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Atividade contextualizada Uroanálise e Líquidos corpóreos. Líbia Andressa Leandro de Paula* * Pós - graduanda em Análises clínicas e diagnóstico laboratorial, 2020, Univeritas – Grupo Ser Educacional. Belo Horizonte, MG. INTRODUÇÃO: Você já parou para observar seu corpo? Ou melhor, já observou o seu próprio xixi? Quantas vezes por preconceito ou vergonha deixamos de prestar atenção às reações do nosso corpo, complicando situações que poderiam ser evitadas. Eu te convido a observar sua urina durante 1 dia inteiro. Para isso, você não precisará de potinhos, laboratório, nem nada que dificulte a análise, apenas se observe ao longo do dia. Durante a madrugada, qual foi a principal fonte de perda de líquido? Pela manhã observando a primeira urina do dia, pense se está concentrada ou diluída e por quê? Qual é a cor? Tem cheiro forte? Ao longo do dia você bebe a quantidade de água recomendada pelos especialistas? De acordo com a temperatura do dia, quantas vezes você fez xixi, e foi mais amarelada ou mais transparente? Em caso de atividade física, com sudorese intensa, o xixi sai mais concentrado ou diluído e por quê? Use os conhecimentos adquiridos nesta unidade para descrever brevemente o processo de formação da urina, com seus respectivos órgãos envolvidos, contextualizando com a aparência, concentração e quantidade da sua urina, baseadas na intensidade de filtração glomerular e de reabsorção tubular. Prestando atenção aos seus hábitos, você será capaz de prevenir algumas injúrias e em caso de dor ao urinar ou coloração diferente, não hesite em procurar um especialista o quanto antes. A urina é um processo importante que ocorre nos rins, um dos órgãos que compõe o sistema urinário localizados na região posterior da cavidade abdominal. Durante o processo de formação da urina, esses órgãos filtram o sangue, reabsorvem parte do material que foi filtrado e secretam algumas substâncias, fazendo assim com que eliminemos substâncias que se encontram em excesso e que são tóxicas para o nosso corpo, como é o caso da ureia, formada durante o metabolismo dos compostos nitrogenados A urina é formada no interior dos rins, em uma região conhecida como néfrons, uma estrutura formada pelo corpúsculo renal e o túbulo. O corpúsculo renal é formado pela cápsula glomerular que envolve um enovelado de capilares chamados de glomérulos. Desse corpúsculo parte o túbulo néfrico, que é dividido em três regiões básicas: o túbulo proximal, alça de Henle e túbulo distal. Esse último desemboca no ducto coletor. O sangue chega aos rins pela artéria renal, que se ramifica até formar as chamadas arteríolas aferentes. Cada uma dessas arteríolas penetra em uma cápsula renal e forma o glomérulo renal. A arteríola que sai do glomérulo é chamada de arteríola eferente. O processo de formação da urina ocorre em três etapas básicas: filtração, reabsorção e secreção. A primeira etapa da formação da urina é a filtração, que ocorre no interior do corpúsculo renal. Em razão da alta pressão do sangue no interior dos capilares do glomérulo, e é um processo passivo. Caracteriza-se pela saída do filtrado do plasma do interior do glomérulo para a cápsula. Isso ocorre em virtude da alta pressão do sangue nesse local. O chamado filtrado glomerular, ou urina inicial, é livre de proteínas e assemelha-se ao plasma sanguíneo, segue em direção aos túbulos renais. O filtrado resultante da etapa da filtração apresenta substâncias que são bastante importantes para o organismo e devem ser reabsorvidas. A reabsorção ocorre no túbulo néfrico, principalmente nos túbulos proximais, e é importante para evitar a perda excessiva de substâncias, tais como água, sódio, glicose e aminoácidos. Esse processo é responsável por determinar como será a composição final da urina. A concentração da urina formada é regulada através da secreção de ADH (hormônio antidiurético) pela neuro-hipófise. Esse hormônio atua aumentando a permeabilidade dos túbulos distais e ductos coletores, fazendo com que ocorra uma maior reabsorção de água. A liberação de ADH é maior quando bebemos pouca água, pois é uma forma de o corpo diminuir a eliminação dessa substância que está escassa no momento. Algumas substâncias presentes no sangue e que são indesejáveis ao organismo são absorvidas pelas células do túbulo contorcido distal. O ácido úrico e amônia fazem parte dessas substâncias que são retiradas dos capilares e lançadas ao líquido que formará a urina. Algumas substâncias estão em concentrações muito elevadas no nosso organismo. Sendo assim, elas não são completamente reabsorvidas e parte é perdida na urina. Pessoas portadoras de diabetes melito, por exemplo, apresentam grande quantidade de glicose no sangue e consequentemente na urina. Após passar por toda a extensão do túbulo néfrico, a urina está formada. Ela então é conduzida até os ureteres, que a levarão até a bexiga, onde permanecerá até sua eliminação. Muito mais do que eliminar toxinas do organismo, a urina e suas manifestações de cor e aspecto, podem revelar muito sobre a saúde, especialmente dos rins. Durante uma curta analise do meu dia-a-dia pode observar a cor e aspecto da minha urina, e pude notar que durante o dia, onde faço mais ingestão de água, cerca de 3 litros (volume indicado), a urina se apresenta mais clara ( amarelo palha/claro ou amarelo transparente). Após uma atividade física, onde ocorre uma perda de liquido considerável através do suor, a urina se apresenta um pouco mais escura (amarelo escuro). Já a primeira urina do dia, após horas de sono sem ingestão de líquidos, a urina se apresenta na cor âmbar, turva e com o cheiro forte. Existe uma relação entre a densidade específica e concentração de sólidos totais na urina. A concentração de sólidos totais é uma importante ferramenta para a avaliação clínica da função renal e é mais acuradamente determinada por osmometria (não freqüentemente utilizada na rotina). A densidade urinária, está relacionada com a absorção de sólidos e fluídos, filtração glomerular, função tubular renal, liberação e ação da vasopressina, e extensão das perdas extra-renais de fluídos. A fluidoterapia e a administração de diuréticos ou corticosteróides afetam a densidade. Comumente a urina apresenta-se límpida ou transparente, podendo, todavia, exibir aspecto turvo por precipitação de fosfatos, uratos e oxalates ou células epiteliais, leucocitos, hemácias, proteínas e germes, quando estes estão presentes em quantidade excessiva. A urina normal exibe cor amarela, variando da tonalidade pálida à de âmbar. Essa coloração é devida a concentração de pigmentos urinarios e, até certo ponto, está relacionada com a densidade. Na poliuria é clara ou incolor e na oliguria ou na ictericia pode apresentar-se castanha. As variações de cor que mais interessam são as das urinas avermelhadas que poderão corresponder à hematuria ou hemoglobinuria. As ácidas são mais escuras que as alcalinas. Em repouso a cor acentua-se com o tempo. Isso se deve ao aparecimento de urobilina e urocromo, produtos da desintegração da bilirrubina pela oxidaçao quando a urina é exposta ao ar ambiente. Varia em função do estado de hidratação do paciente. Medida num volume de 24 horas e misturada homogéneamente, a densidade deverá oscilar entre 1015 a 1025. Quando o paciente é submetido a regime seco, deverá ultrapassar 1024. O rim sadio produz urina normal, variando a densidade dentro de vastos limites. Pode chegar a 1001, como resposta fisiológica à ingestão abundante de líquidos, ou 1040, quando há drástica restrição hídrica ou perdas abundantes por outras vias. Amarelo-claro a amarelo Normal Incolor Muito diluída Amarelo escuro Muito concentrada, bilirrubinúria Vermelha a vermelho-amarronzada Hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria Marrom-avermelhada a marrom mioglobinúria, hemoglobinúria, meta-hemoglobina Esverdeada Bilirrubinúria REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CHAMPION, V. L. Clean technique for Intermittent self- catheterization. Nurs. Res., New York, 25(1): 13-8, Jan/Feb., 1976. COOPER,S. Lateral position for catheterizing female orthopedic patients. ONA J. , New Jersey, 3(6): 194, June, 1976. BALCELLS GORINA, A. La clínica y el laboratório. Barcelona, Marin, 1974, 389 p. LIMA, O. et alii. Métodos de laboratório aplicados à clínica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1969. 653 p. MATTHEW, J . Taking a rare specimen. Nurs. Times, London, 72(40): 1576, Oct.. 1976. NERY, B . et alii. 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