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Pericia Contabil-Remuneracao-ORNELAS 24-09

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IMPRESSO POR: Valdiva Souza <valdiva@terra.com.br>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia 
autorização do editor. Os violadores serão processados.
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8.1
8.1.1
8
REMUNERAÇÃO DO
TRABALHO PERICIAL
A remuneração do trabalho pericial contábil pode ser abordada sob duas dimensões. A primeira, 
relativa ao perito, quando na função judicial; a segunda, quando em função extrajudicial, incluindo-se 
nesta a arbitral.
QUANDO EM FUNÇÃO JUDICIAL
Como visto em momento anterior, o perito, no âmbito judicial, pode assumir o encargo de perito
judicial nomeado pelo magistrado ou de assistente técnico indicado pelas partes, o que provoca 
forma diferenciada de fixação da remuneração do trabalho pericial.
Honorários de perito judicial
Sendo o perito nomeado pelo magistrado, portanto, na função judicial, compete àquele fixar sua 
remuneração. Esse ato processual praticado pelo magistrado é conhecido por arbitramento.
Por força do disposto no § 1o, art. 95,1 CPC, o magistrado pode determinar que o perito nomeado 
ofereça orçamento ou estimativa de sua remuneração, a ser fixada antes do início do trabalho pericial. 
Tal dispositivo, introduzido pela Lei no 8.952, de 13-12-1994, foi plenamente recepcionado pelo 
Novo Código de Processo Civil, o que muito vem contribuindo para a garantia da remuneração e 
independência do perito nomeado pelo magistrado.
Para tanto, o perito subsidia essa decisão, apresentando, por meio de petição, sua proposta de 
honorários, nos termos do § 2o, art. 465, CPC,2 contendo o escopo operacional, o tempo estimado de 
realização da perícia e o respectivo custo do trabalho pericial, levando em consideração as 
recomendações aprovadas ou homologadas pelos Conselhos Regionais de Contabilidade.
Na petição de requerimento do arbitramento de seus honorários, o perito fará uma exposição 
resumida dos principais eventos de seu trabalho, inclusive a quantidade de quesitos formulados pelo 
magistrado e partes, a título de justificativa e embasamento para o valor requerido.
Referida petição recebe despacho do magistrado, que, na maioria das vezes, determina que as 
partes falem sobre a proposta do perito, exarando despacho na própria petição, que pode ser do 
seguinte teor: “J. digam sobre a estimativa”; ou, simplesmente, “J. digam”.
Há magistrados que, à vista dessa petição, já fixam prontamente a remuneração do perito sem 
ouvir as partes, mesmo porque não há determinação processual para tanto.
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reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados.
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Na verdade, a oitiva das partes sobre a pretensão da remuneração do perito é medida de 
prudência do magistrado, na tentativa de evitar eventuais impugnações.
De qualquer maneira, tanto num caso como no outro, esses despachos são publicados no Diário 
Oficial do Estado para ciência das partes interessadas, mas de qualquer modo, sendo o processo 
digital, a comunicação é célere. É o que consta do § 3o, art. 465, verbis:
“§ 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, 
manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que juiz arbitrará o 
valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95.”3
Os interessados, ou seja, a parte ou as partes, têm prazo para falar sobre os despachos do 
magistrado.
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No caso do primeiro tipo de despacho, as partes poderão, por meio de petição, dizer que 
concordam com a proposta de honorários apresentada pelo perito; poderão reagir, dizendo que o 
pleito é exagerado; poderão passar silentes sobre a questão; e, ainda, poderão dizer que deixam ao 
inteiro critério do magistrado a fixação dos honorários periciais.
Após o pronunciamento das partes sobre o pedido de arbitramento, ou em seu silêncio, os autos 
do processo são conclusos ao magistrado para fixação da remuneração pericial.
A fixação da remuneração pericial é um ato arbitral do magistrado, que, normalmente, ao decidir, 
leva em consideração a relevância e a qualidade do trabalho pericial, a complexidade técnica da 
prova, o orçamento apresentado pelo perito, as possibilidades econômico-financeiras das partes, bem 
como as eventuais reações das partes.
Se as partes reagiram concordando com o pedido, é usual o magistrado fixar a remuneração na 
quantia requerida pelo perito. Se houve impugnações ao pleito, o magistrado poderá entendê-las 
injustificadas e fixar no valor requerido. Poderá, todavia, entendê-las pertinentes e, assim, justificar 
eventual redução no valor requerido, fixando os honorários em menor quantia do que aquela 
demonstrada e requerida.
Fixados os honorários, de plano ou após terem sido ouvidas as partes, poderão acontecer alguns 
eventos, que passamos a abordar.
A parte insatisfeita com o valor arbitrado poderá requerer ao magistrado que reconsidere sua 
decisão e, no insucesso do pleito, agravar da decisão para o Tribunal, formando-se, assim, um 
processo denominado Agravo de Instrumento, a ser enfrentado pela segunda instância.
O perito, embora não seja parte no processo, pode e deve requerer reconsideração, se a 
remuneração fixada representar, em seu entender, aviltamento de seu trabalho. Pode, ainda, não 
obtendo sucesso na reconsideração, por meio de advogado, recorrer também à segunda instância, 
agravando a decisão do magistrado.
Independentemente de concordância, de impugnação ou de agravo, a quantia fixada deve ser 
depositada à ordem do magistrado em instituição bancária autorizada a receber depósitos judiciais no 
prazo por ele determinado.
Em hipótese alguma, o perito, na função judicial, pode ser pago diretamente pela parte 
responsável pela remuneração pericial. Esse é um ato financeiro que precisa ser e estar comprovado 
nos autos do processo.
A parte responsável pelo pagamento precisa provar que cumpriu a determinação do magistrado, 
sob pena de desobediência ou de extinção do processo. Além desse aspecto relevante, é fundamental 
também, como prova nos autos, no eventual ressarcimento dessa despesa processual.
A regra básica quanto à responsabilidade financeira pelos honorários periciais está posta no 
CPC.4 Honra o pagamento dos serviços periciais realizados pelo perito a parte que requereu a prova 
pericial. Havendo requerimento de ambas as partes ou se o magistrado determinar de ofício a 
realização de perícia contábil, os honorários, como visto na parte final do art. 95, serão rateados entre 
as partes litigantes.
Cabe, por outro lado, notar que o pagamento da remuneração do perito nada mais é do que um 
adiantamento de uma das despesas processuais realizado nas condições supramencionadas. Trata-se 
de um desembolso provisório, mesmo porque, se a parte que antecipou mencionada despesa for a 
vencedora, será, por ocasião da liquidação de sentença, ressarcida pela parte perdedora.
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Poderá o magistrado autorizar o levantamento antecipado de até metade dos honorários periciais 
por ele fixados. É o que consta do § 4o, art. 465.5
Essa possibilidadepode ajudar na composição e constância de equipe de colaboradores, mas o 
profissional perito deve ter muito cuidado e ser parcimonioso no uso desse adiantamento da verba 
honorária, pois poderá se deparar com alguns percalços, como, por exemplo, a redução de seus 
honorários causada por trabalho pericial inconclusivo ou incompleto, como está fixado no § 5o, art. 
465.6
E não é só. Mais grave é o disposto nos § 2o e § 3o, art. 468, que determinam a devolução dos 
honorários do perito substituído, sob pena de ficar impedido de funcionar como perito por 5 (cinco) 
anos,7 que sem motivo legítimo deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado (inciso II, 
art. 468).
Recomenda-se que, ao assumir o encargo de realizar a perícia para a qual foi nomeado, o perito 
considere que efetivamente terá agenda disponível para cumprir o prazo assinado. É claro que pode 
pedir prazo, mas apenas uma vez, o qual será concedido desde que justificado pela metade do prazo 
fixado anteriormente (art. 476, CPC).
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8.1.1.1
Além da regra básica apontada, há outras regras processuais no que se refere ao ressarcimento de 
despesas do processo, que, todavia, não se relacionam com a remuneração do trabalho pericial 
contábil, mas com a execução de sentença e com a desistência ou acordo entre as partes. Para tanto, 
os interessados poderão socorrer-se do contido nos arts. 82 e seguintes do CPC vigente.
Pode suceder que o magistrado, ao nomear o perito, não determine a apresentação do orçamento 
prévio, já que não está obrigado a fazê-lo. Como visto, o § 1o, art. 95, CPC tratou a questão da fixação 
prévia como possibilidade, não como obrigação.
Vale dizer, então, que o magistrado, em vez de determinar ao perito que ofereça o orçamento, 
poderá fixar determinada verba provisória em favor do perito nomeado. Nesse caso, todos os 
procedimentos anteriormente descritos acontecem a partir da entrega do laudo pericial contábil.
Poderá suceder que o magistrado nada decida, seja quanto a honorários provisórios, seja quanto à 
determinação de oferta de estimativa. Nesse caso, deve o perito, com base no § 1o, art. 95, CPC, 
apresentar orçamento, como já comentado, requerendo sua fixação e depósito.
Cabe observar procedimento às vezes não lembrado quando da sentença, qual seja o de que no 
reembolso das despesas se incluem a remuneração do assistente técnico da parte vencedora e a diária 
da testemunha.8
Depósito integral, prévio e complementar
No despacho saneador, no qual deferiu a prova pericial, nomeando perito, uma das decisões a 
seguir abordadas pode ser tomada pelo magistrado.
A primeira delas poderá ser a fixação de determinada quantia a título de honorários provisórios a 
favor do perito, ordenando o respectivo depósito judicial por quem o magistrado especificar.
Outra decisão poderá ser determinar ao perito que ofereça sua proposta de honorários de 
realização da prova contábil deferida.
Nesse caso, como já visto, o perito, após a oferta dos quesitos pelas partes, terá necessidade de 
examinar os autos, virtualmente, mediante senha, se procedimento digital, ou se em papel, retirar os 
autos do cartório para se inteirar do conteúdo deles, objetivando conhecer os fatos contábeis objeto da 
lide, para, assim, poder dimensionar, de forma estimada, as horas técnicas a serem aplicadas no 
desenvolvimento do trabalho pericial.
Feito esse estudo preliminar, está o perito apto a oferecer petição contendo a proposta de 
honorários, descrevendo o escopo operacional, o tempo estimado e o respectivo custo.
À vista dessa petição, o magistrado poderá decidir ouvir as partes sobre a estimativa oferecida, 
fixando-a em momento processual subsequente, na quantia requerida ou em outro valor a seu critério; 
ou então, de pronto, aceitar a quantia estimada e determinar seu depósito integral pela parte 
responsável.
O depósito dos honorários provisórios, assim como o depósito dos honorários orçados, é 
denominado depósito prévio, já que efetuados, um ou outro, antes do início dos trabalhos periciais.
Fixados os honorários definitivos após a entrega do laudo pericial contábil, o magistrado, 
havendo depósito prévio, determina que seja realizado depósito judicial complementar, que consiste 
na diferença entre os honorários fixados e os já depositados previamente.
Essa diferença não é meramente nominal. Apura-se o valor complementar a ser depositado, 
confrontando-se os honorários definitivos com o valor do depósito prévio, este atualizado 
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8.1.1.2
monetariamente, desde a data daquele depósito até a data do cálculo. E, a partir da apuração dessa 
diferença, se não depositada no prazo determinado pelo magistrado, passa a fluir atualização 
monetária, desde que requerida pelo perito ou, de ofício, por determinação judicial.
Na ausência de depósito prévio, os honorários definitivos são depositados à ordem do magistrado 
na totalidade fixada, no prazo por este determinado.
Nessa circunstância, não há falar em depósito complementar, mas em depósito integral.
Levantamento dos honorários
Como visto, o depósito prévio e o complementar ou o depósito integral dos honorários periciais 
são sempre realizados, em estabelecimentos bancários autorizados, em conta judicial, à ordem do 
magistrado; consequentemente, só este pode autorizar sua movimentação.
Referida movimentação é, em geral, provocada pelo perito. Vejamos.
Entregue o laudo pericial contábil, o perito, nesse mesmo momento, oferece também petição 
requerendo o arbitramento definitivo de sua remuneração, se não fixada quando da oferta do 
orçamento.
Havendo depósito prévio, o perito, nessa mesma petição, requer o levantamento daquela quantia 
provisória ou orçada.
Não pode olvidar o perito, em seu pedido, que o levantamento seja autorizado com os acréscimos 
legais.
O magistrado, diante do pedido formal de levantamento, autoriza essa movimentação financeira, 
geralmente, despachando assim: “J. defiro o levantamento requerido” ou “J. sim, se em termos”.
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