcionários, Tabela de Vantagens/Descontos e Totalizadores, Receita Pública e Conteúdo do Código de Barras. Estes podem ser solicitados a qualquer tempo, ou seja, a pedido do Tribunal de Contas o ente deve estar preparado para enviar estes dados conforme a periodicidade solicitada pelo tribunal. Para conhecermos que tipo de informação o tribunal de contas exige de seus jurisdicionados, apresentamos a seguir o leiaute do arquivo da Folha de Pagamento. QUADRO 50 – FOLHA DE PAGAMENTO Nome do Arquivo: TCE_4810.TXT – Folha de Pagamento Descrição do Campo Tipo Bytes Ordenamento das Colunas Observação Código do Tipo da Folha de Pagamento Numérico 1 1 a 1 Preencher com: 1 = Folha Normal 2 = 13º Salário 3 = Férias 4 = Rescisão 5 = Complementar / Suplementar 6 = Afastamento 9 = Outros (Especificar no campo Observações) Código do Registro do Funcionário Numérico 12 2 a 13 Codificação própria Data de Competência da Folha de Pagamento Data 8 14 a 21 Formato dd/mm/aaaa Data de Pagamento da Folha de Pagamento Data 8 22 a 29 Formato dd/mm/aaaa Reservado para uso Futuro Numérico 3 30 a 32 Preencher com zeros Valor da Vantagem/ Desconto/Totalizador Valor 17 33 a 49 Formato valor Identificação da Operação Caracter 1 50 a 50 Preencher com: V = Vantagem; D = Desconto; T = Totalizador O = Outros (Especificar no campo Observações) TÓPICO 2 | GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DO CONTROLE EXTERNO 179 Indicador de Incidência do IRRF Caracter 1 51 a 51 Indicador de incidência ou dedutibilidade da Vantagem ou Desconto para efeitos do IRRF. Preencher com: S = Sim N = Não Código do Banco do Depósito da Folha de Pagamento da Entidade Numérico 5 52 a 56 Padrão Febraban Código da Agência do Banco do Depósito da Folha de Pagamento da Entidade Numérico 5 57 a 61 Padrão Febraban Código da Conta- Corrente do Banco do Depósito da Folha de Pagamento da Entidade Numérico 20 62 a 81 Cadastro próprio do Banco com dígito verificador Código do Banco do Funcionário Numérico 5 82 a 86 Padrão Febraban Código da Agência do Banco do Funcionário Numérico 5 87 a 91 Padrão Febraban Código da Conta- Corrente do Banco do Funcionário Numérico 20 92 a 111 Cadastro próprio do Banco com dígito verificador Observações Caracter 30 112 a 141 Código da Vantagem/ Desconto/ Totalizador Numérico 5 142 a 146 Codificação própria FONTE: Disponível em: <https://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/jurisdicionados/ sistemas_controle_externo/siapc/manuais>. Acesso em: 15 dez. 2015. Podemos perceber, até o momento, que as informações dos servidores são solicitadas tanto na parte da execução orçamentária como no arquivo da folha de pagamento, todas são recepcionadas pelo SIAPC. No entanto, o Tribunal de Contas também institui o SIAPES, para recepcionar todos os atos que promoveram a admissão dos servidores públicos, sejam de forma efetiva, comissionada ou eletiva. Neste sistema, o Tribunal de Contas preparou-se para receber informações dos concursos públicos, dos contratos por prazo determinado, os fundamentos legais das contratações, entre outras tantas informações que envolvem a admissão de pessoal, bem como dos atos derivados de pessoal. 180 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS ATENCAO Atos derivados de pessoal (Art. 1º, §1º, da Resolução 787/2007): os decorrentes de reenquadramentos, transposições de regime jurídico, transferências do município-mãe, outras transferências, reintegrações, readaptações, readmissões, reconduções, reversões e aproveitamentos. A particularidade, neste sistema, é que o jurisdicionado precisa digitar no sistema do tribunal para posterior envio destas informações, conforme diagrama do funcionamento do SIAPES apresentado a seguir. FONTE: Disponível em: <https://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/ jurisdicionados/sistemas_controle_externo/siapes/manual>. Acesso em: 15 dez. 2015. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA AUDITADA 1. IMPORTAÇÃO 6. AUDITORIA 2. DIGITAÇÃO 3. ENVIO DE REMESSAS DE ATOS 7. REMESSA DE CORREÇÕES DE ATOS 4. CARGA DE REMESSAS 8.CARGA DE CORREÇÕES 9. RELATÓRIOS DE AUDITORIA 5. PRÉ-AUDITORIA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DO TCE - ORACLE SADMOU REGIONAIS INTERNET AUDITADA SIAPES REGIONAL OU SEDE FIGURA 26 – FUNCIONAMENTO DO SIAPES TÓPICO 2 | GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DO CONTROLE EXTERNO 181 Além destas informações, solicitadas por estas resoluções apresentadas acima, no ano de 2013, o Tribunal de Contas passa a solicitar informações sobre a concessão de benefícios através da Resolução nº 988/2013. A Resolução nº 988/2013 trata do envio de informações das concessões previdenciárias custeadas pelos regimes próprios de previdência, no âmbito municipal. Esta determinação, por parte do Tribunal de Contas, padronizou, para todos os entes que são auditados por este, a forma de envio das informações relativas aos processos de benefícios previdenciários, viabilizando assim agilidade tanto na concessão como na análise do objeto auditado. Por analogia podemos utilizar o sistema da Receita Federal - Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física. Os dados são enviados à Receita Federal que ao analisar, cruzar as informações, detectar incompatibilidades coloca esta pessoa física na malha fina, solicitando posteriormente documentação para comprovar as informações alideclaradas. O SIAPEM – Sistema de Pensões e Inativações da Esfera Municipal foi construído sobre a mesma linha de atuação. Os municípios enviam seus dados e depois o Tribunal de Contas cruza estas informações com outros bancos de dados conveniados, entendendo que há a necessidade de enviar os documentos comprobatórios. Estes são solicitados aos respectivos órgãos responsáveis pelas informações enviadas pelo SIAPEM. As informações solicitadas no SIAPEM referem-se, principalmente, como o próprio nome do sistema indica, a dados que se referem a pensões e aposentadorias (inativação). Estes dados podem ser digitados diretamente no sistema ou importado através do arquivo XML definido pelo Tribunal de Contas. As principais informações solicitadas por este sistema tratam do cadastro do servidor, tipo de benefício e modalidades de aposentadorias, como por exemplo, aposentadoria de professores, aposentadoria por invalidez, entre outras. Abaixo apresentamos uma pequena amostragem das informações solicitadas no arquivo XML. 182 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS Exemplo compacto do formato de dados do SAPIEM Exemplo de inativação: <?xml version="1.0" encoding="ISO-8859-1"?> <sapiem> <servidor> <NOME>Judite Santos</NOME> <CPF>80808080822</CPF> <SEXO>F</SEXO> <NACIONALIDADE>Brasileira</NACIONALIDADE> <DT_NASCIMENTO>1961-05-18</DT_NASCIMENTO> <NM_MAE>Mãe da Ju</NM_MAE> <ESTADO_CIVIL>3</ESTADO_CIVIL> <OUTROS_NOMES>Judite Soares</OUTROS_NOMES> <EMAIL>judy@example.com</EMAIL> <beneficio> <ID_GENERO_BENEFICIO>21</ID_GENERO_BENEFICIO><!--21 é inativação--> <ID_ESPECIE_BENEFICIO>22</ID_ESPECIE_BENEFICIO> <ID_MODALIDADE_BENEFICIO>45</ID_MODALIDADE_BENEFICIO> <MATRICULA>449</MATRICULA> <IDENTIFICACAO_FUNCIONAL>1234</IDENTIFICACAO_FUNCIONAL> <CARGO>Professor</CARGO> <REGIME_JURIDICO>E</REGIME_JURIDICO> <CARGA_HORARIA>20</CARGA_HORARIA> <PADRAO>A</PADRAO> <NIVEL>I</NIVEL> <CLASSE>E</CLASSE> <OUTROS></OUTROS> <ESCOLARIDADE></ESCOLARIDADE> <OBSERVACOES>Nada a declarar.</OBSERVACOES> <orgao-concessor> <!--Descubra o código do seu órgão aqui: http://dados.tce.rs.gov.br/dados/auxiliar/orgaos_municipais_auditados_rs.html--> <CD_ORGAO>44501</CD_ORGAO> <CPF_RESPONSAVEL>80808080822</CPF_RESPONSAVEL> <CPF_CONTROLE_INTERNO>80808080822</CPF_CONTROLE_INTERNO> </orgao-concessor> <ultima-remuneracao> <TP_LEGISLACAO_ULT_AUMENTO>LOD</TP_LEGISLACAO_ULT_AUMENTO> <NR_LEGISLACAO_ULT_AUMENTO>2214</NR_LEGISLACAO_ULT_AUMENTO> <ANO_LEGISLACAO_ULT_AUMENTO>1984</ANO_LEGISLACAO_ULT_AUMENTO> <DT_INICIO_VIGENCIA_TABELA>2008-07-23</DT_INICIO_VIGENCIA_TABELA> <parcela> <DS_PARCELA>Vencimento básico</DS_PARCELA> <VALOR>2400.00</VALOR> <TP_LEGISLACAO>LOD</TP_LEGISLACAO> <NR_LEGISLACAO>2214</NR_LEGISLACAO> <ANO_LEGISLACAO>1984</ANO_LEGISLACAO> <ARTIGOS_LEGISLACAO>3, 4, 5</ARTIGOS_LEGISLACAO> </parcela> </ultima-remuneracao> <assentamento> FIGURA 27 - EXEMPLO COMPACTO DO FORMATO DO SAPIEM TÓPICO 2 | GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DO CONTROLE EXTERNO 183 FIGURA 27 - EXEMPLO COMPACTO DO FORMATO DO SAPIEM <CD_TIPO_ASSENTAMENTO>NPEX</CD_TIPO_ASSENTAMENTO> <DT_ASSENTAMENTO>1987-04-04</DT_ASSENTAMENTO> <NR_ATO>Portaria 013/87</NR_ATO> <DT_PUBLICACAO>1987-12-25</DT_PUBLICACAO> <DS_ASSENTAMENTO>Nomeia professores, concurso 006/1987</DS_ ASSENTAMENTO> </assentamento> <assentamento> <CD_TIPO_ASSENTAMENTO>CAP</CD_TIPO_ASSENTAMENTO> <DT_ASSENTAMENTO>2011-05-20</DT_ASSENTAMENTO> <NR_ATO>Portaria 589</NR_ATO> <DT_PUBLICACAO>2011-05-20</DT_PUBLICACAO> <DS_ASSENTAMENTO>Concede aposentadoria</DS_ASSENTAMENTO> </assentamento> <averbacao> <DS_ORGAO>Nome do órgão ou empregador</DS_ORGAO> <DT_INICIO>2001-03-31</DT_INICIO> <DT_FIM>2001-07-01</DT_FIM> <DIAS_AVERBADOS>90</DIAS_AVERBADOS> <NR_DOCUMENTO>123456</NR_DOCUMENTO> <SERVICO_PUBLICO>S</SERVICO_PUBLICO> <CARREIRA>N</CARREIRA><!--Só pode ser respondido S se SERVICO_PUBLICO tb. for S--> <VANTAGENS>N</VANTAGENS> <CONTRIB_INSS>N</CONTRIB_INSS> </averbacao> <media mes-referencia="10" ano-referencia="1994"> <linha mes="7" ano="1994" valor-historico="746.82"/> <linha mes="8" ano="1994" valor-historico="779.68"/> <linha mes="9" ano="1994" valor-historico="854.50"/> <DT_DEMONSTRATIVO>2011-08-01</DT_DEMONSTRATIVO> <ASSINADO_POR>Beltrano da Silva</ASSINADO_POR> </media> <ato> <TP_ATO>Portaria</TP_ATO> <NR_ATO>14</NR_ATO> <ANO_ATO>2011</ANO_ATO> <VALOR_PROVENTOS>2400.50</VALOR_PROVENTOS> <COMPL_SALARIO_MIN>N</COMPL_SALARIO_MIN> <VANTAGENS>Vencimento básico</VANTAGENS> <!--Órgão custeador pode ser com código numérico (CD_ORGAO_CUSTEADOR) ou por descrição (DS_ORGAO_CUSTEADOR) se não existir código, como no caso de fundos--> <DS_ORGAO_CUSTEADOR>FUNDO PRÓPRIO DE CAXIAS DO SUL</DS_ORGAO_CUSTEADOR> </ato> </beneficio> </servidor> </sapiem> Exemplo de pensão: <?xml version="1.0" encoding="ISO-8859-1"?> <sapiem> <servidor> <NOME>José Mário Santos</NOME> <CPF>80808080822</CPF> 184 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS <SEXO>M</SEXO> <NACIONALIDADE>Brasileira</NACIONALIDADE> <DT_NASCIMENTO>1961-05-18</DT_NASCIMENTO> <NM_MAE>Mãe do Zé</NM_MAE> <ESTADO_CIVIL>3</ESTADO_CIVIL> <beneficio> <ID_GENERO_BENEFICIO>23</ID_GENERO_BENEFICIO><!--23 é pensão--> <APOSENTADO>S</APOSENTADO> <FUNDO_PROPRIO>S</FUNDO_PROPRIO> <CONTRIB_INSS>S</CONTRIB_INSS> <NR_PROCESSO_INATIVACAO>10130200163</NR_PROCESSO_INATIVACAO> <DT_INATIVACAO>2013-06-01</DT_INATIVACAO> <ID_ESPECIE_BENEFICIO>22</ID_ESPECIE_BENEFICIO> <ID_MODALIDADE_BENEFICIO>44</ID_MODALIDADE_BENEFICIO> <MATRICULA>449</MATRICULA> <IDENTIFICACAO_FUNCIONAL>1234</IDENTIFICACAO_FUNCIONAL> <CARGO>Professor</CARGO> <REGIME_JURIDICO>E</REGIME_JURIDICO> <CARGA_HORARIA>40</CARGA_HORARIA> <PADRAO>A</PADRAO> <OUTROS>Subpadrão 2</OUTROS> <ESCOLARIDADE>2º grau completo</ESCOLARIDADE> <OBSERVACOES>Nada a declarar.</OBSERVACOES> <orgao-concessor> <CD_ORGAO>44501</CD_ORGAO> <CPF_RESPONSAVEL>80808080822</CPF_RESPONSAVEL> <CPF_CONTROLE_INTERNO>80808080822</CPF_CONTROLE_INTERNO> </orgao-concessor> <demonstrativo> <VALOR_PROVENTOS>5000.00</VALOR_PROVENTOS> <reajuste> <DT_REAJUSTE>2015-09-25</DT_REAJUSTE> <PERCENTUAL>50</PERCENTUAL> <VALOR>5444.50</VALOR> <TP_LEGISLACAO>LOD</TP_LEGISLACAO> <NR_LEGISLACAO>4461</NR_LEGISLACAO> <ANO_LEGISLACAO>2008</ANO_LEGISLACAO> <ARTIGOS_LEGISLACAO>1, 2, 3</ARTIGOS_LEGISLACAO> </reajuste> <reajuste> <DT_REAJUSTE>2015-10-25</DT_REAJUSTE> <PERCENTUAL>50</PERCENTUAL> <VALOR>5844.50</VALOR> <TP_LEGISLACAO>DCM</TP_LEGISLACAO> <NR_LEGISLACAO>5229</NR_LEGISLACAO> <ANO_LEGISLACAO>2007</ANO_LEGISLACAO> <ARTIGOS_LEGISLACAO>4, 5, 6</ARTIGOS_LEGISLACAO> </reajuste> </demonstrativo> <dependente> <NOME>Matheus Carpinteiro</NOME> <CPF>01143838041</CPF> TÓPICO 2 | GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA DO CONTROLE EXTERNO 185 <DT_NASCIMENTO>1996-12-22</DT_NASCIMENTO> <CD_GRAU_DEPENDENCIA>FILH</CD_GRAU_DEPENDENCIA> <IDADE_LIMITE>18</IDADE_LIMITE><!-- CD_GRAU_DEPENDENCIA FILH/GUARDA --> <PERCENTUAL>100</PERCENTUAL> <DECISAO_JUDICIAL>S</DECISAO_JUDICIAL> <DT_CONCESSAO>2008-11-23</DT_CONCESSAO><!--JUDICIAL = S--> </dependente> <ato-inativatorio> <TP_ATO>Portaria</TP_ATO> <NR_ATO>51234</NR_ATO> <ANO_ATO>2008</ANO_ATO> <CD_CATEGORIA_ATO>RETIF</CD_CATEGORIA_ATO> </ato-inativatorio> <ato> <TP_ATO>Portaria</TP_ATO> <NR_ATO>14</NR_ATO> <ANO_ATO>2011</ANO_ATO> <VALOR_PROVENTOS>2400.50</VALOR_PROVENTOS> <COMPL_SALARIO_MIN>N</COMPL_SALARIO_MIN> <!--Órgão custeador pode ser com código numérico (CD_ORGAO_CUSTEADOR) ou por descrição (DS_ORGAO_CUSTEADOR) se não existir código, como no caso de fundos--> <DS_ORGAO_CUSTEADOR>FUNDO PRÓPRIO DE CAXIAS DO SUL</DS_ORGAO_CUSTEADOR> </ato> </beneficio> </servidor> </sapiem> FONTE: Adaptado de: <https://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/jurisdicionados/ sistemas_controle_externo/sapiem/manual>. Acesso em: 15 dez. 2015. O que podemos perceber até o momento é que à medida que o Tribunal de Contas avança, no sentido de evoluir, na recepção de informações, este acaba criando possibilidades que antes da automatizaçãoda informação não se pensava em atuar, pois os auditores dependiam exclusivamente de examinar documentos. Na revista Cautelar, publicada pela Assessoria de Comunicação Social do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, edição de outubro de 2015, encontramos a seguinte notícia: Inteligência no Controle – TCE-RS está entre os pioneiros no trabalho de cruzamento de dados como estratégia de combate a irregularidades. A partir desta notícia os órgãos públicos municipais e estaduais que enviam estas informações ao Tribunal de Contas passaram a entender como este utiliza as informações em suas atividades de auditor. Para uma melhor percepção do todo vamos à leitura desta publicação. 186 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS INTELIGÊNCIA NO CONTROLE TCE-RS ESTÁ ENTRE OS PIONEIROS NO TRABALHO DE CRUZAMENTO DE DADOS COMO ESTRATÉGIA DE COMBATE A IRREGULARIDADES Sozinho, um banco de dados pode ser uma forma simples e eficiente de organizar informações, como as antigas listas telefônicas de páginas amarelas. Combinado com outros elementos e manejado por meio de novas ferramentas tecnológicas, pode se tornar uma arma inovadora para os órgãos de controle do Poder Público. No Brasil, o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul (TCE-RS) está entre os pioneiros no uso de modernas formas de fiscalização. Auditorias baseadas no trabalho de cruzar itens de diferentes órgãos públicos, compartilhados entre convênios, jogam luz sobre cenários até então dificilmente detectáveis; são funcionários municipais embolsando irregularmente benefícios do Bolsa Família; presos que, mesmo atrás das grades, aparecem na folha de pagamento de municípios; horas extras pagas indevidamente; e até servidores mortos ainda recebendo salários. O uso de inteligência nas fiscalizações vem ganhando cada vez mais espaço entre os órgãos de controle. Convênios com outras instituições públicas para o acesso a dados e o investimento em ferramentas para “seguir a trilha do dinheiro” são os principais caminhos utilizados para garantir agilidade nas ações. No Rio Grande do Sul, um dos trabalhos mais significativos usando esse recurso é realizado nas folhas de pagamento de 743 mil servidores, envolvendo informações financeiras de 1,1 mil órgãos municipais, principalmente Prefeituras e Câmaras de Vereadores (veja o quadro a seguir). FONTE: Oliveira (2015, p. 70) PENTE-FINO NAS FOLHAS DE PAGAMENTO: PRINCIPAIS INDÍCIOS DE IRREGULARIDADE DETECTADOS (PRIMEIRO SEMESTRE DE 2014) 2,4 mil servidores proprietários de empresas privadas 4,1 mil 2,2 mil que mantiveram negócios com os órgãos ao quais eram vinculados em contratos envolvendo R$ 89,9 milhões. contratações temporárias transformadas em permanentes servidores cujos CPFs estavam inscritos no programa Bolsa Família O TCE-RS mantém convênio para o acesso a dados com 30 instituições entre elas a Receita Federal, o Instituto-Geral de Perícias e a Junta Comercial. mantidos nos registros municipais ainda recebendo salário Pagamentos de horas extras a 815 cargos de confiança (CCs) 17 servidores falecidos 187 O Tópico 2 apresentou caso prático de auditoria na Gestão de Pessoas, com essa aprendizagem foi possível: • A percepção do campo de atuação da Auditoria Externa realizada pelo Controle Externo na Gestão de Pessoas. • Compreensão da relevância que há na execução das atividades dos servidores que são responsáveis em enviar as informações através de processos eletrônicos, no que tange a serem informações fidedignas com os existentes nos órgãos responsáveis por estas informações. • Percepção da importância do Controle Interno e da Auditoria Interna sob a ótica de implementar e melhorar os controles voltados à Gestão de Pessoas. RESUMO DO TÓPICO 2 188 AUTOATIVIDADE 1 As informações enviadas por processo eletrônico aos tribunais precisam ser validadas antes do seu envio? 2 Qual é a técnica aplicada pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul na massa de dados recepcionada para fins de auditoria na Gestão de Pessoas? 3 Faça um resumo dos dados que podem ser cruzados ao utilizar a técnica de confirmação externa/circularização baseados na notícia publicada pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul. 4 Como o tribunal de contas tem convênios com outros órgãos como Receita Federal, Junta Comercial e Instituto Geral de Perícias, outros cruzamentos são factíveis de serem realizados como? 189 TÓPICO 3 AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Como vimos nos tópicos anteriores, as informações solicitadas pelos Tribunais de Contas podem ser utilizadas de várias formas, sejam para realizar cruzamentos com outros dados, como para simples confirmação processual. Neste tópico serão apresentadas outras áreas que, na mesma linha de recebimento de informações por processos eletrônicos, são temas de relevância para estes órgãos de controle e por consequência também para os Controles Internos das entidades públicas. 2 GESTÃO DE PATRIMÔNIO O Tribunal de Contas do Estado do Paraná, assim como o fez para a Gestão de Frotas, também instituiu leiautes para absorver informações de forma eletrônica sobre a Gestão de Patrimônio. As informações solicitadas pelo tribunal de contas frente a esta gestão de patrimônio é menos pormenorizada do que a já em execução para a gestão de frotas. Isto podemos perceber através do único leiaute que é solicitado para obtenção destas informações. Este leiaute tem como objetivo captar os dados dos bens móveis, imóveis e intangíveis e de terceiros afetados por benfeitorias com recursos públicos. Vamos ao leiaute: 190 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS QUADRO 51 – BENS PATRIMONIAIS Campo Tamanho Tipo Formato Campo Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica junto ao TCE (*) 7 Numérico Z(6)9 idPessoa Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. SIM Código do Bem 10 Caractere X(10) cdBem Código de controle do bem patrimonial. SIM Descrição do Bem 250 Caractere X(250) dsBem Informar a descrição do Bem Patrimonial. SIM Identificador da Propriedade do Bem 1 Numérico 9 idTipoPropriedadeBem Representa o código identificador da propriedade do bem. Os valores válidos estão disponíveis na tabela (TipoPropriedadeBem). SIM Natureza do Bem 4 Numérico Z(3)9 idTipoNaturezaBem Informar o código da natureza do bem patrimonial. SIM Categoria do Bem 4 Numérico Z(3)9 idTipoCategoriaBem Informar o código da categoria do bem patrimonial. SIM Detalhamento do Bem 7 Numérico Z(3)9 idTipo DetalhamentoBem Informar o código do agrupamento do bem patrimonial. SIM Identificador da Utilização do Bem 1 Numérico 9 idTipoUtilizacaoBem Identifica se os bens são de uso comum, especiais ou dominicais. Os valores válidos estão presentes na tabela (TipoUtilizacaoBem). SIM Data da Aquisição/ Cadastro do Bem 10 Data AAAA- MM- DD dtOperacao Representa a data da aquisição ou cadastro do bem. SIM FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2016, p. 607) Podemos perceber, através deste leiaute, quais são as informações mínimas que devem existir nos sistemas de gestão patrimonial das entidades públicas que prestam contas ao Tribunal de Contas. Entre estas informações mínimas podemos observar que o Tribunal de Contas solicita a descrição do bem, a data de aquisição, entre outros, que são tabuladas pelo respectivo tribunal. Vejamos a seguir quais são estas informações tabuladas: QUADRO 52 - TIPO DE PROPRIEDADE DO BEM idTipo Propriedade Bem dsTipoPropriedadeBem 1 Próprio 2 Terceiro FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2016, p. 608) TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 191 QUADRO 51 – BENS PATRIMONIAIS QUADRO 53 – TIPO DE NATUREZA DE BENS idTipoNaturezaBem dsTipoNaturezaBem 1 Bens Móveis 2 Bens Imóveis 3 Intangíveis idTipoUtilizacaoBemdsTipoUtilizacaoBem 1 Bens Dominiais 2 Bens de Uso Comum 3 Bens de Uso Especial FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2016, p. 608) QUADRO 54 – TIPO DE UTILIZAÇÃO DE BENS FONTE: Adaptado de: Layout SIM-AM (2016, p. 608) QUADRO 55 – TIPO DE CATEGORIAS DE BENS idTipoCategoriaBem idTipoCategoriaBem dsTipoCategoriaBem 1 Aeronaves 2 Aparelhos de Medição e Orientação 3 Aparelhos e Equipamentos de Comunicação 4 Aparelhos, Equipamentos, Utensílios Médico-Odontológico, Laboratorial e Hospitalar 5 Aparelhos e Equipamentos para Esportes e Diversões 6 Aparelhos e Utensílios Domésticos 7 Armamentos 8 Coleções e Materiais Bibliográficos 9 Discotecas e Filmotecas 10 Embarcações 11 Equipamentos de Manobra e Patrulhamento 12 Equipamentos de Proteção, Segurança e Socorro 13 Instrumentos Musicais e Artísticos 14 Máquinas e Equipamentos de Natureza Industrial 15 Máquinas e Equipamentos Energéticos 16 Máquinas e Equipamentos Gráficos 17 Máquinas para Áudio, Vídeo e Foto 18 Outras Máquinas, Aparelhos, Equipamentos e Ferramentas 19 Equipamentos de Processamento de Dados 20 Máquinas, Instalações e Utensílios de Escritório 192 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 21 Máquinas, Ferramentas e Utensílios de Oficina 22 Equipamentos e Utensílios Hidráulicos e Elétricos 23 Máquinas e Equipamentos Agrícolas e Rodoviários 24 Mobiliário em Geral 25 Obras de Arte e Peças para Museu 26 Semoventes e Equipamentos de Montaria 27 Veículos Diversos 28 Veículos Ferroviários 29 Peças não incorporáveis a imóveis 30 Veículos de Tração Mecânica 33 Equipamentos, Peças e Acessórios de Proteção e Voo 34 Acessórios para Automóveis 35 Equipamentos de Mergulho e Salvamento 36 Equipamentos, Peças e Acessórios Marítimos 37 Equipamentos e Sistema de Proteção e Vigilância Ambiental 38 Equipamentos, sobressalentes de máquinas, motor de navios e esquadra 39 Outros Materiais Permanentes 40 Terrenos 41 Edificações 42 Softwares 43 Marcas, Direitos e Patentes 44 Praças, Parques e Bosques 45 Ruas, Logradouros e Estradas 46 Pontes e Viadutos 47 Outros Bens de Uso Comum do Povo 48 Instalações 49 Outros Bens de Uso Comum 50 Outros Bens Dominiais TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 193 QUADRO 56 - TIPO DE DETALHAMENTO DE BENS idTipo DetalhamentoBem dsTipoDetalhamentoBem 1 Avião 2 Helicóptero 3 Balão 4 Planador 5 Ultraleve 6 Outras Aeronaves e afins 7 Amperímetro 8 Aparelho de Medição Meteorológica 9 Balanças em Geral 10 Bússola 11 Calibrador de Pneus 12 Cronômetro 13 Hidrômetro 14 Magnetômetro 15 Manômetro 16 Medidor de gás 17 Mira-falante 18 Níveis topográficos [...] [...] 698 Outros Equipamentos que consomem Combustível (sem medidor) FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2016, p. 610) Diante das tabulações apresentadas, podemos compreender que a massa de dados recepcionada pelo Tribunal de Contas é relevante para os trabalhos de inteligência no controle. Assim como o tribunal evidenciou os resultados do trabalho da análise na gestão de frotas, a tendência é que nos próximos anos outras informações pormenorizadas da gestão de patrimônio venham a ser solicitadas. Isto pode ser percebido no leiaute do ano de 2013, onde este solicita outras informações além do Cadastro dos Bens Patrimoniais. Vejamos a seguir a relação dos leiautes solicitados pelo tribunal no início de 2013: • ORIGEM DE BENS INCORPORADOS POR CISÃO, FUSÃO E EXTINÇÃO DE ENTIDADES • TOMBAMENTO DE BENS PATRIMONIAIS • PROPRIEDADE DE BENS DE TERCEIROS • TIPOS DE VÍNCULOS DE BENS DE TERCEIROS 194 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS • TIPO DE ORIGEM DO BEM • BAIXA DE BENS DE PROPRIEDADE DE BENS DE TERCEIROS • CADASTRO DE MEDIDAS DOS IMÓVEIS • BENS IMÓVEIS X MATRÍCULAS DO CARTÓRIO DE IMÓVEIS • DETALHE DE VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS • TABELA-PADRÃO DE MODELOS – FIPE • TABELA-PADRÃO DE MARCAS DE VEÍCULOS – FIPE • CADASTRO DOS SETORES RESPONSÁVEIS PELO USO E GUARDA DOS BENS PATRIMONIAIS • VINCULAÇÃO DOS SETORES COM OS RESPECTIVOS ÓRGÃOS E UNIDADES DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL • LOCALIZAÇÃO DOS BENS MÓVEIS • TIPOS DE LOCALIZAÇÃO DOS BENS • SALDO DOS BENS PATRIMONIAIS APURADOS NO ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO ANTERIOR • MOVIMENTAÇÃO DOS BENS PATRIMONIAIS • TIPOS DE OPERAÇÕES DOS BENS PATRIMONIAIS • TIPOS DE INCORPORAÇÕES DE BENS • ESTORNO DO MOVIMENTO DOS BENS PATRIMONIAIS • EMPENHOS DE BENS PATRIMONIAIS • ESTORNO DOS EMPENHOS DE BENS PATRIMONIAIS • INVENTÁRIO DE BENS PATRIMONIAIS • COORDENADAS GEOGRÁFICAS • LOCALIZAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS • TERRENOS X EDIFICAÇÕES O Tribunal de Contas no ano de 2013, através da recepção das informações pelo Sistema de Informações Municipais passou a captar novas informações. Porém, como o ano de 2013 também foi um ano de mudanças para o setor contábil do setor público com o advento da implantação do PCASP – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público, o tribunal de contas constatou que os municípios paranaenses não estavam preparados para todas estas mudanças. Foi através desta constatação que o tribunal de contas decidiu adiar o recebimento de vários arquivos novos. É por isso que os Controles Internos precisam se planejar para que todos os departamentos envolvidos estejam preparados com seus procedimentos e sistemas de gestão para quando ocorrer a publicação por parte do tribunal informando a obrigatoriedade no recebimento destas informações. IMPORTANT E TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 195 As entidades públicas, através de seus respectivos Controles Internos, devem estabelecer cronograma que busque inserir estas informações, solicitadas no leiaute de 2013 e que foram descontinuadas temporariamente, evitando assim que estes trabalhos fiquem acumulados quando o Tribunal de Contas volte a exigir estas informações. Este trabalho prévio do Controle Interno junto aos órgãos que são afetados diretamente por estas informações, é de suma importância, pois ao observarmos, por exemplo, o leiaute da Movimentação de Bens Patrimoniais e Empenhos de Bens Patrimoniais é possível compreender que os dados da contabilidade serão cruzados com os dados obtidos junto à gestão de patrimônio. Vamos aos leiautes: QUADRO 57 – MOVIMENTAÇÃO DE BENS PATRIMONIAIS Nome do Arquivo: MovimentacaoBem.txt Campo Tamanho Tipo Formato Campo Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica junto ao TCE * 7 Numérico 9999999 idPessoa Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. Sim Código do Bem 10 Caractere X(10) cdBem Código de controle do bem patrimonial. Origem: (Bem). Sim Código de Controle do Lançamento 15 Numérico Z(14)9 nrLancamento Informar o código de controle da operação do lançamento. Sim Ano do Lançamento 4 Numérico 9999999 nrAno Lancamento Representa o ano da operação do lançamento. Sim Tipo de Operação 3 Numérico 999 idTipoOperacaoBem Código do Tipo de Operação realizada. Os valores válidos estão presentes na tabela (TipoOperacaoBem). Sim Data da Operação 10 Data AAAA- MM-DD dtOperacao Data da Operação realizada. Sim Descrição da Operação 250 Caractere X(250) dsOperacao Descrição da Operação realizada. Sim Valor da Operação 16,2 Numérico Z(13)9.99 vlOperacao Valor da Operação realizada. Sim Flag Indicando se houve Lei/ Ato 1 Caractere X flLeiAto Informar se existe ou não, lei/ato para a operação declarada. Os valores válidos são os seguintes: S – Sim N – Não Sim Código de Controle de Leis e Atos 7 Numérico 9999999 cdControleLeiAto Representa o código identificador da lei/ato que autorizou a movimentação do bem. Este código tem a função de representar o conjunto (nrLeiAto+nrAnoLeiAto+ cdNaturezaAto+cdEscopo) e origina-se a tabela (LeiAto). Este campo é obrigatório quando o campo (flLeiAto) for “S”. Não Flag Indicando se houve Licitação 1 Caractere X flLicitacao Informar se existe ou não, processolicitatório para a operação declarada. Os valores válidos são os seguintes: S – Sim. N – Não. Sim 196 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS Número do Edital da Licitação 9 Numérico Z(9) nrLicitacao Representa o número do Edital que estabeleceu o processo licitatório. Origina-se da tabela (Licitacao). Este campo é obrigatório quando o campo (flLicitacao) for “S”. Não Modalidade da Licitação 2 Numérico 99 idModalidade Licitacao Representa a código da Modalidade da Licitação. Os valores válidos estão presentes na tabela (Licitacao) para a respectiva licitação. Este campo é obrigatório quando o campo (flLicitacao) for “S”. Não Ano do Edital da Licitação 4 Numérico 9999 nrAnoLicitacao Representa o ano do Edital da Licitação. Origina-se da tabela (Licitacao). Este campo é obrigatório quando o campo (flLicitacao) for “S”. Não Classe 1 Caractere 9 cdClasse Representa as classes do plano. Sim Grupo 1 Caractere 9 cdGrupo Representa o código do Grupo de Contas. Sim Subgrupo 1 Caractere 9 cdSubgrupo Representa o código do SubGrupo de Contas. Sim Título 1 Caractere 9 cdTitulo Representa o código do Título das Contas. Sim Subtítulo 1 Caractere 9 cdSubTitulo Representa o código do SubTítulo das Contas Sim Item 2 Caractere 99 cdItem Representa o código do Item das Contas. Sim Subitem 2 Caractere 99 cdSubItem Representa o código do SubItem das Contas. Sim Nível8 2 Caractere 99 cdNivel8 Representa o código do nível 8. Sim Nível9 2 Caractere 99 cdNivel9 Representa o código do nível 9. Sim Nível10 2 Caractere 99 cdNivel10 Representa o código do nível 10. Sim Nível11 2 Caractere 99 cdNivel11 Representa o código do nível 11. Sim Nível12 2 Caractere 99 cdNivel12 Representa o código do nível 12. Sim Ano da Operação 4 Numérico 9999 nrAnoAplicacao Informar o ano de referência do movimento contábil. Sim FONTE: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 637) Ao observarmos o leiaute acima podemos constatar que o Tribunal de Contas deseja receber toda e qualquer operação que ocorra com os bens patrimoniais existentes na entidade, sendo estes classificados como bens móveis, bens imóveis ou intangíveis. Estas operações esperadas pelo tribunal de contas referem-se às aquisições, desapropriações, permutas, depreciações, amortizações, entre outras, que serão evidenciadas no quadro a seguir. TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 197 QUADRO 58 – TIPOS DE OPERAÇÕES DOS BENS PATRIMONIAIS idTipoOperacaoBem dsTipoOperacaoBem idTipoIncorporacao Bem 1 Alienação de Bens Móveis 2 2 Aquisição 1 3 Construção 1 5 Desapropriação 1 6 Inservibilidade 2 7 Outras incorporações 1 9 Sinistro 2 10 Incorporação por transferência 1 11 Desincorporação por transferência 2 13 Outras desincorporações 2 16 Dação em Pagamento – baixa 2 17 Dação em Pagamento – incorporação 1 18 Doação – baixa 2 19 Doação – incorporação 1 20 Permuta – baixa 2 21 Permuta – incorporação 1 23 Reavaliação 1 24 Depreciação Acumulada de Bens Móveis 2 26 Alienação – Programas Municipais 2 27 Alienação – Investidura 2 28 Alienação de bens imóveis por permuta 2 29 Depreciação Acumulada de Bens de Uso Comum do Povo 2 30 Depreciação Acumulada de Bens de Uso Especial 2 31 Depreciação Acumulada de Bens Dominicais 2 32 Exaustão Acumulada 2 33 Amortização Acumulada 2 34 Redução ao Valor Recuperável de Bens Dominicais 2 35 Redução ao Valor Recuperável de Bens Imóveis de Uso Especial 2 36 Amortização Acumulada de Softwares 2 37 Amortização Acumulada de Marcas, Direitos e Patentes 2 198 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS 38 Redução ao Valor Recuperável de Softwares 2 39 Redução ao Valor Recuperável de Marcas, Direitos e Patentes 2 40 Alienação de Bens Imóveis 2 41 Baixa por Cisão, Fusão ou Extinção 2 42 Incorporação por Cisão, Fusão ou Extinção 1 43 Baixa de Bens de Terceiros 2 FONTE: Adaptado em Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 640 e 641) QUADRO 59 – TIPOS DE INCORPORAÇÕES DE BENS idTipoIncorporacaoBem dsTipoIncorporacaoBem 1 Incorporação 2 Desincorporação FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 641) Diante da estrutura deste arquivo de movimentação de bens, que se relaciona com o quadro de operações, fica evidente a complexidade que é para os gestores do patrimônio obterem estas informações. Isto porque o arquivo movimentação de bens foi elaborado para receber informações da contabilidade, pois os campos Classe, Grupo, Subgrupo, Título, Subtítulo, Item, Subitem, Nível8, Nível9, Nível10, Nível11 e Nível12 são informações específicas da contabilidade. No entanto, o registro pormenorizado de cada bem encontra-se no sistema estruturante que realiza a gestão de patrimônio, não é na contabilidade que encontramos os bens especificados item por item. Na contabilidade encontramos contas que evidenciam grupos de informações patrimoniais do Ativo Imobilizado como as contas de Veículos, Móveis Utensílios, Aparelhos Odontológicos, Aeronaves, e assim por diante. Esta é uma das razões pelas quais o tribunal de contas precisou adiar o recebimento destas informações das entidades públicas paranaenses, pela impossibilidade de estas enviarem tais informações. Os entes públicos de modo geral, não tinham o hábito de fazer a gestão de patrimônio, pois o foco principal dos gestores sempre foram as operações orçamentárias, a preocupação com o déficit orçamentário e não com as movimentações patrimoniais. É por isso que no Brasil, desde 2013, com a implantação do PCASP, as entidades públicas passaram a implantar e aprimorar seus sistemas estruturantes para viabilizar o cruzamento entre as informações existentes na contabilidade com a gestão de patrimônio. TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 199 QUADRO 59 – TIPOS DE INCORPORAÇÕES DE BENS No entanto, há muito trabalho para ser executado pelas entidades, pois os sistemas estão sendo adaptados para que seja possível manter integridade entre os dados evidenciados na contabilidade e os registrados no sistema de gestão patrimonial. Esta busca é de suma importância, pois além do arquivo que solicita as movimentações que ocorreram com os bens, também já foi estruturado o arquivo Empenhos de Bens Patrimoniais. Como o próprio nome do arquivo evidencia, este foi elaborado para captar os dados dos empenhos vinculados aos bens patrimoniais, e como empenho está atrelado à execução orçamentária e esta com a contabilidade e os procedimentos das operações, que envolvem os controles, os quais precisam estar bem definidos para que os servidores possam ser capacitados frente a prestação de contas. O outro arquivo importante e que deve ser observado, mesmo que descontinuado neste momento, é o arquivo Inventário de Bens Patrimoniais. Como vamos observar na sequência, as informações solicitadas pelo leiaute até são bens simples, porém o mais agravante em relação a este arquivo é a inexistência destas informações nas entidades públicas. Muitas das entidades públicas desconhecem o total de seu patrimônio tanto em quantidade como em valor. Vejamos o leiaute: QUADRO 60 – INVENTÁRIO DE BENS PATRIMONIAIS Campo Tamanho Tipo Formato Campo Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica junto ao TCE (*) 7 Numérico 9999999 idPessoa Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. SIM Código do Bem 10 Caractere X(10) cdBem Código de controle do bem patrimonial. Origem: (Bem). SIM Data do Inventário 4 Numérico 9999 dtInventario Representa a data do Inventário. SIM Valor do Bem 16.2 Numérico Z(13)9.99 vlBem Valor do Bem Inventariado. SIM FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 648) Esta situação é uma constatação que a própria Secretaria do Tesouro Nacional identificou, tanto que em suas orientações aos entes federados é sugerido que as entidades públicas determinem uma data de corte para garantir que a buscapelo reconhecimento seja realizada com critérios aceitáveis pelas normas contábeis. 200 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS Os procedimentos descritos nesse tópico só deverão ser realizados após ajuste a valor justo no ativo imobilizado e intangível, realizado no momento da adoção das novas normas contábeis, com base em um cronograma estabelecido pelo ente. Esse primeiro ajuste a valor justo não se trata de reavaliação nem redução a valor recuperável, e não deve ser registrado como tal. Consistem em ajuste de exercícios anteriores, já que até a presente data não era realizada a devida depreciação, nem ajustadas as valorizações e desvalorizações ocorridas no valor dos bens. Deve-se ressaltar a importância da definição de uma data de corte, que visa separar os bens que serão objetos de ajuste em seu valor contábil e os bens que poderão ser depreciados diretamente, sem passar por um ajuste. A definição da data de corte, bem como a composição da comissão de servidores responsável pela realização dos trabalhos junto ao setor de patrimônio, é um ato discricionário de cada ente, devendo o gestor responsável efetivá-las de acordo com sua realidade. Após o reconhecimento inicial do ativo imobilizado e intangível com base neste Manual, a entidade deve mensurar as classes que o compõem escolhendo ou o modelo de custo menos a depreciação e redução ao valor recuperável acumuladas ou o modelo de reavaliação menos a depreciação e redução ao valor recuperável acumuladas subsequentes, devendo aplicar a política adotada para toda uma classe de ativos imobilizados ou intangíveis (BRASIL, 2014, p. 159). NOTA FIGURA 28 - ESQUEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO E DEPRECIAÇÃO DE BENS PÚBLICOS FONTE: BRASIL (2014, p. 173) Adquirido após a data de corte Sim Depreciação, Amortização e Exaustão Sim Sim Não Não Não VC > VJAtivo Ajuste Ajuste NE 2 NE 3 NE 1Perda D Ativo D Perda/VPD C Ajuste de Exercícios Anteriores (PL) C Bem/Ativo C Bem/Ativo D Ajuste de Exercícios Anteriores (PL) NE 4 TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 201 FIGURA 28 - ESQUEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO E DEPRECIAÇÃO DE BENS PÚBLICOS FONTE: BRASIL (2014, p. 173) 3 GESTÃO DAS RECEITAS A gestão das receitas, sob a ótica do auditor externo, está voltada principalmente na identificação de renúncias de receita. Estas renúncias, principalmente em épocas de eleição, são uma prática nos municípios. É por estas razões que os tribunais de contas, pensando na evolução da análise, implementam novas formas de auditar essas informações. O Tribunal de Contas do Paraná é um dos órgãos fiscalizadores que exige, por força da prestação de contas das prefeituras, tais informações. Estas informações são solicitadas por processos eletrônicos, da mesma forma que ocorrem nas outras áreas. Vejamos quais são as informações solicitadas por este tribunal de contas: QUADRO 61 – LANÇAMENTOS DE CRÉDITO Campo Tamanho Tipo Formato Campo Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica junto ao TCE (*) 7 Numérico 9999999 idPessoa Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. SIM Código Sequencial de Controle de cada operação. 9 Numérico Z(8)9 nrCredito Representa o Código Sequencial de Controle de cada operação. SIM Ano do Código de Controle de cada operação. 4 Numérico 9999 nrAnoCredito Representa o Ano do Código Sequencial de Controle de cada operação. SIM Tipo de Natureza do Crédito 1 Numérico 9 idTipoNatureza Credito Representa o Tipo de Natureza do Crédito. SIM Tipo de Crédito 3 Numérico 999 idTipoCredito Representa o Tipo de Crédito. SIM Tipo de Operação 1 Numérico 9 idTipoOperacaoCredito Representa o Tipo de Operação do Crédito. Os valores válidos estão apresentados na tabela (TipoOperacaoCredito). SIM Data do Lançamento 10 Data AAAA- MM-DD dtLancamento Data em que o crédito foi lançado. SIM Mês Base do Lançamento 2 Numérico 99 nrMesBase Mês Base do Lançamento. SIM Ano Base do Lançamento 4 Numérico 9999 nrAnoBase Ano de competência do Lançamento. SIM Código de Controle de Leis e Atos 7 Numérico 9999999 cdControleLeiAto Representa o código identificador da lei/ato. SIM Código do Cadastro da Entidade 15 Numérico Z(14)9 cdCadastro Código do Cadastro da Entidade. SIM Tipo de Documento do Contribuinte 6 Caractere X(6) tpDocContribuinte Representa o tipo de documento do Contribuinte. Os valores válidos estão disponíveis na tabela (TipoDocumentoPessoa). SIM Número do Documento Contribuinte 15 Caractere X(15) nrDocContribuinte Representa o número do Documento Identificador do Contribuinte. SIM Valor do Lançamento do Crédito (16,2) Numérico Z(13)9.99 vlLancamento Valor do Lançamento do Crédito. SIM FONTE: Adaptado em Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 683) 202 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS QUADRO 62 – TIPOS DE OPERAÇÕES DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS idTipoOperacaoCredito dsTipoOperacaoCredito 1 Lançamento 2 Implantação de Saldos de Exercícios Anteriores 3 Inscrição em Dívida Ativa FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 684) QUADRO 63 – TIPOS DE NATUREZAS DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS idTipoNaturezaCredito dsTipoNaturezaCredito 1 Crédito Tributário 2 Crédito Não Tributário 3 Crédito Previdenciário FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 684) QUADRO 64 – TIPOS DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS idTipoCredito dsTipoCredito flTributo 1 IPTU S 2 ITBI S 3 ISS S 4 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA S 5 TAXAS S 6 COSIP N 7 SANÇÕES APLICADAS PELO TCE/PR N 8 CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO AO RPPS N 9 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL N 10 TAXA DA ADMINSTRAÇÃO N 11 APORTES – PLANO FINANCEIRO N 12 APORTES – PLANO PREVIDENCIÁRIO N 13 PARCELAMENTOS DE DÉBITOS N 14 CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO AO RPPS – SENTENÇAS JUDICIAIS N 15 OUTROS CRÉDITOS PREVIDENCÁRIOS N FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 684) TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 203 QUADRO 62 – TIPOS DE OPERAÇÕES DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 684) QUADRO 63 – TIPOS DE NATUREZAS DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 684) QUADRO 64 – TIPOS DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS QUADRO 65 – DIÁRIO DE ARRECADAÇÃO Campo Tamanho Tipo Formato Campo Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica junto ao TCE (*) 7 Numérico 9999999 idPessoa Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. SIM Código Sequencial de cada operação Arrecadada. 9 Numérico Z(8)9 nrArrecadacao Representa o Código Sequencial de Controle de cada operação arrecadada. SIM Ano do Código de Controle de cada operação Arrecadada. 4 Numérico 9999 nrAnoArrecadacao Representa o Ano do Código Sequencial de Controle de cada operação arrecadada. SIM Código da Categoria Econômica 1 Caractere 9 cdCategoriaEconomica Representa as Categorias Econômicas da Receita Orçamentária, conforme contido nos §§ 1º e 2º, do Art. 11 da Lei nº 4320/64. SIM Código da Origem 1 Caractere 9 cdOrigem A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”, com vistas a identificar a natureza da procedência das receitas no momento em que ingressam no Orçamento Público. SIM Código da Espécie 1 Caractere 9 cdEspecie É o nível de classificação vinculado à Origem que permite qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, dentro da Origem Receita Tributária, identifica- se as espécies “Impostos”, “Taxas” e “Contribuições de Melhoria”. SIM 204 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS Códigoda Rubrica 1 Caractere 9 cdRubrica Agrega determinadas espécies de receitas cujas características próprias sejam semelhantes entre si; dessa forma, detalha a espécie, por meio da especificação dos recursos financeiros que lhe são correlatos. Por exemplo, a rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda” corresponde ao detalhamento da Espécie “Impostos”. SIM Código da Alínea 1 Caractere 9 cdAlinea A alínea é o detalhamento da Rubrica e exterioriza o “nome” da receita que receberão registro pela entrada de recursos financeiros. Por exemplo, a alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza” corresponde ao detalhamento da Rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda”. SIM Código da SubAlínea 2 Caractere 99 cdSubAlinea A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, utilizado quando há necessidade de se detalhar a Alínea com maior especificidade. Por exemplo, a subalínea “Pessoas Físicas” é detalhamento da Alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza”. SIM Código do Desdobramento 2 Caractere 99 cdDesdobramento Representa o Desdobramento da Receita, caso exista. SIM Código do Detalhamento 2 Caractere 99 cdDetalhamento Representa o Detalhamento da Receita, caso exista. SIM Ano de Aplicação do Plano 4 Numérico 9999 nrAnoAplicacao Declarar o ano de aplicação do plano de contas da receita da entidade. SIM Código Identificador da Origem do Crédito 2 Numérico 99 idTipoOrigemReceita Identifica a origem do crédito. Os valores válidos estão disponíveis na tabela (TipoOrigemReceita). SIM TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 205 Código de Controle de cada operação da receita arrecadada 15 Numérico Z(14)9 nrOperacao Representa o Código Sequencial de Controle de cada operação. Este código tem a função de identificar qual (nrCredito) da tabela (LancamentoCredito) que está sendo arrecadado OU (nrDivida) da tabela (InscricaoDividaAtiva). NÃO Ano do Código de Controle de cada operação de receita arrecadada 4 Numérico 9999 nrAnoOperacao Representa o Ano do Código Sequencial de Controle de cada operação e tem a função de identificar qual (nrAnoCredito) da tabela (LancamentoCredito) que está sendo arrecadado OU (nrAnoDivida) da tabela (InscricaoDividaAtiva). NÃO Tipo de Documento do Contribuinte 6 Caractere X(6) tpDocContribuinte Representa o tipo de documento do Contribuinte. Os valores válidos estão disponíveis na tabela (TipoDocumentoPessoa). O contribuinte deve estar previamente declarado no cadastro de pessoas. NÃO Número do Documento Contribuinte 15 Caractere X(15) nrDocContribuinte Representa o número do Documento Identificador do Contribuinte. O contribuinte deve estar previamente declarado no cadastro de pessoas. NÃO Tipo de Arrecadação 2 Numérico 99 idTipoArrecadacao Representa o tipo de arrecadação previamente definido pelo TCE. Os valores válidos estão presentes na tabela (TipoArrecadacao). SIM Data da Operação 10 Data AAAA- MM-DD dtArrecadacao Representa a data da operação de cada receita arrecadada. SIM Valor da Operação (16,2) Numérico Z(13)9.99 vlArrecadacao Valor de cada operação. SIM FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013 p. 710-712) 206 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS TABELA 66 – TIPOS DE ARRECADAÇÃO idTipoArrecadacao dsTipoArrecadacao 1 Pagamento 2 Dação de Pagamento FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 712) QUADRO 66 – TIPOS DE ORIGEM DA RECEITA idTipoOrigemReceita dsTipoOrigemReceita 1 Originária de Crédito não Inscrito em Dívida Ativa 2 Originária de Dívida Ativa 999 Outras Receitas Pelos leiautes acima podemos observar que o Tribunal de Contas solicita informações de toda e qualquer receita que possa ser arrecadada pelas entidades públicas, ele não se atém somente as receitas tributárias. Para que a análise seja realizada de forma completa também são solicitadas as informações dos estornos de arrecadação, das deduções das arrecadações entre outras movimentações que possam afetar esta análise. É através do leiaute Deduções de Crédito que o tribunal pretende captar as informações das receitas que não serão recebidas, sejam estas decorrentes de isenção, remissão, cancelamento, anistia, prescrição ou descontos concedidos. De posse destas informações o Tribunal de Contas tem condições de cruzar estas com os fundamentos legais que norteiam a execução destas deduções, por isso a importância deste dado, pois caso ele esteja inconsistente, pode caracterizar renúncia de receita em que caberão esclarecimentos em relação a estes valores. Vejamos o leiaute das Deduções de Crédito: QUADRO 67 – DEDUÇÕES DE CRÉDITOS FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 712) Campo Tamanho Tipo Formato Campo Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica junto ao TCE (*) 7 Numérico 9999999 idPessoa Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. SIM Código Sequencial de cada operação de dedução. 9 Numérico Z(8)9 nrDeducao Representa o Código Sequencial de Controle de cada operação de dedução. SIM TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 207 QUADRO 66 – TIPOS DE ORIGEM DA RECEITA Ano do Código de Controle de cada operação de dedução. 4 Numérico 9999 nrAnoDeducao Representa o Ano do Código Sequencial de Controle de cada operação de dedução. SIM Código de Controle de cada operação afetada pela dedução. 9 Numérico Z(8)9 nrCredito Representa o Código Sequencial de Controle de cada operação. Este código origina-se da tabela (LancamentoCredito). SIM Ano do Código de Controle de cada operação afetada pela dedução. 4 Numérico 9999 nrAnoCredito Representa o Ano do Código Sequencial de Controle de cada operação. Este ano origina-se da tabela (LancamentoCredito). SIM Tipo de Operação 2 Numérico 99 idTipoDeducaoCredito Representa o tipo de operação afetada pela dedução. Os valores válidos devem estar previamente cadastrados na tabela (TipoDeducaoCredito). SIM Código de Controle de Leis e Atos 7 Numérico 9999999 cdControleLeiAto Representa o código identificador da lei/ ato que autorizou a dedução do crédito. SIM Data da dedução 10 Data AAAA-MM-DD dtDeducao Data da dedução do crédito. SIM Valor da Operação (16,2) Numérico Z(13)9.99 vlDeducao Valor de cada operação. SIM Motivo da dedução 250 Caractere X(250) dsMotivo Descrever o motivo de cada operação de dedução. SIM FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 692-693) QUADRO 68 – TIPOS DE DEDUÇÕES DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS idTipoDeducaoCredito dsTipoDeducaoCredito 1 Isenção 2 Remissão 3 Cancelamento 4 Anistia 5 Prescrição 6 Descontos Concedidos FONTE: Adaptado em Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 693) Todos estes leiautes são da versão inicial da prestação de contas do ano de 2013, porém, conforme já esclarecido no item Gestão de Patrimônio, o Tribunal de Contas do Paraná adiou a captação de algumas informações em razão da impossibilidade dos municípios paranaenses enviarem estas informações. Esta 208 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS situação também ocorreu com os dados solicitados para a área de tributação. Abaixo vamos verificar a relação de leiautes que deixaram de ser solicitados no decorrer de 2013 por conta deste adiamento. • LANÇAMENTO DE CRÉDITOS • TIPOS DE OPERAÇÕES DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS • TIPOS DE NATUREZA DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS • TIPOS DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS • CONSOLIDAÇÃO DAS NATUREZAS E TIPOS DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS • ESTORNO DO LANÇAMENTO DE CRÉDITOS • ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE CRÉDITOS • TIPOS DE ATUALIZAÇÕES DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS •ESTORNO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE CRÉDITOS • DEDUÇÕES DOS CRÉDITOS • TIPOS DE DEDUÇÕES DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E NÃO TRIBUTÁRIOS • ESTORNO DE DEDUÇÕES DE CRÉDITOS • INSCRIÇÃO DE CRÉDITOS EM DÍVIDA ATIVA • ESTORNO DA INSCRIÇÃO DE CRÉDITOS EM DÍVIDA ATIVA • ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE CRÉDITOS EM DÍVIDA ATIVA • ESTORNO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE CRÉDITOS EM DÍVIDA ATIVA • DEDUÇÕES DOS CRÉDITOS EM DÍVIDA ATIVA • ESTORNO DE DEDUÇÕES DE CRÉDITOS EM DÍVIDA ATIVA • ROL ANUAL DOS CRÉDITOS PARCELADOS • TIPOS DE OPERAÇÕES DE PARCELAMENTO DE CRÉDITOS • ROL ANUAL DOS CRÉDITOS PARCELADOS INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA • ROL ANUAL DA DÍVIDA ATIVA EM COBRANÇA JUDICIAL • TIPOS DE OPERAÇÕES DE DÍVIDA EM COBRANÇA JUDICIAL • INSCRIÇÃO DA DÍVIDA ATIVA DE SANÇÕES APLICADAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO • TIPOS DE ATOS DE SANÇÕES • TIPOS DE UNIDADES DO TCE/PR • TABELA DE CONSOLIDAÇÃO DO MOVIMENTO DOS CRÉDITOS NÃO INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA • TABELA DE CONSOLIDAÇÃO DO MOVIMENTO DA DÍVIDA ATIVA Os Controles Internos dos municípios paranaenses, sabedores destes adiamentos por parte do tribunal de contas, precisam ser prudentes na forma de conduzir estes processos internamente nas diversas áreas que serão afetadas pela coleta destas informações. Como podemos observar pelos leiautes, o tribunal terá condições de realizar vários cruzamentos entre estas informações, por isso o envolvimento de todas as áreas na implementação, até mesmo a atualização de procedimentos é de suma importância para o município, afim de que este não seja penalizado pela falta de controle sobre estas informações. TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 209 4 GESTÃO DE LICITAÇÕES Todo processo de compra realizado nas entidades públicas precisa atentar para as legislações vigentes na época de elaboração destes processos. Uma das leis mais importantes que define as regras para o setor público contratar serviços ou adquirir bens é a Lei nº 8.666/93, conhecida como Lei de Licitações e Contratos. Outras formas de contratação, como o Regime Diferenciado de Contratação (RDC), Lei nº 12.462, de 04/08/2011 e LC nº 123/2006, que trata de forma diferenciada a contratação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte são mais recentes, entre outras não mencionadas aqui. O importante na abordagem deste tema, é evidenciar que os tribunais de contas vêm se modernizando no sentido de auditar estas informações de forma mais tempestiva. Um dos primeiros tribunais a solicitar este tipo de informação em tempo real foi o Tribunal de Contas do Paraná, em 2013, através da instituição do Mural de Licitações. Este Mural de Licitações exige dos órgãos públicos paranaenses a publicação diária de suas informações no portal disponibilizado pelo tribunal de contas, ou seja, estes órgãos geram suas informações na forma solicitada pelo leiaute do tribunal e importam no sistema deste, que disponibiliza estas informações no Mural de Licitações existentes no endereço eletrônico <http:// www1.tce.pr.gov.br/conteudo/mural-de-licitacoes-consulta/52/area/48>. Vejamos como estes dados podem ser pesquisados por qualquer cidadão. FONTE: Adaptado de: <http://servicos.tce.pr.gov.br/TCEPR/Municipal/AML/ ConsultarProcessoCompraWeb.aspx>. Acesso em: 15 dez. 2015. FIGURA 29 – MURAL DE LICITAÇÕES 210 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS Para que estes dados estejam coerentes com os existentes no órgão público, os servidores responsáveis em cadastrar, manter e enviar estas informações ao tribunal precisam atentar para os dados solicitados pelo tribunal, conforme leiaute demonstrado a seguir: QUADRO 70 – CADASTRO DOS NÚMEROS DE LICITAÇÕES Campo Tamanho Tipo Formato Campo Descrição Obrigatório Identificador da Pessoa Jurídica junto ao TCE (*) 7 Numérico 9999999 idPessoa Representa o código identificador da Entidade atribuído pelo Cadastro Interno do Tribunal de Contas. SIM Número do Edital da Licitação 9 Numérico Z(9) nrLicitacao Representa o número do Edital que estabeleceu o processo licitatório. Esta numeração deve ser individualizada por modalidade. SIM Ano do Edital da Licitação 4 Numérico 9999 nrAnoLicitacao Representa o ano do Edital da Licitação. SIM Modalidade da Licitação 2 Numérico 99 idModalidade Licitacao Representa o código da Modalidade da Licitação. Os valores válidos estão presentes na tabela (ModalidadeLicitacao). SIM Status da Licitação 1 Numérico 9 idStatusLicitacao Informar se o número do edital foi processado normalmente ou foi descartado. Os valores válidos estão na tabela: (StatusLicitacao). SIM FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 401-402) QUADRO 71 – TIPOS DE MODALIDADES DE LICITAÇÕES idModalidadeLicitacao dsModalidadeLicitacao 1 Convite 2 Tomada de Preços 3 Concorrência 4 Concurso 5 Leilão 6 Pregão 7 Processo de Dispensa 8 Processo de Inexigibilidade FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 402) TÓPICO 3 | AUDITORIA EM OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS 211 QUADRO 72 - STATUS DAS LICITAÇÕES idModalidadeLicitacao dsModalidadeLicitacao 1 Normal 2 Descartado FONTE: Adaptado de: Paraná – Layout SIM-AM (2013, p. 402) Em relação à obtenção de informações de forma eletrônica dos processos de contratação de bens e serviços por parte dos órgãos públicos, podemos também citar os Tribunais de Contas dos Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo. O estado do Rio Grande do Sul através da Resolução nº 1050/2015, em vigor a partir de 13/11/2015, instituiu o sistema LICITACON – Sistema de Licitações e Contratos, que dispõe sobre o envio e a disponibilização, por meio do sistema, de dados, informações e documentos relativos a licitações e contratos administrativos dos poderes, órgãos e entidades jurisdicionados do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Este tribunal de contas inclusive se preocupou com os pequenos municípios, que por ventura não trabalham com sistemas informatizados na gestão dos processos licitatórios. Isto porque eles lançaram o Licitacon Web, que permitirá a inserção de dados diariamente pelos jurisdicionados. Este sistema já está liberado a todos os municípios que desejarem enviar suas informações de forma direta. Já o estado de São Paulo, através do Tribunal de Contas do Estado, também vem trabalhando para disponibilizar sistema que capte as informações dos processos licitatórios, isto podemos comprovar através das notícias e comunicados publicados por este tribunal, a qual veremos: Piloto de Testes da Fase IV – Módulo de Licitações e Contratos Prezados Interessados, O ambiente para o Piloto de Testes da Fase IV – Módulo de Licitações e Contratos será liberado para recepção dos dados a partir do dia 24/08/2015, às 12 horas. Em primeiro momento, os dados serão encaminhados somente via interação direta (internet). A partir do dia 24/08 serão liberados os submódulos de Licitações, Ajustes (Contratos) e Termos Aditivos. A previsão para a liberação do submódulo de Execução Contratual é para o dia 08/09/2015. O envio destas informações deve obedecer à seguinte ordem: encaminhar primeiro os dados da licitação, em seguida os dados do ajuste (contrato) decorrente desta licitação, depois os dados de termos aditivos. Os dados de execução contratual podem ser encaminhados após o registro do ajuste (contrato), em paralelo com termos aditivos e após a liberação do acesso a este ambiente. 212 UNIDADE 3 | A INFLUÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EVIDENCIADO ATRAVÉS DE CASOS PRÁTICOS Para solicitar o credenciamento à participação no Piloto, as entidades públicas estaduais e municipais e as empresas desenvolvedoras deverão encaminhar o pedido através do Fale Conosco da página do Sistema Audesp (http://www4.tce.sp.gov.br/fale-conosco-audesp), escolhendo em “Categoria” a opção “Piloto de Licitações e Contratos”. Deverão ser encaminhadas as seguintes informações de cada solicitante: Nome do órgão; Nome do Responsável